o Treino Da Consciencia Fonologica Em Criancas Com Problemas Da Linguagem e Da Fala

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O TREINO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA EM CRIANÇAS COM PROBLEMAS DA LINGUAGEM E DA FAL Revista Portuguesa de Dificuldades de Aprendizagem, Número 1, Vol. 1 Inês Ferraz[1], Margarida Pocinho 1 , Tânia Fernandes 2 1 Universidade da Madeira, 2 Centro de Apoio Psicopedagógico do Funchal  Resumo A consciência fonológica é cada vez mais entendida como um pré-requisito para a aprendizagem da leitura e da escrita. Esta capacidade de conscientemente identificar, isolar, manipular, combinar e segmentar os segmentos sonoros da fala é vista como uma mais-valia, até para as crianças com dificuldades específicas de aprendizagem. O desenvolvimento da consciência fonológica é gradual e depende das experiências linguísticas, do desenvolvimento cognitivo, das características específicas de cada criança e da exposição formal ao sistema alfabético. Estudos realizados nesta área provam que esta habilidade metalinguística pode ser treinada e que o seu treino facilita a aprendizagem da leitura e da escrita. Acrescentam ainda que este treino deve ser gradual e iniciar-se pela consciência da sílaba, uma vez que as crianças adquirem-na naturalmente. Quanto à consciência intrassilábica e fonémica, sugerem que sejam estimuladas antes e durante a aquisição do código alfabético. Através do treino da consciência fonológica, no pré-escolar, também as crianças com problemas da linguagem e da fala podem colmatar as dificuldades e progredir no desenvolvimento desta habilidade, o que lhes irá facilitar a entrada no sistema alfabético. Palavras-chave: consciência fonológica; linguagem; programa de treino; pré-escolar. 1 / 19

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O TREINO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA EM CRIANÇAS COM PROBLEMAS DA LINGUAGEM E DA FALA

Revista Portuguesa de Dificuldades de Aprendizagem, Número 1, Vol. 1

Inês Ferraz[1], Margarida Pocinho1, Tânia Fernandes2

1Universidade da Madeira, 2Centro de Apoio Psicopedagógico do Funchal

 

Resumo

A consciência fonológica é cada vez mais entendida como um pré-requisito para aaprendizagem da leitura e da escrita. Esta capacidade de conscientemente identificar, isolar,manipular, combinar e segmentar os segmentos sonoros da fala é vista como uma mais-valia,até para as crianças com dificuldades específicas de aprendizagem. O desenvolvimento daconsciência fonológica é gradual e depende das experiências linguísticas, do desenvolvimentocognitivo, das características específicas de cada criança e da exposição formal ao sistemaalfabético. Estudos realizados nesta área provam que esta habilidade metalinguística pode sertreinada e que o seu treino facilita a aprendizagem da leitura e da escrita. Acrescentam aindaque este treino deve ser gradual e iniciar-se pela consciência da sílaba, uma vez que ascrianças adquirem-na naturalmente. Quanto à consciência intrassilábica e fonémica, sugeremque sejam estimuladas antes e durante a aquisição do código alfabético. Através do treino daconsciência fonológica, no pré-escolar, também as crianças com problemas da linguagem e dafala podem colmatar as dificuldades e progredir no desenvolvimento desta habilidade, o quelhes irá facilitar a entrada no sistema alfabético.

Palavras-chave: consciência fonológica; linguagem; programa de treino; pré-escolar.

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Abstract

The phonological awareness is increasingly understood as a prerequisite for the learning ofreading and writing. This ability of conscientiously identify, isolate, manipulate, combine andtarget the sound segments of the speech is seen as an asset, even for the children with specificlearning difficulties. P honological awarenessdevelopment is gradual and depends on the language experience, cognitive development,specific child characteristics, and formal exposure to the alphabetic system. Investigation shows that this metalinguistic ability can be trained, and its training makes reading and writinglearning easier. This training should be gradual and begin by syllable awareness, as childrenacquire it naturally. As for the intra-syllabic and phonological awareness, it is suggested that children should be stimulated beforeand during the alphabetic code acquisition.Through pre-school phonological awareness training, children with language and speechdifficulties can bridge the difficulties and progress on the development of this ability, which willmake alphabetic system learning more easily. 

