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    Renata Barbosa Ferreira

    A ONU e a OMS no div: o movimento desecuritizao do trauma em processos dereconstruo de Estados ps- conflito

    Tese de Doutorado

    Dissertao apresentada como requisito parcialpara a obteno do ttulo de Doutor pelo Programade Ps-Graduao em Relaes Internacionais daPUC- Rio.

    Orientadora: Monica Herz

    Rio de Janeiro

    Outubro de 2010

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    Renata Barbosa Ferreira

    A ONU e a OMS no div: o movimento desecuritizao do trauma em processos dereconstruo de Estados ps- conflito

    Tese apresentada como requisito parcial paraobteno do ttulo de Doutora pelo Programa dePs-Graduao em Relaes Internacionais doInstituto de Relaes Internacionais da PUC-Rio.Aprovada pela Comisso Examinadora abaixoassinada.

    Profa. Mnica Herz

    Orientadora e PresidenteInstituto de Relaes Internacionais - PUC-Rio

    Prof. Paulo Luiz Moreux Lavigne EstevesPontifcia Universidade Catlica PUC-Rio

    Prof. Antonio Jorge Ramalho da RochaUniversidade de Braslia

    Prof. Reginaldo Mattar NasserPontifcia Universidade Catlica PUC-SP

    Prof. Carlos Alberto Plastino EstebanPontifcia Universidade Catlica PUC-Rio

    Profa. Monica HerzVice-Decana de Ps-Graduao

    do Centro de Cincias Sociais PUC-Rio

    Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2010.

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    Todos os direitos reservados. proibida a reproduo total ouparcial do trabalho sem autorizao do autor, do orientador e dauniversidade.

    Renata Barbosa Ferreira

    Graduou-se em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora MG, em 1997. Obteve Mestrado em Relaes Internacionais naPUC-Rio, em 2001, onde apresentou a dissertao intituladaGuerra da Bsnia: 1992- 1995 Fatores Explicativos da Prtica daLimpeza tnica perpetrada pelos srvios contra os muulmanos-

    bsnios. Foi professora do curso de graduao em RelaesInternacionais da PUC-Rio por quatro anos e meio, perodo no qualcolaborou para a criao do peridico virtual Cadernos de Relaes

    Internacionais, como editora assistente. reas de pesquisa einteresse: segurana internacional, poltica internacional, operaesde paz, teoria das relaes internacionais, direitos humanos.

    Ficha Catalogrfica

    CDD:327

    Ferreira, Renata Barbosa

    A ONU e a OMS no div: o movimento de securitizao dotrauma em processos de reconstruo de Estados ps-conflito/ Renata Barbosa Ferreira ; orientadora: Mnica Herz. 2010.

    323 f. : il. (color.) ; 30 cm

    Tese (doutorado)Pontifcia Universidade Catlica do Riode Janeiro, Instituto de Relaes Internacionais, 2010.

    Inclui bibliografia

    1. Relaes internacionais Teses. 2. Reconstruo deEstados. 3. ONU. 4. Segurana humana. 5. Reconciliaosocial. 6. (in)Securitizao. 7. OMS. 8. Programas de

    psicoterapia social. 9. Medicalizao. 10. Cultura teraputica. I.Herz, Mnica. II. Pontifcia Universidade Catlica do Rio deJaneiro. Instituto de Relaes Internacionais. III. Ttulo.

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    Ao meu pai, CarlosIn memoriam

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    Agradecimentos

    Ao Instituto de Relaes Internacionais por me permitir renovar e aprofundar

    meus conhecimentos, bem como descobrir novos olhares tericos e perspectivas

    sobre as relaes internacionais.

