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O Sistema de Gerenciamento de Inventário pelos Fornecedores (VMI) e o Processo de
Planejamento de Vendas e Operações (S&OP) em uma Empresa de Telecomunicação
Móvel do Pólo Industrial de Manaus
Fábio Guenka (UFAM)
Luiza Maria Bessa Rebelo, Dra. (UFAM)
Resumo: Com a competição cada vez mais acirrada no segmento de telecomunicações de
empresas que fabricam telefones celulares, as quais buscam incessantemente aumento na
participação por uma maior fatia de mercado, aumento nas margens de lucro e uma
fidelização crescente de clientes, tais empresas centram-se cada vez mais em fatores capazes
de determinar a competitividade no mercado. Nesse espectro, a integração dentro da cadeia de
suprimentos (SCM) através do processo de planejamento de vendas e operações (S&OP)
colabora no aumento destes fatores de competitividade e minimiza o risco da ocorrência de
variáveis, como: as incertezas da demanda, falta ou excesso de suprimento de matéria-prima,
restrição da capacidade de manufatura e menor ciclo de vida dos produtos afetarem o fluxo de
informação e materiais na cadeia de suprimentos. Assim, este artigo – usando a metodologia
descritiva e bibliográfica – tem o objetivo de mostrar a importância da interligação do VMI
(vendor managed inventory), através da análise do funcionamento em uma empresa localizada
no Pólo Industrial de Manaus no ramo de telecomunicações, com o processo de planejamento
de vendas e operações (S&OP). Pretende-se evidenciar que a utilização do sistema de
gerenciamento de inventário pelos fornecedores – VMI – tem-se tornado um meio importante
para unir e construir a colaboração entre esses elos da cadeia de suprimento.
Palavras-Chave: SCM; S&OP; VMI
Abstract: Due to the increase market telecommunication competition in the manufacturing
cell phone companies, seeking the incessant grow in the market share, by increasing profit
margins and a growing customer loyalty, the companies is focusing their efforts to reach those
competitive factors. In this spectrum, the integration within the supply chain (SCM) through
the process of Sales and Operations Planning (S&OP) supports in increasing their
competitiveness factors and minimizes the risk of some factor such as: the uncertainty of
demand, lack or excess raw material supply, manufacturing capacity constraint and lower
product life cycle products that affect the information and material flow in the supply chain.
Accordingly, this article - using descriptive and literature methodology - aims to show VMI
importance and interconnectedness inside Sales and Operations Planning (S&OP) process,
through the analysis how it is operated in a manufacturing cell phone company located in
Manaus free trade zone (PIM). It is intended to show that the inventory managed by suppliers
- VMI - has become an important process to build the collaboration between the links in the
supply chain.
Key words: SCM; S&OP; VMI
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1. Introdução
Independente do tamanho, do tipo de indústria e da localização geográfica, a maioria das
empresas nos últimos tempos tem enfrentado significativos desafios voltados para sua cadeia
de suprimentos, como a diminuição da margem de lucro, redução na retenção de clientes,
aumento da competição global e o aumento na velocidade da cadeia de suprimentos.
Em contrapartida, as incertezas e o risco do mercado, onde os resultados acontecem abaixo do
planejado ou abaixo do potencial, tornam estes fatores de mercado um obstáculo enorme na
cadeia de suprimentos. Segundo Barbeiro (2005), o desafio do serviço ao cliente é hoje
comum à maioria dos setores industriais. Os clientes estão se tornando cada vez mais
exigentes, sendo o fator serviço fundamental na escolha dos fornecedores. Utilizar-se de
estoques para garantir o nível de serviço torna-se cada vez mais caro, devido à diversificação
dos produtos, ao curto ciclo de vida e às incertezas sobre a demanda. Neste contexto
competitivo, a maioria das empresas está sendo forçada a repensar o próprio processo de
planejamento.
Conforme citado por Guarniere et al (2006), o SCM (supply chain management) que muitos
acreditam ser uma extensão da logística empresarial, mas que na verdade é mais abrangente,
pois além de necessitar da gerencia logística para administrar o fluxo de bens, serviços e
informações do ponto de origem (fornecedores) até o ponto destino (consumidor final),
envolve também os processos dos fornecedores da empresa visando maior integração das
atividades de ambos e o desenvolvimento de parcerias que permitem agregar maior valor ao
produto final.
