O TRABALHO PEDAGÓGICO NA PERSPECTIVA … · Porque não está preso a um tempo reduzido a um hoje...

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Universidade Estadual de Maringá 24 a26 de setembro de 2008 1 O TRABALHO PEDAGÓGICO NA PERSPECTIVA MULTI/INTERCULTURAL: ALGUNS PONTOS PARA REFLEXÃO GASPARIN, João Luiz VICENTINI, Dalva Linda INTRODUÇÃO A multiplicidade de culturas existentes na sociedade contemporânea evidencia a necessidade cada vez mais urgente de promover uma educação que ultrapasse o etnocentrismo. A cultura escolar está impregnada pela perspectiva do comum, do aluno padrão, do ‘aqui todos são iguais’. No entanto, as escolas estão cada vez mais desafiadas a enfrentar os problemas decorrentes das diferenças e da pluralidade cultural, étnica, social, religiosa, etc, dos seus sujeitos e atores (CANDAU et al., 2000a, p. 14). A instituição escolar parece encontrar dificuldades em reconhecer que grande parte de seus alunos não se enquadram nos parâmetros determinados por uma concepção universalista de cultura. As incipientes políticas públicas educacionais neste setor demonstram, na prática, a urgência na implementação de uma educação escolar voltada para a diversidade cultural. Neste sentido, percebemos a necessidade de superação do caráter monocultural da educação escolar em direção ao multi/interculturalismo, pois não havendo esta superação, prevalece, nos currículos escolares, o pressuposto de que todos compartilham igualmente de uma mesma cultura, ignorando ou calando as diferenças culturais e reforçando as desigualdades sociais. O multi/interculturalismo é uma dimensão fundamental no processo de ensino e aprendizagem. Diante da possibilidade de romper com um paradigma de educação que exclui, corrompe identidades e ignora diferenças e, visando a organização de um currículo que incorpore os múltiplos modelos culturais trazidos à escola pelos seus alunos, é que urge necessidade da organização pedagógica numa perspectiva multi/intercultural.

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O TRABALHO PEDAGÓGICO NA PERSPECTIVA

MULTI/INTERCULTURAL: ALGUNS PONTOS PARA REFLEXÃO

GASPARIN, João Luiz VICENTINI, Dalva Linda

INTRODUÇÃO

A multiplicidade de culturas existentes na sociedade contemporânea evidencia a

necessidade cada vez mais urgente de promover uma educação que ultrapasse o

etnocentrismo.

A cultura escolar está impregnada pela perspectiva do comum, do aluno padrão, do ‘aqui todos são iguais’. No entanto, as escolas estão cada vez mais desafiadas a enfrentar os problemas decorrentes das diferenças e da pluralidade cultural, étnica, social, religiosa, etc, dos seus sujeitos e atores (CANDAU et al., 2000a, p. 14).

A instituição escolar parece encontrar dificuldades em reconhecer que grande parte de

seus alunos não se enquadram nos parâmetros determinados por uma concepção

universalista de cultura. As incipientes políticas públicas educacionais neste setor

demonstram, na prática, a urgência na implementação de uma educação escolar voltada

para a diversidade cultural.

Neste sentido, percebemos a necessidade de superação do caráter monocultural da

educação escolar em direção ao multi/interculturalismo, pois não havendo esta

superação, prevalece, nos currículos escolares, o pressuposto de que todos

compartilham igualmente de uma mesma cultura, ignorando ou calando as diferenças

culturais e reforçando as desigualdades sociais. O multi/interculturalismo é uma

dimensão fundamental no processo de ensino e aprendizagem.

Diante da possibilidade de romper com um paradigma de educação que exclui,

corrompe identidades e ignora diferenças e, visando a organização de um currículo que

incorpore os múltiplos modelos culturais trazidos à escola pelos seus alunos, é que urge

necessidade da organização pedagógica numa perspectiva multi/intercultural.

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Este trabalho faz opção pela perspectiva multi/intercultural, por um olhar para além da

oposição reducionista entre o multiculturalismo e o interculturalismo. Uma vez que a

nossa sociedade brasileira apresenta um cenário que contempla uma grande diversidade

cultural faz-se necessário compreender esse processo de interação entre essas culturas.

IDENTIDADES CULTURAIS: ALGUNS PONTOS PARA REFLEXÃO

A questão da identidade vem sendo extensamente discutida nos dias atuais. Em

essência, o argumento para as discussões é que as velhas identidades, que por muito

tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio fazendo surgir novas identidades

e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado. Há uma

mudança estrutural visível que está transformando as sociedades modernas e isso

modifica as paisagens culturais de gênero, classe, sexualidade, etnia e nacionalidade.

