O Plano Cruzado visto através das charges - Gestão Escolar · com travestis, o que foi...
Transcript of O Plano Cruzado visto através das charges - Gestão Escolar · com travestis, o que foi...
O Plano Cruzado visto através das charges
Professora Lúc ia Mar ia S iquei ra de Ol ive ira 1
RESUMO
O presente t rabalho é o resul tado de pesquisa rea l izada durante o projeto PDE – Programa de Desenvolv imento Educacional , desenvolv ido pela SEED-PR em parcer ia com a UEL – Univers idade Estadual de Londr ina. Objet iva subs id iar os professores na ut i l ização de recursos imagét icos no ens ino de Histór ia , através da le i tura e interpretação de charges, um instrumento que ut i l iza o verba l e o não-verba l na aquis ição de sent idos e s igni f icados, ana l isando-a como pertencente a categor ia texto , ev idenciando a v iabi l idade de seu uso no processo de le i tura , interpretação e produção de texto em sa la de aula , v isando resul tados mais s igni f icat ivos no processo de aquis ição de conhecimentos por parte dos a lunos. A charge, pe la sua caracter ís t ica humor ís t ica , atra i a atenção dos a lunos que, ao estudá- la , desenvolverão uma v isão cr í t ica a respeito do assunto que a charge aborda e, ao mesmo tempo, t rabalhará a l inguagem de uma forma gera l . Ut i l izar a charge em sa la de aula , é um convite ao maior interesse por parte dos a lunos e , portanto, sucesso tanto em aprendizagem quanto em soc ia l ização de conhecimentos .
Pa lavras-Chave: His tór ia . P lano Cruzado. Charge. Le i tura . Texto.
1 Professora da rede pública do Estado do Paraná na disciplina de História e Pedagogia. Pós-graduada em História pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Jacarezinho – Paraná e Especialização em Educação Patrimonial pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Selecionada para participar da 1ª turma do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.
Abstract
This work is the resul t of the research conducted dur ing the project EDP - Educat iona l Development Program, developed by SEED-PR in partnership wi th UEL - State Univers i ty of Londr ina. Ob ject ive to subs id ize teachers in the use of the imaging resources in the teaching of His tory, through reading and interpretat ion of cartoons, an instrument that uses verba l and non-verba l in the acquis i t ion senses and of meanings Cons ider ing i t as be long ing to category text , demonstrat ing the feas ib i l i ty of i ts use in the process of reading, interpretat ion and text product ion in the c lassroom, po int ing the most s igni f icant resul ts in the process of acquir ing knowledge f rom the students . The cartoons, by i ts character is t ic humor, att ract the attent ion of the students that , studying i t , wi l l develop a cr i t ica l v iew about the subject that the cartoon shows and at the same t ime, i t wi l l work the language in a genera l way. Us ing the charge in the c lassroom, is an inv i tat ion to greater interest among students and therefore successfu l both in learn ing and in soc ia l izat ion of knowledge.
Keywords: h is tory. Crossed P lan. Cartoon. Reading. Text
INTRODUÇÃO
Este estudo parte de um trabalho que cons is t iu na
apl icação de le i tura e interpretação de charges nas aulas de
Histór ia , entre os a lunos do terce i ro ano do Ens ino Médio, do
Colég io Estadual Jú l ia Wander ley – EFM, Jabot i - PR.
Cons iderando a grande atração que a charge susc i ta nos
jovens e também a d ivers idade de le i turas que envolve seu
universo, entendemos que a charge é um instrumento que
ut i l iza a imagem para chamar a atenção do le i tor e também não
deixa de ut i l izar a l inguagem com propós i tos especí f icos e
intenc ionais , de ixando de ser neutra .
Este t rabalho fo i rea l izado no per íodo re ferente a um
tr imestre. No in íc io pretendeu-se fazer uma sondagem sobre o
que os a lunos entendiam sobre charge. Ut i l ize i em sa la de aula
duas charges d is t intas . Uma sobre um assunto recente muito
fa lado na míd ia . O envolv imento do jogador Ronaldo Fenômeno
com travest is , o que fo i imediatamente ident i f icado e
fac i lmente interpretado pelos a lunos. Para le lamente fo i
co locada uma charge do pres idente Lula puxando uma
tartaruga, como se e la fosse um cachorro – Os a lunos
ident i f icaram os personagens mas, não conseguiram assoc iar a
imagem aos fatos . Colet ivamente fomos revendo os fatos o que
levou a uma interpretação correta da imagem. A part i r da í ,
f icou c laro que a charge trás uma s igni f icação impl íc i ta em sua
i lustração e que é prec iso estar por dentro do contexto em que
e la está inser ida para que se possa fazer uma le i tura adequada.
É importante ressa l tar que o processo de le i tura envolve
t rês momentos: decod i f icação, compreensão e interpretação. A
decodi f icação pressupõe aprender as correspondências que
exis tem entre os sons da l inguagem e os s ignos que os
representam ou os s ina is não l ingü íst icos como, por exemplo, as
i lustrações que as charges t razem, e respect ivas referências
que a e las devem ser incorporadas a part i r do contexto, da
s i tuação d iscurs iva. Portanto , para ler necess i tamos, a lém de
manejar com agi l idade as habi l idades de decodi f icação, levar
ao texto nossos conhecimentos . Já a compreensão envolve a
construção de s igni f icado para o texto. Quanto mais
informações possuir o a luno sobre o texto que va i ler , mais
fac i l idade terá em constru i r as interpretações poss íve is para a
le i tura do texto. Quanto a interpretação, é necessár io formular
a lgumas questões e respondê- las .
