O Processo de Urbanização No Brasil - CEDEPLAR

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    TEXTO PARA DISCUSSO N 464

    A DINMICA DO PROCESSO DE URBANIZAO

    NO BRASIL, 1940-2010

    Fausto Alves de Brito

    Breno Alosio T. Duarte de Pinho

    Dezembro de 2012

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    B862d

    2012

    Brito, Fausto.

    A dinmica do processo de urbanizao no Brasil, 1940-2010 /

    Fausto Alves de Brito, Breno Alosio T. Duarte de Pinho. - Belo

    Horizonte : UFMG/CEDEPLAR, 2012.

    19 p. : il. - (Texto para discusso, 464)

    Inclui bibliografia.

    1.Urbanizao - Brasil - 1940-1970. I.Pinho, Breno Alosio T.

    Duarte de. II.Universidade Federal de Minas Gerais. Centro de

    Desenvolvimento e Planejamento Regional. III.Ttulo. IV.Srie.

    CDD: 333.77891

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca da FACE/UFMG - JN 090//2012

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

    FACULDADE DE CINCIAS ECONMICAS

    CENTRO DE DESENVOLVIMENTO E PLANEJAMENTO REGIONAL

    A DINMICA DO PROCESSO DE URBANIZAO

    NO BRASIL, 1940-2010

    Fausto Alves de BritoProfessor e pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional e do

    Departamento de Demografia da UFMG

    Breno Alosio T. Duarte de PinhoMestrando em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG

    CEDEPLAR/FACE/UFMG

    BELO HORIZONTE

    2012

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    SUMRIO

    1. INTRODUO.................................................................................................................................6

    2. O PROCESSO DE URBANIZAO NO BRASIL: 1940-2010...............................................................7

    3. O PROCESSO DE CONCENTRAO POPULACIONAL E A EMERGNCIA DOS GRANDES

    AGLOMERADOS METROPOLITANOS.......................................................................................... 12

    4. CONCLUSES. .............................................................................................................................. 18

    5. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................. 19

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    RESUMO

    O processo de urbanizao no Brasil determinante na conformao estrutural da moderna

    sociedade brasileira, principalmente, a partir da segunda metade do sculo vinte. No s o territrio

    que acelera o seu processo de urbanizao, mas a prpria sociedade brasileira que se transforma cada

    vez mais em urbana. O urbano passa a ser o lcus privilegiado das atividades econmicas maisrelevantes e da grande maioria da populao. A novidade do processo de urbanizao no Brasil foi a

    sua enorme velocidade, muito superior ao dos pases desenvolvidos, que fez coincidir, no tempo, os

    processos de urbanizao, concentrao da populao urbana nas grandes cidades e a metropolizao.

    ABSTRACT

    The urbanization process in Brazil is crucial in the structural conformation of modern

    Brazilian society, especially from the second half of the twentieth century. Not only is the territory that

    accelerates the process of urbanization, but Brazilian society itself that becomes increasingly urban.The city becomes the privileged locus of economic activities more relevant and the vast majority of

    the population. The novelty of the urbanization process in Brazil was his tremendous speed, much

    higher than the developed countries, which did coincide in time, the processes of urbanization, urban

    population concentration in large cities and metropolises.

    Palavras-chave: Processo de urbanizao, sistema de cidades.

    Jel: J6

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    1. INTRODUO

    O acelerado processo de urbanizao no Brasil um dos determinantes estruturais da

    constituio da moderna sociedade brasileira. Articulado a um conjunto de transformaes sociais,

    econmicas, polticas e demogrficas pelas quais o Pas tem passado, principalmente, a partir da

    segunda metade do sculo vinte. Vale sublinhar que as cidades fazem parte da histria brasileira hmuito tempo, desde o perodo colonial 1. So notveis as redes de cidades que se articularam em torno

    das capitais das Provncias onde gravitavam as atividades exportadoras como as economias aucareira

    e mineradora. Entretanto, eram arquiplagos regionais, cujas articulaes nacionais sofriam as

    limitaes impostas pelo prprio Sistema Colonial2

    Somente na segunda metade do sculo XIX, com o Segundo Reinado, aps o perodo

    regencial (1840-1889), e incio da Repblica Velha (1889-1930), que esses arquiplagos ampliaram as

    suas conexes mercantis. At esse momento, era somente a fora centralizadora do Estado que

    garantia a integrao nacional.

