O PROJECTO “CRIANÇA+ - PSICOMOTRICIDADE EM MEIO AQUÁTICO / NATAÇÃO ADAPTADA”
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O PROJECTO “CRIANÇA+ - PSICOMOTRICIDADE EM MEIO
AQUÁTICO / NATAÇÃO ADAPTADA” NO AGRUPAMENTO DE
ESCOLAS DE AROUCA
Macedo Pinto e Sá, Leila Maria; Correia, Sérgio Miguel; Ribeiro, Sérgio Dinis;
Barata, Marco António
Agrupamento de Escolas de Arouca – Núcleo de Apoio Educativo
[email protected]; [email protected]; [email protected];
RESUMO / ABSTRACT
O projeto “Criança+”, implementado no Agrupamento de Escolas de Arouca pelo Núcleo de
Apoio Educativo desde o ano letivo 2009/2010 tem como principal premissa: diversificar a
oferta educativa do Agrupamento através da implementação de aulas de Psicomotricidade em
Meio Aquático / Natação Adaptada numa lógica de rentabilização dos recursos humanos,
materiais e, em simultâneo, aumentando a qualidade de vida dos nossos alunos. Do exposto,
os objetivos deste projeto são: (i) garantir o rastreio do nível de higiene e saúde aos alunos do
pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclos e a prática de atividade física; (ii) promover o desenvolvimento
adequado da tonicidade muscular e melhoria da funcionalidade para a realização das
atividades da vida diária; (iii) melhoria do equilíbrio, da coordenação global e motricidade fina;
(iv) melhoria da sua auto-imagem, auto-valorização e auto-estima; (v) superação de barreiras
pessoais e sociais; (vi) aumentar a independência e autonomia; (vii) prevenção de deficiências
secundárias. Para a concretização dos objetivos propostos foram utilizadas diferentes
metodologias de ensino: (i) utilização do método de Halliwick para alunos com patologias
neurológicas e alterações da mobilidade (ii) diferenciação dos alunos em diferentes níveis de
adaptação ao meio aquático. Os resultados da operacionalização do projeto apontam para a
importância da psicomotricidade em meio aquático / natação adaptada no desenvolvimento de
competências motoras, emocionais e sociais, contribuindo para alunos mais interessados,
participantes, colaborativos e competentes, bem como para uma comunidade escolar dinâmica
e proactiva. Em suma, o nosso projeto “Criança+ - Psicomotricidade em Meio Aquático /
Natação Adaptada” é assente em três pilares basilares: ÁGUA, PSICOMOTRICIDADE e
SUPERAÇÃO. Água porque é lá que desenvolvemos as competências definidas;
Psicomotricidade porque procuramos sempre a melhoria das competências psicomotoras dos
nossos alunos e superação dado que objetivamos no dia-a-dia a superação de barreiras
pessoais, sociais e emocionais dos nossos alunos.
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PALAVRAS-CHAVE / KEYWORDS – psicomotricidade; natação; necessidades educativas
especiais; superação
INTRODUÇÃO
O Agrupamento de Escolas de Arouca (AEA) é uma organização educativa
com uma larga tradição no desenvolvimento de práticas que promovam a inclusão da
criança/ jovem com deficiência. Têm sido desenvolvidos todos os esforços no sentido
de melhorar as respostas educativas a este público específico numa lógica de
rentabilização dos recursos humanos e materiais e, em simultâneo, aumentando a sua
qualidade de vida.
Deste modo, a atividade física e desportiva, neste caso designada como
atividade motora adaptada, surge como um complemento às terapias tradicionais pois
pretende alcançar a reabilitação motora, funcional, emocional e social do indivíduo
num ambiente lúdico que respeita a individualidade e promove a iniciativa e a
autonomia.
Neste âmbito, a atividade motora adaptada nos alunos portadores de
necessidades educativas especiais tem como principal objetivo oferecer um
atendimento especializado aos mesmos, respeitando-se as diferenças individuais,
visando o desenvolvimento global desses alunos tornando possível não só o
reconhecimento das suas potencialidades, como também sua integração na
sociedade. Esta atividade caracteriza-se por adequar metodologicamente um conjunto
de tarefas que envolvam diferentes estímulos, adaptando as capacidades e limitações
do aluno com deficiência utilizando metodologias que respeitem a diversidade do
grupo, as características e as necessidades do aluno com deficiência.