Vollmann (1996) citado por Filho et al (2007), menciona que o objetivo central na gestão da
cadeia de suprimentos é maximizar a integração entre os agentes da cadeia, tornando
realidade as potenciais sinergias entre estes membros, com vistas a atender o consumidor final
mais eficientemente, tanto por meio de redução de custos, como por meio da adição de valor
aos produtos finais. A gestão da cadeia de suprimentos pode representar relações ganha-ganha
aos diversos agentes componentes de determinada cadeia.
Treacy e Wiersema (1997) apud Barbeiro (2005), em seu livro The Discipline of Market
Leaders, indica que as companhias que desejam manter suas posições de liderança de
mercado devem focar em uma das três disciplinas de valor: liderança em produto, intimidade
com os clientes ou excelência operacional. Além disso, uma vez que uma companhia tenha
focado numa disciplina de valor, ela deve no mínimo ser competente nas outras duas, caso
queira manter sua liderança de mercado. Ou seja, equilíbrio é fundamental para o sucesso
sustentado no mercado e o Planejamento de Vendas e Operações (S&OP) é um processo de
gerenciamento que permite o equilíbrio entre a excelência operacional e as estratégias de
crescimento da empresa.
Barbeiro (2005) usando o relatório de benchmark em planejamento de vendas e operações
elaborado pelo Aberdeen Group (Inventory Management Report, 2004) aponta que o S&OP
está sendo considerado uma das principais armas competitivas para garantir que a organização
atenda de maneira lucrativa os clientes corretos, através de canais apropriados, com os
produtos corretos. Para tanto um planejamento e execução das estratégias da empresa para
disponibilizar os seus produtos no mercado competitivo se torna uma das grandes vantagens
de um processo de S&OP robusto.
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VMI (Vendor Managed Inventory) ou Estoque Gerenciado pelo Fornecedor é uma técnica
utilizada em programas de reposição contínua como uma otimização da cadeia de
suprimentos, onde o fornecedor, e não o cliente administra quando e em que quantidade os
estoques do cliente serão ressupridos (HOLMSTROK, 1998).
Sendo um processo inserido dentro do planejamento de vendas e operações (S&OP) para
gerenciar o fluxo de informações com os fornecedores, o VMI, segundo Santos (2009), vem
sendo utilizado na busca da minimização dos estoques, sem a redução do nível de serviço. É
um processo em que empresas passam a gerenciar os estoques de seu cliente, possibilitando a
demanda puxada, para isso, é necessário que o fornecedor tenha conhecimento da demanda de
seu cliente.
Este artigo tem o objetivo de mostrar a importância e a interligação do VMI, através da
analise do funcionamento em uma empresa localizada no Pólo Industrial de Manaus no ramo
de telecomunicações, dentro do processo de planejamento de vendas e operações (S&OP).
2. Metodologia
Seguindo a taxonomia proposta por Vergara (2006), a metodologia aplicada é de caráter
descritivo em relação aos fins, uma vez que expõe as características do processo VMI entre a
empresa e seus fornecedores. E é também explicativo porque demonstra a interligação do
VMI dentro do processo de planejamento de vendas e operações (S&OP). Quanto aos meios,
a pesquisa é bibliográfica, pois busca dentro da literatura da área (em artigos, dissertações,
teses, periódicos, pesquisa na web) embasamento teórico necessário para análise do sistema
VMI com os fornecedores e sua interligação com o planejamento de vendas e operações
(S&OP).
3. A importância do processo de Planejamento de Vendas e Operações (S&OP)
Bosman (2006) apud Donato et al (2007) menciona que de acordo com a pesquisa da
seguradora FM Global com mais de 600 executivos da área financeira, os riscos associados à
cadeia de suprimentos são os que possuem o maior potencial de interromper o faturamento
das empresas. A pesquisa alerta que interrupções na cadeia de suprimentos podem levar a
perda de mercado, aumento de custos e ameaçar a produção e a distribuição, culminando com
a perda de credibilidade frente aos investidores e ao aumento do custo de capital da empresa.
Esse mesmo autor ressalta que, devido à relevância da gestão de riscos para a redução da
vulnerabilidade das empresas, os processos de negócio estratégicos deveriam possuir
mecanismos para garantir que os riscos de ruptura da cadeia de suprimentos sejam
minimizados. Em pesquisa no meio empresarial sobre riscos da cadeia de suprimentos,
O’Keefe (2004) apurou que segundo risco com maior impacto negativo sobre organização é a
falta de um processo planejamento de vendas e operações (S&OP).
