O tipo e o horizonte temporal dos financiamentos INTEGRAL

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O Tipo e o Horizonte Temporal dos Financiamentos Uma das principais preocupações que deve ser tida ao negociar um financiamento com a Banca, passa pelo mesmo ter o tipo e o prazo adequado à necessidade em causa CJA Business Consulting www.cja-bc.com carlos.jeronimo.augusto@ cja-bc.com TLM 911161776

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O Tipo e o Horizonte Temporal dos Financiamentos

Uma das principais preocupações que deve ser

tida ao negociar um financiamento com a

Banca, passa pelo mesmo ter o tipo e o prazo

adequado à necessidade em causa

CJA Business Consulting

www.cja-bc.com

carlos.jeronimo.augusto@

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O Tipo e o Horizonte Temporal dos Financiamentos

Introdução

Uma das principais preocupações que deve ser tida ao negociar um

financiamento com a Banca, passa pelo mesmo ter o tipo e o prazo

adequado à necessidade em causa.

Com excepção de alguns períodos em que o acesso ao crédito foi

extremamente limitado, o custo do crédito é maioritariamente apontado

como o principal problema na relação das Empresas com a Banca.

Sem prejuízo de concordarmos que a dificuldade de acesso ao crédito e o

custo do crédito são problemas para as empresas, temos que ao longo dos

últimos trinta anos os períodos de extrema dificuldade no acesso ao

crédito foram poucos e curtos e que entre a adesão ao Euro e a crise de

2007 o crédito não esteve particularmente caro, para a generalidade dos

riscos.

E estas circunstâncias não impediram que inúmeras empresas tivessem

graves problemas derivados da gestão do seu passivo bancário. Muitos

desses problemas derivavam da desadequação de tipo e de prazo dos

financiamentos contraídos às necessidades existentes e esses problemas

foram exponencialmente empolados com a crise que se iniciou em 2007.

É da escola que o reembolso do financiamento deve ser adequado à

capacidade esperada de geração de fundos da aplicação que vai ser feita

dos fundos.

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Mas muitas vezes são mais valorizados outros factores, que sendo

aparentemente agradáveis para as partes envolvidas, podem vir a ter

custos elevadíssimos.

Não foram 10, nem 100, nem 1000, nem 10.000 os investimentos de longo

prazo que durante anos foram financiados pelas chamadas contas

correntes caucionadas. Para o empresário a CCC tinha resposta mais

rápida e taxas mais agradáveis e para o bancário era muito mais fácil fazer

aprovar uma CCC, que é um crédito de curto prazo renovável ou

denunciável num curto prazo (como muito duramente se aperceberam

inúmeros empresários) do que propor e fazer aprovar compromissos a

três, cinco ou dez anos.

E assim se viveu, muitas vezes correndo tudo bem, durante anos. O pior é

quando as coisas correm menos bem, ou quando chegam as crises ou

quando os mercados ficam mal dispostos.

Quando isto sucede além das dificuldades inerentes ao negócio ou ao

mercado, os empresários confrontam-se com mais um problema, e grave.

A tesouraria das empresas e a sua actividade ficam reféns da posição dos

bancos relativamente ao seu envolvimento e muitas vezes as necessidades

ou leituras dos bancos são exactamente em contraciclo com as

necessidades das empresas.

É possível evitar estas situações?

Não é de todo possível eliminar estes riscos, mas é possível minorá-lo de

forma significativa.

É o que abordaremos de seguida.

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Apoios de Tesouraria I

As Contas Correntes Caucionadas

O apoio de tesouraria é por definição um apoio de curto prazo. Sem

dúvida que a forma mais simples e muitas das vezes a mais económica é a

conta corrente caucionada, daqui em diante CCC.

A CCC deve ser usada de forma activa. Utilizada quando existem

necessidades de tesouraria e regularizada quando se fazem os

recebimentos.

Este ciclo pode ser mais curto ou mais longo, mas uma CCC é isto. O que

não for isto não é uma CCC, mas sim outra coisa.