 

Keywords: phonological awareness; language; training program; pre-school.

 

Consciência fonológica: conceito e desenvolvimento

As crianças quando aprendem a falar, não têm consciência de que as palavras são formadaspor sucessões de sons, pois só prestam atenção à significação do que estão a ouvir e do quepronunciam. Estas têm de se consciencializar de que as palavras ditas oralmente sãoconstituídas por uma sequência de fonemas, correspondentes ao que é representado pelocódigo alfabético através da escrita. É esta consciência da estrutura fonológica da língua queSim-Sim, Silva e Nunes (2008) designam por consciência fonológica.

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Para Sim-Sim (2006) a consciência fonológica é uma habilidade metalinguística que permite àscrianças ter consciência de que as palavras são constituídas por diversos sons e que podemser divididas em unidades menores, os fonemas. Já Nascimento e Knobel (2009) entendem aconsciência fonológica como uma capacidade de identificar, isolar, manipular, combinar esegmentar deliberadamente os segmentos fonológicos da língua.

Lima e Colaço (2010); Lourenço e Martins (2010) e Strattman e Hodson (2005) referem quemuitos autores confundem a consciência fonológica com a consciência fonémica, sendo quequando uma criança consegue decompor uma palavra em unidades mais pequenas - osfonemas - pode dizer-se que apreendeu a consciência fonémica. Estes autores referem, ainda,que as habilidades de análise silábica e suprafonémicas são realizadas antes da manipulaçãodo fonema. A consciência silábica desenvolve-se espontaneamente nas crianças em idadepré-escolar e nos analfabetos, isto é, esta habilidade não requer um ensino explícito, uma vezque se desenvolve naturalmente. Contudo, o mesmo não se sucede com a consciênciafonémica, dado que o seu desenvolvimento dá-se paralelamente à instrução explícita edepende desta. A dificuldade em tarefas de consciência fonológica deriva do grau deabstracção dos segmentos sonoros em análise e definem os fonemas como as unidades maisabstractas da fala. Alguns autores sustentam a ideia de que a consciência intrassilábicasitua-se num nível intermédio de dificuldade, isto é, entre a sílaba e o fonema.

De acordo com Machado (2010), a consciência fonológica apreende dois níveis: a consciênciade que a língua falada pode ser segmentada em unidades distintas, ou seja, a frase pode sersegmentada em palavras; as palavras em sílabas, e as sílabas em fonemas; e a consciênciade que essas mesmas sílabas repetem-se em diferentes palavras, existindo uma relação com aoralidade.

Freitas, Alves e Costa (2007) defendem que a consciência fonológica está dividida em trêstipos: a consciência silábica quando a criança consegue isolar as sílabas; a consciênciaintrassilábica, quando a criança consegue isolar as unidades dentro da sílaba; e a consciênciafonémica quando a criança consegue isolar os sons da fala.

Sabe-se que o desenvolvimento da consciência fonológica inicia-se muito cedo e vai-seexpandindo progressivamente ao longo da infância. Para Lane e Pullen (2004) odesenvolvimento da consciência fonológica depende das experiências linguísticas da criança,mais precisamente do seu desenvolvimento cognitivo e da exposição formal do sistemaalfabético, como é o caso da aquisição de leitura e escrita. Estes mesmos autores referem que

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o desenvolvimento da consciência fonológica nem sempre ocorre da mesma forma, dado que onível de maior complexidade da consciência fonológica e a última capacidade a surgir é aconsciência fonémica.

Bernardino Júnior, Freitas, Souza, Maranhe e Bandini (2006) referem que a consciênciafonológica é uma habilidade que permite aos indivíduos formar novas palavras, através darecombinação de sons de palavras diferentes. O acréscimo ou remoção de sons de umapalavra, permite à criança encontrar palavras embutidas noutras e realizar diferentes tipos dejogos com a sonoridade das palavras. Estes autores referem que a evolução desta habilidade égradual, isto é, tem início na discriminação de expressões, palavras ou sílabas dentro deunidades mais amplas de fala, progride para a discriminação de rimas, aliterações e sílabas, esó depois é que se chega à consciência dos fonemas como unidades independentes na fala.