Conforme Carvalho (2004), o planejamento de vendas e operações (S&OP) é definido pela
organização de Oliver Wight – mencionado por Gregory (1999) como o inventor do conceito
– como o provedor de um vínculo simples entre o plano estratégico da empresa e sua
operações do dia a dia, e forma a base para um conjunto comum de números através de todos
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os departamentos, ajudando gerir o negócio e permitindo à gerência monitorar o
balanceamento entre suprimento e demanda e, com isso, aumentar o controle.
Gregory (1999) cita três benefícios básicos na utilização do processo: a ligação coerente da
estratégia empresarial com as operações de cada departamento, a possibilidade de
orquestração de todos os departamentos na medida em que o plano é comunicado tanto
horizontal quanto verticalmente e o mais importante é o fornecimento de uma forma realista
para a consecução dos objetivos da empresa e para a viabilização de suas estratégias. De
acordo com um consultor da Oliver Wight, ela remove as pessoas do papel de bombeiros para
um mais voltado a administrar de forma antecipada.
O planejamento de vendas e operações (S&OP) é uma ferramenta que a alta gerência utiliza
para planejar e executar os planos e estratégias de negócio, para priorizar planos e escolhas,
para avaliar e priorizar riscos, para definir as tolerâncias ao risco e para gerenciar, monitorar e
para controlar o desempenho e a variabilidade dos planos de vendas e produção (O’KEEFE,
2004).
Baseado nas afirmações de Donato et al (2007), um dos grandes benefícios do S&OP é o
ganho de visibilidade e comunicação regular, o que permite à gerência fazer as escolhas
corretas para balancear os interesses entre seus clientes, ou seja, entre os compradores, os
acionistas e os empregados. Outros benefícios são: a integração entre departamentos, o
aumento da responsividade da empresa, o envolvimento da alta gerência e a melhoria da
precisão dos planos. No S&OP, a integração departamental possui papel central na geração de
visibilidade, uma vez que o planejamento em si não possui informações a respeito de
tendências financeiras, estratégicas e de mercado.
Fonte: COPPEAD (UFRJ)
Figura 1 – Integração entre nivesi de decisão e áreas da empresa
Acrescentando, Navarro (2006) menciona que o planejamento de vendas e operações (S&OP)
é, sobretudo, um processo estruturado, em forma de reuniões mensais, onde as informações
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coletadas pelos diferentes departamentos (finanças, vendas, produção e engenharia), são
discutidas, analisadas, e ao final, com o compromisso de todos os representantes destas áreas,
os planos funcionais de cada departamento são aprovados. Nesta mesma linha Donato et al
(2007) escreveu que a integração das funções operacionais, ou seja, da geração da previsão a
compras, passando pela manufatura, também possui papel fundamental na redução dos riscos.
Ao melhorar o fluxo de informações, automaticamente são reduzidos os riscos gerados pela
distorção das informações e pela falta de confiança entre os departamentos.
Na figura 2, pode-se acompanhar como as etapas acontecem dentro do processo de S&OP:
Fonte: COPPEAD (UFRJ)
Figura 2 – Etapas do processo de S&OP
Na visão de Wallace (1999) apud Navarro et al (2006), o planejamento de vendas e operações
(S&OP) é um instrumento para a implementação e o desdobramento do planejamento
estratégico (estratégia corporativa), podendo agregar valor ao negocio ao promover o debate,
antecipando as necessidades e restrições da empresa, criando a partir daí soluções
sincronizadas com os requisitos da demanda e da oferta. Este processo permite o alinhamento
entre o ―Plano Estratégico da Empresa‖ e o ―Plano Operacional‖, ligado ao dia-a-dia.
4. A importância do ECR – Efficient Consumer Response
Baseado no modelo apresentado por Bowersox (2001), de se focar na eficiência da cadeia de
suprimentos como um todo, ao invés da eficiência individual das partes e reduzir os custos
totais do sistema, dos estoques e bens físicos, surge um movimento denominado ECR –
Efficient Consumer Response. Esta estratégia, criada inicialmente no setor supermercadista
nos Estados Unidos ao final da década de 80, buscava oferecer uma resposta dos
supermercados que vinham perdendo espaço para a rede Wal Mart e a novos formatos de
lojas, tais como clubes de descontos e Superstores – lojas com o conceito de conveniência do
tipo ―tem de tudo‖.
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As técnicas utilizadas no contexto da resposta eficiente ao consumidor (ECR) — mostram
como métodos podem ser aplicados de uma maneira integrada e colaborativa com o auxílio de
novas tecnologias de informação desenvolvidas. O foco agora se move para uma otimização
completa da cadeia. A meta é reduzir os custos e reagir de forma mais dinâmica às demandas
e expectativas dos consumidores (BERTAGLIA, 2003).
