o Preparo Do Obreiro Para o Ministerio

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Curso Médioem Teologia

£ENTRO EDUCACIONAL TÈGL0G9CO C S P A S ASSEMBLÉIAS DÈ D E U S V ^

N<^RASÍL

CETADEB - Centro Educacional Teológico das Assembléias de Deus no Brasil

Rua A n tô n io Jo sé de O live ira , 1180 Bairro São C arlo s - Cx. Postal 241

86 8 0 0 -4 9 0 - A p u caran a - PR Fone/Fax: (43) 3426-0003

C elu lar: (43) 9960 -88 86 E-m ail: co n ta to @ ce ta d e b .co m .b r

Site: w w w .ce ta d e b .co m .b r

Aluno (a):

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O PREPAHO DO OBREIRO PARA O MiNÍSTÉRIO FRENTE ÀS GERAÇÕES DO SEU TEMPO

Pr José Po Uni

Copyright © 2010 by José Polini

Capa e Designer: Márcio Rochinski

Diagramação: Hércules Carvalho Denobi

Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados a Denobi e Acioli Empreendimentos

Educacionais.

O conteúdo dessa obra é de inteira responsabilidade do autor.

Todas as citações foram extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação entre parêntesis ao lado do texto indicando outra fonte.

IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Gráfica Lex Ltda

13 Edição -Set/2010

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DIRETORIAS E CONSELHOS

DiretorPr Hércules Carvalho Denobi

Vice-DiretoraEliane Pagani Acioli Denobi

Conselho ConsultivoPr Daniel Sales Acioli - Apucarana-PR Pr Perci Fontoura - Umuarama-PR Pr José Polini - Ponta Grossa-PR

Coordenação TeológicaPr Genildo Simplício - São Paulo-SP Dc Márcio de Souza Jardim - Guaíra-PR

A ssessor/a JurídicaDr Mauro José Araújo dos Santos - Apucarana-PR Dr Carlos Eduardo Neres Lourenço - Curitiba-PR Dr Altenar Aparecido Alves - Umuarama-PR Dr Wilson Roberto Penharbel-A pucarana-PR

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Autores dos M ateriais DidáticosPr José Polini Pr Ciro Sanches Zibordi Pr João Antônio de Souza Filho Pr Genildo Simplício Pr Jamiel de Oliveira Lopes Pr Vicente Paula Leite Pr Marcos Antonio Fornasieri Pr Sérgio Aparecido Guimarães Pr José Lima de Jesus Pr José Mathias Acácio Pr Reinaldo Pinheiro Pr Edson Alves Agostinho Rubeneide O. Lima Fernandes Zilma J. Lima Lopes

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NOSSO CREDO

£ 3 Em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas: O Pai, Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29).

CQ Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17).

CQ Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34 e At 1.9).

£Q Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode restaurá-lo a Deus (Rm 3.23 e At 3.19).

£ 0 Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus (Jo 3.3-8).

CQ No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26 e Hb 7.25; 5.9).

£Q No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1- 6 e Cl 2.12).

CP Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo (Hb 9.14 e IPe 1.15).

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EB No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).

CQl Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade (ICo 12.1-12).

CQ Na Segunda Vinda premilenial de Cristo, em duas fases distintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobreo mundo durante mil anos (lTs 4.16. 17; ICo 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14).

CQl Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo, para receber recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na terra (2Co 5.10).

£Ql No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis (Ap 20.11-15).

CQl E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os infiéis (Mt 25.46).

Convenção Geral das Assembléias de Deus do Brasil - CGADB

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ABREVIAÇÕES

a.C. - antes de Cristo.ARA - Almeida Revista e Atualizada A R C -A lm e id a Revista e Corrigida AT - Antigo Testamento BV - Bíblia VivaBLH - Bíblia na Linguagem de Hojec. - Cerca de, aproximadamente, cap. - capítulo; caps. - capítulos, cf. - confere, compare.d.C. - depois de Cristo.e.g. - por exemplo.Fig. - Figurado.fig. - figurado; figuradamente, gr. - grego hb. - hebraico i.e. - isto é.IB B -Im p ren sa Bíblica Brasileira Km - Símbolo de quilometro lit. - literal, literalmente.LXX - Septuaginta (versão grega do AT) m - Símbolo de metro.MSS - manuscritosNT - Novo TestamentoNVI - Nova Versão Internacionalp - página.ref. - referência; refs. - referênciasss. - e os seguintes (isto é, os versículos consecutivos de um capítulo até oseu final. Por exemplo: IP e 2.1ss, significa IP e 2.1-25).séc. - século (s).v - versículo;vv-ve rs ícu lo s.ver - veja

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SUMÁRIO

LIÇÃO | - o PREPARO DO OBREIRO PARA O MINISTÉRIO FRENTE ÀSGERAÇÕES DO SEU TEM PO......................................................... 11

ATIVIDADES - LIÇÃO 1.............................................................................41

LIÇÃO | | -O MINISTÉRIO NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTO..............43ATIVIDADES-LIÇÃO || .................. ...................................................... 81

LIÇÃO III - OS DESAFIOS DOS APÓSTOLOS, BISPOS/PRESBÍTEROSFRENTE À GERAÇÃO DA SUA ÉPOCA............................................83

ATIVIDADES-LIÇÃO III .................................................................... 118

LIÇÃO I V - O PREPARO DO OBREIRO......................................................... 119ATIVIDADES - LIÇÃO IV ..................................................................... 147

LIÇÃO V - O PREPARO DO OBREIRO (CONTINUAÇÃO)............................. 149ATIVIDADES - LIÇÃO V ....................................................................... 177

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 178

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Anotações:

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Lição I

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Anotações:

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O PREPARO DO OBREIRO PARA O MINISTÉRIO FRENTE ÀS GERAÇÕES DE

SEU TEMPO

1) E t im o lo g ia E C o n c e it o Da s Ex p r e s s õ e s O b r e ir o E M in is t é r io

1.1) S en tido A m plo

A ) O br eir o

<etA palavra obreiro provém da palavra "obra", por suavez apresenta três origens principais:

1 Ergon [épyo\/\\ denota, trabalho, ação, ato. Neste sentido, é utilizada para exemplificar as ações humanas, quer sejam boas ou ruins (Mt 23.3; 26.10; Jo 3.20,21; Rm 1.7,5).

1 Práxis: denota a execução ou realização, ou a ação incompleta em desenvolvimento.

i Poiesis: denota execução, fazer.

B ) M in is té r io

A palavra "ministério" pode ser utilizada como"substantivo" e "adjetivo", nas seguintes variantes:

Co m o S u b sta n tiv o :

i Diakonia: ministério como cargo ou trabalho realizado pelos diáconos "diakonos"(?ç> 1.1; lTm 3.8,12).

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Na Bíblia o termo é identificado, também, como "ministério religioso e espiritual". (At 1.17,25; At 6.4; At 12.25, At 21.19; Rm 11.12)

No entanto, esta palavra aponta para todo o cargo - religioso ou secular, onde até os magistrados civis também são chamados de ministros de Deus. (Rm 13.4)

Assim, todo o tipo de serviço é considerado como um ministério na expressão "diakonid'. Por exemplo, em Lucas 12.37; Lucas 17.8 e João 12.2 o termo é utilizado em alusão ao serviço às mesas.

1 Leitorgia: ministério como exercício da fé prática, "serviço" de alguém em favor de outras pessoas. (2Co 9.12, Fp 2.30)

Co m o A d je t iv o :

1 Leitourgikos ministério como sendo "do ou pertencente ao serviço". Esta palavra é a raiz da palavra portuguesa "liturgia".

1 Mesharet: ministério como alguém que assessorava pessoas de alta categoria. Josué era ministro de Moisés (Ex 24.13 e Js 1.1).

1.2) S en tid o Estrito

A ) O br eir o

Considerando-se a aplicabilidade do termo no contexto religioso das Igrejas Evangélicas Brasileiras, em especial no contexto religioso da Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Brasil o termo obreiro denota a pessoa que se dedica a realizar alguma atividade eclesiástica dentro da Igreja.

Por mais que todos os que realizam a obra do Senhor possam ser considerados obreiros, em sentido estrito, considera-se "obreiro" aquele que dedica boa parte de seu tempo à Obra do Senhor, exercendo um cargo eclesiástico ou em vista de ser reconhecido como tal.

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Portanto, há obreiros que são diáconos, presbíteros, evangelistas e pastores. Mas há obreiros que não tem o reconhecimento ministerial segundo a convenção de sua Congregação, contudo são reconhecidos pelo seu trabalho diferenciados se comparados com os demais membros da comunidade.

Em suma, o “obreiro" é identificado pelo trabalho desenvolvido no seio da Comunidade Cristã que pertence.

B) M in isté rio

1 Ministério é identificado com o trabalho.

1 Ministério: como dom - dotação especial.

1 Ministério: corpo deliberativo da igreja, os que tomam as decisões colegiadas ou presbitério.

1.3) C o n ceito B íblico

A ) O b re iro

A expressão obreiro na Bíblia Sagrada é utilizada largamente, e pelo contexto em que a palavra é utilizada é possível se extrair um conceito Bíblico. Vejamos alguns textos onde o termo é usado:

a) Obreiros identificados como trabalhadores que se envolvem com a Seara. "E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara" (Lc 10.2);

b) Obreiros identificados como trabalhadores que vivem do trabalho, ou para o trabalho em dedicação especial e, às vezes

' [ exclusiva. "E ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que / eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de

casa em casa" (Lc 10.7);

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c) Obreiros podem ser identificados pelo bom trabalho, mas também pelo mal. "Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo" (2Co11.13); "Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão!" (Fp 3.2);

d) Obreiros na acepção bíblica devem se apresentar e ter a aprovação de Deus, o Dono da Obra. "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (2Tm 2.15).

Portanto, pela aplicação Bíblica da palavra "obreiro" é possível elaborar um conceito bíblico: obreiro é aquela pessoa1 que se envolve no trabalho de tal forma que aplica dedicação especial e às vezes exclusiva à Obra do Senhor, sendo assim reconhecido pelo trabalho que executa (bom ou mal), contudo com responsabilidades perante o Senhor - o Dono da Obra"

B ) M in is t é r io

É um termo coletivo que aponta para vários oficiais e autoridades religiosas e civis no contexto bíblico. No grego e no hebraico possuem variantes que identificam ofícios específicos.

Portanto, não há um conceito bíblico específico identificando a palavra ministério unicamente com a obra a ser desenvolvida pelo obreiro, ou tal qual estudamos neste tópico, mas como se viu a utilização do termo é variado.

1.4) Co n ceito Po pu la r

No conceito popular "obreiro" é o que executa a obra e o "ministério" é a obra a ser executada.

Neste contexto, o tema deste estudo pode ser assim definido: "O preparo de quem executa (do obreiro) a obra (ministério) frente às gerações de sua época".

1 Observar que a Bíblia não discrimina o conceito de "obreiro" por sexo, idade ou raça.

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D e s a f io s D a s G e r a ç õ e s 2

A questão inicial (primeiro questionamento) para o tema proposto - O preparo do obreiro para o ministério frente às gerações do seu tempo - é indagar se os desafios3 enfrentados por uma geração são, de fato, diferentes das gerações que lhe antecederam.

Neste momento o questionamento tem enfoqueespiritual.

Será que os desafios (espirituais) enfrentados pela geração do final do século XX e início do século XXI são diferentes da geração que viveu no século XV?

Pela lógica, podemos antecipar a resposta para responder afirmativamente à pergunta, defendendo que existem desafios que são inerentes e característicos de uma determinada época.

Embora pareça lógica a resposta ao primeiro questionamento, faz-se necessário passar a questão pelo crivo da palavra de Deus, que é o único instrumento capaz de nos orientar numa resposta segura. (Pv 16.1)

Assim, em confronto com o que diz a Bíblia, será que os desafios que imaginamos e defendemos ser inerentes e característicos de uma época são, de fato e na essência, novos, em confronto com o que a Bíblia afirma que "não há nada de novo debaixo do sol. (Ec 1.9)

Vejamos o que diz o texto de Eclesiastes capítulo 1.1-10:

Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém. Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade

2 Exposição de motivos: porque incluir os desafios, em um estudo que trata do preparo dos obreiros? A razão desta inclusão é porque ninguém se prepara se não houver um desafio. (ICo 9:25)

3 Só existe "preparação" se houver um desafio ou desafios.

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( I I ADI II / 0 Preparo do Obreiro Para o Ministério Frente às Gerações do seu Tempo

de va ida d es! Tudo é vaidade. Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol? Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece. Nasce o sol, e o so l se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos. Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tomam eles a correr. Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir. O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já nos séculos passados, que foram antes de nós."

Diante do texto bíblico acima, lançamos um segundo questionamento: se os desafios que propugnamos (propomos e consideramos) inerentes e característicos de uma determinada época são reais, ou meras desculpas de que uma geração enfrenta "maiores desafios" do que as outras?

Alguns propõem: "Na minha época as coisas eram mais difíceis"; e outros afirmam que "os dias atuais impõem maiores desafios que no tempo passado!".

Qual das duas afirmações está correta, se a Bíblia afirma que nada há de novo debaixo do sol?

Será que os desafios que entendemos como novos em nossa geração - época - já não foram enfrentados no passado? Ou, em via inversa, será que os desafios que existiam no passado, não podem ser enfrentados no tempo presente?

Apesar deste tópico objetivar e demonstrar que cada geração pode ser representada por um CICLO - o estudo sobre este tema é desenvolvido a seguir. Pela Palavra de Deus podemos propor que os desafios de todas as gerações que habitaram a terra foram desafios únicos, ou ocasionados por uma causa única: o PECADO.

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Abaixo podemos observar alguns "desafios" das gerações, que podem ser agravados pela ação do PECADO:

A ) O P eca d o F o i A ch a d o Em Sa ta n á s (Ez 28.15)

"Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti" (Ez 28.15).

No devido contexto, a profecia de Ezequiel contra o rei de Tiro contém uma referência velada a Satanás como o verdadeiro governante de Tiro e como o deus deste mundo (cf. 2Co 4.4; lJo 5.19).

O rei é descrito como um visitante que estava no jardim do Éden (v. 13), que fora um anjo, querubim ungido (v. 14), e uma criatura perfeita em todos os seus caminhos, até que nela se achou iniquidade (v. 15). Por causa do seu orgulho pecaminoso (v. 17), foi precipitado do monte de Deus (vv. 16,17; cf. Is 14.13-15).

B ) O P eca d o N a N a tu re za H um ana (R m 7.7-24)

"Que diremos, pois? É a le i pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a le i não dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado. E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu m orri; e o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte. Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou e, por ele, me matou. Assim, a le i é santa; e o mandamento, santo, justo e bom. Logo, tornou-se-me o bom em m orte? De modo nenhum! Mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem, a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno. Porque bem sabemos

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que a le i é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço, não o aprovo, pois o que quero, isso não faço; mas o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que, agora, já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu se i que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o m al que não quero, esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho, então, esta le i em mim: que, quando quero fazer o bem, o m al está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na le i de Deus. Mas vejo nos meus membros outra le i que batalha contra a le i do meu entendimento e me prende debaixo da le i do pecado que está nos meus membros. M iserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta m orte?"

Observemos o que o texto supra descreve:

a) Nos versículos 7-12, Paulo descreve o período de inocência do indivíduo até chegar à "idade da responsabilidade". Ele "vive" (v. 9), i.e., sem culpa nem responsabilidade espiritual, até que deliberadamente peca contra a lei de Deus escrita externamente ou no seu coração (cf. 2.14,15; 7.7,9,11);

b) Nos versículos 13-20, Paulo retrata um estado de escravidão ao pecado, porque a Lei, uma vez conhecida, traz inconscientemente o pecado para a consciência e, assim, o indivíduo passa a ser realmente um transgressor. O pecado se torna seu senhor, embora ele se esforce para resistir-lhe;

c) Nos versículos 21-25, Paulo revela o desespero total da pessoa, à medida que o conhecimento e o poder do pecado o reduzem à miséria.

d) As declarações de Paulo, "eu... vivia" (v. 9) e "o pecado... me matou" (v. 11), apóiam a crença geral que a criança é inocente

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até deliberadamente pecar contra a lei de Deus no coração (2.14,15). O ensino que diz que as criancinhas entram no mundo afetadas pela culpa do pecado e dignas da condenação eterna não se acha nas Escrituras.

e) Lembremo-nos de que Paulo, no capítulo 7, está analisando o estado da pessoa sem regeneração e sujeita à lei do Antigo Testamento, mas consciente da sua incapacidade de viver uma vida agradável a Deus (cf. v. 1). Ele descreve uma pessoa lutando sozinha contra o poder do pecado e demonstrando que não poderemos alcançar a justificação, a santidade, a bondade e a separação do mal mediante o nosso próprio esforço para resistir ao pecado e guardar a lei de Deus. O conflito do cristão, por outro lado, é bem diferente: é um conflito entre uma pessoa unida a Cristo e ao Espírito Santo, de um lado, contra o poder do pecado, de outro lado (cf. Gl 5.16-18).

f) Aqueles que tentam obedecer aos mandamentos de Deus sem agraça salvífica de Cristo, descobrem que são incapazes de realizar as boas intenções do seu coração. Não são senhores de si mesmos; o mal e o pecado governam o seu ser. São escravos dessas coisas (vv. 15-21); presos "debaixo da lei do pecado" (v. 23). É somente para os que estão em Cristo, que Deus, juntamente com a tentação, "dará também o escape, para que a possais suportar" (ICo 10.13).

g) Muitos crentes sob a Lei do Antigo Testamento verificaram que, em si mesmos, tinham prazer na lei e nos mandamentos de Deus (cf. SI 119; Is 58.2). Entretanto, ao mesmo tempo, quando buscavam ajuda apenas da Lei, as paixões da carne neles imperavam (v. 23). Igualmente na igreja, hoje, pode haver os que reconhecem a justiça, a pureza e a excelência do evangelho de Cristo, no entanto, por não terem em si a experiência da graça regeneradora de Cristo, verificam que são escravos e prisioneiros do pecado. Quando tentamos viver livres do domínio do pecado e da imoralidade, todos os nossos esforços para isto são inúteis, a menos que sejamos realmente nascidos de novo, reconciliados com Deus, libertos do poder de Satanás e como novas criaturas

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em Cristo, vivendo uma vida renovada no Espírito Santo (Jo 3.3; Rm 8; 2Co 5.17).

h) A pessoa não convertida, em sua luta desigual com o pecado, termina dominada, cativa (v. 23). O pecado vence e a pessoa vende-se ao pecado como escrava (v. 14). Miserável condição esta; quem poderá livrar-nos? A resposta é: "por Jesus Cristo, nosso Senhor" (v. 25). É Ele o único que pode nos libertar "da lei do pecado e da morte" (8.2).

C ) Q u em C o m e te P e c a d o É S e r v o D o P e c a d o (J o 8 .3 4 )

"Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, emverdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado" (Jo 8.34).

O não-salvo é escravo do pecado (Jo 8.34; Rm 6.17-20). Escravizado pelo pecado e por Satanás, é forçado a viver segundo as concupiscências da carne e os desejos de Satanás (Ef 2.1-3). O verdadeiro crente, salvo em Cristo com a graça acompanhante do Espírito Santo que nele habita, é liberto do poder do pecado (Rm 6.17-22; 8.1-17).

Quando tentado a pecar, ele agora tem o poder de agir de conformidade com a vontade de Deus. Está livre para tornar-se servo de Deus e da justiça (Rm 6.18-22). A libertação da escravidão do pecado é um critério seguro para o crente professo testar e comprovar se a vida eterna habita nele com a sua graça regeneradora e santificadora.

Quem vive como escravo do pecado, ou nunca experimentou o renascimento espiritual pelo Espírito Santo, mas cedeu ao pecado e voltou à morte espiritual, a qual leva à escravidão do pecado (Rm 6.16,21,23; 8.12,13; lJo 3.15) é servo do pecado.

Os crentes, por sua vez, não estão livres da guerra espiritual contra o pecado. Durante nossa vida inteira, teremos de

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lutar constantemente contra as pressões do mundo, da carne e do diabo (Gl 5.17; Ef 6.11,12). A plena liberdade da tentação e da atração do pecado terá lugar somente com a redenção completa, quando da nossa morte, ou na volta de Cristo para buscar os seus fiéis. O que Cristo nos oferece agora é o poder santificador da sua vida, mediante o qual aqueles que seguem o Espírito são libertos dos desejos e paixões da carne (Gl 5.16-24) e capacitados a viverem como santos e inculpáveis diante dEle, em amor (Ef 1.4).

D ) P ec a d o É In iq u id a d e ( I jo 3 .4 ; 5 .1 7 )

"Qualquer que comete o pecado também comete iniquidade, porque o pecado é iniquidade" (lJo3.4).

A Bíblia geralmente faz uma distinção entre tipos diferentes de pecados:

> Involuntários (Lv 4.2,13,22; 5.4-6; Nm 15.31)> Menos sérios (Mt 5.19)> Voluntários (lJo 5.16,17) e> Que levam à morte espiritual (lJo 5.16).

João enfatiza que há certos pecados que o crente nascido de novo não cometerá, porque nele permanece a vida eterna de Cristo (lJo 2.11,15,16; 3.6-8,10,14,15; 4.20; 5.2; 2Jo 9).

Esses pecados, por causa da sua gravidade e da sua origem no próprio espírito da pessoa, evidenciam uma rebelião resoluta da pessoa contra Deus, um afastamento de Cristo, um decair da graça e uma cessação da vida vital da salvação (Gl 5.4).

Exemplos de pecados nos quais há evidência clara de que a pessoa continua nos laços da iniquidade ou que caiu da graça e da vida eterna são:

> A apostasia (lJo 2.19; 4.6; Hb 10.26-31);

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> 0 assassinato (v. 15; 2.11);> A impureza ou imoralidade sexual (Rm 1.21-27; ICo 5; Ef 5.5; Ap

21.8);> Abandonar a própria família (lTm 5.8);> Fazer o próximo pecar (Mt 18.6-10) e a> Crueldade (Mt 24.48-51).

Esses pecados abomináveis evidenciam uma total rejeição da honra devida a Deus, e da solicitude amorosa para com o próximo (lJo 2.9,10; 3.6-10; ICo 6.9-11; Gl 5.19-21; lTs 4.5; 2Tm 3.1-5; Hb 3.7-19). Por isso, quem disser: "O Espírito Santo habita em mim, tenho comunhão com Jesus Cristo e estou salvo por Ele", mas pratica tais pecados, engana a si mesmo e "é mentiroso, e nele não está a verdade" (lJo 2.4; cf. 1.6; 3.7,8).

O crente deve ter em mente que todos os pecados, até mesmo os menos graves, podem levar ao enfraquecimento da vida espiritual, à rejeição da direção do Espírito Santo e, daí, à morte espiritual (Rm 6.15-23; 8.5-13).

E)A C a rn e É F ra ca (M t 26.41)

"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca " (Mt 26.41).

O conflito espiritual interiormente no crente envolve a totalidade da sua pessoa. Este conflito resulta ou numa completa submissão às más inclinações da "carne", o que significa voltar ao domínio do pecado; ou numa plena submissão à vontade do Espírito Santo, continuando o crente sob o senhorio de Cristo (Rm 8.4-14). O campo de batalha está no próprio cristão, e o conflito continuará por toda a vida terrena, visto que o crente por fim reinará com Cristo (Rm 7.7-25; 2Tm 2.12; Ap 12.11; Ef 6.11).

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F) O P eca d o A tin g iu Toda A H u m a n id a de (R m 3 .2 3 ; Rm 5 .1 2 ; Rm6 .1 3 ; R m 8 .3 )

"Porque todos pecaram e destituídos estão da giória de Deus" (Rm 3.23).

■v Nos capítulos 1 a 3 de Romanos, Paulo demonstrou que todo mundo, seja gentio ou judeu, é escravo do pecado. Em Rm 3.9- 18, ele explica o porquê disso e ensina que todo ser humano tem uma natureza pecaminosa, que o instiga ao pecado e ao mal (ver Rm 3.10-18). Disso resulta que todos são culpados e estão sob a condenação divina (Rm 3.23).

A solução de Deus, para essa situação trágica, é oferecer perdão, ajuda, graça, justiça e salvação a todos, mediante a redenção que há em Cristo Jesus (Rm 3.21-26).

"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus". Este versículo entre outros, expressa o exato conceito da natureza humana. Todas as pessoas, no seu estado natural, são pecadoras.

A totalidade do seu ser é afetada negativamente pelo pecado, sendo também propensas a conformar-se com o mundo, quanto ao diabo (Mt 4.10), e quanto à natureza pecaminosa. Todos são culpados de desviar-se do caminho da piedade para o caminho do egoísmo.

G ) O P e c a d o É U m a R e a lid a d e P r ó x im a (H b 1 2 .1 )

"Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta " (Hb 12.1).

Esta corrida é o teste da fé neste mundo, que dura a vida inteira (Hb 10.23,38; 12.25; 13.13).

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A corrida deve ser efetuada com "paciência" (gr. hupomone), ou seja, com perseverança e constância (cf. 10.36; Fp 3.12-14).

O caminho da vitória é o mesmo que o dos santos do capítulo 11 de Hebreus - esforçando-se para chegar até ao fim (Hb 6.11,12; 12.1-4; Lc 21.19; ICo 9.24,25; Fp 3.11-14; Ap 3.21).

Devemos deixar de lado os pecados que nos atrapalham ou que nos fazem ficar para trás (Hb 12.1) e fixarmos os olhos, nossas vidas e nossos corações em Jesus e no exemplo que Ele nos legou na terra, de obediência perseverante (Hb 12.1-4).

Devemos estar conscientes de que o maior perigo que nos confronta é a tentação de ceder ao pecado (Hb 12.1,4), de voltar àquela pátria de onde saímos (Hb 12.11,15; Tg 1.12), e de nos tornar, de novo, cidadãos do mundo (11.13; Tg 4.4; lJo 2.15; ver Hb11.10).

Por outro lado, a BATALHA que todo obreiro, em qualquer época e local, tem que travar é ESPIRITUAL, e não carnal, motivo pelo qual o obreiro deve se vestir de toda a armadura de Deus (Ef. 6.12).

Portanto, estes são os maiores e constantes desafios para os quais o obreiro deve estar PREPARADO, pois o pecado e as forças do mal desafiam ao homem (e o obreiro) desde o Éden até os dias de hoje... Em que pese esta assertiva procuraremos demonstrar alguns desafios específicos do obreiro e do ministério

C a d a G e r a ç ã o R e p r e s e n t a U m C ic lo C u l t u r a l , S o c ia l E A x io m á t ic o

Embora consideramos o pecado e a batalha espiritual como os maiores desafios e fontes geradoras de outros tantos desafios que fazem com que um OBREIRO se prepare para exercer o MINISTÉRIO, é inegável que cada Geração representa um ciclo, e suas alterações e influências devem ser notadas no exercício do ministério.

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Para estudo do tema reputamos oportuno desenvolver algumas IDEIAS SECULARES sobre as mudanças que ocorrem de geração para geração, e ao final, a Análise Bíblica sobre o assunto.

Desta forma, nos deteremos aos principais ciclos transformadores de uma geração: CULTURAL, SOCIAL EAXIOMÁTICO4.

Vamos a alguns conceitos:

Cultura provém do latim e essencialmente significa cultivar o solo, cuidar.

Para nós é um termo com várias acepções, em diferentes níveis de profundidade e diferentes especificidades.

No aspecto que nós interessa mencionar, pode-se entender cultura como práticas e ações sociais que seguem um padrão determinado no espaço/tempo. Refere-se a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e "preenchem" a sociedade.

É através da cultura que se explica e dá sentido a cosmologia social (maneira de ver o mundo pelo consenso geral), é a identidade própria de um grupo humano em um território e num determinado período.

Do conceito do termo destacamos dois elementosessenciais:

ESPAÇO-TEM PO

Estes elementos indicam que a cultura de uma determinada geração pode divergir da outra, justamente pelo fator espaço e tempo.

4 Relativo aos axiomas (axioma - premissa considerada verdadeira sem necessidade de demonstração); evidente, manifesto; inquestionável, incontestável. Este tópico visa apenas uma visão geral e não tem a pretensão de esgotar um tema tão complexo e filosófico. Serve apenas de conhecimento geral sobre o assunto, na certeza que o interesse dos alunos é pelo estudo da Palavra de Deus.

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Muito mais que a mudança da cultura, o ESPAÇO E O TEMPO determinam variações na sociedade e na forma das pessoas encararem o mundo e as suas questões, sendo que isto se denomina vatoração ou axioma.

Diante disto é possível afirmar que:

No século passado no Brasil os elementos culturais, sociais e axiomáticos eram outros dos presenciados hoje. Até bem pouco tempo atrás (50 anos é pouco tempo!) era honroso para os homens o uso de chapéus, hoje, no entanto...

Os fatores culturais, sociais e axiomáticos influenciam a produção literária e artística, a formação das leis5, a política e a religião.

No entanto, diante do inegável ciclo que cada geração pode representar, para nós, ministros do Senhor, importa considerar que:

1 A Palavra de Deus não muda em razão ou por imposição das mudanças culturais. (Mt 24.35; Is 55.11; SI 89.34)

1 O Padrão Bíblico para o exercício do ministério não muda em razão ou por imposição das mudanças culturais: Princípio "TU PORÉM..."6 (2Tm 3.1-17)

"Sabe, porém, isto: que nos úitimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de s i mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,

5 Certos atos eram considerados crimes no passado, e hoje já são considerados como normais.

6 Na linha de raciocínio proposta, a utilização do versículo de 2Timóteo procura enfatizar que mesmo que as gerações mudem com seus ciclos (culturais, sociais e axiomáticos - e outros), o ministro mantém um padrão inalterável segundo a palavra de Deus.

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Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jam bres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto a fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles. Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, Perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio, e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me Hvrou; E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições. Mas os homens maus e enganadores irão de m al para pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. "

0 texto acima revela que há outro grande desafio parao obreiro, e para todo o cristão, que é preservar o padrão bíblico:

a) Num mundo assoberbado e agitado (v.l).

b) Numa época de sentimentos humanos e egoístas (v.2).

c) Quando os valores morais são substituídos por valores irracionais (v.3) - "sem afeto natural'.

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d) Entre pessoas más (v.4).

e) Num ambiente carnalizado (v.4) - “amigos dos d e le ite i.

f) Em meio à impiedade e corrupção religiosa (v.5).

g) Num ambiente de perversão moral e sexual (v.6).

h) Num ambiente de ignorância e mentira (v.7 e 8).

O C o n t e x t o D a G e r a ç ã o A t u a l P ó s -M o d e r n id a d e

1.1) Ca ra cter iza n d o a Pó s-M o d ern id ad e

Estamos vivendo um momento novo na história. Costuma-se dizer que a Idade Contemporânea começou em 1789, com a Revolução Francesa. Sociólogos, filósofos e antropólogos têm declarado que a Idade Contemporânea acabou e que entramos em uma nova Idade, a Pós-Moderna.

Está acontecendo uma revolução enorme na maneira de ver o mundo, e isto tem muito a ver com a igreja. Em 1789, o lluminismo entronizou a Razão como deusa dos homens.

Entramos no período da razão, uma razão, uma época racionalista e científica. Na Catedral de Notre Dame, símbolo maior do cristianismo, na França, uma estátua simbolizando a Deusa Razão foi instalada.

O cristianismo foi mostrado como sendo apenas uma relíquia cultural. Nos anos sessenta e setenta, vimos, muitas vezes, ataques contundentes ao evangelho e à religião, em nome da ciência e da lógica.

A religião era considerada como um absurdo. A razão humana era suficiente para explicar o mundo. Tomando o lugar de Deus no ideário humano ela poderia nos ajudar a resolver todos os

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nossos problemas. Nós nos bastávamos. Esta autossuficiência marcou a modernidade.

Segundo Oden, um intelectual cristão, "a era moderna durou exatamente 200 anos - da queda da Bastilha em 1789 à queda do Muro de Berlim em 1989'. Mas em 1989 o mundo foi sacudido de maneira como poucas vezes o fora anteriormente. Caiu o muro de Berlim. As pessoas entenderam que não era apenas um evento, mas uma nova era na história da humanidade. Foi o início do fim do comunismo, o início da agonia do MATERIALISMO.