    Foi a grande expanso da economia cafeeira, e o expressivo surto de industrializaosubstitutiva de importaes de bens de consumo no durveis, que possibilitaram uma ampliao das

    articulaes entre esses arquiplagos regionais. Contudo, as conexes entre eles no deixaram de ser

    frgeis. O Brasil ainda estava distante de se ter uma rede de cidades nacionalmente integrada. Diversos

    fatores eram determinantes, entre os quais as precariedades dos sistemas de transporte e comunicaes

    diante do enorme territrio com suas particularidades ecossistmicas. No era por acaso que, no incio

    do sculo XX, eram poucas as cidades mais importantes, como Belm e Manaus na regio Norte;

    Fortaleza, Recife e Salvador, na regio Nordeste e Curitiba e Porto Alegre, na regio Sul. Fugindo

    natureza litornea dessas cidades, somente se destacava Cuiab na regio Centro-Oeste.3

    Na regio Sudeste, fortemente alimentadas pela expanso da economia cafeeira e pela

    incipiente industrializao, pontificavam as cidades do Rio de Janeiro, capital da Repblica, e SoPaulo. Nessas duas cidades moravam mais da metade da populao residente em todas as capitais dos

    estados da Federao. Em 1920, a populao brasileira era de 27,5 milhes de habitantes e

    contabilizava, em seu imenso territrio, apenas 74 cidades maiores do que vinte mil habitantes. Nelas

    residiam 4,6 milhes de pessoas, apenas 17% da populao, e mais da metade concentrada na regio

    Sudeste.

    As mudanas profundas que passaram a sociedade e a economia brasileira, a partir dos anos

    trinta do sculo passado s se consolidaram com o acelerado processo de crescimento da economia

    urbano-industrial e com a expanso dos sistemas de transporte e comunicaes, que tm incio na

    dcada de cinqenta, em especial, na sua segunda metade, com o Plano de Metas, no governo de

    Juscelino Kubtschek (1956-1961).

    O processo de urbanizao passa a ser um determinante estrutural da moderna sociedade

    brasileira: no s o territrio que acelera o seu processo de urbanizao, mas a prpria sociedade

    1BRITO, 2006, p.221.2FURTADO, 1961, p.77 e p.91.3BRITO, 2006, p.221.

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    brasileira que se transforma cada vez mais em urbana. 4Essa grande transformao deve ser entendida

    como a construo irreversvel do urbano, no s como o lcus privilegiado das atividades econmicas

    mais relevantes e da grande maioria da populao, mas tambm como difusora de novos padres de

    relaes sociais, inclusive as de produo, e de estilos de vida.5

    O acelerado processo de urbanizao, a construo da sociedade urbana, se articulava com o

    grande ciclo de expanso das migraes internas, principalmente a rural-urbana. Elas faziam o grandeelo entre as grandes mudanas estruturais que passavam a sociedade e a economia brasileiras e o

    acelerado processo de urbanizao.

    2. O PROCESSO DE URBANIZAO NO BRASIL: 1940-2010

    O acelerado processo de urbanizao no Brasil, sua enorme velocidade, muito superior ao dos

    pases desenvolvidos, foi uma notvel novidade.6O Censo de 1970 registrava pela primeira vez que,

    durante os anos sessenta, a populao urbana tinha superado a rural. Do ponto de vista histrico, trata-

    se de um fenmeno recente. Todavia, neste curto espao de tempo, a segunda metade do sculo

    passado, a populao urbana passou de 19 milhes para 138 milhes, com uma taxa de crescimento

    mdia anual de 4,1%. A cada ano, em mdia, foram acrescidos 2.378.291 habitantes s cidades,

    fazendo com que a populao urbana, em meio sculo, apenas, aumentasse 7,3 vezes (TABELA 1).

    No perodo inicial do processo de urbanizao acelerado, a taxas de fecundidade ainda

    estavam relativamente altas e, certamente foram fundamentais para o seu ritmo, apesar do seu declnio

    ter se iniciado logo na segunda metade da dcada de sessenta. Sem dvida, foram as migraes

    internas as grandes responsveis pela grande acelerao do processo de urbanizao. Estima-se que,

    entre 1960 e o final dos anos oitenta, auge do ciclo migratrio, saram do campo para as cidades quase

    43 milhes de pessoas, considerando, inclusive os efeitos indiretos da migrao, ou seja, os filhostidos pelos migrantes rurais nas cidades7

    4Lefebvre, 2008, p.49.5Brito, 2005, p.48.6United Nations, 2012.7Carvalho, 2003.

