O TRABALHO PEDAGÓGICO NA PERSPECTIVA … · Porque não está preso a um tempo reduzido a um hoje...
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Universidade Estadual de Maringá 24 a26 de setembro de 2008
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O TRABALHO PEDAGÓGICO NA PERSPECTIVA
MULTI/INTERCULTURAL: ALGUNS PONTOS PARA REFLEXÃO
GASPARIN, João Luiz VICENTINI, Dalva Linda
INTRODUÇÃO
A multiplicidade de culturas existentes na sociedade contemporânea evidencia a
necessidade cada vez mais urgente de promover uma educação que ultrapasse o
etnocentrismo.
A cultura escolar está impregnada pela perspectiva do comum, do aluno padrão, do ‘aqui todos são iguais’. No entanto, as escolas estão cada vez mais desafiadas a enfrentar os problemas decorrentes das diferenças e da pluralidade cultural, étnica, social, religiosa, etc, dos seus sujeitos e atores (CANDAU et al., 2000a, p. 14).
A instituição escolar parece encontrar dificuldades em reconhecer que grande parte de
seus alunos não se enquadram nos parâmetros determinados por uma concepção
universalista de cultura. As incipientes políticas públicas educacionais neste setor
demonstram, na prática, a urgência na implementação de uma educação escolar voltada
para a diversidade cultural.
Neste sentido, percebemos a necessidade de superação do caráter monocultural da
educação escolar em direção ao multi/interculturalismo, pois não havendo esta
superação, prevalece, nos currículos escolares, o pressuposto de que todos
compartilham igualmente de uma mesma cultura, ignorando ou calando as diferenças
culturais e reforçando as desigualdades sociais. O multi/interculturalismo é uma
dimensão fundamental no processo de ensino e aprendizagem.
Diante da possibilidade de romper com um paradigma de educação que exclui,
corrompe identidades e ignora diferenças e, visando a organização de um currículo que
incorpore os múltiplos modelos culturais trazidos à escola pelos seus alunos, é que urge
necessidade da organização pedagógica numa perspectiva multi/intercultural.
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Este trabalho faz opção pela perspectiva multi/intercultural, por um olhar para além da
oposição reducionista entre o multiculturalismo e o interculturalismo. Uma vez que a
nossa sociedade brasileira apresenta um cenário que contempla uma grande diversidade
cultural faz-se necessário compreender esse processo de interação entre essas culturas.
IDENTIDADES CULTURAIS: ALGUNS PONTOS PARA REFLEXÃO
A questão da identidade vem sendo extensamente discutida nos dias atuais. Em
essência, o argumento para as discussões é que as velhas identidades, que por muito
tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio fazendo surgir novas identidades
e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado. Há uma
mudança estrutural visível que está transformando as sociedades modernas e isso
modifica as paisagens culturais de gênero, classe, sexualidade, etnia e nacionalidade.
Esse processo produz o sujeito pós-moderno, conceitualizando-o como não tendo uma
identidade fixa, essencial ou permanente. A identidade torna-se uma “celebração
móvel”, formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos
representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam. A identidade é:
Definida historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Se sentimos que temos uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora “narrativa do eu”. A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente (HALL, 2006, p. 13).
O resultado disso é o homem descentrado, resultando nas identidades abertas,
contraditórias, inacabadas, fragmentadas do sujeito pós-moderno que integrado num
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contexto social de globalização enfrenta os riscos paradoxais do etnocentrismo: esse é
um dos maiores desafios dos dias atuais.
O surgimento da noção de cultura demosntra-nos que o outro passou a ser visto como o
representante vivo de uma evolução cultural, e, enquanto tal, a religião tradicional
precederia a ciência moderna.
No século XX, a noção de cultura, fundamentada na idéia de diversidade cultural,
rompe com a noção de evolução cultural. A idéia de diferença é transformada em
relatividade. Assim, a própria idéia de cultura é relativa.
No senso comum, o homem “culto” seria aquele que tem instrução por meio do acesso à
produção intelectual da civilização a que pertence. Essa é uma forma de pensamento
resultante de uma estrutura social organizada hierarquicamente, que separa o trabalho
humano em atividades intelectuais e manuais, valorizando as primeiras em detrimento
das últimas.
