O Triângulo Das Bermudas (Charles Berlitz)

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Livro do triangulo das bermudas

Transcript of O Triângulo Das Bermudas (Charles Berlitz)

  • Charles Berlitz

    com a colaborao de J. Manson Valentine

    O TRINGULO DAS BERMUDAS

    Traduo de CARMEN BALLOT

    EDITORANOVA FRONTEIRA

    Ttulo original em ingls: THE BERMUDA TRIANGLECopyright 1974 by Charles Berlitz

    Direitos adquiridos somente para o Brasil pela EDITORA NOVA FRONTEIRA S.A. Rua Baro de Itambi, 28 Botafogo ZC-01 tel.: 266 - Endereo Telegrfico: NEOFRONT

  • Ao mar e seus mistrioscujas revelaes talvez nos faam saber mais a respeitode ns mesmos...

    ndice

    Captulo 1: O Tringulo das Bermudas: Um Mistrio do Ar e do Mar.Captulo 2: O Tringulo dos Avies Desaparecidos.Captulo 3: O Mar dos Navios Perdidos.Captulo 4: Alguns que Escaparam.Captulo 5: Existe uma Explicao Lgica?Captulo 6: Aberraes de Tempo-Espao e Outros Mundos.Captulo 7: Uma Sugesto do Passado do Oceano.Captulo 8: As Surpresas da Pr-Histria.Captulo 9: Os Espies: Defensores, Atacantes ou Observadores Neutros.

    Agradecimentos.Bibliografia.

  • 1 - O Tringulo das Bermudas: Um Mistrio do Ar e do Mar.

    Existe uma regio no Atlntico Ocidental, perto da costa sudeste dos Estados Unidos, que forma o que se convencionou chamar de tringulo, limitando-se ao norte pelas Bermudas e ao sul pela Flrida; a oeste por um ponto que passa pelas Bahamas e Porto Rico at aos 40 de latitude oeste e que se volta novamente em direo s Ber-mudas. Esta rea ocupa um lugar estranho e quase inacreditvel no catlogo mundial dos mistrios inexplicveis. uma rea conhecida geralmente pelo nome de Tringulo das Bermudas, onde mais de cem avies e navios desapareceram totalmente, a maioria deles depois de 1945, e onde mais de mil vidas se perderam nos ltimos vinte e seis anos sem que um nico corpo ou mesmo uma simples marca dos des-troos de avies ou navios fossem encontrados. Os desaparecimentos continuam a ocorrer com uma freqncia aparentemente crescente, no obstante serem os marujos e pilotos hoje mais experimentados, as buscas mais acuradas e os dados mais cuidadosamente estudados.

    Muitos desses avies sumiram enquanto os pilotos mantinham contato normal pelo rdio com suas bases ou destinos at o momento exato do desaparecimento. Outros enviaram mensagens estranhas, explicando que no conseguiam fazer seus instrumentos funcionarem, que as bssolas giravam sem parar, que o cu se tornara amarelo e nublado (num dia claro e lmpido) e que o mar (muito calmo nas redondezas) "no parecia normal", mas sem maiores detalhes sobre o que estaria acontecendo de errado.

    Um grupo de cinco avies, esquadrilha de Avengers TBM da Marinha, em misso que partiu da Base Aeronaval de Forte Lauderdale, no dia 5 de dezembro de 1945, foi objeto junto com o avio Martin Mariner, enviado para procur-los e que igualmente desapareceu de uma das operaes de resgate mais intensas e com-pletas no mar e em terra de que se tem conhecimento. Apesar disso, nenhum colete salva-vidas, manchas de leo ou destroos foram jamais localizados. Outros avies, inclusive alguns de passageiros, desapareceram enquanto recebiam instrues de aterrissagem, como se tivessem penetrado por um buraco aberto no cu, conforme ficou registrado no Livro de Inqurito da Marinha. Barcos grandes e pe-quenos desapareceram sem deixar traos, como se eles e suas tri-

  • pulaes tivessem entrado em uma outra dimenso. Navios grandes, tais como o Marine Sulphur Queen, um cargueiro de 142 metros de comprimento, e o U.S.S. Cyclops, de 19.000 toneladas e com 309 pes-soas a bordo, simplesmente sumiram enquanto outros navios e barcos menores foram encontrados deriva dentro dos limites do Tringulo, algumas vezes com um animal sobrevivente, tais como um canrio ou um cachorro, que no poderiam dar nenhuma indicao do que acon-tecera. Num dos casos, porm, um papagaio falador desapareceu junto com a tripulao.