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    TABELA 1

    Brasil, Populao Total e Urbana, Grau de Urbanizao e IncrementoMdio Anual da Populao Urbana, 1940-1970

    Perodo Total UrbanaGrau de

    UrbanizaoIncremento

    1940 41.236.315 12.880.182 31,24 -

    1950 51.944.397 18.782.891 36,16 590.271

    1960 69.930.293 31.214.700 44,64 1.243.181

    1970 93.139.037 52.084.984 55,92 2.087.028

    1980 119.502.716 80.436.419 67,31 2.835.144

    1991 146.825.475 110.990.990 75,59 2.777.688

    2000 169.544.443 137.697.439 81,22 2.967.383

    2010 190.755.799 160.925.792 84,36 2.322.835

    Fonte: FIBGE, Censos Demogrficos de 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010

    A velocidade do processo de urbanizao pode ser bem observada nos Grficos 1 e 2. Noprimeiro, destaca-se que, a que a populao urbana cresceu a taxas superiores a 4% ao ano durante trs

    dcadas seguidas, ou seja, entre 1950 e 1980. Entre 1950 e 1970 elas estiveram acima de 5%, quando

    comearam a decrescer acentuadamente, chegando primeira dcada do sculo XXI com uma taxa de

    1,7%. Um patamar relativamente baixo no seu ritmo histrico de crescimento. Porm, observando o

    Grfico 2, nota-se que foi tamanha a velocidade do crescimento nas dcadas anteriores, e,

    conseqentemente, o estoque acumulado de populao, que o incremento mdio anual da populao

    urbana expandiu-se aceleradamente at a ltima dcada do sculo passado.

    Entre 2000 e 2010 houve uma reduo do incremento mdio para 2.322.835 habitantes, com a

    populao urbana apresentando, pela primeira vez, uma tendncia ao declnio no seu ritmo de

    crescimento absoluto. Mesmo assim, esse incremento ainda exuberante, pouco abaixo daquele dasegunda metade do sculo XX, apesar do impacto da fase atual da transio demogrfica, com taxas de

    fecundidade abaixo do nvel de reposio, assim como do acentuado declnio da migrao rural-

    urbana.

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    GRFICO 1

    Brasil, Taxa de Crescimento Anual da Populao Total,Urbana e Rura l (%), Anos de 1940-2010

    -2,0

    -1,0

    0,0

    1,0

    2,0

    3,0

    4,0

    5,0

    6,0

    1940/195

    0

    1950/196

    0

    1960/197

    0

    1970/198

    0

    1980/199

    1

    1991/200

    0

    2000/201

    0

    POPULAO TOTAL POPULAO URBANA

    POPULAO RURAL

    Fonte: FIBGE, Censos Demogrficos de 1940,1950,1960, 1970, 1980,1991,2000 e 2010.

    GRFICO 2

    Brasil, Incremento Absoluto Mdio Anual da Populao Total,

    Urbana e Rural, 1940-2010

    -1.000.000

    -500.000

    0

    500.000

    1.000.000

    1.500.000

    2.000.000

    2.500.000

    3.000.000

    1940/1950

    1950/1960

    1960/1970

    1970/1980

    1980/1991

    1991/2000

    2000/2010

    POPULAO TOTAL POPULAO URBANAPOPULAO RURAL

    Fonte: FIBGE, Censos Demogrficos de 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010.

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    A populao urbana residente tem uma distribuio diferenciada segundo o tamanho das

    cidades (TABELA 2). Ela tende a se concentrar nas cidades maiores do que 100.000 habitantes. Em

    1940 e 1950, mais de 60% da populao urbana residia em cidades menores do que 100.000

    habitantes, principalmente naquelas menores do que 20.000 habitantes. J em 1970, quando o processo

    de urbanizao comea a se acelerar, mais da metade da populao residia em cidades maiores do que

    100.000 habitantes, sendo que, 34% em cidades maiores do que 500.000 mil. Essa tendncia concentrao da populao urbana prevalece nos ltimos dados censitrios e pode ser considerada uma

    tendncia estrutural da sociedade brasileira.

    TABELA 2

    Distribuio da Populao Urbana Segundo o Tamanho das Cidades, 1940-2010

    Tamanho das

    Cidades1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010

    At 20.000 46,82 38,78 33,77 26,92 21,36 19,34 18,81 17,13

    20 a 50.000 9,41 13,01 11,61 12,04 11,40 12,44 11,49 11,83

    50 a 100.000 7,65 8,86 9,57 7,80 10,50 10,23 10,57 9,93100 a 500.000 14,55 13,43 16,06 19,59 21,92 24,43 26,11 27,34

    >500.000 21,57 25,92 29,00 33,65 34,83 33,55 33,01 33,78

    >100.000 36,12 39,36 45,05 53,24 56,75 57,98 59,12 61,12

    Total Absoluto 12.878.647 18.775.779 31.867.324 52.097.260 80.437.327 110.990.990 137.953.959 160.925.792

    Fonte: FIBGE, Censos Demogrficos de 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000, 2010.