Uma das circunstâncias em que as CCC são indevidamente utilizadas,

sucede se a empresa estiver em crescimento. As suas necessidades de

fundo de maneio aumentam naturalmente e então o que é necessário não

é uma CCC, é isso sim o correcto financiamento a médio/ longo prazo das

novas necessidades permanentes de fundo de maneio, tema que

trataremos à frente. Se a CCC deixou de financiar a tesouraria e passou a

financiar outro tipo de necessidade, então há que financiar devidamente

essa necessidade para continuar a ter apoio de tesouraria.

Outra circunstancia que leva à utilização incorrecta das CCC é a

degradação das margens e dos resultados da empresa. À medida que a

margem enfraquece e os resultados regridem, a empresa diminui os meios

libertos para fazer face às suas responsabilidades. Existindo

disponibilidade na CCC, ela será utilizada com esse fim e não para o fim

devido. A empresa fica sem este apoio de tesouraria.

Em qualquer dos casos este tipo de utilização envolve graves riscos, para a

empresa e para os bancos.

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Uma empresa em expansão pode hipotecar parte do seu potencial se os

bancos não continuarem a financiar desta forma incorrecta as suas novas

necessidades de fundo de maneio, o mesmo se diminuírem o seu apoio. E

muitas vezes quando se tentar inverter caminho e ir buscar a solução

correcta já se deu alguma degradação da relação ou do nível de

contrapartidas dadas pela empresa (sobre utilização da CCC, deterioração

dos saldos médios), tornando muito mais difícil a sua negociação.

Uma empresa com problemas ao nível dos resultados ver esses problemas

reflectidos ao nível da sua liquidez. Mas existindo CCC disponíveis não os

sente, pelo menos até elas se esgotarem ou serem retiradas. Não sentindo

problemas de liquidez a propensão a abordar devidamente o problema de

fundo, o problema no negócio, é menor, adiando a busca de soluções e

levando a um deteriorar da situação. A solução para este problema não

passa certamente pela utilização indevida das CCC…

Os dois exemplos acima mostram os riscos envolvidos na utilização das

CCC, devendo existir por partes das empresa e dos bancos o maior

respeito pelo tipo de crédito em causa no sentido de não pôr em causa a

capacidade de financiamento da empresa e o risco assumido pelas

instituições de crédito.

Apoios de Tesouraria II

O Crédito Comercial

Por crédito comercial entende-se o crédito que tem subjacente uma

transacção comercial especifica e a intervenção do cliente. Estamos a falar

por exemplo de letras, cheques pré datados, remessas de documentos

exportação ou factoring.

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Trata-se do tipo de crédito de tesouraria por excelência. Mas durante anos

caiu em desuso.

Caiu em desuso dado que com o crédito abundante, as empresas

financiavam a sua tesouraria da forma mais simples e mais barata, as CCC.

Outro factor fundamental para essa menor utilização foi o seu custo. Na

busca de comissões os bancos sobrecarregaram de forma desapropriada

este tipo de crédito. O facto de serem operações de curto prazo, fazia

muitas vezes com que as comissões flat aplicadas, levassem a que os

custos com as mesmas fossem maiores que os juros cobrados, levando a

taxas efectivas inibidoras da sua utilização.

Por ultimo, as empresas fugiam ao “trabalho administrativo” inerente as

este tipo de crédito. O trabalho administrativo que é no fundo controlar

prazos de pagamento de uma forma muito mais fiável, rigorosa e efectiva

que em conta corrente…

Mas o crédito comercial deve ser o crédito de tesouraria por excelência.

Razões não faltam, ficam algumas:

- A sua ligação às transacções que dão origem à necessidade

- O estreito acompanhamento a que obriga das contas de clientes

- A ajuda que pode advir da análise pelos bancos da qualidade de crédito

dos cientes envolvidos

- O maior comprometimento do cliente com a data de pagamento,

comparativamente com a simples conta correte

- E muito importante, o facto de a empresa se estar a financiar “gastando”

muito pouco da sua capacidade de endividamento, dado que existindo

outros intervenientes e sendo por norma operações de curto prazo, os

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bancos não as consideram, ou consideram com um rácio baixo, na sua

exposição.