Apesar do desenvolvimento da consciência fonológica nem sempre ocorrer da mesma forma,muitos estudos revelam, unanimidade quando mencionam que o nível de maior complexidadeda consciência fonológica e a última capacidade a surgir é a consciência fonémica (Freitas,Alves & Costa, 2007; Sim-Sim, Silva & Nunes, 2008).

É fulcral compreender que o desenvolvimento da consciência fonológica evolui durante o 1º e o2º mês de vida, quando a criança começa a distinguir os sons com base no fonema. Por voltado 30º mês a criança, já faz a detecção de eventuais erros na produção do seu enunciado ouno dos outros interlocutores. Ao 36º mês já distingue os sons da sua língua materna,conseguindo distinguir as cadeias sonoras aceitáveis na sua língua, corrigindo as incorrecções(Sim-Sim, 1998). Esta autora refere, ainda, que entre os 3 e os 4 anos de idade, a criançacomeça a apresentar uma sensibilidade às regras fonológicas da sua língua e reconhece asprimeiras rimas e aliterações.

Sim-Sim (1998) considera que aos 4 anos a criança apresenta maiores dificuldades em tarefasde consciência fonémica quando comparadas às de consciência silábica. É por volta dos 5anos que as crianças revelam capacidades metafonológicas ao nível do fonema, aquando darealização de tarefas adaptadas à sua realidade linguística e cognitiva. Segundo esta autora jáaos 6 anos, há um domínio quase total da capacidade de segmentação silábica, apesar deexistirem dificuldades e lacunas nas tarefas relativas à consciência fonémica, uma vez queainda não existe apoio da escrita. Esta autora refere que com a aprendizagem da leitura há umconhecimento adicional sobre a estrutura linguística e as crianças desenvolvem a consciênciafonémica mais explicitamente.

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A consciência fonémica, por exigir um grau de abstracção mais elevado, é uma habilidade quesurge por volta dos 6/7 anos de idade, pois é nesta fase que a criança consegue representarcorrectamente as palavras a nível fonológico (Snowling, 2004). Por esta razão as tarefas queimplicam manipulação dos fonemas, como eliminação de fonemas iniciais ou transposição defonemas entre duas palavras, são as tarefas mais complexas e por isso só são alcançadaspelas crianças mais velhas ou pelas crianças que já beneficiaram do um treino destahabilidade.

O desenvolvimento da consciência fonológica parece não ser consensual, uma vez que não sedesenvolve em todas as crianças na mesma idade, havendo assim discrepâncias entre osinvestigadores quanto à idade em que surge esta habilidade. É importante frisar que naliteratura surgem diferentes etapas do desenvolvimento da consciência fonológica, assim comodiferentes habilidades metafonológicas, sendo que umas são adquiridas mais precocemente doque outras, deixando transparecer uma lógica de complexidade crescente. Por isso podemosreferir que a consciência fonológica desenvolve-se a diferentes níveis e em momentoscronológicos mais ou menos distintos.

 

A importância do treino da consciência fonológica 

A consciência fonológica é fundamental para compreender o princípio alfabético, por isso,antes da sua compreensão as crianças devem entender que os sons associados às letras sãoos mesmos sons da fala e é através do treino desta habilidade que as crianças ganham estasensibilidade.

Correia (2010) afirma que o mais importante é que “o treino da consciência fonológica sejagradual e para isso, torna-se necessário apresentar diversas etapas de acordo com uma ordemem que se vá aumentando o grau de complexidade” (p.120). Corroborando com esta ideiaFreitas, Alves e Costa (2007) referem que devemos começar pelo treino da consciênciasilábica, uma vez que todas as crianças possuem naturalmente à entrada na escola. Aconsciência intrassilábica e a consciência fonémica devem ser estimuladas em contexto lectivo,antes e durante o processo de iniciação do código alfabético.