1.2) Pó s-M o d ern id a d e , M ais um M o d ism o ?

"É mais um rótulo", dirá alguém. Não é. É uma atitude cultural assumida por um grupo cada vez maior de pessoas, nas mais diversas áreas da vida humana. É uma mudança de hábitos que está a sepultar aqueles que conhecemos e o que praticamos.

Um conjunto novo de valores na música, na literatura, na arte, nos filmes, nas novelas, no modo de vestir e no trato com as pessoas. Está aí e nós o vivenciamos. Tanto que há certo tipo de pregação evangélica que já se amoldou a ela.

1.3) Definição

A pós-modernidade:

a) É uma atitude intelectual que apregoa uma série de expressões culturais que negam os ideais, princípios e calores que constituem o suporte da cultura ocidental moderna.

b) É uma época que está emergindo, substituindo aquela em que estamos inseridos, moldando cada vez mais nossa sociedade.

c) É uma rejeição dos valores nos quais nós, ministros, fomos criados, valores esses que moldam nossa vida e se constituem no pano de fundo de nossa visão do mundo.

d) Ferreira dos Santos assim a definiu, chamando-a de pós- modernismo: " pós-modernismo é o nome aplicado às mudanças

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ocorridas nas ciências> nas artes e nas sociedades avançadas desde 1950, quando por convenção, se encerra o modernismo (1900-1950]’.

e) É a condição sócio-cultural e estética imposta pelo capitalismo contemporâneo, também denominado pós- industrial ou financeiro.

Desde a década de 1980, desenvolve-se um processo de construção de uma cultura com abrangência global. Não apenas a cultura de massa, já desenvolvida e consolidada desde meados do século XX, mas um verdadeiro sistema-mundo cultural que acompanha o sistema-mundo político-econômico resultante da globalização.

A Pós-Modernidade, que é o aspecto cultural da sociedade pós-industrial, inscreve-se neste contexto como conjunto de valores que norteiam a produção cultural subsequente. Entre estes elementos da pós-modernidade podemos citar:

S A M ultip licidade: permite-se a multiplicidade social e cultural. Embora a tolerância e a igualdade sejam padrões excelentes a serem exercitados, na visão pós-moderna "as culturas são permitida5" e as "pessoas são declaradas ig u a if, não importando os valores que defendam.

Sob este viés, para alguns os padrões de comportamento indicados pela Bíblia ofendem a multiplicidade, pois criam um padrão único de comportamento.

S A Fragm entação: No modelo pós-moderno de produção, que privilegia serviços e informação sobre a produção material, a Comunicação e a Indústria -Cultural ganham papéis fundamentais na difusão de valores e ideias do novo sistema.

Vive-se, portanto, na Era da Informação. Nunca na história da humanidade a informação foi tão acessível, a ponto do conhecimento ser espantoso.

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A Bíblia esclarece que os últimos dias seriam marcados com o avanço da ciência e do conhecimento7, mas também recomenda que ninguém deva saber mais do que convém... Neste tópico cabe uma reflexão sobre quando o conhecimento (secular, e até teológico) prejudica o relacionamento do homem com Deus (2Tm 2.23 e Ec 1.17-18)

■/ A Desreferencializacão: ausência de referência para o mundo e ações.

Por exemplo, não se tem como referência alguém que realizou um grande movimento social ou espiritual (como no século passado com os diversos Heróis da Fé), mas a referência pós-moderna é, por exemplo, alguém que possa vender produtos. É por estes motivos que um "jogador de futebol', torna-se uma referência, pois sua imagem é oportuna para que referida indústria venda seus produtos. Se a referida "referência" deixar de "vender" produtos, substitui-se a referência por outra.

Esta prática conflita com a Bíblia que indica referências piedosas primeiramente em Cristo (ICo 11.1 e ICo 4.16) e em muitos homens (Hb 11.17-40).

■S A Entropia: que com a aceitação de todos os estilos e estéticas, pretende a inclusão de todas as culturas como m ercados consum idores.

Opera-se uma abertura e aceitação para todas as culturas práticas. Tudo é permitido! Tudo é liberado!

É pregado o liberalismo social: não importa no que você crê e o que você faz (pois isto lhe será respeitado), desde que você esteja inserido no contexto do consumo (ICo 6.12;10.23)

7 A pós-modernidade se fundamenta em 04 revoluções: científicas, política, cultural e a técnica.

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S Re lativizacão Dos V a lo res M o ra is: é a inversão do “ser" (não mais importa "ser"), e sim o "ter". (Lc 12.20)

Enfim, a pós-modernidade representa um ciclo que vai muito além dos limites da economia e comércio, pois influência a música, a literatura, as artes, os relacionamentos e até mesmo a religião.

Estamos vivendo uma nova fase no pensamento da humanidade. Na realidade, é uma revolução cultural que vem se processando, e que afeta todos os níveis da nossa vida.

As coisas estão mudando com muita rapidez e muitos de nós não as enxergamos. Nossa visão é micro, centrando-se em pequenos detalhes, quando precisa ser macro, vendo o global.

Com esta visão macro poderemos perceber que por influência da pós-modernidade valores educacionais, sociais, políticos, morais e religiosos estão sendo contestados e outros estão sendo propostos para seu lugar.

Por influência da pós-modernidade não é sem motivos que muitas igrejas estão "deixando o povo fazer o que bem entendem" desde que se tornem fieis consumidores de seus produtos!

O tema é instigante, contudo o limite do tema em estudo não permite maiores comentários, bastando apenas os sucintos comentários como visão geral do contexto que vivemos atualmente, e DE COMO O OBREIRO DEVE ESTAR ATENTO - E PREPARADO - para a realidade da pós-modernidade.

Não obstante os diversos conceitos sobre o momento cultural em que vivemos, O QUE NOS INTERESSA é a análise do enfoque e conceito BÍBLICO sobre o atual momento em nossa sociedade.

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1.4) M o m en to C u ltu r a l A t u a l - E r a Do s D ir eito s H u m a n o s- Ig r e ja D e La o d ic é ia (A p 3.14-19)

"E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fie l e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende- te".

Conforme o versículo 14 aquele que envia a carta à Laodicéia se identifica como o Amém. Isaías 65.16 fala do "Deus do Amém", isto é, "o Deus da verdade". Como designação pessoal, refere-se a quem é perfeitamente fidedigno ou fiel, em quem todas as promessas de Deus são Nele sim (2Co 2.20), e testemunha fiel e verdadeira. E ainda como soberano v.14. A palavra grega pode significar primeiro no tempo ("princípio") ou primeiro em categoria ("soberano").

Laodicéia, próxima à atual Denizli. Nos tempos romanos, era a cidade mais rica da Frigia, amplamente conhecida por seus estabelecimentos bancários, sua escola de medicina e sua indústria têxtil. Sua fraqueza principal era a falta de bons suprimentos de água. Cada uma dessas características é refletida na carta.

Laodicéia ficava no entroncamento de três estradas que atravessavam a Ásia Menor. De modo natural, ela se tornou um grande centro comercial e administrativo. Três fatos que se

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conhecem acerca da cidade, lançam luz sobre esta carta: era um centro bancário de fabulosas reservas financeiras; as indústrias principais eram de tecidos e tapetes de lã; possuía também uma faculdade de medicina. A igreja não era acusada de imoralidade, nem de idolatria, nem tão pouco de franca apostasia (perseguição era desconhecida em Laodicéia).

A terrível condenação que se pronunciava sobre ela era devido ao orgulho e autossatisfação do elemento pagão dentro da igreja de sorte que sua comunhão com Cristo se enfraqueceu tragicamente. A severa descrição da sua condição espiritual (v.17) e a admoestação ao arrependimento (v.18), são apresentados em termos das três ocupações da cidade.

Na qualidade de "o Amém" (v.14), Jesus é a encarnação da verdade e fidelidade de Deus (ver Is 65.16); o uso cristão do Amém acrescenta a ideia de que Ele também é cumpridor fiel dos propósitos declarados de Deus. Nesta designação achamos um contraste singular com a infidelidade dos Laodicenses.

Semelhantemente o título, "o princípio da criação de Deus" (v.14), exalta a Cristo como Criador acima das pequeninas criaturas orgulhosas que se gabam da sua autossuficiência. No v.16, se encontra uma censura sem igual no Novo Testamento, como expressão do aborrecimento de Cristo.

A referência prende-se ao último juízo (cf. Lc 13.25-28). Os vers. 17 e 18 formulam uma só afirmação: Pois dizes: ... Aconselho-te que compres... A pretensão dos laodicenses não é apenas que eles de nada carecem, mas que a sua riqueza, tanto moral como material se deve completamente aos seus próprios esforços. Revela-se a sua verdadeira condição de pobreza, apesar de possuir dinheiro; de nudez, a despeito da sua abundância de vestidos; de cegueira, embora haja nela muitos médicos. Esta igreja, portanto é a única de todas as sete, a ser chamada de miserável.

O seu recurso é "comprar" (cf. Is 55.1) de Cristo o ouro fino de um espírito regenerado, de pureza de coração, que possa levá-la à glória da ressurreição (Ap. 7.13-14) e da graça pela qual

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possa apropriar as realidades espirituais (cf. ICo 3 e 2Co 4).A condição repugnante dos Laodicenses não extinguiu

o amor de Cristo para com eles; a escorchante censura não é senão a expressão do seu profundo afeto que os possa levar ao arrependimento.

O gracioso convite que se segue dirige-se, não à igreja coletivamente (que exigiria "se ouvirdes" a minha voz), mas a cada membro individualmente. Cristo deseja participar com eles mesmos nas atividades mais comuns da vida.

Coincidente com o alto privilégio que se oferece a estes cristãos quase apóstatas é a promessa que transcende às que foram aplicadas às outras igrejas.

Assim como o crente pede a Cristo que compartilhe consigo tudo quanto tem vida transitória, de igual modo, o Senhor o convida, se ele permanecer até o fim, a compartilhar o trono dos séculos vindouros dado pelo Pai.

O cumprimento da promessa do reino milenar é descrito em Ap 20.4-6, e do reino eterno da nova Jerusalém em 22.5.

De tudo o que foi dito supra, resume-se: a Igreja de Laodicéia extinguiu o Espírito de Cristo. A extinção do Espírito Santo leva a igreja à mornidão espiritual (Ap 3.14-22).

O fogo é o grande agente purificador natural, assim como o Espírito Santo é o grande agente purificador divino. Sendo assim, caro leitor, arrume bem a lenha (ponha ordem na vida; coloque a "lenha" em ordem); limpe o local do fogo (tire de sua vida "cinza", "areia", "água", "coisas estranhas", como as doutrinas falsas); areje o fogo (sem ar fresco, bom, o fogo se apaga); alimente o fogo (com lenha boa [Pv 26.20], combustível bom, o que é caro; o fogo é sempre bom; a lenha pode ser ruim); e mantenha o equilíbrio do fogo — isso requer "acendedores" e "apagadores" de "ouro puro" (Ex 25.38; 37.23), a não ser que queiras ser um laodicense.

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1.5) U m V islu m bre Pa r a o Fu tu r o : Cao s O u Eter n id a d e? (2Tm 3.13-17)

Diante de tudo o que se expôs o futuro será um caos? Nosso futuro será um caos? Não existirão mais obreiros como antigamente? Se os decanos sucumbirem à morte, os novos obreiros serão engolidos pelas suas gerações?

É evidente que não, pois o Deus que sustém a igreja (Mt 16.18) e o ministério, também sustém os seus obreiros (Jr 3.15).

Na orientação de Paulo a Timóteo, há uma referência da "geração" que ambos viviam, e a esperança que o ministro fiel não será corrompido por ela (2Tm 3.13-17).

"Mas os homens maus e enganadores irão de m ai para pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitam ente instruído para toda a boa."

A s p e c t o s Im u t á v e is e B íb l ic o s N o M in is t é r io Fu n d a m e n t o s D o M in is t é r io

1.1) San tid ad e

Fomos escolhidos não meramente para sermos salvos e sim para sermos santos (Ef 1.4). O padrão de Santidade é imutável e irrenunciável para o Ministro. Contudo, a santidade é o resultado —

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e não o fundamento — dessa escolha feita por Deus.Refere-se tanto à santidade outorgada ao crente por

meio de Cristo quanto à santificação do crente (ICo 1.2).

1.2) Busca Da Perfeição Em C risto

Fomos chamados não apenas para ter a Deus como Pai, e sim para sermos perfeitos como Ele é (Mateus 5.48 ("fe/e/ds" = maduros completos).

Cristo estabelece o ideal sublime do amor perfeito (cf.v. 43-47) — mas nem por isso conseguimos alcançá-lo totalmente nesta vida. Ele não deixa, porém, de ser o elevado padrão de Deus para nós.

1.3) M o d elo Da Esta tu r a D e C r isto : O Pa d rã o D e Referên cia Do M in istério - C risto - É Im u tá vel

O importante não é exercer o ministério, mas chegar à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4.13-15). "À medida da estatura" não a maturidade da convicção doutrinária que acaba de ser mencionada, nem a maturidade que encerra a capacidade de termos bons relacionamentos (cf. v. 2,3), mas a maturidade do caráter perfeitamente equilibrado de Cristo.

1.4) Qualidade

Deus não quer apenas quantidade e sim qualidade. A igreja deve ser edificada (construída) com ouro, prata e pedras preciosas, e não com madeira, feno e palha (ICo 3.12).

O ministério que serve à igreja não pode prescindir de ser formado com os mesmos elementos que moldam a Igreja. Neste tópico é possível exemplificar ministérios que se fundamentem na madeira, feno e palha e outros em ouro, prata e pedras preciosas.

"Maldito aqueie que fizer a obra do SENHOR reiaxadamente" (Jr 48.10)

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O aspecto qualidade se sobrepõe ao aspecto quantidade. O obreiro não é avaliado pelo Dono da Obra pela quantidade de seu ministério, mas sim pela qualidade (Mt25.21,23).

1.5) O b jetiv o Do M in istér io

O objetivo do ministério de salvar almas, e apresentar o homem perfeito em Cristo é imutável (Cl 1.28). Apesar dos descalabros evangélicos que tentam ofuscar o brilho do ministério cristão, esse, uma vez desenvolvido em conformidade com a Palavra de Deus, continua sendo glorioso. Paulo escreveu a Timóteo, jovem pastor de Éfeso, ressaltando a sublimidade do ministério (lTm 3.1).

O Apóstolo dos gentios é um grande exemplo de alguém que desenvolveu o ministério cristão com a dignidade e a sinceridade que lhe é devida. A glória do ministério cristão está na simplicidade e sinceridade com que se prega o evangelho e na salvação e edificação dos fiéis.

1.6) H u m ild a d e E S er v iço

O obreiro não se serve do ministério, mas serve o ministério (Fp 2.2-10). Se o obreiro corromper este fundamento estará corrompendo o próprio ministério. O obreiro deve ser humilde e servir (Ministério da "Ordem da Toaihd' - Jo 13.4,5).

Espera-se que um obreiro cristão seja a representação viva da pessoa, vida e ações de Cristo no mundo.

Só para lembrar, a vida e os atos de Jesus Cristo foram um legado de amor, justiça, compaixão, perdão, humildade e um compromisso com o serviço dedicado a Deus em favor dos homens e do mundo.

Sem estes, de fato todo o cristianismo perde todo o seu sentido e a morte do jovem Cristo não teria passado de mais uma fatalidade humana na casa de José e Maria.

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A t iv id a d e s - L iç ã o I

• Marque "C" para Certo e "E" para Errado:

1 ) Q A palavra obreiro provém da palavra "obra", Ergon (épyov): denota, trabalho, ação, ato.

2 )1 3 Mesharet é ministério como alguém que assessorava pessoas de alta categoria.

3 )Q Obreiros são identificados como trabalhadores que vivem do trabalho, ou para o trabalho em dedicação especial e, às vezes exclusiva.

4 ) Q Nos capítulos 1 a 3 de Gálatas, Paulo demonstrou que todo mundo, seja gentio ou judeu, é escravo do pecado.

5 )[k ) Devemos deixar de lado os pecados que nos atrapalham ou que nos fazem ficar para trás (Hb 12.1) e fixarm os os olhos, nossas vidas e nossos corações em Jesus.

6) A Palavra de Deus não muda em razão ou por imposição das mudanças culturais.

Anotações:

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Anotações:

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© OLição II ^ (a

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Anotações:

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O M in istér io N o A n tig o T esta m en to

2 ) M in is t é r io Sa c e r d o t a l

A) D efin iç ã o G e n é r ic a D e S a c e r d o t e

Um ministro autorizado de uma deidade, que, emnome de um povo oficia ao altar e em outros ritos, agindo comomediador entre a deidade e o homem.

B) D efin iç ã o C o m Ba se N o s E le m e n t o s B íb l ic o s :

"Um oficial escolhido, ou um príncipe, habilitado por Deus, para se aproximar de Deus para ministrar em favor do povo. Ele é responsável por oferecer os sacrifícios divinamente ordenados, para executar os diferentes ritos e cerimônias referentes a adoração a Deus, e por ser um mediador entre Deus e o homem".

Jesus Cristo é o perfeito Sacerdote, mediador de uma nova aliança (SI 110.4; Hb 5.6; 5.10; 7.17).

C) In st it u iç ã o D o S a c e r d ó c io

S Sacerdócio da Ordem de Melquisedeque (Gn 14.17-18).

S Sacerdócio da Ordem de Arão (Ex 28.1).

"Depois tu farás chegar a ti teu irmão Arão, e seus fiihos com ele, do meio dos filhos de Israel, para me administrarem o ofício sacerdotal; a saber: Arão, Nadabe, e Abiu, E/eazar e Itamar, os filhos de Arão" (Gn 28.1).

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2 .1 ) P o s iç ã o D o S a c e r d o t e N a S o c ie d a d e

Os Sacerdotes exerciam uma função diferenciada perante a sociedade de sua época, pois o próprio Deus os considerava "principais" sobre o povo (Lv 21.4).

Neste contexto, as questões sociais eram trazidas aos sacerdotes, que gozavam de ilibada consideração social.

A posição social do sacerdote no Antigo Testamento contrasta com a posição social dos obreiros nos dias atuais. Por conta de "falsos obreiros" o exercício do ministério tem sido banalizado, e a função vem perdendo a relevância. Atualmente os designativos de um obreiro estão sendo banalizados, pois alguns já não se contentam em serem designados "pastores"e avocam para si o direito de serem reconhecidos com outras titularidades, quando não percebem que estão perdendo a relevância social.

Corre-se o risco, portanto, do obreiro ter importância tão somente no ambiente que concerne à Igreja e as prédicas (pregações) no púlpito, enquanto deixa de ser consultado no que concerne as demais questões.

Valo-me de uma experiência pastoral de 40 anos, e sinto-me gratificado quando um membro, ou obreiro da Igreja me procura para um conselho a respeito, por exemplo, da realização de um negócio (a compra de um imóvel ou carro) ou mesmo o desenvolvimento profissional.

Entendendo que o obreiro de Cristo exerce a função mais digna de honra entre os homens, e que pela Palavra de Deus e orientação do Espírito Santo tem condições de auxiliar a todos que lhe procuram na busca de orientações sábias e prudentes.

Lamentavelmente, no entanto, a função tem sido banalizada, pois um sem número de "obreiros" tem sido separados, sem a necessária verificação quanto ao chamado, vocação e preparação mínima ao ministério.

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Em que pese estes lamentáveis fatos, a Bíblia recomenda que o obreiro no contexto social deve ter duplicada honra (lTm 5.17) e esta honra dupla, se refere a HONRA PERANTE DEUS e a HONRA PERANTE OS HOMENS.

Realmente, constitui-se um desafio para todos nós conquistar a posição social (e esta difere da espiritual) que Deus deseja que todo o obreiro Seu goze no seio da comunidade (quer da Igreja ou de fora dela).

2.2) L im ite s D o S a ce rd ó c io

A) L im it e s Esp ir it u a is

S O Ministério exercido não era pleno e perfeito.

O exercício do ministério apenas cobria pecados(Hb 10.4).

O sacerdote tinha que se conformar que o ofício era precário e provisório, pois necessitava ser renovado periodicamente. Este desafio creio eu, podia causar certa frustração ao sacerdote que costumeiramente tinha que repetir o ato.

Os limites espirituais eram exemplificados por símbolos físicos: o véu, o Santo-dos-Santos, a arca (que não poderia ser tocada) etc.

B) L im it e s M a t e r ia is

a) Herança pré-definida e limitada (Ex 18.20; Nm 35.7; Js 21.41)

Diferentemente dos Israelitas comuns, os sacerdotes receberam de Deus uma herança que foi predefinida e limitada. Assim, enquanto seus irmãos podiam receber uma herança e com a força do trabalho aumentar seu patrimônio, os sacerdotes tinham uma herança delimitada por Deus, que não seria aumentada.

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b) Exercício da Herança com os necessitados:

A herança dos sacerdotes deveria ser utilizada em prol das pessoas necessitadas, pois das 48 oito cidades recebidas, algumas delas eram destinadas ao refúgio dos necessitados, inclusive para refúgio de homicidas (Nm 35.6).

c) Idade para ingresso e término no ministério:

Idade mínima 30 anos; idade máxima 50 anos (Nm 4.2; 4.24; 4.30; 4.39). Jesus cumpriu a lei ao iniciar seu ministério com 30 anos.

d) Não exerciam outra função ou labor remunerado:

O sacerdote não podia exercer nenhuma outra atividade que lhe desse remuneração. Despendida das ofertas lançadas sobre o altar (Nm 18.21).

C) L im it es So c ia is

a) Nos relacionamentos: Os sacerdotes não gozam de plenaliberdade para se relacionar com o povo, pois Deus lhes exigia uma separação completa. Até mesmo para o casamento havia restrições (Lv 21.7; Lv 21.13-14).

b) Separados do povo: Os sacerdotes não podiam participar sequer de velórios de parentes não consanguíneos de primeiro grau (Lv 21.1).

c) Vida abnegada: A abnegação exigida ao sacerdote era exigida,em igual forma, de sua família, a ponto que a transgressão de seus filhos podia afetar seu ministério (Lv 21.9).

d) O exercício ministerial como aparente forma de segregaçãosocial: Pessoas portadoras de necessidades físicas(temporárias ou permanentes) eram impedidas de exercer o ministério (Lv 21.16-24). Não podiam:

• Ter defeito;

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• Ter deficiência visual;

• Ser coxos (mancos);

• Ter nariz chato;

• Ter membros demasiadamente compridos;

• Ter pé e mão quebrada;

• Ser corcunda, não podiam ser anão (pequena estatura);não podiam possuir defeito no olho (diferente de não ter visão); não podiam ter sarna ou impigem (marcas no corpo), e não podiam ter os testículos mutilado;

• Ter deformidade.

"Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua descendência, nas suas gerações, em que houver algum defeito, se chegará a oferecer o pão do seu Deus. Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará; como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos, Ou homem que tiver quebrado o pé, ou a mão quebrada, Ou corcunda, ou anão, ou que tiver defeito no olho, ou sarna, ou impigem, ou que tiver testículos mutilado, nenhum homem da descendência de Arão, o sacerdote, em quem houver alguma deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do SENHOR; defeito nele há; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus. Ele comerá do pão do seu Deus, tanto do santíssimo como do Santo. Porém até ao véu não entrará, nem chegará ao altar, porquanto defeito há nele, para que não profane os meus santuários; porque eu sou o SENHOR que os santifico. E M oisés falou isto a Arão e a seus filhos> e a todos os filhos de Israel." (L v 21.16-24)

Cada uma das características citadas acima tornavam o sacerdote diferente da sociedade, pois numa época em que os recursos eram escassos era difícil que uma pessoa normal

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conseguisse alcançar o nível de perfeição exigida por Deus como condição para o exercício do ministério.

Como imaginar que uma pessoa que era causticada no sol do deserto não tivesse impingem em sua pele? È perfeitamente presumível que para o exercício do sacerdócio o candidato tivesse que ser segregado (separado) do convívio social, como condição de alcançar as qualidades exigidas por Deus.

É evidente que a interpretação exegética de todas as exigências para o exercício sacerdotal no Antigo Testamento podem ser utilizadas como figuras das atuais exigências e desafios para o exercício do ministério na atualidade.

D) D esa fio s Do Sa c e r d o t e Fr en te À G er a ç ã o D e S u a É p o c a

a) A Santidade como desafio individual (Lv 21. 6-7).

b) A Santidade como qualidade individual, intransferível (Ag 2.13-14).

"Se alguém leva carne na orla das suas vestes, e com ela tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em outro qualquer mantimento, porventura ficará isto santificado? E os sacerdotes responderam: Não. E disse Ageu: Se alguém que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os sacerdotes responderam, dizendo: Ficará imunda, então respondeu Ageu, dizendo: Assim é este povo, e assim é esta nação diante de mim, diz o SENHOR; e assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem imundo é ."

c) A Santidade como desafio coletivo (Hb 5.3).

Para o sacerdote do Antigo Testamento a santidade não se constituía apenas num desafio individual, mas era-lhe exigido o cuidado com a santidade do povo, para o qual e em favor de quem os sacrifícios eram oferecidos a Deus.

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d) Levar sobre si e suas famílias as iniquidades do santuário e doministério (Nm 18.1).

Este era um desafio dos mais pesados do sacerdote no Antigo Testamento.

e) Enfrentar as Heresias e Modismos:

O sacerdote era desafiado a manter a Palavra de Deus sob pena de ver o povo se desviar (Ex 32.4,19-24).

f) Desafios quanto à vocação e ao ministério. Questionamento doministério:

Mesmo no Antigo Testamento o ministério sacerdotal era questionado, e quanto isto ocorria o símbolo do ministério deveria florescer (Nm 17.6-10).

g) Possibilidade iminente de morte durante o exercício do ministérioem razão do pecado: (Nm 18.3; Ex 28.34)Os sumos-sacerdotes usavam campainhas nas vestes para o caso de morrer durante o exercício ministerial.

Este desafio é bastante significativo e quero crer que se estivesse vigente hoje em sua literalidade (apesar de acreditarmos na morte espiritual de sacerdotes) muitas coisas que presenciamos em nossos púlpitos seriam eliminadas. Muitos famosíssimos iram subir nos púlpitos, no entanto, não desceriam senão carregados por alguém.

De qualquer forma, o sacerdote do Antigo Testamento tinha o desafio direto com a morte, caso não estivesse devidamente consagrado para ministrar ao Senhor.

Portanto, no Antigo Testamento o fator morte no exercício do Ministério era uma realidade e um desafio concreto, principalmente por aspectos ligados à santidade (ou falta dela) e a diligência no exercício do ofício/ministério (ou falta dela).

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Os ministros do Antigo Testamento aodesempenharem a obra do ministério estavam sujeitos a pagar com a vida caso este ministério não fosse cumprido conforme as determinações de Deus.

Em nossos dias, existem muitos obreiros que exercem o ministério assumindo o risco de morte espiritual (e física também!). A análise de alguns textos exemplificamalgumas situações ocorridas com ministros no AntigoTestamento e que se reproduzem em nossos dias:

•S M orte No A lta r : Joabe morreu apegado ao altar. (lRs 2.28- 30)

■/ Um M inistério Que Leva M uitos À M orte: Espírito de Sansão (Jz 16.28-31).

S Um M inistério Que C o lo ca Os O u tro s Em Perigo: Espírito de Jonas (Jn 1.5ss).

h) Desafio de exercer/cumprir o ministério dentro dos limites estabelecidos por Deus (Nm 18.17). O exercício do ministério sacerdotal:

l 9) No tocante (ou relativo) a tudo o que é do altar: O sacerdote era desafiado a exercer o ministério valendo-se apenas dos elementos do ministério. Não era dado ao sacerdote, por exemplo, utilizar-se de elementos agropastoris para a prática ministerial. Pela determinação de Deus "tudo o tocante ao altar".

Muitos ministros de hoje devem entender que o ministério não deve ser exercido fora dos limites do altar. Tenho observado pastores que ao invés de se utilizarem dos elementos do altar (o que contém o altar, ou quais os elementos do altar?8) valem-se de seus estudos em psicologia e psicanálise. Outros se aproveitam de algum

8 Sangue, água, lenha e fogo (lRs 18:36-38).

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dom natural que tenham recebido e exercem seu ministério com engodo. Enfim, poucos estão exercendo seus ministérios com tudo o que é relativo ao altar.

Pelo texto bíblico em análise podemos concluir que o sacerdote era constrangido a exercer o seu ministério com tudo o que é concernente ao altar.

2e) Nos limites do que está dentro do véu:

O ministério sacerdotal era exercido dentro de um limite imposto por Deus, que significava a divisão.

Para nós, no entanto, o limite do véu não existe, pois o sacrifício de Cristo possibilitou que o véu fosse rasgado "do alto para baixo" (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.45).

3°) Dentro da dádiva ministerial (Hb 5.4):

O sacerdote deveria encarar o ministério sacerdotal como dádiva de Deus, significando que não poderia avocar para si nenhuma vantagem ou qualidade particular especial e diferenciada, senão o dom gratuito de Deus em possibilitar que um homem mortal e pecaminoso pudesse fazer o elo entre Deus e os homens.

Este limite ainda subsiste entre nós, pois ninguém pode avocar (ou se jactar) de alguma qualidade especial para o exercício do Ministério, apesar de existirem ministros propagando suas mensagens dizendo terem suposto "crédito no céu", e que por conta disto podem exercer o ministério de forma diferenciada.

Na realidade, fomos chamados por Deus pela Sua infinita misericórdia, e o fato dEle nos usar nada mais é que um favor imerecido, ou uma dádiva ministerial.

i) Desafio para administrar as coisas "santas" e "santíssimas" (Nm18.18):

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O trabalho ministerial do obreiro no Antigo Testamento guardava uma característica interessante, porque o trato com as coisas santíssimas exigia uma reverência e dedicação especialíssima.

Somente de colocar a mão em objetos sagrados da forma inadequada (sem santificação) e inoportuna (fora do momento do culto) já resultava em pesadas sanções para o ministro.

2 .3 ) O D e se m p e n h o D o M in is t é r io N o A n t ig o

Te st a m e n t o

Ainda relacionado ao ministério no Antigo Testamento era exigido o desempenho: Adequado, com padrão santidade e Oportuno, em momento especial.

São lições que nos ensinam muitas verdades espirituais, pois um grande desafio para os obreiros da atualidade e saberem respeitar as coisas santíssimas para ministrarem de forma ADEQUADA e OPORTUNA:

A) Fo r m a A d eq u a d a Pa r a Ex er c íc io M in is t e r ia l

Quantos obreiros há que menosprezam a forma adequada para exercerem o ministério. Mas o prezado aluno pode perguntar o que ou qual é a forma adequada de exercer o ministério?Lançamos mão para ilustrar, entre tantas possíveis:

a) Ev it a r o p e r ig o d a s in o v a ç õ e s

A preocupação do apóstolo Paulo com os irmãos de Corinto, se encaixa perfeitamente dentro de nossa época, quando alguns estão confundindo a necessidade de renovação espiritual com inovação humana. Observe isto:

"Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como

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virgem pura a um só esposo\ que é Cristo. Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia\ assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo"[2Co 11.2,3).

Atenção! Todo o cuidado e zelo devem ser priorizados, para que não sejamos tragados pelo engano do mundo.

b) L in g u a g e m S ã

É determinação do velho e mestre apóstolo Paulo, para que seu discípulo Timóteo se tornasse um padrão na maneira de conversar. Aliás, é bom que fique claro o que envolve este aspecto do comportamento humano, conforme vemos:

1) Totalidade da voz. O ministro deve moderar sua voz para quenão fale gritando, nem fale tão baixo que seja difícil ouvi-lo. Falar alto demais pode parecer exaltação, falta de convicção do que se fala, ou até mesmo falta de educação.

i Vocabulário. O vocabulário do pastor não deve ser recheado degírias e palavras obscenas (Ef 5.3; SI 34.13; Pv 13.3; 21.23). Durante a pregação, devemos ter cuidado para não usar palavras "pesadas", ou então palavras incompreensíveis aos ouvintes. 0 vocabulário deve ser de acordo com o auditório. Porém, é sempre preferível usar um vocabulário simples para ser compreendido.

c) U m O b r eir o C en tr a d o Na s Esc r it u r a s

Um obreiro centrado nas Escrituras, e não em insights (ou deduções) que ele julga serem uma revelação especial de Deus. Centrado na Bíblia mais que na tradição denominacional. Um obreiro que domine bem as Escrituras, que saiba usá-las. Mas isto não significa apenas recitar versículos e saber encaixá-los em determinadas mensagens. Significa um obreiro que se paute pela Bíblia, que leve a igreja a se pautar pela Bíblia, e que leve os crentes a se estruturarem sobre a Bíblia.