No decorrer da história Ocidental, esse sentido se perde até que, no século XVIII, a
palavra cultura ressurge, relacionada a outro conceito, o de civilização. Durante o século
XVIII, a cultura é o padrão ou o critério que com se mede o grau de civilização de uma
sociedade. Assim, a cultura passa a ser vista como um conjunto de práticas como artes,
ciências, técnicas, filosofia e ofícios que permitem avaliar e hierarquizar as sociedades,
segundo um critério de evolução. A cultura européia capitalista foi, assim, colocada
como o ponto final necessário para o desenvolvimento de toda cultura ou de toda
civilização e, para ajudar os primitivos a sair de seu estado de “atraso” essa cultura
justificou os colonianismos.
Somente na segunda metade do século XX abandona-se essa perspectiva e a cultura
passa a ser vista como singularidade, como uma individualidade própria, dotada de uma
estrutura específica. A partir desse momento, o termo cultura ganha uma abrangência
que não possuía antes, passando a significar o campo das formas simbólicas.
Na cultura e por ela os humanos atribuem à realidade significações novas por meio das
quais são capazes de se relacionar com o ausente. Isso se de dá por meio da linguagem,
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do trabalho, da percepção do que é possível e do que é impossível, do permitido e do
proibido, do visível e do invisível, do sagrado e do profano.
Para Chauí (2006, p.113), “cultura é, pois, a maneira pela qual os humanos se
humanizam e, pelo trabalho, desnaturalizam a natureza por meio de práticas que criam a
existência social, econômica, política, social, religiosa, intelectual e artística. Assim,
para Forquin,
A cultura é considerada como o conjunto dos traços característicos do modo de vida de uma sociedade , de uma comunidade ou de um grupo, aí compreendidos os aspectos que se podem considerar como os mais cotidianos, os mais triviais ou os mais ‘inconfessáveis’ (FORQUIN, 1993, p.11).
Dessa forma, este trabalho pretende usar a palavra cultura como o resultado de tudo que
o homem produz para construir sua existência no sentido material ou espiritual, seja
pensamento ou ação.
A educação é, portanto, fundamental para a socialização do homem e sua humanização.
Trata-se de um processo que dura toda a vida e não se restringe à mera continuidade da
tradição, pois supõe a possibilidades de rupturas, pelas quais a cultura se renova e o
homem faz a história.
O animal vive em harmonia com a natureza, isto significa que sua atividade é
determinada por condições biológicas que lhe permitem adaptar-se ao meio em que
vive, por isso, o comportamento de cada espécie animal é sempre idêntico, os atos dos
animais não possuem história.
Totalmente diversa é a ação do homem sobre a natureza e sobre si mesmo. Ao
reproduzir técnicas usadas por outros homens e inventar outras novas, a ação humana
torna-se fonte de idéias. O homem torna-se capaz de lembrar a ação feita no passado e
projetar a ação futura, o que é possível pelo fato de representar o mundo por meio do
pensamento, expressando-o pela linguagem.
Enquanto o animal permanece inserido na natureza, o homem é capaz de transformá-la,
tornando assim, possível a cultura.
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O homem existe – existere – no tempo. Está dentro. Está fora. Herda. Incorpora. Modifica. Porque não está preso a um tempo reduzido a um hoje permanente que o esmaga, emerge dele. Banha-se nele. Temporaliza-se. Na medida porém, em que faz essa imersão do tempo, libertando-se de sua unidimensionalidade, discernindo-a, suas relações com o mundo se impregnam de um sentido conseqüente. Na verdade já é quase um lugar comum afirmar-se que a posição normal do homem no mundo, visto como não está apenas nele mas com ele, não se esgota em mera passividade. Não se reduzindo tão somente a uma das dimensões de que participa – a natural e a cultural – da primeira, pelo seu aspecto biológico, da segunda, pelo seu poder criador, o homem pode ser eminentemente interferidor. Sua ingerência senão quando distorcida e acidentalmente, não lhe permite ser um simples expectador, a quem não fosse lícito interferir sobre a realidade para modificá-la. Herdando a experiência adquirida, criando e recriando, integrando-se às condições de seu contexto, respondendo a seus desafios, objetivando-se a si próprio, discernindo, transcendendo, lança-se o homem num domínio que lhe é exclusivo – o da história e o da cultura (FREIRE, 2005, p. 49).