    Ao professor Nizar Messari pelo suporte multi-identitrio: como coordenador da

    ps-graduao, professor e orientador ao longo das fases de preparao para a

    presente tese. Agradeo sempre sua pacincia, amizade e generosidade. Seus bons

    conselhos esto gravados em minha memria e em meu corao.

    professora Monica Herz, que me herdou como orientanda e que me

    presenteou com sua perspiccia nas leituras dos captulos e com seu entusiasmo

    pelo tema. Obrigada sobretudo pela confiana e pelo suporte nessa fase final da

    tese. Isso no tem preo.

    Ao CNPq e CAPES, pelos auxlios concedidos, sem os quais este trabalho no

    poderia ter sido realizado.

    s funcionrias da Secretaria do IRI, Regina Abrantes, Natacha Castellanos e

    Vera Lira por todo o suporte nos momentos de necessidade e pelas poucas

    risadas partilhadas nesses quatro anos. Luciana Varandas, coordenadora do

    Ncleo de Pesquisa e Publicaes pelo apoio e, sobretudo, pela amizade.

    A todos os colegas de doutorado pelas trocas de idias durante o perodo em que

    estivemos juntos. Ao Roberto Vilchez Yamato pela generosidade em discutir meu

    artigo da ISA/ABRI 2009 cujo contedo foi incorporado tese. Ao Carlos

    Frederico P. da Gama por compartilhar idias em artigo e nos representar na ISA

    em 2010. Agradeo tambm a todos os amigos queridos que colaboraram no

    transporte de livros e emprstimo de textos os quais foram fundamentais para a

    construo da tese.

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    Ao Fernando Malta agradeo o paciente trabalho realizado no acerto final de

    minhas referncias bibliogrficas.

    Susane Vasconcelos Zanotti por rever meus atrevidos escritos sobre trauma e

    por me presentear com sua amizade.

    Agnes e Drcio a quem eu literalmente devo essa tese. Meus queridos, muito

    obrigada pelo apoio e suporte ao longo desses ltimos anos.

    minha me, minha companheira de luta. Me, foram os muitos t aqui que

    fizeram a tese chegar ao seu final. Obrigada por estar sempre comigo e por

    renovar meu flego com seu carinho.

    Ao meu pai agradeo sempre as lies sobre decncia, dignidade e esprito de luta.

    Pai querido, dessa vez voc j no est mais aqui para me dar seu abrao... mas,

    eu espero que ao menos voc possa ficar feliz a de onde voc estiver por mais

    essa importante etapa cumprida em minha vida. E por ver que eu ainda estou de

    p.

    Ao meu irmo, Eloy. Motivo de minhas primeiras e doloridas reflexes pessoais

    sobre trauma. Quem me forou a entender os significados de perda, superao e

    reconstruo. Mas, quem tambm me ensinou que o amor no tem fim.

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    Resumo

    Ferreira, Renata Barbosa; Herz, Monica. A ONU e a OMS no div: omovimento de securitizao do trauma em processos de reconstruo deEstados ps-conflito. Rio de Janeiro, 2010, 323 p. Tese de Doutorado Instituto de Relaes Internacionais, Pontifcia Universidade Catlica do Riode Janeiro.

    Essa tese tem por finalidade analisar o movimento de securitizao do

    trauma promovido pela Organizao das Naes Unidas e a Organizao Mundial

    da Sade dentro de processos de reconstruo de Estados em cenrios de ps-

    conflito tnico e religioso. Nosso argumento o de que esse movimento se

    desenvolve de modo a interpretar o bem estar psicolgico dos indivduos

    sobreviventes como uma prioridade e o trauma como uma ameaa consolidao

    de uma paz auto-sustentada nesses cenrios. Nesses termos, o trauma

    interpretado como uma doena mental que caracteriza os indivduos sobreviventes

    como sujeitos vulnerveis e com dificuldades de administrao de si mesmos e de

    reorganizao de suas vidas. Essa condio demandaria a interferncia dessas

    Organizaes para ajud-los a exercer o controle sobre suas emoes e a recuperar

    sua condio de cidados saudveis e aptos ao exerccio de sua cidadania. Essa

    interferncia tem sido realizada em meio s diversas atividades de reconstruo de

    Estados voltadas para a promoo da reconciliao social e implementada por

    meio de programas de psicoterapia social que visam o tratamento e a cura dos

    traumas. Em termos tericos, observamos a importncia do estudo de prticas

    discursivas em segurana atravs de uma leitura construtivista que, no entanto,

    busca recursos na sociologia poltica internacional para o entendimento mais

    abrangente de processos de securitizao. Nosso entendimento o de que a(in)securitizao envolve no s o speech act - que enuncia uma poltica de