Este t rabalho busca, através desse t ipo de le i tura
desenvolver o le i tor cr í t ico capaz de ler não apenas o que está
expl íc i to , mas também aqui lo que não se expl íc i ta nas
entre l inhas do texto.
Após esse contato com a charge e sua s igni f icação ,
in ic iou-se a explanação do assunto em questão, ut i l izando-se de
charges.
Em pr imei ro de março de 1986, o Min is tro da Fazenda
Dí lson Funaro lançou o P lano Cruzado.
O P lano Cruzado teve efe i to imediato de conter a Inf lação
e aumentar o poder aquis i t ivo da população. O pa ís fo i tomado
por um c l ima de eufor ia . Mi lhares de pessoas passaram a v ig iar
os preços no comérc io e a denunciar as remarcações fe i tas . São
os f isca is do Sarney.
Diante das cons iderações ac ima e ref let indo sobre o P lano
Cruzado, faremos um estudo sobre as seguintes questões: Por
que fo i lançado o P lano Cruzado? O P lano Cruzado deu certo?
Os estudos que compõem este t rabalho para uma nova
re f lexão dos efe i tos (pos i t ivos e negat ivos) de ta l P lano sobre
todos os c idadãos bras i le i ros tentam responder a essas
questões .
Podemos encontrar , na l i teratura pert inente aos métodos
a l ternat ivos do ens ino de Histór ia , sugestões propondo o tema
Charge como documento h is tór ico ut i l izável na prát ica
pedagógica no ens ino fundamenta l e médio.
Entender o P lano Cruzado e os aspectos que o mot ivaram,
através das charges é o ob jet ivo deste t rabalho. As charges
aqui ana l isadas são as que compõem os l ivros : P lano Cruzado
Tem Que Dar Certo – vár ios autores .
Focaremos nosso t rabalho nas charges pub l icadas nos
anos 1985 e 1986, no per íodo em que José Sarney assume a
pres idênc ia até o f im do P lano Cruzado I .
Os per íodos enfocados t ratam de momentos de grandes
mudanças na h is tór ia do poder pol í t ico e econômico do pa ís ,
po is o v ice-pres idente assume a pres idênc ia da Repúbl ica
mesmo sem o candidato e le i to pe lo voto indi reto tomar posse
pelo fato de ter fa lec ido antes da mesma e pelo lançamento do
P lano Cruzado que pretendia l iqu idar com a inf lação do pa ís .
Pres idente José Sarney (1985 – 1989) pr imeiro governante
c iv i l depois do Regime Mi l i tar de 1964. José Sarney é e le i to
v ice-pres idente pelo Colég io E le i tora l da Chapa encabeçada por
Tancredo Neves que morre sem ter s ido empossado.
Sarney assume a Pres idência em 15 de março de 1985 e
f ica até 15 de março de 1990.
Ao in íc io de 1986, vár ios fatores contr ibuíram para a
conf iguração de um ambiente nac ional tenso, entre os quais
destacam-se os seguintes : a) a part i r de novembro de 1985, a
inf lação a lcançou índices a larmantes at ingindo 17,8% em
janei ro e 22,4% em fevere i ro ; b) o governo não indicava possuir
resposta ao recrudesc imento in f lac ionár io; c) sucess ivas greves
v inham eclodindo, em uma freqüência à qual a população não
estava mais acostumada. Por outro lado, a expansão econômica
não v inha d iss ipando o sent imento desfavorável em re lação ao
futuro imediato, pa irando o temor de o cresc imento v i r a ser
abat ido pela inf lação.
Sob esse complexo cenár io, fo i anunciado, em 28 de
fevere iro de 1986, o conjunto de medidas conhecido como Plano
Cruzado. Inf lação zero passa a ser a meta. O p lano baseava-se
na neutra l ização do fator inerc ia l de inf lação (desequi l íbr io
monetár io que leva a a l ta gera l de preços e a redução do poder
aquis i t ivo do d inhei ro) , assoc iada ao congelamento de preços e
sa lár ios .
Nova moeda fo i inst i tu ída, o cruzado, cu ja d i ferença em
re lação à ant iga não ser ia apenas o fato de equiva ler a 1000
cruzei ros , mas também o de personi f icar uma economia estável
onde a moeda não se deter iorar ia .
O USO DA CHARGE COMO DOCUMENTO
HISTÓRICO
Atualmente, a preocupação com a importância do
conhec imento h is tór ico na formação inte lectua l do a luno faz
com que um dos objet ivos fundamenta is do ens ino se ja
desenvolver a compreensão h is tór ica da rea l idade soc ia l . Ass im,
compreender a h is tór ia com base nos procedimentos h is tór icos
tornou-se um dos pr inc ipa is desaf ios enfrentados pelo professor
no cot id iano de sa la de aula . Esse desaf io é um passo
interessante na construção de uma prát ica de ens ino ref lex iva e
d inâmica, podendo -se af i rmar que ens inar His tór ia é fazer o
a luno compreender e expl icar , h is tor icamente, a rea l idade em
que v ive. A charge revela-se como um traço da h is tór ia , na
medida em que capta o ocorrer do processo no seu acontecer.
S intet iza o fato regis trando de forma astuc iosa e sagaz a
imagem do seu tempo, legando às futuras gerações o modo de
ver-sent i r-pensar-agir de uma época que o tempo modi f ica .