    Os dados tambm revelam que h certa estabilidade na proporo de residentes em cidades

    maiores do que 500.000 habitantes, desde 1970, e um aumento na porcentagem dos residentes nas

    cidades entre 100 e 500.000 habitantes. A anlise ficar enriquecida se for considerada a contribuio

    dos residentes nos diferentes tamanhos de cidade para o incremento absoluto anual da populao

    urbana (TABELA 3).

    TABELA 3

    Contribuio dos Residentes nas Cidades, segundo o Tamanho, para o Incremento da Populao UrbanaTotal, 1940-2010

    Tamanho das

    Cidades1940/1950 1950/1960 1960/1970 1970/1980 1980/1991 1991/2000 2000/2010

    At 20.000 21,23 26,58 16,13 11,13 14,05 16,63 6,98

    20 a 50.000 20,85 9,61 12,72 10,21 15,19 7,59 13,89

    50 a 100.000 11,48 10,59 5,01 15,46 9,53 11,98 6,03

    100 a 500.000 10,99 19,82 25,16 26,19 31,04 33,05 34,69>500.000 35,44 33,40 40,97 37,02 30,19 30,75 38,41

    >100.000 46,44 53,22 66,14 63,21 61,23 63,80 73,10

    TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

    Fonte: FIBGE, Censos Demogrficos de 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000, 2010.

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    Como seria de se esperar, a contribuio dos residentes em cidades maiores do que 100.000

    habitantes tm uma tendncia a permanecer sempre acima dos 60% desde a dcada de 60, exceo do

    perodo entre 1970 e 1991. Na ultima dcada, a populao residente em cidades maiores do que

    100.000 habitantes era responsvel por 73% do crescimento da populao urbana, um nvel superior

    quele encontrado nos anos sessenta, no incio da acelerao do processo de urbanizao.

    Essas variaes refletem a crescente participao dos residentes nas cidades entre 100 e500.000 habitantes que, desde os anos oitenta passaram a ter uma contribuio relativa um pouco

    superior ao grupo de cidades com populao superior a 500.000. Uma concluso preliminar que o

    acelerado processo de urbanizao no Brasil, fortemente alimentado pela macia migrao rural-

    urbana, tem sido, desde o seu incio, no s acelerado, mas concentrador da populao em cidades

    maiores do que 500.000 habitantes, com uma relativa tendncia recente favorvel s cidades mdias,

    ou seja, aquelas entre 100 e 500.000. (GRFICO 3).

    GRFICO 3

    Brasil, Contribuio da Populao Urbana segundo o Tamanho das Cidades para o Crescimento daPopulao Urbana Total, 1940-2010 (%)

    0,00

    5,00

    10,00

    15,00

    20,00

    25,00

    30,00

    35,00

    40,00

    45,00

    1940/50

    1950/60

    1960/70

    1970/80

    1980/91

    1991/2000

    2000/10

    At 20.000 20 a 50.000 50 a 100000

    100 a 500000 >500.000

    Fonte: FIBGE, Censos Demogrficos de 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010.

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    3. O PROCESSO DE CONCENTRAO POPULACIONAL E A EMERGNCIA DOS

    GRANDES AGLOMERADOS METROPOLITANOS

    O processo de urbanizao, concomitantemente acelerado e concentrador da populao

    urbana, foi contemporneo, na sua fase inicial, da expanso do crescimento da economia capitalista

    urbana industrial retardatria e perifrica no Brasil. Mas, no s o atraso em relao aos pasesdesenvolvidos, assim como a sua distncia em relao ao ncleo central do capitalismo internacional

    que caracterizavam o desenvolvimento da economia brasileira. No se pode deixar de sublinhar a sua

    coexistncia com os fortes desequilbrios regionais e as intensas desigualdades sociais que, tambm,

    marcaram profundamente o processo de urbanizao acelerado e concentrador.

    Era forte a assimetria entre a distribuio espacial das atividades econmicas, que moviam o

    capitalismo retardatrio, fortemente concentradas em So Paulo e no Rio de Janeiro, e a redistribuio

    espacial de uma populao. Socialmente desigual, essa populao, muito concentrada em grandes

    reservatrios de mo de obra, como o Nordeste e Minas Gerais, provocou o grande movimento

    migratrio que acelerou e concentrou o processo de urbanizao.8

    A expanso da fronteira agrcola gerou alternativas para um grande nmero de migrantes, mas

    no foi competitiva para deslocar a maioria dos migrantes da direo da sua grande meca: as regies

    de maior expanso do capitalismo urbano industrial, em especial, So Paulo. Evidentemente, esse

    processo no ocorreria se nas grandes regies de expanso urbana e industrial no prevalecesse uma

    enorme capacidade de gerao de ocupaes e de emprego, muitos deles com nveis de produtividade

    baixos, que atendessem, ainda que no totalmente, mas uma grande parte do enorme excedente de