Têm sido descritos, na literatura, vários benefícios para a prática de atividade
física de indivíduos portadores de deficiência. Foram descritas melhorias ao nível da
composição corporal (Horta et al., 2009). Do mesmo modo, é referido que a
participação em atividades físicas por parte de indivíduos portadores de deficiência
induz melhorias no consumo de oxigénio (Campbell & Lakomy, 1997) e melhoria da
capacidade aeróbia (Bhambhabi, 2002); redução do risco de doenças
cardiovasculares (Slater, 2004); diminuição da incidência de infeções (infeções
urinárias, renais e respiratórias), bem como a melhoria funcional e qualidade de vida
dos indivíduos (Hoffmann, 1986; Heat e Fentem, 1997).
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Para além destes benefícios, têm sido igualmente apontadas melhorias no
bem-estar psicológico, melhoria da auto-estima e reconhecimento das suas
capacidades (Ferreira, s.d.) e que a participação de pessoas com deficiência em
atividades desportivas proporciona oportunidades para os indivíduos melhorarem as
suas auto-percepções quer a nível físico quer a nível social (Blinde e McClung, 1997).
De acordo com o exposto, Marques (2011) refere que o desporto desempenha
um papel fundamental na reabilitação de pessoas com deficiência dado que contribui
para a melhoria da composição corporal, melhoria da função cardiopulmonar, aumento
da força muscular, da mobilidade, equilíbrio e resistência. A mesma autora refere
ainda que a prática desportiva contribui para a inclusão e melhoria da qualidade de
vida dos indivíduos quer pela melhoria da sua auto-imagem e auto-estima, quer pela
mudança do que as pessoas em geral pensam e sentem acerca das pessoas
portadoras de deficiência.
A PSICOMOTRICIDADE EM MEIO AQUÁTICO / NATAÇÃO ADAPTADA NO
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE AROUCA
A água permite realizar movimentos incríveis que, se fossem realizados fora
deste meio, poucas pessoas os fariam. Entrar na água é uma experiência única que
fornece a todos a oportunidade de ampliar física, mental e psicologicamente as suas
capacidades e conhecimentos. As atividades motoras em meio aquático visam o
desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional e social, sendo mencionadas como um
excelente meio de execução motora, favorecendo o desenvolvimento global do
indivíduo portador de deficiência física (Tsutsumi et al. 2004, 2001; Cardoso, 2010).
As propriedades físicas da água (densidade, pressão hidrostática, viscosidade,
entre outras) irão influenciar no comportamento humano, tanto no aspeto fisiológico
como psicológico. Assim, a imersão até à altura do pescoço, na posição vertical
diminui em ¼ o peso do indivíduo; existe uma menor compressão das articulações o
que facilita o movimento e a prática do exercício; ocorre um aumento dos estímulos
sensitivos devido à turbulência da água; a temperatura da água promove um aumento
do relaxamento muscular; e ocorre ainda um aumento do retorno venoso devido à
densidade da água e pressão hidrostática (Cardoso, 2010).
Podemos encontrar na literatura diversos benefícios decorrentes da prática de
atividade física em meio aquático: (i) socialização com outros grupos; (ii) melhoria das
condições organo-funcionais dos aparelhos circulatório, respiratório, digestivo,
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reprodutor e excretor; (iii) melhoria da força e resistência muscular geral; (iv) promoção
e desenvolvimento da coordenação motora e ritmo; (v) melhoria do equilíbrio estático e
dinâmico; (vi) promover a vivência de situações de sucesso e superação de situações
de frustração; (vii) desenvolver capacidades motoras e funcionais para a realização
das atividades da vida diária; (viii) desenvolver a capacidade de resolução de
problemas; (ix) melhorar a auto-estima, auto-valorização e auto-imagem; (x) aumentar
a independência e a autonomia; (xii) através da prática de atividade física, prevenir
deficiências secundárias. (Guttman, 1976b; Seaman, 1982; Lianza, 1985; Sherrill,
1986; Rosadas, 1989; Souza, 1994; Schutz, 1994; Giveita, 2001, citados por Melo e
López, 2002; Silva, Oliveira e Conceição, 2005)
A Psicomotricidade de acordo com Fonseca (2001:11) visa “privilegiar a
qualidade da relação afetivo-emocional, a disponibilidade tónica, a segurança
gravitacional e o controlo postural, a noção fenomenológica do corpo e a sua
dimensão existencial, a sua lateralização e direccionalidade e a sua planificação
práxica, enquanto componentes essenciais e globais da adaptabilidade, da
aprendizagem e do seu ato mental concomitante”. De acordo com o mesmo autor,
esta atividade desenvolvida no meio aquático permite uma integração de dados intra e
extrassomáticos numa unidade funcional entre a situação (água) e a ação (indivíduo).