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Cada dia aparece uma novidade no cenário evangélico. Tivemos dente de ouro, paletó ungido, gargalhada santa, cair no Espírito, etc. Duda Mendonça parece trabalhar para os evangélicos, criando sempre jogadas de marketing. O grande problema é que se pode ter comunidades animadas, mas sem raízes, sem a Palavra de Deus, viva e eficaz, que transforma, consola e admoesta. Comunidades que necessitem sempre de algo mais atraente, mais exótico. Drogas viciam e exigem drogas cada vez mais fortes. Mas arruinam a vida.

Há uma diferença entre avivamento e enchimento de igreja. Temos confundido as coisas. Uma igreja pode estar cheia por vários motivos: o carisma do pregador, a boa qualidade da música, a estrutura de educação para os filhos, modismo, grife, manipulação, etc. São comunidades vivas, dinâmicas, até mesmo apresentando vitalidade espiritual, porque as pessoas que lá se congregam são crentes empolgados.

Avivamento produz vidas transformadas, santificadas e produz impacto na sociedade. Os grandes avivamentos da história da igreja mostram isso. Sempre que houve um, as estruturas sociais da comunidade foram abaladas. Temos hoje encontros, congressos, reuniões as mais diversas, mas nosso impacto na sociedade é escasso. A marca registrada de todos os avivamentos foi a ênfase na Bíblia. Inclusive o maior de todos os avivamentos, a Reforma Protestante, foi a redescoberta da Bíblia.

Não é de estranhar. Jesus mesmo disse: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (Jo 17.17). É a Palavra que santifica. A Bíblia é um livro fascinante. Onde ela é pregada, a situação muda. Vidas se convertem, vidas se santificam, moribundos espirituais são revigorados.

O obreiro ideal interpreta o mundo pela Bíblia. Estamos cansados e indignados com leituras da Bíblia por Marx, por Freud, por Piaget, por Darwin, por Comte, por livros humanos e pelas experiências de gurus evangélicos. Interpretar o mundo à luz da Bíblia é indispensável para o obreiro de nosso tempo, necessário para nossas igrejas.

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Precisamos de obreiros que tenham uma cosmovisão bíblica, ou seja, que saibam interpretar o mundo à luz das Escrituras. Além de pregar a Palavra, o obreiro de perfil ideal para nosso tempo precisa saber ler o mundo e os tempos pela Bíblia. E não ler a Bíblia pelo nosso tempo.

d) Regeneração na Vida do Obreiro

A Doutrina da Regeneração, dentro da Teologia Sistemática, está classificada no campo da Soteriologia, e já foi conceituada das seguintes formas: "A regeneração é a comunicação da vida divina à alma (Jo 3.5; 10.10, 28; IJo 5.11, 12), como a concessão de uma nova natureza (2Pe 1.4) ou coração (Jr 24.7; Ez11.19; 36.26), e a produção de uma nova criação (2Co 5.17; Ef 2.10; 4.24)". (THIESSEN, 1987, p. 263)

"Portanto, regeneração é uma ressurreição espiritual: o começo de uma nova vida. Às vezes a palavra expressa o ato de Deus. Deus regenera. Às vezes designa o efeito subjetivo de seu ato. O pecador é regenerado. Ele se torna uma nova criatura. Renasce. E isso é sua regeneração. Essas duas aplicações da palavra estão tão estreitamente interligadas que não produzem confusão." (HODGE, 2001, p. 1031)

"A regeneração é o ato de Deus pelo qual a disposição governante da alma se torna santa e pela qual, através da verdade, assegura-se o prim eiro exercício dessa disposição santa. A regeneração, ou o novo nascimento, é o lado divino da mudança do coração que, vista do lado humano, chamamos conversão. É Deus voltando a alma para ele mesmo; enquanto a conversão é a volta da alma para Deus, a qual é tanto a consequência como a causa." (STRONG, 2003, p. 518)

Os conceitos acima expressam a opinião quase universal dos teólogos acerca da regeneração, reproduzida nos tratados de Teologia Sistemática mais atuais, como no caso de Grudem (1999, p. 584), que define regeneração como: "um ato secreto de Deus pelo qual ele nos concede nova vida espiritual". Isso é às vezes chamado de "nascer de novo" (Jo 3.3-8).

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Hodge (Idem, p. 1053), ao falar da natureza da regeneração, afirma que "a mudança não se dá nem na substância nem nos meros exercícios da alma, mas naquelas disposições, princípios, gostos ou hábitos imanentes que subjazem a todos os exercícios conscientes, e determinam o caráter do homem e de todas as suas ações".

Grudem (Idem, p. 586) declara que a regeneração nos afeta como pessoas integrais, ou seja, cada parte de nós é afetada pela regeneração (2Co 5.17).

A regeneração é um evento único e instantâneo (GRUDEM, Ibdem). É uma mudança instantânea operada secretamente por Deus em nós, e só se conhece em seus resultados (STRONG, Idem, p. 522).

É preciso entender que algumas condições ou práticas não sinalizam, nem garantem a realidade da regeneração na vida do obreiro:

> Nascer num lar cristão;> ter uma linguagem e uma conduta moral íntegra;> ter conhecimento bíblico teológico;> ter uma boa habilidade de comunicação e oratória;> ter habilidades de liderança e administração;> saber pregar ou ensinar;> falar em outras línguas;> promover ou contribuir para o crescimento da igreja, de

uma congregação, de um órgão ou departamento.

A regeneração deve ser uma experiência vivenciada por aqueles que almejam ou já exercem o santo ministério. As implicações práticas da regeneração na vida do obreiro se manifestam da seguinte forma:

i. A regeneração é o primeiro requisito para ser obreiro, visto que para ser obreiro é preciso antes ser um cristão autêntico, nascido de novo (Jo 3.3);

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ii. a regeneração é uma experiência pessoal e sobrenatural com Deus, como muitas que o obreiro deve ter em sua trajetória ministerial (Lc 3.22; At 9.1-9);

iii. a regeneração possibilita a habitação do Espírito Santo na vida do obreiro, lhe proporcionando consolo, socorro, direção, etc. (Jo 14.16-17);

iv. a regeneração possibilita o revestimento de poder, necessário para potencialização de nossas realizações (Lc 4.14; 24.49; At 1.8; 10.38);

v. a regeneração possibilita a concessão dos dons necessários para o exercício do santo ministério (Rm 12.1-8; ICo 12.11; Ef 4.11; 2Tm 1.6-11);

vi. a regeneração possibilita o desenvolvimento e manifestação do fruto do Espírito na vida e ministério do líder e obreiro cristão (Gl 5.22-25);

vii. a regeneração possibilita para o líder e obreiro cristão um viver cheio do Espírito Santo (Lc 4.1; Ef 5.18).

e) A Ética E O O breiro

Ética é a ciência dos deveres do homem; uma ciência que ensina como proceder na sociedade. A ética vem a ser, pois, um código de regras ou princípios morais que regem a conduta, considerando a ações dos homens com referências à sua justiça ou injustiça, tendência ao bem ou ao mal.

Tomada como disciplina de ordem puramente humana, a ética é um ramo da Filosofia, porque examina e investiga uma parte da experiência humana, a que concerne à vontade responsável e à conduta moral.

Atualmente, quase todas as profissões seculares dispõem de um código de ética profissional, com vistas a orientar o comportamento de seus associados. Que diremos do Ministério Evangélico? Que diremos das santas normas reveladas nas Escrituras e fundamentadas no caráter santo do Senhor?

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O ministro de Deus tem de "orientar" sua vida de tai modo que "não se torne causa de tropeço nem para judeus, nem para a Igreja de Deus" (ICo 10.32).

Portanto, o ministro do Evangelho não pode fugir à ética, sob pena de cometer falhas irreparáveis, que, acumuladas ao longo dos anos, podem comprometer seriamente seu ministério.

Não temos a pretensão de estabelecer princípios ou normas próprias ou meramente humanas, antes, nosso alvo é mostrar o que diz a Bíblia, com o objetivo de ajudar nossos futuros ministros.

B) Fo rm a O po rtu n a Pa ra Exercício M in isteria l

Quantos obreiros há que exercem o ministério de forma INOPORTUNA. Exemplos:

a) O b reiro s Desco n textu a liza d o s E S em Fo rm a ção No M in istério

Obreiros descontextualizados que passaram do tempo no ministério, retrógrados e despreparados teologicamente são comuns em nossas igrejas. O advogado, por exemplo, após estudar quatro anos, tem mais um ano de estágio para exercitar-se nas leis e no exercício de sua profissão. O médico, o engenheiro e outros profissionais liberais também passam por este processo. Por que não com aqueles que exercem o ministério da Palavra, considerada a ciência de Deus para os homens? Por que não aperfeiçoar os conhecimentos teológicos em função do exercício ministerial?

O conhecimento teológico é considerado o conhecimento de Deus, através do qual as escolas teológicas ensinam a hermenêutica, a homilética, a cultura religiosa, entre outras.

Observe isto: A hermenêutica é a arte de interpretar textos e divisões de versículos em assuntos e conteúdos. A homilética é a arte de falar, pregar e ensinar.

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A cultura religiosa é o conhecimento da história da igreja e de seitas e heresias. Em suma, como poderá chegar ao conhecimento de tais assuntos, sem a teologia? É aí que entra o valor e a contribuição da teologia na formação do obreiro.

b) O breiro s Sem N en hu m a Fo rm a ção T eológica

Já se ouviu no púlpito, o que é de se lamentar, alguns pregadores afirmarem que os estudos teológicos são desnecessários. Eles consideram que Deus dará a palavra; que é só abrir a boca. Tais colocações são equivocadas.

Temos que acabar com as desculpas de preguiçosos, que além de não se reciclarem, passam essa mensagem errada para os seus discípulos/ouvintes. Não quero dizer que a chamada especial para o ministério é só para teólogos, pois Deus chama qualquer um. Entretanto, quem é escolhido precisa crescer no conhecimento através do estudo, da pesquisa, da leitura de bons livros e de cursos em escolas bíblicas.

O pregador não deve se limitar apenas em preparar belos sermões, mas deve adotar um método que contribua para o crescimento intelectual e espiritual da igreja.

Observe isto: Quanto mais o obreiro se dedicar ao estudo, mais ele ampliará as dimensões do seu ministério. Quanto maior conhecimento ele tiver, maior variedade terá. Quanto mais habilidade, mais sucesso no trabalho administrativo, na pregação da Palavra.

Quando Pedro disse "Crescei na graça e no conhecimento" (2Pe 3.18), ele deixou claro que o pregador só terá êxito se as duas coisas crescerem juntas. É preciso equilíbrio! O conhecimento não pode ofuscar a espiritualidade do obreiro, mas servir de benefício na Obra do Senhor.

O crente e mui especialmente o pregador deve buscar as duas coisas, espiritualidade e intelectualidade e saber conciliá- las. Muitos condenam o estudo teológico, alegando falta de tempo,

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( I I ADI II / O Preparo do Obreiro Para o Ministério Frente às Gerações do seu Tempo

dizendo que ficar em uma sala se aula iria prejudicar a obra que precisa ser feita. Mas para quem quer algo, tudo é possível. É imprescindível organizar o tempo dedicado ao estudo, de tal forma que, na balança, o peso da intelectualidade e o da espiritualidade estejam bem equilibrados.

c) O breiro s Fo rm a d o s À s Pressas

Obreiros formados às pressas ingressam no ministério fora de época, anteciparam-se ao plano de Deus ou por fatores políticos/eclesiásticos.

Que a igreja tem experimentado um crescimento, isto é obvio, pois a mesma é viva e como tal cresce, mas o que intriga é: isso justifica formar obreiros às pressas? Estão estes, prontos para responderem a necessidade desta igreja que já está aqui e a que está sendo formada?

Vemos uma corrida aos púlpitos, estamos fabricando um sem número de pregadores, mas não estamos preparando apascentadores, estamos produzindo pregadores profissionais, que não precisam mais do que uma meia dúzia de "bons esboços", que produzem algum movimento emocional, que por consequência garantirá agenda e algum resultado financeiro, mas que nada acrescenta a igreja que os recebe, senão expectativas que ficarão frustradas com o passar do tempo.

O caminho natural em nossas igrejas era a Cooperação, o Diaconato, o Presbiterato e por fim o ministério como Evangelista ou Pastor. E este processo não era feito de atalhos, antes era longo e cheio de dificuldades, que moldavam o ministério e o caráter ministerial do postulante.

Mas, a pressa hoje é grande, por parte dos que almejam o episcopado e por parte daqueles que fora de tempo elegem alguém a uma posição para a qual não está preparado, ou pior, não foi chamado.

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Jesus deixou uma lição clara a respeito dos trabalhadores. Ele disse que eles são poucos, ou pelo menos era para ser, mas hoje eles não são poucos, hoje eles não são trabalhadores que se dispõe ao Reino, mas sim são profissionais que escolheram a profissão de "Ministro do Evangelho" para ganharem a vida com cachês ("ofertas ?"), e quem sabe com o passar do tempo conseguirão uma igreja que lhes garanta estabilidade profissional.

Vivemos hoje o mesmo dilema de Abraão e Sara, que estavam debaixo da promessa, mas que por não entenderem o tempo de Deus, pegaram um atalho chamado Hagar.

O objetivo foi alcançado, um herdeiro havia nascido e estava sendo preparado, mas fruto da vontade humana - "Vendo Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual ela dera à luz a Abraão, caçoava de Isaque" (Gn 21.9).

Ismael representa os obreiros formados pelos atalhos ministeriais, fora de tempo e fora da vontade de Deus, mas Isaque representa aqueles que nascem de um milagre divino, afinal, Deus escolher, chamar, capacitar um homem para o santo ministério não configura aí um milagre?

Mas o conflito estava vivo, Ismael zombando de Isaque. Porventura não vivemos hoje algo semelhante, não estão os "Ismaéis" zombando dos "Isaques" de Deus, os "Ismaéis" são formados pela rapidez dos atalhos, mas pela mesma rapidez são despedidos, e ou substituídos por fracassarem no propósito divino, pois o compromisso de Deus é com a sua perfeita escolha, e a escolha de Deus, sempre é fora do tempo do homem (J.M. Antunes).

d) O b reiro s Com C rise No Exercício M in isteria l

Obreiros com crise no exercício ministerial não estão no ministério correto e para o qual possuem vocação e qualificação. Portanto, em tais condições, estão fazendo a obra de maneira inoportuna.

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O termo pastor no Antigo Testamento, era o ra'ah, cujo sentido primário é o de "alimentar", "dar pastagem". Os pastores são os líderes de modo geral (lRs 22.17; Ez 34.5; 37.24; Zc 11.16; 13.7). Deus se revela, em SI 23.1; 80.1; Is. 40.11; Jr. 31.10, como o pastor de Israel.

No Novo Testamento, pastorear vem de poimen, substantivo que significa, como em hebraico, "apascentar, alimentar". Em Ef. 4.11, os pastores são apresentados como dádivas ministeriais de Cristo para a edificação da igreja. Infelizmente, nem todos os pastores se adéquam ao modelo bíblico. Apascentam apenas a si mesmos, não têm qualquer cuidado pelo rebanho. Nestes dias difíceis, o pastorado está sendo confundido com uma profissão.

Os pastores exploram as ovelhas, extorquem suas peles a fim de satisfazerem suas ganâncias pessoais. Os pastores de Judá, ao invés de darem o exemplo, tornaram-se falsos líderes (Jr 23.1,8; 10.21). No tempo de Jeremias, os pastores não conduziram sabiamente o rebanho de Deus. Eles perderam a misericórdia e passaram a explorar as ovelhas.

Os líderes, guiados pela idolatria, tornaram-se responsáveis diretos pelo julgamento iminente. O termo pastor, no contexto da passagem, se refere a toda liderança de Judá. Os reis, os sacerdotes e os profetas, todos eles deveriam se portar decentemente perante o povo, ele, no entanto, fizerem um pacto para desobedecer ao Senhor, e pior que isso, justificaram que tudo o que faziam era a vontade Deus. Hoje, do mesmo modo, há pastores que tudo fazem, até mesmo vão de encontro à Palavra de Deus, justificando que estão agindo em prol do "reino de Deus".

e) O b reiro s Sem Vo ca çã o M in isterial

O obreiro deve alimentar e proteger as ovelhas. O alimento que verdadeiramente nutre o rebanho é a Palavra de Deus.

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Infelizmente, os pastores (obreiros), estão substituindo essa refeição saudável (a Palavra de Deus) por fast foods industrializados. Algumas igrejas evangélicas estão desnutridas, ainda que haja aparência de saúde. Isso porque os pastores não levam mais a palavra para os púlpitos. As mensagens de autoajuda, as histórias infundadas e os "tristemunhos" assumiram a proeminência na igreja. Para que o povo não se ausente da congregação, os pastores estão fazendo concessões.

Alguns citam Paulo, dizendo que é preciso se fazer de tolo para ganhar a todos. O Apóstolo dos Gentios, no entanto, nunca abriu mão do genuíno evangelho. Na verdade, opôs-se frontalmente a todo evangelho que não fosse o de Jesus Cristo (Gl 1.7-9).

Os pastores que cuidam das ovelhas do Senhor devem, primordialmente, ter compromisso com a Palavra de Deus. Além disso, é preciso que amem o rebanho do Senhor, saibam, conforme revelou Paulo em Éfeso, que não são donos das ovelhas, por ainda que usem da autoridade, não podem ser autoritários. Um pastor que não ama tende a controlar as ovelhas pela força e, não poucas vezes, a exagerar na dose, supervalorizando o poder em detrimento do amor.

O resultado são relacionamentos superficiais, fundamentados no medo e que, não poucas vezes, resultam em abuso espiritual, e não poucas vezes, em doenças psicossomáticas.

f) O O breiro V o ca cio n a d o D eve T er Jesus Co m o Exem plo

O obreiro vocacionado por Deus segue o exemplo de Cristo, o Bom Pastor (Jo 10.1-9). Os falsos pastores não entram pela Porta (Cristo), mas sobe por outra parte. O pastor comprometido com a obra é aquele que olha para Cristo, desejando glorificá-lo, fazendo tudo no poder que Ele outorga, pregando Sua doutrina, andando em Seus passos e se esforçando para conduzir os pecadores a Cristo.

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Os falsos pastores entram no ministério motivados por interesses mundanos e pela autoexaltação, não pelo desejo de exaltar a Jesus. Esses conseguem arrebanhar uma multidão de incautas, pessoas simples que, por não conhecerem a Bíblia, tornam-se presas fáceis dos seus caprichos. Mas não acontece assim com as ovelhas de Cristo, pois elas ouvem a Sua voz, e, diferentemente dos impostores, não são induzidos ao erro.

A mensagem central do pastor de Cristo, não é ele mesmo, pois não depende do marketing pessoal, mas a Cruz de Cristo, sem a qual o evangelho se descaracteriza. Quando alguém encontra um pastor, nos moldes de Jesus, encontra a verdadeira liberdade.

Isso porque um pastor segundo Cristo não põe fardos pesados sobre as ovelhas que ele mesmo não é capaz de carregar. Um obreiro semelhante a Cristo não folga ao ver a ovelha errante pelo deserto, antes a busca amorosamente a fim de trazê-la ao aprisco.

g) A lt r u ís m o 9 M in is t er ia l

O ato de gloriar-se, por causa das exigências da igreja de Corinto, é reconhecido, pelo próprio Paulo, como uma insensatez. Os crentes daquela cidade o constrangeram a fazer tal coisa. Ele preferia que os irmãos tivessem sensibilidade espiritual suficientes para ver as credenciais do Apóstolo (2Co 12.11).

Os Coríntios tiveram ampla oportunidade de testemunharem as credenciais apostólicas de Paulo. Se eles tivessem comparado suas credenciais com as dos seus opositores, notariam que em nada ele seria inferior (2Co 12,13).

Paulo pretende, mais uma vez, ir a Corinto, rever os irmãos, e adianta: "não vos serei p esa d o p o is não vou atrás de vossos bens, mas procuro a vós outroé’.

9 Desprendimento; Benevolência; Abnegação; amor ao próximo.

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Como pai espiritual daquela igreja, deveria ser Paulo, e não os coríntios, que deveria prover o sustento (2Co 12.14). De modo que, agindo como pai, se dispõe de boa vontade, a se gastar, e não só isso, a se deixar gastar em prol das almas dos crentes.

O verbo "gastar", tanto em português como em grego, dá ideia de dispensar dinheiro. Paulo o utiliza tanto na voz ativa quando na passiva. Ele estava disposto a sacrificar sua vida em prol da salvação dos crentes. Paradoxalmente, há obreiros que não mais se gastam pelas ovelhas, tomados pelo comodismo, evitam o contato com problemas.

Eles se colocam como as primeiras pessoas depois delas mesmas. Ao invés de irem atrás de suas ovelhas, esperam, comodamente, que elas cheguem até eles (2Co 12.15). Paulo, diferentemente desses, se gasta, e, a todo custo, evita ser pesado aos irmãos da igreja. Ele justifica que a ninguém explorou, antes agiu em amor, com altruísmo e integridade (2Co 12.16-18).

A proposta central do seu ministério não é a exaltação própria, a posição eclesiástica, investir em contatos que lhe abram caminhos para auferir lucros ou poder, mas a edificação da igreja (2Co 12.19). Na terceira visita que pretende fazer àquela igreja, espera não encontrá-los na mesma condição na qual se encontram: com contendas, invejas, iras, porfias, detrações10, intrigas, orgulho e tumultos.

h) N epo tism o Na Ig reja De C risto

Nepotismo (do latim nepos, neto ou descendente) é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos.

Originalmente a palavra aplicava-se exclusivamente ao âmbito das relações do papa com seus parentes, mas atualmente é

10 Menosprezo; Calúnia; Difamação.

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utilizado como sinônimo da concessão de privilégios ou cargos a parentes no funcionalismo público. Distingue-se do favoritismo simples, que não implica relações familiares com o favorecido. Nepotismo ocorre quando, por exemplo, um funcionário é promovido por ter relações de parentesco com aquele que o promove, havendo pessoas mais qualificadas e mais merecedoras da promoção.

Alguns biólogos sustentam que o nepotismo pode ser instintivo, uma maneira de seleção familiar. Parentes próximos possuem genes compartilhados e protegê-los seria uma forma de garantir que os genes do próprio individuo tenha uma oportunidade a mais de sobreviver.

Um grande nepotista foi Napoleão Bonaparte. Em 1809, 3 de seus irmãos eram reis de países ocupados por seu exército.

As igrejas do Novo Testamento nunca conheceram, nem praticaram tal heresia: nunca os pastores neotestamentários prepararam filhos ou descendentes para serem seus sucessores à frente de igrejas que dirigiam. Nenhuma igreja de Deus é empresa humana. Jesus é O ÚNICO DONO DA IGREJA. Preparar filhos para sucessão é negar à fé no que Deus nos deixou. Os pastores são da igreja local, mas a igreja local não é deles.

Esse nepotismo ou empreguismo religioso é o catolicismo romano no protestantismo. Essa sucessão pastoral humanamente dirigida é uma vergonhosa herança romanística no meio protestante. Não me refiro ao cristianismo bíblico, neotestamentário. É mundanismo religioso (Rm 12.1-2).

O nepotismo em movimentos religiosos atuais representa invasão dos desejos humanos no governo de igrejas. É bom ler Hebreus 5.1-4. Desde o Antigo Testamento Deus colocava sacerdotes. Deus ordenou que era Arão e seus descendentes e ninguém podia tomar para si a honra de escolher quem quer que fosse. Não havia opção humana. Deus já tinha escolhido. Coré quis invadir essa determinação divina e se deu mal (Nm 16; Jd 11).

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Nepotismo representa ignorância quanto à natureza sacerdotal do povo de Deus nos dias da Era da Graça. Sabemos que acabou qualquer casta sacerdotal nestes últimos dias.

Todos somos iguais nos dias de hoje. Somos constituídos por Jesus Cristo "reino e sacerdotes para o seu Deus e Pai". Apocalipse 1.4-6 precisa ser levado a sério. Acabou uma casta sacerdotal. TODOS somos sacerdotes. Somos realmente um sacerdócio sagrado. O Senhor desaprova tornar a igreja Dele um bazar para vendilhões (Mt 21.12-13). Representa indébita intromissão humana a escolha de homens para administrar a igreja de Deus. Atos 14.23 mostra que a escolha do presbitério de cada igreja era feita "depois de orar com jejuns".

Enfim, deixemos nossos descendentes seguir o que Deus quer para eles. Deixemos que sigam suas carreiras conforme seus dons pessoais recebidos de Deus. Não os amaldiçoemos com a nossa ambição materialista.

Não infernizemos suas vidas fazendo deles pastores fabricados por seus ancestrais "bem" intencionados, pois que farão um ministério de animadores de programa, forçados pela determinação de uma monarquia religiosa humanólatra. Deixemos Deus, e o Espírito Santo constituírem os seus pastores para as suas igrejas compradas pelo sangue do Deus Filho, o Senhor Jesus Cristo.

O MINISTÉRIO NO NOVO TESTAMENTO

No Novo Testamento o ministério cristão teve início quando Jesus comissionou os primeiros discípulos (Mt 4.19; Mc1.17; Lc 5.10).

Bem verdade que na época em que o Novo Testamento foi escrito existia o ministério exercido pelos religiosos judeus, contudo, o estudo procura se focar apenas no ministério cristão, considerado para fins didáticos, em dois grandes grupos:

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1 O Ministério Apostólico

1 O Ministério Episcopal/Eclesiástico

3 .1 ) M in is t é r io A p o s t ó lic o 11:

Para iniciar este tópico é preciso reconhecer que existe muita controvérsia quanto o exercício do ministério apostólico, mui especialmente se atualmente este ministério subsiste.

Para alguns prevalece a ideia que somente existiram doze apóstolos, dotados das seguintes características:

a) Responsáveis pela transmissão das Doutrinas básicas da Igreja,sob inspiração do Espírito Santo;

b) Foram comissionados diretamente pelo Senhor Jesus Cristo;

c) Formavam um grupo fechado de 12 pessoas; daí a necessidade desubstituir o impostor/traidor, e o reconhecimento de seus nomes na nova Jerusalém.

d) O ministério apóstolo foi extinto com a morte do último apóstolo.

Para outros, deve prevalecer a ideia que o ministério apostólico permanece em nossos dias12, a ponto de, como citamos anteriormente, alguns se autodenominarem "apóstolos"13.

11 A palavra apóstolo provém do grego, "apóstolos" e significa simplesmente, "um enviado".

12 Quanto Paulo, em Efésios se refere aos cinco dons ministeriais, ele não está tratando de cargos hierárquicos na Igreja de Cristo, mas de capacidades dadas pelo Senhor Jesus para aqueles que Ele chama para exercerem o ministério em Seu Nome. Quando Paulo trata de ofícios (cargos de responsabilidade e autoridade corporativa), ele oferece as qualificações daqueles que irão preencher tais ofícios (lTm. 3; Tito 1:5-9). Assim que, a pretensão dos que dizem estar restaurando o ministério de apóstolo nas igrejas é falsa, pois tal dom sempre existiu e operou na vida daqueles que foram chamados pelo Senhor para o Seu serviço.

13 È interessante que Pedro e João mesmo sendo legítimos "apóstolos" apresentavam-se às Igrejas como "presbíteros" (IPe. 5:1-3; 2 e 3 João).

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Finalmente, existem aqueles que reconhecem como apóstolo alguém enviado por uma Igreja, ou para uma Igreja, a exemplo de Epafrodito que foi enviado como apóstolo para a Igreja dos filipenses (Fp 2.25), distinguindo dos chamados "apóstolos de Cristo" (os 12 escolhidos).

Além destas posições A Bíblia menciona o DOM MINISTERIAL (OU DE SERVIÇO) do apostolado, conforme Efésios 4.11-15, senão vejamos:

"E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo"

Portanto, é inegável que a questão é polêmica, contudo pode ser pacificada com a orientação bíblica correta.

De todo modo, para fins de estudo e fidelidade ao tema proposto comentamos os desafios dos apóstolos (os 12 escolhidos por Cristo e Paulo) frente às gerações de sua época, e a exemplo do comentário quanto aos sacerdotes, fazer interface (uma ligação) com os tempos modernos.

3 .2 ) M in is t é r io E p isc o p a l/ E c le s iá s t ic o :

Com o advento da fundação da Igreja os ofícios/cargos ministeriais (que implicam em autoridade hierárquica e responsabilidade de governo cobre as igrejas), eram reconhecidos com as designações Presbítero e Bispo.

Em essência as expressões significavam a mesma coisa, porém o termo "presbítero" era utilizado nas igrejas com influência judaica, enquanto o termo "bispo" era utilizado nas Igrejas de influência grega.

A par das duas designações de ofícios ministeriais, havia também a designação dos diáconos (Fp 1.1; lTm 3.12-13), estes encarregados pelo serviço no interior das igrejas.

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Também o enfoque do estudo é demonstrar os desafios enfrentados pelos obreiros da Igreja Primitiva (presbíteros, bispos e diáconos) frente à geração de sua época.

3 .3 ) P o s iç ã o D o A p ó st o lo N a S o c ie d a d e

No começo do seu ministério Jesus escolheu doze homens que o acompanhassem em suas viagens. Esses homens teriam uma importante responsabilidade: continuar a representar a Cristo depois de sua assunção.

Portanto, a reputação dos apóstolos continuaria a influenciar a igreja muito depois de haverem morrido. No entanto, na época em que desempenharam seu ministério, os apóstolos gozavam de algumas discriminações na sociedade de sua época, vejamos algumas:

a) D iscrim in a çõ es em razão do en vo lvim en to com C r isto :

A Bíblia indica que os apóstolos foram retirados do convívio social e familiar por conta do chamado do mestre (Mt 4.19).

Este fato pode indicar que os apóstolos poderiam ser retalhados pela sociedade, principalmente considerando-se os judeus, que por diversas vezes qualificaram a Jesus e seus seguidores como subversivos ao sistema religioso e político então vigente (sistema religioso judaico e sistema político romano), e aquela “ separaçãd’ poderia ser considerada um motim revolucionário (Lc 23.14).

Por tais motivos, os apóstolos sofriam várias perseguições (Mt 10.23) e por vezes eram segregados.

b) D iscrim in a çõ es em razão da o rigem h u m ild e:

A maioria dos apóstolos era da região de Cafarnaum, desprezada pela sociedade judaica refinada por ser o centro de uma parte do estado judaico e conhecida, em realidade, como "Galiléia

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dos gentios". O próprio Jesus disse: "Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, por ventura, até ao céu? Descerás até ao infernd' (Mt 11.23). Não obstante, Jesus fez desses doze homens, líderes vigorosos e porta- vozes capazes de transmitir com clareza a fé cristã.

c) D is c r im in a ç õ e s em r a z ã o de se u s t r a ç o s f ís ic o s , en tr e o s

QUAIS A JOVIALIDADE EM QUE INGRESSARAM NO MINISTÉRIO:

Nenhum dos escritores dos evangelhos deixou-nos traços físicos dos doze. Dão-nos, contudo, minúsculas pistas que nos ajudam a fazer "conjeturas razoáveis" sobre como pareciam e atuavam. Um fato importante que tem sido tradicionalmente menosprezado em incontáveis representações artísticas dos apóstolos é sua juventude.