A partir das relações do homem com a realidade, pelos atos de criação, recriação e
decisão, ele vai dinamizando seu mundo, vai dominando a realidade, vai humanizando-
a, vai lhe acrescentando algo como “o fazedor”, vai temporalizando os espaços
geográficos e faz cultura. Os homens iniciam o processo de humanização, ao
conviverem com outras pessoas. O mundo cultural é, desta forma, um sistema de
significados já estabelecidos por outros, de modo que, ao nascer, a criança encontra um
mundo de valores dados, onde ela se situa. Assim, a língua que aprendemos, a maneira
de nos alimentar, o jeito de sentar, andar, correr, brincar, o tom da voz nas conversas, as
relações sociais, tudo enfim, se acha estabelecido em convenções.
MULTICULTURALISMO
Conceber a cultura como um extenso e contínuo processo de seleção e filtragem de
conhecimentos e experiências, não somente de um indivíduo, mas de um grupo social,
nos leva ao entendimento de que cada grupo identifica-se a determinada cultura, com
diferentes características. Por isso, de acordo com Machado (2002), a teoria sobre a
cultura tem sido progressivamente substituída pela idéia de culturas. E é nessa
complexidade de relações de significados que surge a perspectiva multicultural:
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O multiculturalismo desde sua origem aparece como princípio ético que tem orientado a ação de grupos culturalmente dominados, aos quais foi negado o direito de preservarem suas características culturais. Esta é, portanto, uma das condições que favoreceu a emergência de movimentos multiculturalistas. No inicío, esses expressavam, exclusivamente a reinvidicação de grupos étnicos. A partir da segunda metade de nosso século abarcam um universo cultural mais amplo. Contam com a aliança de outros grupos culturalmente dominados e, juntos, reagem por meio de suas organizações políticas, para serem reconhecidos e respeitados quanto aos seus direitos civis (GONÇALVES, 2002, p. 20).
Segundo McLaren (2001), o multiculturalismo originou-se na década de 60 como
produto do movimento de direitos civis. O multiculturalismo nasceu na confluência de
conflitos e de trocas entre diferentes grupos postos à margem da sociedade e aqueles
que se tinham por hegemônicos.
Enquanto em outros momentos culturais insistiu-se nas noções de igualdade, hoje, como
um dos traços característicos do pensamento contemporâneo, prevalecem as
características de multiplicidade, de diferença e pluralidade, bem como de rupturas.
Embora não se possa atribuir exclusivamente ao multiculturalismo a mudança de
paradigma, pode-se dizer, do ponto de vista conceitual, que ele embasa e prepara
movimentos de protesto contra os modelos de dominação cultural vigentes.
O multiculturalismo expressa uma dimensão cultural heterogênea, onde além da cultura
da classe dominante busca a riqueza e a valorização também da cultura dos grupos
minoritários representados por sujeitos históricos que sendo massacrados, resistem e
tentam fortemente afirmar sua identidade na nossa sociedade numa situação de
subordinação e exclusão ainda muito acentuadas.
Cada vez mais verificamos que a sociedade neoliberal luta fortemente pela manutenção
da homogeneidade difundindo a negação do direito à diferença sem a percepção de que
tratar igualmente desiguais pode, no entanto, agravar a desigualdade, em vez de reduzi-
la.
Abramowicz e Moll (2003) esclarece que a igualdade que todos nós desejamos só pode
ser atingida se forem mantidas e respeitadas as diferenças, pois a cidadania de alguns
não pode ser construída sobre a exclusão de muitos.
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McLaren (2000a), um dos grandes expoentes nas pesquisas acerca do multiculturalismo,
enumera quatro grandes tendências: multiculturalismo conservador, multiculturalismo
humanista liberal, multiculturalismo liberal de esquerda e multiculturalismo crítico.
O multiculturalismo conservador, segundo McLaren, defende o projeto de construir uma
cultura comum e, em nome dele, deslegitima dialetos, saberes, línguas, crenças, ‘valores
diferentes’, pertencentes aos grupos subordinados, considerados inferiores. Quer que
todos assimilem a ordem social dominante.