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Sim-Sim (1998) considera que desde tenra idade, sensivelmente por volta dos 2 ou 3 anos, sea criança for estimulada, é capaz de realizar actividades de manipulação silábica. É doconhecimento de todos que muito antes do ingresso no 1º ciclo do ensino básico, as criançasjá brincam com as palavras e são capazes de produzir rimas, habilidades essas que exigemsensibilidade às componentes sonoras da língua. Por isso, é fundamental desenvolver,estimular e treinar a consciência fonológica em idade pré-escolar, através de actividades dediscriminação auditiva, rimas infantis e contos rimados, uma vez que favorecem o vocabulário ea memória auditiva. Freitas, Alves e Costa (2007) consideram que é através destes jogos, queas crianças começam a reflectir sobre a estrutura da linguagem oral e analisam a língua nosseus constituintes sonoros.

Os programas de intervenção para o desenvolvimento da consciência fonológica são cruciais edevem ser implementados precocemente, tal como sugerem Capovilla e Capovilla (2000).Estes investigadores comprovaram este facto através de um estudo realizado com criançascom idades compreendidas entre os 4 e os 9 anos. Verificaram neste estudo que houve umacréscimo significativo nos resultados obtidos na maioria das provas e concluíram que o treinoda consciência fonológica realizado precocemente pode ajudar na aquisição da leitura eescrita.

Ferraz (2011) realizou um estudo onde implementou um programa de treino da consciênciafonológica a 18 crianças em idade pré-escolar. Com este estudo provou que o treino destahabilidade metalinguística melhora significativamente os níveis de consciência fonológica nascrianças. Concluiu que as crianças do grupo experimental, em comparação com as do grupode controlo, revelaram melhorias significativas nos seus níveis de consciência fonológica.

Para Viana (2006), o treino da consciência fonológica é importante para a aprendizagem daleitura e da escrita, pelo que a implementação de estratégias promotoras desta capacidade éindispensável quer no 1º ciclo do ensino básico, quer no pré-escolar. O treino sistemático noensino pré-escolar é crucial, pois evita o insucesso escolar na língua portuguesa, como nosreferem Freitas, Alves e Costa (2007). Segundo estas autoras a realização de actividadespromotoras de escuta, de atenção auditiva, percepção e manipulação de sons são exemplosde actividades promotoras do treino da consciência fonológica e acrescentam que é importanteque o educador inclua nas suas práticas e rotinas diárias, actividades lúdicas onde treine estahabilidade.

O treino da consciência fonológica pode ser divertido e deve ser apropriado à faixa etária emque a criança se encontra. Deve iniciar-se por um nível mais fácil, por exemplo, através daexploração de rimas e da segmentação de palavras. Os poemas, os trava-línguas, as músicas,

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as adivinhas, as lengalengas, os ditados populares, as histórias, os jogos de escuta e delinguagem são, igualmente, exemplos de actividades facilitadoras do desenvolvimento daconsciência fonológica no pré-escolar.

 

Problemas da Linguagem e da Fala

A linguagem é uma capacidade que surge através da organização e do funcionamento damente humana e que nos permite adquirir e utilizar sistemas complexos e dinâmicos desímbolos convencionais para comunicar e pensar. Sim-Sim (1997) considera que “a espéciehumana é a única espécie biológica programada geneticamente para adquirir os sistemasaltamente complexos, estruturados e específicos que são as línguas naturais” (p.15). Assimsendo, a criança que possui um processo de desenvolvimento normal adquire a linguagemduma forma espontânea e natural, tornando‑se, a principal interveniente no processo decomunicação.

No entender de Schirmer, Fontoura e Nunes (2004) é após o nascimento que a complexidadeda linguagem vai evoluir de modo diferente em cada criança e de acordo com a estimulação aque for sujeita. Estas autoras defendem que no desenvolvimento da linguagem, podem-sereconhecer duas fases distintas: a pré-linguística, em que são vocalizados apenas fonemas(sem palavras) e que persiste até por volta dos 11-12 meses; e a fase linguística, quando acriança começa a proferir palavras isoladas com compreensão. Este processo é contínuo eocorre de forma ordenada e sequencial, com sobreposição entre as diferentes etapas destedesenvolvimento.