Parafraseando Ballou (2001), o ECR é, portanto, uma iniciativa conjunta entre o varejo e a
produção com a finalidade de otimizar e sincronizar a cadeia de valor, desde o produtor até o
consumidor final, dando a este a oportunidade de comprar o produto certo no local que lhe é
mais conveniente, no momento em que precisa, na quantidade desejada e pagando o preço
certo.
Ainda segundo Ballou (2001), o ECR exige uma mudança significativa nos paradigmas de
relacionamento entre o fornecedor de produto e o cliente. Essa mudança caracteriza-se pela
forma como a cadeia de abastecimento deve trabalhar para responder as necessidades dos
consumidores, forçando a existência de melhorias na relação entre o comercio e a manufatura.
Essa melhoria pode ser obtida de varias formas, e o ECR define algumas delas como sendo:
Obter informações dos consumidores para efetuar o lançamento de produtos no mercado.
Compartilhar informações do ponto de venda e efetuar estimativas de demanda em
conjunto.
Fonte: ECR Brasil Visão Geral (2003)
Figura 3 - Estrutura do ECR
Para ECR Brasil (2003), Reposição Contínua é a prática de parceria entre membros do canal
de distribuição que altera o tradicional processo de reposição de mercadorias e de geração de
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pedidos elaborados pelo distribuidor, baseando-se em quantidades economicamente
convenientes, para a reposição de produtos, a partir de uma previsão de demanda efetiva,
buscando integrar por meio de práticas distintas o fluxo de informações.
Baseado nas premissas do ECR, o VMI é uma técnica utilizada em programas de reposição
contínua como uma otimização da cadeia de suprimentos, onde o fornecedor, e não o cliente
administra quando e em que quantidade os estoques do cliente serão ressupridos
(HOLMSTROK, 1998).
4.1 Conceito de VMI
O VMI (Vendor Management Inventory) ou o estoque gerenciado pelo fornecedor é
responsável por manter os níveis de inventário do cliente em valores pré-estabelecidos. O
fornecedor passa a ter acesso aos dados de inventário do cliente (normalmente via EDI ou
Internet) e é responsável por gerar ordens de compra para seu próprio material. É importante
entender que não se trata de material em consignação, já que no VMI a propriedade do
material em inventário é do cliente.
De acordo com Gasnier (2001), é uma iniciativa de estoque gerenciado pelo fornecedor, onde
ele assume a responsabilidade pelo planejamento e administração do inventário do cliente,
baseado num contrato de serviço de reposição acordado. Na essência, o fornecedor torna-se
uma extensão do departamento de administração de materiais do cliente.
Gasnier (2001) também afirma que o VMI não se trata simplesmente de visitar um cliente
algumas vezes por mês para repor seus materiais baseado num nível acordado. O fornecedor
monitora a informação de vendas e inventário do cliente obtida através dos terminais em
pontos de venda ou ponto de consumo, a qual é transmitida eletronicamente, através do
EDI/Internet, para fins de liberação de pedidos para reabastecimento. É fornecido um
certificado com cada embarque, confirmando que o produto atende ao critério de qualidade
descrito no contrato. Taylor (2006) define o VMI como um programa de reposição inovador.
Pires (2004), afirma que o VMI é uma das primeiras iniciativas na realização de negócios
baseados na confiança mútua entre fornecedores e clientes. Sem uma relação de parceria e
confiança e compartilhamento de informações, a sua implementação perde o verdadeiro
sentido.
Conforme Santos et al (2009), o VMI é um sistema de compartilhamento de informações de
demanda e estoque na cadeia de suprimentos, propiciando a redução dos estoques devido à
minimização do efeito chicote. Reforçado por Chopra (2003) apud Guarnieri et al (2006),
salienta que é essencial em uma cadeia de suprimentos a troca de informações entre
fabricantes e fornecedores, principalmente no que tange a informações sobre demanda, pois
assim é possível para o fabricante não manter ou reduzir níveis de estoque. Informando seus
fornecedores em tempo real sobre a demanda é possível o rápido atendimento de pedidos de
matéria prima, sem nenhum atraso na produção e sem estoques.