Uma segunda vertente é a denominada de multiculturalismo humanista liberal. Essa
vertente parte da afirmação da igualdade intelectual entre diferentes grupos sociais e
etnias, o que permite a todos competir na sociedade capitalista.
A terceira vertente denominada de multiculturalismo liberal de esquerda, coloca a
ênfase na diferença cultural e afirma que privilegiar a igualdade entre raças e etnias
pode abafar diferenças culturais importantes entre elas. A tendência é essencializar as
diferenças culturais e, portanto, ignorar a situacionalidade histórica e cultural da
diferença.
A quarta posição assinalada por McLaren (2000a) é a tendência na qual ele se situa e à
qual ele mesmo denomina de multiculturalimo crítico e, mais recentemente,
multiculturalismo revolucionário.
Esta perspectiva parte da afirmação de que o multiculturalismo tem de ser
contextualizado a partir de uma agenda política de transformação, sem a qual corre-se o
risco de se reduzir a uma outra forma de acomodação à ordem social vigente. Partindo
desse princípio, a cultura é compreendida como tensa, não como um estado de relações
culturais e políticas sempre harmonioso, suave e sem cicatrizes. O autor argumenta que:
A diversidade deve ser afirmada dentro de uma política de crítica e compromisso com a justiça social. Ele tem de estar atento à noção de ‘diferença’. Diferença é sempre um produto da história, cultura, poder e ideologia (MCLAREN, 2000a, p. 123).
É a partir das idéias fundamentadas nesta quarta vertente, que esta pesquisa buscará a
compreensão, ou seja, a clarificação das questões que se fizerem pertinentes no
desenvolvimento deste trabalho. O reconhecimento e a valorização da diversidade
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cultural são fatores que podem conduzir o indivíduo ou grupos de indivíduos a ter
orgulho do que possuem e não a sentirem-se inferiores porque são diferentes.
A globalização da economia mundial, caracterizada pela internacionalização das
economias locais e internacionais vem ocasionando um aumento na visibilidade das
diferenças nos modos de viver, nos costumes e nas crenças, tanto nas pequenas, quanto
nas grandes cidades e nações. Entretanto, é muito mais fácil chegarmos ao discurso
sobre a necessidade do respeito às diferenças, do que termos, de fato, uma prática
cotidiana de respeito aos seres humanos que consideramos diferentes.
Os indivíduos e grupos sociais que estão no poder, com acesso privilegiado aos bens
materiais, às manifestações culturais e à educação de qualidade, não concedem
gentilmente uma redistribuição dos recursos que concentram para si, e nessa direção, o
preconceito ao ‘diferente’ traduz a falta de flexibilidade entre os grupos, o preconceito
tende a absolutizar determinados valores que se transformam em fonte de negação da
alteridade.
Por acreditar nas inovações conceituais propostas pelo multiculturalismo crítico que
podem gerar a transformação social é que se busca uma visão onde a idéia é
desacomodar, ou seja, incentivar o abandono do “sempre foi e é assim mesmo” e
alcançar o objetivo que pode ser atingido utilizando como ponto de partida as
experiências sociais com as quais as pessoas se identificam por meio da diversidade
presente em seu cotidiano.
Assim, a diversidade humana coexiste em nossa sociedade brasileira e para que seja
respeitada devemos levar em consideração que a necessidade de reconhecimento é uma
das características próprias dos seres humanos.
“Seguindo esse raciocínio lançamos mão da música composta pelo sambista brasileiro
Ary Barroso, em 1942, ‘Isto aqui é o Brasil”. Assim canta o Brasil: “Isto aqui, oh, oh/ é
um pouquinho de Brasil, iá, iá/ este Brasil que canta e é feliz, feliz, feliz./ É também,
um pouco de uma raça/ que não tem medo de fumaça, ai, ai/ que não se entrega não.”
A letra desta canção remete-nos à reflexão sobre as lutas que são travadas por
brasileiros pertencentes a grupos culturais minoritários e que, ao não fazermos uma
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leitura crítica da mesma, corremos o risco de conceber as relações entre as diferentes
culturas presentes em nossa sociedade, de forma harmoniosa, negando os conflitos que
evidenciam essas lutas, ou seja, fazermos uma leitura da realidade numa postura linear e
não dialética. Será que esses grupos minoritários, de acordo com a canção, realmente
não se entregam não?