- Para os bancos são operações rentáveis e de mais baixo risco, dada a já

referida intervenção de terceiros.

Tendo tantas vantagens as razões para a sua menor utilização são as já

abordadas.

Os bancos já começaram a olhar mais para este tipo de crédito.

Compete agora às empresas voltar a considerar como fonte de

financiamento a antecipação de recebimentos de clientes. É disso que se

trata, diminuição financeira do Prazo Médio de Recebimento, que é na

esmagadora maioria das empresas, o grande responsável pelo aumento

das necessidades de fundo de maneio.

Como?

- Negociando com os seus clientes condições de pagamento que incluam a

titulação do crédito por meios que permitam a sua antecipação (cheques

pré datados, letras ou aceitação do pagamento de facturas em factoring,

entre outros)

- Negociando com os bancos linhas para este tipo de produtos. Os bancos

estão muito receptivos a estes negócios

- Estabelecendo sistemas de controle integrados entre a gestão das contas

de clientes e a componente financeira dessas contas, de molde a

optimizar trabalho administrativo.

Conseguir-se-ão

- Melhores vendas, dado que se consegue transformar o seu produto em

liquidez

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- Melhor risco de crédito da carteira de clientes, face ao maior

acompanhamento

- Melhor capacidade de endividamento, dado que a exposição em crédito

financeiro directo que os bancos estão dispostos a ter na empresa não

está a ser consumida pelo financiamento da tesouraria

Só vantagens?

Praticamente, mas um risco importante que não deve nunca ser

descurado. Se bem que o dinheiro já tenha sido recebido o cliente ainda

não pagou. O risco de crédito nesse cliente mantém-se e deve ser

considerado os plafons estipulados pela empresa para cada cliente.

Apoios de Tesouraria III

O Crédito por Assinatura

O Crédito por Assinatura compreende em traços gerais as garantias

bancárias e os créditos documentários.

Se bem que utilizados por bastantes empresas, poucas vezes o são na

óptica do apoio de tesouraria.

Estamos perante um tipo de crédito que neste momento os bancos estão

também bastantes interessados, dado que não consome liquidez.

E como utilizar o crédito por assinatura como apoio de tesouraria?

Uma utilização bastante eficaz é a utilização de garantias bancárias de

bom pagamento a favor de um fornecedor. Em termos práticos, solicita-se

a um fornecedor um alargamento do prazo de pagamento, oferecendo

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como contrapartida o facto de o acréscimo de saldo em conta corrente

passar a ficar garantido por uma instituição bancária.

Esta utilização é particularmente atraente quando em negociação com um

novo fornecedor. A empresa apresentar-se a um fornecedor com uma

garantia bancária para cobrir parte ou a totalidade do seu saldo de conta

corrente, inspira um nível de confiança que dá à empresa compradora

uma posição negocial da qual pode tirar importantes vantagens, quer ao

nível de condições de pagamento, como de preço.

E estamos perante um apoio de tesouraria. Ao permitir o alongamento do

prazo de pagamento, contribui para a diminuição das necessidades de

fundo de maneio.

Outro instrumento que permite de forma muito eficaz suprir necessidades

de tesouraria pontuais ou mesmo com um caracter mais regular são os

créditos documentários.

Uma negociação correcta de uma encomenda com as condições de

pagamento a estabelecerem-se por crédito documentário, permite não só

baixar de forma muitíssimo significativa baixar o risco de crédito do

negócio ( principal razão da sua utilização mais comum ), mas também

financiar as necessidades financeiras que possam derivar dessa

encomenda ou mesmo financiar a tesouraria.

Assim um crédito documentário desde que devidamente negociado com o

cliente pode por exemplo ser endossável a um fornecedor, obviando

portanto a uma eventual necessidade de tesouraria que possa advir do

ciclo de produção ou das transacções comerciais inerentes a essa

encomenda.