    populao transferido pelas migraes internas.9

    Dentro da prpria dinmica da economia capitalista, essas regies deveriam reproduzir as

    desigualdades sociais necessrias acumulao de capital e, ao mesmo tempo, projet-las no espao,

    gerando uma enorme segregao social-espacial, as periferias urbanas. Por outro lado, em funo dasnecessidades impostas pelo capital imobilirio, articuladas pelo Estado, houve uma redistribuio

    espacial das atividades econmicas, em especial, das industriais, para os municpios vizinhos s

    capitais. Esses dois processos, ampla segregao social e espacial e redistribuio espacial das

    atividades econmicas, especialmente as industriais, para os municpios vizinhos se encontram na

    gnese dos grandes aglomerados metropolitanos10.

    As regies metropolitanas mais antigas foram criadas por lei federal no incio da dcada de

    setenta. Foi concedido status de regies metropolitanas s seguintes capitais e seus municpios

    aglomerados: So Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belm, Fortaleza, Recife, Salvador, Curitiba

    e Porto Alegre. Aps a Constituio Federal de 1988, a institucionalizao das regies metropolitanas

    tornou-se uma atribuio dos estados federados. Em 2010, o Brasil contava com 36 regies

    metropolitanas formalmente institudas. 11

    8Vilmar Faria, 1991, p.98-119.9RIBEIRO, 2011, p.183.10BOTELHO, 2007, p.133.11IPEA, 2010, p.23.

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    Para os objetivos deste artigo elas sero agrupadas em dois grandes grupos: as aglomeraes

    metropolitanas e as demais regies metropolitanas. O primeiro ser composto das regies mais

    antigas, acrescidas de Campinas, Goinia, Manaus, Florianpolis, Vitria e a Regio Integrada de

    Desenvolvimento de Braslia, consideradas as mais hegemnicas na rede de cidades do Brasil,

    segundo os critrios do Observatrio das Metrpoles. O segundo grupo est composto das demais

    regies metropolitanas e regies integradas de desenvolvimento: Baixada Santista, Natal, So Luiz,Joo Pessoa, Macei, Teresina, Aracaju, Vale do Rio Cuiab, Londrina, Campina Grande, AU

    Nordeste do Rio Grande do Sul, Maring, RIDE Petrolina Juazeiro, Agreste Alagoas, AU Urbana do

    Sul no Rio Grande do Sul, Cariri, Norte-Nordeste Catarinense, Macap, Vale do Itaja, Vale do Ao

    em Minas Gerais, Foz do Rio Itaja, Sudoeste Maranhense, Chapec, Carbonfera em Santa Catarina,

    AU Litoral Norte do Rio Grande do Sul, Lages e Tubaro.

    O primeiro grupo, as aglomeraes metropolitanas, com funes hegemnicas fundamentais

    dentro da rede de cidades nacional, tem caractersticas marcantes de concentrao, polarizao,

    hierarquizao e integrao. Esses espaos metropolitanos concentram grande parte da capacidade

    tecnolgica do Pas, 62%, assim como geram 55% do valor da produo industrial das empresas

    exportadoras. 12

    TABELA 4

    BRASIL, POPULAO DOS AGLOMERADOS METROPOLITANOS

    Aglomerados 1970 1980 1991 2000 2010

    So Paulo 8.139.705 12.588.745 15.444.941 17.878.703 19.683.975

    Rio de Janeiro 6.879.183 8.758.436 9.796.649 10.869.255 11.835.708

    Belo Horizonte 1.724.820 2.681.778 3.522.908 4.357.942 4.883.970

    Porto Alegre 1.751.889 2.468.028 3.230.732 3.718.778 3.958.985

    Distrito Federal 761.961 1.520.026 2.161.709 2.952.276 3.717.728

    Recife 1.827.173 2.386.453 2.919.979 3.337.565 3.690.547

    Fortaleza 1.130.145 1.699.421 2.460.827 3.056.769 3.615.767

    Salvador 1.211.950 1.847.809 2.586.366 3.120.303 3.573.973

    Curitiba 907.391 1.532.383 2.101.681 2.768.394 3.174.201

    Campinas 680.826 1.276.801 1.866.025 2.338.148 2.797.137

    Goinia 509.570 897.382 1.312.709 1.743.297 2.173.141

    Manaus 404.514 750.955 1.192.100 1.645.832 2.106.322

    Belm 685.616 1.045.517 1.434.634 1.838.763 2.101.883

    Vitria 418.273 753.959 1.136.842 1.438.596 1.687.704

    Florianpolis 245.043 364.334 530.621 709.407 877.116

    Total Aglomerados 27.278.059 40.572.027 51.698.723 61.774.028 69.878.157Populao urbana total Brasil 52.097.260 80.437.327 110.990.990 137.953.959 160.925.792

    Populao total Brasil 93.134.846 119.011.052 146.825.475 169.799.170 190.755.799

    Aglomerado/ Total urbana 52,36 50,44 46,58 44,78 43,42

    Aglomerado/ Populao total 29,29 34,09 35,21 36,38 36,63

    FONTE: FIBGE, Censos Demogrficos de 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010.