Os seres humanos são diferentes porque expressam diferentes identidades, ou seja,
formas diferenciadas de serem humanos com necessidades e concepções diferentes.
Neste sentido, vemos que o multiculturalismo crítico responde de forma satisafatória a
questão das diferentes identidades, pois, conforme a posição teórica de McLaren
(2000a) fica claro, que as diferenças são produzidas de acordo com a produção
ideológica e a recepção de signos culturais. Diferença não é “obviedade cultural”, em
vez disso, diferenças são construções históricas e culturais.
Ao considerarmos que os seres humanos dependem do reconhecimento que lhes é dado
estamos aceitando que a identidade do ser humano não é inata ou predeterminada. Isso
nos torna mais críticos e reflexivos sobre a maneira como estamos construindo nossa
identidade.
Uma sociedade democrática será constituída com base no desenvolvimento de
consciências críticas. É preciso desconstruir formas de privilégio que têm impedido
pessoas de falar em locais onde aqueles que são privilegiados assumem a autoridade e
as condições para a ação humana.
O que torna o multiculturalismo uma leitura necessária é o fato de que ao desnudar a
complexa teia de uma ideologia dominante ele nunca se deixa levar por uma forma de
fatalismo paralizante, mas busca o respeito, a tolerância e a solidariedade. Rejeita a
construção social que desumaniza o outro e ensina que, por meio da desumanização do
outro, desumanizamos a nós mesmos. As pessoas para serem iguais devem ser
diferentes. Por paradoxal que pareça ser, a igualdade se constrói com a diversidade. Este
pensamento Boaventura Santos (1999), explicita quando diz que “temos o direito de ser
iguais, sempre que as diferenças nos inferiorizam. Temos o direito a ser diferentes
sempre que a igualdade nos descaracteriza”. A visão da prática educativa, nessa ótica:
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Deixa de ser fragmentária e binária, para recuperar a diversidade na unidade e vice-versa, numa visão sistêmica, complexa, ecológica, do conhecimento. Assim, nosso conhecimento, para ser capaz de perceber o complexus – o tecido que junta o todo -, deve desconstruir estruturas de pensamentos mecanicistas (paradigmas que separam e absolutizam as partes) por estruturas de pensamentos complexos (paradigmas que articulam a separabilidade e inseparabilidade das partes) por meio de uma visão sistêmica a relação das partes com o todo e do todo com as partes) [...] (FLEURI, 2003, p. 75).
O multiculturalismo reconhece que cada povo e cada grupo social desenvolvem
historicamente uma identidade e uma cultura própria e considera que cada cultura é
válida em si mesma uma vez que corresponde às necessidades e às opções de uma
coletividade. Ao enfatizar a historicidade e o relativismo inerentes à construção de
identidades culturais, o multiculturalismo crítico permite pensar alternativas para as
minorias, uma vez que dá um passo à frente ao assumir que todas as representações são
os resultados de lutas sociais sobre significantes e seus significados. Para McLaren isto
sugere:
[...] que a resistência deve levar em consideração uma intervenção no conflito social com o objetivo de “fornecer acesso igualitário aos recursos sociais e transformar as relações sociais de poder dominantes que limitam esses acessos devido aos privilégios de classe, raça e gênero. [...] Os sistemas de diferenças existentes que organizam a vida social em padrões de dominação e subordinação devem ser reconstruídos (MACLAREN, 2000a, p. 133-134).
O respeito às culturas, porém, não é possível a não ser que não esteja encerrado em
nenhuma como sendo a “melhor”, a “verdadeira”, a “ideal” para todos Isso exige a
capacidade de um pensamento, ou seja, de uma concepção que esteja em acordo com a
perspectiva multi/intercultural, uma vez que, a partir da idéia de que o único
fundamento possível de um multiculturalismo reside no reconhecimento de uma
dimensão humana normativa que transcende às distinções e separações culturais, há que
se perceber a diversidade cultural como enriquecedora.
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INTERCULTURALISMO:A INTERAÇÃO ENTRE DIFERENTES GRUPOS
CULTURAIS COMO ENRIQUECIMENTO MÚTUO.