Como se sabe existem muitas crianças que possuem problemas da linguagem e da fala e poressa razão necessitam do acompanhamento de um terapeuta da fala ou de um docenteespecializado. Estas crianças possuem necessidades educativas especiais e como nos refereLima-Rodrigues, Ferreira, Trindade, Rodrigues, Colôa, Nogueira e Magalhães (2007) o alunocom necessidades educativas especiais é aquele que apresenta “qualquer incapacidade queafecta a aprendizagem a tal ponto, que são necessários alguns ou todos os meios de acessoao currículo, isto é, condições de aprendizagem adequadas para que possa beneficiar de umaeducação eficaz” (p.43).

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Seguindo esta linha de pensamento Correia (1997) distingue dois grandes grupos nasnecessidades educativas especiais: as permanentes e as temporárias. As permanentes exigemadaptações generalizadas do currículo, adaptando-o às características do aluno. Estasadaptações terão de manter-se durante grande parte ou todo o percurso escolar do aluno. Astemporárias exigem modificação parcial do currículo escolar, adaptando-o às características doaluno num determinado momento do seu desenvolvimento.

O Decreto-Lei 3/2008 refere que os alunos com necessidades educativas especiais sãoaqueles que apresentam “limitações significativas ao nível da actividade e participação, num ouem vários domínios da vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de carácterpermanente, resultando em dificuldades continuadas ao nível da comunicação, daaprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participaçãosocial dando lugar à mobilização de serviços especializados para promover o potencial defuncionamento biopsicossocial” (p.155). Posto isto, passou-se a apostar na escola inclusivaque se revela como um desafio concretizável se for capaz de acolher a diversidade dos alunosindependentemente da sua faixa etária e do seu diagnóstico, promovendo a interacção detodos os alunos sem exclusão e implementando medidas educativas que facilitem o sucessoeducativo de todos.

Pagliarin (2007) refere que ao longo dos anos, várias nomenclaturas foram propostas paradesignar as perturbações da linguagem e da fala, dentre as quais se destacam: distúrbioarticulatório, dislalia, transtorno fonológico, distúrbio fonológico e desvio fonológico. Osavanços nas pesquisas permitiram chegar-se a uma definição mais precisa desses termos e,actualmente, alguns são referenciados como sinónimos: transtorno fonológico, distúrbiofonológico e desvio fonológico.

As crianças com alterações da linguagem verbal podem apresentar alterações da voz, uma vezque qualquer que seja a alteração ocorrida na laringe promove perturbações na emissão davoz (Ruiz, 1997). As alterações verificadas na voz podem estar relacionadas com as bronquitescrónicas, com a asma, com as laringites, com causas traumáticas, ambientais ou funcionais.No entender de Pinho (1998) as alterações da voz podem se distinguir em: disfonias e afonias.As disfonias são definidas como uma dificuldade na emissão da voz com suas característicasnaturais e podem ser classificadas em: disfonias funcionais, orgânicas primárias e secundárias.As afonias estão intimamente relacionadas com a ausência total da voz de modo temporário.Nas afonias de conversão em que ocorre a fala articulada, este autor refere que, é comumobservar as pregas vocais, durante as emissões, mantendo a glote com área ampla, formandouma fenda triangular, por onde flui o ar, com pouco atrito.

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De acordo com Matos (2007), “um atraso no desenvolvimento da linguagem pode serdetectado através de um conjunto de sinais dignos de atenção cuidada no pré-escolar, onde seincluem os problemas de articulação” (p.2). Nas alterações de articulação, podem-se distinguiras dislalias, as disglosias e as disartrias (Caraciki, 1983).