Pode também ser descontado pelo banco, antecipando o pagamento a ser

feito pelo banco do cliente. E aqui, ao contrário das letras ou do factoring

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com recurso, este adiantamento normalmente não tem inerente a

manutenção do risco de crédito, dado que em determinadas

circunstancias o banco do cliente já terá garantido o pagamento na data

prevista.

Trata-se portanto de um instrumento que permite negociar condições de

pagamento que podem ser a chave para a concretização de um negócio,

ao mesmo tempo que dota a empresa de um instrumento que lhe pode

permitir a obtenção de liquidez para esse, ou mesmo outros negócios,

sem sobrecarregar a tesouraria normal da empresa.

Em sentido contrário, ou seja como compradora, a empresa também pode

fazer uma utilização deste instrumento, com efeitos sobre a tesouraria

similares ao conseguido coma garantia bancária de bom pagamento.

Outra utilização como cliente deriva da globalização. Cada vez fazem-se

mais negócios com fornecedores mais distantes e com menos

conhecimento pessoal. Zonas há do globo onde as empresas fornecedoras

conseguem preços extremamente baixos, mas face ao desconhecimento

das nossas empresas pedem muitas vezes pagamentos antecipados. Além

do risco de crédito inerente a um pagamento antecipado, temos ainda o

esforço que é pedido à tesouraria, muitas vezes por períodos longos

(ciclos de produção e transportes de regiões longínquas).

A correcta utilização de créditos documentários de importação pode

permitir a uma empresa alargar o seu leque de opções em termos de

fornecimento, conseguindo eventualmente vantagens concorrenciais

importantes, sem “hipotecar” a sua tesouraria corrente.

Na utilização deste produto há que ter particular atenção, na negociação

com a banca ou com o fornecedor ou cliente, às despesas associadas.

Existe uma comissão base, mas depois em trade finance existem uma série

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de despesas inerentes sobretudo à comunicação entre bancos que podem

ultrapassar o valor da comissão base, donde a importância da atenção à

negociação das mesmas.

Ficaram alguns exemplos da possibilidade de utilização do crédito por

assinatura. As possibilidades de utilização são quase infinitas, podendo um

correcto domínio destes instrumentos ser essencial à concretização de

muitos negócios.

Apoios de Tesouraria IV

A livrança

Há 40 anos de uma empresa necessitasse de um apoio de tesouraria,

pedia uma livrança.

Com o desenvolvimento da economia e da actividade bancária surgiram

múltiplas formas de as empresas se financiarem no curto prazo, passando

a livrança a ter um peso residual.

Contudo nos últimos anos com a falta de liquidez e com uma maior

sensibilidade ao risco por parte dos bancos, a livrança voltou a ser um

instrumento em uso.

É bom para as empresas?

Pode ser.

Se for a única forma pela qual o banco esteja disponível para emprestar,

então a livrança é boa…

Mas também pela positiva pode ter vantagens para a empresa.

Um cliente que pede o adiamento por dois meses do pagamento de uma

factura relevante, pode e deve ser financiado por uma livrança que cubra

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esse gap na tesouraria, com vencimento para o novo “vencimento” da

factura.

Uma compra importante de matéria prima de molde por exemplo a

garantir um bom desconto de pronto pagamento, pode e deve ser

financiado por livranças, com vencimentos para as datas posteriores em

que essa matéria prima será utilizada. Evita um esforço suplementar à

tesouraria e tem o seu reembolso adequado a libertação de fundos

existente.

Para qualquer destes exemplos um prazo demasiado curto ou demasiado

longo será pernicioso. Um prazo demasiado curto levará à tesouraria o

peso que se lhe queria retirar. Um prazo demasiado longo dará à

tesouraria uma sensação de liquidez que não é real.

A utilização de livranças tem um custo fiscal de algum relevo mas uma

série de vantagens.

Por um lado permite a correcta afectação de fundos a determinada

necessidade, em contraponto à utilização por exemplo de CCC. Esta

afectação directa obriga a empresa a uma disciplina financeira de que os

bancos gostam, mas que é também fundamental para as empresas.