Com relação ao “interculturalismo” Sedano (1997 apud CANDAU, 2005), traz uma
importante contribuição ao esclarecer que o termo faz referência à inter-relação entre
diferentes culturas. Esclarece que este termo expressa a relação com a diferença, ao
enfatizar, pelo prefixo inter, o sentido de interação e troca, e não apenas de diversidade.
Segundo Fleuri (2000), para além da posição reducionista entre o monoculturalismo e o
multiculturalismo surge a perspectiva intercultural, que emerge num contexto de lutas
contra o processo crescente de exclusão social. Reconhece-se o sentido e a identidade
cultural de cada grupo social. Mas, ao mesmo tempo valoriza-se o potencial educativo
dos conflitos, buscando desenvolver a interação e a reciprocidade entre diferentes
grupos como fator de crescimento cultural e de enriquecimento mútuo.
A constituição do povo brasileiro resulta da interação e da miscigenação de diferentes
grupos étnicos. Essa idéia é sempre atribuída a um valor positivo, ou seja, a
miscigenação é entendida como aquilo que há de melhor no Brasil. No entanto, esse
mesmo discurso sobre a miscigenação, não garante uma democracia racial no país,
permitindo-nos, muitas vezes, compreender o Brasil como se fosse subdividido em
vários brasis. Então, esse Brasil que ao mesmo tempo é composto por esses múltiplos
povos: negros-brasis, italianos-brasis, alemães-brasis, japoneses-brasis, índios-brasis, é
o mesmo Brasil que ainda mantém uma única raça como a hegemônica e que ainda
engatinha no processo de verdadeiros encontros culturais.
Diante deste quadro que ignora os impactos positivos da difusão cultural, científica e
tecnológica e que isola algumas culturas dificultando-lhes o acesso a bens inestimáveis
e às vantagens do convívio intercultural, o que vivenciamos dia-a-dia é um forte
sentimento de exclusão.
A perspectiva multicultural reconhece as diferenças étnicas e culturais entre grupos que
coabitam no mesmo contexto. Todavia, faz-se necessária a distinção entre os termos
diversidade cultural e diferença cultural, a fim de que possamos justificar nossa opção
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pelo multi/interculturlismo. Fleuri contribui significativamente com relação à definição
destes termos:
A diversidade cultural refere-se ao conhecimento da pluralidade de culturas presente em sociedades complexas. Ou, seja, admite e ressalta a multiplicidade de práticas, valores, costumes, significados. Esses significados plurais, entretanto, por vezes têm sido entendidos, em sua diversidade, como pré-dados, desde sempre existentes, concebidos, assim, como naturais, inerentes, essenciais, intocados pelas inter-relações. Tal concepção de diversidade cultural apresenta uma tendência à folclorização dos costumes e tradições, considerando a miscigenação, o sincretismo, como uma fatalidade a ser, tanto quanto possível, evitada, ou ao menos postergada. Já o conceito de diferença cultural, captura o processo mesmo de constituição e hierarquização desses significados múltiplos. As diferenças culturais, nesse sentido, não são entendidas como dados ou evidências, que se manifestam naturalmente como antagonismos, mas como construções histórico-culturais, que decorrem de relações de poder, nas quais os diferentes grupos sociais, particularmente os subalternos, podem redescobrir o valor positivo de suas culturas e experiências específicas – ressignificando-as (FLEURI, 2003, p. 92- 93).
Podemos concluir, de acordo com o autor, que se passa da perspectiva multicultural (diversidade), para a intercultural (diferença), quando se constrói um projeto intencional para promover a relação entre pessoas de culturas diferentes. Assim, ao entendermos as diferenças culturais, não como dadas, mas como relações de força que estão sendo permanentemente constituídas e/ou reinstituídas, cria-se o espaço, o entrelugar, em que os preconceitos e os estereótipos podem ser desfeitos e/ou ressignificados por meio de um projeto intencional.