O cérebro da criança deve, portanto, organizar inúmeras fontes de informação
sensorial num comportamento motor e numa experiência integrada.
Neste contexto destacam-se conteúdos como: coordenação motora global, que
possibilita desafios e dificuldades na água, tónus muscular e postura, equilíbrio e
esquema corporal que irá ajudar a criança a adaptar-se em relação ao espaço e
tempo, bem como ampliar o seu reportório motor (Fonseca, 2001).
A Natação Adaptada surge como uma metodologia de ensino dos estilos de
nado a indivíduos com défice psicomotor, onde se ressaltam as funções psicomotoras
no meio líquido, com o objetivo de obter a habilitação psicomotora, funcional, social,
emocional do individuo, levando-o desta forma a mostrar capacidade de execução dos
estilos de nado como os demais praticantes da natação. É, portanto, a capacidade do
individuo para dominar o elemento água, deslocando-se de forma independente e
segura sob e sobre a água utilizando, para isso, toda a sua capacidade funcional,
respeitando as suas limitações (Archer, 1998; Grasseli e Paula, 2002, cit. por Cardoso.
2010).
A Psicomotricidade em Meio Aquático e a Natação Adaptada são portanto
meios para estimular as potencialidades do indivíduo utilizando a água como contexto,
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trabalhando a relação do indivíduo com o espaço, com o objeto, com o outro e consigo
mesmo.
De acordo com o exposto, a implementação do “Projeto Criança + -
Psicomotricidade em Meio Aquático / Natação Adaptada” teve como objetivos: (i)
garantir o rastreio do nível de higiene e saúde aos alunos do pré-escolar, 1º, 2º e 3º
ciclos e a prática de atividade física; (ii) promover o desenvolvimento adequado da
tonicidade muscular e melhoria da funcionalidade para a realização das atividades da
vida diária; (iii) melhoria do equilíbrio, da coordenação global e motricidade fina; (iv)
melhoria da sua auto-imagem, auto-valorização e auto-estima; (v) superação de
barreiras pessoais e sociais; (vi) aumentar a independência e autonomia; (vii)
prevenção de deficiências secundárias; (viii) contribuir para alunos mais interessados,
participantes, colaborativos e competentes, bem como para uma comunidade escolar dinâmica
e proactiva.
METODOLOGIA DE TRABALHO
Para a concretização dos objetivos propostos e a operacionalização do
trabalho a desenvolver torna-se necessário a adaptação de algumas estratégias no
sentido a melhor responder às especificidades dos alunos em questão. Archer (1998
cit por Cardoso, 2010) e Cardoso (2010) referem algumas adaptações a efetuar em
alunos que possuam défice no processamento da informação (deficiência intelectual,
autismo, síndrome de down, hiperatividade):
- Instrução (transmitir confiança);
- Uma ordem de cada vez;
- Poucas palavras e com consistência;
- Simplificar, demonstrar e repetir;
- Desenvolver as aptidões aquáticas através da utilização de formas lúdicas;
- Maior divisão das etapas de ensino (por ex.: a expiração 1º expirar na mão, 2º
queixo na água, 3º queixo e boca, 4º boca nariz, 5º sobrancelhas, 6º testa na
água,7º face);
- Implementação de rotinas;
- Poucas distrações visuais e auditivas;
- Comportamento consistente e intransigência no cumprimento de regras;
- Segurança (dentro e fora de água);
- Manipulações constantes (evitar o uso de flutuadores);
- Posições adequadas para prevenir quedas e submersões súbitas.
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Por outro lado, em alunos com défice na execução (deficiência motora,
paralisia cerebral, distrofia muscular e lesão vertebro-medular) as adaptações
referidas são as seguintes:
- Utilização do método de HALLIWICK como estratégia de ensino;
- Ter em atenção a ocorrência de movimentos reflexos;
- Manipulação dos membros dentro de água;
- Utilizar equipamentos de flutuação.
Na operacionalização do trabalho a desenvolver, têm sido adotadas estratégias
globais de atuação no sentido de serem normalizados os comportamentos e as rotinas
de trabalho por parte da equipa pedagógica. Neste sentido foram estabelecidas como
estratégias de trabalho: (i) estabelecer uma relação de confiança entre o professor e o
aluno; (ii) promover atividades que levem ao sucesso; (iii) trabalhar em primeiro lugar a
motricidade global e só depois a motricidade fina; (iv) utilizar exercícios que estimulem
posturas corporais corretas; (v) utilizar grande variedade de formas, tamanhos e
materiais para aumentar a experiência sensorial e manipulações; (vi) exploração e
desenvolvimento do espaço (controlo da cabeça, tronco e extremidades); (vii)
implementação de rotinas (equipar; tomar banho; arrumar material, etc.); (viii) adotar
um comportamento consistente, valorizando as conquistas do aluno.