    12Ribeiro, 2011, p.193.

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    A tendncia concentrao da populao urbana nas grandes cidades significou, pelo menos

    no incio do processo acelerado de urbanizao, uma concentrao, tambm, nos aglomerados

    metropolitanos. J em 1970, mais da metade da populao urbana brasileira, e quase 30% da

    populao total, residiam nas grandes metrpoles. E, somente nos aglomerados de So Paulo e Rio de

    Janeiro moravam 29% da populao urbana. Essa situao no se alterou substancialmente at 1980,

    tornando-se possvel afirmar que a construo da sociedade urbana foi to acelerada que fez coincidir,no tempo, os processos de urbanizao, concentrao da populao urbana nas grandes cidades e a

    metropolizao.

    A partir de 1980, h um declnio na participao relativa da populao urbana das grandes

    metrpoles. Entretanto, mesmo como esse declnio, chama ateno a relativa estabilidade das

    propores nos anos 2000 e 2010, sugerindo que o peso demogrfico desses grandes aglomerados

    metropolitanos tem se mantido.

    Do mesmo modo que h uma tendncia estrutural da populao urbana em residir nas cidades

    grandes, pelo menos naquelas maiores do que 100.000 habitantes, tambm h uma tendncia estrutural

    de grande parte da populao urbana morar nos grandes aglomerados metropolitanos, justamente pelosua hegemonia na rede de cidades. A relativa desconcentrao demogrfica observada no significa,

    necessariamente, nenhum processo de desmetropolizao.

    TABELA 5

    BRASIL, TAXAS DE CRESCIMENTO E INCREMENTO MDIO DOS AGLOMERADOS METROPOLITANOS,1970-2010

    Aglomerados Metropolitanos1970/80 2000/2010 1970/80 2000/2010

    Taxas Incremento

    So Paulo 4,46 0,97 444.904 180.527

    Rio de Janeiro 2,44 0,86 187.925 96.645Belo Horizonte 4,51 1,15 95.696 52.603

    Porto Alegre 3,49 0,63 71.614 24.021

    Distrito Federal 7,15 2,33 75.807 76.545

    Recife 2,71 1,01 55.928 35.298

    Fortaleza 4,16 1,69 56.928 55.900

    Salvador 4,31 1,37 63.586 45.367

    Curitiba 5,38 1,38 62.499 40.581

    Campinas 6,49 1,81 59.598 45.899

    Goinia 5,82 2,23 38.781 42.984

    Manaus 6,38 2,50 34.644 46.049

    Belm 4,31 1,35 35.990 26.312

    Florianpolis 4,05 2,14 11.929 16.771

    Vitria 6,07 1,61 33.569 24.911Total Aglomerados 4,05 1,24 1.329.397 810.413

    Populao urbana total 4,44 1,55 2.834.007 2.297.183

    Populao total 2,48 1,17 2.587.621 2.095.663

    FONTE: FIBGE, Censos Demogrficos de 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010.

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    Comparando as taxas de crescimento demogrfico dos aglomerados metropolitanos em

    1970/80 e em 2000/2010, observa-se que elas tm sido acentuadamente declinantes, assim como o

    incremento anual absoluto, acompanhando a tendncia do conjunto da populao urbana e da

    populao total brasileiras (TABELA 5).

    Os maiores aglomerados, So Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, tiveram

    na primeira dcada deste sculo uma velocidade do seu crescimento populacional extremamente baixa,apesar do estoque de populao acumulado garantir a eles um incremento absoluto relativamente

    maior do que os outros. Entretanto, deve-se observar que somente esses cinco aglomerados com os

    maiores incrementos absolutos foram responsveis, aproximadamente, por 20% do incremento das

    populaes urbana e total.

    Para compreender melhor o comportamento demogrfico dos aglomerados metropolitanos,

    ser feita a distino entre o seu ncleo, as capitais, e os demais municpios que formam a periferia

    metropolitana (TABELA 6).