As dislalias são perturbações na articulação de um ou vários fonemas, ocorrendo por omissãoou substituição, acréscimo ou distorção dos mesmos. Dentre estas podemos destacar asdislalias evolutivas que estão relacionadas com a evolução da linguagem durante odesenvolvimento da criança e exigem maturação neuromotora para pronunciar correctamenteos diferentes fonemas; as dislalias auditivas em que a criança não ouve bem econsequentemente não articula com correcção; as dislalias funcionais que devem serencaradas como uma disfunção para a qual não se encontra nenhuma alteração orgânica quelhe possa ser atribuída; e as dislalias orgânicas, que se prendem com a malformação dosórgãos da fala (língua, lábios, palato). Estas últimas também são conhecidas por disglosiasquando associadas a lesões físicas (Caraciki, 1983; Lima, 2008).

No que se refere às disglosias Valero Aguayo (2002) define-as como perturbações naarticulação dos fonemas (substituições, omissões, distorções, acréscimos) devido a lesõesfísicas ou malformação dos órgãos periféricos da fala. Consoante o órgão afectado pode-sedesignar: disglosias labiais, disglosias mandibulares, disglosias dentais, disglosias linguais edisglosias do palato.

Segundo Lima (2008) as disartrias são perturbações da articulação associadas à alteração docontrole muscular dos mecanismos da fala devido a lesões ocorridas no sistema nervosocentral, que perturbam a articulação de todos os fonemas, cuja emissão intervém a zonalesionada. A dificuldade de expressão é permanente e uniforme e o paciente é, geralmente,consciente do seu problema. Esta disfunção ou dificuldade é observável a nível da articulaçãoe resulta em dificuldades na articulação no sentido mais amplo da palavra. Além da dificuldadeou impossibilidade para articular um fonema, o portador de disartria apresenta, ainda,dificuldades para mobilizar os seus órgãos da área peri-oral, qualquer que seja a finalidade dequem deles pretende servir-se. Incluem-se aqui actividades como a de mastigação, deglutição,sucção ou mesmo sopro.

            Podem-se, igualmente, verificar alterações na fluência verbal em que as criançasdemonstram dificuldades na produção da fala. Segundo Lima (2009) a disfémia, tambémconhecida por gaguez, consiste numa perturbação da fala que afecta o ritmo, a velocidade e aprosódia da fala. Manifesta-se pela dificuldade em iniciar a fonação - bloqueio espamódico,pela repetição de um som, de sílabas ou de palavras e pelo prolongamento de sons. As suas

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manifestações podem dividir-se em três categorias: aspectos linguísticos, em que as criançasapresentam um abuso de sinónimos, um discurso incoerente e uma desorganização dopensamento e da linguagem; aspectos comportamentais, onde se podem verificar o mutismo, oretraimento, a ansiedade e os bloqueios; e aspectos corporais, onde se observam os tiques, osespasmos, as alterações respiratórias e a rigidez facial.

Muitos autores incluem, ainda, o mutismo selectivo, a afasia e a disfasia, como problemas dalinguagem e da fala.

Segundo Peixoto (2006) o mutismo selectivo foi descrito pela primeira vez, em 1877, pelomédico alemão Adolf Kussmaul, como uma afasia voluntária. Mais tarde, em 1934, o psiquiatraMorris Tramer, utilizou o termo mutismo electivo para descrever um caso clínico. Este termo foiutilizado até 1994, quando o DSM-IV definiu-o como mutismo selectivo. O mutismo selectivo é,então, visto como uma incapacidade persistente para falar, no entanto as crianças são capazesde falar e compreender a linguagem, mas não o fazem em certas situaçõessociais. Possuem um funcionamento normalmente noutras áreas do comportamento e daaprendizagem, mas não participam em actividades de grupo. Esta perturbação deve ter umaduração de pelo menos um mês e não pode coincidir com o primeiro mês de aulas. Umacriança com esta perturbação pode ficar completamente calada na escola, mas falar livrementeem casa (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, DSM-IV-TR, 2002).