É evidente que se levarmos em conta que a maioria chegou a viver até o terceiro e quarto quartéis do século em que João adentrou o segundo século, então eles devem ter sido não mais do que jovens quando aceitaram o chamado de Cristo, e muito provavelmente sofreram discriminações por este fato, principalmente dos representantes da religião judaica.

d) A POSIÇÃO SOCIAL DOS APÓSTOLOS APÓS O ADVENTO DE CRISTO

Tudo indica que a posição social dos apóstolos, após o advento de Cristo não sofreu grande alteração, e as discriminações sociais eram uma constante, inclusive com a imposição de penas de exílio (v.g. Apóstolo João) e morte (como forma de extirpação do meio social). Os apóstolos foram declarados persona nongrata para a sociedade Romana (poder militar e político), Judaica (poder religioso) e Grega (poder cultural - Atos 14.2).

3 .4 ) P o s iç ã o D o B isp o / P r e s b ít e r o N a S o c ie d a d e

A princípio, os seguidores de Jesus não viram a necessidade de desenvolver um sistema de governo da Igreja. Esperavam que Cristo voltasse em breve, por isso tratavam os

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problemas internos à medida que surgiam - geralmente de um modo muito informal.

Mas o tempo em que Paulo escreveu suas cartas às igrejas, os cristãos reconheciam a necessidade de organizar o seu trabalho. O Novo Testamento não nos dá um quadro pormenorizado deste governo da igreja primitiva.

Evidentemente, um ou mais presbíteros presidiam os negócios de cada congregação (Rm 12.6-8; lTs 5.12; Hb 13.7,17,24), exatamente como os anciãos faziam nas sinagogas judaicas. Esses anciãos (ou presbíteros) eram escolhidos pelo Espírito Santo (At20.28), mas os apóstolos os nomeavam (At 14.23).

Por conseguinte, o Espírito Santo trabalhava por meio dos apóstolos ordenando líderes para o ministério. Alguns ministros chamados evangelistas parecem ter viajado de uma congregação para outra, como faziam os apóstolos. Seu título significa "homens que manuseiam o evangelho".

Alguns têm achado que eram todos representantes pessoais dos apóstolos, como Timóteo o foi de Paulo; outros supõem que obtiveram esse nome por manifestarem um dom especial de evangelização. Os anciãos assumiam os deveres pastorais normais entre as visitas desses evangelistas.

Algumas cartas do Novo Testamento referem-se a bispos na igreja primitiva. Isto é um bocado confuso, visto que esses "bispos" não formavam uma ordem superior da liderança eclesiástica como ocorre em algumas igrejas onde o título é usado hoje.

Paulo lembrou aos presbíteros de Éfeso que eles eram bispos (At 20.28), e parece que ele usa os termos presbítero e bispo intercambiavelmente (Tt 1.5-9).

Tanto os bispos como os presbíteros estavam encarregados de supervisionar uma congregação. Evidentemente, ambos os termos se referem aos mesmos ministros da igreja primitiva, a saber, os presbíteros.

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Paulo e os demais apóstolos reconheceram que o Espírito Santo concedia habilidades especiais de liderança a certas pessoas (ICo12.28). Assim, quando conferiam um título oficial a um irmão em Cristo, estavam confirmando o que o Espírito Santo já havia feito.

Enquanto o Senhor Jesus não voltar para buscar o seu povo, a igreja precisa caminhar. Homens são preparados e ungidos para exercerem ministérios e darem continuidade à Obra do Senhor na face da terra.

Há de se tomar muito cuidado nesse preparo e na escolha daqueles que nos sucederão e caminharão juntos conosco na Obra do Senhor. Para isto, devemos nos basear na Palavra de Deus e nos exemplos deixados por aqueles ministros da igreja primitiva, a saber, os presbíteros.

Observando a palavra no Segundo Livro dos Reis, cap.2.9-10, vemos que duas coisas nos chamam a atenção: a primeira, quando Eliseu pede como herança porção dobrada; a segunda quando Elias diz a Eliseu que se ele estiver perto, quando do arrebatamento dele, Eliseu alcançaria esta benção.

Contando os grandes milagres de Elias, somaremos 7 milagres. Contando os de Eliseu, somaremos 14. Inclusive o morto que ressuscitou quando seu corpo foi jogado às pressas sobre os ossos de Eliseu. Porção dobrada confirmada.

O que levou a Eliseu receber esta porção foi exatamente estar ao lado de seu senhor a todo instante. (2Rs 2.2,4).

Eliseu afirma "não te deixarei". Isto confirma que Eliseu esteve a todo o instante perto de seu senhor. Isto demonstrava fidelidade, dedicação, amor, respeito e lealdade. Com isto, Eliseu teve uma grande oportunidade de aprender com os erros e acertos de seu senhor.

Devemos fazer o mesmo com os obreiros que nos cercam. Nem todos os diáconos serão pastores, mas no meio deles, há alguns que o Senhor tem requerido uma vocação e tem dado em suas mãos um cajado que eles na maioria das vezes ainda não

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enxergam. Cabe a nós, pastores, que temos esta visão, investirmos nesses obreiros que amanhã estarão somando conosco nesta mesma visão.

Eliseu recebeu porção dobrada. Isto significa que a Obra do Senhor ficou mais forte e madura após a sucessão de Elias. Certamente Elias o preparou para que a Obra ficasse mais forte depois dele, pois era necessário que houvesse continuidade da mesma.

Na Igreja dos dias de hoje, não deve ser diferente. Precisamos preparar obreiros para receberem uma unção, ainda melhor que a nossa. Com isso a Igreja do futuro, caso Jesus ainda não tenha voltado, estará muito mais forte.

Do contrário, a Igreja tende a cair na qualidade, formando obreiros sem compromissos, homens amantes de si mesmos, sem visão, sem preparo, pregando aquilo que vem dos seus próprios corações, e não do Trono da Graça do Senhor.

Muitas das vezes, pregando só o que é prosperidade e não pregando o Evangelho Genuíno que é o Evangelho da Salvação, da Redenção por intermédio do Sangue de Jesus Cristo, da Santidade, do Amor Cristão Verdadeiro, da Comunhão, do Arrebatamento.

Observando a Palavra de Deus em João 14.12 vemos que o Senhor Jesus ensina que nós poderíamos e podemos, fazer outras obras ainda maiores que Ele. Isto significa que o Senhor Jesus estava preparando discípulos para serem e fazerem através Dele e do Seu Espírito Santo, obras ainda maiores aqui na terra.

Se os Homens de Deus, líderes espirituais, que já aprenderam a palavra com Elias, com o Apóstolo Paulo, com muitos outros e principalmente com o Senhor Jesus, prepararem mais ainda os seus obreiros para desenvolverem o ministério, a igreja do Senhor Jesus, daqui a dez anos, será uma Igreja muito mais fortalecida. Do contrário, corremos o risco de ter uma igreja fraca, que não fará muita diferença quando for comparada com o mundo.

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3 .5 ) O O b re iro E S o cie d a d e (C l 4 .2 -6 )

"... Assim brilhe a vossa luz diante dos homens para que veja as vossas boas obras e Glorifiquem vosso pai que esta no céu" (M t 5.16).

Aqui, nós, discípulos de Jesus, somos exortados por Ele sobre o modo de viver e do testemunho Cristão na sociedade. Sob a figura de dois elementos - sal e luz -, o sal representando uma ação silenciosa, discreta e benéfica a fim de temperar e conservar. Já a luz com o efeito de trazer as coisas ocultas das trevas para a luz. Estabelece a separação entre luz e treva. Guiar quem anda na escuridão. Tudo isso é tarefa não só da igreja, mas também do obreiro. Ser crente não é viver isolado do mundo (Jo 17.15,16; Hb 12.1).

O pecado é, foi, e sempre será pecado. Não podemos relativizar o que a Palavra de Deus chama pecado (Rm 6.10-14). Não podemos coar o mosquito e engolir o camelo (Mt 23.24). O Salmo primeiro fala de nossa atitude em relação a sociedade ímpia.

Em primeiro lugar, ele estabelece o contraste entre a vida do cristão e a do ímpio, ambos vivendo no mesmo espaço geográfico.

Em segundo lugar aponta a linha de conduta do salvo nesta convivência, ele não se submete à influência deletéria do ímpio, não se associa com seus pecados e, nas atitudes escamecedoras.

Já por outro lado a "Seara é o mundo" (Lc 10.2). O mundo que, aliás, é alvo do amor de Deus! (Jo 3.16-17). "O obreiro deve se posicionar não na porta do céu (Jesus é a porta - Jo 10.9), dizendo quem entra e quem sai; mais do inferno, admoestando a que não entrem.

O ensino paulino em Colossenses 4.4-5 "portar-se com sabedoria", é o mesmo que "com educação", "esmero e temperança". Para falar e viver a verdade não precisamos ser

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ranzinzas. Mal humorados. Autoridade não nos vem pelo número de rugas que conseguimos imprimir na expressão facial, mais sim, por nosso testemunho e caráter cristão.

O crente quando tem sal demais torna-se insuportável. Em lugar de passar para os outros o sabor da vida cristã, acaba afugentando as pessoas, com excesso de santidade. O fruto do Espírito inclui temperança (Gl 5.22; At 2.47; Fp 2.15), qualidade que não deve faltar aos obreiros da igreja de hoje.

3 .6 ) L im it e s D o M in is t é r io D o N o v o Te sta m e n t o

Os limites do ministério no Novo Testamento tem ligação com o surgimento do cristianismo e da Igreja. Diante dos desafios que se colocavam o ministério de tais homens de Deus estava limitado no plano material, conquanto com demonstração de poder e autoridade.

a) A u sên cia de recu rso s m a t e r ia is : "E, pela fé no seu nome, fez o seunome fortalecer a este que vedes e conheceis; e a fé que é por ele deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde" (At 3.16).

b) M in istério d epen den te de labo r p ró prio e d o a ç õ es :

"Porque, em que tendes vós sido inferiores às outras igrejas, a não ser que eu mesmo vos não fui pesado? Perdoai-me este agravo. Eis aqui estou pronto para, pela terceira vez, ir ter convosco e não vos serei pesado; pois que não busco o que é vosso, mas, sim, a vós; porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais, para os filhos. Eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado. Mas seja assim, eu não vos fu i pesado; mas, sendo astuto, vos tomei com dolo" (2Co 12.13-16).

0 espírito de Paulo, de amor devotado àqueles a quem ele procura ajudar, é um exemplo para todos os pastores,

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professores, missionários e obreiros em geral. Suas palavras retratam o seu amor devotado (2Co 6.11-13; 7.1-4), como o de um pai por seus filhos.

É um amor que o levava a gastar-se até o fim, para o bem dos outros; um amor que não pensa em si, mas que demonstra genuína solicitude àqueles que estão sob seus cuidados.

Paulo não quer nada em troca, contanto que seus corações estejam voltados para Cristo. Todo fiel ministro do evangelho deve possuir esse tipo de amor.

c) D ificu ldad e de co m u n ica çã o e a cesso en tre as Ig r e ja s : seja pela ausência de meios rápidos, seja pela distância das comunidades:

"Mas, agora, que não tenho mais demora nestes sítios, e tendo já há m uitos anos grande desejo de ir ter convosco, quando partir para a Espanha, ire i ter convosco; pois espero que, de passagem, os verei e que para lá seja encaminhado por vós, depois de ter gozado um pouco da vossa companhia... Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, ire ià Espanha" (Rm 15.23,24,28).

O esforço ministerial de Paulo centralizava-se nas missões. Optou por concentrar seus esforços nas áreas onde o evangelho não tinha sido pregado suficientemente e assim facultou àqueles que não tinham ouvido a oportunidade de aceitarem a Cristo.

d) Prisõ es, p er seg u iç õ es:

"Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho; pelo que sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa. Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus

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com glória eterna. Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a s i mesmo" (2Tm 2.8-13).

O ministro do evangelho que permanecer leal a Cristo e ao evangelho, será conclamado a suportar adversidades (2Co11.23-29). Como soldado, o crente precisa estar disposto a enfrentar dificuldades e sofrimentos, e a lutar espiritualmente com total dedicação ao seu Senhor (Ef 6.10-18).

Como faz o atleta, o crente precisa estar disposto à renúncia, e a viver uma vida cristã de rígida disciplina. Como o agricultor, deve assumir o compromisso de trabalhar arduamente, e isso em horários prolongados.

A palavra "sofrer” (gr. hupomeno) aqui, significa suportar. Aqueles que perseverarem e permanecerem firmes na fé, até o fim, viverão (Mt 10.22; 24.13) e reinarão com Cristo (Ap20.4).

Cristo rejeitará, no dia do juízo, aqueles que não perseveraram e os que o negaram por palavras ou ações (Mt 10.33; 25.1-12).

Por sua vez, Cristo com certeza cumprirá todas as suas promessas que nos fez (Mt 10.32), bem como suas advertências (Mt 10.33).

A fidelidade de Deus é um consolo para aqueles que permanecerem leais (lTs 5.24; 2Ts 3.3; Hb 10.23), e um aviso solene para os que se apartam da fé.

Deus permanece sempre fiel à sua Palavra (2Sm 7.28; Jr 10.10; Tt 1.2; Ap 3.7).

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A t iv id a d e s - L iç ã o II

• Marque "C" para Certo e "E" para Errado:

dO Definição Genérica De Sacerdote é um ministro autorizado de uma deidade, que, em nome de um povo oficia ao altar e em outros ritos, agindo como mediador entre a deidade e o homem.

2)0 Os sacerdotes não gozam de plena liberdade para se relacionar com o povo, pois Deus lhes exigia uma separação completa. Até mesmo para o casamento havia restrições.

3)0 Somente de colocar a mão em objetos sagrados da forma inadequada (sem santificação) e inoportuna (fora do momento do culto) já resultava em pesadas sanções para o ministro.

4)0 A preocupação do apóstolo Paulo com os irmãos de Corinto, se encaixa perfeitamente dentro de nossa época, quando alguns estão confundindo a necessidade de renovação espiritual com inovação humana.

5)0 A regeneração, ou o novo nascimento, é o lado divino da mudança do coração que, vista do lado humano, chamamos conversão.

6)0 0 termo pastor no Antigo Testam ento, era o ra'ah, cujo sentido primário é o de "pregar", "dar ensino".

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Anotações:

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Anotações:

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OS DESAFIOS DOS APÓSTOLOS, B isp o s/ p r e s b ít e r o s f r e n t e à

m y 1 / 1

GERAÇAO DA SUA EPOCA

O objetivo desse tema, conjuntamente com

o que trata do ministério no Antigo

Testamento (cujo obreiro de maiorproeminência era o sacerdote) édemonstrar que os "obreiros" de cada

uma das épocas citadas enfrentavam seus desafios, e esteslabutaram e trazem grandes lições e ensinamentos para os dias atuais, inclusive, para aperfeiçoamento do nosso ministério (2Tm 3.16).

Sob a premissa deste texto bíblico é possível afirmar que os exemplos (bons e maus) dos sacerdotes servem de lição e nos revelam verdades espirituais.

Por sua vez, no que concerne aos desafios dosapóstolos frente a geração de sua época, acredito que a pessoa e o ministério de Paulo sintetizam os desafios enfrentados pelosapóstolos. Lembrando que Paulo era considerado apóstolo etambém esteve à frente da Igreja Primitiva, exercendo o ofícioepiscopal cuidando das igrejas.14 Em razão da palavra de Deus ser atual e apta para instruir em todos os tempos

não é coincidência que os desafios enfrentados por Paulo sejam reproduzidos em nossa sociedade. Por este motivo a análise de cada desafio ligado com os desafios da atualidade é uma excelente oportunidade para o ensino da Palavra de Deus e orientações dos obreiros sobre como devem se preparar para a obra do ministério.

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Portanto, é oportuno, estudarmos os desafios enfrentados por Paulo e através deste estudo demonstrarmos que, efetivamente, tais desafios são encontrados pelos obreiros dos dias atuais. Eis alguns desafios enfrentados por Paulo:

1 ) D e s a f io D a s D o u t r in a s E n g a n o sa s E F r a u d u le n t a s ( IT m 1 .3 ,4 )

Sete anos antes de Paulo escrever esta epístola, advertira os presbíteros de Éfeso de que os falsos mestres procurariam distorcer a verdadeira mensagem de Cristo (At 20.29).

Agora que isso já estava acontecendo, Paulo exorta Timóteo a confrontá-los com coragem. Este jovem pastor não devia transigir com esses falsos ensinos que corrompiam tanto a lei quanto o evangelho.

Ele devia travar contra eles o bom combate mediante a proclamação da fé original, conforme o ensino de Cristo e dos apóstolos (2Tm 1.13,14). A expressão "outra doutrina" vem do grego heterose significa "estranha", "falsificada", "diferente".

2 ) D e s a f io p e l o p e r ig o d a s b la sf ê m ia s (1 Tm 1 .1 8 -2 0 )

A ação de Paulo provavelmente significa que esses dois homens foram excluídos do rol de membros da igreja. A salvação e a união com o corpo de Cristo (a igreja) nos protegem do poder de Satanás. Ser desligado da igreja, por outro lado, deixa a vida da pessoa aberta aos ataques destrutivos e satânicos (Jó 2.6-7; ICo 5.5; Ap 2.22).

A disciplina eclesiástica visa trazer a pessoa de volta ao arrependimento, à fé verdadeira e à salvação em Cristo. Veja 1 Coríntios 5.5: "seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Je s u f.

Isso significa (em um caso como esse de Corinto), a igreja remover a pessoa imoral da sua comunhão e entregá-la ao

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domínio de Satanás, expondo-a as influências destrutivas do pecado e demoníacas: Tal disciplina tem dois propósitos:

a) que o culpado, ao experimentar problemas e sofrimentos físicos, arrependa-se e seja finalmente salvo (Lc 15.11-24);

b) que a igreja livre-se do "fermento velho" (isto é, das influências pecaminosas), para assim tornar-se o pão novo "da sinceridade e da verdade". A mesma ação pode ser adotada pela igreja hoje, ao procurar salvar a quem abandonou a vida cristã e voltou ao mundo (cf. lTm 1.20).

3 ) D e s a f io p e la a p o s t a s ia d o s ú lt im o s tem p o s ( IT m

4 .1 .2 )

O Espírito Santo revelou explicitamente que haverá, nos últimos tempos, uma rebeldia organizada contra a fé pessoal em Jesus Cristo e a verdade bíblica (2Ts 2.3; Jd 3,4). Aparecerão na igreja pastores de grande capacidade e poderosamente ungidos por Deus.

Alguns realizarão grandes coisas por Deus, e pregarão a verdade do evangelho de modo eficaz, mas se afastarão da fé e paulatinamente se voltarão para espíritos enganadores e falsas doutrinas. Por causa da unção e do zelo por Deus que tinham antes, desviarão a muitas pessoas. Muitos crentes se desviarão da fé porque deixarão de amar a verdade (2Ts 2.10) e de resistir às tendências pecaminosas dos últimos dias (Mt 24.5,10-12; 2Tm3.2.3).

Por isso, o evangelho liberal dos ministros e educadores modernistas encontrará pouca resistência em muitas igrejas (ITm 4.1; 2Tm 3.5; 4.3; 2Co 11.13). A popularidade dos ensinos antibíblicos vem, sobretudo pela ação de Satanás, conduzindo suas hostes numa oposição cerrada à obra de Deus.

A segunda vinda de Cristo será precedida de uma maior atividade de satanismo, espiritismo, ocultismo, possessão e engano demoníacos, no mundo e na igreja (Ef 6.11,12). A proteção do

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crente contra tais enganos e ilusões consiste na lealdade total a Deus e à sua Palavra inspirada, e a conscientização de que homens de grandes dons e unção espirituais podem enganar-se, e enganar os outros com sua mistura de verdade e falsidade.

Essa conscientização deve estar aliada a um desejo sincero do crente praticar a vontade de Deus (Jo 7.17) e de andar na justiça e no temor de Deus (SI 25.4,5,12-15). Os crentes fiéis não devem pensar que pelo fato da apostasia predominar dentro do cristianismo nesses últimos dias, não poderá ocorrer reavivamento autêntico, nem que o evangelismo segundo o padrão do Novo Testamento não será bem-sucedido.

Deus prometeu que nos "últimos dias" salvará todos quantos invocarem o seu nome e que se separarem dessa geração perversa, e que Ele derramará sobre eles o seu Espírito Santo (At 2.16-21,33,38-40; 3.19).

4 ) D e s a f io p e lo a p e g o à s c o is a s m a t e r ia is (1 Tm 6 .9 ,1 0 )

Uma das declarações mais surpreendentes feitas por nosso Senhor foi a que diz ser muito difícil um rico entrar no reino de Deus. Este, porém, é apenas um dos seus ensinos sobre o assunto da riqueza e da pobreza.

Esta sua perspectiva é repetida pelos apóstolos em várias epístolas. Predominava entre os judeus daqueles tempos a ideia de que as riquezas eram um sinal do favor especial de Deus, e que a pobreza era um sinal de falta de fé e do desagrado de Deus. Os fariseus, por exemplo, adotavam essa crença e escarneciam de Jesus por causa da sua pobreza (Lc 16.14).

Essa ideia falsa é firmemente repelida por Cristo (Lc 6.20; 16.13; 18.24,25). A Bíblia identifica a busca insaciável e avarenta pelas riquezas como idolatria, a qual é demoníaca (ICo 10.19,20; Cl 3.5).

Por causa da influência demoníaca associada à riqueza, a ambição por ela e a sua busca frequentemente escravizam as

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pessoas (Mt 6.24). As riquezas são, na perspectiva de Jesus, um obstáculo, tanto à salvação como ao discipulado (Mt 19.24; 13.22).

Transmitem um falso senso de segurança (Lc 12.15ss.), enganam (Mt 13.22) e exigem total lealdade do coração (Mt 6.21). Quase sempre os ricos vivem como quem não precisa de Deus. Na sua luta para acumular riquezas, os ricos sufocam sua vida espiritual (Lc 8.14), caem em tentação e sucumbem aos desejos nocivos (lTm 6.9), e daí abandonam a fé (lTm 6.10).

Geralmente os ricos exploram os pobres (Tg 2.5,6). O cristão não deve, pois, ter a ambição de ficar rico (lTm 6.9-11). O amontoar egoísta de bens materiais é uma indicação de que a vida já não é considerada do ponto de vista da eternidade (Cl 3.1).

O egoísta e cobiçoso já não centraliza em Deus o seu alvo e a sua realização, mas, sim, em si mesmo e nas suas possessões. O fato de a esposa de Ló pôr todo seu coração numa cidade terrena e seus prazeres, e não na cidade celestial, resultou na sua tragédia (Gn 19.16,26; Lc 17.28-33; Hb 11.8-10).

Portanto, quem possui riquezas e bens não deve julgar- se rico em si, e sim administrador dos bens de Deus (Lc 12.31-48). Os tais devem ser generosos, prontos a ajudar o carente, e serem ricos em boas obras (Ef 4.28; lTm 6.17-19).

Cada cristão deve examinar seu próprio coração e desejos: sou uma pessoa cobiçosa? Sou egoísta? Aflijo-me para ser rico? Tenho forte desejo de honrarias, prestígio, poder e posição, o que muitas vezes depende da posse de muita riqueza?

5 ) O D e s a f io D a Cr e d ib il id a d e

"Quem deu crédito à nossa pregação?" (isaías 53.1).

Esta frase, emprestada do seu contexto original, pode ser representativa de uma realidade bem atual. Quem tem dado o devido crédito à nossa pregação? Pessoas existem que não confiam mais no poder do evangelho, que não confiam mais nas igrejas, que

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não confiam mais nos pastores, que não acreditam mais nos valores do evangelho... Vivemos uma profunda crise de credibilidade.

Os incrédulos se multiplicam na medida em que se multiplicam os escândalos entre nós. O pastor de hoje precisa ter credibilidade! Para isso ele precisa mais que palavras. Nenhuma pregação substituirá o seu viver! A igreja primitiva experimentou crescimento por alcançar crédito diante do povo.

Parafraseando Atos 2.47 - "Louvando a Deus, e conquistando a credibilidade de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos."

5 .1 ) O u tr o s d e sa fio s d o p r e se n t e séc u lo

Durante o decorrer da história cristã, ser cristão tem sido um desafio constante. Os fiéis sempre encontraram dificuldades: a perseguição na era apostólica, a perseguição promovida por vários imperadores romanos, a inquisição... Muitas vidas foram ceifadas por causa da fidelidade a Jesus.

Embora não tenhamos um número exato, alguns acreditam que mais de 70 milhões de pessoas já morreram por causa da fé em Cristo. Outra luta que tem marcado o cristianismo é a luta contra as heresias.

Essa é uma perseguição quase invisível, que produz efeito a longo prazo, e é uma das formas preferidas de Satanás para atacar a igreja. Tanto as perseguições físicas, quanto a tentativa diabólica de enfraquecer a igreja por meio de falsas doutrinas, estão presentes nos dias atuais, observando-se as devidas proporções.

a) O D es a f io D o C r e s c im e n t o

Um grande desafio para Igreja é o crescimento em quantidade e qualidade, com transformações nas Vidas e na Sociedade. Jesus em Mateus 5.13-14 diz para sermos o sal da terra e a luz do mundo.

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As estatísticas revelam o nosso crescimento, mas a nação fica cada vez pior na política, na religião, na fome, no desemprego, no desrespeito, na vergonha e na desmoralização das autoridades e dos pastores.

De que adianta 25% da nação ser evangélica se continua aumentando a corrupção, o escândalo e a imoralidade? Isso é o resultado de um Evangelho distorcido, que pergunta o que a sociedade pode fazer pelos evangélicos, ao invés de perguntar o que nós podemos fazer pela sociedade.

Será difícil alcançamos as almas perdidas se continuarmos com um fervor tão fraco. Hoje 86% dos crentes vão só uma vez por semana à Igreja e só 51% levam a Bíblia. Mais assustador é que 60% dos que se dizem evangélicos não são contra as separações (os casamentos por contrato estão tomando conta...), e 9% são a favor do aborto.

E assim a frieza vai tomando conta da Igreja.

b) O D es a f io D a S e c u la r iz a ç ã o

A secularização em excesso vai formando o seu Império. O relativismo de caráter vai forçando, sem parar, os crentes, e até mesmo o Ministério. As vaidades não são mais corrigidas nas Igrejas. As inovações e os modismos religiosos querem tomar o púlpito das Igrejas, empurrando os Pastores para a retaguarda.

Pensemos no avanço do Liberalismo: o que a Igreja pensa hoje sobre o casamento, sobre a dita opção do sexo (isso não é opção, é decreto Divino), e sobre política na Igreja? Será que atualmente não estamos aplaudindo os erros?

O grande autor de novelas de televisão e deteriorador de costumes, Silvio de Abreu, disse numa entrevista estar chocado com a tolerância do público com os personagens canalhas. Ele acha que o povo não está mais preocupado com a retidão de caráter e entende que o certo é fazer o que a pessoa gosta.

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O Pr. Joanyr de Oliveira, da Assembléia de Deus de Brasília, diz que o grande problema da sociedade hoje, são os Líderes Religiosos se omitindo e os governantes convivendo com a corrupção (SI 42.7; Jr 4.20, Ez. 7.26).

Vemos na abolição da Escravatura, quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que os Evangélicos muito cooperaram. Eles não tinham um representante político e os crentes no país não chegavam a 1%. Sigamos o exemplo desses irmãos e influenciemos a sociedade.

c) O Desafio Do D is c ip u la d o

O grande desafio na atualidade é alcançar as pessoas com o evangelho genuíno cristológico (Is. 61.1-2; Lc. 4.18-19) na unção do Espírito Santo, sendo dinâmico e incandescido com o amor de Cristo.

O obreiro usando o poder do ministério da oração, se entregando ao Senhor sem reservas, sendo um intermediário para ligar o povo na comunhão.

Alguém disse que a Igreja é como um hospital. E, se é um hospital, precisa ter Geriatria - para cuidar dos velhos, Ortopedia - para cuidar dos atrofiados, e Pediatria - para cuidar das crianças, isto é, dos novos convertidos.

O Pr. Elienai Cabral escreveu nas Lições Bíblicas do l 5 trimestre de 2007 que a existência da Igreja decorre essencialmente de duas atividades conjuntas, que são a Evangelização e o Discipulado. O progresso do trabalho, para alcançarmos essas vidas, depende muito da visão do Pastor da Igreja. O pastor precisa vestir a camisa do Discipulado.

O Discipulado destrói as heresias pelo ensino metódico e sistemático das verdades bíblicas (ITm 4.1; 2Tm. 3.1-2). E o discipulado se constitui um desafio devido aos estragos causados pelo G-12. Esses movimentos querem tirar a Igreja do Templo. Mas a dinâmica neotestamentária da Igreja é no Templo e nas casas (Atos 5.42; 2.46).

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5 .2 ) M a is D e s a f io s D o Pr e se n t e S écu lo

a) Desafio pelo espírito de timidez - complexo de inferioridade (2Tm 1.7).

b) Desafio de manter a confiança no exercício ministerial (2Tm 1 .11, 12).

c) Desafio para suportar as aflições e perseguições (2Tm 2.3-4; 8-10;3.10-14).

d) Desafio para pacificar as contendas e os separatistas (2Tm 2.14,15).

e) Desafio ante a impiedade dos últimos tempos (2Tm 3.1-5,8-9).

f) Desafio do interesse do público em ouvir mensagens que lhes interessem em detrimento da sã verdade (2Tm 4.1-5).

g) Desafio de ser entregue à morte por causa do ministério (2Tm 4.6-18).

Anotações:

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CETADEB / 0 Preparo do Obreiro Para o Ministério Frente às Gerações do seu Tempo

MINISTÉRIO NA IGREJA MODERNA

1 ) Pa s s a d o R em o to E P r e s e n t e

O ministério cristão passou por muitas transformações nos últimos anos, e por passado remoto destacamos os fatos que ocorreram nos últimos 50 (cinquenta) anos, parte dos quais vivi, e estive envolvido no ministério:

Alguns pontos podem ser destacados:

Passado Remoto Presente

Forma de Ingresso

0 fator necessidade do "ministério” por obreiros

0 fator necessidade do "obreiro" por ministério.

Estruturadisponível

Sem estrutura formada: sem crentes (ênfase evangelismo)

Templos precários e necessidades de construções

Ausência de aperfeiçoamento teológico:

Sem remuneração Conciliar ministério e

trabalho secular.

Igrejas constituídas: os campos já compostos; ênfase na manutenção.

Igrejas já construídas Disponibilidade de cursos

de aperfeiçoamento; Algumas Convenções e

Igrejas oferecem uma boa estrutura remuneratória a seus obreiros integrados.

Possibilidade de Integração.

Igrejasconstituídas

Poucas Igrejas constituídas: as tradicionais e as pentecostais.

Muitos movimentos religiosos: neopentecostais

Liberdadede

expressão

Liberdade com restrições

Ampla liberdade Surgimento de

movimentos anticristãos: Lei da Homofobia.

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2 ) F u tu r o

O futuro do ministério depende do futuro da Igreja. Creio piamente em todo conteúdo da Palavra de Deus, em especial aquele que afirma que a Igreja de Cristo será vitoriosa. Sob este fundamento, o ministério genuíno e bíblico permanecerá.

Não posso deixar de considerar, no entanto, que alguns (e até mesmo muitos) deixarão a sã doutrina, e como tendo comichão nos ouvidos se cercarão de líderes segundo as suas próprias concupiscências, uma vez que este é o alerta bíblico (2Tm4.3). Contudo, Deus sempre estará enviando "obreiro5" para sua seara, até a volta do Senhor Jesus Cristo.

3 ) P o s iç ã o D o O b r e ir o N a S o c ie d a d e A tu a l

Se o obreiro do Antigo Testamento (sacerdote, profeta) e o obreiro do Novo Testamento (bispo/presbítero) gozavam, em certa medida, de uma relativa posição no seio da sociedade, atualmente muito daquele conceito tem mudado e se perdido.

Quero mencionar, por exemplo, que o obreiro está perdendo a importância na sociedade quando deixa de ser um referencial para as questões sociais à sua volta, e mesmo de seu povo.

Quando um obreiro deixa de ser procurado para resolver questões para as quais poderia trazer uma orientação bíblica, e é preterido por um psicólogo, um médico ou advogado, conclui-se que parte de sua influência esta se perdendo.

Não que estas especialidades não sejam importantes, em absoluto, no entanto quero destacar que muitas pessoas da sociedade estão relegando aos obreiros atuais tão somente a função de ministração da palavra de Deus e nos assuntos que concernem à Igreja local, sem qualquer relevância para o meio social.