Registra-se como num instantâneo a v isão popular perante um
fato, um dado aspecto do contexto soc iopol í t ico : reg is tra a
conf luência de ideologias v igentes indic iando uma soc iedade
que se vê, que re f lete e indaga sobre s i própr ia . Traz à luz
aspectos re levantes do cot id iano condensando-os numa única
conf iguração – imagem de impacto – captando o rea l na sua
d inamic idade
Esse ens ino da h is tór ia pressupõe, fundamenta lmente,
que se tome a exper iênc ia do a luno como ponto de part ida para
o trabalho com os conteúdos, pois é importante que também o
a luno se ident i f ique como suje i to da Histór ia e da produção do
conhec imento h is tór ico. (Schimidt & Cainel l i , 2005, p. 49-50) .
Com o desenvolv imento e a expansão de novas l inguagens
cul tura is , como a fotograf ia , o c inema, a te lev isão e a
informát ica os professores t iveram que se adequar as novas
l inguagens e incorporá- las em seu d ia-a-d ia em sa la de aula . É
prec iso cons iderar que, mesmo em países com regimes
democrát icos , em que a educação é um dire i to e a imprensa é
l iv re , a inda estamos suje i to às manipulações po l í t icas e
ideológ icas e , como a mídia ocupa um papel importante na
formação da opin ião públ ica , cabe "também" a esco la o papel
de promover a consc iênc ia cr í t ica dos a lunos d iante dos
acontec imentos pol í t icos e soc ia is not ic iados na mídia . No
ens ino de Histór ia o uso de imagens, tornou-se parte do
cot id iano escolar.
Os textos dos l iv ros , muitas vezes cons iderados pouco
mot ivadores para os a lunos que cada vez mais se informam por
imagens da mídia , podem referenciar uma outra re lação entre
texto e imagem. A imagem não pode ser ut i l izada como uma
s imples i lustração do conteúdo ou re forçar um texto escr i to ou
a fa la do professor. É necessár io também, levar em
cons ideração que a natureza do documento imagét ico é
d i ferente da do documento escr i to. São informações de
natureza d i ferente, ass im como são d i ferentes os processos
cogn it ivos co locados em jogo nos dois casos . O que o a luno
aprende e como e le aprende através do documento audiov isua l
impl ica levar em cons ideração t rês dados: aqui lo que trata o
documento; o que o a luno domina e o que e le representa no
contexto d idát ico. ( Jacquinot , 1992, p. 72) . Fazer os a lunos
re f let i rem sobre as imagens que lhes são postas d iante dos
o lhos é uma das tarefas da escola e cabe ao professor cr iar
essas oportunidades. A mult ip l icação das tecnologias de
produção e d is tr ibu ição de imagens fez com que as
representações v isua is adquir issem enorme v is ib i l idade e
importância na soc iedade contemporânea. O avanço da
tecnologia permit iu o surgimento de novos gêneros textua is , a
adaptação de a lguns e a evolução de muitos outros . A charge,
que se faz presente desde o in íc io do século XIX, é um gênero
textua l fért i l em intertextua l idade, po is permite ao le i tor fazer
inferências entre o d i to e o não-di to no texto.
As imagens são usadas como processos de representação
e mediação entre o homem e o mundo, sendo ut i l izadas para a
formação de opin ião púb l ica , como comprovação de fatos e para
d i fusão ideológica.
O uso da imagem como documento h is tór ico com os
a lunos da Educação Bás ica é um importante recurso para a
organização dos conceitos h is tór icos .
A s impat ia dos a lunos para com os textos v isua is é
inevi tável , e a charge faz parte desse universo v isua l que os
rodeia . O t rabalho com charge em sala de aula poss ib i l i ta o
desenvolv imento da ora l idade, dá oportunidade para o a luno
expressar o seu pensamento, inst iga a cur ios idade e
co let ivamente produz a interpretação ora l do texto. O gênero
charge art icu la harmoniosamente as duas l inguagens – a verba l
e a não-verba l . E la demonstra que o sent ido dele é constru ído
na osc i lação entre o já -d i to e o não-di to. Propõe-se usar esse
sent ido na sa la de aula , como opção v iável para o ens ino da
le i tura e da interpretação de texto no ens ino de Histór ia .
A charge é um est i lo de i lustração que tem por f ina l idade
sat i r izar , por meio de uma car icatura , a lgum acontec imento
atua l com uma ou mais personagens envolv idas . A pa lavra é de
or igem francesa e s igni f ica carga, ou se ja , exagera t raços do
caráter de a lguém ou de a lgo para torná- lo bur lesco. A charge é
um gênero que l ida com o repertór io d isponíve l nas prát icas
sóc io -cul tura is e imediatas l igando-se sempre ao modo como
um determinado grupo vê o outro. Na sua forma atua l , a charge
mantém viva as t radições express ivas que a compuseram
histor icamente, def in indo-se pela apropr iação e reatua l ização
de d i ferentes l inguagens: a p ictór ica e a teatra l . O humor
gráf ico presente na charge se dá pela rapidez, pe lo exagero dos
t raços e pela s íntese dos fatos , mostrando além da imagem, do
a lvo que pretende at ingi r , uma cr í t ica à rea l idade pol í t ica .
Apresenta ju lgamentos e compreensões que inf luenc iam na
op in ião do le i tor , estabelecendo uma cumpl ic idade cot id iana
entre autor e le i tor num mesmo contexto soc ia l . A compreensão
constru ída a part i r desse p lano inter indiv idual passa para o
p lano intra ind iv idual , fornecendo as bases para a compreensão.