Esse processo produz o sujeito pós-moderno, conceitualizando-o como não tendo uma

identidade fixa, essencial ou permanente. A identidade torna-se uma “celebração

móvel”, formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos

representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam. A identidade é:

Definida historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Se sentimos que temos uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora “narrativa do eu”. A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente (HALL, 2006, p. 13).

O resultado disso é o homem descentrado, resultando nas identidades abertas,

contraditórias, inacabadas, fragmentadas do sujeito pós-moderno que integrado num

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contexto social de globalização enfrenta os riscos paradoxais do etnocentrismo: esse é

um dos maiores desafios dos dias atuais.

O surgimento da noção de cultura demosntra-nos que o outro passou a ser visto como o

representante vivo de uma evolução cultural, e, enquanto tal, a religião tradicional

precederia a ciência moderna.

No século XX, a noção de cultura, fundamentada na idéia de diversidade cultural,

rompe com a noção de evolução cultural. A idéia de diferença é transformada em

relatividade. Assim, a própria idéia de cultura é relativa.

No senso comum, o homem “culto” seria aquele que tem instrução por meio do acesso à

produção intelectual da civilização a que pertence. Essa é uma forma de pensamento

resultante de uma estrutura social organizada hierarquicamente, que separa o trabalho

humano em atividades intelectuais e manuais, valorizando as primeiras em detrimento

das últimas.

No decorrer da história Ocidental, esse sentido se perde até que, no século XVIII, a

palavra cultura ressurge, relacionada a outro conceito, o de civilização. Durante o século

XVIII, a cultura é o padrão ou o critério que com se mede o grau de civilização de uma

sociedade. Assim, a cultura passa a ser vista como um conjunto de práticas como artes,

ciências, técnicas, filosofia e ofícios que permitem avaliar e hierarquizar as sociedades,

segundo um critério de evolução. A cultura européia capitalista foi, assim, colocada

como o ponto final necessário para o desenvolvimento de toda cultura ou de toda

civilização e, para ajudar os primitivos a sair de seu estado de “atraso” essa cultura

justificou os colonianismos.

Somente na segunda metade do século XX abandona-se essa perspectiva e a cultura

passa a ser vista como singularidade, como uma individualidade própria, dotada de uma

estrutura específica. A partir desse momento, o termo cultura ganha uma abrangência

que não possuía antes, passando a significar o campo das formas simbólicas.

Na cultura e por ela os humanos atribuem à realidade significações novas por meio das

quais são capazes de se relacionar com o ausente. Isso se de dá por meio da linguagem,

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do trabalho, da percepção do que é possível e do que é impossível, do permitido e do

proibido, do visível e do invisível, do sagrado e do profano.

Para Chauí (2006, p.113), “cultura é, pois, a maneira pela qual os humanos se

humanizam e, pelo trabalho, desnaturalizam a natureza por meio de práticas que criam a

existência social, econômica, política, social, religiosa, intelectual e artística. Assim,

para Forquin,

A cultura é considerada como o conjunto dos traços característicos do modo de vida de uma sociedade , de uma comunidade ou de um grupo, aí compreendidos os aspectos que se podem considerar como os mais cotidianos, os mais triviais ou os mais ‘inconfessáveis’ (FORQUIN, 1993, p.11).

Dessa forma, este trabalho pretende usar a palavra cultura como o resultado de tudo que

o homem produz para construir sua existência no sentido material ou espiritual, seja

pensamento ou ação.

A educação é, portanto, fundamental para a socialização do homem e sua humanização.

Trata-se de um processo que dura toda a vida e não se restringe à mera continuidade da

tradição, pois supõe a possibilidades de rupturas, pelas quais a cultura se renova e o

homem faz a história.

O animal vive em harmonia com a natureza, isto significa que sua atividade é

determinada por condições biológicas que lhe permitem adaptar-se ao meio em que

vive, por isso, o comportamento de cada espécie animal é sempre idêntico, os atos dos

animais não possuem história.

Totalmente diversa é a ação do homem sobre a natureza e sobre si mesmo. Ao

reproduzir técnicas usadas por outros homens e inventar outras novas, a ação humana

torna-se fonte de idéias. O homem torna-se capaz de lembrar a ação feita no passado e

projetar a ação futura, o que é possível pelo fato de representar o mundo por meio do

pensamento, expressando-o pela linguagem.

