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  • 7/25/2019 O Psiclogo Nas UBS

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    O Psiclogo nas UBS: desafios para a formao e atuao profissionais

    Atravs da Federal n !""# $ %ue a Psicologia passou a e&istir como profisso! 'o final da dcada de ()$ Psicologia passou a adentrar em institui*es p+,licas

    no Brasil- antes s .aviam algumas e&peri/ncias isoladas!

    'esse conte&to0 alguns fatores foram decisivos para incrementar a entrada dopsiclogo no 1m,ito das institui*es p+,licas de sa+de0 tais como: "!O conte&to das pol2ticas p+,licas de sa+de do final dos anos () e da dcada de

    3) no %ue se refere 4 pol2tica de recursos .umanos- 5!A crise econ6mica e social no Brasil na dcada de 3) e a retrao do mercado

    dos atendimentos privados- 7!Os movimentos da categoria na tentativa de redefinio da funo do

    psiclogo na sociedade- !8ifuso da psican9lise e psicologiao da sociedade!

    Item 1- O contexto das polticas pblicas de sade no final dos anos 70 e dcada de

    80 8c! ()$ ;rescimento da populao de ordem acelerada e as migra*es internas

    para centros ur,anos levaram a conse%u/ncias catastrficas: e&pansodesordenada desses centros0 endividamento e&terno0 e&panso da d2vida p+,lica!

    A inflao teve seu 9pice nos anos 3)! Assim foi oferecido assist/ncia 4populao nos servios de sa+de %ue aca,ou sendo deteriorada0 muito em,ora.ouvesse avanos tecnolgicos na poca!

    ;ortes progressivos nos programas sociais e de sa+de afetaram as condi*es desa+de da populao em geral!

    A'OS ()$ modelo mdico assistencialista e privatista$ pr9tica mdica curativa0

    individual e assistencialista0 em detrimento da sa+de p+,lica $ capitaliao da

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    poderia desempen.ar este papel totalmente soin.o ,uscou$se as e%uipesmultiprofissionais: apresentava$se en%uanto cr2tica ao asilo e comosoluo paraos pro,lemas e precariedades da assist/ncia psi%ui9trica ?da2 a entrada doPsiclogo@!

    Final dos anos ()$o campo da sa+de mental configurou$se como um grande plo

    de a,soro de psiclogos0 insero %ue se deu em parte devido 4s cr2ticas%uanto 4 predomin1ncia de mdicos nas e%uipes de sa+de0 e ao investimento %ue

    passou a ser efetivado em outras categorias profissionais0 na tentativa de mudaro modelo mdico predominante e de formar e%uipes multiprofissionais!

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    ateno integral 4 sa+de da populao atravs de uma rede de serviosintegrados e regionaliados

    'o mesmo ano0 na 9rea da sa+de mental0 essas mesmas diretries passaram anortear a pr9tica da 8E'SA< ?8iviso 'acional de Sa+de

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    m "#330 foi aprovado na nova ;onstituio o SUS ?Sistema Hnico de Sa+de@0%ue a forma atualmente proposta de produir servios de sa+de para o setor

    p+,lico de forma descentraliada0 numa rede regionaliada e .ierar%uiada0prioriando$se o atendimento integral e as atividades preventivas a alterao nacomposio interna das e%uipes de sa+de foi uma conse%u/ncia de uma nova

    orientao dada pelas pol2ticas p+,licas de sa+de e do princ2pio de integrao! Item 2-A crise econmica e social no Brasil na dcada de 80 e os moimentos

    de redefini!"o da cate#oria

    O segundo fator %ue contri,uiu para a entrada do psiclogo no campo da sa+defoi a grave crise econ6mica e social ocorrida no Brasil na dcada de 3)

    O mercado dos atendimentos psicolgicos privados mostrava$se cada ve maislimitado com a crise econ6mica e social %ue a,ateu o pa2s! Alm disso0 estavadif2cil a,sorver o n+mero crescente de profissionais %ue sa2a das universidades!;rise econ6mica: classe mdia dei&a os servios psicolgicos de lado$ O

    psiclogo encontra como sa2da: o servio p+,lico como um emprego vital2cio0cuDa carga .or9ria reduida permitia outras atividades0 alm de possi,ilitar oe&erc2cio cl2nico0 sem d+vida foram alguns dos aspectos %ue mais atra2ram o

    psiclogo em ,usca da segurana de uma remunerao fi&a e garantida0 ainda%ue modesta!

    esoluo do ;FP n "N0 de "7 de deem,ro de "##L: instituiu e regulamentou aconcesso de atestado psicolgico para tratamento de sa+de por pro,lemas

    psicolgicos ,em como facultou ao psiclogo o uso do ;digo Enternacional de8oenas ?;E8@ ou outros cdigos de diagnstico!

    Pr9ticas psicolgicas nas institui*es p+,licas de sa+de deu$se0 em parte0 poruma falta de opo de entrar no mercado dos atendimentos privado a Psicologiavin.a sendo alvo de in+meras cr2ticas $ por parte no s da categoria $ no sentido

    de %ue o tra,al.o cl2nico do psiclogo no apresentava grande significado social0sendo fre%uentemente identificado como uma atividade de lu&o! Pode$se0 ento0 dier %ue esse movimento de insero no setor sa+de

    configurou$se0 ou mel.or0 vem configurando$se ainda como uma estratgia paraescapar ao decl2nio social e 4 reduo dos empregos %ue os psiclogos v/me&perimentando desde meados dos anos 3)!