Car icatura é o desenho que exagera propos i tadamente as
caracter ís t icas marcantes de um indiv íduo.
O texto h is tór ico prec isa ser um recurso que desperte a
cur ios idade no a luno. A lgo em que e le encontre sent idos , que
chame a sua atenção. A charge, pode cumprir essa função.
Po is , mais do que um s imples desenho, a charge é uma cr í t ica
po l í t ico -soc ia l onde o art is ta expressa graf icamente sua v isão
sobre determinadas s i tuações cot id ianas através do humor e da
sát i ra . Humor do lat im humore é uma forma de entretenimento
e de comunicação humana, para fazer com que as pessoas r iam
e se s intam fe l izes . As or igens da pa lavra humor assentam-se
na medic ina humora l dos ant igos gregos, que é uma mistura de
f lu ídos , ou humores, contro lados pela saúde e emoção humanos.
O s igni f icado vem do termo grego eut imia , que s igni f ica
equi l íbr io do humor (eu = normal e t imo = humor) .
Sát i ra é uma técnica l i terár ia ou art ís t ica que r id icu lar iza
um determinado tema ( indiv íduos, organizações, estados) ,
gera lmente como forma de intervenção po l í t ica ou outra , com o
ob jet ivo de provocar ou ev i tar mudança.
Uma das caracter ís t icas da sát i ra é a i rreverência . O que
caracter iza a i rreverência sat í r ica é o seu caráter denunciador e
mora l izador. De fato, o objet ivo da sát i ra é atacar os males da
soc iedade, o que deu or igem à expressão lat ina “cast igar os
costumes pelo r iso”. A sát i ra r i de assuntos e pessoas sér ias ,
para denunc iar o que há de podre por t rás da fachada nobre
impingida à soc iedade. O r iso provém do humor e , por isso
mesmo, será a legr ia e ref lexão. Será , pois , como instrumento
“sér io” , já que revelador , que o r iso e o humor pers is t i rão nas
charges, numa forma de defesa, sendo uma af i rmação que nega
e uma negação que af i rma. O r iso, a f i rma Bergson (1938, p.
123) , “é antes de mais nada uma correção”, mas é também uma
“anestes ia no coração: produz a d iversão, produz a re f lexão”.
R iso que nasce a part i r da constatação das contradições
arra igadas no contexto soc iopol í t ico e , portanto, c i f rado nos
seus interst íc ios como poss ib i l idade de v i r à tona. Enquanto
poss ib i l idade, está embut ido nas malhas do interpretante
imediato à espre i ta do resgate pelo interpretante d inâmico que
efet ivamente se t raduz numa ação concreta em resposta ao
s igno.
Sendo o r iso sat í r ico em gera l extremamente sarcást ico, o
grotesco é um dos procedimentos favor i tos do sat i r is ta , que
costuma mostrar a deformação grotesca do corpo do
personagem sat i r izado como uma a legor ia dos seus defe i tos
mora is .
Para entender uma charge não prec isa ser
necessar iamente uma pessoa cul ta , basta estar por dentro do
que acontece ao seu redor. As imagens, em especia l a charge,
devem ser anal isadas como documentos h is tór icos portadores
de s igni f icados soc ia is . A le i tura adequada da imagem por
professores e a lunos, permite conhecer e lementos impl íc i tos e
expl íc i tos re lac ionando -os ao conteúdo estudado.
A l inguagem verbal é um cód igo que ut i l iza pa lavras
fa ladas ou escr i tas . O t ipo de l inguagem, cujo código não é a
pa lavra , denomina-se l inguagem não -verba l , is to é , usam-se
outros cód igos (o desenho, a dança, os sons, os gestos , a
expressão f is ionômica, as cores) . O não-verba l , cada vez mais ,
compart i lha o espaço do verba l não só na míd ia , como em todos
os setores da comunicação, fe i ta para grandes públ icos e dessa
forma, c resce a fami l iar idade desse art i f íc io nas escolas , já que
at inge um grande número de pessoas. A mídia moderna
descobr iu que o que se pode d izer por meio de imagens não
deve ser d i to por meio de pa lavras . A l iás , as pa lavras que
tentam descrever uma imagem, jamais conseguem esgotá- la por
completo. Sendo ass im o t rabalho com a charge não é só um
meio pedagógico para o ens ino da Histór ia , mas também é um
meio de integração com diversas fontes de cul tura e fatores
atua is .Quando se fa la em texto ou l inguagem, normalmente se
pensa em texto e l inguagens verba is , ou se ja , naquela
capacidade humana l igada ao pensamento que se concret iza
numa determinada l íngua e se mani festa por pa lavras . A l íngua
é um código. O código é um conjunto de s ina is ut i l izados para a
t ransmissão de mensagens. O código pode ser verba l quando
ut i l izamos a pa lavra escr i ta ou fa lada e não-verba l quando não
usamos a pa lavra , mas gestos , imagens,etc . Tanto a l inguagem
verbal quanto as l inguagens não-verba is expressam sent idos e ,
para isso, ut i l izam-se de s ignos, com a d i ferença de que, na
pr imeira , os s ignos são const i tu ídos dos sons da l íngua
(desenho, homem, ba lão) , ao passo que nas outras exploram-se
outros s ignos,como as formas, gestos , sons,etc . O texto não-
verba l não é uma cópia f ie l da rea l idade, o produtor do texto
não-verba l , recr ia e t ransforma a rea l idade segundo sua própr ia
concepção. Cons iderando que os s ignos este jam presentes em
textos verba is e não verba is , o processo de anál ise semiót ica é
igua l para as charges e os textos verba is . Prec isamos ver e ler
muito a lém do que sal ta aos nossos o lhos . O t rabalho com o não
verba l que se propõe neste estudo, tem a preocupação de
auxi l iar na prát ica docente e d iscente de produção e incent ivo a
formação de le i tores cr í t icos . Sabemos que a le i tura da charge
em sa la de aula , t rará benef íc ios e incent ivará no a luno o
hábito de ler /escrever, a lém de desenvolver o senso cr í t ico em
re lação ao mundo que o cerca.