As afasias, são definidas por Wernicke (1994) como perturbações de origem cerebral em quese verifica uma dificuldade ou incapacidade para a linguagem verbal ou escrita e a expressão ecompreensão linguística estão afectadas com maior ou menor grau de complexidade. A afasiacaracteriza-se pela perda ou pela desorganização linguística, como consequência de umacidente vascular ou de uma lesão. A partir das áreas afectadas, a afasia pode ser: sensorialou receptiva: quando a lesão manifesta-se na incompreensão do significado das palavras e nadificuldade em falar; motora ou expressiva: quando a lesão se localiza na zona de Broca emanifesta-se na incapacidade de expressar, apesar da compreensão do significado daspalavras; e mista: quando a lesão afecta as áreas motoras e as áreas receptivas da linguagem.

Nascimento, Carvalho, Costa e Bastos (2007) definem as disfasias como incapacidade de secomunicar claramente com a fala, caracterizada por dificuldade de organizar uma sequência depalavras faladas num padrão com significado. As disfasias geram distúrbios graves queafectam a aquisição da linguagem em tempo normal e desvios duradouros que podem persistirao longo da vida. Estas são geralmente causadas por danos no córtex cerebral.

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Os desvios fonológicos são outro exemplo de perturbações que afectam a linguagem. Grunwell(1981) estabeleceu uma comparação entre o desvio fonológico e o fonético. O desviofonológico caracteriza-se, segundo este autor, como uma desorganização, inadaptação, ouanormalidade do sistema fonológico da criança em relação ao sistema padrão da suacomunidade linguística e na ausência de qualquer comprometimento orgânico. O desviofonético é caracterizado pela alteração na produção da fala, decorrente de uma deficiênciaorgânica, seja uma simples distorção na produção do fonema, ou resultante de patologiasespecíficas, como fissuras, por exemplo, que são determinantes de distúrbios motores naprodução da fala.

Para Wertzner e Lins (2000) o transtorno fonológico é uma dificuldade na fala, caracterizadapelo uso inadequado de sons, de acordo com a idade e com variações regionais, que podemenvolver erros na produção, percepção ou organização dos sons. No entender destes autoresa criança com desvio fonológico revela lacunas na percepção, na produção ou na organizaçãodas regras do sistema fonológico, cometendo simplificações sistemáticas durante a fala.

Os problemas da linguagem e da fala podem interferir no desempenho escolar de algumascrianças, uma vez que uma aquisição fonológica desviante interfere na capacidade fonológicae esta alteração abrange a consciencialização dos sons.

  

Intervenções com crianças com problemas da linguagem e da fala

Magnusson (1999) realizou um estudo com o intuito de estabelecer comparações entrecrianças com e sem desvios fonológicos. Os resultados obtidos comprovaram que as criançasque possuem um desvio fonológico têm um nível de consciência metalinguística inferior ao dascrianças normais. Esta autora concluiu que algumas crianças não desenvolvem oprocessamento cognitivo necessário para reflectir, analisar, julgar ou manipular a língua, ouseja, não têm acesso ao conhecimento linguístico. Esta refere que as crianças com déficefonológico, por possuírem uma representação fonológica diferenciada, fornecem respostasincorrectas às tarefas metalinguísticas.

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Bernardino Júnior, Freitas, Souza, Maranhe e Bandini (2006) realizaram um estudo com 4crianças que possuíam dificuldades na aquisição da leitura e da escrita. Este estudocomprovou que apesar destas apresentarem um fraco desempenho no pré-teste da prova deconsciência fonológica, concluíram que o programa de desenvolvimento das habilidades deconsciência fonológica teve sucesso, uma vez que apresentaram uma elevada pontuação nopós-teste. Este facto mostra que o treino da consciência fonológica contribui para a aquisiçãoda leitura e da escrita até mesmo com crianças com dificuldades nesta aquisição.

Mota, Melo Filha e Lasch (2007) clarificam a importância do treino fonológico nas crianças comdesvio fonológico. Para isto realizaram um estudo cujos resultados apontam para a eficácia daintervenção em consciência fonológica em crianças com alteração da fala e da linguagem esalientam que a intervenção em consciência fonológica pode produzir melhorias na produçãoda fala e no desenvolvimento da leitura. Com este estudo, as autoras, puderam concluir que éfundamental estimular as habilidades de consciência fonológica nas crianças em idadepré-escolar, mas sobretudo em crianças com desvio fonológico, uma vez que estasapresentam uma maior probabilidade de contrair futuras dificuldades no desenvolvimento dalinguagem.