    exceo - como tambm procura englobar um arcabouo analtico maior para a

    compreenso desse momento de exceo que est ligado existncia de uma rede

    transnacional de burocracias e agentes privados que atuam na administrao dessa

    (in)segurana. Ainda, o suporte oferecido pela sociologia poltica internacional

    nos permite entender como se desenvolve um movimento de securitizao que

    toma o indivduo como referente e que se consubstancia na busca dedesenvolvimento de mecanismos de administrao das emoes e dos

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    comportamentos dos indivduos para garantia de controle social em termos

    medicalizados. Nesse sentido, nosso argumento o de que as sociedades

    ocidentais contemporneas esto informadas por uma cultura teraputica a qual

    conta com diversos atores e que integra os discursos da ONU e da OMS de modo

    a reforar uma concepo de risco que interpreta os indivduos como passivos e

    impotentes diante dos desafios do meio em que esto inseridos. Assim, atravs da

    metodologia da descrio crtica, procuramos demonstrar a lgica subjacente nos

    discursos da ONU e da OMS sobre sade mental e trauma para apontar as

    contradies dentro desses discursos e entre esses discursos e as prticas

    psicossociais desenvolvidas nos ambientes de ps-conflito. O intuito final o de

    observar que h a prevalncia de uma concepo de sade mental no discurso

    dessas organizaes que privilegia um entendimento ocidental sobre a relao dos

    indivduos com as emoes e a violncia e que marginaliza ou silencia o papel dos

    valores culturais locais no processo de reconciliao social nessas comunidades.

    Palavras- chave

    Reconstruo de Estados; ONU; segurana humana; reconciliao social;(in)securitizao; OMS; trauma; programas de psicoterapia social; medicalizao;

    cultura teraputica.

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    Abstract

    Ferreira, Renata Barbosa; Herz, Mnica (Advisor). The UN and the WHOon the couch: the securitization movement of trauma in post conflictpeace-building processes.Rio de Janeiro, 2010, 323 p. Doctorate Thesis Instituto de Relaes Internacionais, Pontifcia Universidade Catlica do Riode Janeiro.

    The aim of the present thesis is to investigate the securitization movement of

    trauma promoted by the United Nations and the World Health Organization in

    post conflict peace-building processes. Our claim is that this movement is

    developed according to an interpretation that takes the psychological well being of

    war survivors as a priority and that understands trauma as a threat to the

    consolidation of a sustainable peace in post conflict scenarios. Trauma is thus

    interpreted as a mental disease which characterizes war survivors as vulnerable

    beings who cannot manage themselves and their own lives. This condition would

    demand the intervention of UN and WHO to help them control their emotions and

    recover their health in order to be able to function as good citizens. The

    intervention has been done among the many peace-building activities which aim

    the promotion of social reconciliation and is formalized via psychosocial

    programs which search to treat and cure war traumas. Theoretically, we focus on

    the importance of discourse practices in international security studies according to

    constructivist lenses that are, nonetheless, supplemented by insights from

    international political sociology which we find useful to promote an overall

    understanding of securitization movements. In this sense, our claim is that

    (in)securitization is related not only to the speech act that enunciate a politics of

    exception but it also involves an expanded analytical framework that understands

    the exception moment connected to a transnational bureaucracy network and

    private agents which work at the management of the (in)security. Yet the

    international political sociology offers important insights which allow the

    comprehension of a securitization movement that takes the individual as a referent

    and that develops mechanisms of management of emotions and behaviors as a

    form of medicalized social control. Thus, our assertion is that contemporary

    western societies are based on a therapy culture that is informed by many actorsand that permeates the UN and WHO discourses which reinforce a conception of

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    risk that interprets the individual subjects as passive and powerless towards their

    daily challenges. Based on the critic description methodology, we seek to

    demonstrate the underlying logic in the UN and WHO discourses about mental

    health and trauma to highlight the contradictions inside them and between these

    discourses and the psychosocial practices developed in post conflict scenarios.

