O Sermão Textual

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CLOVIS TORQUATO JUNIOR O SERMÃO TEXTUAL Feira de Santana, agosto de 1990

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Como preparar sermões textuais. Manual da Pregação. Tipos de sermão. Como pregar sermões bíblicos. O Sermão Textual. Passos na preparação de sermões. Os oito tipos de sermão. A pregação da textual da Biblia. Como preparar esboços de sermões bíblicos. O Esboço do Sermão Textual. Passos para preparação do esboço. O Sermão Biográfico. O Sermão tpo Monólogo. O Sermão tipo Diálogo. O Sermão Expositivo. O Sermão e o Pregador.

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CLOVIS TORQUATO JUNIOR

O SERMÃO TEXTUAL

Feira de Santana, agosto de 1990

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SUMÁRIO PREFÁCIO I. O texto bíblico para o sermão

1.1. O significado do texto 1.2. Vantagens do uso de um texto 1.3. Regras para a escolha de um texto

II. Os objetivos do sermão 2.1. O valor do objetivo 2.2. Os objetivos gerais 2.3. O objetivo específico

III. A idéia do sermão 3.1. Definição 3.2. As idéias geral e específica 3.3. Especificação das idéias geral e específica 3.4. Utilidade da idéia específica 3.5. Qualidades de uma boa idéia específica 3.6. As relações da idéia específica (Título) com as outras partes do sermão 3.7. Como formular a idéia específica (ou o Título) do sermão

IV. A tese ou proposição central do sermão 4.1. Definição 4.2. O lugar da tese no sermão 4.3. Características de uma boa tese 4.4. O valor de uma boa tese 4.5. Tipos de tese

V. A Interpretação do texto 5.1. A natureza da interpretação 5.2. Algumas razões de falha na interpretação 5.3. Quatro princípios de interpretação 5.4. Como estudar o texto para o sermão 5.5. Relação da idéia central do texto com o sermão

VI. A organização dos pensamentos do sermão (o esboço) 6.1. A importância de uma boa organização 6.2. Qualidades do sermão bem organizado 6.3. Erros a serem evitados ao organizar um sermão 6.4. A formulação e organização das partes de um sermão 6.5. A qualidade dos pontos de um sermão 6.6. A sequência das idéias do esboço

VII. A introdução do sermão 7.1. Finalidade da introdução 7.2. Características de uma boa introdução 7.3. Erros a serem evitados na introdução 7.4. Quando formular a introdução 7.5. Tipos de uma boa introdução

VIII. A Conclusão do sermão 8.1. A importância da conclusão 8.2. Finalidades da conclusão 8.3. Características de uma conclusão eficaz 8.4. Erros a serem evitados em uma conclusão 8.5. Tipos de conclusão

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IX.O material ilustrativo 9.1. Definição 9.2. Objetivos do uso do material ilustrativo 9.3. Tipos e fontes do material ilustrativo 9.4. Advertências quanto ao uso das ilustrações 9.5. Características de boas ilustrações

X.__A aplicação 10.1. Definição 10.2. Tipos de aplicação 10.3. Características da aplicação 10.4. Relação do texto com a aplicação 10.5. Passos para uma boa aplicação 10.6. Quando aplicar 10.7. Aspectos a serem observados na aplicação

XI._A explanação 11.1. Definição 11.2. Há as seguintes possibilidades de explanação

XII. A argumentação 12.1. Definição 12.2. Principais tipos de argumentos 12.3. Formas de argumentação 12.4. Refutação 12.5. Como proceder a refutação

XIII. Elementos funcionais do sermão 13.1. Definição 13.2. Classificação 13.3. Os elementos funcionais no corpo do sermão 13.4. A ordem dos elementos

Anexos: O SERMÃO BIOGRÁFICO Pr. Jerry Stanley Key O SERMÃO TIPO MONÓLOGO Pr. Jerry Stanley Key O SERMÃO TIPO DIÁLOGO Pr. Jerry Stanley Key O SERMÃO EXPOSITIVO Pr. Gerard Rowlands O SERMÃO E O PREGADOR Pr. Gerard Rowlands

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PREFÁCIO

Este pequeno trabalho visa auxiliar o preparo de sermão para a matéria de Homilética II, que estou tendo o prazer de lecionar este semestre. Ninguém deve procurar aqui um manual de Homilética. É uma ordenação simples dos pontos apresentados em sala de aula, para que o aluno de posse deste material possa organizar o sermão que será pregado em sala de aula. Seu caráter modesto explica a singeleza do texto e brevidade das explicações, que foram bem mais amplas e completas em sala de aula. Devo esclarecer, que os pontos aqui redigidos não são de minha autoria particular, mas adaptação de um trabalho do Professor Jerry Stanley Key, um resumo das principais idéias. Algumas poucas vezes acrescentei pontos pessoais além daqueles que o Dr. Key tinha anotado. Na sala de aula tomarei o devido cuidado para ressaltar minhas contribuições. Devo esclarecer que há pelo menos oito tipos de sermões: sermão temático, sermão textual, sermão expositivo, sermão tipo monólogo, sermão tipo diálogo, sermão tipo biográfico, sermão epistolar e sermão narrativo. O Sermão temático não está preso ao texto, mas sim ao tema: desenvolve um tema e não as idéias contidas no texto. O sermão textual desenvolve as idéias contidas no texto e está preso ao texto. O sermão expositivo é uma espécie de estudo fililógico e é uma exposição das partes do texto sem desprezar nenhuma idéia contida no texto. O sermão tipo monólogo é como se o pregador fosse o personagem bíblico que expõe seus pensamentos, sentimentos e ações. O sermão do tipo diálogo, é quando o pregador conversa com outra pessoa ou mesmo com o auditório, sobre a verdade contida no texto ou sobre a idéia que se quer comunicar. O sermão tipo biográfico, é quando o pregador conta a história da vida de um personagem bíblico fazendo a aplicação para o presente. O sermão epistolar é quando o sermão segue o estilo de uma epístola do Novo Testamento, é como uma carta que o pregador escreve para sua comunidade, como por exemplo, Paulo escreveu aos filipenses. O sermão narrativo e aquele onde seu conteúdo é uma narrativa apresentada pelo pregador. Este presente trabalho trata primordialmente de como preparar um sermão do tipo textual. Ninguém deve buscar aqui material para qualquer outro tipo de sermão. O presente trabalho não visa ser um manual geral de Homilética. Coloquei em anexo o material de homens especiais de Deus, para tentar fornecer um pouco de material sobre outras formas de sermão não tratadas por mim. Feira de Santana, agosto de 1990 Clovis Toquato Junior.

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I. O texto bíblico para o sermão: 1.1. O significado do texto:

1.1.1. Uma definição: “O TEXTO é a passagem bíblica que serve de base para o sermão”.

1.1.2. O texto deve fornecer a verdade central do sermão e quase sempre deve fornecer as outras verdades utilizadas no desenvolvimento da mensagem.

1.1.3. O texto nunca deve ser usada como um “pretexto”. 1.2. Vantagens do uso de um texto:

1.2.1. O texto usado corretamente confere à mensagem autoridade da palavra de Deus. 1.2.2. Pelo uso do texto ensinamos a Bíblia e levamos o povo a conhecê-la. 1.2.3. O texto ajuda os ouvintes a reter as idéias principais do sermão. 1.2.4. O texto limita e unifica o material usado no sermão. 1.2.5. O texto fornece a mensagem para qualquer necessidade do povo.

1.3. Regras para a escolha do texto: 1.3.1. Deve ser evitada a escolha de um texto extenso demais ou demasiadamente geral

para o tema ou assunto do sermão. 1.3.2. O texto deve ser claro no seu significado. 1.3.3. Procure um texto que motive e toque você mesmo. 1.3.4. Não escolha textos humorísticos, esquisitos, ofensivos, etc. 1.3.5. Não escolha textos onde quem fala é o Diabo, ou demônios como se as palavras

deles fossem de Inspiração. 1.3.6. Não deixe de escolher um texto só porque ele já é conhecido. 1.3.7. Escolha textos de todos os pontos da Bíblia. 1.3.8. Procure ler o texto na sua lingua original. 1.3.9. Não escolha como texto base as palavras de pessoas não-inspiradas como: a)

declarações falsas de pessoas más (Jó 2.4); b) a verdade dita por uma pessoa má (At. 16.17).

1.3.10. Escolha textos positivos ao inés de textos negativos. 1.3.11. Escolha textos que falem às necessidades do povo. 1.3.12. É preferível a escolha de um só texto para o sermão. 1.3.13. Cada mensagem deve ter o seu próprio texto. 1.3.14. O texto tem que ter uma idéia ou pensamento completo (deve ser uma perícope). 1.3.15. O texto deve ocupar o lugar central e principal do sermão.

VEJA O GRÁFICO NA PÁGINA 28 II. Os objetivos do sermão:

2.1. O valor do objetivo: 2.1.1. O objetivo constitui um guia indispensável quando se está preparando um

sermão. 2.1.2. O objetivo ajuda a selecionar melhor as idéias a serem empregadas no sermão. 2.1.3. O objetivo auxilia a determinar a sequência das idéias que serão usadas no

sermão. 2.1.4. O objetivo ajuda o sermão a ser mais claro no seu desenvolvimento.

2.2. Objetivos Gerais: 2.2.1. Objetivo Evangelístico:

2.2.1.1. Consiste na apresentação do plano salvífico de Deus aos pecadores. 2.2.1.2. Deve expressar a convicção do estado do homem sem Deus, e o poder

d’Ele em transformar este homem. 2.2.1.3. Não faça um sermão negativo, mas positivo; não amedronte seus

ouvintes, mas mostre-lhes a beleza do Reino de Deus. 2.2.1.4. Não faça um sermão longo, lembre-se que os descrentes não são

acostumados ao culto nem a ouvir mensagens.

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2.2.1.5. Apresente nestes sermões as grandes doutrinas bíblicas como a fé em Cristo, o amor de Deus, a graça, o pecado, a segunda vinda de Cristo, etc.

2.2.1.6. É preciso pregar estes sermões com espírito de urgência, de amor, de compaixão, esperando que Deus vai agir na vida do pecador.

2.2.2. Objetivo Doutrinário: 2.2.2.1. Consiste na exposição clara, simples e substanciosa das doutrinas

bíblicas. 2.2.2.2. A pessoa, uma vez convertida, precisa crescer no conhecimento de

Deus, porque o “ato” da conversão não confere à pessoa elementos de uma vida cristã madura.

2.2.2.3. Este sermão é uma resposta ao coração sedento por conhecer mais sobre Deus, é uma ajuda na refutação de heresias, dá base à fé e contribui para o crescimento espiritual e intelectual do crente.

2.2.2.4. Ele deve ser simples no vocabulário e na elaboração, deve ser positivo, não atacando outros grupos genuinamente cristãos; deve ser prático e dirigido às necessidades da congregação; deve ser pregado com amor e paixão.

2.2.3. Objetivo Ético: 2.2.3.1. Consiste na apresentação da orientação bíblica de como viver

corretamente na sociedade, como refletir Cristo nas relações inter-pessoais.

2.2.3.2. Procure apresentar nestes sermões o sistema de “valores cristãos”, os alvos e princípios cristãos para a vida.

2.2.4. Objetivo de Consagração: 2.2.4.1. Consiste na tentativa de persuadir o cristão a um engajamento total e

radical na obra de Deus. 2.2.4.2. Este sermão visa uma maior dedicação do crente à causa de Deus, a fim

de que ele se dedique e desenvolva seus dons. 2.2.5. Objetivo Devocional:

2.2.5.1. Consiste na ênfase dada à relação do crente com Deus, da sua comunhão com Deus, da sua vida espiritual.

2.2.5.2. Este sermão deve levar o povo à presença de Deus, a adorá-lo e louvá-lo, a ter comunhão com Ele.

2.2.6. Objetivo Pastoral: 2.2.6.1. Consiste no alento dado em momentos difíceis, no ânimo em horas de

desespero. 2.2.6.2. Estes sermões envolvem assuntos como sofrimento, pânico, morte,

ansiedade, solidão, medo, dúvida, depressão, paz interior, enfim, assuntos que digam respeito aos problemas da vida e como vencê-los.

2.3. O Objetivo Específico: 2.3.1. O Objetivo Específico é o alvo ou propósito imediato de cada sermão, à luz da

verdade apresentada nele. É a afirmação daquilo que se quer que aconteça na vida dos ouvintes como resultado imediato de um sermão específico. É uma faceta de um dos seis objetivos gerais. O objetivo específico é um aspecto de um dos seis objetivos gerais em um sermão específico para um auditório específico em uma ocasião específica.

2.3.2. A formulação do objetivo específico exige uma boa compreensão dos seis objetivos gerais.

2.3.3. O objetivo específico será determinado (em grande parte) pelas necessidades dos ouvintes.

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2.3.4. O objetivo específico é sempre determinado e formulado em termos do efeito do sermão na experiência do povo. O que é que o sermão deve fazer na vida do povo. O objetivo deve expressar o efeito desejado desta verdade básica da Palavra de Deus na vida ou no modo de viver dos ouvintes.

2.3.5. O objetivo específico precisa estar de acordo com o propósito original de Deus em inspirar o texto da mensagem. Isto significa que o objetivo específico nunca pode contradizer ou torcer o propósito, a intenção e o ensino do texto. É preciso descobrir o propósito ou objetivo do Espírito Santo em cada texto escolhido para a mensagem, fazendo deste objetivo o propósito do sermão a ser pregado. A verdade central do texto tem que ser levada a sério na formulação do objetivo específico.

III. A idéia do sermão (Título e Tese) 3.1. Definição: A “Idéia do Sermão” é a verdade central e fundamental da mensagem do

sermão, é o pensamento dominante, a perspectiva do sermão, é o enfoque dado a algum aspecto da verdade divina.

3.2. As idéias geral e específica: 3.2.1. A “idéia geral” também é chamada de “tema geral” ou “assunto geral”. 3.2.2. A “idéia específica” também é chamada de “tema específico” ou “assunto

específico”, mais conhecido como “Título”. 3.2.3. Exemplos:

3.2.3.1. Tema geral: Pneumatologia Tema específico: O Espírito Santo convencendo o pecador (Jo. 16:8). 3.2.3.2. Tema geral: Missões Tema específico: Discipular, nossa missão no mundo (Mt. 28:16-20).

3.3. Especificação das idéias geral e específica: dentro de um assunto geral há milhares de possíveis assuntos específicos. Assunto geral é a identificação geral da área a que aquele sermão pertence, por exemplo: área de “Missões”, de “Pneumatologia”, de “Soteriologia”, de “Ética do Reino”, etc. Já o assunto específico é a matéria delimitada de que se trata no sermão, é a idéia central formulada, expressa e restrita do sermão, e o nome próprio do sermão, é seu Título.

3.4. Utilidade da idéia específica: 3.4.1. Indicar clara e precisamente de que é que o semão trata. 3.4.2. Delimitar os assuntos que serão utilizados no sermão. 3.4.3. Indicar o caminho, o ponto de partida e de chegada do sermão, indicar o alvo, o

propósito do sermão. 3.4.4. Servir de diretriz para a divisão dos pontos do sermão. 3.4.5. Não deixar o pregador divagar em muitos assuntos, esquecendo-se do seu texto e

do seu alvo. 3.5. Qualidades de uma boa idéia específica, ou bom Título:

3.5.1. Ser preciso e específico (exclusivo), isto significa que o título fixa e estabelece os limites daquilo que será tratado no sermão, e determina a linha de aplicação e uso das idéias que serão utilizadas.

3.5.2. Ser claro e simples. A simplicidade e clareza são forças na pregação. 3.5.3. Ser interessante, mas não sensacional ou engraçado. Evite o sensacionalismo e

as gracinhas, estas coisas não ficam bem diante da seridade e austeridade da Palavra de Deus e da sua presença. O sensacionalismo pode tornar o pregador desprezível ao seu auditório, e as gracinhas podem fazê-lo tolo. Seja interessnate, sério e relevante.

3.5.4. Ser expresso em termos de “hoje” e não de “ontem”. Não deixe o título do seu sermão preso ao passado, ele precisa falar ao homem do presente.

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3.5.5. Ser sobre o assunto que o pregador pode pregar. Não pregue sobre aquilo que você não tem domínio ou que sua igreja não vai entender. No primeiro caso, estude melhor o assunto, buscando no Espírito Santo a iluminação; no segundo caso prepare seu auditório, como o agricultor que desmata, tira os tocos, queima, arrasta o lixo, ara a terra, etc, etc, antes de plantar a semente, de outro modo a semente não frutificará.

3.5.6. Ser breve, e não dúbio. Deve conter de duas a oito palavras, que sejam fortes e claras, que não tenham sentido dúbio na frase, ou que deixem a frase com sentido dúbio.

3.5.7. Ser específico e não geral. Faça uma boa diferença entre o assunto geral e o específico. Explique clara e precisamente aquilo que você quer falar.

3.5.8. Ser apropriado para a ocasião. O título escolhido deve ter a possibilidade de ser desenvolvido no tempo disponível para a pregação. Se o sermão for para uma ocasião de “ar livre” numa praça, não pode ser tão abrangente como o sermão de domingo de manhã; na praça o tempo máximo seria de quinze minutos, no domingo de manhã poderia se dispor de quarenta e cinco minutos a uma hora.

3.5.9. Ser formulado com as palavras próprias do pregador. Não use frases da Bíblia ou de outrem para o seu título, faça-o você mesmo.

3.5.10. Tratar de um assunto oportuno, relevante e de acordo com as necessidades dos ouvintes.

3.5.11. Ser um resumo preciso do que será tratado na mensagem. Se o ouvinte reter o título, terá retido o sermão.

3.5.12. Ser uma frase da qual emanam os pontos do sermão. É necessário que o título esteja em íntima relação com os pontos.