Também permite ultrapassar necessidades pontuais, sem recurso à

tesouraria normal, facilitando o funcionamento da mesma, sem

deterioração de prazos de pagamento ou das posições bancárias normais,

situações que ocorrerem poderão penalizar a empresa em futuras

necessidades ou negociações.

Uma vantagem importante das livranças correctamente utilizadas é,

principalmente para as empresas de menor dimensão, a criação de um

histórico bancário de cumprimento, um dos principais critérios em que os

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bancos assentam a sua decisão de concessão ou manutenção de apoio os

seus clientes.

Temos portanto que a utilização de livranças deve ser feita sem

constrangimentos, existindo mesmo situações em que ela se mostra o

instrumento mais adequado, quer para a gestão da tesouraria da

empresa, quer para facilitar a análise do banco relativamente a uma

necessidade específica, facilitando a aprovação das operações no tempo e

condições mais favoráveis.

Conclusão Apoios de Tesouraria

Permitimo-nos a algumas notas a título de resumo:

- existem diversos produtos bancários através dos quais se pode financiar

a tesouraria

- para cada situação relevante deve ser utilizado o tipo de financiamento

adequado

- as empresas devem ter cuidado para que a sua capacidade de

financiamento da tesouraria não seja utilizada para outros fins

- neste tipo de financiamento há que ter extrema atenção às comissões

flat

- os instrumentos de apoio à tesouraria podem além do seu papel

primordial, servir de potenciador de negócios específicos

- uma gestão adequada da tesouraria permite maior liberdade à empresa

e ao empresário, diminui os custos financeiros, baixa o risco empresa e

permite aos seus parceiros uma percepção de melhor risco da empresa

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Crédito de Médio e Longo Prazo I

Crédito ao Investimento

Salvo raríssimas excepções os investimentos devem ser financiado por

crédito de médio e longo prazo ( a partir daqui CMLP ).

A rentabilidade e libertação de fluxos financeiros para pagamento por

norma dá-se num horizonte plurianual, donde o horizonte temporal do

financiamento deve ser coincidente com os cash flows previsionais do

projecto.

Dissemos que os financiamentos devem ser financiados por CMLP … além

dos capitais próprios adequados. E cremos que para capitais próprios

adequados não existe um rácio. Cada caso é um caso, mas na esmagadora

maioria dos casos os investimentos devem ter as duas componentes. Um

investimento não deve ser feito só com capitais próprios. Leva a uma

imobilização desnecessária dos mesmos e perde-se o efeito fiscal dos

juros. Na mesma linha não deve ser feito só com capitais alheios; é muito

difícil a aprovação e aumenta o seu risco, também para o promotor.

Mas a principal questão nos investimentos e respectivo crédito é a

correcta adequação do plano de reembolso à capacidade de geração de

fundos do projecto.

O plano de reembolso deve ser perfeitamente adaptado ao cash flow

esperado do projecto.

Após decidir que um projecto avança, ou seja que se acha que ele é

rentável, há que ter o máximo cuidado com o seu financiamento. O

financiamento de um projecto faz parte e é parte fundamental de um

projecto. Muitos bons projectos já ficaram na gaveta por falta de

financiamento, mas também muitos bons projectos já falharam por terem

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financiamento inadequado. Não em termos de montante, mas de plano

de reembolso.

Assim considerando que o financiamento é parte integrante do projecto, o

projecto só é bom se o financiamento for bom.

Muitas vezes os promotores caem no erro fatal de aceitarem

financiamentos inadequados ao projecto. Os bancos preferem prazo o

menos longos possíveis e os promotores aceitam para não inviabilizar o

projecto e inviabilizam-nos, com elevados custos.

Não existem regras para qual a relação óptima entre os cash flow

esperados de um projecto e o plano de reembolso.

Mas avançamos com uma hipótese. Que o plano de reembolsos coincida

com a análise de sensibilidade pior que for efectuada. Assim, mesmo que

ocorra o pior cenário previsto, manter-se-á a capacidade de reembolso.