Os alunos serão divididos por três níveis de adaptação, após uma avaliação
diagnóstica:
- Nível A;
- Nível B;
- Nível C.
A caracterização de cada um dos níveis, bem como os domínios a desenvolver
encontra-se descrita na tabela 1.
Paralelamente a este trabalho, os docentes da disciplina, ao elaborarem o
“Plano individual de Trabalho”, terão em conta a problemática e o perfil de cada aluno
no sentido de, caso necessário, serem trabalhadas competências fora do âmbito dos
níveis propostos.
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Tabela 1. Divisão dos alunos com base no seu nível de adaptação ao meio aquático
Nível A Nível B Nível C
Imersão
a) Molhar a cara
b) Abrir os olhos debaixo de água
c) Imergir completamente o corpo
d) Imergir e orientar-se
e) Imergir a diferentes profundidades e planos
a) Imergir a diferentes profundidades e
planos
Respiração
a) Soprar objetos
b) Realizar a apneia em imersão
c) Expirar pela boca dentro de água
d) Expirar pelo nariz dentro de água
e) Realizar diferentes tempos de expiração: curto, médio e longo
f) Realizar ciclos respiratórios (inspiração/expiração)
g) Associar a respiração a exercícios de imersão, equilíbrio,
propulsão e salto
a) Realizar percursos em imersão e
apneia
b) Associar a respiração a exercícios
propulsão e mergulhos.
Equilíbrio
a) Equilíbrio vertical com e sem apoio
b) Caminhar com e sem apoio
c) Correr para a frente, para trás e lateralmente
d) Saltitar a um e dois pés
e) Realizar a posição horizontal, ventral e dorsal.
f) Controlar a passagem da posição vertical para a posição
horizontal (ventral e dorsal)
g) Realizar rotações longitudinais na posição horizontal
h) Realizar a posição de medusa
i) Realizar rotações transversais (rolamentos) à frente e à
retaguarda.
j) Associar o equilíbrio a exercícios de imersão, respiração,
propulsão e salto
k) Em apneia afastar os m.s. e m.i. em posição dorsal,
sustentando-se durante alguns segundos.
a) Realizar rotações transversais
(rolamentos) à frente e à retaguarda
b) Associar o equilíbrio a exercícios de
imersão, respiração, sustentação,
propulsão e salto
Propulsão
a) Realizar o deslize ventral e dorsal
- Com e sem ajuda
b) Realizar o deslize ventral e dorsal a diferentes profundidades:
à superfície, médio e em profundidade.
c) Realizar o deslize com rotações longitudinais
Realizar o deslize com rotações
longitudinais
b) Desenvolver situações de
deslocamento propulsivo com
pernas e braços
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Salto
a) Saltar de pé a partir de diferentes posições, planos e eixos
corporais
b) Saltar de cabeça:
- com e sem ajuda
- sentado, de joelhos e de pé
a) Saltar de cabeça:
1. com e sem ajuda
2. sentado, de joelhos e de pé
3. explorar diversos planos e
eixos corporais (ex: mortal,
carpa)
Técnicas
de Nado
a) Movimento de pernas b) Posição da cabeça e bacia
c) Sincronizar movimentos de pernas
com a respiração
Iniciação às técnicas de
Crol, Costas, Bruços e
Mariposa
a) Movimento de pernas
b) Movimento de
braços: fase
propulsiva e de
recuperação
c) Posição da cabeça
e bacia
d) Respiração
e) Coordenação de
movimentos
f) Técnicas de partida
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Para a operacionalização do trabalho a desenvolver em alunos com deficiência
motora, paralisia cerebral, distrofia muscular e lesão vertebro-medular utilizamos
Método Halliwick de Natação para Deficientes (adaptado de Cardoso, 2010), o qual
é baseado nos princípios científicos da hidrostática, hidrodinâmica e mecânica dos
corpos que enfatiza a habilidade dos pacientes na água e não suas limitações. Os
nadadores são ensinados numa relação de um instrutor para cada paciente até que a
independência completa seja alcançada. É uma proposta de trabalho que se baseia
em três componentes: habilidades motoras, segurança, alegria/divertimento e não são
usados qualquer tipo de flutuadores. O programa desenrola-se em dez etapas que
devem ser respeitadas:
1 - Ajustamento mental: Adaptação ao meio líquido de forma a que a confiança na
água possa ser estabelecida. (respiração; equilíbrio vertical com variação de ritmo;
confiança com a água)
2 – Controlo da rotação sagital: é o movimento em volta do eixo da coluna vertebral
(rolar: decúbito ventral para decúbito dorsal).