    TABELA 6

    BRASIL, AGLOMERADOS METROPOLITANOS, TAXAS DE CRESCIMENTO ANUAL E INCREMENTOMDIO ANUAL, 1970-2010

    Taxas e Incrementos 1970/1980 1980/1991 1991/2000 2000/2010

    Taxas de Crescimento

    Ncleo 3,57 1,60 1,33 1,03

    Periferia 4,98 3,27 2,94 1,51

    Total 4,05 2,23 2,00 1,24

    Incremento Mdio Anual

    Ncleo 770.753 450.813 434.629 375.201

    Periferia 558.644 560.705 684.850 435.212

    Total 1.329.397 1.011.518 1.119.478 810.413

    FONTE: FIBGE, Censos Demogrficos de 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010

    Desde o incio do acelerado processo de urbanizao, as periferias tinham um ritmo de

    crescimento mais acelerado do que os ncleos, refletindo no s a redistribuio no espao

    metropolitano das atividades econmicas, mas, principalmente, a expulso das populaes mais pobres

    em direo s periferias metropolitanas, ou seja, a metropolizao da pobreza13. O mesmo fenmeno

    reflete-se nos incrementos absolutos, que nas periferias so sempre superiores ao dos ncleos.

    Como seria de se esperar, exceo do primeiro perodo analisado, a periferia sempre

    contribuiu mais para o crescimento populacional do aglomerado. Interessante que na primeira dcadado sculo XXI, a diferena entre as contribuies do ncleo e da periferia diminuiu, provavelmente

    devido reduo das migraes para as principais metrpoles, o que j se anunciava desde os anos

    noventa do sculo XX14

    13Brito, 2005, p.4814Brito, 2006, p.221

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    A contribuio dos ncleos dos aglomerados metropolitanos para o incremento das populaes

    urbana e total tem diminudo. Contudo, no incio da acelerao do processo de urbanizao eles

    contribuam com 27% para o incremento da primeira e com quase 30% para o incremento da ltima.

    Decorrncia, evidente, dos simultneos processo de concentrao urbana e metropolizao

    (TABELA 7).

    TABELA 7

    BRASIL, CONTRIBUIO DO INCREMENTO ABSOLUTO DA POPULAO DOS AGLOMERADOSMETROPOLITANOS PARA O INCREMENTO DA POPULAO URBANA E TOTAL, 1960/210

    1970/1980 1980/1991 1991/2000 2000/2010

    Contribuio do Ncleo

    Incremento da Pop.Urb. 27,20 16,23 14,51 16,33

    Incremento da Pop.Total 29,79 17,83 17,03 17,90

    Contribuio da Periferia

    Incremento da Pop.Urb. 19,71 20,19 22,86 18,95

    Incremento da Pop.Total 21,59 22,17 26,83 20,77

    Contribuio do Aglomerado

    Incremento da Pop.Urb. 46,91 36,42 37,37 35,28

    Incremento da Pop.Total 51,38 40,00 43,86 38,67

    Fonte: FIBGE, Censos Demogrficos de 1970, 1980, 1991,2000 e 2010.

    Com o decorrer do processo de metropolizao, o peso demogrfico das periferias passa a ser

    maior decorrente da grande transferncia populacional das capitais em suas direes. At o final do

    sculo passado esse aumento foi notvel. J entre 2000 e 2010, como j foi analisada, a importncia

    dos ncleos para o crescimento populacional aumentou, enquanto o da periferia reduziu. Este ajuste no

    crescimento populacional no interior das grandes metrpoles foi, certamente, como j mencionado,

    fruto da reduo das migraes internas para os grandes aglomerados e da maior homogeneizao no

    declnio das taxas de fecundidade.

    Incorporando, alm dos aglomerados, as outras regies metropolitanas, onde em 1970

    residiam 7.089.853 habitantes e em 2010, 18.720.594, pode-se avaliar a importncia do ponto de vista

    demogrfico desses novos espaos. Para uma anlise mais sugestiva ser considerada a populao

    urbana em estratos segundo diferentes tamanhos de cidades. (TABELA 9).

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    TABELA 9

    BRASIL, CONTRIBUIO DOS AGLOMERADOS METROPOLITANOS, OUTRAS REGIESMETROPOLITANAS E DO URBANO NO METROPOLITANO PARA O INCREMENTO DA POPULAO

    URBANA TOTAL, 1970-2010 (%)

    1970/1980 1980/1991 1991/2000 2000/2010

    At 20.000 -4,99 -0,85 1,81 0,38

    De 20.000 a 50.000 14,34 10,85 12,38 -7,57De 50.000 a 100.000 44,49 -11,03 19,86 22,68