E se as coisas ainda correrem pior?

Bom, uma hipótese é ter reservado alguns capitais próprios para essa

eventualidade, Não se deixa degradar a situação, mantendo alguma

posição negocial com o financiador.

A outra é a renegociação, que deve ser feita atempadamente, antes de

uma degradação e de incumprimento. É fundamental a monitorização e a

acção adequada.

E porque não ter condições de reembolso mais suaves que o cash flow do

cenário mais pessimista?

Em primeiro lugar o banco. Os bancos são avessos a prazos de reembolso

demasiado longos. E ao pedirmos um plano de reembolso inferior aos

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cash flow da hipótese mais pessimista, estamos a transmitir que não

acreditamos no projecto…

E para o promotor. Um plano mais longo encarece o projecto por via dos

juros e se a implementação correr bem existirá um excesso de liquidez

que nem sempre é benéfico…

Falámos da que consideramos a principal preocupação no crédito ao

investimento. Vamos abordar muito sumariamente mais dois temas.

Nos casos em que se possa aplicar, um prazo de utilização bem negociado,

o mais longo possível, poupa muito dinheiro em juros e dá espaço de

manobra à empresa para acertos que possam ser necessários efectuar,

após por o processo em marcha.

Para os bancos, o CMLP deve ter sempre garantias extra. O prazo é maior,

aumenta a incerteza, logo aumenta o risco e aí vem a “necessidade” de

garantias adicionais. A empresa deve sempre apresentar garantias

adicionais num CMLP. Não tem de ser reais, como se pensa no imediato.

Muitas vezes existem outras possibilidades de constituir e oferecer

garantias, que melhoram a possibilidade de aprovação de um crédito…

Crédito de Médio e Longo Prazo II

Crédito Apoio ao Crescimento

O Crédito de Apoio ao Crescimento (CAC) é também um crédito ao

investimento. Então porquê uma abordagem não integrada no ponto

anterior.

Duas razões fundamentais.

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As necessidades de CAC não derivam de decisões de investimento. Não

existe um projecto de investimento. Derivam isso sim das necessidades

inerentes ao normal crescimento de um negócio.

A outra razão é a primordial para esta abordagem específica. Esta

necessidade muitas vezes não é diagnosticada. Sente-se o peso da

necessidade sobre a tesouraria da empresa, mas não a identificamos

como uma necessidade de financiamento de MLP e por isso muitas vezes

não é devidamente financiada, com os custos inerentes.

E estamos a falar de?

Estamos a falar, por exemplo, do aumento das necessidades de fundo de

maneio inerente aos aumentos de actividade, dos trabalhos de

desenvolvimento ou busca de novos produtos ou dos trabalhos de

prospecção de novos mercados.

Estes investimentos, que os são, não são geralmente abordados nessa

óptica. São acções ou necessidades criadas derivadas do normal

desenvolvimento do negócio, consumindo meios que a ele estão afectos.

Em situações de negócios estruturalmente com elevada liquidez é algo

que não é grave. A liquidez excessiva está a ser investida e ainda sobra

liquidez.

Mas a situação normal é os negócios serem curtos de liquidez. E quando

um negócio é curto de liquidez, desviá-la para necessidades ou actividades

que não são na realidade correntes, afecta o normal desenrolar da

exploração. E pode trazer consequências nefastas tanto nas empresas que

estão em expansão, dado que lhes retira meios essenciais a essa

expansão, como nas empresas que estão com alguns problemas e buscam

novos caminhos, dado que os mesmos se agravarão com esta incorrecta

alocação de fundos.

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É portanto essencial identificar atempadamente estas necessidades e

financiá-las adequadamente. Tentar financiá-las de outra maneira traz

problemas e tentar financiá-las após elas trazerem problemas, torna

muito mais difícil a negociação com a banca.

Tentando olhar as situações apontadas.