Enquanto o animal permanece inserido na natureza, o homem é capaz de transformá-la,

tornando assim, possível a cultura.

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O homem existe – existere – no tempo. Está dentro. Está fora. Herda. Incorpora. Modifica. Porque não está preso a um tempo reduzido a um hoje permanente que o esmaga, emerge dele. Banha-se nele. Temporaliza-se. Na medida porém, em que faz essa imersão do tempo, libertando-se de sua unidimensionalidade, discernindo-a, suas relações com o mundo se impregnam de um sentido conseqüente. Na verdade já é quase um lugar comum afirmar-se que a posição normal do homem no mundo, visto como não está apenas nele mas com ele, não se esgota em mera passividade. Não se reduzindo tão somente a uma das dimensões de que participa – a natural e a cultural – da primeira, pelo seu aspecto biológico, da segunda, pelo seu poder criador, o homem pode ser eminentemente interferidor. Sua ingerência senão quando distorcida e acidentalmente, não lhe permite ser um simples expectador, a quem não fosse lícito interferir sobre a realidade para modificá-la. Herdando a experiência adquirida, criando e recriando, integrando-se às condições de seu contexto, respondendo a seus desafios, objetivando-se a si próprio, discernindo, transcendendo, lança-se o homem num domínio que lhe é exclusivo – o da história e o da cultura (FREIRE, 2005, p. 49).

A partir das relações do homem com a realidade, pelos atos de criação, recriação e

decisão, ele vai dinamizando seu mundo, vai dominando a realidade, vai humanizando-

a, vai lhe acrescentando algo como “o fazedor”, vai temporalizando os espaços

geográficos e faz cultura. Os homens iniciam o processo de humanização, ao

conviverem com outras pessoas. O mundo cultural é, desta forma, um sistema de

significados já estabelecidos por outros, de modo que, ao nascer, a criança encontra um

mundo de valores dados, onde ela se situa. Assim, a língua que aprendemos, a maneira

de nos alimentar, o jeito de sentar, andar, correr, brincar, o tom da voz nas conversas, as

relações sociais, tudo enfim, se acha estabelecido em convenções.

MULTICULTURALISMO

Conceber a cultura como um extenso e contínuo processo de seleção e filtragem de

conhecimentos e experiências, não somente de um indivíduo, mas de um grupo social,

nos leva ao entendimento de que cada grupo identifica-se a determinada cultura, com

diferentes características. Por isso, de acordo com Machado (2002), a teoria sobre a

cultura tem sido progressivamente substituída pela idéia de culturas. E é nessa

complexidade de relações de significados que surge a perspectiva multicultural:

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O multiculturalismo desde sua origem aparece como princípio ético que tem orientado a ação de grupos culturalmente dominados, aos quais foi negado o direito de preservarem suas características culturais. Esta é, portanto, uma das condições que favoreceu a emergência de movimentos multiculturalistas. No inicío, esses expressavam, exclusivamente a reinvidicação de grupos étnicos. A partir da segunda metade de nosso século abarcam um universo cultural mais amplo. Contam com a aliança de outros grupos culturalmente dominados e, juntos, reagem por meio de suas organizações políticas, para serem reconhecidos e respeitados quanto aos seus direitos civis (GONÇALVES, 2002, p. 20).

Segundo McLaren (2001), o multiculturalismo originou-se na década de 60 como

produto do movimento de direitos civis. O multiculturalismo nasceu na confluência de

conflitos e de trocas entre diferentes grupos postos à margem da sociedade e aqueles

que se tinham por hegemônicos.

Enquanto em outros momentos culturais insistiu-se nas noções de igualdade, hoje, como

um dos traços característicos do pensamento contemporâneo, prevalecem as

características de multiplicidade, de diferença e pluralidade, bem como de rupturas.

Embora não se possa atribuir exclusivamente ao multiculturalismo a mudança de

paradigma, pode-se dizer, do ponto de vista conceitual, que ele embasa e prepara

movimentos de protesto contra os modelos de dominação cultural vigentes.

O multiculturalismo expressa uma dimensão cultural heterogênea, onde além da cultura

da classe dominante busca a riqueza e a valorização também da cultura dos grupos

minoritários representados por sujeitos históricos que sendo massacrados, resistem e

tentam fortemente afirmar sua identidade na nossa sociedade numa situação de

subordinação e exclusão ainda muito acentuadas.