A EXPERIÊNCIA COM CHARGE EM SALA
DE AULA
Após vár ios meses de estudos proporc ionados pelo PDE
sobre a le i tura de imagens, no caso especí f ico deste t rabalho –
Charge, ref let i o quanto de mater ia l chárgico fo i produzido ao
longo da h is tor ia até os d ias atua is e como isso poder ia
benef ic iar professores e a lunos na prát ica de uma Histór ia
interat iva , contextua l izada e interdisc ip l inar.
Descrevere i os proced imentos que foram ut i l izados em
sa la de aula para anál ise das charges.
Após fe i ta uma sondagem com os a lunos sobre o que
entendiam sobre charge, como fo i descr i to na introdução desse
t rabalho, passamos para outra etapa.
So l ic i tado previamente para que os a lunos t rouxessem
uma charge para a sa la de aula , que poder ia ser de jorna l ,
rev is tas , internet , entre outros , passamos a fazer à anál ise .
Não poder íamos deixar de c i tar os r isos e os comentár ios que
as charges despertaram nos a lunos pois havia uma completa
interação entre os mesmo. Os a lunos anal isaram seguindo as
seguintes questões:
1) Quem é o autor?
2) É um assunto ou fato recente?
3) Quem são os personagens caracter izados?
4) Qual o lugar representado na charge?
5) O que o chargis ta quer ia i ron izar?
6) O que vocês entenderam?
Todos os a lunos acertaram a questão 1. A questão 2 não
fo i bem interpretada por 6 a lunos que não sabiam o fato que
estava acontecendo. Na questão 3, 6 a lunos não sabiam quem
eram os personagens. Na questão 4, 10 a lunos não sabiam
responder o loca l representado na charge. Na questão 5, todos
os a lunos responderam mas apenas 9 acertaram. Na questão 6,
4 a lunos escreveram não se i , 10 a lunos escreveram o que
entenderam colocando muito da sua exper iênc ia no d ia a d ia , 6
a lunos escreveram adequadamente.
A part i r dessa ver i f icação fo i proposto at iv idades que
poss ib i l i taram aos a lunos a ref lexão cr í t ica dos fatos da
atua l idade pol í t ico – soc ia l – bras i le i ro.
Após rea l izado esse contato dos a lunos com a charge,
in ic iou-se o conteúdo P lano Cruzado seguindo as anál ises das
charges a seguir.
O l ivro PLANO CRUZADO TEM QUE DAR CERTO retrata
através de charges o in íc io do P lano e toda movimentação
po l í t ico, soc ia l e econômica em re lação ao mesmo. O que vemos
é uma proposta d ivert ida que torce para que o P lano Econômico
dê certo. R i -se do e com o P lano cruzado; não contra .
Figura 1.
VENTURA, pre fác io de: Zuenir ; et a l . [ . . . ] . P lano Cruzado: Tem que dar certo. R io de Janeiro: José Olympio , 1986. p.6.
Esta charge é de 1985 e mostra a s i tuação de misér ia em
que se encontra o c idadão que esta magro, abat ido,
desanimado, com a barba e o cabelo por fazer , roupa
esfarrapada. A casa está ve lha e em c ima da mesa vemos um
garfo e faca mas não vemos comida.
O recenseador que está bem vest ido e com boa aparência
chega em sua casa e fa la que é uma pesquisa: O sr. pre fere
debate na TV ou show na TV? O c idadão d iz : Eu pref i ro comida
na geladei ra . O que deixa c laro a s i tuação de misér ia em que
se encontrava grande parte da população bras i le i ra .
Figura 2.
VENTURA, pre fác io de: Zuenir ; et a l . [ . . . ] . P lano Cruzado: Tem que dar certo. R io de Janeiro: José Olympio , 1986. p.7.
A charge propõe uma metáfora entre o caminhão grande
que representa a inf lação e um carro pequeno que representa o
sa lár io mín imo. Para que o le i tor entenda o sent ido do texto fo i
co locado as legendas in f lação e salár io mínimo. São e las que
nos levam à interpretação do texto. A expressão no rosto do
motor is ta demonstra a i rr i tação do t rabalhador assa lar iado e a
sua fa la : passa por c ima! É a expressão cot id iana do povo
bras i le i ro que tenta sobreviver com o sa lár io mínimo.
As charges do l ivro BRASILEIRAS & BRASILEIROS -
foram todas cr iadas por IQUE. O autor faz uma retrospect iva de
quatro anos de h is tór ia do pa ís : 1985/1986. Neste t rabalho
anal isaremos as charges compreendidas entre os anos 1985 e
1986. A e le ição de Tancredo que nos deixou de herança o
Sarney. E ass im surgiram o b igode, o P lano Cruzado. . .