Uma empresa em saudável crescimento das vendas ( a bom preço e a

bons riscos ) vê forçosamente as suas necessidades de fundo de maneio

crescerem. Face ao valor acrescentado criado, mesmo sem degradação

dos prazos médios de recebimento, as necessidades crescem. O valor das

facturas a clientes por receber, mesmo que não vencidas é sempre

superior ao crédito que se consegue de fornecedores.

E quanto melhor corre o negócio maior é o problema. Estas necessidades

vão sendo financiadas por apoios de tesouraria, mas os apoios de

tesouraria, não só não são ilimitados, como têm uma vertente de

compromisso por parte da banca baixo. São apoios de curto prazo

renováveis… E a margem, mesmo que seja boa, libertada pelo negócio,

não consegue financiar este crescimento das necessidades de fundo de

maneio.

Em crescimento, uma parte fundamental das necessidades de fundo de

maneio tornam-se permanentes. Tornando-se permanentes, devem ser

financiadas por meios adequados. Capitais próprios ou CMLP.

Assim, quando a tesouraria começa a ser pressionada pelo aumento das

necessidades de fundo de maneio inerentes ao crescimento, deve-se não

só conseguir um aumento das facilidades de crédito de curto prazo, mas

financiar no MLP parte dessas necessidades.

Financiar com um financiamento que tenha um plano de reembolso

adequado à libertação de fundos provenientes do crescimento das

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vendas. Assim o crescimento estará financiado e o financiamento será

liquidado à medida que o negócio vá libertando margem. E se as

necessidades de fundo de maneio diminuírem e esse financiamento ainda

estiver activo é fácil; diminui-se o recurso ao financiamento de curto

prazo.

Ao adoptar estratégias de financiamento adequadas baixa-se de forma

significativa o risco da empresa, neste caso os riscos inerentes a um

crescimento não controlado.

As outras situações abordadas (novos produtos, novos mercados) são

normalmente financiadas, porque realizadas, com os meios normais da

empresa. Estamos a retirar meios, financeiros e humanos, onde eles serão

necessários e aos estarem em dupla afectação a realização não será a que

seria possível.

Encarar estas situações como investimentos e dotá-las dos meios

humanos e financeiros adequados é mais de meio caminho para terem

sucesso.

Crédito de Médio e Longo Prazo III

Crédito de Reestruturação ou Consolidação

O Crédito de Reestruturação ou Consolidação (CRC) surge porque algo não

correu bem. Portanto a primeira fase de um crédito deste tipo, não tem a

ver com o crédito…

Se a iniciativa é da empresa, há que antes de mais, analisar muito bem o

que correu menos bem ( o nível de actividade, o tipo de financiamento

que existe, as previsões de retorno de um investimento, ou qualquer

outro factor ou factores ).

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Após conclusões sólidas do análise, implementar as correcções ou

adaptações necessárias e só depois de pode avançar para uma proposta

de CRO.

Avançar sem tratar muito bem esta fase baixa as possibilidades de obter

um CRO nas condições adequadas e baixa muitíssimo a possibilidade de

cumprimento, independentemente da solução que seja encontrada ao

nível do financiamento.

Já com a análise efectuada e os devidos acertos tratados, existe uma

perspectiva de como a actividade irá decorrer nos tempos vindouros. É

com base nesse trabalho previsional que deve ser negociada a

renegociação.

Caso a iniciativa do CRC seja do banco, a análise é similar, mas

eventualmente mais simples, porque refere essencialmente a parte

financeira pura.

Na negociação, entre a posição típica do banco, que perante um alerta

quer ver reembolsado o mais rápido possível o seu capital e a posição

típica da empresa que quer o menor esforço de tesouraria possível, há

que encontrar um meio termo.

Um meio termo que respeite a capacidade previsional de libertação de

fundos da empresa e que apresente um prazo de reembolso não

demasiado extenso para o banco. Existem diversos instrumentos na

montagem operacional de CRC que permitem atingir estes objectivos.