SOCIEDADE MULTICULTURAL: A RELEVÂNCIA DE UM PROJETO
EDUCATIVO NA PERSPECTIVA MULTI/INTERCULTURAL
Na contemporaneidade, as sociedades são complexas, apresentando uma multiplicidade
de culturas em seu interior.Essa multiplicidade de culturas evidencia a necessidade,
cada vez mais urgente, de se promover uma educação que ultrapasse o etnocentrismo
cultural. Em nosso país, os Parâmetros Curriculares Nacionais recomendam o
atendimento às necessidades singulares dos alunos:
[...] a educação escolar deve considerar a diversidade dos alunos como elemento essencial a ser tratado para a melhoria da qualidade de ensino aprendizagem. [...] A escola, ao considerar a diversidade, tem como valor máximo o respeito às diferenças – não o elogio à desigualdade. As diferenças não são obstáculos para o cumprimento
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da ação educativa; podem e devem, portanto ser fator de enriquecimento (BRASIL, 1997, p. 96-97).
Porém, contraditoriamente, as políticas educativas estão fundadas no entendimento de
que existe uma identidade nacional, construída a partir da idéia de um Estado-Nação.
Daí, o caráter monocultural da educação universalista que prevalece nos currículos
escolares, e que pressupõe que todos compartilhem igualmente de uma mesma cultura.
[...] o problema é que deixa de ver que a suposta ‘cultura nacional comum’ confunde-se com a cultura dominante. Aquilo que unifica não é o resultado de um processo de reunião das diversas culturas que constituem uma nação, mas de uma luta em que regras precisas de inclusão e exclusão acabaram por selecionar e nomear, uma cultura específica, particular, como ‘a cultura nacional comum’(SILVA, 2007, p. 89).
No cotidiano de nossas escolas, o que realmente se vê, é muito mais uma invasão
cultural, onde não há respeito à diversidade cultural ali presente. E, neste sentido, Paulo
Freire contribui com um significativo esclarecimento quanto ao termo “invasão
cultural”
[...] a invasão cultural é a penetração que fazem os invasores no contexto cultural dos indivíduos, impondo a estes sua visão de mundo, enquanto lhes freiam a criatividade, ao inibirem sua expansão (FREIRE, 1978, p. 178)
Essa atitude explicita a degeneração progressiva e desrespeitadora de uma cultura e de
suas riquezas. Esse processo remete a uma idéia de luta e de poder. A escolarização tem
uma função reforçadora do status quo, e neste sentido, Gimeno Sacristán (1997, p. 97),
acrescenta:
A cultura dominante nas salas de aula é a que corresponde à visão de determinados grupos sociais; nos conteúdos escolares e nos textos aparecem poucas vezes a cultura popular, as subculturas dos jovens, as contribuições das mulheres à sociedade, as formas de vida rurais e dos povos desfavorecidos (exceto como elementos de exotismo), o problema da fome, do desemprego ou maus tratos, o racismo e a xenofobia, as conseqüências do consumismo e muitos outros temas-problema que parecem ‘incômodos’. Consciente e inconscientemente produz um primeiro velamento que afeta os conflitos sociais que nos rodeiam cotidianamente.
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Portanto, a cultura escolar, apesar de seus esforços para atender seus alunos segundo
suas necessidades sociais e de origem, apresenta-se, predominantemente, monocultural.
O currículo escolar é uma construção e uma decisão política; o embate ideológico
implícito no currículo resultará nas narrativas que formarão, para os alunos,
representações acerca do mundo. É de acordo com essas narrativas sociais que os alunos
atribuirão significados, ou seja, a aquisição de conhecimentos é mediada pelos discursos
e os discursos não são neutros.
Percebemos que a escola atua na elaboração da identidade individual, pois todas as
questões referentes à compreensão da educação e à elaboração do currículo escolar
passam pela subjetividade individual de quem a elabora, de quem a pratica e das
experiências pessoais de quem as absorverá.
Se a exclusão social e escolar é um dos maiores problemas da educação formal, impõe-
se então, romper com o modelo educativo atual, orientado por um currículo
monocultural voltado para a igualdade – afinal, não é possível compactuar com um
currículo escolar que ignora a diversidade cultural e se pauta nos preceitos da
homogeneidade.
Uma perspectiva crítica de currículo buscaria lidar com a questão da diferença como uma questão histórica e política. Não se trata simplesmente de celebrar a diferença e a diversidade, mas de questioná-las. Quais são os mecanismos de construção das identidades nacionais, raciais, étnicas? Como a construção da identidade e da diferença está vinculada a relações de poder? Como a identidade dominante tornou-se a referência invisível através da qual se constroem as outras identidades como subordinadas? Quais são os mecanismos institucionais responsáveis pela manutenção da posição subordinada de certos grupos étnicos e raciais? Um currículo centrado em torno deste tipo de questões evitaria reduzir o multiculturalismo a uma questão de informação. Um currículo multiculturalista desse tipo deixaria de ser folclórico para se tornar profundamente político (SILVA, 2007, p. 104).