Figura 3.
IQUE. Bras i le i ras & Bras i le i ros . R io de Janeiro: Lumiar ,1990.
p.11.
Nesta charge aparece Tancredo Neves dominando o
mundo. Está com a fa ixa pres idenc ia l po is derrotou o candidato
Paulo Maluf nas e le ições pres idencia is de 1985. Foi o pr imeiro
pres idente e le i to indi retamente após a queda da d i tadura
mi l i tar. Tra jando roupa de jogador de futebol , o mundo é uma
bo la que ca irá a seus pés . A expressão em seus o lhos e sua
boca é a de uma pessoa que conseguiu o que pretendia . Está
f lu tuando. . . os pés vest idos com chute i ras tem os ca lcanhares
levantados e o corpo está tombado para f rente, o rosto está
v i rado para o lado porque o mundo está f lutuando na a l tura
de seus ombros.
Figura 4.
IQUE. Bras i le i ras & Bras i le i ros . R io de Janeiro: Lumiar ,1990. p.
12.
Na charge publ icada em 19 de março, Sarney está
apoiando em suas costas o enfermo Tancredo que segura o
papel do d iscurso pres idencia l , está vest ido de branco, com
touca com uma cruz o que evidencia que está em um hospita l a
expressão é melancó l ica , já Sarney está usando terno e
gravata, sorr indo e com os óculos lê o d iscurso de posse.
Figura 5.
VENTURA, pre fác io de: Zuenir ; et a l . [ . . . ] . P lano Cruzado: Tem que dar certo. R io de Janeiro: José Olympio , 1986. p.23.
Nesta charge a inf lação é metafor icamente apresentada
como um dragão. O P lano Cruzado passa a ser apresentado
como um "cruzado"o cavale i ro andante que, durante a Idade
Média , lutava em defesa das terras santas . O minis tro da
fazenda Di lson Funaro é representado como o própr io cavale i ro
andante que lutava para combater os inf ié is .
Uma outra interpretação também pode ser fe i ta e que
está mais próxima do senso comum. Funaro ser ia São Jorge,
verdadei ro guerre i ro da fé . São Jorge venceu contra satanás
terr íve is bata lhas , por isso sua imagem mais conhecida é dele
montado em um cavalo branco, vencendo um grande dragão.
Figura 6.
VENTURA, pre fác io de: Zuenir ; et a l . [ . . . ] . P lano Cruzado: Tem que dar certo. R io de Janeiro: José Olympio , 1986. p.62.
O P lano Cruzado congela preços e sa lár ios é o que mostra
esta charge em que o pres idente Sarney está fazendo muito
esforço para t rancar o mapa do Bras i l dentro da geladeira . Is to
f ica v is íve l na expressão de seu rosto, na pos ição do seu corpo
e pelas gotas de suor que caem do seu rosto. Está é uma
maneira de congelar os preços e sa lár ios em todo o Bras i l . O
p ingüim em c ima da geladeira fac i l i ta a interpretação.
Figura 7.
VENTURA, pre fác io de: Zuenir ; et a l . [ . . . ] . P lano Cruzado: Tem que dar certo. R io de Janeiro: José Olympio , 1986. p.38.
As donas-de-casa t iveram part ic ipação at iva no in íc io do
P lano cruzado. Passaram a f isca l izar os preços e a cobrar dos
estabelec imentos comerc ia is o cumprimento da tabela de
preços . Quando encontravam a lguma i rregu lar idade
denunciavam os inf ratores . É o que mostra esta charge em que
fo i usada uma foto do pres idente que está vest ido t ip icamente
como uma dona de casa: lenço na cabeça e uma caneta atrás
da ore lha para anotar os preços , carrega uma sacola no braço
onde tem uma tabela dentro, vest ido de f lorz inhas com botões
e chinelos . O b igode do pres idente leva-nos a uma ident i f icação
rápida do personagem.
Figura 8.
VENTURA, pre fác io de: Zuenir ; et a l . [ . . . ] . P lano Cruzado: Tem que dar certo. R io de Janeiro: José Olympio , 1986. p.74.
O Oscar é o mais famoso e cobiçado tro féu do mundo do
c inema que é entregue aos que mais se destacaram durante o
ano. Esse é o tema dessa charge em que aparecem os 3
pr inc ipa is idea l izadores do P lano Cruzado. O minis tro do
p lanejamento João Saad ganha na categor ia de melhor rote i ro -
fo i um dos idea l izadores do P lano. Na categor ia de melhor ator
o min is tro da fazenda Di lson Funaro ganha o t roféu - coube a
e le representar , interpretar o P lano. O pres idente Sarney
ganha na categor ia de melhor d i retor – pois fo i e le quem dir ig iu
o P lano.
Figura 9.
VENTURA, pre fác io de: Zuenir ; et a l . [ . . . ] . P lano Cruzado: Tem que dar certo. R io de Janeiro: José Olympio , 1986. p.11.
Esta charge representa as v i tór ias bras i le i ras nos
pr imeiros meses de 1986:- O Pacote econômico que estava
dando certo tendo nele o c i f rão do cruzado. - A estatueta do
Oscar representando a v i tór ia dos pr inc ipa is idea l izadores do
P lano. - A taça do GP do Bras i l , rea l izada em Jacarepaguá onde o
p i loto bras i le i ro Nelson Piquet da Wi l l ians-Honda fo i o vencedor.