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Parte da responsabilidade por este fenômeno pode ser atribuída aos seguintes fatores:

A) Banalização Das "Consagrações" Ao Ministério:

Quando na comparação entre o passado remoto e o presente nos referimos que até bem pouco tempo atrás "buscava- se um obreiro para o exercício de um ministério" e hoje "se busca um ministério para servir a um obreiro" é porque a realidade de hoje é bastante assustadora.

Este fenômeno de consagrações em massa seria genuíno e oportuno se todos os indicados realmente estivessem incluídos dentro de um projeto espiritual para transformação do mundo. No entanto, a realidade é outra.

Recordo-me de uma Convenção, em um dado Estado, ao qual me reservo ao direito de não indicar precisamente, em que coincidentemente a consagração de "obreiros" ao ministério seguiria a votação da mesa diretora da Convenção.

Para votar era imperioso que o eleitor fosse convencional. Ora, a consagração ao ministério em momento anterior a eleição tornava o consagrando convencional, e, portanto um legítimo eleitor.

Imaginem o que ocorreu!

Antes da eleição somente uma determinada localidade indicou 56 obreiros para o cargo de "evangelistas", e mais um grande número de pastores.

Para os prezados terem uma ideia outro campo, compromissado com a Palavra de Deus e ante a seriedade de se indicar um obreiro ao ministério, embora seja duas vezes maior queo primeiro campo, indicou somente 02 obreiros a evangelistas e 03 pastores.

Não posso julgar o ministério de ninguém, mas que as coisas realmente estão fugindo do controle, isto é verdade.

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O próprio pregador, que trouxe a palavra aos consagrandos, se surpreendeu com o número de indicados por aquele campo e com propriedade vaticinou: "se os evangelistas que hoje foram consagrados cumprirem seu ministério a cidade X em pouco tempo será do Senhor Jesus, se é que hoje foram verdadeiramente separados para o Ministério".

É por estas e outras que o obreiro vem perdendo posição no seio da sociedade, pois o ingresso no ministério tem sido banalizado.

B) A u s ê n c ia D e E s t r u t u r a Pa r a In f l u e n c ia r A S o c ie d a d e :

Outro elemento capaz diminuir a influência de um obreiro na sociedade é a ausência de estrutura para influenciar a sociedade.

Atualmente os dias são outros, e o obreiro deve ter um mínimo cuidado para não ficar desfocado com os assuntos à sua volta. Eis algumas questões que o obreiro deve observar:

1 Aumento da escolaridade e cultura do povo: dependendo do local, entre a platéia que ouve um obreiro, estão médicos, advogados, engenheiros e outras pessoas que apesar de não possuírem uma profissão estão plenamente informados.

■ Mudança nos padrões sociais: liberdade feminina; direitos sociais e políticos.

1 Aumento das condições sociais e financeiras do povo: emespecial no Brasil, nestes últimos 15 anos.

C ) D e s c o n h e c im e n t o D a R e a l Im p o r t â n c ia D o O fíc io

M in is t e r ia l :

Alguns obreiros não conseguem influenciar o mundo a sua volta porque desconhecem a real importância do Ministério perante a sociedade. Alguns com complexo de inferioridade imaginam que suas qualificações espirituais não os autorizam, por

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exemplo, a dar um conselho a um político ou a um magistrado. Colocam-se, portanto, em um patamar tão baixo na escala social que entendem não terem condições de influenciar na sociedade.

Vejamos o ministério limitado nas quatro paredes da Igreja. Se o ministério é exercido somente no seio da Igreja, é inegável que o obreiro perderá, paulatinamente, a importância. Não que o obreiro necessite se envolver em todas as questões sociais de sua comunidade, mas é imperioso que as pessoas saibam que naquele lugar existe um homem de Deus. (2Re 4-9)

4 ) D e s a f io s D o O b r e ir o E D a I g r eja N o s Te m p o s A tu a is

4.1) D esafio para Pregação da Pa la v ra , e as o po siçõ es das G ran des Religiõ es M undiais

Se no Brasil existe ampla liberdade para pregação do Evangelho, o mesmo não pode se dizer em outras partes do mundo, principalmente nos países listados/inseridos na chamada janela 10/40.

A J a n e la 1 0 /4 0

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É a região entre o Atlântico e o Pacífico, e entre os paralelos 10 e 40 de latitude norte, onde vive a maior população mundial com menos oportunidade de ouvir o evangelho. Os países são: - ÍNDIA Evangélicos 1% - MAURITÂNIA Evangélicos 0% - SUDÃO Evangélicos 3% - AFEGANISTÃO Evangélicos 0,02% - JAPÃO Evangélicos 3% - GUINÉ BISSAU Evangélicos 1,2% - KUWEIT Evangélicos 0,5% - BANGLADESH Evangélicos 0,2% - BUTÃO Evangélicos 0,03% - ARÁBIA SAUDITA Evangélicos 0,007% - GUINÉ Evangélicos 0,75% - TAILÂNDIA Evangélicos 0,3% - NIGEREvangélicos 0,1% - KIRGHIZISTÃO Evangélicos 0,003% - IRÃ Evangélicos 0,05% - BURKINA-FASO Evangélicos 3% - MALI Evangélicos 0,9% - AZERBAIDJÃO Evangélicos 0,003% - BENIM Evangélicos 2% - INDONÉSIA Evangélicos 6% - LAOS Evangélicos1,9% - SAARA OCIDENTAL Evangélicos 0% - EGITO Evangélicos 0,8% - UZBKISTÃO Evangélicos 0,001% - NEPAL Evangélicos 0,5% - EMIRADOS ARABES Evangélicos 0,7% - ALBÂNIA Evangélicos 0,5% - MARROCOS Evangélicos 0,35% - IRAQUE Evangélicos 0,5% - SRI LANCA Evangélicos 0,9% - ISRAEL Evangélicos 0,35% - TADJIKISTÃO Evangélicos 0,001% - CHINA Evangélicos 4% - DJIBUTI Evangélicos 0,03% - LEMEN Evangélicos 0,01% - VIETNÃ Evangélicos 0,6% - FORMOSA Evangélicos 3% - BAHREIN Evangélicos 1,5% - BRUNEI Evangélicos 0,06% - LÍBANO Evangélicos 4,3% - CATAR Evangélicos 0,007% - TURKOMENISTÃO Evangélicos 0,001% - ETIÓPIA Evangélicos 10% - BISMÂNIA Evangélicos 4% - TIBET Evangélicos 0,02% - ARGÉLIA Evangélicos 0,01%- LÍBIA Evangélicos 0,1% - MALÁSIA Evangélicos 2% - OMÃN Evangélicos 0,1% - CAZAQUISTÃO Evangélicos 0,004% - TUNÍSIA Evangélicos 0,001% - CAMBOJA Evangélicos 0,05% -TURQUIA Evangélicos 0,03% - COREIA DO NORTE Evangélicos 0,5% - SOMÁLIA Evangélicos 0,01% - PAQUISTÃO Evangélicos 0,5% - NIGÉRIA Evangélicos 17% - MALDIVAS Evangélicos 0,1% - JORDÂNIA Evangélicos 0,4% - SENEGAL Evangélicos 0,1% - SÍRIA Evangélicos 0,1% - MONGÓLIA Evangélicos 0,1% .(Fonte: Jocum)

Chamamos essa região de janela 10/40, porque está localizada entre os paralelos 10/40 do globo terrestre, um espaço comparado a uma janela retangular, que se estende desde o oeste

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da África até o leste da Ásia. Os países dessa região são considerados o "Cinturão da Resistência", ou seja, um número expressivo de povos não alcançados pelo evangelho. Ao todo são 62 países localizados na Janela 10/40.

O maior desafio missionário dos últimos tempos. Para você que está iniciando um departamento missionário em sua igreja é necessário conhecer um pouco dessa realidade.

É justamente nessa região onde acontece o maior número de guerras e tragédias no mundo. Lá também, está o maior índice de analfabetismo e mortalidade infantil. Ali está o berço do mundo, onde há três religiões que crescem muito: Budismo, Islamismo e Hinduísmo.

As Tr ê s R e l ig iõ e s d a J a n e la 10/40

Budismo, Islamismo e Hinduísmo são as três religiões que mais crescem nesses países. Religiões que anualmente têm matado milhares de pessoas e adeptos, por causa das facções existentes entre eles mesmos e da perseguição causada contra os cristãos residentes nessas áreas de risco, onde a liberdade de expressão e adorar ao Deus verdadeiro é quase uma blasfêmia contra as ideologias pregadas pelos líderes dessas religiões. Vejamos abaixo um pouco sobre os fundamentos dessas religiões.

A ) B u d ism o

Foi fundado na índia, por volta do século VI a. C. por um pregador chamado Buda.

Em várias épocas, o budismo tem sido a força religiosa, cultural e social dominante na maior parte da Ásia, especialmente na índia, na China, no Japão, na Coréia, no Vietnã e no Tibet.

Em cada região, o budismo combinou-se com elementos de outras religiões, como o hinduísmo e o xintoísmo. Atualmente, o budismo tem cerca de 613 milhões de adeptos no

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mundo. A maior parte deles vivem no Sri-Lanka, nas nações do interior do Sudeste da Ásia e no Japão.

a) As C renças Do Budism o

Todos os budistas têm fé em:

1 Buda;

1 Em seus ensinamentos, chamada "Darma";

■ Na comunidade religiosa que ele fundou, chamada "Sanga".

Os budistas chamam Buda, Darma e Sanga de os Três Refúgios ou as Três Jóias.

BUDA - Nasceu por volta de 563 a. C. no Sul do Nepal. Seu nome verdadeiro era Sidarta Gautama. Era membro de uma rica e poderosa família real. Com cerca de 29 anos, Gautama convenceu- se de que a vida estava cheia de sofrimento e tristeza. Essa convicção o levou a abandonar a esposa e o filho recém-nascido, e procurar a iluminação religiosa como monge viajante.

Depois de percorrer o nordeste da índia por aproximadamente seis anos, Gautama teve a iluminação. Ele acreditou ter descoberto a causa de a vida estar cheia de sofrimento e como o homem poderia escapar dessa existência infeliz. Após outras pessoas terem tomado conhecimento de sua descoberta, passaram a chamá-lo de Buda, que significa "o iluminado".

b) Diferença Básica Entre O Cristianismo E O Budismo

A diferença básica entre o cristianismo e o budismo, está no fato do budismo tentar alcançar a Deus, enquanto no cristianismo Deus alcança o homem.

Já nas primeiras páginas da Bíblia, vemos o homem tentando alcançar a Deus por meio de uma torre "... cujo tope chegue até aos céus..." Isso acabou numa grande confusão, porque o único caminho para chegar até Deus é através de Seu Filho, o

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Senhor Jesus Cristo: "Eu sou o caminho>, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6).

0 budismo tornou-se popular nos últimos anos devido à revelação de que um grande número de artistas famosos é budista. Contudo, o seu ensino é contrário às Escrituras. A Bíblia ensina que o homem caiu em pecado, e desde então: "... aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo" (Hb 9.27).

Existe somente um caminho de volta a Deus, que é através da fé: "Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (Jo 3.36).

Esta salvação, contudo, não se aplica a animais, mas somente aos homens, que foram criados segundo a imagem de Deus.

Devemos acrescentar, também, que a salvação não inclui o nosso corpo, porque a nossa carne e sangue permanecem sujeitos à lei do pecado e estão determinados a se deteriorar até que o texto acima seja cumprido; isto é, até o encontro com a morte.

A outra forma de escapar é pelo arrebatamento, que ocorrerá no momento da vinda do Senhor. Então será cumprido o que está escrito em 1 Coríntios 15.54. "E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória."

B) ISLAMISMO

A palavra islamismo significa submissão a Deus, e mulçumano é aquele que segue as leis islâmicas. A revelação do islamismo foi dada a Maomé, que é reverenciado pelos mulçumanos como o maior profeta. Maomé não é apenas um nome, mas um título - "Aquele que é adorado".

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a) M aom é versus Jesus

Aos quarenta anos, Maomé começou a ter convulsões, e afirmava que foi através delas que recebeu a revelação de Deus (Alá), por meio do anjo Gabriel. Porém, ele tinha um "medo mortal" da fonte dessa revelação e achava estar possuído por demônios. Foi sua esposa que o convenceu do contrário.

As dúvidas de Maomé são perturbadoras. Será que um autêntico profeta de Deus duvidaria da fonte de sua revelação? Certamente nenhum dos genuínos profetas da Bíblia atribuiu a revelação de Deus aos demônios.

Maomé incumbiu todo muçulmano de empreender a guerra santa, a jihad. Em 627, na cidade de Medina, ele ordenou que 800 judeus fossem enterrados numa trincheira com as cabeças para fora, sem a menor possibilidade de reação, e depois decapitados, um procedimento que levou um dia inteiro e prosseguiu pela noite adentro. Jesus, por sua vez, não ordenou as cruzadas assassinas.

Maomé era desumano na batalha. Porém, a única vida que Jesus Cristo entregou voluntariamente foi a Sua própria. Seu caráter demonstra compaixão contínua e incontestável. Maomé, por outro lado, era imprevisível e hostil aos que se recusavam seguí- lo.

Ele matava seus críticos por expressarem seu pensamento, ordenou o espancamento de uma mulher para obter informações e manteve relações sexuais com uma criança de nove anos.

Além disso, era um general sanguinário e atacava caravanas apenas para conseguir dinheiro para a expansão de seu movimento. Ele chegou até a quebrar as regras de guerra, comandando um ataque durante um mês sagrado.

Maomé raramente conseguia uma conversão que não fosse através de coação. Além disso, confiava em suas próprias boas obras para chegar ao céu, e ordenou aos muçulmanos: "... matai os

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idólatras onde quer que os encontreis" (15sura 9.5). Foi ele que fez constar do Corão a ordenança para a execução, crucificação, mutilação ou exílio de qualquer um que fizesse "guerra a Deus (Alá) e a seu Mensageiro..." (sura 5.33).

Ao contrário do cristianismo, o islamismo não tem o conceito de um relacionamento pessoal com Deus, e a ênfase que Jesus dava ao amor é completamente estranha ao islã: O amor não entra na equação, pois a religião muçulmana está fundamentada no senso de dever e no desejo de receber a recompensa. Enquanto a Bíblia ensina "Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem" (Mateus 5.44). Os muçulmanos são ensinados a odiar os inimigos de Alá (como faz o próprio Alá), e o Corão promete o paraíso a todos os que morrerem lutando pelo islã.

Lutar até a morte, "vós que credes, combatei os descrentes que estão próximos de vós. E que sintam dureza em vós! E sabei que Deus está com os piedosos" (sura 9.123).

O Corão ensina seus seguidores a lutar até que o islamismo domine o mundo: "Que combatam pela causa de Deus (Alá) os que trocam esta vida terrena pela vida futura! Pois quem combater pela causa de Deus, quer sucumba quer vença, conceder- lhe-emos grandes recompensas" (sura 4.74).

"Os crentes combatem na senda de Deus (Alá); os descrentes combatem na senda do ídolo Tagut. Combatei, pois, os aliados do demônio. A astúcia do demônio é ineficaz" (sura 4.76).

"Mas quando os meses sagrados tiverem transcorrido, matai os idólatras onde quer que os encontreis, e capturai-os e cercai-os e usai de emboscadas contra eles" (sura 9.5)

"Dos adeptos do Livro, combatei os que não crêem em Deus nem no último dia e nem proíbem o que Deus (Alá) e seu

15 Sura ou surata (árabe = süratun) é nome dado a cada capítulo do Alcorão, o livro sagrado da religião islâmica que possui 114 suras, por sua vez subdivididas em versículos (ayat).

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Mensageiro proibiram e não seguem a verdadeira religião - até que paguem, humilhados, o tributo" (sura 9.29).

Ao contrário do cristianismo, o islamismo não tem o conceito de um relacionamento pessoal com Deus, e a ênfase que Jesus dava ao amor é completamente estranha ao islã: "O amor não entra na equação, pois a religião muçulmana está fundamentada no senso de dever e no desejo de receber a recompensa".

"Quando, no campo da batalha, enfrentardes os que descrêem, golpeai-os no pescoço. Depois, quando os tiverdes prostrado, apertai os grilhões. Depois, outorgai-lhes a liberdade ou exigi deles um resgate, até que a guerra descarregue seus fardos. Se Deus (Alá) quisesse, Ele mesmo os teria derrotado. Mas Ele assim determinou para vos provar uns pelos outros. E não deixará perder- se o mérito dos que morrem por sua causa" (sura 47.4).

Realmente, estão bem claras as diferenças irreconciliáveis entre o cristianismo e o islã!

C) O H in d u ísm o

A origem do hinduísmo se encontra num sincretismo que vem a ser um confronto entre o hinduísmo e o islamismo, e inaugura uma nova fase no desenvolvimento religioso na India.

É resultante de tentativas de fusão das religiões dominantes, trazidas para a índia há mais de três mil anos, por povos cuja origem é incerta e cujas crenças já existiam.

O hinduísmo prega a existência de um número imenso de deuses, embora considere Brama o primeiro grande deus, de onde provém outros milhares de deuses. Quanto à origem dos seres e do próprio Brama, segundo o ensinamento do hinduísmo, havia antes um mundo submerso na escuridão; sem atributos, imperceptível ao raciocínio, não revelado e como que entregue inteiramente ao sono.

Além de Brama existem Sirva e Vishnu, os quais formam a trindade hindu.

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No hinduísmo, a natureza dos deuses é muito variável, isto é, determinado deus pode ser bondoso ou favorável numa circunstância e violento e cruel em outra. Vishnu é tido como conservador e Sirva como destruidor, podendo ambos tomar formas diferentes e terríveis. Em relação aos animais, as crenças hinduístas são complexas: a vaca sem exceção das diferentes seitas, é considerada sagrada, não pode ser morta nem comida. O rato, por exemplo, é considerado deus e come comida suficiente para alimentar toda a população do Canadá.

Até o começo deste século, alguns ramos do hinduísmo ofereciam aos deuses sacrifícios humanos.

Viver é sofrer - Sentimento idêntico ao do budismo - e deixar de viver é alcançar a paz eterna do nirvana, contínuo renascer; para muitos hinduístas há uma lei fatal do Karma (destino). Hoje existem cerca de 716 milhões de hindus no mundo e eles possuem estratégias como: meditação transcendental, yoga, pensamento nova era e Krishna.

Diante dessa tão triste realidade, cabe a nós como igreja nos levantarmos para fazer algo por tanta gente que tem vivido debaixo do jugo de satanás através das religiões, que não seguem o termo original da palavra: religar. Mas ao contrário disso, distancia a raça humana de Deus.

Como igreja temos a função restauradora de trazer de volta o relacionamento do homem com Deus. Para isso, precisamos saber como se encontra o homem e como podemos nos posicionar, levantar e fazer um trabalho de adoção daqueles que são órfãos espirituais, ou melhor, daqueles que precisam conhecer o verdadeiro amor de Deus.

(Janela 10/40 - Fonte: Monte Sião)

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T en d ên cia s O po sic io n ista s

Alguns fatos podem demonstrar estas tendências oposicionistas, a saber:

1) In t o l e r â n c ia R e l ig io s a E S u r g im e n t o D e G r u p o s A n t i-

R e l ig io s o s E m P a ís e s O c id e n t a is :

O país modelo para a liberdade religiosa (EUA), após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 está enfrentando uma onda de intolerância religiosa sem precedentes, seja intolerância em face do islamismo (e outras), como do próprio cristianismo.

Esta tendência fica demonstrada quando se observa que nos EUA os maiores best seller da literatura são livros que pregam contra Deus, contra a religião em geral e contra o cristianismo e islamismo em particular. (Um exemplo é o livro "Deus um delírio", do biólogo Richard Dawkins, editado no Brasil pela Cia das Letras)16

No Brasil, alguns movimentos opositores à pregação do Evangelho denunciam que os tempos de liberdade devem ser aproveitados. Entre estes movimentos cita-se, entre outros:

16 Vide comentário da Imprensa sobre este livro: "num tempo de guerras e ataques terroristas com motivações religiosas, o movimento pró-ateísmo ganha força no mundo todo. E seu líder intelectual é o respeitado biólogo Richard Danwkins, que neste livro "Deus um Delírio" investe contra o fundamento básico de toda e qualquer religião. Autor de clássicos como O gene egoísta, Dankins argumenta que a existência de Deus (ou Alá) é cientificamente improvável e que crer nele não só é inútil e supérfluo, mas também prejudicial. De acordo com o autor, ninguém precisa de Deus para ter princípios morais, para fazer o bem, para apreciar a natureza. O Objetivo confesso deste livro - Best Seller nos Estados Unidos e na Europa - é não apenas provocar os religiosos convictos, mas principalmente levar os religiosos "por inércia" a pensar racionalmente a sua crença, trocando-a pelo orgulho ateu e pelo amor à ciência. Em Deus, um delírio a debilidade intelectual da crença religiosa é destruída sem piedade, assim como os crimes cometidos em nome dela". The Time.

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a) R est r iç ã o pa r a c o n s t r u ç ã o de t e m p l o s :

Em Ponta Grossa-PR um vizinho vetou a construção de uma Igreja em seu bairro, e várias legislações municipais impõe estas restrições;

b) A lei d o S ilê n c io :

Apesar de ser oportuna, pois muitos por terem liberdade abusam, esta lei, causou alguns dissabores, pois há relatos de pastores presos e processados criminalmente em razão do cometimento do crime de perturbação do sossego público.

c) Pr o je t o de Lei q u e pr o íb e a h o m o f o b ia :

Homofobia (homo="igual", fobia="medo"), é um termo utilizado para identificar o ódio, aversão ou a discriminação de uma pessoa contra homossexuais, homossexualidade, ou genericamente de modo pejorativo, qualquer expressão de crítica ou questionamento homossexual.

2) M o d is m o s R e l ig io s o s

Já os "modismos religiosos" são práticas infiltradas dentro de um contexto doutrinário comum e não questionável. Diferentemente de uma seita, um modismo religioso exige uma maior análise bíblica para refutação, e, portanto, uma preparação maior do obreiro para que não seja engolido.

Eis alguns modismos presenciados em nossa realidade:

a) M o d is m o d o s in c r e t is m o r e l ig io s o :

O Sincretismo religioso é patente em muitas ocasiões presenciadas nos dias atuais. Não é difícil ver uma determinada Igreja utilizando-se de elementos do espiritismo em seus cultos.

Também, utilizando-se de "amuletos de fé" (uma flor abençoada, queimar pecados numa fogueira etc.) sob o fundamento que tais práticas são inofensivas, e algumas com suposto respaldo

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bíblico. (Alguns dizem que se as roupas de Paulo curavam, então... (Atos 19.12))

O obreiro, às vezes sem perceber, está entrando nesta onda. Observe-se que este modismo está presente até em orações. Só porque uma determinada Igreja, através de seu líder, começou a orar em "o nome de Jesus", não é difícil ouvir obreiros repetindo a prática. Neste mesmo exemplo, tem muita gente "declarando benção", "amarrando demônio" etc.

b) M o d is m o L it ú r g ic o :

Se há algo que o obreiro deve estar atento é para o fato o qual denominamos "modismo litúrgico". Este movimento já não aceita a realização de um culto de louvor a Deus, mas para ser válido é preciso ser uma "celebração".

Alguns propõem que esta "celebração" deve ser descontraída, alegre e para ter verdadeiro valor deve utilizar hinos modernos e preferencialmente com o público em pé. Alguns já denominaram tais reuniões como "lovorzão".

Muito mais que defender o modelo de liturgia seguido pela IEAD - esta não é a intenção deste estudo, pois há um estudo específico sobre este assunto: liturgia - serve o presente tópico para alertar que o obreiro atual deve estar preparado para manter a Palavra de Deus e não se deixar levar por modismos.

c) M o dism o s17 na lin gu agem :

No livro Alerta Geral o escritor Arnaldo Senna destaca que algumas expressões tem se confundido com a linguagem sã que deve existir na Igreja de Cristo e na linguagem do obreiro dos dias atuais.

17 A expressão "modismo na linguagem" difere de erros que os obreiros devem evitar. Sobre o assunto é conveniente a leitura do livro "Erros que pregadores devem evitar", de autoria do Pr Ciro Sanches Zibordi, e editado pela CPAD.

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Expressões como "Deus é Dez", "Liberar Geral", "O bicho vai pegar", enfim, os modismos na linguagem devem ser evitados em compreensão que o obreiro deve estar preparado para cumprir as determinações Bíblicas, inclusive no que concerne a sua linguagem.

7Mão saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para prom over a edificação, para que dê graça aos que a ouvem " (Ef. 4.29).

d ) M o d is m o Fo n o g r á f ic o :

Atualmente, é uma obrigação que um Congresso seja medido pela forma do cantor que foi contratado para o evento. Por isto, muitos obreiros gastam muito dinheiro (às vezes conquistado com dificuldades, com campanhas, churrascos e cantinas) para contratar um determinado cantor ou cantora, que cobra até R$1.000.00 por hino cantado18.

Certamente o cantor ou cantora estão corretos em cobrar tais valores. Eu concordo com eles!

Errados estão os obreiros que estão despreparados para não se deixar engordar pelos modismos fonográficos, e não têm personalidade cristã e embasamento bíblico para não se deixar levar pelo desejo do povo. Consideremos que a vontade do povo tende a produzir "bezerros de ouro" (Ex. 32.4-24).

Como "modismo fonográfico" posso citar, também, a disseminação de alguns hinos, de um determinado grupo ou cantor, que em uma determinada época são entoados em todas as Igrejas. Se o obreiro não tomar cuidado um mesmo hino pode ser cantado mais de uma vez num mesmo culto.

Neste particular, lembro-me de um trabalho em que fui convidado à pregar, e também o foi um determinado cantor. Este

18 Se considerar que um cantor cobra R$5.000.00 de "oferta", e no trabalho canta 5 hinos, temos que cada hino cantado custará R$ 1.000.00.

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cantor, de sexta-feira à domingo (início e término do trabalho) cantou o mesmo hino e o povo quase caia em delírio. Quando fui pregar chamei a atenção dos irmãos para o fato de que se eu repetisse a mesma mensagem certamente no último dia do trabalho acabaria pregando para alguns poucos.

Precisamos nos preparar para vencer os modismos deste século, com a exposição da sã doutrina.

e) M o d is m o P e n t e c o s t a l : Teologia da Prosperidade; Confissão positiva; maldição hereditária, cura interior, etc.

Todos os desafios listados e enfrentados por Paulo, conforme exposição anterior. Como a Bíblia é um livro atual e perpétuo, não é por coincidência que os desafios relatados por Paulo, e inseridos na Bíblia, são idênticos aos enfrentados pelos obreiros da atual geração.

OS DESAFIOS ENFRENTADOS POR JESUS

Os três grandes desafios enfrentados por Jesus, são reproduzidos de alguma maneira nas fases de todo ministério.

Afora os desafios citados nos itens anteriores, é importante destacar alguns dos desafios enfrentados por Jesus, em especial àqueles que foram colocados para que o Ministério de Jesus fosse abortado/impedido.

Admissível, portanto, a análise textual do relato contido em Mateus 4.1-11, que narra a tentação de Jesus Cristo por Satanás, considerando que aqueles desafios certamente serão reproduzidos no ministério de um obreiro, em qualquer época que ele viva. Vamos à análise do texto.

O texto revela que Jesus foi levado, pelo Espírito ao Deserto, para ser tentado pelo Diabo.

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No bojo da tentação encontramos os três grandes desafios de todo o obreiro:

A) As N ec e ss id a d e s F is io ló g ic a s D e S e n sa ç ã o E P r a z e r :comer e sentir prazer (entre elas o sexo).

"E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; E chegando-se a ele o tentador, disse Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem. Mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. " (Mt 4.2-4)

Após Jesus passar por um jejum de 40 (quarenta) dias era natural que sua maior necessidade fosse a satisfação de uma necessidade para que a Palavra de Deus prevalecesse.

Todo obreiro - e todo o cristão - é desafiado a vencer suas necessidades fisiológicas, e se ele não estiver devidamente preparado sucumbirá a este desafio.

Quantos obreiros sucumbem por não conseguirem vencer o desafio do prazer, inclusive o sexual?

O desafio enfrentado por Jesus, e a fórmula de sua vitória (pela Palavra de Deus) continuam atualizados para a geração atual.

B) A N e c e ss id a d e D e A u t o -a f ir m a ç ã o : ser o centro das atenções:

"Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, E disse-lhe: Se tu és o FHho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra." (M t 4.5-6)

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A segunda proposta de Satanás era para que Jesus subisse no pináculo do templo, e se atirasse de lá, para que fosse socorrido pelos anjos. Se Jesus agisse da forma proposta por Satanás certamente atrairia a atenção de todos. Subir no pináculo poderia ser o foco das discussões em Jerusalém. Jesus se tornaria uma pessoa popular. Ser salvo pelos anjos seria um fato inédito.

Realmente, Jesus se tornaria o centro das atenções.

Muitos obreiros tem se tornado pop star da fé. Porque Deus lhes deu dons espirituais e naturais, estão invertendo o princípio da primazia de Deus (Jo 3.30) e não tem conseguido superar o desafio de se tornarem o "centro das atenções".

Pior do que isto, alguns se utilizam dos dons espirituais para se autopromoveram e preencherem a necessidade humana de auto-afirmação.

O obreiro, em qualquer época, deve estar preparado para vencer este desafio

C) D esa fio D o A peg o A o D in h eir o E A s C o is a s M a t e r ia is :

"Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe Jesus: Vai-te Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás." (Mt 4.8-10)

O último desafio imposto por Satanás a Jesus correspondeu ao desafio do apego ao dinheiro e as coisas materiais.

A visão de todos os reinos do mundo e a glória deles e a oferta do inimigo certamente (tudo isto te darei...) significam uma proposta tentadora para qualquer época.

O próprio Senhor Jesus alertou que é impossível servir a Deus e a Mamom (Mt 6.24; Lc 16.13).

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Lamentavelmente muitos obreiros não têm conseguido superar o desafio do apego ao dinheiro e as coisas materiais, e desenvolvem seu ministério por um bocado de pão (ISm 2.36), ou em busca das riquezas deste mundo.

Os LIMITES Do MINISTÉRIO

Embora muitos obreiros não entendam, mas o exercício ministerial tem limites!

Se por um lado, diferentemente dos Sacerdotes que enfrentam limites espirituais intransponíveis (o simples tocar na arca significava a morte - 2Sm 6.6,7), atualmente temos ampla liberdade pelo caminho que nos foi proposto por Cristo.

Não olvidando existirem distintas aptidões e vocações individuais, no plano espiritual o exercício ministerial pode não encontrar limites, pois Jesus disse que seus discípulos "poderiam fazer obras maiores que as Suas". É evidente que as prerrogativas no plano espiritual são conquistadas com dedicação, consagração e santificação, principalmente na orientação bíblica que tudo é possível ao que crê.

No entanto, os limites que desejo mencionar circunscrevem-se em áreas específicas, e para os quais o obreiro deve atentar para não correr o risco de se considerar um semideus. Vejamos:

1) L im it e In d iv id u a l

Por imposição Bíblia a obra do ministério deve ser realizada por pessoas (IPe 1.12), e por tais motivos seu exercício se sujeita à finitude e limitação características do ser humano (homem pó - Gn 3.19)

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Portanto, o obreiro deve entender que mesmo laborando para Deus (sem limites e transcendente), suas limitações físicas devem ser consideradas.

É interessante, neste sentido de limitação individual, que um obreiro ao iniciar seu ministério começa com muita força e disposição, mas nenhuma experiência.

Passados os anos é inevitável que se conquiste experiência, contudo, as forças já não são as mesmas, e o ministério passa a ser exercitado e condicionado a este limite individual.

São tantos os limites individuais que um obreiro (novo ou experiente) tem que enfrentar: alguns, limites físicos; outros, limites intelectuais; outros, limites familiares; e assim por diante.

Um obreiro que não considera os seus próprios limites no ministério certamente terminará enfadado e desanimado, e, por conseguinte poderá até culpar a Deus por sua decepção. Jeremias estava iludido (Jr 20.7).