3 - Controlo da rotação sobre o eixo vertical: é o movimento em torno do eixo
transversal do corpo (da posição deitada, para posição em pé);
4 – Controlo da rotação longitudinal (em posição dorsal, passar objetos para outro
colega);
5 - Rotação combinada: combinação das rotações sagital e vertical
6 - Impulsão: compreensão da força de flutuação da água (imersão em várias
posições)
7 - Flutuação em equilíbrio: o aluno é capaz de manter a posição dorsal
8 - Deslize em turbulência: o nadador flutua, sendo levado através da água pela
turbulência criada pelo instrutor.
9 - Progressão simples: o aluno realiza movimentos das mãos junto ao corpo
(remadas curtas, movimentação simétrica dos m.s.);
10 - Movimento básico: com o aluno em decúbito dorsal, efetuar braçada simultânea.
Planificação, controlo e avaliação das atividades
Para cada aluno envolvido é elaborado um Plano Individual de Trabalho que
contém os seguintes elementos:
- Nome, ano e turma;
- Problemática do aluno;
- Perfil de funcionalidade;
- Nível de adaptação ao meio aquático (tendo em conta a tabela 1)
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- Competências a privilegiar.
Periodicamente é entregue um Relatório de Avaliação, ao diretor de turma,
tendo por base:
- Assiduidade e pontualidade;
- Empenho e comportamento;
- Desenvolvimento das competências definidas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No sentido de diversificar a oferta educativa, desenvolver respostas
específicas diferenciadas e promover aprendizagens significativas imprescindíveis à
correta aquisição de competências necessárias à sua vida escolar e pós-escolar, o
Agrupamento de Escolas de Arouca considera de vital importância o desenvolvimento
de um conjunto de atividades necessárias ao desenvolvimento dessas competências.
Partindo dos pressupostos que:
- Nem toda a criança / jovem, por força da sua incapacidade, possui uma
igualdade de oportunidades no acesso à educação, à inclusão social e ao
mundo do trabalho;
- A valorização de competências de socialização é fundamental para
compreender o modo de estar da criança/jovem e o modo como se relaciona
com os outros, de forma a adquirir segurança com os pares e ir respondendo
às expectativas de desenvolvimento implícitas em situações do seu dia-a-dia;
- A melhor resposta educativa, por vezes, passa pela frequência, dos alunos, em
estruturas inexistentes nas escolas, de elevado custo e, por conseguinte, de
difícil obtenção;
- O Agrupamento de Escolas de Arouca é uma organização educativa com uma
larga tradição no desenvolvimento de esforços no sentido da inclusão da
criança/ jovem com deficiência;
- O desenvolvimento destas competências ajudam a criança/jovem a tornar-se
progressivamente um elemento mais feliz e autónomo no seio da família e da
comunidade, proporcionando um relacionamento mais fácil em diferentes
contextos permitindo-lhes desta forma maior liberdade de ação e qualidade de
vida.
O Agrupamento de Escolas de Arouca lançou etapas que têm como principal
premissa: acreditar que as crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE)
são competentes. Para tal, procuraram encontrar estruturas fundamentais de apoio
junto da comunidade local, com o intuito de criar uma teia de parecerias fortes, quer
com a autarquia local, quer com as instituições locais, Câmara Municipal de Arouca,
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Associação para a Integração de Crianças Inadaptadas de Arouca (AICIA) e
Segurança Social, quer com a família, enquanto parceira educativa.
O projeto aqui apresentado pretende desenvolver competências de
responsabilização, por parte do aluno e das suas ações em contexto comunitário;
promover o potencial individual, familiar e comunitário, com o intuito de estimular a
procura de respostas às necessidades dos alunos e incentivar a participação das
famílias no processo educativo e estabelecer relações de colaboração com a
comunidade.
Em suma, o projeto Criança+ procura diversificar a oferta educativa do
Agrupamento através do desenvolvimento de respostas específicas diferenciadas. Os
benefícios da atividade física em indivíduos portadores de deficiência descritos na
literatura e que foram aqui apresentados, bem como as vantagens da realização dessa
atividade em meio aquático, levaram a que numa lógica de rentabilização dos recursos
humanos, materiais e, em simultâneo, aumentando a qualidade de vida dos nossos
alunos, fossem organizadas, estruturadas e desenvolvidas atividades de
Psicomotricidade em Meio Aquático e Natação Adaptada.
Referências
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