O currículo precisa ser considerado em seus determinantes sociais e históricos. Ou seja,
o currículo não é neutro, transcendente, atemporal, mas nele expressam-se relações de
poder, visões sociais, momento histórico. É necessário desnaturalizar, historicizar o
currículo e desenvolver um pensamento crítico e reflexivo.
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A perspectiva intercultural pretende construir um projeto educativo capaz de
compreender a complexidade das interações humanas, superar preconceitos e exclusão
sociocultural e criar condições para que haja crescimento de todos os indivíduos e seus
respectivos grupos, promovendo mudanças profundas na educação: currículo,
metodologias, técnicas, instrumentos pedagógicos, formação de professores, quadros
administrativos, etc.
Para pôr em prática os preceitos da educação intercultural, o professor precisará acolher
as diversas culturas que se expressam nas instituições escolares, precisará acolher as
histórias de vidas, as crenças, os valores e a experiência dos alunos e aprender a lidar
com as diferenças e os conflitos.
As diferentes culturas possuem linguagens, valores, símbolos e estilos de comportamentos diferentes, que têm que ser compreendidos na sua originalidade. As relações entre as culturas não podem ser analisadas numa perspectiva hierarquizadora. [...] o que precisa ser mudado não é a cultura do aluno, mas a cultura da escola, que é construída com base em um único modelo cultural, o hegemônico, apresentando um caráter monocultural (CANDAU, 2005, p. 25-26).
Para Candau (2003), esse é um grande desafio para os dias atuais. A autora afirma que
para a promoção de uma educação intercultural na perspectiva crítica e emancipatória é
uma questão complexa, que exige problematizações acerca de nossas práticas
educativas atuais. A organização da instituição escolar não a coloca como a redentora da
problemática, porém:
Toda educação é sempre educação de alguém por alguém, ela supõe sempre também, necessariamente, a comunicação, a transmissão, a aquisição de alguma coisa: conhecimentos, competências, crenças, hábitos, valores, que constituem o que se chama precisamente de ‘conteúdo’ da educação (FORQUIN, 1993, p. 10).
Os professores estão presentes na escola, todos os dias, por anos e anos consecutivos,
circulando e mediando as relações entre as pessoas, múltiplos padrões culturais. O que
poderia nos impedir de experimentar o sentimento de fazer a articulação desses saberes,
recuperando para nós mesmos, a emoção prazerosa e poética da aventura de sermos
humanos?
Tal olhar nos coloca assim, face a face com o estranho, com a diferença, com o desconhecido, que não pode ser reconhecido nem
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apropriado, mas apenas conhecido na sua especificidade diferenciadora. Não se trata de reduzir o outro ao que pensamos ou queremos dele. Não se trata de assimilá-lo a nós mesmos, excluindo sua diferença. Trata-se de abrir o olhar ao estranhamento, ao deslocamento do conhecido para o desconhecido, que não é só o outro sujeito com quem interagimos socialmente, mas também o outro que habita em nós mesmos (FLEURI, 2003, p. 68-69)
A perspectiva multi/intercultural na educação, portanto, pretende focalizar as
construções relativamente à diversidade/diferença, sem negar suas contribuições, pois
essas poderiam ser as linhas gerais de um currículo e de uma pedagogia da diferença, de
uma pedagogia que questionasse não apenas a identidade, mas também ao poder ao qual
ela está estritamente associada, um currículo e uma pedagogia da multiplicidade, pois
em certo sentido, educar significa introduzir a cunha da diferença em um mundo que
sem ela, o educando se limilitaria a reproduzir o mesmo, o idêntico e é nessa
possibilidade de abertura para um outro mundo que podemos pensar na pedagogia como
diferença.
.A educação escolar pode e deve contribuir de forma significativa com o surgimento de
uma nova ordem social; mas para isso, é necessário que tenha clareza de seu real papel
como instituição educativa no contexto social.
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