Cada vez mais verificamos que a sociedade neoliberal luta fortemente pela manutenção

da homogeneidade difundindo a negação do direito à diferença sem a percepção de que

tratar igualmente desiguais pode, no entanto, agravar a desigualdade, em vez de reduzi-

la.

Abramowicz e Moll (2003) esclarece que a igualdade que todos nós desejamos só pode

ser atingida se forem mantidas e respeitadas as diferenças, pois a cidadania de alguns

não pode ser construída sobre a exclusão de muitos.

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McLaren (2000a), um dos grandes expoentes nas pesquisas acerca do multiculturalismo,

enumera quatro grandes tendências: multiculturalismo conservador, multiculturalismo

humanista liberal, multiculturalismo liberal de esquerda e multiculturalismo crítico.

O multiculturalismo conservador, segundo McLaren, defende o projeto de construir uma

cultura comum e, em nome dele, deslegitima dialetos, saberes, línguas, crenças, ‘valores

diferentes’, pertencentes aos grupos subordinados, considerados inferiores. Quer que

todos assimilem a ordem social dominante.

Uma segunda vertente é a denominada de multiculturalismo humanista liberal. Essa

vertente parte da afirmação da igualdade intelectual entre diferentes grupos sociais e

etnias, o que permite a todos competir na sociedade capitalista.

A terceira vertente denominada de multiculturalismo liberal de esquerda, coloca a

ênfase na diferença cultural e afirma que privilegiar a igualdade entre raças e etnias

pode abafar diferenças culturais importantes entre elas. A tendência é essencializar as

diferenças culturais e, portanto, ignorar a situacionalidade histórica e cultural da

diferença.

A quarta posição assinalada por McLaren (2000a) é a tendência na qual ele se situa e à

qual ele mesmo denomina de multiculturalimo crítico e, mais recentemente,

multiculturalismo revolucionário.

Esta perspectiva parte da afirmação de que o multiculturalismo tem de ser

contextualizado a partir de uma agenda política de transformação, sem a qual corre-se o

risco de se reduzir a uma outra forma de acomodação à ordem social vigente. Partindo

desse princípio, a cultura é compreendida como tensa, não como um estado de relações

culturais e políticas sempre harmonioso, suave e sem cicatrizes. O autor argumenta que:

A diversidade deve ser afirmada dentro de uma política de crítica e compromisso com a justiça social. Ele tem de estar atento à noção de ‘diferença’. Diferença é sempre um produto da história, cultura, poder e ideologia (MCLAREN, 2000a, p. 123).

É a partir das idéias fundamentadas nesta quarta vertente, que esta pesquisa buscará a

compreensão, ou seja, a clarificação das questões que se fizerem pertinentes no

desenvolvimento deste trabalho. O reconhecimento e a valorização da diversidade

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cultural são fatores que podem conduzir o indivíduo ou grupos de indivíduos a ter

orgulho do que possuem e não a sentirem-se inferiores porque são diferentes.

A globalização da economia mundial, caracterizada pela internacionalização das

economias locais e internacionais vem ocasionando um aumento na visibilidade das

diferenças nos modos de viver, nos costumes e nas crenças, tanto nas pequenas, quanto

nas grandes cidades e nações. Entretanto, é muito mais fácil chegarmos ao discurso

sobre a necessidade do respeito às diferenças, do que termos, de fato, uma prática

cotidiana de respeito aos seres humanos que consideramos diferentes.

Os indivíduos e grupos sociais que estão no poder, com acesso privilegiado aos bens

materiais, às manifestações culturais e à educação de qualidade, não concedem

gentilmente uma redistribuição dos recursos que concentram para si, e nessa direção, o

preconceito ao ‘diferente’ traduz a falta de flexibilidade entre os grupos, o preconceito

tende a absolutizar determinados valores que se transformam em fonte de negação da

alteridade.

Por acreditar nas inovações conceituais propostas pelo multiculturalismo crítico que

podem gerar a transformação social é que se busca uma visão onde a idéia é

desacomodar, ou seja, incentivar o abandono do “sempre foi e é assim mesmo” e

alcançar o objetivo que pode ser atingido utilizando como ponto de partida as

experiências sociais com as quais as pessoas se identificam por meio da diversidade

presente em seu cotidiano.

Assim, a diversidade humana coexiste em nossa sociedade brasileira e para que seja

respeitada devemos levar em consideração que a necessidade de reconhecimento é uma

das características próprias dos seres humanos.

