O Sol 04

1
Editorial O Sol deste mês está com sotaque paulista. Graças à parceria com o Instituto Terra e Mar, nossa equipe concluiu o primeiro monitoramento do coral-sol no litoral norte de São Paulo. E é bom ficar de olho mesmo, pois pesquisadores já registraram mais uma espécie de coral-sol invasor no Golfo do México. Não deixe de conferir também o perfil do nosso biólogo. Boa leitura! Sob controle, por enquanto… Em julho de 2010 a Equipe do Projeto Coral-Sol (PCS), em parceria com a UERJ e o Instituto Terra e Mar, deu início ao monitoramento de Tubastraea spp. no litoral norte paulista. Foram avaliados 63 pontos da costa da Ilha Bela, São Sebastião e Ubatuba. “Só encontramos o coral-sol em quatro pontos. Isso é ótimo! Quer dizer que, por enquanto, ele ainda não se espalhou.” relata Marcelo Checoli Mantelatto, aluno de pós-graduação da UERJ e bolsista do PCS. Diante desse quadro, o Instituto Biodiversidade Marinha (IBM) intensificou seus esforços para obter uma licença de controle do coral-sol abrangendo toda a costa brasileira. Erradicar essas populações mais concentradas é um dos nossos objetivos, porém precisamos aguardar a liberação dos órgãos ambientais.” enfatiza Amanda de Andrade, gerente executiva do projeto. A janela de oportunidade para erradicação, contudo, é muito estreita. Durante esse monitoramento, observamos poucas espécies capazes Ano: 2 Fascículo: 4 Setembro de 2010 Corais-sol removidos até o momento na baía da Ilha Grande = 8.539 colônias = 409,5 Kg Ainda falta muito! de fazer frente a Tubastraea. Se juntarmos isso à grande quantidade de substrato disponível na região, pintamos um quadro perfeito para uma invasão!” alerta Felipe Ribeiro, biólogo do IBM. Mais uma para a lista A lista de espécies invasoras de coral- sol acaba de ficar mais longa. Pesquisadores americanos registraram na costa da Lousiana, no Golfo do México, colônias adultas de Tubastraea micranthus, originária do Indo-Pacífico. Supõe-se que a espécie tenha sido levada para o golfo por água de lastro ou incrustrada no casco de alguma embarcação de grande porte. Tudo indica, no entanto, que a invasão seja recente, já que a espécie foi registrada em apenas um ponto: sobre uma plataforma de petróleo tombada próxima ao delta do rio Mississippi. Os autores do artigo da revista científica Aquatic Invasions de junho de 2010, que denunciaram essa nova ocorrência, também ressaltaram a importância de uma resposta rápida para erradicação dessa espécie. Se esse coral for tão agressivo quanto T. coccinea, que já se tornou o coral mais abundante do norte do Golfo do México, a demora para tomar-se algum tipo de ação pode ser letal para a fauna e flora nativas. Estudos como este ilustram bem a necessidade de um monitoramento de larga escala geográfica, principalmente ao longo de rotas de navios- cargueiros e plataformas de petróleo. Uma legislação direcionada para espécies invasoras e uma constante vigilância dos potenciais vetores são ferramentas eficazes para evitarmos novas introduções. No Brasil, até o momento, foram registradas duas espécies de coral-sol: T. coccinea (a mesma que já domina o Golfo do México) e T. tagusensis. Ambas ocorrem na Baía da Ilha Grande e já dão muito trabalho… Perfil Biólogo Biólogo e mestre em Biologia Marinha pela UFF, Felipe Ribeiro estava entregando a versão final da dissertação quando recebeu o telefonema do PCS. Venho trabalhando com bentos desde a graduação. Os corais sempre me fascinaram. É um prazer atuar como biólogo marinho!” Mergulhador e fotógrafo nas horas vagas, esse niteroiense se realiza mesmo é no campo. São muitas as possibilidade de pesquisa. O Projeto Coral-Sol é uma oportunidade única para a ecologia experimental.[email protected] www.biodiversidademarinha.org.br Informativo do Projeto Coral-Sol Patrocínio: Sorria você está sendo filmado! Com o seu equipamento de gravação de vídeo e som de alta definição, o documentarista Luiz Duarte, da produtora Comnic, destoa um pouco da paisagem da Ilha Grande. Ele passará os próximos três meses captando imagens e depoimentos para os dois documentários do PCS. Um deles retratará a biodiversidade da Baía da Ilha Grande, enquanto o outro será um registro das atividades realizadas pela nossa equipe e parceiros. podem preparar a pipoca!

description

Quarta edição do boletim mensal do Projeto Coral-Sol

Transcript of O Sol 04

Editorial

O Sol deste mês está com sotaque paulista. Graças à parceria com o Instituto Terra e Mar, nossa equipe concluiu o primeiro monitoramento do coral-sol no litoral norte de São Paulo. E é bom ficar de olho mesmo, pois pesquisadores já registraram mais uma espécie de coral-sol invasor no Golfo do México. Não deixe de conferir também o perfil do nosso biólogo. Boa leitura!