Mas há que os atingir. Para a empresa, principalmente, mas também para

o banco, aceitar um CRC com condições que à partida tenham uma baixa

probabilidade de serem cumpridas, é pôr-se numa situação pior que a

situação de partida. Passa mais tempo e perde uma oportunidade de se

viabilizar, Quando o problema ressurgir, por exemplo após um período de

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carência, a situação está mais degradada e a negociação será muito mais

difícil.

São portanto factores fundamentais neste tipo de crédito conseguir

transmitir muito bem ao banco a visão da empresa sobre a solução e

manter uma posição negocial flexível, mas consciente e assertiva de modo

a conseguir um acordo cumprível.

Não abordámos na primeira parte do texto sobre CRC, mas nestas

situações, a primeira pergunta do banco é:

Tem garantias reais para dar?

É natural que o banco queira reforçar garantias. Os bancos querem

sempre reforçar garantias! E aproveitam todas as oportunidades. Aqui,

sobretudo perante um pedido de renegociação por parte do cliente,

sentem uma legitimidade maior para essa posição. Determinados fundos

tinham sido disponibilizados, com determinado plano de reembolso. Se a

empresa não consegue reembolsar como previu e pede ajuda ao banco,

então ele pede algo em troca.

Se não existirem garantias, não existem. Resolvido. Há que negociar sem

elas.

Se existirem, a empresa passa a ter uma posição negocial mais favorável,

que deve conscientemente utilizar.

Um reforço de garantias é para o banco algo de essencial. Então pela

parte da empresa há também que conseguir o que lhe é essencial. Dá, mas

pede algo em troca.

Um plano de reembolso adequado e uma melhoria nas taxas e comissões.

E se o valor da garantia o suportar ( se for folgadamente superior ao valor

do crédito ) e a empresa necessitar, um acréscimo ao crédito, que bem

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aplicado poderá melhorar as condições de exploração da empresa e ser

reembolsado em condições favoráveis.

Numa situação de CRC, por iniciativa do banco ou da empresa, a empresa

está por norma numa situação de fragilidade. Mas esta situação de

fragilidade não deve levar a aceitação de condições, sobretudo ao nível do

plano de reembolso, que não sejam as adequadas. Há sobretudo que ter e

transmitir a consciência que uma boa solução é boa para ambas as partes.

E deve aproveitar para tentar melhorar as condições; pelo menos fazer

tudo para conseguir as melhores condições possíveis.

É uma situação de fragilidade, mas que não deve ser pontualmente

ultrapassada a qualquer preço.

Conclusão Crédito de Médio e Longo Prazo

De novo algumas notas a título de resumo:

- há que adequar sempre o plano de reembolso à capacidade de geração

de fundos. Não respeitar este princípio é um erro gravíssimo.

- a existência de garantias e essencial no CMLP. Há que existir

disponibilidade, mas também imaginação

- o tratamento de um CMLP é um momento por excelência para parar e

olhar para a empresa, que não deve ser desperdiçado

- muitas vezes os problemas que surgem na montagem de um CMLP, quer

no pedido quer na aprovação, são ultrapassáveis com soluções fora do

mainstream, adaptadas a cada caso. Pela “personalização” inerente não

cabe neste âmbito elencá-las. Mas que quase sempre existem é uma

verdade…

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- um CMLP, deve ser sempre atempadamente tratado. Evitam-se

decisões menos boas forçadas pelo factor tempo ou evita-se tratar a

solicitação já numa posição frágil

Final

Um agradecimento pelo interesse que revelaram os nossos leitores ao

acompanharem estas publicações.

Um desejo de que as mesmas tenham sido interessantes e que tenham

contribuído para alguma reflexão útil.

Mais um agradecimento pelo feed back que temos recebido, que nos tem

permitido análises diferentes e que enriquecem a nossa visão deste e de

outros temas.

Uma certeza de que a melhor compreensão recíproca entre as empresas e

a banca será muito positiva pata ambas as partes.

Uma disponibilização a dar a contribuição da CJA BUSINESS CONSULTING,

na certeza que podemos aportar valor acrescentado às empresas nossas

clientes.

OBRIGADO