O Tarot

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Mariana Fonseca 11F O Tarô O tarô não tem nenhuma definição etimológica concreta, inicialmente denominava-se como “jogo dos trunfos”, pois a sua origem resultou na adição de 21 trunfos numerados com um trunfo sem número (o curinga, chamado também de “desculpa”, pois o jogador pode usá-la como desculpa para não seguir o naipe em jogo) à variante de 56 cartas que compõem um baralho de cartas habitual. As cartas de tarô surgiram entre os séculos XV e XVI no Norte da Itália e começaram por constituir um jogo para os nobres das casas tradicionais da Europa Central. Os primeiros baralhos foram criados entre 1410 e 1430 na cidade de Milão. Actualmente, as cartas mais antigas e ainda existentes são 15 baralhos, agora incompletos, pintados em meados do século XV para a família governante de Milão, os Visconti – Sforza. Durante muito tempo, as cartas de tarô permaneceram na posse das classes elevadas, pois como os tarôs antigos eram pintados à mão, o número de baralhos produzidos era muito reduzido e só depois da invenção da imprensa é que se tornou possível a produção em massa de cartas. Por outro lado, as cartas não se podiam tornar objectos vulgares de lazer, pois os sermões da época advertiam para o mal existente nas cartas, apesar da maioria dos governos civis não condenar as cartas de tarô. O tarô usava o mesmo sistema de naipes que era usado na produção de cartas de baralhos comuns, os chamados naipes espanhóis. Em 1470, os fabricantes de cartas franceses desenvolveram o chamado sistema francês, os símbolos que hoje nos são conhecidos, e foi na Alemanha a primeira produção de cartas de tarô com essas figuras. As especiais características das cartas de trunfo encontram-se nos diferentes conteúdos das mensagens que lhes foram atribuídas, ou seja, os exemplares mais antigos mostram ideais filosóficos, sociais, poéticos, astronómicos e heráldicos, bem como um grupo de antigos heróis romanos, gregos e babilónios. Um exemplo destas mensagens consta no tarô mais antigo,

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Mariana Fonseca 11F

O Tarô

O tarô não tem nenhuma definição etimológica concreta, inicialmente denominava-se como “jogo dos trunfos”, pois a sua origem resultou na adição de 21 trunfos numerados com um trunfo sem número (o curinga, chamado também de “desculpa”, pois o jogador pode usá-la como desculpa para não seguir o naipe em jogo) à variante de 56 cartas que compõem um baralho de cartas habitual. As cartas de tarô surgiram entre os séculos XV e XVI no Norte da Itália e começaram por constituir um jogo para os nobres das casas tradicionais da Europa Central. Os primeiros baralhos foram criados entre 1410 e 1430 na cidade de Milão. Actualmente, as cartas mais antigas e ainda existentes são 15 baralhos, agora incompletos, pintados em meados do século XV para a família governante de Milão, os Visconti – Sforza. Durante muito tempo, as cartas de tarô permaneceram na posse das classes elevadas, pois como os tarôs antigos eram pintados à mão, o número de baralhos produzidos era muito reduzido e só depois da invenção da imprensa é que se tornou possível a produção em massa de cartas. Por outro lado, as cartas não se podiam tornar objectos vulgares de lazer, pois os sermões da época advertiam para o mal existente nas cartas, apesar da maioria dos governos civis não condenar as cartas de tarô. O tarô usava o mesmo sistema de naipes que era usado na produção de cartas de baralhos comuns, os chamados naipes espanhóis. Em 1470, os fabricantes de cartas franceses desenvolveram o chamado sistema francês, os símbolos que hoje nos são conhecidos, e foi na Alemanha a primeira produção de cartas de tarô com essas figuras. As especiais características das cartas de trunfo encontram-se nos diferentes conteúdos das mensagens que lhes foram atribuídas, ou seja, os exemplares mais antigos mostram ideais filosóficos, sociais, poéticos, astronómicos e heráldicos, bem como um grupo de antigos heróis romanos, gregos e babilónios. Um exemplo destas mensagens consta no tarô mais antigo,

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confeccionado para mostrar o sistema de divindades gregas tinha também a característica da sua produção acompanhar a celebração triunfal do comissário Visconti, o que significava que o propósito do baralho era expressar e consolidar o poder político em Milão. Existiam ainda outros indicadores deste facto: os quatro naipes traziam quatro pássaros, motivos que frequentemente apareciam na heráldica Visconti; e a ordem específica dos deuses identificava os Visconti como descendentes dos mesmos. Os tarôs actuais caracterizam-se por uma maior liberdade na representação dos trunfos: as figuras tradicionais foram substituídas por ilustrações coloridas. Outra modalidade do tarô é o uso do mesmo como parte integrante do ocultismo moderno. A associação das cartas de tarô ao misticismo e à magia teve início com um ocultista francês chamado Alliette que actuou como vidente e cartomante logo após a Revolução Francesa. Foi ele quem desenhou o primeiro baralho esotérico, adicionando não só atributos astrológicos e motivos egípcios a várias cartas, como incluindo também textos escritos com os significados divinatórios nas próprias cartas. O uso divinatório do tarô inspirou a criação de inúmeros baralhos oculares que contêm figuras como anjos, deuses ou mesmo fadas. Estes são baralhos para inspiração ou divinação que seguem as suas próprias regras: alterando alguns naipes, ou o número e a natureza dos arcanos maiores. O tarô esotérico é constituído por 78 arcanos divididos em dois diferentes grupos: os arcanos maiores, como o Mago; a Sacerdotisa; a Imperatriz; a Roda da Fortuna; o Diabo; entre outros; e os arcanos menores – os ouros; as espadas; os paus; as copas; a rainha; o rei; o valete e o cavaleiro. Estes últimos, que nos conhecidos em baralhos de cartas comuns, adoptam especiais simbolismos: -os ouros assumem uma representação do elemento Terra e simbolizam a vida material e as conquistas financeiras e profissionais; -as espadas assumem uma representação do elemento Ar e simbolizam o poder do pensamento e da mente; -as copas assumem uma representação do elemento Água e simbolizam o coração e os sentimentos; -os paus assumem uma representação do elemento Fogo e simbolizam a criatividade.

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A leitura destes simbolismos, como um auto conhecimento ou como um desenvolvimento espiritual, envolve um intensivo estudo, pois o tarô adopta assim uma função de ligação espiritual entre o ser e o plano superior que não será fácil de atingir sem os conhecimentos necessários.

Tarô de Visconti Sforza.

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Arcano maior “O Mago”

Cartas de jogar tarô.

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Carta “O Carro” – Tarô esotérico.

Espadas Ouros Paus Copas

Naipes do baralho espanhol

Naipes do baralho francês