5. Análise do sistema VMI em uma empresa instalada no PIM
A empresa em estudo sobre o sistema VMI é uma multinacional que atua no ramo de
telecomunicação móvel no PIM que emprega em torno de 1200 pessoas. A logística para a
região amazônica tem características peculiares, por estar localizada numa região cercada de
florestas e rios. Com isso, o modal aéreo é utilizado em 90% dos embarques para atender a
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demanda de mercado que esta inserida esta empresa e para suprir as limitações logísticas da
região.
O sistema VMI da empresa é baseado no modelo B2B (figura 4), conforme explicado por
Santos et al (2009), B2B é uma forma popular de representar a expressão Business to
Business, que se refere à realização de negócios entre duas empresas através da internet.
Mason et al (2002) afirmam que o comércio eletrônico integrado ao Business to Business
mudou o modo de operação da cadeia de suprimento. A Internet habilitou a troca de
informações comerciais entre as empresas, vinculando almoxarifados e garantindo um melhor
nível de informação em toda a cadeia de suprimentos.
Todos as informações que alimentam o sistema VMI como os dados de estoque, demanda,
dados de recebimento, descrição dos itens migram diretamente do sistema ERP da empresa
que é o SAP R/3 a cada período de 12 horas. Com isso, os fornecedores podem consultar
diariamente o sistema para acompanhamento da manutenção dos níveis de estoque.
Fonte: Empresa de Telecomunicação do PIM – Março/2010
Figura 4 – Tela principal do sistema VMI
As principais etapas do processo VMI na empresa, estão enumeradas abaixo:
a) Os fornecedores são responsáveis pelo envio da matéria-prima à medida que a empresa
necessita para atender sua demanda de produção. O sistema disponibiliza uma visão do
horizonte de demanda no período mínimo de 12 semanas (figura 5).
b) O sistema também informa o mínimo e máximo de estoque que os fornecedores devem
manter de matéria-prima na empresa. É disponibilizado o relatório de recebimento para
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acompanhar se o material já foi recebido e, com isso, saber o quanto de material ainda esta no
trânsito entre o fornecedor e a empresa.
c) O fornecedor faz o acompanhamento dos níveis de estoque da empresa e no agente de
cargas para assegurar que está sendo cumprido o acordo de estoque mínimo e máximo e com
essas informações, é possível replanejar os embarques de acordo com as necessidades.
d) Todo embarque de matéria-prima deve ser digitado dentro do sistema para que se tenha a
visualização e rastreabilidade do material durante o trânsito.
e) Os fornecedores devem confirmar o atendimento ou não da demanda por semana para que a
empresa consiga visualizar se existe alguma restrição de suprimento de matéria-prima.
Fonte: Empresa de Telecomunicação do PIM – Março/2010
Figura 5 – Tela de visualização de demanda do sistema VMI
6.Considerações Finais
Através da observação do funcionamento do processo de VMI na empresa estudada, concluiu-
se que a mesma está conseguindo agilizar o recebimento das informações de alteração de
demanda pelo fornecedor, evitando que a morosidade da informação não gere a falta de
matéria-prima ou o excesso de algum componente que não seja mais necessário na produção
da empresa. Ganhou-se ainda, com a transparência das informações entre os fornecedores e a
empresa, o que vem reduzindo significantemente a falta de matéria-prima e dos níveis de
estoque, pois, as reposições são mais constantes e baseadas no movimento real.
A confirmação do atendimento da demanda torna-se mais claro através da visualização de
qualquer restrição de matéria-prima que possa haver no horizonte mínimo de doze semanas.
O fornecedor fica mais focado do que nunca em dispor de melhor nível de serviço, em função
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da responsabilidade adquirida. A informação da demanda facilita o processo de planejamento
da produção da matéria-prima, pois, existe a informação correta dos estoques da empresa e da
confirmação das demandas. Torna-se também, visível as prioridades de atendimento,
reduzindo, assim, possíveis faltas e perdas de produção.
Pelo que foi exposto, o sistema VMI aumenta o nível de colaboração entre os fornecedores e a
empresa gerando assim uma confiabilidade maior para o atendimento das demandas, desta
forma, este processo atua diretamente no sistema do S&OP no processo denominado
planejamento da produção (figura 2) considerando o que foi planejado será executado através
do ressuprimento de matéria-prima por parte dos fornecedores. Destaca-se assim o principal
ponto de interligação entre o sistema VMI e o planejamento de vendas e operações (S&OP).
7. Agradecimentos
A Nokia do Brasil e ao Instituto Nokia de Tecnologia pela oportunidade de participar do
mestrado profissionalizante em Engenharia de Produção da Universidade Federal do
Amazonas.
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