“Seguindo esse raciocínio lançamos mão da música composta pelo sambista brasileiro

Ary Barroso, em 1942, ‘Isto aqui é o Brasil”. Assim canta o Brasil: “Isto aqui, oh, oh/ é

um pouquinho de Brasil, iá, iá/ este Brasil que canta e é feliz, feliz, feliz./ É também,

um pouco de uma raça/ que não tem medo de fumaça, ai, ai/ que não se entrega não.”

A letra desta canção remete-nos à reflexão sobre as lutas que são travadas por

brasileiros pertencentes a grupos culturais minoritários e que, ao não fazermos uma

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leitura crítica da mesma, corremos o risco de conceber as relações entre as diferentes

culturas presentes em nossa sociedade, de forma harmoniosa, negando os conflitos que

evidenciam essas lutas, ou seja, fazermos uma leitura da realidade numa postura linear e

não dialética. Será que esses grupos minoritários, de acordo com a canção, realmente

não se entregam não?

Os seres humanos são diferentes porque expressam diferentes identidades, ou seja,

formas diferenciadas de serem humanos com necessidades e concepções diferentes.

Neste sentido, vemos que o multiculturalismo crítico responde de forma satisafatória a

questão das diferentes identidades, pois, conforme a posição teórica de McLaren

(2000a) fica claro, que as diferenças são produzidas de acordo com a produção

ideológica e a recepção de signos culturais. Diferença não é “obviedade cultural”, em

vez disso, diferenças são construções históricas e culturais.

Ao considerarmos que os seres humanos dependem do reconhecimento que lhes é dado

estamos aceitando que a identidade do ser humano não é inata ou predeterminada. Isso

nos torna mais críticos e reflexivos sobre a maneira como estamos construindo nossa

identidade.

Uma sociedade democrática será constituída com base no desenvolvimento de

consciências críticas. É preciso desconstruir formas de privilégio que têm impedido

pessoas de falar em locais onde aqueles que são privilegiados assumem a autoridade e

as condições para a ação humana.

O que torna o multiculturalismo uma leitura necessária é o fato de que ao desnudar a

complexa teia de uma ideologia dominante ele nunca se deixa levar por uma forma de

fatalismo paralizante, mas busca o respeito, a tolerância e a solidariedade. Rejeita a

construção social que desumaniza o outro e ensina que, por meio da desumanização do

outro, desumanizamos a nós mesmos. As pessoas para serem iguais devem ser

diferentes. Por paradoxal que pareça ser, a igualdade se constrói com a diversidade. Este

pensamento Boaventura Santos (1999), explicita quando diz que “temos o direito de ser

iguais, sempre que as diferenças nos inferiorizam. Temos o direito a ser diferentes

sempre que a igualdade nos descaracteriza”. A visão da prática educativa, nessa ótica:

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Deixa de ser fragmentária e binária, para recuperar a diversidade na unidade e vice-versa, numa visão sistêmica, complexa, ecológica, do conhecimento. Assim, nosso conhecimento, para ser capaz de perceber o complexus – o tecido que junta o todo -, deve desconstruir estruturas de pensamentos mecanicistas (paradigmas que separam e absolutizam as partes) por estruturas de pensamentos complexos (paradigmas que articulam a separabilidade e inseparabilidade das partes) por meio de uma visão sistêmica a relação das partes com o todo e do todo com as partes) [...] (FLEURI, 2003, p. 75).

O multiculturalismo reconhece que cada povo e cada grupo social desenvolvem

historicamente uma identidade e uma cultura própria e considera que cada cultura é

válida em si mesma uma vez que corresponde às necessidades e às opções de uma

coletividade. Ao enfatizar a historicidade e o relativismo inerentes à construção de

identidades culturais, o multiculturalismo crítico permite pensar alternativas para as

minorias, uma vez que dá um passo à frente ao assumir que todas as representações são

os resultados de lutas sociais sobre significantes e seus significados. Para McLaren isto

sugere:

[...] que a resistência deve levar em consideração uma intervenção no conflito social com o objetivo de “fornecer acesso igualitário aos recursos sociais e transformar as relações sociais de poder dominantes que limitam esses acessos devido aos privilégios de classe, raça e gênero. [...] Os sistemas de diferenças existentes que organizam a vida social em padrões de dominação e subordinação devem ser reconstruídos (MACLAREN, 2000a, p. 133-134).