O pres idente Sarney com punho cerrado e expressão
incent ivadora ao te lefone d iz : - Vamos lá , Te lê . Só fa l ta você!
Está legenda é necessár ia para que o le i tor compreenda o
texto. Estava fa l tando a v i tór ia da se leção bras i le i ra no México
para completar as v i tór ias bras i le i ras e a taça da copa do
mundo i r ia somar-se aos demais t roféus . A se leção bras i le i ra
vo l tou mais cedo para casa, e l iminada , nos pênalt is , pe la
França, nas quarta-de f ina l .
Figura 10 .
IQUE. Bras i le i ras & Bras i le i ros . R io de Janeiro: Lumiar ,1990. p.
33.
Um pres idente bo iadeiro é o que vemos nesta charge de
19 de setembro. O pro longado sumiço da carne dos pratos
bras i le i ros , acentua a inda mais a cr ise de abastec imento
enfrentado pelo P lano Cruzado. Montado em um cavalo preto,
va i aos pastos pegar a laço os bois que estão conf inados nas
fazendas.
Em outro momento, fo i rea l izado com os a lunos uma
of ic ina de confecção de charge.
Pr imei ramente os a lunos manusearam vár ios l iv ros de
charges de autores como: Ique, Paulo Caruso, Chico Caruso,
Aroeira , Reina ldo, NANI . E jorna is com charges de Sassá e
Pa ixão.
Para a confecção de charge fo i ut i l izado o texto – Dicas
para se confecc ionar uma charge, publ icado no jorna l A Tr ibuna
de Santos , em 18 de agosto de 2003.
Com o auxi l io de um monitor pedagógico ( TV Pen Dr ive)
foram anal isadas charges produz idas a part i r de temas de
f i lmes, fábulas , contos de fadas, cu jo o conteúdo era a
somatór ia de humor, i ronia , e cr í t ica .
Após isso , confecc ionaram charges.
Para i lustrar o assunto aqui t ratado postaremos, a lgumas
charges confecc ionadas pelos a lunos.
Figura 5 . Sarney.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A le i tura é um processo complexo que envolve não apenas
a pa lavra , mas a imagem e os aspectos mais d iversos do
mundo. Apesar de fazer parte do cot id iano e merecer menção
em documentos inst i tuc ionais sobre educação.
Isso s igni f ica que, para desenvolver o potencia l le i tor dos
a lunos, o professor necess i ta invest i r numa ref lexão e
aperfe içoamento de seu própr io processo de le i tura . A lém da
demanda de invest imento nos estudos colet ivos nas escolas ,
também é desejável , pois , o t rabalho num níve l de formação
cont inuada que favoreça o contato com teor ia , metodolog ia e
prát icas le i toras por parte dos professores .
Sabemos que o desenvolv imento da capacidade le i tora de
imagens é processo árduo, que exige prát ica e sól idas bases
teór icas .
A int imidade com a informação imagét ica depende de
at i tude cur iosa, cr í t ica e perseverante. Para isso, ao uso da
imagem em aula , deve anteceder uma deta lhada pesquisa sobre
a sua autor ia , in formações técnicas de produção, para que
públ ico e uso se dest inam e em qual contexto fo i cr iada, a lém
da le i tura dos e lementos formais e s imból icos que a const i tuem.
De qualquer maneira , é impresc ind íve l que o professor
formule c laramente os ob jet ivos pedagógicos que pretende
a lcançar com a le i tura de forma gera l e com o uso de imagens.
Que tenha em mente os inúmeros enfoques que as imagens
podem prop ic iar e os caminhos interpretat ivos que podem ser
percorr idos durante qualquer le i tura .
Um últ imo aspecto que merece destaque, observado
através da anál ise dos t rabalhos que não a lcançaram
plenamente os ob jet ivos durante a apl icação junto aos a lunos
do Ens ino Médio, é o fato de que imagem e texto verba l não
devem ser d issoc iados. A ret i rada das imagens de seu contexto
e sua le i tura iso lada gera uma l imitação no processo le i tor , que
passa a ser f ragmentado e desconecta e lementos que, juntos ,
compunham a mensagem or ig ina l e contr ibuem para a
construção de sent idos .
Os resul tados do estudo rea l izado apontam que
gera lmente as charges são textos cr í t icos de fatos atua is de
cunho soc ia l em que há a interação entre a l inguagem verbal e
a não verba l para abordar acontec imentos recentes sobre
Histór ia , nesse caso, His tór ia do Bras i l . Desta forma,
conc lu ímos que para haver uma boa interpretação desse gênero
de texto é prec iso conhecer o fato a e le re lac ionado, fazer uma
le i tura das l inguagens e re lac iona- las entre s i , e com o contexto
soc ia l , pois as charges gera lmente são textos tempora is que
nos t ransmitem informações através de uma l inguagem
humorís t ica que poss ib i l i ta uma le i tura breve e d inâmica. Um
outro aspecto importante na ut i l ização de ta is recursos é a sua
prox imidade com o cot id iano, pois estes são gera lmente
encontrados em jorna is e rev is tas , t ratando temas atua is ,
atempora is , d ivert indo e marcando épocas. A lém disso, permite
que o a luno passe a entender a imagem como discurso,
atr ibu indo - lhe sent idos soc ia is e ideológicos .