3.6. As relações da idéia específica ou título com as outras partes do sermão: 3.6.1. Do título com o texto: o título é derivado do texto, porque o conteúdo do sermão

é tirado do texto. O texto não apenas deve sugerir o título, mas também substanciá-lo. O título tem que ser desenvolvido dentro do ensino do texto; o título, bem como o sermão, não pode torcer o sentido do texto, exigindo que ele fale alguma coisa que não está claramente contido nele.

3.6.2. Do título com a tese: a tese diz aquilo que se quer fazer e transmitir com o título. 3.6.3. Do título com o objetivo específico: o objetivo específico deve se harmonizar

com o título de modo natural, concordando com a ênfase do título. 3.6.4. Do título com a introdução e a conclusão: o título deve funcionar como o

objetivo da introdução e da conclusão. Com a introdução: o título deve ser apresentado de forma clara na introdução, quando também será ligado à vida dos ouvintes e relacionado com o texto. Na conclusão: a conclusão finalizará e completará o título.

3.6.5. Do título com o corpo do sermão (os pontos e sub-pontos): 3.6.5.1. O título deve abranger todos os pontos a serem desenvolvidos. 3.6.5.2. Cada ponto deve ser inteiramente ligado ao título e necessário ao

desenvolvimento do mesmo. 3.6.5.3. Um ponto não deve ser igual ao título (não se pode dividir alguma coisa

e se ter uma parte igual ao todo). 3.6.5.4. O título e os pontos devem ter uma das duas relações expostas abaixo:

3.6.5.4.1. A soma total dos pontos seja igual ao título, como o esquema abaixo:

Primeiro ponto + Segundo ponto + Terceiro ponto + Quarto ponto _____ = O título do sermão.

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Quando se fizer uma leitura do título e de cada um dos pontos do sermão se deve ter uma leitura coerente,

3.6.4.4.2. Como uma única frase, de acordo com o esquema abaixo:

a. Primeiro ponto = o título + o primeiro ponto b. Segundo ponto = o título + o segundo ponto c. Terceiro ponto = o título + o terceiro ponto d. Quarto ponto = o título + o quarto ponto.

3.7. Como formular a idéia específica (ou o título) do sermão: Esta é uma tarefa importante, mas nada fácil. Alguns têm um dom especial para formular e expressar o título, mas a maioria terá que trabalhar muito para chegar a um título que tenha aquelas qualidades supra-citadas. O título deve dar unidade ao sermão e deve ser formulado de dois modos: ou para ser dividido (3.6.4.4.1.), ou para servir de introdução à leitura de cada ponto (3.6.4.4.2.). Há pelo menos cinco maneiras de organizar o título de tal modo a favorecer a sua relação com os pontos:

3.7.1. Através de uma “palavra enfática”: a palavra de maior ênfase em todo o sermão servirá de base para o título e ela mesma sustentará o sermão. Exemplo: “O poder do Evangelho” (Rm. 1:16).

3.7.2. Através de uma “sentença interrogativa”: aqui o desenvolvimento do sermão responderá a pergunta que forma o título. Exemplo: “Podemos ter certeza do amanhã?” (Is. 56:12).

3.7.3. Através de uma “sentença imperativa”: o imperativo pode indicar uma ordem ou um pedido. Esta deve ser bem formulada, pois é uma das formas mais difíceis de se expressar um título. Exemplo: “Faça discípulos onde estiver” (Mt. 28: 16-20).

3.7.4. Através de uma “sentença declarativa”: No desenvolvimento do sermão os pontos explicam a declarção contida no título. Exemplo: “É tempo de ceifar” (Jo. 4:31-38).

3.7.5. Através de uma “palavra limitante”: às vezes, a palavra limitante responde a uma das seguintes perguntas: qual, quantos, de que tipo, quando, onde, para que, como, quem, etc. Acrescentando-se uma palavra ou frase a um tema geral é possível se construir um bom título, exemplo: “O nosso melhor amigo” (Pv. 27:10).

3.7.6. Nunca dê ao seu sermão o primeiro título que lhe venha à mente. É possível que se você gastar tempo pensando no seu sermão, e fazendo diversas experiências como estas cinco supra-citadas, você chegará a um título bem elaborado. Sempre pense no tom do seu sermão para buscar um título que se harmoniza com este tom. Experimente sempre, antes de decidir-se por um título as cinco possibilidades acima, como por exemplo:

• Assunto Geral: “A Nova Vida”. • Assunto Específico: “A necessidade de se ter uma nova vida em Cristo”

(palavra enfática). • Assunto Específico: “Você quer ter uma nova vida com Cristo?” (sentença

interrogativa). • Assunto Específico: “Nasça de novo em Cristo! ‘’ (sentença imperativa). • Assunto Específico: “Quero ter uma nova vida em Cristo” (senteça

declarativa). • Assunto Específico: “Nova vida para você” (palavra limitante).

VI. A tese ou proposição central do sermão

4.1. Definição: a “Tese” é a declaração da idéia central do sermão numa breve sentença afirmativa. É a Idéia Específica ou Título da mensagem expresso em uma oração

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gramatical ou período gramatical dizendo aquilo que o sermão deve tentar provar. É o coração da mensagem. É o resumo da mensagem em uma oração (simples ou composta).

4.2. O lugar da tese no sermão poderá ser: 4.2.1. Na introdução: geralmente a tese deve ser apresentada logo na introdução, em

qualquer parte da mesma, onde se pode colocar um resumo da mensagem. 4.2.2. Nos pontos: em qualquer um dos pontos do sermão, onde sirva como elemento

que relembra o que já foi dito e lance luz sobre o que ainda será dito. 4.2.3. Na conclusão: como desfecho do sermão, para numa única sentença resumir

toda a mensagem que foi explanada, dando aos ouvintes uma frase concisa que resume o sermão.

4.2.4. Diluída no sermão: neste caso ela estará diluída nos pontos e aparecerá na íntegra logo no começo da conclusão.

4.3. Características de uma boa tese: 4.3.1. A tese é uma idéia completa e afirmativa; uma afirmação simples, forte e clara.

Isto indica que deve ser uma sentença gramatical completa. 4.3.2. A tese não deve conter palavras desnecessárias ou ambíguas; coloque nela o

essencial, eliminando tudo que não será tratado no sermão. 4.3.3. Normalmente a tese deve ser formulada de forma positiva e não negativa. 4.3.4. A tese deve ser breve, clara, específica, objetiva, contendo entre oito e vinte

palavras. 4.3.5. A tese deve ser interessante e relacionada com a experiência dos ouvintes. Ela

deve ter a qualidade de interesse humano e ser formulada de tal maneira que possa estar dentro da experiência e necessidade dos ouvintes.

4.4. O valor da tese: 4.4.1. Ajuda o pregador a permanecer no caminho proposto, não se perdendo nas outras

veredas que aparecem na jornada. 4.4.2. Ajuda os ouvintes a acompanhar melhor a mensagem e a entender aquilo que o

pregador está tentando comunicar. Assim ela torna o sermão mais claro. 4.4.3. Ajuda o sermão a ser melhor lembrado. Quanto mais clara for a tese, mais clara

será a idéia do sermão, e melhor será a sua compreensão. 4.5. Tipos de tese:

4.5.1. Pode ser uma avaliação ou expressar um julgamento. 4.5.2. Pode tratar de uma obrigação ou dever. 4.5.3. Pode falar de uma atividade ou atitude, e a ênfase recai sobre a capacidade de

realizar isto. VEJA ESTE EXEMPLO DAS DIVERSAS PARTES DE UM SERMÃO Idéia Geral: Hamartologia (Pecado). Idéia Específica ou Título: “A Poluição Espiritual”. Texto: Romanos 3:9-26. Idéia Central do Texto: Todos os homens são pecadores e estão longe de Deus, sendo possível vencer o pecado somente através de Cristo. Tese: O pecado é semelhante à poluicão espiritual, para a qual Cristo é a única solução para dominá-la. Objetivo Geral: Evangelístico. Objetivo Específico: Quero levar os ouvintes não crentes a aceitarem a única solução para o pecado: Cristo. Esboço: Introdução. I. Tem alcançado a todos (v.9-12,23). [A poluição espiritual tem alcançado a todos]. II. É uma transgressão da lei de Deus (v. 18-20)

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[A poluição espiritual é uma transgressão da lei de Deus]. III. Traz graves conseqüências (v. 9-18) [A poluição espiritual traz graves conseqüências]. IV. Exige uma solução: Cristo (v. 22,24-26) [A poluição espiritual exige uma solução: Cristo]. Conclusão. V. A interpretação do texto:

5.1. A natureza da interpretação: a interpretação correta do texto significa o esforço mental e espiritual do intérprete para captar o fio de pensamento e a maneira de pensar do autor do texto, que foi inspirado por Deus.

5.2. Algumas razões de falha na interpretação: 5.2.1. Alguns confiam em sua própria eloquência e não dão atenção suficiente à busca

do sentido real do texto. 5.2.2. Alguns confiam que o seu conhecimento geral da Bíblia possa substituir as

questões específicas do texto escolhido. 5.2.3. Alguns utilizam material de fonte extra-bíblica, para substituir aquilo que deveria

ser extraído do texto (uso abusivo de teorias psicológicas, filosóficas, sociológicas; uso exacerbado de ilustrações, etc.).

5.2.4. Alguns são preguiçosos demais para estudarem o texto adequadamente. 5.2.5. Alguns não estão cientes da tarefa interpretativa. 5.2.6. Alguns estão ocupados com muitas tarefas que não tem tempo para se dedicarem

ao estudo do texto. 5.2.7. Alguns não entendem ou negligenciam a fraseologia e filologia do texto. 5.2.8. Alguns não dão a devida atenção ao contexto. 5.2.9. Alguns espiritualizam indevidamente o texto. 5.2.10. Alguns alegorizam indevidamente o texto. 5.2.11. Alguns lançam teorias diversas sobre o texto. Por exemplo, lançam teorias de

batalha espiritual, prosperidade, etc. 5.2.12. Alguns lançam sobre o texto o seu ponto de vista, não respeitando aquilo que o

autor do texto diz. 5.2.13. Alguns fazem relações entre textos da Bíblia, sendo que na intenção original dos

textos eles não se relacionam. 5.3. Quatro princípios de interpretação

5.3.1. Princípio teológico: é o estudo do significado teológico do texto. 5.3.2. Princípio gramatical: é o estudo do significado das palavras e da análise

gramatical. 5.3.3. Princípio histórico: é o estudo das circunstâncias históricas do acontecimento

narrado e da circunstância do autor do livro. 5.3.4. Princípio homilético: é o estudo sobre a aplicação prática do texto na situação

atual. 5.4. Como estudar o texto para o sermão:

5.4.1. Faça um estudo pessoal: 5.4.1.1. Leia o texto até sabê-lo de cor. 5.4.1.2. Leia o texto em pelo menos dez versões diferentes (as principais são:

ARA, ARC, RR, Ed.Contemporânea, NVI, BLH, BJ, Ed. Pastoral, Bíblia Mensagem de Deus, Bíblia Ecumênica).

5.4.1.3. Leia o texto no original grego ou hebraico e faça sua própria tradução. 5.4.1.4. Estude o texto passando por todas as Etapas de Exegese e de Eisegese,

depois de selecionar o Método. 5.4.1.5. Pense, medite, reflita sobre o texto. Gaste tempo tentando entender o

texto.

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5.4.1.6. Ore e jejue, buscando do Espírito Santo a Iluminação que só ele poderá lhe dar sobre o texto. Dependa do Espírito. A oração e preparação espiritual são imprescindíveis na preparação de qualquer sermão.

5.4.2. Faça um estudo nos livros especializados: 5.4.2.1. Estude bons comentários exegéticos de várias linhas teológicas

variando entre comentários antigos e recentes de autores de todas as partes do mundo.

5.4.2.2. Estude bons comentários devocionais. 5.4.2.3. Estude bons comentários homiléticos. 5.4.2.4. Faça um novo esboço analítico e um novo gráfico vertical à luz das

informações obtidas. 5.4.3. Faça um estudo nas Bíblias de Estudo: hoje em dia há muitas Bíblias que

contém notas informativas. Há Bíblias com notas exegéticas, históricas, homiléticas, teológicas, curiosidades, com estudos de temas. São várias as opções que o pregador dispõe. Estude estas notas em pelo menos dez Bíblias de Estudo.

5.4.4. Faça um resumo das principais idéias do texto: 5.4.4.1. Faça a separação entre todas as idéias principais e secundárias. 5.4.4.2. Escreve em um único parágrafo as idéias principais. Este parágrafo das

idéias principais se chamará “Idéia Central do Texto”. A idéia central do texto deve ser expressa no tempo do texto, e levando em conta as circunstâncias in loco do texto.

5.5. Releção da idéia central do texto com a tese: a Tese é a contemporização da idéia central do texto, é a idéia central do texto expressa para o homem de hoje levando em conta o in loco contemporâneo.

5.6. Entenda o texto, pois um bom sermão começa com um entendimento adequado do texto. Se o pregador não entende o texto, como espera fazê-lo entendido dos seus ouvintes? E como poderá falar de algo que não domina? Conheça com profundidade o texto do seu sermão.

VI. A organização dos pensamentos do sermão, ou o esboço:

6.1. A importância da boa organização: 6.1.1. Ajuda a pessoa que prega no desenvolvimento do seu raciocínio, peneirando as

idéias e não incluindo muitas idéias em um só sermão. 6.1.2. Ajuda a pregar sem estar excessivamente preso às anotações. É mais fácil

lembrar uma cadência lógica que um monte de assuntos desconexos. 6.1.3. Ajuda a prender e conservar a atenção dos ouvintes, pois eles podem acompanhar

o desenvolvimento do sermão. 6.1.4. Ajuda o sermão a ser bem compreendido. 6.1.5. Ajuda o semão a ser mais persuasivo. É mais fácil aceitar uma idéia bem

elaborada que vários pensamentos soltos. 6.1.6. Ajuda a dar ao sermão um ritmo psicológico, emocional, que é essencial aos

ouvintes. 6.1.7. Ajuda os ouvintes a gravarem melhor o sermão, pois o sermão bem organizado

será lembrado com mais facilidade. 6.2. Qualidade do sermão bem organizado:

6.2.1. Unidade. Unidade é a qualidade de desenvolver um só assunto ou tema durante toda a mensagem. O sermão deve ser reunido, por um “pensamento unificador”, em torno do qual se desenvolve todo o sermão. Uma única coisa a se dizer é a chave da unidade. 6.2.1.1. A unidade é quebrada quando (entre e outros dados não mencionados

aqui):

Page 13: O Sermão Textual

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6.2.1.1.1. Ao invés de desenvolver o tema fica-se falando coisas sobre o tema.

6.2.1.1.2. Tenta-se pregar num único sermão um assunto plural (mais de um tema ou “pensamento unificador”).

6.2.1.2. Para que haja unidade é necessário: 6.2.1.2.1. Que cada ponto desenvolva o tema com todos os pontos

estando de acordo com o tema, e sem faltar qualquer idéia essencial.

6.2.1.2.2. Que o sermão tenha uma única idéia central e que o desenvolvimento da mensagem esteja em harmonia com esta idéia ao longo do sermão.

6.2.1.2.3. Que haja um só objetivo específico e tudo aquilo que foge a este objetivo não esteja no sermão.

6.2.2. Ordem lógica. A ordem lógica é a qualidade de colocar cada divisão do esboço no seu devido lugar. É necessário que o sermão seja desenvolvido racionalmente. Quando o esboço segue a ordem do texto é chamado “esboço analítico”, quando segue um agrupamento por assunto é chamado “esboço sintético”.

6.2.3. Proporção. A proporção é a qualidade de gastar o tempo bem distribuído para cada parte do sermão. Cada ponto deve ter aproximadamente a mesma duração dos demais; a introdução deve ter ou a metade ou dois terços da duração dos pontos, assim também a conclusão.

6.2.4. Progressão. A progressão é a qualidade de marchar para o alvo com uma intensidade crescente. Os pensamentos apresentados devem tornar-se mais interessantes a medida que o sermão avança para o seu fim. Cada ponto, cada ilustração, cada argumento precisa apontar como uma flexa para o objetivo específico e em ordem de crescente interesse. O climax do sermão deve ser alcançado próximo do fim da conclusão.

6.3. Erros a serem evitados ao se esboçar um sermão: 6.3.1. Evite um método que sirva para qualquer texto.

Exemplo: Primeiro Ponto: Comentários explicando o texto Segundo Ponto: Lições tiradas do texto Terceiro Ponto: Aplicações das lições

6.3.2. Evite escolher um texto para apenas tirar algumas lições dele. 1O Ponto: Lição UM; 2O Ponto: Lição DOIS, etc.

6.3.3. Evite o esboço formado por certas categorias de palavras sem conteúdo em si. Exemplos:

1O Ponto: Que se deu?

1O Ponto: O Significado

2O Ponto: Onde se deu?

2O Ponto: A necessidade

3O Ponto: Com quem se deu?

3O Ponto: Os Meios

4O Ponto: Quando se deu?

4O Ponto: As consequências

6.3.4. Evite distanciar as divisões do tema, levando o sermão para outros lugares que se

distanciam do objetivo específico e da tese. 6.4. A formulação e organização dos pontos do sermão. Há alguns princípios que ajudam o

pregador na formulação e organização do seu esboço:

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6.4.1. Com respeito à relação do tema com os pontos: 6.4.1.1. O tema deve abranger o pensamento de todas as divisões e cada divisão

ajudando no desenvolvimento do tema. 6.4.1.2. Cada ponto deve discutir apenas uma faceta do tema, sendo uma

espécie de sub-tema do tema principal. 6.4.1.3. Nenhuma divisão pode ser igual ao tema.

6.4.2. Com respeito à relação do titulo com os pontos: o conjunto ou soma total das divisões deve completar o pensamento do título.