O respeito às culturas, porém, não é possível a não ser que não esteja encerrado em

nenhuma como sendo a “melhor”, a “verdadeira”, a “ideal” para todos Isso exige a

capacidade de um pensamento, ou seja, de uma concepção que esteja em acordo com a

perspectiva multi/intercultural, uma vez que, a partir da idéia de que o único

fundamento possível de um multiculturalismo reside no reconhecimento de uma

dimensão humana normativa que transcende às distinções e separações culturais, há que

se perceber a diversidade cultural como enriquecedora.

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INTERCULTURALISMO:A INTERAÇÃO ENTRE DIFERENTES GRUPOS

CULTURAIS COMO ENRIQUECIMENTO MÚTUO.

Com relação ao “interculturalismo” Sedano (1997 apud CANDAU, 2005), traz uma

importante contribuição ao esclarecer que o termo faz referência à inter-relação entre

diferentes culturas. Esclarece que este termo expressa a relação com a diferença, ao

enfatizar, pelo prefixo inter, o sentido de interação e troca, e não apenas de diversidade.

Segundo Fleuri (2000), para além da posição reducionista entre o monoculturalismo e o

multiculturalismo surge a perspectiva intercultural, que emerge num contexto de lutas

contra o processo crescente de exclusão social. Reconhece-se o sentido e a identidade

cultural de cada grupo social. Mas, ao mesmo tempo valoriza-se o potencial educativo

dos conflitos, buscando desenvolver a interação e a reciprocidade entre diferentes

grupos como fator de crescimento cultural e de enriquecimento mútuo.

A constituição do povo brasileiro resulta da interação e da miscigenação de diferentes

grupos étnicos. Essa idéia é sempre atribuída a um valor positivo, ou seja, a

miscigenação é entendida como aquilo que há de melhor no Brasil. No entanto, esse

mesmo discurso sobre a miscigenação, não garante uma democracia racial no país,

permitindo-nos, muitas vezes, compreender o Brasil como se fosse subdividido em

vários brasis. Então, esse Brasil que ao mesmo tempo é composto por esses múltiplos

povos: negros-brasis, italianos-brasis, alemães-brasis, japoneses-brasis, índios-brasis, é

o mesmo Brasil que ainda mantém uma única raça como a hegemônica e que ainda

engatinha no processo de verdadeiros encontros culturais.

Diante deste quadro que ignora os impactos positivos da difusão cultural, científica e

tecnológica e que isola algumas culturas dificultando-lhes o acesso a bens inestimáveis

e às vantagens do convívio intercultural, o que vivenciamos dia-a-dia é um forte

sentimento de exclusão.

A perspectiva multicultural reconhece as diferenças étnicas e culturais entre grupos que

coabitam no mesmo contexto. Todavia, faz-se necessária a distinção entre os termos

diversidade cultural e diferença cultural, a fim de que possamos justificar nossa opção

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pelo multi/interculturlismo. Fleuri contribui significativamente com relação à definição

destes termos:

A diversidade cultural refere-se ao conhecimento da pluralidade de culturas presente em sociedades complexas. Ou, seja, admite e ressalta a multiplicidade de práticas, valores, costumes, significados. Esses significados plurais, entretanto, por vezes têm sido entendidos, em sua diversidade, como pré-dados, desde sempre existentes, concebidos, assim, como naturais, inerentes, essenciais, intocados pelas inter-relações. Tal concepção de diversidade cultural apresenta uma tendência à folclorização dos costumes e tradições, considerando a miscigenação, o sincretismo, como uma fatalidade a ser, tanto quanto possível, evitada, ou ao menos postergada. Já o conceito de diferença cultural, captura o processo mesmo de constituição e hierarquização desses significados múltiplos. As diferenças culturais, nesse sentido, não são entendidas como dados ou evidências, que se manifestam naturalmente como antagonismos, mas como construções histórico-culturais, que decorrem de relações de poder, nas quais os diferentes grupos sociais, particularmente os subalternos, podem redescobrir o valor positivo de suas culturas e experiências específicas – ressignificando-as (FLEURI, 2003, p. 92- 93).

Podemos concluir, de acordo com o autor, que se passa da perspectiva multicultural (diversidade), para a intercultural (diferença), quando se constrói um projeto intencional para promover a relação entre pessoas de culturas diferentes. Assim, ao entendermos as diferenças culturais, não como dadas, mas como relações de força que estão sendo permanentemente constituídas e/ou reinstituídas, cria-se o espaço, o entrelugar, em que os preconceitos e os estereótipos podem ser desfeitos e/ou ressignificados por meio de um projeto intencional.