Constatamos que grande quant idade dos a lunos não
aprendem porque tem di f icu ldade de aprendizagem, mas s im,
porque estão desmot ivados e dessa forma menosprezam o
processo ens ino -aprendizagem trabalhado na esco la ,
percebendo que este não está dentro da sua rea l idade e dos
seus interesses . Cabe a nós professores desmist i f icarmos essa
idé ia , mostrando para o a luno que conhecemos e va lor izamos a
bagagem de conhecimento adqui r ida no seu d ia-a-d ia , no
t rabalho, com os amigos e pr inc ipa lmente na INTERNET.
Constatamos também que se o a luno for seduzido a part ic ipar
do processo de interpretação e anál ise das imagens, no nosso
caso especí f ico a charge, obteremos sucesso. O sucesso vem
quando professor e a luno se envolvem nesse universo dos
d iversos t ipos de conhec imento: o do a luno (ass is temát ico) e o
do professor (s is temát ico) . A d i f icu ldade que o a luno demonstra
ter em re lação a interpretação, aglut inação das l inguagens
verba l e não verba l e da retomada h is tór ica dos fatos e /ou
idé ias subtendidas na charge serão sanadas quando o mesmo
perceber-se como suje i to at ivo e integrante desse processo.
Por isso, t rabalhar com o texto chárgico é , no mínimo,
um desaf io , pois se o a luno pensa e quer nos passar a
impressão de que não é capaz de rea l izar uma le i tura
d i ferenciada, poderá ser est imulado pelo professor , que
certamente, através do d iá logo, da d iscussão co let iva , o levará
a um resultado sat is fatór io. Este poderá ser est imulado também
a buscar informações necessár ias em outros textos que
mantenham re lações com os temas explorados pela charge. Is to
co locado em prát ica poderá ser o in íc io de um processo que o
levará a tornar-se um le i tor cur ioso, pesquisador de outros
textos e , em conseqüência , capaz de rea l izar uma le i tura
cr í t ica , tornando-se um suje i to at ivo, part ic ipante, apto a
exercer sua c idadania .
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AVERBURG, Marcelo. Plano Cruzado: Crônica de uma experiência. São Paulo: Revista do BNDES, 2005. Disponíve l em: <www. ie .u fry.br /aparte/pdfs /p lanocruzado.pdf>. Acesso em: 07 mai . 2007.
B ITTENCOURT, C irce (org) . O Saber Histórico na Sala de Aula. 10.ed.São Paulo : Contexto, 2005.
BURKE, Peter (org) . A Escrita da História: Novas Perspectivas. Tradução de Magda Lopes. São Paulo : UNESP, 1992. 354p.
ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS DA IMAGEM, 1. 2007. Londr ina. Caderno de Resumos . Londr ina: UEL,2007. 14 a 16 mai . 90p.
Is to É . São Paulo:Três Pontos , n .522, 24 dezembro. 1986. p.62-64.
KNEIPP, Mar ia Auxi l iadora R. Era uma vez um cruzado. Disponíve l em <http : / /acd.ufr j .br /~pead/tema11/ponto16.html>.
PAIVA, Paulo. et a l . [ . . . ] Plano Cruzado: Ataque e Defesa . 1 .ed. R io de Janei ro : Forense Univers i tár ia , 1987.
PARANÁ. Super intendênc ia de Educação. Diretrizes Curriculares de História para o Ensino Médio . Cur i t iba . SEED,2006.REVISTA DO LABORATÓRIO DE ENSINO DE HISTÓRIA – UEL. His tór ia & Ens ino. Londr ina:EDUEL, vol .1 , abr i l , 1995.
ROMUALDO, Edson Car los . Charge Jornalística: Intertextualidade e Polifonia. Mar ingá: UEM, 2000. 205p.
SCHMIDT, Mar ia Auxi l iadora; CAINELLI , Mar lene. [ . . . ] . Ensinar História. 1 .ed. São Paulo : Sc ip ione, 2004. (Pensamento e Ação no Magistér io) .
S ILVA, Car la Letuza More ira e . O Trabalho com Charges na Sala de Aula. Porto Alegre: Centro Univers i tár io Ri t ter dos Reis , 2004. Dispon íve l em: <www. in isc .br /cursos/pos_graduacao/mestrado/ let ras /anais_2coloqu io /charges_sa la-de-aula .pdf>. Acesso em: 04 mai . 2007.
S ILVA, Danie le de Barros Macedo. A Charge em Sala de Aula. Rio de Janeiro. D isponíve l em <www.f i lo log ia .org.br / ixcnl f /5/03.htm>. Acesso em 04 mai . 2007.
VASCONCELLOS, Maura Mar ia Mor i ta . Ens ino de História: Concepção e prática no Ensino Médio . In . Berbel , Neus i Aparec ida Navas (org) . Metodologia da Problemat ização: Fundamentos e Apl icações. Londr ina: EDUEL, 1999. p.101-150.
SILVEIRA, Jane Ri ta Caetano da. A Imagem: Interpretação e Comunicação. 2005. Disponíve l em <www3.unisul .br /paginas/ens ino/pos/ l inguagem/0503/05.htm>
Veja . São Paulo: Abr i l , n . 915, 19 março. 1986. p.23.
Veja . São Paulo: Abr i l , n .913, 5 março. 1986. p.23.
VENTURA, prefác io de: Zuenir ; et a l . [ . . . ] . Plano Cruzado: Tem que dar certo . R io de Janeiro: José Olympio , 1986.
WIKIPEDIA. Enciclopédia Online Livre . <www.wik ipedia .org> Acesso em: 04 abr. 2007.