2) L im it e D e A u t o r id a d e

Segundo Watchman Nee: "A primeira lição que um obreiro tem de aprender é obediência à autoridade. Estamos sob a autoridade dos homens como também temos homens sob nossa autoridade. Esta é nossa posição. A autoridade se encontra em toda parte.

Há autoridade na escola, há autoridade no lar. O guarda da rua talvez tenha menos instrução que você, porém foi estabelecido por Deus como autoridade sobre você. Sempre que alguns irmãos em Cristo se reúnem, imediatamente, estabelece-se uma ordem espiritual.

Um obreiro cristão deve saber quem está acima dele. Alguns não sabem quais são as autoridades que estão acima dele, por isso não obedecem. Não deveríamos nos preocupar com o certo e o errado, com o bem ou mal; antes, deveríamos saber quem é a

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autoridade sobre nós. Quando ficamos sabendo a quem devemos estar sujeitos, naturalmente encontramos nosso lugar no corpo.

Quantos cristãos hoje em dia não têm a menor ideia do que seja submissão. É por isso que existe tanta confusão e desordem. Por causa disto, a obediência à autoridade é a primeira lição que um obreiro deveria aprender.

3 ) L im it e D e C o m p e t ê n c ia

Um obreiro não pode esquecer que seu ministério deve ser dentro de um limite de Competência.

A competência aqui não é utilizada como antônimo do termo pejorativo incompetência, como induzindo que um obreiro com limite de competência não tem condições de exercer um determinado trabalho.

Na realidade o termo competência é um termo técnico- jurídico, e se refere, em linguagem simples, a como deve ser exercida a autoridade e em que lugar.

Este sistema de competência é dividido em:

A ) C o m p e t ê n c ia M a t e r ia l :

É a competência em razão da matéria. Na prática jurídica, uma questão trabalhista (funcionário que quer receber salários) não pode ser processada (julgada/analisada) perante um Juiz de Direito (Juiz Estadual)19.

Embora o Juiz do Trabalho e o Juiz de Direito sejam legalmente (constitucionalmente) iguais, na questão hipotética escolhida, o Juiz de Direito é incompetente em razão da matéria, para apreciar o caso (Rm 15.20).

Nenhum obreiro é inferior a outro perante Deus (2Co11.5; 2Co 12.11; Rm 2.11), principalmente porque nenhum trabalho

19 Salvo em alguma localidade que não exista a Justiça do Trabalho, e o Juiz de Direito Estadual acumule a função trabalhista.

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é vão no Senhor (quer grandioso ou pequeno - ICo 15.58), CONTUDO alguns acabam prejudicando seu ministério (e a Obra do Senhor) porque insistem em desrespeitar o limite da competência material.

Muitos obreiros deixam a essência do Ministério (2Tm4.1,2), e se envolvem em questões para as quais não tem competência material. Exemplo bastante visto em igrejas no Brasil é o de obreiros querendo pregar com princípios da psicologia20, sem conhecer a matéria.

Paulo orienta a Timóteo e a Tito para que não ultrapassem os limites da competência material, conforme se vê nos seguintes textos Bíblicos:

"Nem se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora" (lT m l.4 ).

"Mas rejeita as fábuias profanas e de veihas, e exercita-te a ti mesmo em piedade" (1 Tm 4.7).

"Não dando ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se desviam da verdade" (Tt 1.14).

B) C o m p e t ê n c ia T e r r it o r ia l :

Isto é, em razão do território. Utilizando-se do exemplo dado no item anterior, uma questão trabalhista de um empregado que trabalhou na cidade de Ponta Grossa-Pr, não pode ser apreciada por um Juiz do Trabalho de Porto Alegre-RS.

Embora o Juiz do Trabalho de Porto Alegre-RS tenha a mesma competência material do Juiz paranaense, a competência territorial para apreciar a questão, é do o juiz da cidade de Ponta Grossa-Pr que possui a competência territorial, por ser juiz no local da prestação dos serviços (Ler Romanos 15.20).

20 No exemplo citado, embora o obreiro seja psicólogo deve utilizar os recursos apreendidos com moderação.

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A t iv id a d e s - L içã o III

• Marque "C" para Certo e "E" para Errado:

1 ) ü Sete anos antes de Paulo escrever esta epístola, advertira os presbíteros de Éfeso de que os falsos mestres procurariam distorcer a verdadeira mensagem de Cristo (At20.29).

2) Q A disciplina eclesiástica visa trazer a pessoa de volta ao arrependimento, à fé verdadeira e à salvação em Cristo.

3 ) □ O Espírito Santo revelou explicitamente que haverá, nos últimos tempos, uma rebeldia organizada contra a fé pessoal em Jesus Cristo e a verdade bíblica (2Ts 2.3; Jd 3,4).

4 ) ü Um grande desafio para Igreja é o crescimento em quantidade e qualidade, com transformações nas Vidas e na Sociedade.

5 ) ü O grande desafio na atualidade é alcançar as pessoas com o evangelho genuíno cristológico (Is. 61.1-2; Lc. 4.18- 19) na unção do Espírito Santo, sendo dinâmico e incandescido com o amor de Cristo.

6 ) ü Quando um obreiro deixa de ser procurado para resolver questões para as quais poderia trazer uma orientação bíblica, e é preterido por um psicólogo, um médico ou advogado, conclui-se que parte de sua influência esta se perdendo.

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Anotações:

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O PREPARO DO OBREIRO

1) P r e p a r o Es p ir it u a l

A) Pr ep a r a -Se Pa r a A A pro vação D e D eus

O obreiro deve ter a consciência que nenhum aplauso ou sucesso se sobrepõe à aprovação de Deus em seu ministério. Quantos são os obreiros que tem aprovação dos homens (aplausos, mídia, convites, grandes "ofertas"), mas diante de Deus seu ministério é reprovado.

Não se reprova o trabalho desenvolvido (pregação, pastoreio, administração), e sim a própria pessoa do obreiro.

Quando Deus rejeitou a Saul, foi o homem Saul que foi rejeitado, e não o trabalho por ele desenvolvido. (ISm 16.1)

O obreiro, portanto, não deve buscar a aprovação de Deus pela obra que executa (alguns imaginam que são aprovados porque suas pregações arrebatam multidões), mas sim pela sua provação pessoal (seu caráter, sua santidade, sua conduta e seu coração reto).

Neste sentido, Paulo tinha temor que tendo trabalhado tanto, ao final não fosse ele próprio reprovado, confirmando que não é o trabalho que aprova o obreiro.

"Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado. (IC o 9.27)

Foi por esse motivo que o apóstolo instruiu seu "filho ministerial" - Timóteo - para que se esforçasse a se apresentar a Deus como obreiro aprovado. (2Tm 2.15)

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B) Prepa ra r-S e Pa ra Po ten cia liza r A o Má xim o O Po der D e D eus Em S eu M in istér io : Po der De Deu s...

Em que pese às limitações do obreiro, é necessário o empenho concentrado para que o poder de Deus seja manifestado em nosso ministério

Paulo argumentou que não ministrava com as armas humanas, mas com a utilização do poder de Deus (ICo 1.18; ICo 4.20).

Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo sempre amém (IPe 4.11).

C) Prepara n d o Pa ra Aten d er E Ma n ter A V o c a çã o :

Frequentemente o obreiro se depara com o questionamento de sua própria chamada.

Talvez o grande engano de alguns seja imaginar que o ingresso no ministério pode simplesmente significar a possibilidade de se ajudar outras pessoas, e não em resposta a uma chamada pessoal e especifica.

Se alguém ajudar os menos favorecidos, antes de pensar em ministério pode optar em ingressar em alguma agência social, pois a chamada ministerial tem amplitude maior que a ajuda ao próximo.

A ajuda ao próximo não representa a real magnitude da vida ministerial, acima dela é possível se listar grandes embates (tremores e temores?) que vez ou outra se chocam com a convicção da chamada.

Quem já não teve diante de si uma platéia desanimada? Quem já não enfrentou a disputa de liderança em seu ministério? E não só a disputa, quem já não foi questionado em suas posições?

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"Não despreze o dom que há em ti" (lTm4.11).

"Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos sábios segundo a carne, nem m uitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados" (IC o 1.26).

"Cada um fique na vocação em que foi chamado" (IC o 7.20).

"Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da vossa vocação, e quais as riquezas da gloria da sua herança nos santos" (E f 1.18).

"Há um só corpo e um só espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação " (E f 4.4).

"Por isso também rogamos sempre por vos, para que o nosso Deus vos faça digno da sua vocação, e cumpra todo o desejo da sua bondade, e a obra da fé com poder" (2Ts 1.11).

2) P r e p a r o Fa m il ia r

A Bíblia contém várias orientações sobre a condução familiar. No que concerne aos obreiros temos as seguintes orientações bíblicas:

A) Ter seus filhos em obediência (lTm 3.4; lTm 3. 12):

B) Marido de uma só mulher (lTm 3.2,12):

3) P r e p a r o Ét ic o - H o m b r id a d e : " S ê H o m e m ..."

As últimas palavras de Davi a seu filho Salomão são deveras contundentes (lRs 2.3), pois sintetizam a expressão de um caráter ético que um homem deve ter.

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O momento não permite adentrar em questões especificas quanto ao tema da ética (tal matéria deve ser tratada em estudo especifico sobre o tema ética ministerial), mas acredito ser um grande desafio para o obreiro da presente geração estar preparado para ser homem.

Alguém pode pensar que quero polemizar com o tema proposto, até mesmo com a proposta da aceitação ou não de somente "homens" no ministério.

Não trato a expressão "ser homem" no significado de ser ou pertencer ao sexo masculino. Nem tão pouco no sentido do obreiro "ser homem" para expressar caracteres de virilidade, (tem muita gente que pensa que ser homem, é ser grosso. Tem obreiro que é mais grosso que hipopótamo!).

Pretendo utilizar a expressão bíblica ("sê homem") para enfatizar que o obreiro deve ter hombridade.

De acordo com o dicionário Aurélio, a palavra hombridade significa nobreza de caráter, dignidade.

Portanto numa geração em que os valores da nobreza de caráter e dignidade são substituídos pelo desrespeito e imoralidade, realmente é desafio para o obreiro estar preparado para ser homem.

A) Q u a lid ad es Do Ca ráter Do M in istro ( I T m 3.1-7; Tt 1.5- 8):

Se a igreja deseja realizar a sua missão de proclamar o evangelho e orar por todos, ela precisa ser governada devidamente e saber o verdadeiro motivo da sua existência.

O texto de 1 Timóteo 3.1 começa com a expressão "Fiel é a Palavrd'. Esta frase é a segunda das cinco "confissões fiéis", em Timóteo, para apresentar citações, especialmente, as declarações bem conhecidas do povo. Ela foi tomada por empréstimo de uma expressão helenista: "O dizer é firme".

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Em seguida, o Apóstolo afirma o seguinte: "Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja". O autor bíblico exemplifica as virtudes necessárias ao bispo, mostrando-se ansioso para que os supervisores cristãos tivessem exatamente as qualificações desejadas. É um grande privilégio para um cristão autêntico desejar o ministério pastoral, mas também é uma grande responsabilidade moral e espiritual.

"Aspire/', no grego original é "Orego", que significa "Esticar-se, estender a mão", ou seja, metaforicamente, "Aspirar", "desejar com intensidade". É um desejo nobre, de objetivos nobres de conquistar, as qualificações necessárias ao episcopado.

"Episcopadd', no grego é "Episkope", que significa "Vista", mas, no contexto, está em foco a "posição de liderança" ou "Ofício de um supervisor". Podemos tirar a seguinte dedução do termo episcopado é que o bispo tem que ser uma pessoa de visão e que saiba administrar as coisas eclesiásticas com eficiência, um bom bispo é um bom administrador da casa de Deus.

"Exceienté', no grego é "Kalos", que significa "Bom", "Excelente", "Nobre". Era também usado como "Livre de defeitos", "Precioso". A lição que podemos aprender deste termo é que o episcopado deve ser procurado e desejado pelos os homens mais espirituais, porque uma igreja administrada por homens com desejos gananciosos é fadada a ruína e a perdição. E a igreja deve ter o cuidado para não colocar na sua liderança homens que não tenham um caráter de excelência espiritual.

"Alm ejd ', na língua grega é "Epithumeo", que significa "desejar com intensidade", "anelar por". Esta palavra pode ser usada tanto no sentido de um desejo bom ou como um desejo mal.O aprendizado que é exarado do termo "Epithumeo" é que o bispo deve ter firme convicção do que ele quer e o que é requerido dele como um oficial importante da igreja.

No Novo Testamento, era estranha a prática comum cotidiana de alguém se autointitular pastor. De conformidade com as Escrituras, era a igreja que detinha o poder de investir alguém do

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pastorado. Isso era observado na igreja primitiva, onde o candidato ao episcopado era avaliado em suas qualificações espirituais e depois oficializado como pastor. Como podemos notar, tornar-se pastor não é simples e rápido. Aliás, a Bíblia até proíbe que seja assim quando Paulo diz a Timóteo: "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos" (lTm 5.22).

Os versículos de Timóteo 3.2-7 apresentam as qualificações do ofício pastoral. Todas estas qualificações, exceto duas (apto para ensinar e não neófito) são aplicáveis a todos os crentes de forma geral, mas o pastor de maneira inequívoca deve expressá-las com toda intensidade do seu viver, porque ele deve ser um padrão de vida cristã para os fieis.

"É necessário, portanto, que o bispo". Nesta seção os oficiais do sexo masculino são chamados bispos ("Superintendentes") (Grego Episkopoi). Em uma sociedade feminina, onde a igreja está aceitando progressivamente a ideia de ordenação de mulheres ao ministério, devemos perguntar o que a Bíblia diz sobre o assunto.

Alguns afirmam que as mulheres exerceram na igreja primitiva as mesmas funções masculinas e que não há nenhuma diferença eclesiástica entre um homem e uma mulher, e que todos os dois podem exercer o pastorado sem problema nenhum.

Augustus N. Lopes fez o seguinte questionamento: "Se as mulheres exerceram os mesmos ministérios que os homens no período da igreja apostólica, porque não há nenhuma menção no Novo Testamento de apóstolas, presbíteras, pastoras ou bispas? Por que não há qualquer recomendação de Paulo quanto à ordenação de mulheres, quando instrui Timóteo e Tito quanto à ordenação de presbíteros? Basta uma lida superficial em 1 Timóteo 3.1-7 e Tito 1.5-9 para se ter a impressão de que ele não tinha em mente a ordenação de mulheres: o oficial deve ser marido de uma só mulher, deve governar bem a sua casa e os seus filhos.

O ofício de bispo é uma obra: "bispo" não é um mero título de honra, mas é uma obra de muita responsabilidade

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espiritual (note as fortes advertências de Paulo em Atos 20.28-32). Esta obra deve ser feita somente por homens preparados e qualificados pela palavra de Deus! Vejamos algumas dessas qualificações:

C Q Irrep reen síve l (lTm 3.2). A primeira qualificação do bispo que encabeça a lista das outras é que ele tem que ser irrepreensível. Do grego av£niÀr)nnxov é "Anepilêmptos", que significa, "que não admite censura; que não pode ser repreendido", literalmente "não tirar proveito de", daí "irrepreensível". O líder cristão tem de ser um homem contra o qual não se possa fazer qualquer crítica. O termo grego é empregado em relação a uma posição que não está exposta a ataque, ou seja, não deve apresentar nenhum defeito óbvio de caráter ou de conduta, na sua vida passada ou presente que os maliciosos, seja dentro, seja fora da igreja, possam explorar para desacreditá-lo.

EQl M a r id o d e um a s ó m u lh er - fiel Marido de uma mulher (lTm 3.2). A Segunda qualidade exigida do Bispo é que seja marido de uma só mulher. Alguns intérpretes sugerem: 1. O Pastor não pode ser polígamo; 2. Não pode se casar de novo se a esposa falecer; 3. Deve ser fiel a uma só mulher; 4. Não pode ser solteiro; 5. Não pode casar-se, pois a igreja seria a Esposa, e isto exige o celibato pastoral. As interpretações 1 e 3 são as que se fundamentam na Bíblia. Todavia, no contexto podemos ter a certeza de que significa que ele é um marido fiel que mantém os seus votos conjugais e santidade do lar cristão. Um homem solteiro, de grande piedade, não deve ser barrado de ocupar qualquer ofício eclesiástico, porque o texto bíblico não afirma que o pastor deve ser casado, mas se é casado deve ser fiel apenas a uma mulher.

É Q Vig ila n t e (lTm 3.2). Ou temperante, moderado, não pode ter vícios.

C ll Sóbr io (lTm 3.2). Outra qualidade é que o pastor deve ser sóbrio. Sóbrio é a tradução de "Sophron", vocábulo que quer dizer "prudente", "previdente", "autocontrolado". A palavra

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inclui a ideia de ter uma mente sã, ser discreto, casto e ter domínio sobre os desejos sexuais. Uma das maiores vitórias de um pastor é a conquista de si próprio. Não se pode dizer que um pastor sem firmeza de caráter pertença a si mesmo, ele pertence a qualquer outra coisa que quer cativá-lo.

03 H o n esto (lTm 3.2). Deve agir com honestidade tanto com os domésticos da fé quanto com os de fora. A palavra grega também significa modesto, simples, no sentido de ser alguém que se dá com todos indistintamente.

03 H o sp ita le ir o (lTm 3.2). Deve receber a todos com alegria em sua casa (Hb 13.2). Outra qualidade do pastor é que ele deve ser hospitaleiro. A palavra "philoxeno" contém a ideia de alguém que mantém um coração aberto e uma casa aberta. O Bispo é amigo dos forasteiros e compartilha das necessidades deles. Podemos afirmar, pois, que nenhum homem que seja líder espiritual numa congregação local cristã, ou tenha alguma função importante na mesma, como o pastorado, não possa deixar de ser um indivíduo de tendências generosas.

03 A p to para en sin a r (lTm 3.2). Não são apenas os mestres e pastores que possuem incumbência de ensinar - todo obreiro deve estar bem familiarizado com a Bíblia. As três palavras formam uma só no grego - didática - mostrando a dedicação que se deve ter para tal serviço.

03 O o b r eir o n ã o d e v e s e r d a d o a o vin h o [U m 3.3). Deve abster-se de bebidas alcoólicas. O termo grego é "Paroino". O Apóstolo Paulo exorta em favor da moderação. Mas a total abstinência é a conduta ideal para o ministro do evangelho, pois isto evitará críticas, tentações e suspeitas.

03 O o b r eir o d e v e s e r co rd a to . No grego é "Epieikes", que significa "gentil", 'bondoso", "pronto a ceder", "dotado de espírito tolerante". Agindo desta maneira o bispo estará imitando o próprio Jesus, que é o modelo supremo de bondade e tolerância. O pastor deve ter como padrão comportamental a vida de Jesus Cristo.

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f f ll NÃO espa n c a d o r (lTm 3.3). Conforme outras traduções, não pode ser briguento, nem violento. Deve ser um modelo de pai e de esposo, não agredindo nunca fisicamente sua esposa e filhos.

f f ll NÃO CONDIZENTE COM GANÂNCIAS DESONESTAS - não cobiçoso de torpe ganância (lTm 3.3). Não deve ser cobiçoso nem possuir torpe ganância, não deve ter uma ambição desmedida. Deve possuir um trabalho honesto, pelo qual obtenha uma justa remuneração. Devem abominar o lucro ilícito.

(03 M o d er a d o (lTm 3.3). Ou cordato, que é uma tradução melhor, no sentido de que deve ser uma pessoa gentil, amável, tolerante (com as pessoas, não com o pecado), longânimo, a exemplo do próprio Jesus (2Co 10.2 - a mesma palavra grega é aqui usada).

GQ A m á v el. Não contencioso (lTm 3.3). Conforme outras traduções, deve ser inimigo de contendas e deve ser pacífico.

E Q Nã o a v a r en to (lTm 3.3). Conforme o grego e algumas traduções, não deve amar o dinheiro (Mt 6.24; Lc 16.13 - Mamom21 também é traduzido na Bíblia como "riquezas").

f f ll Q u e g o v er n e b em a su a p r ó pr ia ca sa . Deve cuidar da Igreja como se estivesse cuidando da sua própria família (lTm 3.4,5). Aqui fica bem claro que se não possui capacidade de cuidar da própria família, igualmente não tem capacidade de administrar a Igreja de Deus (v. 5). O sentido de governar não é o de fazer o que bem entende - e sim ter o senso de responsabilidade, direção, superintender, dar a devida atenção, ser protetor e guardião. Quanto aos filhos, de acordo com a Bíblia na Linguagem de Hoje, "saber educar os seus filhos de maneira que eles lhe obedeçam com todo o respeito".

f f l Nã o seja n eó fito (lTm 3.6), ou seja, alguém que não seja convertido a pouco tempo. A razão apresentada é "para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo". Existe o

21 Do hebraico "Mamom" (ito), que significa literalmente "dinheiro".

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perigo para o novo convertido em ver de maneira errada o objetivo de seu ministério. A seriedade do perigo é tratada comparando-se ao pecado de Lúcifer: "não deve ser alguém convertido há pouco tempo; se for, ele ficará cheio de orgulho e será condenado como o Diabo foi" (Bíblia na Linguagem de Hoje).

f f ll Q u e tenha b o m testem u n h o d o s q u e e stã o d e fo ra (lTm 3.7). 0 testemunho dos que não são crentes também conta - e não apenas da Igreja. E isto "para que não caia em afronta e no laço do diabo" ou conforme outra tradução, "para que não fique desmoralizado e não caia na armadilha do Diabo".

f f ll Q u e tenha f ilh o s f ié is (Tt 1.6). Ou crentes, conforme outras traduções, deve esforçar-se para que todos os seus filhos sejam crentes, mas nunca obrigá-los (Zc 4.6). Uma cuidadosa educação e fervorosas orações são recomendáveis para esse fim.

f f ll Q u e n ã o p o ssa m s e r a c u sa d o s d e d isso lu ç ã o (Tt 1.6). Não podem viver dissolutamente. O que é dissolução? É cometer atos sem preocupar-se com as consequências, o que lhe importa é o aqui e o agora. Veja o triste exemplo do filho pródigo (Lc 15.13). Conforme a Bíblia na Linguagem de Hoje, não podem ter fama de maus.

GQ Nã o d eso b ed ien tes (Tt 1.6). Não podem ser insubmissos ou insubordinados.

f f ll A m ig o d o bem , ju sto , sa n to e tem per a n te (Tt 1.8). Deve zelar por tudo o que é bom e o que representa o bem; deve ser justo em todas as suas atitudes e decisões; deve viver uma vida de santidade; e deve saber controlar-se a si mesmo.

f f ll De v e s e r ir r e p r een sív e l co m o d esp en seir o da casa d e D eu s (Tt1.7). Deve ter responsabilidade com o trabalho de Deus. A palavra despenseiro aqui no grego (oivkono, moj - oikonomos) também é traduzida em outras passagens como mordomo (Lc 12.42; ICo 4.1,2; IPe 4.10). Somos mordomos das coisas de Deus.

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H l Nã o so b er b o (Tt 1.7), ou seja, não pode ser orgulhoso (ver também Jó 26.12; SI 19.13; 138.6; Ez 21.26; Tg 4.6; IPe 5.5).

CO Nã o ir a cu n d o (Tt 1.7). Isso quer dizer que não pode ter ira no coração. A ARA traz "não irascível", que quer dizer "não irritável", "não encolerizável". O obreiro não pode ser inclinado à ira, de temperamento explosivo, nem "ter mau gênio".

Ê Q R e te r f ir m e a f iel p a la v r a (Tt 1.9). A ARA explica melhor: "apegado à palavra fiel". Precisam preocupar-se em pregar somente aquilo que está de acordo com a Palavra, evitando ensinar o que não convém (Tt 1.11), não inventando "fábulas" e nem se comprometendo com mandamentos humanos que estão em aberto conflito com a Bíblia (Tt 1.14). Assim, estará apto tanto para admoestar com a sã doutrina (a Igreja) como para convencer os contradizentes (tantos os de dentro como os de fora).

£Q NÃO PODE SER ESCOLHIDO PRECIPITADAMENTE (lTm 5.22). Deve-Se seguir estritamente a orientação do Senhor, para que não haja posteriores prejuízos ao bom andamento da obra.

£ 0 "NÃo d esp r ezes o d o m q u e h á em 77" (lTm 4.14). Isto mostra que embora o presbiterado não esteja incluído diretamente entre os dons ministeriais, é um dom no sentido de ser um presente do Pai, o simples privilégio de estarmos exercendo esta obra excelente (lTm 3. 1).

I l l l B oa Rep u ta ç ã o (At 6.3). Conforme o grego, isso quer dizer que devem ter um bom testemunho cristão.

£Q Ch e io s d o Es p ír it o Sa n t o (At 6.3). Os Diáconos deveriam ter sido participantes da experiência pentecostal, assim como fora com os apóstolos. Em outras palavras, batizados com o Espírito Santo.

t H Ch e io s d e Sa b ed o r ia (At 6.3). Conforme colocado pelo versículo, seria ação direta da atuação do Espírito Santo. Esta sabedoria, além de espiritual, precisava ser terrena, para que eles pudessem lidar com as questões práticas do dia a dia. Isto inclui

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sabedoria para administrar, lidar com murmurações, finanças - apresentando habilidade, portanto para soluções práticas.

Ê Q "S em elh a n tem en te..." (lTm 3.8). Isto mostra que, embora muitos considerem o ofício diaconal sem muita importância, o mesmo que é exigido de presbíteros e pastores é exigido dos diáconos. O fato de exercerem o diaconato não quer dizer que serão menos espirituais.

0 3 H o n esto s (lTm 3.8). Ou respeitáveis: não conseguirão respeito se não forem honestos.

0 3 NÃO DE LÍNGUA d o b r e [U m 3.8). Ou de uma só palavra (Mt 5.37; 2Co 1.17; Tg 5.12). No ministério é necessário possuir o mesmo falar com todos.

03 Gu a r d a r o m istér io da f é [lTm 3.9). 0 obreiro deve ser alguém de profundas convicções cristãs; além disso, deve zelar pela boa doutrina. Conforme a Bíblia Na Linguagem de Hoje "Eles devem se apegar à verdade revelada da fé". A exemplo de Estêvão e Filipe, deve estar de tal maneira familiarizado com a Bíblia que também esteja apto a ensinar.

03 P ura co n sciên c ia (lTm 3.9). Ou uma consciência limpa. Aqui o texto é bem claro: o obreiro não pode ter uma consciência "pesada", atormentada por culpas de alguma espécie. E, completando a primeira parte do versículo, deve ter a fé cristã de maneira pura, não usando o evangelho para fins próprios.

CQ To d o s o s o b r eir o s d ev em p a ssa r p o r u m p er ío d o d e ex p er iên c ia (lTm 3.10). Antes da consagração, devem passar um período em observação. A palavra grega para "provados", aqui, fala de provar como a metais. A criação dentro da Assembléia de Deus do cargo de Auxiliar de Trabalho atende bem este propósito. Note que se requer serem irrepreensíveis, para depois então servirem.

03 Te r b o m testem u n h o (lTm 3.7; At 6.3): 0 obreiro cristão deve ser, antes de tudo, "exemplo dos fiéis" (4.12,15; Tt 2.7; IPe 5.3). Isto é: sua vida cristã e sua perseverança na fé podem ser

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mencionadas perante a congregação como dignas de imitação. Santo, cheio do Espírito Santo (Tt 1.8; At 6.3).

Compreendemos também que se um homem possuir todas as características bíblicas poderá ser um obreiro, desde que reconhecido pela congregação local, e que qualquer objeção da igreja ao candidato deve ser por causa da falta de um desses atributos, e não por opiniões pessoais.

Lembramos também que essas escolhas devem ser feitas com bastante sensatez, sem precipitação, obedecendo 1 Timóteo 5.22. “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não te torne cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a ti mesmo puro."

B) O utras q u alid ad es de ca rá ter do m in istro q u e nos

ENSINAM AS SAGRADAS ESCRITURAS

d Sa n tid a d e . O Dr. Russel Shedd, ensinou certa vez de forma simples e profunda o que significa santidade: "Santidade, é fazer aquilo que Deus gosta". Simples e profundo, não? Ser santo é ser piedoso - separado para Deus. É ser como Ele, cheio do fruto do Espírito, que é o seu caráter. Portanto, a santidade deve ser o alvo de sua vida. A santidade, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, é atributo que no seu sentido mais elevado, se aplica a Deus. Para conhecermos a santidade de Deus, é necessário arrependimento. Há muitas pessoas na igreja que desejam conhecer o amor manifesto de Deus sem a santidade manifesta de Deus. Perdemos de vista a mensagem do arrependimento. Quando se entra na estrada da santidade, não significa que se é perfeito. Significa que se está caminhando numa estrada de transformação. A santidade se inicia dentro da pessoa, como um desejo correto de expressar- se corretamente. É uma questão não apenas da ação que desempenho, mas das motivações que me levam a executá-las. A motivação, os objetivos, a paixão, o desejo, os anseios, as aspirações, as metas e a direção de uma pessoa santa é agradar

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a Deus. Tanto pelo que faz como pelo que evita fazer. Em outras palavras, praticam-se coisas boas e evitam-se as más. Devemos trabalhar para manter nosso coração ativamente obediente a Deus.

d M o d éstia . Jesus sempre foi modesto! Ele deu-nos exemplo de humildade, mesmo sendo Deus, Rei dos reis e Senhor dos senhores. Poderia ter nascido em berço de ouro, uma vez ser Ele o dono do ouro e da prata, mas nasceu numa manjedoura. Também como selados por Cristo, pela eleição de Deus (lTs1.4), para salvação, em santificação do Espírito (2Ts 2.13), devemos nos guardar de tudo que denigre a imagem de um cristão. Seja também discreto, humilde e modesto. Mas o que é modéstia? Moderação; ausência de vaidade; simplicidade; sobriedade; compostura.

G3 Q u an to a o s co m pr o m isso s. O pastor tem um compromisso inalienável com a verdade. A Bíblia recomenda que o servo de Deus seja de "uma só palavra" e de "um só falar", (lTm 3.8; Mt 5.37). A mentira não tem grau. Alguns querem desculpar-se que disseram uma "mentirinha" ou então que foi uma "mentira inofensiva (santa?)". Toda mentira desvaloriza a pessoa humana, logo, o obreiro que usa de mentiras estará se depreciando diante de seu povo. O obreiro deve ter cuidado com seus compromissos. Ao empenhar sua palavra. Ele deve fazer todo o possível para cumprir o prometido, mesmo com prejuízo. Muitas pessoas se escandalizam ou rejeitam o Evangelho porque fizeram tratos com obreiros e depois estes se negaram a cumpri-los (Pv 6.12,17; 19.5; Zc 8.16; 2Co 13.8). Dívidas são compromissos. O texto de Romanos 13.8, segundo a melhor interpretação, não proíbe tomar emprestado, mas sim faltar com o pagamento ou contrato. Isso demonstra falta de amor para com aquele que está sofrendo o prejuízo, e o cristão tem o dever de amar seus semelhantes (Rm 12.10; 13.8-10).

CQ H u m ild a d e (Mt 5.3). A humildade é a primeira qualidade inerente à condição humana. O oposto é o orgulho a soberba, a arrogância, a autossuficiência, etc.

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£Q Co n tr iç ã o (Mt 5.4). "Os que choram". Não são os que choram por raiva ou autocompaixão, e sim aqueles que ao conhecer-se diante de Deus se quebrantam por sua condição, pecado e miséria e mudam de atitude, se humilham. Também choram diante do amor e da graça de Deus. Alem disso, sensibilizados pelo amor de Deus, choram com os que choram, com os que sofrem e pelos perdidos. Eles serão consolados.

£Q] M a n s id ã o {Mt 5.5). "Os mansos" obedecem com boa disposição são submissos, pacientes, tem domínio próprio. O contrário à mansidão é a rebeldia, que leva à violência, briga, gritos, insolência, queixa, impaciência, etc.

£ 3 J u stiça (Mt 5.6). "Os que têm fome e sede de justiça". Não são os que exigem que se lhes faça a justiça, e sim aqueles que têm como o maior desejo em suas vidas o de serem justos, santos, retos, honrados, de boas obras.

£Q M iser ic ó r d ia (Mt 5.7). "Os misericordiosos". Significa ter coração para aqueles que estão na miséria. A miséria tem duas expressões principais: Amabilidade para com todos, ajuda e generosidade com os que sofrem.