6.4.3. Os pontos e suas relações entre si: 6.4.3.1. As divisões devem ser distintas entre si. Às vezes pode ter dois pontos

dizendo essencialmente a mesma coisa, com palavras diferentes. 6.4.3.2. Cada divisão deve ter mais ou menos a mesma duração. 6.4.3.3. Cada divisão deve ter uma formulação paralela: se uma começa por

verbo, todas começam por verbo (no mesmo tempo); se uma começa com substantivo, todas começam pelo mesmo tipo de substantivo, e assim subsequentemente.

6.4.3.4. As divisões devem ser organizadas em ordem lógica e de interesse crescente, para alcançar um bom climax.

6.4.3.5. As divisões devem ser formuladas em termos claros e concisos, nada de palavras obscuras e incompreensíveis.

6.4.3.6. As divisões devem ser formuladas de tal modo que o sermão se torne interessante e atrativo.

6.4.3.7. Deve ser utilizado um bom sistema de numeração. Exemplos: I. 1. 1.

1.1. 1.1. I. 1.2. 1.2. II.

SIM: II. SIM: 2. E NÃO: 2. 2.1. 2.1. I. 2.2. 2.2. II. III. 3. 3. 3.1. 3.1. I. 3.2. 3.2. II.

6.4.3.8. Geralmente cada ponto deve ser expresso como oração gramatical

completa, e não apenas como uma frase. É preciso que cada ponto faça sentido quando pronunciado separadamente.

6.4.3.9. Cada ponto dividido deve ter pelo menos duas partes. Seria bom que se um ponto for dividido, os demais pontos tenham o mesmo númenro de subdivisões, mas isto não é uma regra fixa. Ao se ler o ponto e o subponto deve-se ter uma leitura coerente. Os sub-pontos devem estar no esboço como indicado em 6.4.3.7.

6.4.3.10. A introdução, o corpo do sermão e a conclusão não recebem número no esquema do esboço:

Introdução I. Introdução I.

NÃO: II. Corpo do Sermão SIM: II. III. Conclusão III. Conclusão

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6.4.3.11. Certos itens que fazem parte do desenvolvimento do semão não levam número no esboço, por exemplo: a exposição ou interpretação do texto, as ilustrações, as aplicações. Estas partes não são numeradas no esboço.

6.4.3.12. A formação dos pontos deve ter caráter contemporâneo e não simplesmente histórico. O seu esboço precisa estar no presente e não no passado. Fale ao seu tempo, aos seus ouvintes de uma forma que eles percebam que o assunto do sermão é para eles.

6.5. A quantidade de pontos: não há um número exato de pontos que um sermão deva ter. O ideal de um sermão é ter de duas a cinco divisões. Um sermão com mais de seis divisões talvez possa ser dividido em dois sermões. O pregador deve ter bom senso para não sobrecarregar um único sermão com muitas informações.

6.6. A sequência das idéias do esboço: 6.6.1. Comece com algo para ganhar a atenção dos ouvintes. 6.6.2. Prossiga com a definição do tema-problema e deixe claro que algo tem que ser

feito à luz deste tema. 6.6.3. Depois apresente algumas possíveis atitudes, realidades ou soluções à luz do

tema-problema e sugira a que será usada no sermão. 6.6.4. O próximo passo é levar o ouvinte a visualizar como será a vida à luz do tema-

problema proposto e daquilo que se fará por causa do tema. 6.6.5. Em último lugar apele para que a solução proposta no sermão seja aceita e

vivenciada pelos ouvintes. 6.6.6. A sequência: atenção do ouvinte, apresentação de uma necessidade, busca de

uma solução, visualização da solução e incentivo à ação desejada. VII. A introdução do sermão:

7.1. Finalidades da introdução. Uma introdução deve: 7.1.1. Despertar a atenção dos ouvintes e provocar interesse pelo sermão. A introdução

deve causar uma avidez no ouvinte de modo que ele fique completamente absorvido e interessado no que você vai dizer.

7.1.2. Prepara o ouvinte para que ele possa entender e apreciar o tema tratado no sermão. Ela deve demonstrar a pertinência e a releância do tema, sem porém, revelar por completo aquilo que será dito no corpo do sermão.

7.1.3. Captar a simpatia dos ouvintes. Ela deve responder àquela pergunta não formulada, mas presente na mente do ouvinte: “Por que deve prestar atenção e estar interessado neste assunto?”

7.1.4. Começar com algo relevante para a vida dos ouvintes e ligar esta idéia ao título e ao texto da mensagem. Na introdução será revelado a idéia básica do sermão e nela inicia-se o contato do povo e com o texto.

7.2. Caracterísiticas de uma boa introdução. A introdução deve: 7.2.1. Ir direto ao assunto. Não é bom ficar divagando na introdução, isto faz o povo

distrair e você perde a atenção dele. 7.2.2. Ser breve e proporcional. 7.2.3. Ser limitada a um só pensamento. 7.2.4. Tratar apenas daquilo que será discutido no sermão. Não introduza idéias na

introdução que vão deixar o ouvinte sem uma resposta no decorrer da mensagem. Crie uma expectação que será atendida.

7.2.5. Ser simples e clara no seu estilo e conteúdo. Deve-se usar vocabulário que os ouvintes entendam. Procure não usar idéias confusas, jargões teológicos, filosóficos, psicológicos, etc., orações gramaticais confusas ou longas. Procure ser entendível.

7.2.6. Ser interessante e criativa. A introdução deve causar interesse no ouvinte.

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7.2.7. Ser oportuna para a ocasião, para a situação dos ouvintes, e para a mensagem específica à qual ela introduz. A introdução deve ser exclusivamente preparada e adaptada a um sermão específico. Não use uma única introdução para vários sermões. Para cada sermão faça uma introdução, usando o mesmo sermão, mudando a ocasião e o propósito, mude também a introdução. A idéia é que pregando o mesmo sermão três vezes, prepare três introduções diferentes, de acordo com os auditórios e as situações deles.

7.2.8. Ser cortez e amigável. Nela o pregador não deve ser negativo e agressivo, no sentido de condenar os ouvintes, mas deve ser amistoso, a fim de alcaçar a simpatia do auditório.

7.3. Erros a serem evitado na introdução. Evite estas práticas na introdução (e outras semelhantes não discutidas aqui): 7.3.1. Evite pedir desculpas, quer seja pela falta de preparo, ou de saúde, ou de

qualquer outra coisa. O ouvinte está interessado no que você vai dizer e não necessariamente nas suas condições de dizer aquilo que vai dizer ou que não poderia estar falando aquilo naquele momento.

7.3.2. Evite começar o sermão com alguma coisa comum e de trivial generalidade. Alguns sermões começam com coisas gerais como Deus, universo, crise, morte, etc.

7.3.3. Evite o começo dramático demais. Não inicie um sermão em um tom que não poderá ser mantido, e, que quebra o progresso das idéias do sermão.

7.3.4. Evite o começo frio e que mantém distância dos ouvinte. Tente cativá-los e se tornar amável a eles, isso ajudará na recepção da mensagem.

7.3.5. Evite apresentar os argumentos que serão usados mais tarde. Introduza o assunto, mas não o esgote nesta introdução, ficando sem ter nada de novo para dizer depois. Não apresente o seu esboço na introdução. Ela é o aperitivo.

7.3.6. Evite sobrecarregar a introdução com muitas idéias. Elimine tudo que é desnecessário e relacione as idéias elegendo a idéia principal para discutí-la na introdução.

7.3.7. Evite contar piadas ou histórias jocosas na introdução, só para fazero povo rir. Lembre-se que a sua função não é ser engraçadinho no púlpito, mas é transmitir uma mensagem.

7.4. Quando formular a introdução: a introdução deve ser a última coisa a ser feita no sermão. Depois que você já fez todo o sermão, gaste tempo tentando introduzi-lo. Não faça da introdução a primeira peça a ficar pronta do sermão, porque você não sabe exatamente como será o sermão. Pode ser que no começo do estudo você tem uma expectativa, mas o sermão mesmo pegue outro rumo após o estudo. Neste caso a sua introdução caducaria se você a tivesse feita primeiro e precisaria de uma nova introdução.

7.5. Tipos de boas introduções: 7.5.1. Introdução temática. É aquela em que seu conteúdo é tirado do título do sermão.

É uma explicação do título. Pode então relacionar o título com vida cotidiana ou explicar a natureza do título.

7.5.2. Introdução textual. É aquela em que seu conteúdo se refere ao fundo histórico do texto ou do contexto ou faz referência ao conteúdo teológico do texto.

7.5.3. Introdução baseada na ocasião. É aquela em que o seu conteúdo se refere à ocasião específica em que será pregado pregado aquele sermão, como por exemplo: o Natal, o Ano Novo, o Dia das Mães, Ceia do Senhor, Batismo, etc.

7.5.4. Introdução de descrição dramática. É aquela em que seu conteúdo se refere a um episódio dramático que tem relevância para o sermão e com ele se relaciona intimamente. Esta descrição dramática é uma espécie de drama teatral que introduz a peça.

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7.5.5. Introdução que focaliza um problema. É aquela em que seu conteúdo é tirado de um problema que será solucionado no decorrer do sermão.

7.5.6. Introdução que inclui uma citação notável. É aquela em que seu conteúdo é tirado de uma citação famosa, realmente marcante e proferida por alguém bem conhecido dos ouvintes e que tenha relevância para o conteúdo do sermão. Neste caso deve-se citar na íntegra a citação.

7.5.7. Introdução feita por uma ilustração. É aquela em que seu conteúdo é uma ilustração que tenha relevância para o conteúdo do sermão.

7.5.8. Introdução em audio-visual. É aquela que traz algum elemento de audio-visual como quadro, cartaz, objetos, etc.

VIII. A Conclusão do sermão.

8.1. A importância da conclusão: 8.1.1. É importante não apenas começar bem, mas terminar bem. Aquilo que acontece

nos últimos momentos do sermão é de de suma importância para o êxito do mesmo. Isso porque o objetivo específico será alcançado ou não na conclusão do sermão.

8.1.2. Se as primeiras impressões são as mais notáveis, as últimas impressões são quase sempre as mais duradouras. Enquanto que as primeiras palavras determinam se a mensagem será bem recebida, as últimas determinam se o sermão será lembrado e se produzirá os efeitos na vida dos ouvintes.

8.1.3. É na conclusão que objetivo específico será lembrado. Se a conclusão for persuasiva alcançará seu objetivo.

8.1.4. Se o pregador deve começar o sermão com algo interessante, também é necessário terminar com poder, procurando persuadir o povo a fazer a vontade de Deus como revelada na mensagem. Uma conclusão confusa deixará os ouvintes confusos; uma animada, deixá-los-ão animados, etc.

8.2. Finalidade da conclusão. 8.2.1. A conclusão deve terminar o sermão da melhor e mais adequada forma possível.

Deve-se sempre indicar que o sermão está chegando ao fim, e uma vez que foi feita a indicação, deve-se realmente terminar. Não fique ameaçando terminar, sem terminar. Não termine abruptamente. Termine como o pouso do pássaro.

8.2.2. A conclusão deve aplicar a verdade divina à vida dos ouvintes. Aqui é sempre melhor voltar a lembrar do objetivo específico, para na conclusão alcançá-lo de forma objetiva.

8.2.3. A conclusão deve persuadir à ação. Nenhum sermão está realmente terminado até que esteja gravado no coração e na consciência dos ouvintes, para eles agirem de acordo com a verdade pregada.

8.3. Características de uma conclusão eficaz: 8.3.1. A conclusão deve ser derivada do título da mensagem, e até certo ponto

necessária àquele título para completá-lo bem. 8.3.2. A conclusão deve terminar o sermão da maneira mais natural e apropriada. 8.3.3. Naturalmente a conclusão deve concluir o sermão todo, e não apenas a última

idéia apresentada, ou então o último ponto do esboço. 8.3.4. A conclusão deve ser pessoal, o ponto alto da relação íntima entre o pregador e

os ouvintes como um todo, e a cada um em particular. A conclusão nunca deve ser indireta e impessoal.

8.3.5. A conclusão deve ter vida e mostrar o calor de alma da pessoa que está pregando. O pregador precisa mostrar convicção, autoridade, e intensidade que chegam ao climax na conclusão.

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8.3.6. A conclusão deve ser clara no seu pensamento e desenvolvimento. Não fique confuso na hora de concluir, não fique sem saber como chegar ao final do sermão.

8.3.7. A conclusão deve ser específica e não geral. A conclusão deve ser oportuna para a situação, e para a mensagem específica em que ela será usada. A conclusão será exclusivamente preparada e adaptada a um sermão específico.

8.3.8. Não use sempre a mesma conclusão para vários sermões. Para cada sermão faça uma conclusão, e pregando o mesmo sermão em situações diferentes, mude a conclusão, de modo a torná-la específica àquela situação.

8.3.9. A conclusão deve ser breve e proporcional. 8.3.10. Deve-se dar mais ênfase ao positivo que ao negativo na conclusão. O objetivo é

que ao terminar o sermão o povo saia alimentado, determinado, decidido, entusiasmado, esperançoso e pronto para colocar em prática as verdades apresentadas.

8.3.11. A conclusão deve concluir o sermão. Isto parece óbvio, mas, muitas vezes, o pregador para de falar, sem, no entanto, dar um desfecho à sua mensagem. É preciso que o pensamento desenvolvido durante o sermão seja terminado, que ele chege ao ponto de chegada. Uma corrida só tem um vencedor quando alguém cruza a linha de chegada. É necessário que o pregador também cruze a linha de chegada.

8.3.12. É necessário que as conclusões de um mesmo pregador sejam variadas quanto ao tipo e conteúdo. Varie a forma de concluir para que seu auditório não crie aquele “clic” psicológico do fim do seu sermão.

8.4. Erros a se evitar em uma conclusão: 8.4.1. Evite apresentar pensamentos novos na conclusão. A conclusão não é um

segundo sermão em miniatura. Não discuta na conclusão algo que não estava presente no sermão.

8.4.2. Evite que os ouvintes pensem que o sermão esteja no fim, quando ele ainda não chegou lá. Não crie a expectativa que o sermão vai terminar sem na verdade terminar o sermão.

8.4.3. Evite terminar abruptamente, deixando os ouvintes no ar. 8.4.4. Evite pedir desculpas na conclusão. 8.4.5. Evite o medo de falar diretamente ao coração do ouvinte. Na conclusão é preciso

tornar o sermão tão prático, que o ouvinte se sinta persuadido a agir, a partir da sua mensagem.

8.4.6. Evite o desgaste físico durante a pregação, ao ponto de deixar a impressão que na conclusão as forças já acabaram.

8.4.7. Evite ter hábitos próprios ao chegar à conclusão, como mexer no relógio, na gravata, na Bíblia, nos óculos, ou algum cacoete, ou palavras repetidas como: cuncluindo..., ou portanto meus amados irmãos..., ou chegando ao fim deste sermão..., ou seja, palavras que você sempre repete ao iniciar a sua conclusão.

8.4.8. Evite contar piadas ou dizer coisas engraçadas na conclusão. Isto poderia deixar uma última impressão de leviandade.

8.4.9. Evite a gritaria na conclusão. Convença o povo pela força do seu argumento, não pelos DECIBÉIS da sua garganta.

8.4.10. Evite estar preso ao esboço ou a quaisquer outros tipos de anotações. Na conclusão procure olhar para o povo.

8.4.11. Evite demonstrar emoções forçadas e artificiais na conclusão, bem como em qualquer outra parte do sermão. Seja você mesmo.

8.5. Tipos de conclusão. Seria bom variar entre os diversos tipos:

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8.5.1. A conclusão pode ser uma recaptulação ou resumo das principais idéias do sermão. Neste caso se fará uma recaptulação dos principais pontos desenvolvidos no sermão.

8.5.2. A conclusão pode ser uma aplicação prática à vida dos ouvintes. De posse das idéias levantadas no sermão se faz uma aplicação radical na conclusão.

8.5.3. Um bom tipo de conclusão é um apelo à decisão, com o propósito de alcançar o coração, a vontade e a consciência do ouvinte.

8.5.4. A conclusão pode também voltar à idéia central do texto, ou ao fundo histórico do texto, enfatizando o texto do sermão.

8.5.5. A conclusão pode ser uma exortação em tom de advertência, mas feita com amor e paixão, para que os ouvintes sintam responsabilidade, mas respondam por amor a Deus e não por medo.

8.5.6. A conclusão pode ser o uso de uma ilustração relacionada à verdade básica do sermão.

IX. O material Ilustrativo:

9.1. Definição: é material ilustrativo uma grande gama de explicações que ajudam a elucidar o texto ou o assunto, e que radicalmente não é argumentação filosófica, teológica ou abstrata. Muitas verdades da Bíblia são abstratas, a ilustração ajuda a trazê-las para o real. Do latim ilustrare significa “lançar luz ou brilho, tornar algo mais evidente e claro”.

9.2. Objetivos do uso do material ilustrativo: 9.2.1. Despertar interesse e prender a atenção dos ouvintes, estimulando a imaginação. 9.2.2. Ajudar a aclarar, iluminar e explicar as verdades apresentadas, tornando clara a

verdade apresentada por meio de uma uma comparação com alguma coisa bem conhecida.

9.2.3. Confirmar e fortalecer os argumentos apresentados e persuadir os ouvintes a acertarem as verdades bíblicas.

9.2.4. Ajudar os ouvintes a gravarem bem as verdades do sermão e a relembrar o que é mais importante na mensagem.

9.2.5. Tocar nos sentimentos dos ouvintes, através de algo real que tenha a ver com a vida e a situação que os ouvintes passam.