Fernandes (2011) realizou um estudo com 62 crianças, com idades compreendidas entre os 5e os 6 anos, com o intuito de avaliar o efeito de um programa de estimulação da consciênciafonológica em crianças com e sem problemas de linguagem, mais concretamente com desviofonológico. Os resultados obtidos revelaram que mesmo as crianças com problemas delinguagem obtiveram uma significativa superioridade nas sub-competências medidas, quandocomparadas com o grupo de controlo. Este estudo revelou que é possível desenvolver aconsciência fonológica em crianças com ou sem problemas de linguagem através de umprograma de treino.

As crianças com necessidades educativas especiais, nomeadamente com problemas dalinguagem e da fala necessitam de mais tempo e de estratégias variadas para desenvolver acodificação e a descodificação, por isso torna-se crucial o treino de habilidades fonológicas queajudarão a superar tal atraso. Com estas crianças é fundamental desenvolver actividadeslinguísticas, de modo sistemático, para que estimulem o seu desenvolvimento. O maisimportante é oferecer a estas crianças, sinalizadas com atraso no desenvolvimento dalinguagem, estímulos que as ajudem a maximizar o seu potencial e introduzir actividades quevisem estimular e desenvolver a consciência linguística (Freitas, 2004).

Pocinho, Ferraz, Fernandes, Pereira e Correia (2011) salientam que “os educadores podemcontribuir de forma muito significativa para que todas as crianças tenham as mesmas

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oportunidades de atingir a mestria nas competências linguísticas” (p.10). Para isso osprofissionais que trabalham com crianças diagnosticadas com problemas da linguagem e dafala devem assumir o desafio de fazer com que estas tomem consciência dos sons que utilizamna fala, realizando um trabalho de correcção dos erros da fala através do treino da consciênciafonológica.

 

 Considerações finais

O desenvolvimento da consciência fonológica inicia-se desde cedo e vai-se expandindoprogressivamente ao longo da infância. Este desenvolvimento depende das experiênciaslinguísticas, do desenvolvimento cognitivo, das características específicas de cada criança e daexposição formal ao sistema alfabético, isto é, com a aquisição da leitura e da escrita. Destaforma, pode dizer-se que existem diferentes etapas no desenvolvimento da consciênciafonológica, algumas adquiridas mais precocemente do que outras, deixando transparecer umacrescente complexidade. Podendo-se, então, afirmar que a consciência fonológica sedesenvolve a diferentes níveis e em momentos cronológicos distintos.

São vários os estudos que referem que a forma mais eficaz de estimular o desenvolvimento daconsciência fonológica é através da aplicação de programas de treino sistemático. Osprogramas de intervenção para o desenvolvimento de competências fonológicas sãofundamentais e devem ser implementados precocemente, ou seja, em idade pré-escolar.Através dos estudos analisados, verificou-se que estes programas podem contribuir para asuperação das dificuldades das crianças na aprendizagem da leitura e da escrita.

As crianças com necessidades educativas especiais revelam lacunas na percepção, naprodução ou na organização das regras do sistema fonológico, cometendo simplificaçõessistemáticas durante a fala. A partir dos estudos analisados, pode dizer-se que é possívelmelhorar o desempenho destas crianças em fonologia submetendo-as a um programa de treinoda consciência fonológica durante o pré-escolar, fazendo com que mais tarde revelem menosdificuldades na aquisição da leitura e da escrita.

            Sugere-se que se explore mais esta temática de modo a que os educadores, os

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docentes especializados e os terapeutas da fala conheçam o potencial do desenvolvimento daconsciência fonológica em crianças com problemas da linguagem e da fala.

  

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[1] Contacto: Inês Ferraz, Universidade da Madeira, Campus Universitário da Penteada, Caminho da Penteada 9020-105 Funchal, Portugal, e-mail: [email protected]

 

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