O Preconceito
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O Preconceito
O preconceito remonta à Antiguidade, porém o estudo sobre o mesmo surgiu por
volta da metade do século XX, onde a comunidade americana e européia se preocupou com
este conceito. (Duckitt, 1992 e Pereira, 2004).
Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa o preconceito é uma idéia,
opinião ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação
ou razão.
Para Allport (1954), o preconceito é uma atitude evitativa ou hostil contra uma
pessoa que pertence a um grupo simplesmente porque ela pertence a ele, e está, portanto,
presumido que objetivamente ela tem as qualidades atribuídas ao grupo.
Em Outhwaite e Bottomore, citados por Pereira (2004), o preconceito refere-se a
um julgamento categórico antecipado que têm componentes cognitivos (crenças,
estereótipos1), componentes afetivos (antipatia, aversão) e aspectos comportamentais
(discriminação). Segundo Picazio (1998) o preconceito é um pré-julgamento um sentimento
ou resposta antecipada a coisas ou pessoas, portanto não se baseia em experiências reais.
Segundo Myers (1999), o preconceito é uma atitude injustificável e em geral
negativa em relação a um grupo - na maioria das vezes um grupo cultural, étnico ou sexual
diferente.
Pode-se entender ainda como uma representação social, sendo um conhecimento
de conceitos e imagens sobre pessoas, papéis sociais e estruturas do cotidiano, entendido
também como uma construção social historicamente formada (Rangel, 2005).
Dentre os grupos minoritários que sofrem com o preconceito, encontram-se os
homossexuais, que para Mott (2000) em palestra, disse serem os mais odiados dentre todas as
minorias.
2. O preconceito contra homossexuais.
Segundo Spencer (1999, p.274), o termo "homossexualidade" aparece pela
primeira vez em um panfleto escrito por Karoly Maria Benkert para denominar as relações
sexuais entre pessoas do mesmo sexo.
A homossexualidade tem sido vista sob vários aspectos ao longo da História: na
Grécia e Roma antiga as relações homossexuais, eram respeitadas quando relacionada a ritos
sagrados, iniciação de adolescentes para a vida adulta (Spencer, 1999). Só eram repudiadas
1 Do grego “Stereos (que significa rígido) e túpos, que significa (traço). Cf. (Nunan, 2007)
quando ameaçavam subverter a hierarquia social (Lacerda et al. 2002). Não era visto como
algo doentio ou anormal (Costa, 1989).
Porém no governo de Justiniano em 533 d.C, a punição para todos os atos
homossexuais era a fogueira e a castração (Spencer, 1999). Na Idade Média, a Igreja levou
centenas de lésbicas e homossexuais para a fogueira (Ibidem, 1999). A Inquisição condenava
à morte os amantes do mesmo sexo, também a pedradas (Mott, 1980).
Para Foucault (1988), a sociedade produziu um discurso sobre o “verdadeiro” e
regulamentado. O normal e o natural são classificados como a heterossexualidade, quanto à
homossexualidade, esta é encarada como algo anormal, um desvio.
Na Associação Psiquiátrica Americana (American Psychiatric Association),
alguns como (Radó, Bieber et al. e Socarides citados por Sauvagnat, 2003) apresentavam a
homossexualidade como uma doença e tinha posições oficiais sobre um “tratamento" da
mesma.
Em resposta a uma carta de uma mãe com um filho homossexual, Freud responde,
sobre o que pensa ser a homossexualidade:
“Homossexualidade, seguramente, não é uma vantagem, mas não é nada de
que tenhamos que ter vergonha. Não é vício, degradação e não pode ser
classificada como uma doença... Muitos indivíduos altamente respeitáveis,
nos tempos antigos e modernos foram homossexuais, Platão, Michelangelo,
Leonardo da Vinci, etc”. (Lewes, 1989 citado por Costa, 1995, p.255).
É verdade que as posições de Freud em relação à homossexualidade de início não
foram assim. Nos Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, de 1905 ele inscreve a
homossexualidade no rol das aberrações sexuais, denominando-os de “invertidos sexuais”.
Essa ambigüidade acabou dando margem para que se encontre na literatura homofóbica, como
na homofílica citações de Freud.
Em 1972 o psicólogo George Weinberg, de forma oficial utilizou o termo
"Homofobia", relacionado ao preconceito, ódio ou a aversão a homossexuais; a discriminação
dirigida a esse grupo; agressões físicas ou verbalizadas; sentimentos de nojo ou repulsa, etc.
Para Diplacido, (1998) citado por Nunan (2007). Gays, lésbicas e bissexuais
experenciam homofobia e estigmatização de tal forma que são colocados diante de situações
estressantes e negativas, como perda de emprego, moradia, violência e discriminação.
Devido ao preconceito, muitos sujeitos não revelam sua verdadeira orientação
sexual ou até mentem para não sofrerem pressão psicológica.
Em 1973 a Associação de Psiquiatria Americana aprova a retirada da
homossexualidade da lista de transtornos mentais. Em 1975, a Associação de Psicologia
Americana aprova uma resolução apoiando esta decisão. No Brasil, o Conselho Federal de
Medicina em 1985 passou a não considerar a homossexualidade como doença. Nos anos 90, o
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), também retirou a
homossexualidade da condição de distúrbio mental. No ano de 1993, a Organização Mundial
de Saúde não apresentava a homossexualidade também, enquanto doença. Em 22 de março de
1999 o Conselho Federal de Psicologia (CFP) promulga a Resolução N° 001/1999, que
estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação às orientações sexuais. Considera
que a homossexualidade não é doença, nem distúrbio e nem perversão. Determina ainda que
não se deva contribuir com eventos e serviços que proponham o tratamento e a cura da
homossexualidade.
Apesar das organizações citadas anteriormente declararem não ser uma patologia,
segundo Matias (2007) persistem em alguns profissionais idéias e estereótipos sobre a
homossexualidade.
Segundo estudo de Jablonski, citado por Nunan (2007), 20% dos estudantes
universitários analisados, declarou que o homossexualismo é doença. Em pesquisa realizada
por (Lacerda e et al. 2002), mais de três quartos dos estudantes universitários analisados
foram classificados como preconceituosos em relação a essa minoria.