9.2.6. Dar mais vida ao sermão tirando a monotonia da argumentação e introduzindo algo vivaz e prático no sermão.

9.2.7. Ornamentar ou embelezar o sermão tornando-o mais atraente. 9.2.8. Descansar a mente do ouvinte, que ficaria muito sobrecarregada caso o sermão

fosse unicamente argumentativo. O povo não está acostumado a muita argumentação.

9.2.9. Ajudar a repetir a verdade já exposta, ou abrir caminho para aquela verdade que virá, fixando-a.

9.2.10. Ajudar a repetir de forma prática uma verdade que já foi dita de forma abstrata; ou ajudar a introduzir de forma prática a verdade abstrata que será explorada.

9.2.11. Ajudar o ouvinte a perceber que o sermão está na terra, fala de coisas da terra e que o sermão não está no céu.

9.3. Tipos e Fontes do material Ilustrativo: 9.3.1. Bíblicas. Ilustrações que vem da Bíblia são as melhores e já tem o

reconhecimento da verdade e o peso de falarem em nome de Deus. 9.3.2. Literárias:

9.3.2.1. Biografias e auto-biografias: estas são muito interessantes, pois mostram de forma vívida a experiência humana.

9.3.2.2. Obras de ficção: conte a história de ficção, como ficção e referindo-se à obra e seu autor. Não dê a falsa impressão que algo inventado é real,

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pois você está falando de Deus e seus ouvintes precisam confiar nas suas afirmações.

9.3.2.3. Poesias: às vezes recitando uma parte da obra já é uma boa ligação com a realidade dos ouvintes, quando os ouvintes conhecem a obra. O auditório precisa ter um bom nível acadêmico neste caso.

9.3.2.4. Hinos e cânticos: o povo admira a música que canta, e citando a letra do “louvor” você já conseguiu “iluminar” a sua mensagem.

9.3.2.5. Dramas, peças de teatro e filmes: devem ser usados com prudência, citando claramente que é uma obra de ficção.

9.3.2.6. Fábulas, lendas e folclore: as histórias de formação de um povo podem ser usadas, mas sempre indicando o que são.

9.3.3. História geral: os fatos da história são rico material, pois mostram o envolvimento humano na resolução dos problemas da vida.

9.3.4. Experiências pessoais: mostram como o pregador já enfrentou e venceu aquelas circunstâncias apresentadas no sermão, pode também ser experiências de outras pessoas.

9.3.5. Áreas das ciências naturais e humanas: causam um bom impacto as informações recentes das ciências, pois mostram que aquilo que está sendo pregado tem correspondência com a realidade.

9.3.6. Obras de arte, como pintura, escultura, etc.: geralmente liga-se a história da obra ou do seu autor ao sermão.

9.3.7. Citações famosas ou citações de pessoas famosas: indique que aquilo foi dito por alguém ou que é uma máxima popular. Estas frases, quando bem usadas causam boa ligação com a realidade dos ouvintes.

9.3.8. Linguagem figurativa: muitas vezes a ilustração vem através de uma linguagem que ilustra a verdade que está sendo exposta, como por exemplo: “...ele tropeça na linha de pedestre...”, ou: “...cambaleante como ébrio...”

9.3.9. Acontecimentos esportivos: os acontecimentos relacionados ao esporte são sempre bem conhecidos e aguçam a curiosidade dos ouvintes.

9.3.10. O trabalho secular, as profissões seculares: refira-se áquelas profissões e trabalhos dos ouvintes, pois isto logo os fará se verem no sermão.

9.3.11. Informações retiradas de revista, jornais e livros: o valor destas ilustrações é a atualidade delas.

9.3.12. Situações criadas pelo próprio pregador: crie sua prórpia ilustração para uma situação nova que você não encontra material em outro local. É necessário, no entanto, indicar que você está criando aquela ilustração para aquele momento. Use palavras como: vamos imaginar que..., suponhamos que..., criemos a seguinte situação..., etc.

9.3.13. Ilustrações que você ouviu: Se você ouvir alguma ilustração que lhe chame a atenção faça as devidas anotações para não se esquecer dos detalhes, de quem contou e quando ouviu.

9.3.14. Recursos auditivo e visual: você pode levar para o sermão algo para tocar, mexer ou algo para mostrar durante a mensagem.

9.4. Advertências quanto ao uso das ilustrações: 9.4.1. Não ilustre coisas óbvias. Deixe as ilustrações para as partes mais complexas do

sermão, onde o entedimento do ouvinte seria mais difícil sem uma explicação extra.

9.4.2. Não use ilustrações que tenham pouco a ver com a verdade bíblica apresentada, ou cuja relação com o que você está falando é vaga, imprescisa ou sem uma utilidade clara.

9.4.3. Evite ilustrações cujas bases não tem nenhuma relação com a vida dos ouvintes. Procure ilustrações que falem da realidade do povo.

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9.4.4. Evite ilustrações exageradas e improváveis mesmo que sejam reais. Só as use se você tiver tempo para explicá-las bem e provar a veracidade delas.

9.4.5. Evite ilustrações que exijam muitas explicações para entendê-las. Gaste tempo com a exposição da Palavra, a ilustração é só para completar o entendimento.

9.4.6. Não faça das ilustrações uma maneira de se auto-promover mostrando sua cultura e conhecimento. Use a ilustração para exclarecer a mensagem, não para exclarecer o quanto você conhece.

9.4.7. Não destaque uma ilustração ao ponto de deixar o resto do sermão prejudicado, como algo de menor valor. Deixe a verdade divina no centro, deixe o texto no centro, não coloque no centro algo para ilustrar uma ilustração.

9.4.8. Não destaque uma ilustração que seja piada ou história jocosa. Seu papel é de pregador da Palavra de Deus. Se há um certo grau de humor na história a ser contada, conte-a como coisa séria, caso o povo sorria, prossiga com a seriedade, mostrando que para você a verdade bíblica ilustrada é coisa respeitosa.

9.4.9. Não conte histórias que você mesmo não tenha entendido bem. 9.4.10. Nunca conte a experiência de outrem como se fosse sua propria. Nunca minta

numa ilustração, a fim de que a verdade bíblica que você está tentando pregar não caia no mesmo buraco da desconfiança de uma mentira.

9.4.11. Tenha muito cuidado em elogiar pessoas não-crentes em suas ilustrações. 9.4.12. Evite se desculpar pelo uso de qualquer ilustração pessoal. Não precisa dizer:

“... desculpem-me a referência pessoal...”, ou “... desculpem-me a modéstia...”. Seja simples e isto será suficiente.

9.4.13. Varie o tipo de ilustração e as ilustrações. Não use a mesma ilustração ou ilustrações parecidas seguidamente, pois o povo não vai fazer a devida distinção e você cairá em ridículo.

9.4.14. Use com cautela as ilustrações contidas em “Livros de Ilustrações”, nestes livros você não sabe se o que é contado é real ou não e não pode garantir a fonte da informação.

9.4.15. Nunca conte uma ficção como realidade. Nunca minta num sermão. Pois poderá ser que todo o seu empenho em mostrar a verdade divina naufrague nas águas do falso testemunho. Se a ilustração for uma ficção, deixe isto bem claro para seu auditório, ai então conte a estória.

9.4.16. Nunca faça seu sermão somente de ilustrações. Exponha a Bíblia, ela é a Palavra de Deus que não volta vazia.

9.4.17. Não deixe de usar ilustração. Ela é boa para iluminar as verdades divinas. Jesus as usou muito, como se vê nas parábola.

9.4.18. Conte as ilustrações como Jesus contava parábolas. Entre outras coisas Jesus era um contador de histórias. Histórias reais ou não (caso este das parábolas), contadas com o devido temor de Deus, causarão impacto e esclarecerão verdades divinas.

9.5. Características de uma boa ilustração: 9.5.1. Deve ser simples, sem muitos detalhes, a fim de que o povo logo a entenda e

capte a lição central de forma clara e específica. 9.5.2. Deve ter unidade de pensamento e estar em harmonia com o assunto que está

sendo ilustrado. 9.5.3. Deve abrir o caminho para a aplicação que a verdade divina requer. 9.5.4. Deve ter movimento, progresso, ação, devem estar cheias de vida. 9.5.5. Deve ter um ponto alto, um climax. 9.5.6. Deve ter um elemento de interesse humano, deve estar ligados à vida do povo. 9.5.7. Deve ser bem preparada, bem encaixada no corpo do sermão, para que seja útil

ao ouvinte.

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X.__A aplicação 10.1. Definição: é a arte de persuadir o ouvinte a aceitar em sua vida as verdades bíblicas

pregadas no sermão. A aplicação relaciona o objetivo específico do texto com a vida do ouvinte e mostra o que o ouvinte deve fazer. Ela atualiza a mensagem e demonstra como viver no dia-a-dia aquela verdade exposta.

10.2. Tipos de Aplicação: 10.2.1. Elucidação: é uma exortação explicativa, que não dá margem para ambiguidade

e nem deixa o ouvinte com dúvida quanto à resposta que ele deve dar, é uma exortação onde o ouvinte sabe inequivocamente o que se espera que ele faça. Exemplo: Atos 2.38

10.2.2. Interrogação: após expor a atitude que se espera do ouvinte, faça uma pergunta enfática e bem direta sobre o que foi exposto, pergunte sempre no sentido positivo, onde a resposta seja positiva. Não faça perguntas onde a resposta é “NÃO” e incentiva a inércia. Faça pergunta onde uma atitude positiva seja a única resposta. Exemplo Lc. 10.36-37.

10.2.3. Hipérbole: é uma espécie de exagero que visa sacudir o ouvinte, despertando-o da inércia e levando-o à ação. Não é para ser entendida literalmente, mas serve como um terremoto que mostra a urgência da ação. Ex.: “ vamos bombadear esta cidade com o evangelho...”

10.2.4. Ilustração: a ilustração pode ser uma boa aplicação quando a ilustração é de natureza bem prática, real e preferencialmente tirada do contexto dos ouvintes.

10.2.5. Multipla escolha: exponha umas poucas possibilidades, de duas a quatro ou cinco atitudes bem concretas e abra espaço para que o ouvinte abrace aquela que melhor combinar com seu estilo de vida, suas expectativas, seu caráter, enfim, com ele mesmo.

10.2.6. Testemunho pessoal: conte uma experiência pessoal de como você ou outra pessoa tomou uma decisão com respeito ao assunto do sermão.

10.3. Características da aplicação: 10.3.1. Linguagem atual: é necessário que o conteúdo bíbilico, bem como seu conceito

sejam atualizados. Também seu vocabulário e idéias precisam ser contemporalizados. Fale aquilo que o ouvinte pode entender.

10.3.2. Realismo e natureza prática: fale da realidade, não de idealismos, fale da prática, não de teoria. É preciso fazer propostas ao ouvinte que ele possa realizar. Coisas simples, mas reais e práticas. Não proponha tarefas irreais e teóricas que deixarão o ouvinte frustrado.

10.3.3. Coerência: é necessário interpretar o texto corretamente para que a aplicação esteja coerente com o ensino do texto bíblico. O pregador precisa ter o cuidado de aplicar exatamente a idéia apresentada no texto.

10.3.4. Objetividade: é necessário se dizer claramente aquilo que o ouvinte deve fazer, não dizendo coisas vagas e indefinidas. Seja direto, claro, objetivo, específico, indique inequívocamente qual a resposta que você deseja do seu ouvinte.

10.3.5. Baseada em princípios: exponha princípios práticos. Não faça da aplicação uma hora de moralismos inúteis, de ataques às pessoas, de condenação, nem mesmo de impor seu ponto de vista.

10.3.6. Positiva: Mostrar aquilo que o ouvinte precisa fazer. Dê uma ênfase positiva nesta hora, não destruindo e atacando o que está errado. Em vez de destruir o negativo, construa o positivo.

10.4. Relação do texto com a aplicação: 10.4.1. O contexto da passagem determina o tipo de aplicação que se poderá fazer, ao

passo que a necessidade atual pode selecionar o texto que será usado para o sermão e consequentemente para a aplicação que o auditório necessita.

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10.4.1.1. Você tem o direito de escolher da passagem bíblica que se encaixa dentro das necessidades dos ouvintes, da necessidade que você precisa suprir.

10.4.1.2. Você não tem o direito de fazer o texto dizer o que você precisa que ele diga para suprir sua necessidade. O texto tem uma mensagem, sua própria, que deve ser respeitada.

10.4.2. O objetivo original do texto com a necessidade dos ouvintes. Pense quais necessidades dos seus ouvintes correpondem ao objetivo original e a função do texto do sermão. Se você não escolheu o texto previamente, pode escolhê-lo partindo da necessidade dos seus ouvintes. A necessidade dos ouvintes determina a escolha do texto a ser usado. É importante notar que a necessidade não pode determinar a aplicação, esta é determinada pela passagem. Este ponto relaciona o objetivo original do texto com as necessidades dos ouvintes. Neste caso é preciso ter a certeza de não estar forçando a passagem a cumprir um propósito para o qual ela não foi originalmente escrita. O propósito e a função originais não podem ser torcidos pela necessidade dos ouvintes. A aplicação precisa estar harmonizada com o propósito original do texto.

10.4.3. Determine qual a mensagem que Deus quer transmitir com este sermão específico. Faça isto em oração e jejum diante do Senhor. A mensagem é o que Deus quer nos falar.

10.4.4. Determine quais necessidades atuais podem ser alcançadas com esta mensagem específica. Seja sensível para perceber o que Deus quer ensinar a voce e na vida dos ouvintes com este sermão que Ele colocou em seu coração. Isto quer dizer que você deve ter uma perspectiva clara da reação que os ouvintes terão diante do sermão. Não é apenas a reação que você espera, mas conhecendo os ouvintes saber como reagirão à mensagem. Ore para que Deus aja e o propósito que Ele tem em vista se cumpra na vida das pessoas.

10.4.5. Construa o sermão a partir da mensagem original do texto, certificando-se que a intenção e função originais do texto não foram distorcidas principalmente na sua aplicação.

10.5. Passos para uma boa aplicação: os três primeiros passos são os fundamentais, os demais expostos estão explicados para auxiliar nos três primeiros: 10.5.1. Classificação do texto: estude o texto de modo a determinar o seu propósito

original, fazendo deste propósito original do texto e base para sua aplicação. 10.5.2. Classificação das necessidades dos ouvintes: olhe para os seus ouvintes e

descubra suas necessidades. Faça uma exegese dos seus ouvintes para conhecer suas necessidades e aspirações mais profundas.

10.5.3. Relacione o propósito original do texto com as necessidades dos seus ouvintes, aí estará a sua aplicação.

10.5.4. Estude o pano de fundo do texto bíblico da mensagem. Os princípios eternos de Deus só podem ser tirados da passagem bíblica e seu contexto, e devem estar bem visíveis nela, sendo naturais e pertinentes a ela; não forçados pelo estudo.

10.5.5. Correlacione o contexto da passagem com o contexto contemporâneo: é importante entender que uma boa aplicação fala ao homem do presente, mas seu fundamento está no texto bíblico do passado. Para que um princípio ou afirmação da palavra de Deus seja aplicado é necessário fazer a ponte entre o ontem do texto e o hoje do ouvinte (entre a passagem bíblica e as circunstâncias atuais). Esta ponte precisa estar solidamente arraigada primeiro: ao contexto da passagem; e segundo: às circunstâncias atuais.

10.5.6. O contexto da passsagem determinará o tipo de aplicação que se poderá fazer. Exemplo: em Fl. 4.19 o texto afirma que “Deus suprirá todas as nosssas necessidades materiais”; estudando o contexto vemos que os filipenses tinham

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contribuido generosa e sacrificialmente para suprir as necessidades de Paulo. A aplicação desta verdade de “suprimento que Deus fará” precisa estar presa ao texto. A aplicação precisa ser feita para uma circunstância semelhante, onde os ouvintes contribuiram ou contribuirão com sacrifício para ajudar os outros.

10.5.7. Perguntas importantes que precisam ser respondidas para se entender o texto: 10.5.7.1. O que as pessoas do tempo bíblico sentiam? 10.5.7.2. Quais eram suas necessidades? 10.5.7.3. Por que precisam da orientação que receberam? 10.5.7.4. Como Deus agiu para levá-los à ação? 10.5.7.5. Que ação Deus esperou deles? 10.5.7.6. Qual a correpondencia da nossa situação atual àquela bíblica?

10.5.8. Familiarize-se com o texto, procure entrar na vida das pessoas da Bíblia, procure ser um deles, imagine-se no meio deles, procure se ver naquelas circunstâncias e entenda o que Deus exigiu deles como resposta comportamental. Sinta e entenda que “aplicação” própria há no texto. Aqui você verá o que aconteceu e porque Deus agiu de uma determinada forma.

10.5.9. Determine a “função” do texto no seu contexto original. A função diz respeito às circunstâncias do tempo do texto sob três aspectos: o propósito, o resultado e o modo.

10.5.9.1. O propósito da passagem: entenda porque o texto foi registrado na Bíblia, qual a sua função na Bíblia, no livro em que está inserido, na parte do livro (primeiro: porque o texto está; segundo: porque está onde está). A questão aqui não e “qual o ensino” mas, “por que ele foi dado aqui”.

10.5.9.2. O resultado que o texto tem em vista: o que o texto ou seu autor quer alcançar, onde as pessoas envolvidas na circunstância do texto deveriam chegar, qual a resposta que elas deveriam dar. A pergunta aqui é “para, que”, ou “o que o texto visa”, ou “qual o resultado imediato que o autor do texto espera do seu destinatário”, ou “que efeito este texto queria causar nos seus destinatários”.

10.5.9.3. O modo que o texto ou o seu autor usa para alcançar o resultado que ele tem em vista: veja como o autor do texto trabalha o assunto para chegar ao resultado esperado. Este modo deverá servir de inspiração para você aplicar a mensagem.