SOCIEDADE MULTICULTURAL: A RELEVÂNCIA DE UM PROJETO

EDUCATIVO NA PERSPECTIVA MULTI/INTERCULTURAL

Na contemporaneidade, as sociedades são complexas, apresentando uma multiplicidade

de culturas em seu interior.Essa multiplicidade de culturas evidencia a necessidade,

cada vez mais urgente, de se promover uma educação que ultrapasse o etnocentrismo

cultural. Em nosso país, os Parâmetros Curriculares Nacionais recomendam o

atendimento às necessidades singulares dos alunos:

[...] a educação escolar deve considerar a diversidade dos alunos como elemento essencial a ser tratado para a melhoria da qualidade de ensino aprendizagem. [...] A escola, ao considerar a diversidade, tem como valor máximo o respeito às diferenças – não o elogio à desigualdade. As diferenças não são obstáculos para o cumprimento

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da ação educativa; podem e devem, portanto ser fator de enriquecimento (BRASIL, 1997, p. 96-97).

Porém, contraditoriamente, as políticas educativas estão fundadas no entendimento de

que existe uma identidade nacional, construída a partir da idéia de um Estado-Nação.

Daí, o caráter monocultural da educação universalista que prevalece nos currículos

escolares, e que pressupõe que todos compartilhem igualmente de uma mesma cultura.

[...] o problema é que deixa de ver que a suposta ‘cultura nacional comum’ confunde-se com a cultura dominante. Aquilo que unifica não é o resultado de um processo de reunião das diversas culturas que constituem uma nação, mas de uma luta em que regras precisas de inclusão e exclusão acabaram por selecionar e nomear, uma cultura específica, particular, como ‘a cultura nacional comum’(SILVA, 2007, p. 89).

No cotidiano de nossas escolas, o que realmente se vê, é muito mais uma invasão

cultural, onde não há respeito à diversidade cultural ali presente. E, neste sentido, Paulo

Freire contribui com um significativo esclarecimento quanto ao termo “invasão

cultural”

[...] a invasão cultural é a penetração que fazem os invasores no contexto cultural dos indivíduos, impondo a estes sua visão de mundo, enquanto lhes freiam a criatividade, ao inibirem sua expansão (FREIRE, 1978, p. 178)

Essa atitude explicita a degeneração progressiva e desrespeitadora de uma cultura e de

suas riquezas. Esse processo remete a uma idéia de luta e de poder. A escolarização tem

uma função reforçadora do status quo, e neste sentido, Gimeno Sacristán (1997, p. 97),

acrescenta:

A cultura dominante nas salas de aula é a que corresponde à visão de determinados grupos sociais; nos conteúdos escolares e nos textos aparecem poucas vezes a cultura popular, as subculturas dos jovens, as contribuições das mulheres à sociedade, as formas de vida rurais e dos povos desfavorecidos (exceto como elementos de exotismo), o problema da fome, do desemprego ou maus tratos, o racismo e a xenofobia, as conseqüências do consumismo e muitos outros temas-problema que parecem ‘incômodos’. Consciente e inconscientemente produz um primeiro velamento que afeta os conflitos sociais que nos rodeiam cotidianamente.

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Portanto, a cultura escolar, apesar de seus esforços para atender seus alunos segundo

suas necessidades sociais e de origem, apresenta-se, predominantemente, monocultural.

O currículo escolar é uma construção e uma decisão política; o embate ideológico

implícito no currículo resultará nas narrativas que formarão, para os alunos,

representações acerca do mundo. É de acordo com essas narrativas sociais que os alunos

atribuirão significados, ou seja, a aquisição de conhecimentos é mediada pelos discursos

e os discursos não são neutros.

Percebemos que a escola atua na elaboração da identidade individual, pois todas as

questões referentes à compreensão da educação e à elaboração do currículo escolar

passam pela subjetividade individual de quem a elabora, de quem a pratica e das

experiências pessoais de quem as absorverá.

Se a exclusão social e escolar é um dos maiores problemas da educação formal, impõe-

se então, romper com o modelo educativo atual, orientado por um currículo

monocultural voltado para a igualdade – afinal, não é possível compactuar com um

currículo escolar que ignora a diversidade cultural e se pauta nos preceitos da

homogeneidade.