    Our final purpose is to point out the predominance of a conception of mental

    health in the discourses of these Organizations that privileges a western

    interpretation about the relation of the individuals with their emotions and

    violence and that marginalizes or silences the role of local culture values in the

    social reconciliation processes in these communities.

    Keywords

    Peacebuilding; UN; human Security; social reconciliation;

    (in)securitization; WHO; trauma; social psychotherapy programs; medicalization;

    therapy culture.

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    Sumrio

    1. Introduo 16

    2. A Segurana e as emoes: significados em perspectiva 36

    2.1 A Segurana e as emoes: significados nas leituras liberais 53

    2.2 Anos 80: os significados de segurana no olho do furaco e osilncio sobre as emoes 74

    2.3 Anos 90: os significados da segurana e os novos tempos 86

    3. A Sade e a (in)segurana humana 105

    3.1 As Relaes Internacionais e a sade 106

    3.2 A Segurana Humana: significados e a agenda daSade 125

    3.2.1. O Conceito de segurana humana: o debatena literatura de segurana internacional 134

    3.3 A ONU e as Operaes de Paz no Ps Conflito:A reconciliao social como objetivo e o trauma como risco 144

    3.4 A OMS e a sade mental nas Operaes de Paz noPs- conflito 161

    4. O Trauma como insegurana e as emoes na

    Contemporaneidade 167

    4.1 A sociologia das emoes e o trauma como uma construoSocial 189

    5. Securitizao e Medicalizao 204

    5.1 A Teoria da Securitizao em debate 205

    5.2 A Sociologia Poltica Internacional e a (in) segurana 215

    5.3 A Medicalizao 224

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    6. A ONU e a OMS: discursos se securitizao e medicalizao 242

    6.1A ONU e os discursos sobre a segurana internacional e as operaes

    de paz 246

    6.2 A ONU e os discursos sobre reconstruo da paz, reconciliao,sade e emoes 258

    6.3 A OMS e os discursos sobre sade mental 265

    6.4. A OMS e os discursos sobre sade mental em emergncias 273

    6.5 A OMS e o discurso sobre sade mental e trauma 278

    7. Concluso 292

    8. Bibliografia 299

    9. Tabelas 320

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    Lista de Tabelas

    Tabela 3.1 A segurana na viso tradicional e asegurana centrada no indivduo 320

    Tabela 3.2 Comparao entre as concepes desegurana humana estabelecidas pela UNDP e pelainiciativa das potncias mdias

    encabeadas pelo Canad 321

    Tabela 3.3 Violncias Diretas e Indiretas Segurana Humana 322

    Tabela 5.1 O processo de securitizao 323

    Tabela 5.2 Condies para um processo de securitizao 323bem sucedido

    Tabela 5.3 Speech acts: tipos 324

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    "Nosso grande medo no o de que sejamos incapazes.Nosso maior medo que sejamos poderosos alm da medida. nossa luz, no nossa

    escurido, que mais nos amedronta.Nos perguntamos: Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrvel?

    Na verdade, quem voc para no ser tudo isso?...Bancar o pequeno no ajuda omundo. No h nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas no se

    sintam inseguras em torno de voc.E medida que deixamos nossa prpria luz brilhar, inconscientemente damos s

    outras pessoas permisso para fazer o mesmo".

    (Discurso de posse, em 1994)

    Nelson Mandela

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