10.5.10. Descreva a função do texto com uma palavra enfática ou uma frase concisa: escolha uma palavra ou uma frase que resuma o texto. Esta palavra ou frase deve estar centrada no texto, mas será a ponte para a aplicação. Eis algumas funções que são encontradas na Bíblia:

10.5.10.1. Que motiva. 10.5.10.2. Que acusa. 10.5.10.3. Que conforta, anima. 10.5.10.4. Que leva a adoração. 10.5.10.5. Que proclama o evangelho. 10.5.10.6. Que estabelece padrões. 10.5.10.7. Que coloca metas. 10.5.10.8. Que doutrina. 10.5.10.9. Que aborda problema. 10.5.10.10. Que mostra a relação causa-efeito. 10.5.10.11. Que fundamenta a fé ou a ação. 10.5.10.12. Que dá perspectiva à vida. 10.5.10.13. Que ensina ética. 10.5.10.14. Que profetiza.

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10.5.11. Classifique as necessidades atuais dos seus ouvintes: 10.5.11.1. Necessidades pessoais: pense em problemas existenciais como

ansiedade, solidão, tristeza, depressão, vazio espiritual, desorientação conflito, medo, complexos , traumas, etc; problemas sociais, econômicos, familiares, acadêmicos, sentimentais, culturais, etc.

10.5.11.2. Necessidades coletivas: pense naquilo que afeta seus ouvintes como coletividade, como catástrofes climáticas, planos econômicos, inflação, desemprego, eleições, crises políticas, etc.

10.5.11.3. Necessidades espirituais: pense naquilo que cada sub-grupo dos seus ouvintes necessita. Aqui entram os aspectos da vida cristã, da praxis cristã no sentido mais amplo possível, aquilo que abrange a totalidade da vida do ouvinte, no sentido da leiturgia e do anastrofe.

10.6. Quando aplicar: não há uma regra específica neste ponto: 10.6.1. Por parte: quando, ao final de cada parte se faz a aplicação da mensagem. Isto

pode ser ao final do ponto ou ao final de cada sub-ponto. 10.6.2. À proporção que surgem pensamentos práticos: neste caso a cada novo

momento onde surge uma questão prática o pregador já faz a aplicação, não esperando chegar ao fim da parte.

10.6.3. De uma só vez: neste caso isto se dará na conclusão, e é bom fazer uma recaptulação dos pontos para ligá-los à aplicação.

10.7. Aspectos a serem observados na aplicação: os nove primeiros são cuidados necessários para não se fazer da aplicação uma atividade meramente humana, são aspectos negativos e exageros a serem evitados. Os últimos cinco são aspectos positivos que o pregador precisa perseguir e alcançar na aplicação: 10.7.1. Evite exercer uma pressão psicologicamente arquitetada sobre a vontade e

emoção do ouvinte, com o intuito de constrangê-lo a fazer algo, ou de dominar sua vontade e emoção. Os elementos volitivo e emocional devem ser excitados através da mente, do pensamento, do argumento. O ouvinte deve ser convencido a agir e agir voluntariamente, e não coagido. Leve-o à ação pela força do seu argumento, e não por coação.

10.7.2. Evite a indução da reação dos ouvintes através de quaisquer meios possíveis. Pode ser que a necessidade de ver resultado leve o pregador a induzir a reação esperada. Seja natural, simples, autêntico e principalmente deixe Deus agir. Não queira que as pessoas respondam só para que você veja, isto será passageiro e fugaz. Se Deus agir os resultados serão consistentes e eternos.

10.7.3. Evite o sensacionalismo. Passada a reunião e cessada aquela pressão emocional e vendo o ouvinte que nada mudou, mas que tudo não passou de mera emoção, desprezará o pregador e talvez até o agir de Deus. Não seja um tropeço aos ouvintes, mas uma benção para eles.

10.7.4. Evite dissociar as outras partes do sermão da aplicação, como se a explanação ou argumentação fossem coisas díspares. Que são diferentes, isto é óbvio, mas elas trabalham juntas, uma para as outras. Evite pensar que a argumentação é fria e distante e na aplicação você se aproxima do ouvinte. Uma trabalha para a outra e lhe é necessária.

10.7.5. Evite pensar que o ouvinte tem a capacidade de tomar decisões na direção de Deus sem a intermediação do Espírito Santo. Lembre-se que se Deus não operar, nada a pessoa pode responder para Ele. Não espere respostas que venham só pela vontade humana, ore e jejue para que Deus produza aquilo que Ele já determinou que aconteça.

10.7.6. Evite a intenção de querer manipular o Espírito Santo, ou usar o nome do Espírito para manipular ou ouvintes. De Deus somos servos e guiados por seu Espírito, não nos cabe querer dirigir o Espírito para que Ele trabalhe para nós.

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Também não use o nome de Deus para manipular seu auditório, não seja você o mentor das reações. Deixe Deus agir.

10.7.7. Evite criar uma reação artificial nos seus ouvintes. Se a reação que seus ouvintes tiverem for por sua capacidade humana de persuadi-los, e não pelo agir de Deus, o resultado na vida delas será completamente nulo e uma grande frustrações invadirá a suas vidas. Pois nada mudará e elas pensarão que a culpa é de Deus que não agiu, quando na verdade o que as motivou não foi Deus, mas o pregador.

10.7.8. Evite levar seu auditório a pensar que determinadas reações como levantar a mão, vir à frente, cair após a ministração, ficar em pé, ou coisas do gênero, só por fazer isto, Deus já agiu. Entenda que o simples fato de alguém levantar-se, ou, ...ou... não quer dizer que ela recebeu o agir de Deus. Leve seu auditório a buscar Deus e centrar-se em Deus, isto fará destas reações um sinal do seu agir.

10.7.9. Evite o desejo meramente humano e egocêntrico de querer ver resultados. Queira ver os resultados porque você está comprometido com Deus e seu agir e quer ver Deus operar, não apenas porque você quer ser reconhecido ou qualquer outro desejo humano e carnal seu. Coloque Deus na frente.

10.7.10. Todos estes cuidados no entanto, não devem tirar o seu objetivo de falar diretamente ao coração e à mente do ouvinte. Fale com paixão, emoção, convicção, amor, persuação. O que é condenável é o exagero e a coisa carnal, não aquilo que é espiritual e legítimo na hora do sermão. Todos nós somos seres volitivos e emocionais e devemos atingir a vontade e as emoções, sempre de forma equilibrada, ponderada, austera, séria e espiritualmente dirigida por Deus para isto. Fale ao coração do seu ouvinte como se sua voz fosse a voz do Espírito Santo.

10.7.11. Desperte nos ouvintes o desejo de experimentarem as bençãos de Deus anunciadas no sermão.

10.7.12. Mostre a vantagem de se obedecer as orientações pregadas, pois com elas pessoas do passado foram abençoadas.

10.7.13. Exorte veemente à prática expontânea das orientações dadas no sermão. 10.7.14. Apele à consciência para que o ouvinte busque um compromisso real com a

verdade da Palavra que foi pregada. XI. Explanação:

11.1. Definição: é a capacidade de explicar, de explanar, de tornar entendido algum assunto. 11.2. Há as seguintes possibilidades de explanação:

11.2.1. Explanação em geral: algum aspecto geral que o pregador sinta necessidade de explicar para que o seu sermão seja claramente entendido.

11.2.2. Explanação da doutrina: é quando se explica brevemente a doutrina, quando ela é previamente necessária ao entendimento do sermão. Ou então, se o ermão tem um propósito geral doutrinário, esta explanação será a alma do sermão.

11.2.3. Explanação do texto: é tornar o texto compreensível aos seus ouvintes, é explicar o texto de forma clara, direta, de modo que seus ouvintes entendam o que os destinatários originais do texto entenderam dele. Pode ser feito por: 11.2.3.1. Apresentar a exegese do texto. 11.2.3.2. Narrar a passagem como um drama 11.2.3.3. Descrever a narrativa explicando suas partes.

11.2.4. Explanação dos assuntos: e a explicação dos assuntos, dos temas, das idéias que compõem o sermão. Pode ser através da: 11.2.4.1. Definição: dê uma definição dos termos, temas, assuntos, etc. 11.2.4.2. Divisão: divida o assunto, ou tema e o exponha por partes.

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11.2.4.3. Exemplificação: ao se tratar de temas, assuntos, e vocábulos muito abstratos a melhor maneira de explicar isto é através de um exemplo.

11.2.4.4. Comparação. Compare dois elementos, um desconhecido que você precisa expor com outro bem conhecido dos seus ouvintes.

XII. A argumentação:

12.1. Definição: é capacidade de levantar elementos para provar uma idéia, no caso do sermão a idéia central do texto ou a sua tese.

12.2. Principais tipos de argumentos: 12.2.1. Argumento a partir do testemunho: é aquele baseado na experiência real de

pessoas que enfrentaram determinada situação. Este testemunho pode ser de alguém que foi bem sucedido ou de algum que foi mal sucedido.

12.2.2. Argumento a partir da indução: indução é o processo de criar uma regra geral a partir de casos particulares. Apresente casos impactantes e mostre a sua relevância para a existência humana.

12.2.3. Argumento a partir da analogia: proceda comparações relevantes que levarão seu ouvinte à compreensão do que você quer expor.

12.2.4. Argumentos a partir da dedução: é o processo inverso da indução: é a compreensão de verdades particulares a partir de regras gerais.

12.3. Formas de argumentação: 12.3.1. Argumento a priori: e aquele que parte da causa para o efeito, quando a causa

física ou algo de natureza geral antecede certo resultado ou quando algo particular tende a produzir um resultado. Este argumento a priori pode ser indutivo (quando o particular explica o geral) ou o dedutivo (quando a verdade maior, a causa geral é a razão de ser da explicação do caso particular).

12.3.2. Argumento a posteriori: é aquele que parte do efeito para a causa, ou seja, o argumento leva a inferir uma causa não conhecida da observação de um fato bem conhecido.

12.3.3. Argumento a fortiori: é aquele a partir de uma proposição que tem mais força que uma segunda proposição mais fraca apresentada contra a primeira. Ela mostra que a segunda é verdade em menos casos prováveis, reais ou imaginários, e então insiste que é muito mais provável que a primeira verdade seja mais comum num número maior de casos.

12.3.4. Argumento a partir de uma aproximação progressiva: é quando o argumento é apresentado por partes do princípio para o fim, até completar o quadro do que está sendo exposto.

12.3.5. Argumento a partir do dilema: são apresentadas duas possibilidades, onde apenas uma das duas pode ser verdade, é preciso gerar a necessidade de escolha pela opção verdadeira.

12.3.6. Argumento redutivo ad absurdum: é aquele que reduz o tema exposto ao absurdo. É mais usado na refutação. Usado para afirmar uma verdade positiva.

12.3.7. Argumentos ex consenso: consiste em levar os oponentes daquela verdade a um concenso da verdade levando-os a admitir verdades parciais concensuais, até chegar a uma verdade geral da qual discordavam. Aqui geralmente usa-se o método indutivo.

12.3.8. Argumento ad hominem: argumento para o homem. Usado na refutação. Usado para afirmar uma verdade positiva.

12.4. Refutação: é a capacidade de levantar elementos para mostrar a falsidade e a inverdade de um determinado conhcimento ou proposição. Os tipos mais comuns de refutação são: 12.4.1. Refutação do erro: refuta-se o erro para provar a verdade que lhe opõe.

Apresenta-se o erro como erro e contrasta-se a ele a verdade da Palavra.

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12.4.2. Refutação dos erros morais: neste caso é mais complexo mostrar o “erro” então apresenta-se o elevado padrão moral da fé cristã em contraste com a moral secular ou de outras religiões. Objeta-se a outra moral com os ensinos morais cristãos.

12.4.3. Refutação pela força: refutação de atitudes que são socialmente condenáveis. 12.4.4. Refutação pela origem: mostra-se que na origem do pensamento há um

elemento de falsidade e mentira, logo todo o seu desenvolvimento subsequente também é falso.

12.4.5. Refutação redutio ad absurdum. 12.4.6. Refutação ad hominum: Refutação “para o homem” ou “contra o homem”,

deve ser usada para estabelecer uma verdade positiva. Para mostrar uma verdade que està sendo combatida, quando os opositores já aceitam aquela mesma verdade em outras circunstâncias nas suas vidas. Exemplo de Jesus em Mt. 12.27, ou de Paulo em I Cor. 15.29. Eles já faziam aquilo em outras circunstâncias e o argumento os pega de surpresa.

12.5. Como proceder a refutação: 12.5.1. Sem acusação: não acuse, mostre o erro, mas não condene, nós não somos

juízes, somos mensageiros do Deus de amor. 12.5.2. Com simpatia: seja simpático, gentil, amável, conquiste seus ouvintes

oponentes através do amor. 12.5.3. Com piedade: mostre o sentimento cristão que lhe motiva a mostrar a verdade. 12.5.4. Com amor: mostre que seu amor é a razão maior de querer que seus ouvintes

mudem de vida. XIII. Elementos funcionais do sermão:

13.1. Definição: são elementos que compõem o sermão, mas não levam divisão no corpo do sermão.

13.2. Classificação: são quatro os elementos funcionais: a explanação, a argumentação, a ilustração e a aplicação.

13.3. Os elementos funcionais no corpo do sermão: um bom sermão equilibra os quatros elementos de forma harmônica.

13.4. A ordem dos elementos: não há regra específica. Uma sugestão geral é que primeiro venha a explanação do texto, a argumentação, uma ilustração para abrir o seu entendimento e por fim a aplicação da verdade. Coordene conforme melhor convier ao seu sermão, à luz do seu objetivo específico, cada um destes elementos no seu sermão.

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A PREPARAÇÃO PARA PREGAR

O PREGADOR EM CONTATO COM DEUS

B U S C

A ORIENTAÇÃO NO A PARA REVELAR ESPÍRITO SANTO N PARA ORIENTAR D PARA CORRIGIR O PARA INSTRUIR

O PREGADOR EM CONTATO COM O POVO

S E R V I N D O

NA VISITAÇÃO - NO EVANGELISMO - NA EDIFICAÇÃO

O PREGADOR EM CONTATO COM AS ESCRITURAS

P R O

66 LIVROS C 31.176 VERSÍCULOS U

1.189 CAPÍTULOS R 2.930 PERSONAGENS A BÍBLICOS

N D O

O TEXTO BÍBLICO PARA SERVIR DE BASE PARA A PREGAÇÃO

RESULTADOS

1. A PREPARAÇÃO DO PRÓPRIO PREGADOR 2. A PREPARAÇÃO DE UMA MENSAGEM ESPECÍFICA QUE SERÁ OPORTUNA E RELEVANTE 3. UMA PREPARAÇÃO ADEQUADA PARA PREGAR, UTILIZANDO TUDO QUE A HOMILÉTICA POSSA LHE OFERECER DE MELHOR.

A Q U I L O Q U E D E V E S E R C O N S I D E R A D O

E S T U

1. A VONTADE DE DEUS D 2. AS NECESSIDADES DO POVO A 3. O DESENVOLVIMENTO DO N PRÓPRIO PREGADOR D

O O CONTEÚDO DO TEXTO ESCOLHIDO

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ANEXOS

O SERMÃO BIOGRÁFICO PARA HOJE Prof. Jerry Stanley Key

INTRODUÇÃO: Há grande riqueza de material bíblico que serve para o sermão biográfico, que consiste no estudo de um personagem bíblico, ou de uma faceta de sua vida, verificando as lições práticas para a nossa vida. É muito importante trazer o personagem para o nosso século, fazendo uma aplicação à situação contemporânea. Os personagens bíblicos foram pessoas como nós e muitas vezes enfrentaram situações semelhantes àquelas que enfrentamos.

VANTAGENS DO SERMÃO BIOGRÁFICO Cada tipo de sermão tem as suas vantagens, mas o sermão biográfico é um dos tipos que têm mais vantagens. 1. Há abundância de material, uma fonte inesgotável para esses sermões. Há 2930 personagens

bíblicos diferentes. 30 ou mais homens com o nome de Zacarias; 20 com o de Nata; 15 com o de Jônatas. Cerca de 400 dos personagens servem como base para sermões, sendo 250 maiores e 150 menores.

2. O sermão biográfico, uma vez que aprendemos a fazê-lo, é o tipo mais fácil de pregar. Capta a atenção do povo, apela à imaginação, traz o auditório dentro do púlpito com mais facilidade.

3. O sermão biográfico está de acordo com a vida de hoje. O que se diz a respeito de Pedro, Jacó, Lucas, Jonas, etc., tem a sua aplicação para o bancário, comerciante, pedreiro, estudante, etc. É atual.

4. O sermão biográfico é lembrado mais facilmente pelos ouvintes, que guardarão por muito tempo as experiências do personagem.

5. O sermão biográfico dá vida à Bíblia, que é um livro rico em material biográfico. 6. O sermão biográfico tem uma atração especial para o povo. Todos nós gostamos de histórias

envolvendo outras pessoas. 7. Há um campo aberto para que o pregador desenvolva a imaginação e o método dramático

através da pregação de sermões biográficos. O pastor deve usar a imaginação e devemos descobrir melhor como desenvolver a nossa imaginação. E também o sermão biográfico apela para a imaginação do ouvinte que quer ser usado por Deus para tornar-se uma pessoa semelhante ao personagem focalizado no sermão.

8. A pregação de sermões biográficos é áudio-visual, cria imagens na mente dos ouvintes. E mais ainda quando já têm algum conhecimento sobre o assunto ou o personagem.

9. As doutrinas teológicas mais abstratas e os ensinos éticos podem ser apresentados à luz de um personagem bíblico. Exemplos: justificação – Abraão; pureza – José; oração – Daniel; amor – bom samaritano, etc.

10. Através da pregação do sermão biográfico somos ajudados na procura de bom material ilustrativo, pois o sermão biográfico é uma ilustração em si.

11. É mais fácil variar o programa de pregação quando usamos uns dois ou três sermões biográficos. Devemos usar tanto os grandes como os menores personagens.