Sob controle, por enquanto…

Em julho de 2010 a Equipe do Projeto Coral-Sol (PCS), em parceria com a UERJ e o Instituto Terra e Mar, deu início ao monitoramento de Tubastraea spp. no litoral norte paulista. Foram avaliados 63 pontos da costa da Ilha Bela, São Sebastião e Ubatuba. “Só encontramos o coral-sol em quatro pontos. Isso é ótimo! Quer dizer que, por enquanto, ele ainda não se espalhou.” relata Marcelo Checoli Mantelatto, aluno de pós-graduação da UERJ e bolsista do PCS.

Diante desse quadro, o Instituto Biodiversidade Marinha (IBM) intensificou seus esforços para obter uma licença de controle do coral-sol abrangendo toda a costa brasileira. “Erradicar essas populações mais concentradas é um dos nossos objetivos, porém precisamos aguardar a liberação dos órgãos ambientais.” enfatiza Amanda de Andrade, gerente executiva do projeto.

A janela de oportunidade para erradicação, contudo, é muito estreita. “Durante esse monitoramento, observamos poucas espécies capazes

Ano: 2

Fascículo: 4

Setembro de 2010

Corais-sol removidos até o

momento na baía da Ilha Grande

= 8.539 colônias

= 409,5 Kg

Ainda falta muito!

de fazer frente a Tubastraea. Se juntarmos isso à grande quantidade de substrato disponível na região, pintamos um quadro perfeito para uma invasão!” alerta Felipe Ribeiro, biólogo do IBM.

Mais uma para a lista

A lista de espécies invasoras de coral-sol acaba de ficar mais longa. Pesquisadores americanos registraram na costa da Lousiana, no Golfo do México, colônias adultas de Tubastraea micranthus, originária do Indo-Pacífico. Supõe-se que a espécie tenha sido levada para o golfo por água de lastro ou incrustrada no casco de alguma embarcação de grande porte. Tudo indica, no entanto, que a invasão seja recente, já que a espécie foi registrada em apenas um ponto: sobre uma plataforma de petróleo tombada próxima ao delta do rio Mississippi.

Os autores do artigo da revista científica Aquatic Invasions de junho de 2010, que denunciaram essa nova ocorrência, também ressaltaram a importância de uma resposta rápida para erradicação dessa espécie. Se esse coral for tão agressivo quanto T. coccinea, que já se tornou o coral mais abundante do norte do Golfo do México, a demora para tomar-se algum tipo de ação pode ser letal para a fauna e flora nativas.

Estudos como este ilustram bem a necessidade de um monitoramento de larga escala geográfica, principalmente ao longo de rotas de navios-cargueiros e plataformas de petróleo. Uma legislação direcionada para espécies invasoras e uma constante vigilância dos potenciais vetores são ferramentas eficazes para evitarmos novas introduções.

No Brasil, até o momento, foram registradas duas espécies de coral-sol: T. coccinea (a mesma que já domina o Golfo do México) e T. tagusensis. Ambas ocorrem na Baía da Ilha Grande e já dão muito trabalho…

Perfil – Biólogo

Biólogo e mestre em Biologia Marinha pela UFF, Felipe Ribeiro estava entregando a versão final da dissertação quando recebeu o telefonema do PCS. “Venho trabalhando com bentos desde a graduação. Os corais sempre me fascinaram. É um prazer atuar como biólogo marinho!” Mergulhador e fotógrafo nas horas vagas, esse niteroiense se realiza mesmo é no campo. “São muitas as possibilidade de pesquisa. O Projeto Coral-Sol é uma oportunidade única para a ecologia experimental.”

[email protected] www.biodiversidademarinha.org.br

Informativo do Projeto Coral-Sol

Patrocínio:

Sorria você está sendo filmado!

Com o seu equipamento de gravação de vídeo e som de alta definição, o documentarista Luiz Duarte, da produtora Comnic, destoa um pouco da paisagem da Ilha Grande. Ele passará os próximos três meses captando imagens e depoimentos para os dois documentários do PCS. Um deles retratará a biodiversidade da Baía da Ilha Grande, enquanto o outro será um registro das atividades realizadas pela nossa equipe e parceiros. Já podem preparar a pipoca!