U H P u reza d e c o r a ç ã o (Mt 5.8). "Os limpos de coração". Significa sinceridade, transparência, boa consciência, desejos puros, intenções corretas, motivações santas, sem engano nem mentira sem hipocrisia. Eles verão a Deus.

CO Pa z (Mt 5.9). "Os pacificadores", perdoam, renunciam seus direitos, cedem, não brigam, preferem perder, tem resposta branda. Também pacificam a outros que estão com inimizades, são instrumentos de reconciliação.

UH A leg r ia n o so fr im en to in ju sto (Mt 10-12). "Os que sofrem perseguições por causa da justiça". São os que diante do sofrimento, a perseguição e a calúnia, ao invés de deprimir-se, se alegram e se regozijam.

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Outras qualidades de caráter que nos ensinam as Sagradas Escrituras:

Serviço (Mt 20.26-28) v'' Laboriosidade (Pv 6.6-11; 2Ts 3.7-12)•/ Diligência (Pv 10.4; 13.4)■f Constância (2Tm 3.14)S Autodisciplina (ICo 9.25-27 - Submissão à disciplina)S Responsabilidade (lTm 3.4; lTs 4.11)•f Estabilidade (Ef 4.14)■f Firmeza (Ef 6.11)■f Valentia (Jo 1.6-9)S Sinceridade (Hb 10.22)S Flonradez (lTs 4.6)•/ Integridade (SI 15.2)

•S Imparcialidade (lTm 5.21; Lv 19.15)•S Respeitador (IPe 2.17)

C) Exem plo de Pa u lo , o M in istro

"E nós, cooperado também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão (porque diz: Ouvi-te tempo aceitável Esocorri-te no dia da salvação; Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado. Antes, como m inistros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros" (2Co 6.1-8).

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4) P r e p a r o C u l t u r a l : Pa u lo P er a n te O s A te n ie n s e s

O tema "cultura" já foi tratado como um elemento social que sofreu a influência de tempo e espaço, e faz com que as posturas do homem sejam modificadas. Foi dito que o obreiro deve manter postura firmada na Palavra de Deus, que é imutável.

Todavia, isto não significa que o obreiro deve ser aculturado (sem cultura), ou não buscar se aperfeiçoar.

O quanto mais em uma geração onde acesso à informação é a tônica, sendo inevitável que a cultura do povo aumente, constituindo-se, por este motivo, um desafio para o obreiro preparar-se culturalmente.

Com certeza o exemplo de um obreiro preparado culturalmente é Paulo. Em várias passagens bíblicas observamos o apóstolo conectado com o seu tempo. Ele buscava conhecer as pessoas e sua cultura. (ICo 9.22).

Quando chegou a Atenas, na Grécia, a terra da Filosofia, Paulo não começou a pregar por Moisés, mas pregou no nível cultural dos atenienses, a Filosofia.

O seu sermão, apesar da falta de compreensão de alguns comentaristas que dizem ter sido improdutivo, é uma peça de adequação ao momento e à cultura. (Atos 17.22-33)

Portanto, o obreiro deve estar preparado culturalmente, e hoje já não se permitem as desculpas do passado quanto à falta de oportunidade e recursos.

Pelo menos em dois aspectos o obreiro deve estar preparado culturalmente:

l s ) C u lt u r a B íb l ic a :

1 Ler, estudar a Bíblia Sagrada: várias versões, versões no original etc.

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1 Ter a disciplina de consulta a bons comentários bíblicos: apesar dos custos, com um pouco de esforço é possível ter uma biblioteca básica. É inconcebível que existam obreiros que utilizem do texto de Lucas 12.11 como desculpa para sua falta de preparado cultural.

1 Empenhar-se participar de eventos de aperfeiçoamento: EBO's, Congressos etc.

2a) C u lt u r a G er a l

Quero deixar bem claro que estar preparado culturalmente não tem relação direta com grau de instrução. Há pessoas que não têm instrução formal (por motivos diversos e alguns justificados), no entanto com o tempo e experiência estão culturalmente preparados. Outros, ao contrário, têm um bom nível de instrução formal, mas não conseguem vislumbrar além de seu restrito mundo de conhecimento.

Portanto, a busca pela cultura geral é um desafio para0 obreiro dos dias hodiernos. Manter-se informado é obrigação de um obreiro que deseja bem executar o seu ministério. Então vejamos algumas maneiras de buscar-se o preparo cultural:

1 Leitura de jornais, periódicos e afins;

i Acesso aos meios de comunicação de massa: TV e internet.

5) P r ep a r o S o c ia l : O P ed id o D e Sa l o m ã o : Sa ir E En tr a r

"Dá-se, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo; pois quem poderia juigar a este tão grande povo?" (2 Cr 1 .1 0 - grifo nosso)

"Dá-me, pois agora sabedoria e conhecimento" 2Crônicas 1.10a. Deus havia prometido o reino de Jerusalém a Salomão, e assim ocorreu, sucedendo a Davi, seu pai.

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Salomão sabia que estava dentro do caminho de Deus para ele, se esforçou no seu reino, Deus era com ele e Deus o engrandeceu sobremaneira. (2Crônicas 1.1).

O filho de Davi não tinha dúvidas dos sonhos de Deus a respeito dele. Sabia o que Deus esperava dele e esforçou-se em sua meta divina: ser rei.

A obediência às expectativas de Deus a nosso respeito tem como resultado a atração da presença divina para nós e como resultado somos exaltados e engrandecidos por Ele nestas atribuições.

Quando obedecemos, Deus vem para ficar conosco e nos levantar e foi o que Salomão fez. Não ficou com medo do irmão, rival ameaçador ao trono, e nem assumiu o seu posto de qualquer jeito: Salomão se esforçou para reinar para Deus e também reconheceu que era Deus quem o firmara como soberano do povo de Israel.

Como consequência à sua obediência, esforço dentro do ministério que Deus lhe dera e fidelidade ao Pai, ele atraiu ao próprio Deus, que lhe apareceu perguntando-lhe o que queria que Ele lhe desse.

Como agiríamos se tivéssemos o próprio Criador nos perguntando agora: "Pede o que queres que eu te dê." O que haveria de fato no nosso coração? riquezas? bens? honra? a morte dos que nos odeiam? muitos dias de vida? Não foi o que Deus encontrou ao sondar o coração de Salomão. Ele encontrou um pedido sincero de capacidades para levar a bom termo o seu reinado, ou seja, pediu dentro daquilo que Deus já havia prometido a ele através de Davi

"Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo; pois quem poderia julgar a este tão grande povo?" O pedido de Salomão a Deus estava de acordo com aquilo que Deus lhe comissionara a fazer e, assim, foi atendido.

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"E deu Deus a Salomão sabedoria, emuitíssimo entendimento, e largueza de coração, comoa areia que está na praia do mar. " (lR s 4.29).

Mas Deus sempre nos dá muito mais do que pedimos ou pensamos e com Salomão ocorreu o mesmo: Deus além de fazê- lo o homem mais sábio de todos os tempos, também o fez riquíssimo materialmente, com paz e habitava seguro!

Quando estamos empenhados em concretizar os sonhos de Deus para cada um de nós, Ele mesmo vê o nosso esforço, vem para estar ao nosso lado e nos exaltar, se há sinceridade de propósito no nosso coração.

É dentro deste cenário espiritual que Deus vem a nós e fala amorosamente: "Pede o que queres que eu te dê." porque Ele sabe que nosso pedido será exclusivamente para cumprirmos com êxito o que Ele nos comissiona a fazer e não para outras finalidades.

A) Na Ig reja (Lc 10.25-37; T g 1.5-6)

Todo obreiro, mais cedo ou mais tarde, será criticado. Porém, a crítica mais dolorida não é tanto dos descrentes, pois deles é de se esperar qualquer tipo de crítica, mas as que mais ferem o obreiro são aquelas que vêm de pessoas que estão no rol dos membros da igreja.

Paulo sofreu este ataque de alguns membros da Igreja de Corinto (ICo 4.3; 2Co 10.10-13; 2Co 11.6).

Outro exemplo de crítica violenta que abala o obreiro ou dirigente encontra-se no livro de Números quando Arão e Miriã criticaram a Moisés devido o seu casamento com a mulher cuhita (ou cusita - etíope- Nm 12.1-15).

Deus, entretanto, tomou as dores de Moisés e deu uma dura reprimenda em Arão e Miriã por terem falado contra Moisés. Não sei o porquê, mas Deus foi muito mais severo com Miriã, irmã de Moisés, deixando-a leprosa (Nm 12.10).

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Outra dificuldade que o obreiro, evangelista, pastor ou qualquer dirigente de igreja depara em seu caminho, é quando algumas pessoas o consideram como um "superstar" ou "super- espiritual".

Há pessoas, por incrível que pareça, que consideram o pastor ou dirigente de igreja um "semideus". É claro que o pastor deve ser exemplo em tudo, mas considerá-lo como alguém que tem a solução para todos os tipos de problemas, é o cúmulo do absurdo.

Creio que todo obreiro, mais cedo ou mais tarde, terá de enfrentar esse tipo de problema. A nação de Israel caiu gravemente neste erro quando achou que seu líder era um "super­homem". Moisés não aguentou a pressão de tanta "choradeira" do povo e disse a Deus:

"Concebi eu porventura todo este povo? Dei- o eu à iuz, para que me dissesses: Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança de peito, para a terra que com juram ento prom eteste a seus pais? Donde teria eu carne para dar a todo este povo? Porquanto choram diante de mim, dizendo: Dá-nos carne a comer. Eu só não posso levar a todo este povo, porque me é pesado demais. Se tu me hás de tratar assim, mata-me, peço-te, se tenho achado graça aos teus olhos; e não me deixes ver a minha m iséria" (Nm 11.12-15).

Quando o obreiro é pressionado desta maneira, a sua reação é semelhante à de Moisés. Mas com o tempo o pastor ou dirigente de uma igreja aprende a se esquivar de tais problemas, mas naturalmente, isto se aprende depois de muitos anos no "batente".

Antigamente eu perdia noites de sono com alguns problemas que membros de minha igreja me traziam. Eram problemas que estavam além de minha capacidade.

Eram questões familiares, tais como: brigas de esposo e esposa; pais que vinham reclamar de um determinado filho rebelde;

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alguns dizendo que precisavam de emprego; outros que diziam que estavam com falta de dinheiro etc. Ora, esses tipos de questões o pastor ou dirigente de igreja não pode solucionar. Podemos e devemos orar a Deus, e esperar que Ele dê a solução ao problema.

Se o pastor ou dirigente de igrejas forem ajudar financeiramente os irmãos pobres, então precisaria de uma fortuna tal como a do Bill Gates ou de qualquer outro bilionário deste mundo. Porém, como é o caso de muitos pastores e dirigentes, eles estão na lista dos mais pobres de suas igrejas.

O pastor deve aprender que sua principal ocupação é cuidar do rebanho de Deus e procurar ganhar almas para Cristo. Que nós, pastores e pregadores, aprendamos agir como Cristo: "Homem, quem me constituiu a mim como juiz ou repartidor entre vós?" (Lucas 12.14).

As dificuldades financeiras e as diferenças sociais são uma realidade, porém, o pastor ou dirigente não pode fazer nada para resolver esta questão. As Sagradas Escrituras dizem que os pobres sempre existirão na terra (Dt 15.11; Mt 26.11).

B) Na So cied a d e ( I tm 3.1)

O pastor é uma pessoa compromissada com Deus, como lar, com a igreja e com a sociedade. A ação pastoral é complexa e exige dele um comportamento polivalente. Na ação pastoral, o Ministro precisa ser: santo e disciplinado, pastor do seu próprio lar, líder carismático e, homem de Deus com testemunho social.

Será que existe algo mais sério do que o momento devocional que o Ministro precisa ter? É a reflexão, a hora da sua alimentação e de seu fortalecimento. A maturação do homem de Deus requer exercícios espirituais, quais sejam: oração, leitura, tanto da Escritura Sagrada, quanto de outras obras; jejuns e tudo mais que é licito e o faça progredir (lTm 4.7).

Como o Senhor Jesus intercedia pela igreja através da oração, assim, para vencer, o pastor tem de ser um intercessor (Hb

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13.17). Os jejuns do pastor não se restringem a alimentos, mas também à conversa excessiva e, nas devidas proporções, até de sexo, quando devidamente combinado com a esposa, pois ela é com ele uma só carne.

O pastor jamais pode se esquecer de que tem o dever de se dedicar com acuidade ao ministério que desempenha (Rm12.7), porquanto o povo o vê como mensageiro do Deus altíssimo (Ml 2.7).

E, por mais simples que julgue ser o seu rebanho, jamais pode descuidar-se do próprio desenvolvimento cultural, para não cair no ridículo e nem ser um mensageiro que induza o povo a erro, mesmo não tendo tal intenção. Assim, o Ministro tem, em primeiro lugar, uma ação pastoral consigo mesmo.

a) Pa sto r D e S eu Lar

É no lar que o pastor expõe suas virtudes e defeitos. Porém, é inconcebível que os defeitos superem as virtudes. Precisao homem de Deus ter uma constância espiritual em cada setor de militância ministerial.

O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 7.33, fala-nos sobre a situação do casado e suas responsabilidades relativamente ao cônjuge e, em se tratando do ministro de Deus, com maior singularidade, de vez que o seu viver tem fins didáticos para o rebanho.

No desempenho como pai e marido, o pastor precisa equilibrar as funções, porquanto qualquer inclinação exagerada poderá causar estragos que só serão vistos com o passar dos anos.

O Ministro do Evangelho precisa ter mensagem que sirva de alimento para sua esposa e filhos, sendo esta uma das mais árduas tarefas do seu ministério. Os familiares do pastor devem estar lado a lado com ele no labor ministerial, embora saibamos que nem sempre isto é possível, por implicar na decisão pessoal da sua esposa e dos próprios filhos. Além do mais, por vermos que mesmo

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os grandes líderes da história bíblica, em maioria, não galgaram este prazer, ainda que vivenciando uma cultura ultramachista.

Convém advertir que os familiares do pastor não podem ser tidos como pessoas especiais, a ponto de serem prejudicados por excesso de zelo por quem quer que seja ou, então, protegidas pela impunidade.

b) L íder Carism ático Na Igreja

As condutas do pastor, como são sabidas, têm múltiplas facetas, visto ser reconhecido entre povo de Deus, na qualidade de pai, árbitro, conselheiro, irmão maduro, mestre, administrador, planejador, empreendedor, mas, sobretudo na função que lhe é peculiar, ou seja, Profeta de Deus.

É de sua ação pastoral nessas áreas que se pode avaliar seu grau de maturidade quanto ao dom ministerial. Não é bastante que um crente seja espiritual e bom chefe de família para ter condições de gerir a obra de Deus.

Está aí a origem da frustração e da improdutividade de alguns obreiros e também o mais grave equívoco da igreja na escolha de futuros ministros.

c) O Ho m em D e Deus Na So cied a de

Houve um tempo em que o Ministro do Evangelho era visto com maior respeito na sociedade, mesmo sem que a sua mensagem fosse bem acolhida.

Porém, com a proliferação dos "vendedores de bênçãos", o pastor deixou de ser olhado respeitosamente, o que faz com que busque maior respeitabilidade perante a sociedade.

A Bíblia é rica em mostrar qual deve ser a conduta do crente em meio à sociedade, mas chamarei o exemplo de um velho profeta que com seu conhecimento deixou para o obreiro um belo roteiro de vida. Trata-se do profeta Eliseu. Ele foi:

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1 H o m em d e tr a b a lh o . Foi chamado para ser profeta quando arava o campo (lRs 19. 17). Deve o pastor ser conhecido como varão ativo, respeitado pelo seu desempenho em prol do bem pessoal e coletivo;

i S er v o a t e n t o . Foi apegado ao mestre Elias e perseverante no aguardo da bênção (2Rs 2.1-14)

1 M in is t r o sa n t o . Pelos seus modos, distingue-se de longe aos olhos observadores da sunamita, inspirando, assim, respeito e influindo, por certo, naquela vida (2Rs 4. 9)

1 H o m em d e a c e s s o livre. Tanto junto ao mais simples do povo como ao palácio do rei. Porém, humilde e manso (2Rs 4. 13)

1 P r o feta c h e io d e p o d e r . Foi conhecedor dos oráculos do Senhor a ponto de ministrar a concepção da vida (2Rs 4. 16)

1 H o m em c a p a z . Pode desfazer pelo poder de Deus obras estranhas, levando ao seu povo alegria, socorro e reconhecimento da existência do Senhor Deus (2Rs 4.17)

i F in a lm e n t e . S e r M in is t r o d o E v a n g elh o é s e r d e p o sit á r io d e um a m issã o m u it íss im o r e le v a n t e , pouquíssimo entendida, por demais deturpada nos momentos atuais, porém indispensável, pois todo homem precisa de guias espirituais idôneos para auxiliá-lo na visão do caminho para Deus que, embora pareça livre, encontra- se cheio de percalços, como bem ilustra o livro O Peregrino, do autor inglês João Bunyan.

6) P r e p a r o Ps ic o ló g ic o

Para o psicoterapeuta Ageu Heringer Lisboa, líderes evangélicos são vítimas da negligência em relação à própria saúde psíquica. Qualquer observador do meio evangélico - tanto os "de dentro" quanto os de fora - com um mínimo de isenção sabe que a liderança atravessa um momento de grave descrédito perante a sociedade.

Os desmandos de muitos pastores, que se arvoram o direito de gerir as igrejas como extensões da própria casa, e a falta

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de zelo em manter uma conduta íntegra, são geralmente os caminhos mais curtos para a queda. A crise de integridade que assola o ministério cristão tem causas nem sempre claras, mas seus efeitos estão aí, à vista de todos.

O psicólogo e terapeuta Ageu Heringer Lisboa conhece essa realidade de perto. Com experiência clínica de 34 anos, ele tem atendido muitos crentes - e por seu consultório passam também pastores e dirigentes evangélicos. É claro que, por ética profissional, ele não pode pormenorizar casos particulares - mas o que ele tem visto, em termos gerais, é preocupante. "É um segmento normalmente avesso a buscar ajuda psicológica, por receio de se expor perante os colegas e os liderados", comenta.

Geralmente, os pastores deixam os problemas se acumularem anos e anos, sempre empurrando com a barriga, acreditando que encontrarão a saída sozinhos. Quase sempre, dizem não ter confiança em ninguém - daí o motivo de não buscarem ajuda entre colegas, amigos ou familiares.

Quando admitem ter amigos ou confessores maduros, têm vergonha de se expor, preferindo manter uma imagem de alguém, digamos, "normal". Essa posição adoece qualquer um, além de ser hipocrisia. Um dia a casa irá cair, pois o reprimido irrompe de formas incontroláveis; daí ser imprescindível e urgente não protelar e buscar ajuda idônea.

É preciso parar de jogar para a platéia e viver pela agenda dos outros; há que se respeitar os próprios limites, reconhecer pecados crônicos e, importante, reforçar o anseio pela cura. Assim, virá a libertação de padrões neuróticos.

Este é o caminho para a sanidade, que caminha junto com a santidade: o caminho bíblico para um caráter íntegro, santo, saudável.

A resistência de pastores a buscar ajuda psicológica decorre desses fatores? Para eles, admitir a necessidade de buscar ajuda psicológica ou psiquiátrica é assumir uma derrota

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inadmissível. É quase uma negação de fé. Só mesmo quando surta alguém da família, a mulher ameaça abandonar o casamento ou um filho se declara gay é que alguns se rendem à evidência de que a onipotência humana não existe.

Sem dúvida, pastores e líderes evangélicos, mais do que outras pessoas, se apresentam mais resistentes a buscar ajuda psicológica. Vítimas de uma cultura de medo de julgamento por parte de outros, sentem-se cerceados em sua liberdade de ser gente como qualquer outra pessoa.

Muitos caíram nessa armadilha da idealização de figuras pastorais como tendo acesso privilegiado a Deus, como entes superiores e com mais forças para resistir a tentações e coisas tais.

Há os que estão submetidos a líderes de congregações moralistas e controladores do dinheiro e das ideias. Para saírem desse aprisionamento, esses pastores precisam buscar ajuda externa com profissionais que conheçam e respeitem sua fé.

A t iv id a d e s - L iç ã o IV

• Marque "C" para Certo e "E" para Errado:

1) □ O obreiro deve ter a consciência que aplauso ou sucesso se sobrepõe à aprovação de Deus em seu ministério.

2) □ Paulo argumentou que não ministrava com as armas humanas, mas com a utilização do poder de Deus.

3) □ As últimas palavras de Davi a seu filho Salom ão são deveras contundentes ( lR s 2.3), pois sintetizam a expressão de um caráter ético que um homem deve ter.

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4) U O ofício de bispo é uma obra: "bispo" não é um mero título de honra, mas é uma obra de muita responsabilidade espiritual.

5) □ Entre outras qualidades de caráter do ministro que nos ensinam as Sagradas Escrituras, destacamos: a Santidade.

6) □ Com certeza o exemplo de um obreiro preparado culturalmente é Paulo. Em várias passagens bíblicas observam os o apóstolo conectado com o seu tempo. Ele buscava conhecer as pessoas e sua cultura. ( IC o 9.22).

Anotações:

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Anotações:

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O PREPARO DO OBREIRO(CONTINUAÇÃO)

7) P r e p a r o F in a n c e ir o

Certamente um desafio para obreiro dos dias atuais é estar preparado financeiramente. Não quero propor que o obreiro deve ter grandes recursos financeiros, ou tão pouco buscar a riqueza, mas num mundo consumista como o nosso, o verdadeiro obreiro deve dar exemplo também neste particular.

Quantos obreiros há que não conseguem administrar o que ganham, e causam escândalos para a igreja. Tem obreiro que não tem sequer crédito no comércio.

Não há qualquer dúvida de que as dívidas particulares desempenharam um papel chave na atual crise financeira.

Os níveis de endividamento subiram durante várias décadas e é mais que provável que estejam a aumentar também na igreja.

Há pessoas na igreja que estão a sofrer. Uma recente pesquisa efetuada aos pastores Batistas do Sul (EUA) efetuada pelo Lifeway Research revelou que somente um em cada quatro pensava que os membros das suas igrejas estavam com dificuldades financeiras - bem abaixo da verdadeira média nacional.

O Americano médio está a gastar $1.25 dólares por cada $1 dólar que aufere. Suponho que os pastores de outras denominações têm igualmente a mesma falsa impressão das suas congregações.

A maior parte deles não tem a mínima ideia das dívidas existentes no seio da igreja.

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De qualquer modo as dívidas não estão só a afetar os que estão nos bancos da assistência. Também estão a afetar os que estão nos púlpitos. Muitos ministérios estão arruinados porque os pastores estão tão sobrecarregados com as dívidas que abandonam o ministério para arranjarem um trabalho mais remunerado.

As dívidas são um problema que não podemos ignorar por mais tempo. Mas como é que nos livramos delas?

Vejamos oito passos que podem ajudar:

A) A ssu m a J á O Co m pr o m isso De Liv r a r -Se Das D ív idas

Este é o passo mais difícil de todos, mas também é o mais importante. Tem de tomar o compromisso de fazer isto. É absolutamente crucial. A liquidação das dívidas é algo que Deus abençoa.

A Bíblia diz no Salmo 37. "O ímpio toma emprestado, e não paga..!' (v. 21).

Deus não abençoa os ímpios. Isso significa que não podemos tomar o caminho fácil e declarar falência. É verdade que a falência é legal. Mas isso não a torna moral. Não é moral ficar a dever algo a alguém. Deus diz que se temos uma dívida, devemos saldá-la. Isto é duro de pregar nestes dias difíceis, mas é preciso considerá-lo.

As dívidas não desaparecem naturalmente. É preciso vontade e começa com um compromisso. Se quisermos ficar livres de dívidas, temos de fazer o que conduz a isso. Não é fácil! Exige disciplina. Exige perseverança. Mas também é a coisa certa que se tem de fazer.

B) Co m ece Pa g a r A Deus E A Si M esm o Prim eiro

Se quiser livrar-se das dívidas, coloque de parte regularmente a sua oferta ao Senhor e um montante para poupanças.

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Muitas pessoas com dívidas recusam-se a fazer isto porque não compreendem que ofertar a Deus e poupar é uma ajuda.

Se esperarmos até liquidar as dívidas para começar a ofertar ao Senhor e poupar, provavelmente nunca o faremos.

Quando estamos endividados, necessitamos da ajuda de Deus. Isso significa que precisamos agir do modo de Deus.

O fato é que, qualquer que seja a área que queremos que Deus abençoe, temos de colocá-IO em primeiro lugar. Quer que Deus abençoe as suas finanças?

É melhor que O coloque em primeiro lugar nas suas finanças. Jesus disse, "Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas."

C) En u m ere T u do O Q ue Po ssu i. D ev e . E Ga n h a

Você tem de manter bons registros. É o princípio da contabilidade. Necessita de saber para onde tem ido o seu dinheiro, para onde está a ir, e de onde está a vir.

A Bíblia diz isto: "Com a sabedoria se edifica a casa, e com a inteligência ela se firm d' (Pv 24.3).

Você é sábio quando sabe para onde o seu dinheiro está a ir. As pessoas dizem que o dinheiro fala. Ele não fala!

Simplesmente desaparece sorrateiramente. Depois você chega ao fim do mês e pergunta, "Para onde foi o meu dinheiro?"

Se colocou sempre essa questão a si mesmo, é porque não tem um orçamento e precisa de um.

Um orçamento diz ao seu dinheiro para onde quer que ele vá, em vez de se interrogar para onde foi.

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D) Fa ca A lg u m a V enda

Necessita de se livrar de algumas das suas coisas. Necessita de converter algumas das suas coisas de casa em dinheiro "vivo"? Olhe em volta, lá em casa. Mesmo que já esteja pago, a venda pode ser uma boa opção.

Por quê? Porque está a pagar para manter.

Nada deve ficar fora de consideração. Se adquiriu um automóvel, interrogue-se sobre qual o propósito do mesmo. Se for para transporte, há uma série de formas de se fazer transportar de um lado para outro. Haverá uma forma mais barata de consegui-lo? Seja radical.

Você pode comprar uma casa mais barata para reduzir as mensalidades? Faça o que for necessário.

A propósito, se tem algo de que não consegue imaginar ver-se livre, tal não é uma possessão, mas um ídolo. Nada deve ficar fora de consideração.

E) Esta b eleça Um Plano D e A m o rtiza çã o Pa r a S e V er Livre Da D ív ida

Nunca se verá livre da dívida acidentalmente. Consegue-se de forma intencional. Terá de realizar um plano.

A Bíblia diz, "Os pensamentos do diligente tendem à abundância [ou, Quem planeja com cuidado tem fartura, NTLHJ'.

Se necessário, procure ajuda de alguém objetivo que o ajude a realizar isto. É bom ter alguém que diga, "Já pensou nisso? Pode pagar realmente isso?" e, acima de tudo, alguém que o ajude a estabelecer um plano de amortização.

F) Não Co n tr a ir No vas D ív idas

Corte com o vício ou dependência do endividamento. Acabe com os seus cartões de crédito. Não contraia mais empréstimos.

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A razão número um que leva as pessoas a endividarem- se é não conseguirem viver com o que ganham.

Decida hoje que o conseguirá. Para consegui-lo, tem de ficar contente com o que tem. É o único antídoto para o endividamento a longo prazo.

G) Partilh e O Plano Co m Os S eus Cred o res

Dê a conhecer às pessoas a quem deve que as coisas estão a mudar.

Faça uma lista daqueles a quem deve. Telefone a cada um deles e diga-lhes, "Não quero ficar em dívida. Não é bom para ti. Não é bom para mim. Não lhe posso pagar 25 Reais por mês, porque simplesmente não os tenho. Mas posso pagar-lhe 5 reais por mês. Quero liquidar as minhas dívidas. Pode ajudar-me nisto?".

A Bíblia diz, "Sendo os caminhos do homem agradáveis ao Senhor, até a seus inimigos faz que tenham paz com e/e" (Pv16.7).

Os seus credores vão perceber o seu esforço e ajudá-lo-ão.

H) F ir m e-S e IMo O bjetivo

A libertação do endividamento não é fácil. Exige disciplina, esforço, e sacrifício. Mas pode consegui-lo.

Estes princípios funcionam, mas precisa fazê-los funcionar. A Bíblia diz, "E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido" (Gl 6.9).

Será tentado a desistir, mas mais do que nunca, terá de prosseguir e de se firmar no plano.

Necessitará também do encorajamento dos irmãos na fé. Deus está interessado em todos os detalhes da sua vida - incluindo a sua vida financeira. Ele quer que liquide as suas dívidas, e ajudá-lo-á a consegui-lo.

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l) F in a lm en te . V eja m o s Essa "P a rá fr a se Da V id a" (A u to r D esc o n h ec id o )

Ainda que eu repetisse a história da nossa igreja e relatasse as suas belas experiências, se tivesse dívidas, seria como metal que soa ou como o sino que retine.

Ainda que realizasse muitas séries de conferências, fosse campeão mundial de batismo, e ainda que ganhasse milhares de almas para Cristo, se tivesse dívida de nada seria.

Ainda que eu devolvesse fielmente o Dízimo e desse muitas ofertas para os pobres, e ainda que destruísse o meu corpo no trabalho da igreja, se tivesse dívida nada disto me aproveitaria.

O ministério é o serviço do amor, o amor é paciente, é benigno, o endividado trata com leviandade e irrita-se com os administradores.

Aquele que tem dívida, porta-se indecentemente, busca os seus próprios interesses, de todos suspeita mal, folga com a injustiça e perde o amor para com a verdade.

O obreiro fiel e consagrado, temente a Deus e a Sua igreja, quando surgem problemas financeiros, "tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".

Fujamos deste terrível inimigo, caros companheiros, muitos obreiros já caíram em seu laço.

Façamos planos. Trabalhemos. Supliquemos a Deus ajuda e poder e certamente Ele há de nos socorrer.

8 ) O P r e p a r o Pa r a V iv e r O P r e s e n t e : obreiro deve estar preparado para o presente.

No dia-a-dia o obreiro precisa viver o que escreveu Paulo a Timóteo "ter cuidado de si mesmo e da doutrina, por que assim fazendo, salvará a si mesmo quanto aos que o ouvem" (lTm 4.16).

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Se negligenciarmos este princípio, sofreremos as terríveis consequências. Paulo é explícito em sua exortação:

"Se alguém ensina alguma doutrina, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas. Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho, aparta-te dos ta is"(lTm 6.3-5; Tt 1.9).

Na vida diária o obreiro deve ser irrepreensível, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar, não cobiçoso, de torpe ganância, não avarento (lTm 3.2,3). Obediente, humilde e sábio, como Epafrodito, companheiro de Paulo (Fp 2.25), homem com três qualidades essenciais para o bom ministro: fraternidade, espírito de cooperação e de companheirismo.

0 bom governo de sua casa no cotidiano é imprescindível. "Que governe bem a sua própria casa, e tenha os seus filhos em sujeição, com toda a modéstia" (lTm 3.4).

Quanto ao seu relacionamento na sociedade é importante que tenha bom testemunho dos que estão de fora. Onésimo era "um irmão fiel" (Cl 4.9) e Epafras, "grande cooperador de Paulo" de quem diz: "Saudai-vos Epafras, que é dos vossos,... Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodicéia, e pelos que estão em Hierápolis" (Cl 4.12,13)

Como seguir a vida sem ter uma grande capacidade de perdoar? O obreiro conhece as fraquezas de suas ovelhas e sabe perdoá-las (Jo 4 e Jo 8). O perdão não se mede e nem é barato: custa um preço, custou uma crucificação. "Ao Senhor, nosso Deus, pertence à misericórdia e o perdão; pois nos rebelamos contra ele" (Dn 9.9).

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Há dois tipos de perdão:

0 3 o vertical (Lc 18.10-13) e

EQ o horizontal (Mt 5.44-48; 6.14,15; lJo 4.20).

No exercício do seu ministério, deve o obreiro dominar- se a si mesmo para merecer grande confiança e ilimitado respeito na comunidade. "Todos podem se apressar em falar, menos o obreiro. Sabe perguntar, sabe identificar o centro de uma questão, sabe julgar com discernimento."