12. A pregação de sermões biográficos ajuda o pastor no seu próprio estudo da Palavra de Deus e ajuda os seus sermões a serem bastante bíblicos.

13. Na preparação para um determinado sermão biográfico o pastor encontrará muito material para outros sermões que podem ser pregados no futuro.

14. O sermão biográfico pode trazer muitas novidades sobre a vida dos personagens e tem a tendência de ter mais vida, mesmo que a história seja conhecida.

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15. O sermão biográfico faz com que seja possível aproximar-se indiretamente de problemas e situações difíceis da Igreja, que, se fossem atacados frontalmente, talvez ofendesse a muitas pessoas.

16. O sermão biográfico é especialmente apropriado para ocasiões especiais. 17. O sermão biográfico tem muito valor na informação, identificação e inspiração. Quando

pregamos assim estamos seguindo o padrão divino porque Deus assim o fez na Sua revelação, ou seja, através de personagens.

PASSOS NA PREPARAÇÃO DO SERMÃO BIOGRÁFICO

1. Faça a escolha do personagem bíblico que quer usar como base para a sua mensagem; 2. Leia tudo o que existe sobre ele, conhecendo-o nos mínimos detalhes. Utilize várias

traduções. 3. Prepare o esboço da vida do personagem, em ordem cronológica. 4. Faça um estudo dos fatos, incidentes e detalhes mais relevantes e interessantes.

4.1. O que é que gosta ou não gosta na vida dele? 4.2. Que é que Deus está fazendo na vida deste personagem e que é que aprendemos acerca

de Sua natureza e maneira de agir? 4.3. Quais são as decisões que o personagem faz no decorrer de sua história? 4.4. Quais são as outras pessoas que são importantes para o personagem e como é que ele se

relaciona a elas? 4.5. Quais são a atitudes ou ações do personagem que modificam a sua vida ou a vida de

outrem? 4.6. O personagem bíblico é semelhante a que tipo de pessoa no mundo de hoje? 4.7. De que maneira você é semelhante ou o oposto ao personagem bíblico? 4.8. Quais são as características da luta do personagem para estabelecer a sua própria

identidade, ou relação com o grupo, ou responsabilidade perante os outros? 4.9. Que é que você aprendeu sobre si próprio e de que maneira você tem sido desafiado a

mudar alguma coisa em sua vida como resultado do estudo da história do personagem? 4.10. Qual ou quais os segredos da sua vitória, ou as causas do seu fracasso. 4.11. O que pode ser imitado e o que deve ser evitado com relação ao personagem.

5. Agora faça uma lista das características principais do personagem bíblico, apontando os seus pontos fortes e fracos. 5.1. Que tipo de pessoa foi ele/ela? 5.2. Quais são os fatores que o/a fizeram ter estas características? 5.3. Quais são os resultados práticos destes fatores? (Exemplo: característica principal de

Barnabé: o grande encorajador). 6. Procure descobrir as causas das fraquezas do personagem bíblico bem como o remédio para

estas fraquezas. 7. Veja se pode descobrir o segredo das virtudes dele/dela. 8. Faça a aplicação das lições contidas na vida do personagem à sua própria vida e também à

vida dos ouvintes. (Veja 4.9) 9. Leia tudo que puder em comentários e dicionários bíblicos, livros especializados e outros.

Tome nota dos itens mais importantes e interessantes. 10. Faça a escolha do texto, tema da mensagem, objetivos, etc. Quanto ao objetivo especifico, é

necessário sempre ter em mente um dos seis objetivos gerais conhecidos. 11. Agora você está pronto para preparar o esboço do seu sermão. Siga as regras da boa

organização das idéias do sermão (cuidado com o esboço histórico e o tema histórico!) 12. Procure novo material ilustrativo além das ilustrações que vêm da vida do personagem. 13. Escreva o sermão, pensando na linguagem oral ou verbal e não no estilo por escrito (coloque

as suas idéias no papel como se estivesse falando em voz alta. Escreva tudo o que puder, introdução, corpo do sermão, e conclusão. Utilize um estilo claro e simples).

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14. Faça uma revisão em tudo e decore o esboço. Agora, com a ajuda de Deus, você está pronto para pregar, pois a preparação espiritual tem acompanhado todos esses passos.

15. Se possível, deixe sugestões para o povo levar consigo. Ex.: sugira que ponha em prática a verdade ensinada no sermão, ou que imite o comportamento do personagem bíblico.

16. Pregue o seu sermão no poder do Espírito.

VÁRIAS MANEIRAS DE ORGANIZAR OS SERMÕES BIOGRÁICOS

1. Alguns tipos não servem ou pelo menos não são os melhores. É claro que alguns pregadores são péssimos na organização de suas idéias, mas têm outros pontos positivos que ajudam a vencer as falhas quanto a organização. Devemos lutar para conseguir a melhor unidade e organização possível. O tipo de sermão biográfico que escolhe o texto e apenas comenta versículo por versículo, sem uma organização das idéias, não é o melhor tipo. Não se deve comentar apenas a história do personagem, sem uma aplicação aos nossos dias. Também não se deve deixar a aplicação para o fim.

2. Tipos que servem: 2.1. Uma análise da vida do personagem. Ex. Jonas 2.2. Uma análise temática. Ex. Falar sobre o avivamento de Jonas em Nínive. 2.3. Uma análise do caráter do personagem. Uma pessoa é composta de muitas qualidades.

Ex. Falar de Sansão e suas contradições – virtudes e defeitos. 2.4. Uma análise da carreira do personagem. Dividir a vida do personagem em etapas. Ex.

José: período de sonhos; período de prisões; período de realizações. 2.5. Uma análise das atividades do personagem. Ex. Barnabé: amigo simpatizante,

missionário, homem liberal, etc. 2.6. Uma análise de locais significativos na vida do personagem. Ex. Moisés: homem de

três montanhas. 2.7. Uma análise do personagem pelas crises que passou. Ex. Ester: racial, religiosa e

pessoal. 2.8. Análise de parentesco 2.9. Análise da contribuição que alguém deixou pela passagem nesta vida. 2.10. Uma análise da grandeza do personagem. Ex. João Batista. 2.11. Uma análise do galardão do personagem. Ex. Rute: refúgio, descanso, redenção,

renome. 2.12. Uma análise por perspectiva diferente. Ex. Jesus: visto pelos pais, Herodes, pelos

pastores, pelos sábios, pelos inimigos, por Satanás, etc. 2.13. Uma análise de um grupo de personagens. Ex. Ananias e Safira. 2.14. Uma análise das lições encontradas na vida do personagem. Ex. O ladrão penitente:

salvação sem obras; salvação sem ordenanças ou sacramentos; uma salvação eterna, indo ao paraíso logo depois da morte sem passar pelo Purgatório.

2.15. Uma análise da característica principal do personagem. Ex. Estevão: uma testemunha fiel.

2.16. Uma análise de um evento chave na vida do personagem. Ex. Elias no Monte Carmelo.

2.17. Uma análise de um texto chave sobre a vida do personagem. Ex. Barnabé – At 11. 24 – homem bom, caracterizado pela fé, e cheio do Espírito Santo.

2.18. Uma análise de uma idéia única. Ex. Erros de Moisés. 2.19. Uma comparação e/ou contraste entre dois personagens. Ex. Abraão e Ló. 2.20. Uma análise psicológica. Ex. Noé ou José e a vitória sobre as circunstâncias. 2.21. Uma análise do personagem através de uma série de mensagens.

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IDÉIAS PARA SÉRIES DE SERMÕES BIOGRÁFICOS 1. Os jovens famosos da Bíblia: José, Samuel, Davi, Daniel, Jesus, Timóteo. 2. As grandes conversões do NT: o endemoninhado, Mateus, mulher samaritana, Zaqueu, ladrão

da cruz, Saulo de Tarso, Cornélio, Lídia, etc. 3. Os grandes sonhadores da Bíblia: Jacó, José, Faraó, Salomão, Nabucodonozor, Belsazar. 4. Os néscios da Bíblia: Roboão: aquele que constrói a casa (vida) sobre a areia (Mt 7.24-28), o

louco de Lc 12, as virgens loucas de Mt 25, etc. 5. As grandes amizades da Bíblia: Abraão e Ló; Rute e Noemi, Samuel e Saul, Davi e Jônatas,

Maria, Marta, Jesus e Lazaro, Paulo e Timóteo. 6. Os maiores vultos do VT: Moisés, Abraão, Jacó, José, Elias, Isaias, Davi, Samuel, Salomão,

Jeremias, Daniel, Etc. 7. Os maiores vultos do NT: Paulo, Pedro, João Batista, João, Barnabé, Estevão, Lucas, etc. 8. Os grandes intercessores da Bíblia: Abraão, Moisés, Samuel, Davi, Elias, Daniel, Jesus, Paulo,

Etc. 9. As grandes histórias de amor: Jacó e Raquel, Abraão e Sara, Isaque e Rebeca, Oséias e

Gomer. 10. Os que rejeitaram a Cristo: Herodes, Pilatos, Judas Iscariotes, Festo, o jovem rico, Agripa, os

gadarenos, ladrão da cruz, etc. 11. Homens que tiveram visões: Abraão, Moisés, Calebe, Josué, Samuel, Isaias, Ezequiel, Daniel,

Amós, Cornélio, Paulo, Pedro, etc. 12. As mulheres piedosas da Bíblia: Noemi, Rute, Ester, Dorcas, Lídia, Débora, Isabel, Maria mãe

de Jesus, Marta e Maria, Lóide e Eunice, etc. 13. Os grandes estadistas: Moisés, Davi, Salomão, Isaias, Ezequiel, Daniel, Neemias, etc. 14. Tipos de personagens Bíblicos que exemplificam fracassos modernos: Saul, Sansão, Caim,

Jezabel, Atalia (2Cr 22.1-10), Judas Iscariotes, Demas, James e Jambres, etc. 15. Exemplos de sermões relacionados: O segredo da fé (Abraão) Como Deus transforma uma pessoa (Jacó X Israel) O Deus de um homem comum (Isaque).

COMO PREPARAR UMA SÉRIE DE SERMÕES BIOGRAFICOS 1. É necessário decidir qual é o alvo que vai controlar o desenvolvimento da série. 2. É necessário planejar a série como um todo. 3. É bom escolher um Título para a série. 4. Cada sermão será preparado como uma unidade separada.

QUALIDADES QUE DEVEM POSSUIR A SÉRIE 1. A série deve abranger todos os sermões. 2. A série deve ser bastante bíblica. 3. A série deve ser bastante atual e contemporânea. 4. A série deve mostrar a ação de Deus e não apenas glorificar os homens. Deus como o centro

da série. BIBLIOGRAFIA: 1. Andrew Watterson Blackwood, Biographical Preaching for Today. 2. Andrew watterson Blackwood, La Preparacion de Sermões Bíblicos, páginas. 57 a 105. 3. Faris Whitesell, Preaching on Bible Characters.

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O SERMÃO TIPO MONÓLOGO Pr. Jerry Stanley Key

1. Descrição: O monólogo é uma forma simples de trama que apela a todas as idades. Uma

pessoa fala como se fosse um personagem bíblico que está sendo focalizado compartilhando os pensamentos e sentimentos. Assim vive o papel do personagem bíblico. (Então, depois de estudar todas as passagens relacionadas e pesquisando outras fontes, o monólogo é preparado, as idéias principais são preparadas e o pregador fala espontaneamente, como se estivesse dando o seu próprio testemunho).

2. Valor: 2.1. O método novo desperta um novo interesse na pregação por parte do povo. 2.2. O sermão tipo monólogo alcança todos os grupos, faixas etárias, níveis culturais e

sociais. 2.3. Muitas vezes é mais fácil levar convidados não crentes para este tipo de programação

nova, do que para cultos comuns. 2.4. Ajuda a pessoa que faz o sermão a ter um novo entusiasmo na transmissão do

evangelho. 2.5. O sermão tipo monólogo tem um forte apelo através do elemento do testemunho pessoal

e o desafio de uma experiência que podemos chamar de experiência comovedora. 3. Os passos na preparação do sermão monólogo:

3.1. Faça a escolha do personagem a ser focalizado na mensagem. 3.2. Estude todo o material histórico sobre o personagem. 3.3. Determine a idéia central a ser focalizada na mensagem. 3.4. Estude a vida do personagem, procurando imaginar como tudo teria acontecido. Ponha

a sua imaginação para funcionar. Procure ilustrações gráficas sobre a vida do personagem e também em Bíblias infantis que trazem ilustrações.

3.5. Faça a aplicação das experiências do personagem para a nossa época. 3.6. Prepare cuidadosamente o ambiente do culto. 3.7. Anuncie o que vai fazer antes de começar o sermão. 3.8. Pense sobre a decisão de usar ou não os trajes típicos.

4. Os perigos (possíveis) quanto a preparação do sermão tipo monólogo: 4.1. Evite a tentação de transformar a pregação em uma simples dramatização teatral. 4.2. Evite a idéia que é mais fácil preparar este tipo de sermão 4.3. Evite a tentação de basear o sermão em material extra-bíblico ou aquele encontrado na

tradição. 5. Onde encontrar material:

5.1. Leia todas as passagens na Bíblia, utilizando várias traduções, verificando as passagens paralelas, etc.

5.2. Dicionários bíblicos. 5.3. Comentários bíblicos sobre as passagens, especialmente aqueles que trazem uma

exegese mais completa. 5.4. Verifique os livros biográficos sobre personagens bíblicos. 5.5. Verifique os livros de histórias bíblicas para crianças. 5.6. Todo tipo de material ilustrativo sobre a passagem ou personagem.

6. Idéias para personagens que podem ser usados: 6.1. Personagem do sexo masculino; Noé – a porta que Deus fechou; Moisés – Ex 3 e 4; o

profeta Nata quando entrevistou Davi; Isaias; Daniel; Nicodemos; o filho pródigo; o bom samaritano; o jovem de qualidade; Zaqueu; o rapaz dos pães e peixes; Tomé; o paralítico que foi curado; Barrabas; o aleijado de Atos 3; o carcereiro de Filipos (a idéia de que o carcereiro aceitou a Cristo na primeira vez que o ouviu o evangelho, unindo-se a Igreja, etc.); Paulo; Caim; etc.

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6.2. Personagens do sexo feminino: Eva, Sara, Raquel, Rebeca, Rute – a nora fiel, Ester, Mirian, Débora, Ana (mãe de Samuel), a serva de Naamã, Maria Madalena, a mulher samaritana, Lídia, Maria e Marta, a esposa de Pilatos, a viúva pobre, Loíde e Eunice, Etc.

6.3. Não esqueça de incluir muita aplicação, não apenas conte a história do personagem bíblico.

7. Possíveis conclusões para um sermão tipo monólogo: 7.1. Pode-se concluir o sermão com as próprias palavras do personagem bíblico. 7.2. Pode-se usar uma das expressões: “...até aqui falou o personagem ‘X’”; ou “...temos

ouvido o testemunho de ‘Fulano’”. etc. 7.3. Pode-se dizer: “...chegamos a seguinte conclusão sobre o personagem ‘X’”.

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O SERMÃO TIPO DIÁLOGO Pr. Jerry Stanley Key

1. Definição: o uso de duas ou mais pessoas num culto público para comunicar a mensagem do

Evangelho. É um tipo de interação no culto para comunicar a verdade do evangelho. 2. Características do Sermão tipo diálogo:

2.1. Deve haver uma idéia central que o pregador quer comunicar. 2.2. As idéias apresentadas no sermão tipo diálogo devem ser baseadas na Bíblia (é um

sermão: com tema, tese, objetivos, etc.). 2.3. Deve haver bom uso da imaginação (Ex. aquilo que Jó e a esposa poderiam ter falado

um para o outro, quando ela disse que ele deveria amaldiçoar a Deus e morrer; o que está por trás de uma afirmação dramática assim?).

2.4. Deve haver um bom senso na história (não pode ser, sobre hipótese alguma, contrária àquilo que está na Bíblia, pois seria a anti-história).

2.5. Deve haver qualidade de “empatia”, que significa “sentir com as pessoas envolvidas no diálogo” (devemos nos colocar no lugar dos personagens, sentindo com eles).

2.6. Devemos explicar ao povo aquilo que vamos fazer. A idéia central do diálogo deve ser simples e não confusa ou complicada. É uma ajuda extra, quando se usa várias vezes, os nomes dos personagens envolvidos no diálogo.

2.7. O sermão deve ser muito bem preparado, não tentando inventar muita coisa na hora. 2.8. Procure não estar preso demais ao papel, às anotações. Tome cuidado para jamais se

perder nelas. 3. Desvantagem e objeções ao sermão tipo diálogo:

3.1. É um método novo, não segue o método tradicional, o que poderia ser interpretado como não sendo um verdadeiro sermão ou a pregação do evangelho.

3.2. O próprio pregador muitas vezes é limitado, não tendo grande capacidade para dramatizar, o que é essencial no sermão tipo diálogo (tentar aprender o método para usá-lo de vez em quando pode ajudar na variação do estilo de pregação).

3.3. É difícil de encontrar pessoas capazes de ser nossas parceiras no diálogo. 3.4. O sermão tipo diálogo não pode ser usado com constância. 3.5. É necessário muito tempo para prepará-lo.