Uma perspectiva crítica de currículo buscaria lidar com a questão da diferença como uma questão histórica e política. Não se trata simplesmente de celebrar a diferença e a diversidade, mas de questioná-las. Quais são os mecanismos de construção das identidades nacionais, raciais, étnicas? Como a construção da identidade e da diferença está vinculada a relações de poder? Como a identidade dominante tornou-se a referência invisível através da qual se constroem as outras identidades como subordinadas? Quais são os mecanismos institucionais responsáveis pela manutenção da posição subordinada de certos grupos étnicos e raciais? Um currículo centrado em torno deste tipo de questões evitaria reduzir o multiculturalismo a uma questão de informação. Um currículo multiculturalista desse tipo deixaria de ser folclórico para se tornar profundamente político (SILVA, 2007, p. 104).

O currículo precisa ser considerado em seus determinantes sociais e históricos. Ou seja,

o currículo não é neutro, transcendente, atemporal, mas nele expressam-se relações de

poder, visões sociais, momento histórico. É necessário desnaturalizar, historicizar o

currículo e desenvolver um pensamento crítico e reflexivo.

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A perspectiva intercultural pretende construir um projeto educativo capaz de

compreender a complexidade das interações humanas, superar preconceitos e exclusão

sociocultural e criar condições para que haja crescimento de todos os indivíduos e seus

respectivos grupos, promovendo mudanças profundas na educação: currículo,

metodologias, técnicas, instrumentos pedagógicos, formação de professores, quadros

administrativos, etc.

Para pôr em prática os preceitos da educação intercultural, o professor precisará acolher

as diversas culturas que se expressam nas instituições escolares, precisará acolher as

histórias de vidas, as crenças, os valores e a experiência dos alunos e aprender a lidar

com as diferenças e os conflitos.

As diferentes culturas possuem linguagens, valores, símbolos e estilos de comportamentos diferentes, que têm que ser compreendidos na sua originalidade. As relações entre as culturas não podem ser analisadas numa perspectiva hierarquizadora. [...] o que precisa ser mudado não é a cultura do aluno, mas a cultura da escola, que é construída com base em um único modelo cultural, o hegemônico, apresentando um caráter monocultural (CANDAU, 2005, p. 25-26).

Para Candau (2003), esse é um grande desafio para os dias atuais. A autora afirma que

para a promoção de uma educação intercultural na perspectiva crítica e emancipatória é

uma questão complexa, que exige problematizações acerca de nossas práticas

educativas atuais. A organização da instituição escolar não a coloca como a redentora da

problemática, porém:

Toda educação é sempre educação de alguém por alguém, ela supõe sempre também, necessariamente, a comunicação, a transmissão, a aquisição de alguma coisa: conhecimentos, competências, crenças, hábitos, valores, que constituem o que se chama precisamente de ‘conteúdo’ da educação (FORQUIN, 1993, p. 10).

Os professores estão presentes na escola, todos os dias, por anos e anos consecutivos,

circulando e mediando as relações entre as pessoas, múltiplos padrões culturais. O que

poderia nos impedir de experimentar o sentimento de fazer a articulação desses saberes,

recuperando para nós mesmos, a emoção prazerosa e poética da aventura de sermos

humanos?

Tal olhar nos coloca assim, face a face com o estranho, com a diferença, com o desconhecido, que não pode ser reconhecido nem

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apropriado, mas apenas conhecido na sua especificidade diferenciadora. Não se trata de reduzir o outro ao que pensamos ou queremos dele. Não se trata de assimilá-lo a nós mesmos, excluindo sua diferença. Trata-se de abrir o olhar ao estranhamento, ao deslocamento do conhecido para o desconhecido, que não é só o outro sujeito com quem interagimos socialmente, mas também o outro que habita em nós mesmos (FLEURI, 2003, p. 68-69)

A perspectiva multi/intercultural na educação, portanto, pretende focalizar as

construções relativamente à diversidade/diferença, sem negar suas contribuições, pois

essas poderiam ser as linhas gerais de um currículo e de uma pedagogia da diferença, de

uma pedagogia que questionasse não apenas a identidade, mas também ao poder ao qual

ela está estritamente associada, um currículo e uma pedagogia da multiplicidade, pois

em certo sentido, educar significa introduzir a cunha da diferença em um mundo que

sem ela, o educando se limilitaria a reproduzir o mesmo, o idêntico e é nessa

possibilidade de abertura para um outro mundo que podemos pensar na pedagogia como

diferença.

.A educação escolar pode e deve contribuir de forma significativa com o surgimento de

uma nova ordem social; mas para isso, é necessário que tenha clareza de seu real papel

como instituição educativa no contexto social.

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