    O segundo ponto di respeito ao fato de %ue a Psicologia foi concretiando$secomo uma profisso predominantemente feminina0 implicando com isso numa

    perda de prest2gio e de valor no mercado das profiss*es! m outras palavras0 a Psicologia foi ficando marcada como uma profisso de

    mul.eres e isso um dos fatores de grande repercusso em termos do seu valorsocial e dos espaos ocupados no mercado de tra,al.o! Item $- A dif%s"o da psican&lise e a psicolo#i'a!"o da sociedade

    A produo de uma cultura psicolgica no Brasil0 propiciada pela intensa difusoda psican9lise na sociedade ,rasileira foi0 sem d+vida0 um dos aspectos %uecontri,u2ram para o ,oom da procura de faculdades de Psicologia a partir dosanos ()0 para o aumento da oferta de servios de Psicologia0 para a e&panso docampo de atuao do psiclogo e seu mercado de tra,al.o no Brasil!

    Figueira ?"#3N@0 a partir dessa poca0 a psican9lise comeou a se difundirmaciamente na sociedade ,rasileira por v9rias vias0 atingindo um grau de

    populariao to alto $ o %ue ele c.amou de Icultura psicanal2ticaJ $ %ue passou

    a produir uma Iviso de mundoJ e um certo modo de funcionamento dossuDeitos!

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    sse processo de difuso da psican9lise teria vindo responder a uma necessidadesocial de orientao das pessoas afetadas pela moderniao aceleradae&perimentada pela sociedade ,rasileira a partir da dcada de N)!

    A difuso da psican9lise no Brasil ficou marcada predominantemente nessasclasses sociais em funo da e&ist/ncia de um et.os individualista caracteriado

    pela centralidade do valor Iindiv2duoI0 na nucleariao da fam2lia0 naincompati,ilidade entre os dom2nios p+,licos e privados da e&ist/ncia0 ou seDa0

    por um determinado modo de pensar e estilo de vida0 por certas escol.as ticase estticas e pela monopoliao de certos ,ens sim,licos

    Ao longo dos anos L)() e at mesmo nos 3)0 .ouve um culto da intimidadecom /nfase na privatiao e nucleariao da fam2lia0 em contraste com osantigos valores da fam2lia .ier9r%uica0 na responsa,ilidade individual de cadaum de seus mem,ros e uma preocupao com suas particularidades0 nos

    proDetos de ascenso social e no Imudar de vidaJ0 na desco,erta de si mesmo nali,ertao das repress*es! nfases %ue foram reforadas pela difuso da

    psican9lise e dos sa,eres IpsiJ na sociedade ,rasileira0 culminando napromoo de uma psicologiao do cotidiano e da vida social!

    Ia e&panso de uma viso de mundo psicologiada0 a procura de faculdades dePsicologia0 o aumento da oferta de servios psicolgicos e o in2cio dosatendimentos de cun.o socialJ ?p! 5N@0 pois com a saturao do mercado

    privado e a a,ertura dos primeiros servios de atendimento comunit9rio0possi,ilitadas pelas pol2ticas p+,licas de sa+de0 aconteceu0 de fato0 uma a,erturade mercado para o psiclogo!

    Item (- )nidades B&sicas de *ade +)B*, desafios para a forma!"o e

    at%a!"o profissional do psic.lo#o

    'o %ue tange ao campo da Psicologia0 poss2vel apontar %ue tais dificuldades

    encontradas pelos psiclogos para a realiao da Psicologia nas UnidadesB9sicas de Sa+de no pa2s adv/m tanto da inade%uao da sua formaoacad/mica para o tra,al.o no setor0 %uanto do seu modelo limitado de atuao

    profissional0 ,em como da sua dificuldade de adaptar$se 4s din1micas condi*esde perfil profissional e&igido pelo Sistema Hnico de Sa+de ?SUS@!

    A formao do profissional de Psicologia prioria praticamente um +nicomodelo de atendimento0 o %ual direcionado aos padr*es de classe mdia0 sendoampliado 4 populao %ue fre%uenta as unidades de sa+de e%uivocadamente!

    O indiv2duo tratado como um ser a,strato e a$.istrico0 desvinculado do seuconte&to social0 como se todos os mem,ros da espcie .umana fossem iguais em%ual%uer poca0 em %ual%uer lugar!

    Ceorias essencialistas e universais %ue so,re assuntos como: fam2lia0 casamento0se&ualidade e outros$tam,m ideia universal do %ue sa+de e doena$ nemsempre compartil.ada pelos pacientes!

    O pro,lema est9: psiclogo aca,a por transpor suas tcnicas e teoriaspsicolgicas para o atendimento da clientela %ue fre%uenta as institui*esp+,licas de sa+de0 geralmente pertencentes 4s classes populares0 partem dopressuposto de %ue essa populao compartil.a da mesma viso de mundo0 dasmesmas representa*es e modelo de su,Detividade!

    ecai na su,Detividade prpria de cada um! 'oo de IoperadorJ $ otelli?"##5@: um profissional %ue esteDa a servio do paciente e no contra ele e %ue

    comece a construir Ium profissionalismo %ue no seDa mais caricatural e

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    simplificado0 mas um profissionalismo completo0 %ue consiga ser um elementode transformao cultural da sociedadeJ!

    sse um dos grandes desafios %ue o psiclogo enfrenta atualmente no campoda assist/ncia p+,lica 4 sa+de0 na medida em %ue implica na su,stituio do

    paradigma da cl2nica pelo da sa+de p+,lica0 re%uer um novo modelo de ateno

    4 sa+de e de relao com o usu9rio0 ,em como um modo sempre mutante defaer sa+de0 tal como apontou ;ampos ?"##5@0 com ,ase nas prioridades desa+de da populao!