4. Vantagem do sermão tipo diálogo: 4.1. Envolve os ouvintes na ação, captando a sua atenção. 4.2. A pregação se torna mais interessante (podemos usar uma verdade bíblica já muito

conhecida com o novo método do diálogo). 4.3. É possível através do diálogo, expressar a fé bíblica através de perguntas e respostas que

são importantes na vida cotidiana dos ouvintes. 4.4. O método do sermão tipo diálogo oferece mais opções para variar a maneira que usamos

para apresentar as verdades da Bíblia. 5. Tipos ou possibilidades de sermão tipo diálogo:

5.1. O pregador pode fazer os dois papeis do diálogo. 5.2. O pregador pode usar um bonequinho, como ventríloquo. 5.3. O diálogo pode ser entre o pregador e um leigo, especialmente quando o leigo

representa as pessoas que precisam ser informadas. 5.4. O diálogo pode ser entre o pregador e o “advogado do Diabo”. 5.5. O diálogo pode ser realizado entre dois personagens bíblicos (Ex.: Saul e Davi; Jônatas

e Davi; João e seu Pai Zebedeu; Maria e Marta; etc.). 5.6. O diálogo pode ser com a congregação. Este diálogo pode ser antes, durante ou depois

do sermão. 5.7. O diálogo pode ser entre o pregador e uma gravação em voz diferente (do próprio

pregador ou de outrem, utilizando serviço de som, com alguém controlando a gravação).

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5.8. O diálogo pode ser entre o pregador e uma pessoa do auditório, preferencialmente usando serviço de som (cuidado para não dar a idéia de que qualquer pessoa do auditório pode participar do sermão).

5.9. O diálogo pode ser feito com dois pregadores (Ex. Pastores). 5.10. O diálogo pode ser do tipo “entrevista”, com um personagem bíblico transportado para

nossa época (neste caso, o personagem bíblico responderia as perguntas do personagem da nossa época).

5.11. O diálogo pode ser do tipo entrevista com o Pregador respondendo as perguntas que lhe são feitas por um interlocutor.

5.12. Não esqueça de incluir muita aplicação, e não apenas fazer o diálogo. BIBLIOGRAFIA:

1. Brown, Donald R. I Was There. Grand Rapids: Zondervan, 1972. (Sermões tipo monólogo)

2. Conley, Thomas H. Two in the Pulpit. Waco: Word Books, Publishers, 1973. (Tipo diálogo)

3. Howe, Reuel L. Partners in Preaching. New York: The Seabury Press, 1967. (Tipo diálogo) 4. Thompson, Willian D., e Bennett, Gordon C. Dialogue Preaching. Judson Press, 1969. 5. Speakman, Frederick. The Salty Tang. Revell, 1954, especialmente páginas 126-160.

(Monólogo)

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O SERMÃO EXPOSITIVO Pr. Gerard Rowlands

1. Neste caso estamos lidando com a arte de se expor uma passagem das Escrituras. Expor

significa interpretar e explicar: apresentar um assunto detalhadamente. 2. Vantagens da pregação expositiva: este é um excelente método de se ensinar a Bíblia. Ele tem

muitas vantagens distintas e é um bom estilo de se cultivar. Aqui estão algumas das vantagens obvias deste método: 2.1. É um método bíblico: o próprio Jesus freqüentemente usava este método. Ele tomava um

trecho das Escrituras do Antigo Testamento e interpretava o seu significado para seus ouvintes.

2.2. Produz pregadores da Palavra e congregações voltadas à Bíblia: a explanação das Escrituras garante um grande teor bíblico nas suas pregações. À medida que você prossegue num capítulo, versículo por versículo, os seus ouvintes estão sendo alimentados com a Palavra de Deus.

2.3. Convida o reforço do Espírito Santo: o Espírito de Deus sempre concorda com a Palavra de Deus (1Jo 5.7). Portanto, quanto mais teor bíblico pregamos, mais unção do Espírito haverá sobre nossa proclamação. O Espírito Santo se deleita em confirmar a Palavra de Deus. Ele o faz muitas vezes com sinais e maravilhas.

2.4. Estimula um interesse mais profundo na Bíblia: quanto mais você compartilhar da Bíblia com as pessoas, tanto mais famintas dela tornar-se-ão. Logo começarão a estudá-la por si mesma em níveis mais profundos. Suas vidas serão transformadas. Serão fortalecidas e consolidadas pela Palavra.

3. Procedimentos sugeridos: 3.1. Escolha cuidadosamente uma passagem apropriada das Escrituras: certifique-se de que

esta passagem ministre vida e fortalecimento aos seus ouvintes. Não escolha um assunto meramente porque ele lhe interessa ou lhe intriga. Evite escolher um texto que gere discussões, divisões e brigas. Você está procurando ser um canal para Deus, a fim de que Ele possa falar a sua Palavra ao seu povo através de você. Você é, portanto, responsável em revelar a mente de Deus sobre o povo o qual Ele lhe deu responsabilidade.

3.2. Procure um tema que seja relevante à situação atual do povo: Deus sempre tem “verdades atuais” que Ele quer comunicar ao seu povo. Há uma progressão e desenvolvimento constantes dos propósitos de Deus no meio do seu povo. Ele tem um propósito específico para todas as congregações de crentes. Toda igreja local deveria estar seguindo adiante naquele propósito específico que Deus definiu para ela. A fim de realizarmos isto, é essencial que Sua específica Palavra da Verdade seja consistentemente ministrada à congregação.

3.3. Estude a passagem cuidadosamente sob todos os ângulos possíveis. Primeiramente, leia a passagem várias vezes, até que você comece a ficar familiarizado com ela. Sempre que houver uma ligação óbvia com alguma outra passagem das Escrituras, leia este outro trecho também. Estude todo material referente ao texto, disponível em livros, artigos, revistas e internet. Acima de tudo, porém, mantenha sua mente alerta e aberta ao Espírito Santo para que você possa colher quaisquer pensamentos que Ele vier a compartilhar com você.

3.4. Esforce-se para entender minuciosamente o seu tema. Tente sempre descobrir o tema subjacente da passagem. O que o Espírito Santo estava tentando transmitir ao inspirar esta passagem? O que Deus gostaria de dizer ao seu povo através disto?

3.5. Tenha em mente um objetivo definido. O seu objetivo deve estar em total harmonia com o objetivo de Deus. Tendo descoberto o que você sente que Ele está querendo comunicar através destas Escrituras, a sua tarefa é ser tão fiel a isto quanto possível. Assim sendo, é necessário que você se absorva completamente nesta mensagem. Não é suficiente compreendermos mentalmente o que Deus esta dizendo. É preciso que sintamos o que Ele

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está sentindo. Ele quer comunicar o Seu coração como também a Sua mente e vontade. Portanto, a Sua Palavra tem de fluir através do seu coração e mente.

3.6. Fale pela sua própria experiência. Para que você possa comunicar a verdade eficazmente, deveria ser algo que Deus trabalhou primeiramente em sua própria vida. Muitos pregadores apresentam teorias, pregando banalidades que muitas vezes não tem qualquer relevância prática. Você tem que conhecer as experiências como uma realidade em sua vida, antes que possa compartilhá-las eficazmente com os outros.

3.7. Torne-a significativa. “Exegese” significa “salientar o verdadeiro significado”. Você é responsável em garantir, da melhor forma possível, que o verdadeiro significado e importância da passagem bíblica se tornem claros aos ouvintes. Sempre tente simplificar o assunto. Isto é o que Jesus fazia. Ele tomava questões profundas e as tornava tão simples! Muitos pregadores atuais fazem exatamente o oposto. Tomam os assuntos mais simples e os fazem tão profundos e complicados que seus ouvintes entendem pouco do que escutam. Lembre-se disto: quanto mais simples, melhor.

3.8. Torne-a prática. Sempre tente mostrar claramente as aplicações práticas que a mensagem pode ter para o povo. Um grave perigo para os cristãos é em geral, “um conhecimento excessivo e bem pouca prática”. Não se contente em simplesmente falar ao povo. Faça com que as suas conclusões sejam bem claras. Procure dar sugestões práticas no que se refere às maneiras pelas quais o povo pode significativamente corresponder a Deus.

4. A coleta de material relevante: 4.1. O que já li ou ouvi sobre este assunto. Procure se lembrar de tudo o que você já ouviu, leu

e estudou sobre o assunto. 4.2. O que o Espírito Santo já me mostrou sobre este assunto. Se você fez anotações sobre seu

tempo de meditações e a sós com Deus, então agora você pode recorrer a este tesouro que o Espírito lhe deu. Aqui está o valor do caderno de anotações. Medite sobre o texto, a meditação o ajudará a lembrar de coisas que você aprendeu pelo Espírito.

4.3. O que já observei que se relaciona com este assunto. Freqüentemente observamos coisas que clarificam o assunto que estamos considerando – incidentes da nossa experiência que ilustram algum aspecto da verdade que estamos considerando no momento. Às vezes é algo que observamos na natureza e que confirma um princípio que estamos estudando na Palavra de Deus.

4.4. Que pensamentos já tive sobre este assunto. Vasculhe sua mente atrás de antigos pensamentos sobre este assunto

4.5. Quem ou que posso consultar sobre este assunto. Discutir tópicos bíblicos com um pregador amigo é uma fonte rica de pensamentos. Compartilhe seus pensamentos com outros colegas e pessoas, e tome também a visão de outras pessoas sobre a passagem e o tema em questão.

4.6. Deixe o Espírito Santo falar à vontade com você através de um tempo de meditação, talvez em jejum e oração.

5. Preparação do seu material: tendo encontrado uma passagem adequada e relevante: 5.1. Aborde-a honestamente. Coloque de lado todas as suas idéias preconcebidas. Permita que

sua mente esteja aberta, e que não seja tendenciosa, para que você possa receber e aprender algo novo. Alguém já disse que, se realmente quisermos crescer espiritualmente, precisamos ler todos os trechos da Bíblia que nunca sublinhamos. Freqüentemente estabelecemos conceitos com firmeza e temos a tendência de vermos somente as coisas que confirmam aquilo que já cremos. Precisamos abordar a Palavra de Deus com abertura e honestidade. Não anule ou invalide a Palavra de Deus, porque a sua tradição religiosa fechou a sua mente para qualquer outra coisa além do que você crê no presente. Certamente você não tem a plenitude de todo o conhecimento que Deus quer transmitir a você. Esteja pronto para aprender qualquer que seja a nova verdade que Deus possa, porventura, ter para compartilhar com você.

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5.2. Investigue-a minuciosamente. Analise a passagem. Interrogue-a. Desmonte-a e examine-a minuciosamente. Faça isto com sua mente aberta ao Espírito Santo. Tenha a expectativa de receber novos pensamentos e revelações de Deus e também de discernir verdades que você nunca percebeu antes. A Palavra de Deus é um poço profundo. Cave fundo, para ter verdades que outros ainda não perceberam. Um segredo de ensino eficaz é investigarmos as áreas da verdade que ainda não ocorreram anteriormente às pessoas.

5.3. Faça alguma reflexão original sobre ela. Não permita que sua mente fique nos caminhos rotineiros que você criou. Confie que o Espírito Santo iluminará sua mente. Ele compartilhará algo com você que nunca lhe ocorrera antes. Confira-o com o resto da Bíblia. Nenhuma “verdade” jamais contradiz o ensino global da Bíblia. Confira-o também com alguém que conhece mais da Bíblia que você. Não tenha medo de ter algum pensamento original. Permita que o vento do Espírito expulse as teias de aranha da sua mente.

5.4. Aborde-a criativamente. Deus é um criador. A sua Palavra é uma palavra criativa. Tudo o que Deus criou, Ele o fez pela sua palavra. A Palavra de Deus não deveria ficar presa. Ela ainda é uma palavra criativa e poderosa. Quando liberada em corações redimidos, ela cria e transforma. Esteja sempre consciente do potencial criativo da Palavra de Deus.

5.5. Trate-a construtivamente. Lembre-se que você é um colaborador de Deus. Você está envolvido na construção de algo. Sua tarefa, enquanto submisso a Deus, é edificar o corpo de Cristo. Portanto, as suas mensagens devem ser construtivas e não destrutivas, ou meramente condenativas. Às vezes, sua palavra poderá gerar arrependimento no povo, constrangimento por causa do pecado. Mas o povo não pode ficar sob condenação. Não coloque o povo constantemente sob condenação. O seu objetivo final é vê-los edificados e fortalecidos. Para realizar isto, você precisa ministrar construtivamente.

5.6. Aborde-a comparativamente. As Escrituras têm de ser comparadas com as próprias Escrituras. Elas têm de ser interpretadas sempre dentro do contexto total da Bíblia. Isto requer uma maturidade de entendimento de toda a Bíblia. Você precisa estudar a Bíblia consistentemente para “...apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2 Timóteo 2:15 RA)

5.7. Conclua-a de forma prática. Todas as pregações e ensinos bíblicos eficazes devem ter uma conclusão e aplicação práticas. O ministério não é meramente para informação da mente, e sim para formação de vida. Você deveria fazer sempre uma conclusão prática.

6. O pronunciamento de uma mensagem expositiva. 6.1. Abra a Bíblia na passagem desejada. Faça com que seus ouvintes também tenham a Bíblia

aberta na mesma passagem. 6.2. Leia a passagem em voz alta. A leitura da passagem é muito importante, jamais prescinda

dela. Ela é a parte mais importante do sermão. 6.3. Apresente o seu tema. Explique como você o abordará. Explique seu propósito e

intenção, assim seus ouvintes lhe acompanharão. 7. Sete princípios do sermão expositivo.

7.1. Clareza. Certifique-se de que seu comentário seja facilmente compreendido. Não tente aparentar-se profundo ou misterioso. O objetivo da pregação expositiva eficaz é tornar a passagem relevante tão fácil para ser compreendida quanto possível. Não tente ser “esperto” ou demonstrar seu conhecimento. Tente quebrar o Pão da Vida de uma forma tal que todos os seus ouvintes sejam capazes de seguirem facilmente a ênfase que você está dando.

7.2. Consistência. Mantenha os comentários em consistência com o tema que você está expondo. Evite a tentação de divagar em vários caminhos tortuosos que possam ocorrer à sua mente. Mantendo-se fiel ao seu assunto, você estará reforçando-o nas mentes dos seus ouvintes.

7.3. Coerência. “Ser coerente, ou coeso” significa “permanecer junto”. Portanto, certifique de que seus pensamentos têm uma unidade clara. Alguém que esteja falando incoerentemente

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não será compreendido. Um dos objetivos em se pregar a Palavra é que ela seja claramente entendida. Permita que a exposição dos seus pensamentos tenha uma unidade óbvia. Não vagueie de pensamento a pensamento. Seja claro e conciso. Certifique-se de que seus pensamentos sejam coesos e se unam bem, com cada um deles apoiando e complementando ao outro.

7.4. Continuidade. Deve haver também uma clara progressão de pensamentos. As suas declarações devem estar continuamente levando seus ouvintes em direção ao objetivo proposto. Cada ponto deve seguir claramente o ponto anterior. Os seus comentários devem fluir livremente, de um comentário para o seguinte, com unidade, desenvolvimento e progressão claros. Continue a mover-se para diante, suavemente, em direção ao seu objetivo final.

7.5. Concisão. Procure ser breve. É muito melhor fazer com que seus ouvintes desejem que você continue, do que fazer com que desejassem que você já tivesse terminado há vinte minutos. Evite a tentação de falar só por falar. Não adquira o hábito de ficar esticando o assunto. Isto só confunde seus ouvintes.

7.6. Abrangência. Este ponto pode parecer que está contradizendo o anterior, no qual se aconselha a brevidade. “Ser abrangente” significa “cobrir o assunto de forma tão completa quanto possível”, portanto, não são opostos. Certamente é possível e desejável cobrir um assunto de forma abrangente e, contudo, tão breve quanto possível. Para sermos abrangentes não é necessário falarmos tanto tempo que nossos ouvintes se tornem cansados. Tente harmonizar os dois.

7.7. Conclusivo. Aqui está o ponto mais importante. Qual é a conclusão de tudo o que você disse? Qual é o resultado final? O que conseguirão as suas palavras? A conclusão desejada deve dominar a sua mente desde o começo. Você deve mover-se inexoravelmente em direção a ela. Ministre em fé, tendo a expectativa de que Deus realizará o Seu desejado objetivo. Lembre-se de que não é sua responsabilidade “final” fazer com que a Palavra “não volte vazia, mas produza o que foi determinada para ela produzir”. Você está cooperando com Deus, mas não fazendo o Seu trabalho. Continue olhando para Deus e esperando que Ele faça multiplicar os resultados que Ele mesmo determinou ao inspirar aquele texto específico.

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O SERMÃO E O PREGADOR Pr. Gerard Rowlands

INTRODUÇÃO: A pregação da Palavra de Deus é um dos maiores privilégios confiados ao homem. É uma das suas maiores responsabilidades. Através da “tolice” da pregação. Deus escolheu revelar-Se aos homens. Este conhecimento de Deus que é transmitido através da pregação pode conduzir os homens à salvação eterna através da fé em Jesus Cristo e também transformá-lo à imagem e semelhança de Deus. A arte da pregação é frequentemente chamada de Homilética, que é uma palavra derivada da palavra grega homilia, que significa “o falar de Deus aos homens” (At 20.11). A homilética inclui o estudo de tudo que se relaciona com a arte da pregação. Há dois aspectos distintos na pregação: primeiramente o divino e, em segundo lugar, o humano. A homilética é o estudo do aspecto humano!

1. O SERMÃO – COMO SER EFICAZ A pregação é a arte de se comunicar verdades divinas através da personalidade humana. Um pregador é essencialmente um comunicador. Ele recebe as verdades de Deus e as comunica eficazmente aos homens. Deus dá a revelação r o homem fornece a apresentação. Para fazer isto eficazmente, ele precisa aprender a fazer bem várias coisas. 1.1. Esperar em Deus – Em primeiro lugar, ele precisa aprender como esperar em Deus –

como ficar quieto na presença de Deus e discernir a voz do Senhor falando dentro do seu próprio espírito. Todo sermão que valha a pena começa no coração e na mente de Deus, o qual é a origem de toda verdade. Ele é a fonte de todo conhecimento. A primeira tarefa do pregador eficaz é aprender a receber os pensamentos de Deus. Muito raramente ele ouvirá uma voz audível de Deus.