Que dizer do obreiro que no exercício do seu ministério não formou nenhum obreiro, nem mesmo seu sucessor?

O evangelista funda igrejas. O mestre edifica vidas através do ensino. O obreiro forma obreiros.

Jesus preparou 12, depois preparou mais 70, depois continuou preparando. O obreiro deve preparar os seus auxiliares, os seus cooperadores, o seu substituto. O obreiro deve olhar para os jovens com amor e visão espiritual (At 16.3a).

Dirigir sabiamente a igreja do Senhor é outra capacidade que deve ser exercida no presente (ICo 14.40), com equilíbrio, graça e sabedoria e exercitar o dom recebido de Deus e desenvolvê-lo (Rm 12.6-9).

O obreiro mora como numa casa de vidro, assim, querendo ou não é uma pura realidade. O mundo pode olhá-lo através das paredes, inteirando-se de sua vida. Seria surpreendente para você saber que o mundo conhece mais de sua vida do que você está pensando que ele sabe.

Tal publicidade de vida é natural e deve parecer sê-lo na vida de um servo de Deus. Deve ser a sua vida exemplar. Todos devem ficar sabendo que você é um tipo diferente dos demais homens, em razão de suas especiais qualidades. É que você lida com coisas eternas. Nem por isso, entretanto, deverá o obreiro presumir-se bom e fechar-se no mundo de vaidades passando a ser inacessível, intratável como se não fosse deste mundo. Todos

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precisam saber que você exerce um ministério especial, sobretudo, importantíssimo. Não dê lugar à intimidade.

Que todos saibam guardar distância de você. Nem todas as liberdades que se tomam devem ser dadas. Liberdades demasiadas com o obreiro não são recomendáveis para ele. Não deve o obreiro contar "piadas" inconvenientes. É fácil reconhecer-se um homem por sua linguagem.

Não é contar estórias que é o mal. O que é mau é o tipo de estórias que se contam. Se no grupo em que estiver, a conversação descambar para o impuro, deixe-o, retire-se discretamente. O retirar-se basta como protesto. Em tendo oportunidade, em particular, advirta os do grupo inconfidentes, acuda-lhes com conselhos prudentes sobre os males de uma conversação perversa e corrompida.

Dificilmente se apagam da memória as lembranças de uma estória obscena, que se ouviu. Ponha o obreiro cuidado em não mentir.

É doloroso observar que há pastores mentirosos. Seja veraz, pois, de outro modo, todos perderão a confiança em você. Todos sabemos que Deus detesta mentira, onde quer que ela seja dita, com maior razão ou se é dita em púlpito. Há cuidado nas ilustrações de seus sermões, para não dar lugar a exageros que orçam pela mentira.

Ocorre que alguns pregadores costumam contar estórias com colorido que deixam acreditar que elas aconteceram com eles. Isso desacredita o pregador e invalida o efeito da ilustração, que até poderia ser apropriada e útil. Nunca subestime seu auditório.

Saiba que nos bancos de sua igreja há muita gente de bom senso e que sabe mais do que você pensa.

Acautele-se para não errar no tempo, ou no lugar, ou no autor dos fatos. Seria lastimável, por exemplo, se você, num

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lance empolgante de eloquência, dissesse que o Brasil foi descoberto em 1.442. Ora, todos sabem que essa não é a data certa. Isso prejudicaria imensamente o vigor e eficácia de seu sermão. Seria preferível que você omita a referência, se você não tem certeza daquilo que vai dizer.

Há pastores, em nosso tempo, que entram em competição com o mundo, pretendendo lugares de vereadores, deputados e outros tais, na carreira política. Querem alçar cargos públicos, em detrimento de seu ministério. Essa repartição de tempo e atividade é feita com dano a sua igreja.

0 lugar do obreiro é junto a seu rebanho. Lá está na Bíblia, bem claro, como se vê em 2Co 6.14-18, o tipo de amizades a que um obreiro não deve se prender. Há os que estão persuadidos de que não se tem o direito de esperar que o obreiro seja homem diferente dos demais.

O obreiro tem de ser, necessariamente, o melhor homem do seu lugar, o mais correto, o mais compreensivo, o mais atento para as coisas altas e puras, o mais limpo de coração, apresentando, aos olhos de todos, uma vida exemplar.

Fique, então, fora do ministério àquele que não quiser, não puder ou não souber conduzir-se de modo que ilustre com sua vida a mensagem da cruz aos homens. Tem de ser o obreiro varão aprovado por Deus, e que todos saibam disso. De outro modo, fará mais mal que bem, e mandará mais almas para o inferno do que para o céu.

"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de s i mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons" (2 Tm 3.1-4).

Estes são alguns dos inimigos e obstáculos que o obreiro tem que enfrentar nos últimos dias.

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9) O P r e p a r o Pa r a V iv er N o Fu t u r o : o Pastor e seu planejamento para o futuro: Jubilação. Previdência Social e Previdência da Convenção. Poupança. Reservas etc.

O Ministério do Trabalho define que são ministros de confissão religiosa aqueles que realizam liturgias, celebrações, cultos e ritos, dirigem e administram comunidades, formam pessoas segundo preceitos religiosos das diferentes tradições, orientam pessoas; realizam ação social junto à comunidade; pesquisam a doutrina religiosa; transmitem ensinamentos religiosos; praticam vida contemplativa e meditativa; preservam a tradição, e, para isso, é essencial o exercício contínuo de competências pessoais específicas. São aqueles que desenvolvem suas atividades como consagrados ou leigos, em templos, igrejas, sinagogas, mosteiros, casas de santo e terreiros, aldeias indígenas, casas de culto, etc. Sobre ser considerado autônomo, cabe reparo.

Para a previdência social, esta categoria deixou de existir desde a lei 9.876 de 26.11.1999, quando foi extinta a categoria de autônomo, passando a chamar-se contribuinte individual.

Durante alguns anos, o ministro de confissão religiosa foi equiparado ao autônomo; mesmo naquela situação, não era considerado autônomo.

Na prática, o Ministro de Confissão Religiosa não tem vínculo empregatício, logo, não tem os direitos trabalhistas, não é autônomo; se fosse autônomo, teria um contrato de prestação de serviços, como não é, sobre ele não há lei que lhe assegure qualquer direito.

Não são poucos os casos de pastores que terminam seus ministérios sem aposentadoria. De quem seria a responsabilidade? Do pastor que não planejou o seu futuro ou da igreja que não cuidou do seu líder?

Infelizmente, esta é a realidade. No entanto, a responsabilidade é totalmente do pastor, pois o ministro de

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confissão religiosa é um segurado obrigatório da Previdência Social, assim define o art. 12 caput, inciso, V, alínea c da lei 8.212/91. Esta providência deve ser tomada pelo pastor, assim como também é de sua responsabilidade declarar sobre que valor deve contribuir para a Previdência.

A Instrução Normativa n° 3, de 14.07.05, DOU de 15.07.05, define que a contribuição social previdenciária do ministro de confissão religiosa ou membro de instituto de vida consagrada, de congregação, a partir de 1° de abril de 2003, corresponde a vinte por cento do valor por ele declarado, observados os limites mínimo e máximo do salário de contribuição. Se a igreja quiser ajudá-lo nisso, será mera liberalidade dela.

Sabemos que no âmbito do direito previdenciário, a igreja pode ou não quitar mensalmente as contribuições sociais de seus pastores e ministros. As igrejas deveriam se sentir moralmente obrigadas a contribuir, independentemente da vontade do pastor?

Já há um grande número de igrejas que assim procedem, especialmente as históricas. No meu ponto de vista, esta medida é salutar.

O Ministro se envolve com tantos afazeres, cuida dos membros de sua igreja, ocupa a sua agenda com visitas, preparação de sermões, palestras, dá aconselhamento e quase sempre deixa de cuidar dele mesmo e de sua família, o que no meu ponto de vista é um erro.

Estou certo que, se as igrejas cuidassem desse item, estariam contribuindo sobremaneira com o pastor, lhe dando esse benefício.

Portanto, não há o que questionar. O obreiro deve preparar-se para o futuro. Eliseu tinha doze juntas de bois. Matou só uma. Deixou onze juntas para a sobrevivência da família. Há obreiro que não pensa na família, e na velhice passa aperto por não se prevenir. Deus chama para Sua obra homens que têm visão da própria chamada (lRs 19.19, 20, 21).

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10) P re p a ro F ísico (Js 14.10; I T m 4 .8 )

"O cristão deve se exercitar? O que a Bíblia diz sobre asaúde?"

Paulo ao escrever 1 Timóteo 4.8 nos informa: "Pois o exercício físico para pouco é proveitoso', mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de se f .

Note que este versículo não diz que o exercício não tem valor! Ele diz que o exercício tem algum valor, mas mantém as prioridades corretamente ao dizer que a piedade é de maior valor.O apóstolo Paulo também menciona o treinamento físico ao ilustrar a verdade espiritual.

"Não sabeis vós que os que correm no estádio\ todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêm io? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado" (IC o 9.24-27).

"Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas" (2Tm 2.5).

"Combati o bom combate, com pletei a carreira, guardei a fé" (2Tm 4.7)

Então, claramente não há nada de errado no fato de um cristão se exercitar. Na verdade, a Bíblia é clara ao dizer que nós devemos cuidar bem dos nossos corpos (ICo 6.19-20). Efésios 5.29 nos diz:

"Porque ninguém jam ais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida..."

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A Bíblia também nos adverte contra a gula (Dt 21.20; Pv 23.2; 2Pe 1.5-7; 2Tm 3.1-9; 2Co 10.5). Ao mesmo tempo, a Bíblia nos adverte contra a vaidade (ISm 16.7; Pv 31.30; IPe 3.3-4).

O que a Bíblia diz sobre a saúde? Seja saudável! Como alcançamos este objetivo? Ao fazermos exercícios não muito pesados e comendo moderadamente. Este é o padrão Bíblico para a saúde e para o exercício físico.

Obreiros que não se exercitam (nem no trabalho da construção de um templo) com certeza terão seu ministério abreviado.

Em dias de má alimentação, produtos contaminados por agrotóxicos, o obreiro pode dedicar alguma atenção ao seu corpo. Não precisa virar atleta, mas não custa melhorar seu preparo físico.

11) P re p a ro O r g a n iz a c io n a l

O obreiro dos dias atuais deve estar preparado para manejar os recursos tecnológicos em favor da Obra de Deus e de Seu ministério.

1 Conhecimento básico de informática: com um custo acessível atualmente é possível se fazer um curso de informática e ter até mesmo um razoável equipamento disponível.

1 Conhecimento de mídia eletrônica: data-show, etc.

1 Conhecimento de novas tecnologias: palm-top com versões bíblicas, bíblia on-line.

Não se constitui nenhum demérito o cristão utilizar-se dar inovações da atualidade para pregar a Palavra de Deus, conquanto saiba que tais inovações são apenas meios secundários, e que a verdadeira arma de nossa milícia é espiritual.

Nesta geração as oportunidades são tantas, e tem obreiros que não focam suas forças em objetivos específicos. O

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obreiro quer se envolver em todos os departamentos da igreja, e acaba não executando nada direito, ou aquilo que deveria fazer, acaba não fazendo.

Tem muita gente querendo assobiar e chupar cana ao mesmo tempo.

Na era da informação, e nos dias abreviados e trabalhosos como os que vivemos nada mais salutar que o obreiro buscar o devido preparo organizacional, priorizando as metas e objetivos. Duas dicas são importantes:

11.1) A d m in istra çã o D o Tempo E E le ição De P rio rid ad es (2Tm 2.4: Ec 3 .2 -8 )

A Administração do tempo é um gerador de crises na vida e família pastoral. O ativismo tem tomado conta das agendas e dos Planos Pastorais, dando uma falsa ideia de realização e, em muitos casos, apenas para atender determinadas expectativas irrelevantes. Como administrar o tempo e organizar a agenda?

Administrar o tempo não é uma questão de ficar contando os minutos dedicados a cada atividade: é uma questão de saber definir prioridades. Provavelmente (numa sociedade complexa como a nossa), NUNCA vamos ter tempo para fazer tudo o que precisamos e desejamos fazer. Saber administrar o tempo é ter clareza cristalina sobre o que, para nós, é mais prioritário, dentre as várias coisas que precisamos e desejamos fazer - e tomar providências para que essas coisas mais prioritárias sejam feitas, sabendo que as outras provavelmente nunca vão ser feitas (mas tudo bem: elas não são prioritárias).

Dentre as coisas que vamos listar como prioritárias, algumas estarão ali porque nos são importantes, outras porque são urgentes. Algo que não é NEM importante, NEM urgente não estará na lista de ninguém.

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Sabemos que na lista de todo mundo haverá coisas que são IMPORTANTES E URGENTES. Não resta a menor dúvida de que estas coisas devem ser feitas imediatamente, ou, pelo menos, na primeira oportunidade. Poucas pessoas questionarão isso.

O problema surge com coisas que consideramos importantes, mas não urgentes, e com coisas que são urgentes, mas às quais não damos muita importância.

Digamos que você considere importante ficar mais tempo com sua família. Por outro lado, você tem que trabalhar "x" horas por dia. Se o seu trabalho é mais importante do que ficar com a sua família, o problema está resolvido: você trabalha, mesmo que isso prejudique a convivência familiar. Mas e se o trabalho não é mais importante para você do que a convivência familiar?

Neste caso, provavelmente o trabalho é urgente, no sentido de que tem que ser feito, pois doutra forma você vai ser despedido (ou perder clientes, se for autônomo ou empresário) e vai ter dificuldades para manter sua família (embora, sem trabalho, provavelmente vai poder passar mais tempo com ela...).

Aqui o conflito é entre o importante e o urgente - e é aí que a maior parte de nós se perde, e por uma razão muito simples: algumas das tarefas que temos que realizar não são selecionadas por nós, mas nos são impostas. Isto é: não somos donos de todo o nosso tempo. Não temos, em relação ao nosso tempo, toda a autonomia que gostaríamos de ter.

Ouando aceitamos um emprego, estamos, na realidade, nos comprometendo a ceder a outrem o nosso tempo (e, também, o nosso esforço, a nossa capacidade, o nosso conhecimento, etc.). Este é um problema real e de solução difícil: não somos donos de boa parte de nosso tempo.

Por outro lado, acontece, porém, que geralmente usamos mal o tempo que dedicamos ao trabalho (e, por isso, temos que fazer hora extra ou trazemos trabalho para casa), ou mesmo o tempo que passamos em casa.

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Usar mal QUER DIZER que muitas vezes usamos o nosso tempo para fazer o que não é nem importante nem urgente, mas apenas algo que sempre fizemos, pela força do hábito.

Administrar o tempo é ganhar autonomia sobre a sua vida, não é ficar escravo do relógio. É uma batalha constante, que tem que ser ganha todo dia. Se você quer ter a autonomia de decidir passar mais tempo com a família, ou sem fazer nada, você tem que ganhar esse tempo deixando de fazer outras coisas que são menos importantes para você. Em última instância pode ser que você até tenha que, eventualmente, arrumar outro emprego ou outra ocupação.

Administrar o tempo, em última instância, é planejar estrategicamente a nossa vida. Para isso, precisamos, em primeiro lugar, saber aonde queremos chegar (definição de objetivos). Onde quero estar, o que quero ser, daqui a 5, 10, 25, 50 anos?

O segundo passo é começar a planejar: transformar objetivos em metas (com prazos e quantificações) e decidir, em linhas gerais, como as metas serão alcançadas.

O terceiro passo é criar planos táticos: explorar as alternativas específicas disponíveis para se chegar aonde queremos chegar, escolher fontes de financiamento (emprego, em geral, é fonte de financiamento), etc. Em quarto lugar, fazer o que tem que ser feito.

Durante todo o processo, precisamos estar constantemente avaliando os meios que estamos usando, para verificar se estão nos levando mais perto de onde queremos ou vamos querer estar ao final do processo. Se não, troquemos de meios (procuremos outro emprego, por exemplo).

Quando o nosso tempo termina, acaba a nossa vida. Não há maneira de obter mais. Por isso, tempo é vida.

Quem administra o tempo ganha vida, mesmo vivendo o mesmo tempo. Prolongar a duração de nossa vida não é algo sobre o qual tenhamos muito controle. Aumentar a nossa vida

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ganhando tempo dentro da duração que ela tem é algo, porém, que está ao alcance de todos. Basta um pouco de esforço e determinação.

11.2) O O b r eir o E A A d m in ist r a ç ã o Ec le s iá s t ic a

Todos os cristãos sabem que Deus, em seu infinito poder, jamais teve necessidade, em nenhum momento da história, da ação de qualquer ser humano.

Nós, como criaturas divinas, somos extremamente limitados, e com isso fica evidente que nunca seríamos capazes de "ajudar a Deus" em algo que Ele não fosse capaz de desempenhar.

No entanto, a Palavra Dele afirma que Ele, em Sua soberania, nos escolheu para o mais importante de todos os trabalhos que o homem poderia um dia realizar: Anunciar o evangelho ao mundo.

Esta missão é, sem dúvida, inigualável em comparação a qualquer outra que possamos desempenhar em nossas vidas aqui na terra. Sendo assim, cremos ser óbvia, para nós, os crentes, a necessidade de desenvolver esta tarefa da melhor maneira possível. Como, afinal, deve ser nosso trabalho para Deus?

Acreditamos que, para que desempenhemos bem esta tarefa, uma ferramenta fundamental se faz necessária: A administração. Alguns cristãos, caso ouvissem esta afirmação se indignariam exclamando: "O quê? Administração? Isto é uma técnica humana! Nós precisamos é da ação do Espírito!".

Todavia, antes que você pense isso, queremos enfatizar que temos absoluta convicção de que "sem o Senhor, nada podemos fazer". Entretanto, como o trabalho para Deus deve ser realizado somente por aqueles que Nele crêem e, por consequência, têm suas vidas dirigidas por Ele mesmo, estamos partindo do pressuposto de que aquele que crê trabalha e, guiado pelo Espírito, procurará fazer o melhor, utilizando-se das melhores ferramentas disponíveis.

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Mas o que é Administração? O dicionário responde com bastante clareza: "É o conjunto de normas destinadas a ordenar e controlar a produtividade e eficiência, tendo em vista um determinado resultado".

E é aqui que grande parte da igreja evangélica tem errado: Na administração daquilo que o Senhor nos tem dado. Erro este, que advém do também errôneo conceito de que "todo mundo é administrador". Na realidade, grande parte da igreja evangélica mundial (principalmente a brasileira) não sabe o que isso significa.

Tampouco, atentamos para a Palavra de Deus neste sentido, bem como para as várias referências que ela faz sobre este assunto.

Acreditamos que uma das principais passagens bíblicas do Novo Testamento que apresenta claramente este assunto está localizada no livro de Atos, no capítulo 6, dos versos de 1 a 7.

Neste texto podemos observar 7 pontos importantes no que se diz respeito a como devemos trabalhar para Deus, usando para isso, princípios básicos de administração. Na passagem, vemos o maravilhoso e rápido crescimento da igreja cristã. Todavia, este crescimento trazia consigo alguns problemas à comunidade:

"Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste importante negócio; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao m inistério da palavra. O parecer agradou a toda a comunidade; e elegeram Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, FUipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos

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perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé" (At 6.1-7).

Mas onde está a administração nisso? Cremos que podemos ver, neste momento da igreja, 7 atitudes que demonstraram a direção de Deus neste aspecto, e que ainda continuam sendo perfeitamente aplicáveis em nossos dias. São elas:

Ne 1. O rgan ização

O texto relata: que a comida estava sendo distribuída de maneira desigual entre os membros da comunidade, e que algumas mulheres estavam "sendo esquecidas na distribuição diária".

Os apóstolos percebem que existe um problema no trabalho da igreja, algumas pessoas estavam sendo prejudicadas em uma de suas funções: distribuir o alimento a seus irmãos e irmãs de fé. 0 fato era que não havia uma organização na distribuição das tarefas do grupo, com isso os apóstolos estavam sobrecarregados e prejudicados. A organização se fazia necessária. Um organograma é então montado, e as funções são delegadas.

Uma atitude obviamente dirigida pelo Espírito de Deus, mas de conteúdo administrativo. Atitude esta que, de acordo com a Palavra, é um princípio da ação de Deus. O apóstolo Paulo, ao ensinar os irmãos de Corinto, escreve: "A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas" (ICo 12.28).

O sétimo dom desta relação, o de "governos", implica em "administrar", o que em nosso vocabulário significa "trabalhar de maneira organizada, direta e funcional".

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Note que Paulo está falando para a igreja! Podemos observar este aspecto do ensino bíblico em outras passagens do Novo Testamento, como no ministério de Jesus, onde Ele escolhe e prepara 12 apóstolos, e depois, gradativamente, acresce novos integrantes à "equipe".

Uma postura evidente de administração estratégica. Vemos também, no Velho Testamento, que além de leis morais, Deus estabeleceu leis governamentais que regeriam a administração do povo.

Cremos que com isso, podemos ver nitidamente que Deus nos ensina a trabalharmos de maneira organizada e administrativa.

O segundo ponto observado no texto é:

l\|e 2. T rabalho Em Eq uipe

Neste trecho lemos: "convocaram a comunidade dos discípulos". A Bíblia diz que o Espírito Santo distribui seus dons a toda a igreja, da maneira que lhe convém. Partindo deste princípio bíblico, podemos observar que cada membro do corpo (ou da equipe) de Deus tem uma função.

E que, mais importante ainda, estes membros têm necessidades uns dos outros: "O certo é que há muitos membros, mas um só corpo. Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós" (ICo 12.20- 21).

Trabalhar de maneira organizada é estar sensível à direção do Espírito, crendo que Ele, não nós, está no comando. A igreja precisa sim de mestres e evangelistas, mas também é clara a necessidade de que o dom de governos seja exercido.

E esta harmonia, que é da vontade de Deus para a Sua igreja, chama-se trabalho em equipe. Harmonia que nos aponta para a atitude número 3.

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Ne 3. D iv isã o de T r a b a lh o

"Não é razoável que nós abandonemos a Palavra de Deus para servir às mesas". Deus, em Sua sabedoria e soberania sabe que não podemos fazer tudo ao mesmo tempo. Ninguém, a não ser Ele, é capaz disso.

O Espírito estava corrigindo os apóstolos para que eles permanecessem com as responsabilidades pelas quais foram comandados por Deus: A "consagração à oração e ao ministério da Palavra". O Espírito Santo os havia chamado para este ministério, e eles deveriam obedecer.

Paulo, novamente aos irmãos coríntios (e também a nós, obviamente), pergunta: "Porventura, são todos apóstolos? Ou, todos profetas? São todos m estres? Ou, operadores de milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em outras línguas? Interpretam-nas todos?' (ICo 12.29, 30).

A resposta é clara: Não. Não se trata de atribuir maior importância à esta ou àquela função, e sim, obedecermos a Deus, trabalhando naquilo que Ele tem nos chamado. Por isso, se você crê, saiba que Deus o quer trabalhando para Ele, "juntando tesouros no céu", segundo o dom que o Espírito Santo tem para você. Não faça como Moisés, que ao ser conclamado por Deus para o trabalho, tentou se esquivar dizendo: "Ah! Senhor! Envia aquele que hás de enviar, menos a mim" (Ex 4.13).

Ne 4. R eq u is it o s

O mais importante trabalho da terra é para qualquer um? Evidentemente que não! Preste atenção nos requisitos estabelecidos pelos apóstolos na "montagem" da equipe de trabalho responsável por servir as mesas: "escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria.

É claro que todos aqueles que nasceram de novo são chamados por Deus ao trabalho Dele (se você tem convicção de sua nova vida em Cristo, você sabe do que estamos falando, afinal o

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Espírito Santo que habita em você tem lhe dito isto), todavia, por ser este trabalho extremamente importante, é fundamental que estejamos equipados para o mesmo. E esta capacitação só pode vir Dele. Por isso, devemos buscar sempre, estarmos cheios do Espírito, a fim de que Ele, e não nós, realize a obra.

Ne 5. M o tiva ção

É muito comum valorizarmos mais aqueles que "estão em evidência" no trabalho ministerial, como pastores e músicos. A grande maioria quer ser um "Paulo" e não um "Nicanor". Todavia, a Palavra de Deus afirma que Ele não vê como nós vemos. Servir às mesas (o que para nós seria um trabalho insignificante) foi considerado pelos apóstolos como um "importante negócio".

É vital que todos nós que trabalhamos para Deus, sejamos mestres, doutores, pastores, evangelistas, diáconos, músicos, recepcionistas, faxineiros, etc, saibamos que a importância do trabalho não está na atividade que desempenhamos, mas sim, para Quem desempenhamos. É no Senhor que está a nossa motivação, não importa o trabalho que realizemos:

"Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças " (Ec 9.10).

E se é para Ele que fazemos, então devemos fazer o melhor e da melhor maneira possível.

Ne 6. P r o p ó s it o e V isã o

A frase escrita por Lucas: "O parecer agradou a toda a comunidade", define muito bem esta atitude. Através dela podemos ver que havia uma mesma visão na igreja primitiva.

Havia um consenso de que o trabalho para o Senhor deveria ser feito da melhor maneira possível; organizada e administrativamente falando, com cada membro na função que Deus estabelecera; para que Ele "fosse acrescentando os que haveriam de ser salvos". A visão era sempre "do reino".

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A igreja queria mais e mais pessoas fazendo parte dela. Sua visão era centrada "nas coisas do alto", da eternidade, "e não nas daqui da terra". Pois eles sabiam que o reino do Senhor "não é deste mundo".

Por fim, a igreja que vive para ela mesma morrerá para ela mesma. E a igreja primitiva, definitivamente, tinha como propósito conquistar o mundo, e não ela mesma.

Ne 7. A ç õ es Rá p id a s

Lucas então resume: "E elegeram Estevão...". Não havia tempo para esperar. A necessidade era urgente. Pessoas estavam deixando de ouvir a Palavra, as orações estavam sendo prejudicadas, irmãs estavam, fisicamente, sendo mal alimentadas. Estas dificuldades exigiam ações rápidas, afinal eles não estavam tratando com "coisas", e sim com almas amadas por Deus.

"Poucos são os ceifeiros" disse o Senhor. E se já sabemos que nosso contingente de trabalhadores é limitado, devemos, portanto, "remir o tempo", trabalhando sempre, cada vez mais, na visão do reino, com o propósito de atingir pessoas que estão morrendo sem Cristo, e indo passar a eternidade no lago de fogo e enxofre. Não há tempo para ficarmos parados!

Podemos crer que, trabalhando assim, segundo a vontade do Pai, Ele gerará os frutos, dando o:

Re su lta d o

"Crescia a Palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos". Não somos nós, com nossas estratégias, que podemos fazer algo. Isto é óbvio, não sendo, em hipótese alguma, a intenção deste estudo.

Sabemos que o convencer vem pelo Espírito Santo de Deus, e não pela "nossa" capacidade de argumentação. E é importante que a igreja continue ciente disso, afinal:

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"Quem é Apoio? E quem é Pau/o? Servos p or meio de quem crestes> e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei\ Apoio regou; mas o crescimento veio de D eus"(IC o 3.5-6).

Todavia isto não nos isenta, como vemos em toda a igreja primitiva, da responsabilidade de fazer o melhor para o Senhor, pois aprouve a Deus escolher homens para plantar e para regar. E estes "plantar" e "regar" envolvem, sem dúvida nenhuma, visão e propósitos bem definidos.

Graças ao Pai pela Palavra Dele, que nos ensina todas as coisas, inclusive a trabalharmos para Ele. É tempo dos crentes investirem suas vidas no reino:

"Remindo o tempo, porque os dias são maus"(E f 5.16).

"Remir o tempo" aqui é "aproveitar bem cadaoportunidade", mantendo, constantemente, viva a esperança da volta de nosso Senhor, assim como fizeram os primeiros cristãos:

"aguardando a bendita esperança e amanifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus " (Tt 2.13).

Quanto mais real for esta expectativa, menos tempo teremos para nos preocupar com os afazeres momentâneos destavida que é apenas "um sopro que passa", e cada vez maisdesejaremos nos dedicar a Ele, trabalhando por Ele para que mais e mais pessoas "cheguem ao conhecimento" Dele.

Que o Espírito Santo de Deus, incomode-nos a sairmos do marasmo e da conformidade do mundo, não apenas concordando racionalmente com isso, mas nos colocando à disposição prática, como nos exorta Tiago:

"Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos" (Tg 1.22).

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Q u est õ e s Pa r a R eflex ã o D e D eba te

a) É necessário o obreiro conhecer de assuntos como marketing pessoal e outros correlatos à visão empreendedora e empresarial? Existem obreiros "marketizados", ou seja, segundo as regras do mercado?

R e flex ã o : é um desafio para o obreiro preservar o padrão bíblico, para não se tornar um sujeito de mercado?

B) O ofício do ministério e o ofício profissional: como encontrar um divisor bem definido para que o "profissional" não suplante o "vocacional"?

R e f le x ã o : o obreiro deve assumir uma posição profissional? Afinal de contas, ministério é profissão?

C) Grandes temas de todas as épocas, e a posição do obreiro: aborto, eutanásia, homossexualismo, política etc.

Re flex ã o : a posição do obreiro frente ás questões polêmicas.

D) A velha e boa Bíblia (marcada e surrada pelo tempo) ou o "palm- top" com sete versões bíblicas diferentes?

R eflex ã o : como aproveitar as inovações tecnológicas para o bem do ministério.

E) Como manter o "ibope" em alta?Re f le x ã o : o ministério cristão e a "concorrência"

F) O padrão bíblico para o ministério e o padrão cultural para o ministério:

Re flex ã o : o obreiro que cede aos modismos.

G) Obreiros descontextualizados.R eflex ã o : manter a doutrina bíblica significa para no tempo,

sim? não?

C o n c lu sã o

Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há emCristo Jesus.

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A t iv id a d e s - L iç ã o V

• Marque "C" para Certo e "E" para Errado:

1)0 Quantos obreiros há que não conseguem adm inistrar o que ganham, e causam escândalos para a igreja. Tem obreiro que não tem sequer crédito no comércio.

2)0 A liquidação das dívidas é algo que Deus abençoa.

3)0 A libertação do endividam ento não é fácil. Exige disciplina, esforço, e sacrifício. Mas pode consegui-lo.

4)0 No dia-a-dia o obreiro precisa viver o que escreveu Paulo a Timóteo "ter cuidado de si mesmo e da doutrina, por que assim fazendo, salvará a si mesmo quanto aos que o ouvem".

5)0 0 obreiro tem de ser, necessariamente, o melhor homem do seu lugar, o mais correto, o mais compreensivo, o mais atento para as coisas altas e puras, o mais limpo de coração, apresentando, aos olhos de todos, uma vida exemplar.

6)0 não há nada de errado no fato de um cristão se exercitar. Na verdade, a Bíblia é clara ao dizer que nós devem os cuidar bem dos nossos corpos.

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R efer ên c ia s B ib lio g r á fica s

BEACON. Comentário Bíblico. CPAD. Volume 1 e 2. Rio de Janeiro. 2006.

CARLSON. Raymond e ET. O Pastor Pentecostal. CPAD. Rio de Janeiro. 1999.

CHAMPLIN. R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Ed.Hagnos Volume 4 e 5. São Paulo. 2001

COLSON. Charles. O cristão na Cultura de Hoje. CPAD. Rio de Janeiro. 2006.

DAWKINS. Richard. Deus um Delírio. Cia. Das Letras. São Paulo. 2007.

NEE. Watchaman. Autoridade espiritual. Ed. Vida. São Paulo. SP. 1997.

PETERSON. Eugene. A vocação Espiritual do Pastor. Ed. Textus. São Paulo. 2006

SENNA. Arnaldo. Alerta Geral sobre Seitas e Heresias. CPAD. Rio de Janeiro. 2006

SHELLEY. Bruce L. História do Cristianismo. Ed. Shedd. São Paulo. 2004

Consultas:

http://www.teuministerio.com.br/BRSPORNDESAGSA/svltemDisplav.dsp&obiectlD-E09791C0-9DFC-4860-A7B74674A943D954&method=displav

htt://Google.mini20.com/bibliaonline

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