    De 100.000 a 500.000 8,55 41,74 45,41 49,20

    De 500.000 a 1.000.000 100,00 48,04 2,61 -19,00

    Mais de 1.000.000 100,00 100,00 100,00 100,00

    TOTAL 47,04 36,20 38,08 37,68

    Outras Regies Metropolitanas

    At 20.000 7,25 1,35 4,39 0,42

    De 20.000 a 50.000 -6,01 13,00 8,28 1,34

    De 50.000 a 100.000 8,68 -7,04 1,54 38,20

    De 100.000 a 500.000 33,41 13,28 11,77 6,11

    De 500.000 a 1.000.000 - 40,06 59,90 47,79

    Mais de 1.000.000 - - - -

    TOTAL 10,29 11,33 12,38 11,92Urbano No Metropolitano

    At 20.000 97,74 99,50 93,81 99,20

    De 20.000 a 50.000 91,67 76,15 79,34 106,23

    De 50.000 a 100.000 46,83 118,07 78,60 39,11

    De 100.000 a 500.000 58,04 44,99 42,82 44,69

    De 500.000 a 1.000.000 - 11,89 37,49 71,21

    Mais de 1.000.000 - - - -

    TOTAL 42,67 52,46 49,54 50,40

    Fonte: FIBGE, Censos Demogrficos de 1970, 1980,1991,2000 e 2010.

    Vale destacar que, como o incremento absoluto entre dois perodos pode ser negativo, possvel que apaream propores negativas e, consequentemente, alguma porcentagem pode ser

    maior que 100%, dado que a contribuio dos trs grandes grupos tem que somar 100. Na fase inicial

    do processo de urbanizao, o crescimento da populao urbana, no seu conjunto se devia,

    principalmente, s aglomeraes metropolitanas, 47,04%, resultado de uma urbanizao concentrada e

    metropolitana. Com o decorrer do processo, em um primeiro momento, h uma reduo da

    participao relativa dos aglomerados e um aumento da contribuio das cidades no metropolitanas.

    Nas duas ltimas dcadas, h certa estabilidade na participao dos trs grandes grupos. Porm,

    certamente a anlise poder sugerir novidades se for considerado os diferentes tamanhos de cidades.

    As cidades menores do que 50.000 habitantes crescem, fundamentalmente, no espao urbano

    no metropolitano. Aquelas entre 50 e 100.00 habitantes, que j cresceram basicamente no espao

    urbano no metropolitano, recentemente, tendem a se expandir, tambm, nas regies metropolitanas e,

    em menor parcela nos grande aglomerados metropolitanos. Neste ltimo caso, certamente, em funo

    da incorporao de cidades menores aos aglomerados metropolitanos, menos por suas dimenses

    metropolitanas e mais por razes polticas.

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    As chamadas cidades mdias menores, ou seja, com uma populao entre 100 e 500.000

    habitantes, tm crescido substancialmente nas aglomeraes metropolitanas. Contudo, nas regies

    urbanas no metropolitanas, elas ainda permanecem como um espao de crescimento urbano

    relevante.

    As cidades mdias maiores, entre 500.000 e 1.000.000 de habitantes, so espaos que tem

    crescido fundamentalmente nas regies metropolitanas e, na ltima dcada, principalmente no urbanono metropolitano. Pode-se observar que a relativa estabilidade na participao dos trs grande grupos

    desde a dcada de 80, esconde uma significativa redistribuio da populao urbana em direo s

    cidades mdias, menores e maiores, nas regies metropolitanas e, principalmente, no urbano no

    metropolitano15.

    4. CONCLUSES

    O processo de urbanizao no Brasil determinante na conformao estrutural da moderna

    sociedade brasileira, principalmente, a partir da segunda metade do sculo vinte. No s o territrio

    que acelera o seu processo de urbanizao, mas a prpria sociedade brasileira que se transforma cada

    vez mais em urbana. O urbano passa a ser o lcus privilegiado das atividades econmicas mais

    relevantes e da grande maioria da populao, assim como difusor de uma nova cultura de novos

    padres de relaes sociais.

    A novidade do processo de urbanizao no Brasil foi a sua enorme velocidade, muito superior

    ao dos pases desenvolvidos, que fez coincidir, no tempo, os processos de urbanizao, concentrao

    da populao urbana nas grandes cidades e a metropolizao e que marcou, estruturalmente, a

    sociedade.

    A partir de 1980, h um declnio na participao relativa da populao urbana das grandesmetrpoles, entretanto, ele no foi suficiente para alterar, substancialmente, o seu peso dentro da rede

    de cidades. A relativa desconcentrao demogrfica observada no significa, necessariamente,

    nenhum processo de desmetropolizao.

    A relativa estabilidade na participao dos trs grandes grupos os aglomerados

    metropolitanos, as regies metropolitanas e o urbano no metropolitano mostra uma significativa

    expanso da populao urbana em direo s cidades mdias nas regies metropolitanas e,

    principalmente, no urbano no metropolitano. Ou seja, novos espaos urbanos que introduzem uma

    novidade relevante na configurao social da rede de cidades.

    15Baeninger, 2010, p.645.

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    5. BIBLIOGRAFIA

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