As verdades divinas destilar-se-ão silenciosamente em seu espírito como o orvalho da manhã. O pregador em potencial precisa esperar pacientemente na presença de Deus, para receber os preciosos pensamentos e verdades que Deus está sempre disposto a compartilhar com os que O buscam diligentemente.

É bom nos habituarmos a passar algum tempo na presença de Deus. Separe uma parte de todos os dias para entrar na presença de Deus e espere pacientemente por Ele. Você logo aprenderá como perceber a voz de Deus falando suavemente em seu espírito.

Não deveríamos entrar na presença de Deus com a simples idéia de “obtermos um sermão”. Precisamos entrar na presença de Deus para, em primeiro lugar nos expormos regularmente ao escrutínio e conselho de Deus. Apressarmo-nos à sua presença com aquela urgência que “necessita de um sermão para amanhã” não é uma atitude do coração que pode receber as maravilhosas verdades de Deus. Deveríamos permitir uma oportunidade para que a verdade produza seu resultado em nós, antes de tentarmos compartilhá-la com os outros.

1.2. Estudar a bíblia – Idealmente, o pregador deveria chegar-se diante de Deus com sua bíblia nas mãos. Arranje tempo para sentar-se desta maneira quieta e pacientemente diante de Deus. Peça iluminação e inspiração na Sua Palavra. Busque em oração o conselho, a sabedoria e as instruções do Senhor na Sua Palavra enquanto você tiver a Bíblia aberta à sua frente na presença do Senhor. Às vezes, é bom seguirmos um padrão regular de leitura, começando de onde paramos no dia anterior. Isto nos ajuda a cobrirmos toda a Bíblia consistentemente,

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ao invés de darmos umas “bicadinhas” aqui e ali e negligenciarmos grandes porções das Escrituras. Outras vezes, podemos buscar uma direção do Espírito com relação ao que deveríamos ler. Desta maneira não entramos numa rotina.

1.3. Ter um caderno – um caderno, onde você possa registrar os pensamentos e idéias que vêm à sua mente nestas ocasiões de espera silenciosa, é essencial. É impressionante o quão rapidamente podemos nos esquecer das verdades mais maravilhosas, se os pensamentos não forem registrados enquanto estão ainda frescos em nossas mentes. Pratique o habito de escrever todos os pensamentos importantes que vêm à sua mente enquanto você lê as Escrituras em atitude de oração. Se um tema lhe parecer atraente, vá em frente até onde puder e anote tudo o que for possível sobre este assunto. Desta maneira você logo desenvolverá uma boa fonte de matéria para sermões. Releia esta matéria de vez em quando. Esses pensamentos começarão a se expandir em seu coração. Você descobrirá que alguns temas ocuparão a sua mente durante semanas, expandindo-se continuamente à medida que você meditar neles. Habitue-se a conversar com o Senhor sobre a Sua Palavra. Quando houver coisas que você não entenda, peça que o Espírito Santo as ilumine. Em seguida, aprenda a esperar quieta e pacientemente diante do Senhor, enquanto Ele envia suavemente as respostas para o interior do seu espírito. Registre-as enquanto estão chegando a você. Anote em seu caderno as linhas gerais e importantes das verdades transmitidas. Não as entregue simplesmente à sua memória. Até mesmo as melhores memórias têm suas fraquezas.

1.4. Seja purificado pela Palavra – Tente evitar a atitude que busca uma palavra de Deus para que você possa pregar sobre ela no domingo de manhã. Não fique sempre procurando projéteis espirituais para poder atirá-los nos outros. Reconheça as necessidades básicas do seu próprio coração através da Sua Palavra e do Seu Espírito. Permita que a Palavra lave e purifique primeiramente a você. É importante que você alimente a sua própria alma. Uma das armadilhas em que os pregadores podem cair é o ficarem tão preocupados em acharem alimento para suas congregações que o próprio bem-estar espiritual deles é negligenciado. Este é dos perigos para os que estão servindo no ministério. Este pensamento é expresso da seguinte maneira em Cantares de Salomão 1.6: “...me puseram por guarda de vinhas, mas a minha própria vinha não guardei.” Às vezes o pastor pode estar tão envolvido em atender ao bem-estar espiritual do seu rebanho que lamentavelmente negligencia o seu próprio bem-estar espiritual. Esta é uma das razões principais que levam ao fracasso os ministros do Evangelho. O ministro do Evangelho não pode se dar ao luxo de negligenciar a sua própria vida espiritual. Permita que a Palavra de Deus se torne arraigada no seu próprio coração e espírito. Permita que ela se fortaleça na sua própria vida e na sua experiência pessoal. Aí então, quando você pregar, você ministrará baseado na sua experiência pessoal e na realidade, ao invés de compartilhar coisas que você mesmo não compreende totalmente. Você nunca pode levar os outros além do ponto em que você próprio chegou. À medida que a Palavra de Deus vai se tornando “personificada” na sua vida, você então se tornará uma mensagem de Deus. Você não será alguém que meramente recita sermões, mas será alguém que ministra vida, bênçãos e força aos que o ouvem.

2. DUAS IDÉIAS ERRADAS SOBRE A HOMILÉTICA Há pelo menos dois erros comuns que as pessoas tendem a cometer com

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relação à homilética. 2.1. “Preparação desnecessária”

A primeira idéia errada é de que a preparação é desnecessária e indica uma falta de fé. As pessoas que adotam esta opinião têm a tendência de acharem que a verdadeira fé despreza qualquer tentativa de se preparar a mente, e simplesmente se colocam diante da congregação crendo que Deus suprirá então as palavras a serem faladas. Um versículo favorito destas pessoas é Sl 81.10: “... abre bem a tua boca, e ta encherei”. O contexto deste salmo revela que este versículo não tem nada a ver com a pregação! Esta tendência de ignorar o contexto de uma passagem bíblica é um tanto quanto típica deste tipo de pessoas. Revela uma atitude irresponsável e ingênua. Estas pessoas são geralmente conhecidas por falarem tamanhas bobagens que não desejáramos “colocar a culpa em Deus”! Há, sem dúvida nenhuma, um lugar apropriado para a inspiração. Mas há também um lugar válido para a preparação.

2.2. “A capacidade Humana é Suficiente”

O segundo erro vai quase para o outro extremo. Neste caso, uma confiança total é colocada na preparação e na capacidade humana. Há pouca ou nenhuma dependência no Espírito Santo, havendo, porém, uma autoconfiança que é o resultado do treinamento e do desenvolvimento das capacidades naturais. Um treinamento assim certamente pode produzir uma palestra bem interessante e convincente. Contudo, é somente a unção do Espírito sobre a mensagem que pode ministrar a vida de Deus para o povo. A verdade é que um ministério eficaz necessita tanto do aspecto humano quando do divino. Deus certamente pode abençoar e ungir pos pensamentos que foram diligentemente levantados em oração e cuidadosamente considerados. Que a sua preparação consista de reflexões profundas e de orações fervorosas. Proponha-se a ser o melhor possível, porém certifique-se que a sua confiança está em Deus e não em você mesmo. Sempre confie que Ele dará a unção e a benção necessárias à sua pregação.

3. QUATRO ÁREAS DA HOMILÉTICA

3.1. Conceito – É a arte de se saber como receber uma mensagem de Deus. Trata de como devemos receber a idéia e tema iniciais para um sermão. Frequentemente, a semente de um pensamento é colocada em nossas mente e pode lá permanecer durante muito tempo até alcançar um tamanho adequado para podermos compartilhar com outros.

3.2. Composição – Tendo recebido a inspiração de uma determinada verdade, você precisa começar agora analisá-la para descobrir tudo que esta verdade contém. Enquanto você medita em oração, escreva todos os pensamentos que vem a sua mente.

3.3. Construção – Tendo analisado por completo, toda a matéria para o seu assunto e feito uma lista de todos os aspectos das verdades que você pode encontrar em sua matéria, você deve agora começar a reunir estes pensamentos de forma ordenada. Isto é essencial para você fazer considerações adicionais ao assunto em atitude de oração. Agrupar a matéria numa determinada seqüência adequada o ajudará enormemente também na apresentação do assunto a outros. A construção tem o propósito de simplificar o máximo possível a compreensão dos seus ouvintes. Esta é a essência da construção de sermões.

3.4. Comunicação – Finalmente chegamos à comunicação da mensagem: 3.4.1. Comunicação clara e eficaz das verdades.

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3.4.2. Como apresentar o seu assunto de uma maneira que cative a atenção dos seus ouvintes.

3.4.3. Como desenvolver seus pensamentos, de uma maneira tão ordenada que seus ouvintes possam facilmente seguir a linha de verdades que você esta tentando transmitir.

3.4.4. Como motivar seus ouvintes a ações apropriadas, pois devemos ser “cumpridores da Palavra e não somente ouvintes” (Tg 1.22).

4. TRÊS TIPOS DE PREPARAÇÃO DE SERMÕES

4.1. Sermão Escrito 4.2. Anotações do Tipo “Esqueleto” 4.3. Sermão Improvisado

5. SETE TIPOS DE SERMÕES

5.1. Textual – trata de um texto das Escrituras. 5.2. Tópico ou temático – trata de um tema das Escrituras. 5.3. Simbólico – trata de protótipos da Bíblia, interpretações alegóricas e figuradas de

pessoas, objetos ou eventos. Ex.: o cordeiro pascal de Êxodo é um protótipo (figura) de Cristo.

5.4. Expositivo – trata de expor todos os aspectos de uma passagem das Escrituras. 5.5. Biográfico – trata da vida dos personagens bíblicos. 5.6. Analítico – trata da exposição detalhada de uma assunto bíblico, até quase esgotá-lo. 5.7. Analógico – trata da exposição das Escrituras através de comparações e analogias.

6. O PREGADOR

A pregação eficaz é principalmente o produto de dois fatores: um divino e outro humano. Ambos são necessários, pois “sem o homem, Deus não o fará, e, sem Deus, o homem não poderá fazê-lo”. É com o aspecto humano que estamos tratando nestes estudos. Ao falarmos do pregador queremos basicamente vê-lo no seu aspecto referente à personalidade. 6.1. Princípios de orientação da personalidade. Um discurso compõe-se de:

• 50% de matéria sobre o assunto; • 20% de psicologia de abordagem e conclusão; • 20% de pronunciamento eficaz; • 10% de personalidade. Com referência à personalidade, recomendamos:

6.1.1. Seja você mesmo, relaxe, e fique natural e sem afetação. Não esteja sob tensão ou nervosismo, isto afeta o seu jeito de ser. A melhor maneira de relaxarmos é entregarmos a nossa mensagem a Deus. Faça o melhor que você puder, e deixe os resultados nas mãos de Deus.

6.1.2. Tente não copiar os outros. Deus escolheu você porque ele quer usar você. Você tem algumas características especiais, peculiares a você somente, e Deus tem um propósito para elas. É um grande erro tentarmos copiar qualquer outro pregador. Não importa o quanto esta outra pessoa possa ser eficaz, copiá-la não melhorará seu ministério. Fazer isto seria como Davi tentando usar a armadura de Saul. Se você estiver copiando alguém seus ouvintes logo perceberão isto e notarão que a sua pregação não é totalmente genuína e sincera.

6.1.3. Seja verdadeiro consigo mesmo. A integridade e a honestidade são essenciais para o pregador. Deus quer usar um vaso que seja honesto, sem hipocrisia e engano.

6.1.4. Seja um vaso limpo. É importante que seus ouvintes atinjam um ponto mais elevado do que o seu. Se sua vida estiver poluída, você poluirá os seus

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ouvintes. Se houver amargura você transmitirá isto. Você sempre se reproduzirá segundo a sua espécie. Você tem uma séria responsabilidade, de ser o tipo de pessoa que Deus quer reproduzir, a fim de que o fruto do seu ministério seja também desta mesma variedade.

6.1.5. Seja sincero. Sinceridade significa sermos libertos de fingimento ou tapeação. Significa sermos a mesma pessoa na realidade assim como na aparência. Não tente parecer ser algo em público que você não seja na sua vida privada. Seja genuíno, honesto, sincero.

6.1.6. Tenha um propósito e um objetivo claros. A nossa personalidade é moldada e desenvolvida adequadamente quando temos um verdadeiro objetivo na vida. Se a sua vida for verdadeiramente dedicada a tornar-se um eficaz ministro da palavra de Deus, a sua personalidade se desenvolverá para este fim. Não permita que a pregação seja um “hobby” para você.

6.1.7. Seja totalmente dedicado. Entregue-se de todo coração à grande tarefa da pregação. Que este objetivo seja o primordial na sua mente. Estude tudo que você puder sobre o assunto. Permita que ele motive você. Faça dele a coisa mais importante da sua vida e determine-se a ser, de todas as maneiras possíveis digno do alto chamado que Deus colocou sobre você.

7. ENVOLVIMENTO PESSOAL NA PREGAÇÃO

7.1. Naturalidade. Descontraia-se e seja você mesmo. Deus escolheu você e quer usar você. Não seja demasiadamente negativo com você mesmo. Aceite-se. Deus o aceitou.

7.2. Originalidade. Faça com que sua mensagem e a maneira pela qual você a apresenta seja o seu próprio e singular produto.

7.3. Simplicidade. Não tente ser demasiadamente complicado ou profundo. Você não tem que impressionar as pessoas. O seu papel é ministrar a elas, e não impressioná-las.

7.4. Atratividade. Jesus é a personalidade mais cativante e atraente que o mundo já viu. Ele tinha um magnetismo pessoal. Era em parte este magnetismo pessoal que atraia enormes multidões por onde quer que ele fosse. O Espírito Santo pode desenvolver uma atração semelhante em você.

7.5. Espontaneidade. Não haja sem naturalidade. Seja livre e desimpedido, fazendo as coisas com naturalidade. Espontaneidade significa que as coisas acontecem facilmente sem serem forçadas ou coagidas.

7.6. Adaptabilidade. Um bom pregador precisa aprender a ser flexível e a se adaptar a muitas circunstâncias diferentes. Cada reunião em que você prega é diferente das outras em muitos aspectos. Você precisa ser capaz de discernir em cada situação o que o Espírito Santo está querendo realizar. Deus tem um objetivo especifico em cada reunião de crentes. O pregador é uma chave muito importante para realizar este propósito. O Espírito Santo pode criar muitos tipos diferentes de ambientes. A capacidade de se reconhecer isto e de se aproveitar estas situações singulares criadas pelo Espírito podem fazer com que você colha os resultados desejados por Deus. A chave para o sucesso no trabalho cristão é “discernirmos o caminho que Deus está se movendo, e movermo-nos com Ele”.

7.7. Dinâmica. A pregação não pode ser, sob aspecto algum, algo monótono ou estático. Deus está se movendo, e isto gera um dinamismo próprio. O poder do Espírito é “dynamis”, poder dinâmico.

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8. O EQUIPAMENTO VITAL 8.1. Visão. Todo pregador precisa de uma visão. Com isto quero dizer um conceito do

que o seu ministério pode alcançar em Deus. Podemos dizer que é um sonho do que podemos ser para Deus.

8.2. Vocabulário. O vocabulário do pregador compõe-se do numero de palavras que conhece e que lhe são familiares. Como pregador, você precisa interessar-se pelas palavras. Obviamente, as palavras são a ferramenta que o pregador usa para cumprir o seu chamado.

8.3. Voz. A voz é certamente a maior vantagem natural do pregador.

9. PRINCIPIOS DO DISCURSO PÚBLICO 9.1. Respiração. A respiração correta é extremamente importante para o orador. 9.2. Articulação. É a arte de se expressar as palavras claramente. Pessoas com boa

articulação falam bem claramente. São fáceis de se compreender. Pronunciam bem as palavras.

9.3. Inflexão. Tem a ver com o timbre da voz na oratória. A voz humana tem uma variedade muito grande de tons. Se você falar na mesma altura e no mesmo tom o tempo todo, a sua voz pode ficar muito maçante. É preciso que você desenvolva a habilidade de modular a sua voz, assim como o cantor faz.

9.4. Velocidade do pronunciamento. Algumas pessoas têm a tendência de falar com a mesma velocidade todo o tempo. Isto pode tornar-se cansativo. Você deveria buscar variar a velocidade com que fala.

9.5. Volume. A variação de volume na sua voz pode fornecer uma ênfase adicional num ponto que você esteja querendo demonstrar. A maior parte da sua mensagem deveria ser feita num volume de conversação normal. Tente começar a sua mensagem neste volume de voz, apenas aumentando o volume quando você tiver um ponto especial a ser fortemente enfatizado. Se você diminuir o volume de vez em quando, isto também servirá para dar uma ênfase especial.

9.6. Pausa. Não tenha medo de pausar de vez em quando, isto também pode dar uma ênfase adicional.

9.7. Repetição. Um determinado numero de repetições pode ser bom. Ajuda a enfatizar o seu ponto e a fixá-lo na mente dos ouvintes. Este é o tipo de ênfase que você dá de propósito. Você está ciente de que o está fazendo, e tem boas razões para tanto. Tente apresentar o mesmo ponto de várias maneiras.

10. PEQUENAS ”DICAS” PARA OS PREGADORES

10.1. Seja você mesmo! 10.2. Esqueça-se de você mesmo! – não se coloque no centro da pregação. 10.3. Não desenvolva uma “Voz Religiosa” quando você estiver pregando. 10.4. Não fale baixinho demais. 10.5. Não grite. 10.6. Lembre-se de variar a Velocidade e o Timbre do seu pronunciamento. 10.7. Faça com que os ouvintes o aceitem. 10.8. Vista-se adequadamente. 10.9. Aprenda a ficar em pé apropriadamente. 10.10. Aprenda a mover-se com naturalidade. 10.11. Estabeleça e mantenha um contato visual com os seus ouvintes. 10.12. Lembre-se de que as expressões faciais são importantes também!