    Estes desaparecimentos inexplicveis no Tringulo das Bermudas tm continuado at os dias de hoje e nenhum avio ou navio assinalado como "desaparecido" e finalmente classificado no arquivo de "buscas suspensas" pelo Stimo Corpo da Guarda Costeira, sem o comentrio expresso ou no, ou sem o sentimento do pblico e daqueles que os investigam, de que existe uma certa conexo entre o passado e o presente do Tringulo das Bermudas. Ao que parece, h atualmente um interesse cada vez maior do pblico para o fato de que ocorre algo de muito errado naquela regio. Inmeros e recentes relatrios de avies e de barcos que sofreram e sobreviveram a ex-perincias incrveis dentro dos limites do Tringulo tm contribudo para um novo folclore martimo, apesar de a causa desta ameaa inexplicada continuar to misteriosa quanto antes.

    Explicaes as mais variadas e imaginosas foram formuladas e levadas seriamente em considerao numa tentativa de esclarecer os contnuos desaparecimentos e as provveis (porque nenhum corpo foi jamais encontrado) conseqncias fatais. Estas explicaes incluem como causa vagas repentinas de mars causadas por terremotos, bolas de fogo que explodem sobre os avies, ataques por monstros mari-nhos, uma distoro de tempo-espao que os levasse a uma outra dimenso, turbilhes eletromagnticos ou gravitacionais que causassem a queda dos avies e a perda dos navios em pleno mar, captura e seqestro por OVNIs, sejam voadores ou submarinos, manejados por entidades de culturas sobreviventes da antigidade, do espao sideral, ou do futuro, procura de espcimes da vida atual da Terra. Uma das sugestes mais exticas foi a antecipada por Edgar Cayce, o "profeta adormecido", mdium e curandeiro que morreu em 1944. Cayce predisse, dcadas antes que os fachos de raios laser fossem inventados, que os antigos habitantes da Atlntida usavam cristais como fonte de energia, especificamente os localizados na rea de Bimini, e que foram presumivelmente afundados no leito do

  • oceano ao largo dos Andros, nas Bahamas, onde muitos dos desaparecimentos sucederam. Em sua opinio, uma fonte independente de fora submersa a uma milha de profundidade a oeste de Andros, ainda hoje estaria exercendo o seu poder ocasional sobre as bssolas e os equipamentos eletrnicos de navios e avies dos nossos dias.

    De qualquer forma, a explicao ou a soluo para o mistrio parece estar intimamente ligada ao mar, ainda hoje o maior de todos os mistrios com os quais se depararam os habitantes do planeta Terra. Pois, apesar de estarmos no limiar do espao sideral, olhando an-siosamente para o cosmos, acreditando que o nosso mundo est total-mente explorado e j no guarda mais nenhum segredo, nada menos de trs quintos de nosso mundo, as profundidades abissais dos mares, so-nos igualmente ou ainda menos conhecidas do que as crateras da Lua. Ns j fizemos, lgico, mapas dos contornos gerais do fundo do mar, primeiro por sondas mecnicas e mais recentemente pelo sonar e atravs de exploraes feitas por submarinos e batisferas, alm de cmaras para grandes profundidades que diagramam sua superfcie e as correntes submarinas e que presentemente so empregadas na prospeco de petrleo nas plataformas continentais e, em breve, tal-vez mesmo em maiores profundidades.

    A guerra fria e a crescente segurana das frotas modernas de submarinos, apesar dos perigos que as atividades submarinas da Marinha Francesa enfrentaram no Mediterrneo, e a dos Estados Unidos, no Atlntico, certamente contribuiro decisivamente, se este material for revelado ao pblico, para nossos conhecimentos sobre o fundo do mar. De qualquer forma, as partes mais profundas do oceano talvez ainda nos reservem surpresas considerveis. A plancie abissal, os vales, os desfiladeiros que a cercam podem abrigar uma fauna surpreendente. O "extinto" celacanto, peixe supostamente pr-histrico, com membros residuais, foi descoberto muito vivo e em per-feita sade no Oceano ndico, em 1938. Este peixe azulado de quatro pernas, j existia h 60 milhes de anos. O ltimo espcime fossili-zado, antes do que foi achado vivo, datava de 18 milhes de anos antes de Cristo.

  • Cpia de um desenho contemporneo da Serpente-Marinha de Gloucester, uma das mais comprovadas entre as muitas "'serpentes-marinhas" j vistas atravs dos sculos. Consta que foi observada por vrias pessoas ao largo do Cabo Ann,. em Massachussets, em agosto de 1917, tendo chegado a provocar uma investigao da Sociedade de Naturalistas de Boston. Representantes desta sociedade relataram que conseguiram chegar a 139 metros de distncia do monstro. Estimaram seu comprimento em trinta metros, e calcularam a velocidade em que nadava de trinta milhas por hora. Logo aps a visita dos naturalistas, ela desapareceu da regio.

    Descries acuradas de observadores idneos, muitos dos quais nada tinham a ganhar e, ao contrrio, at bastante a perder ao inventar a histria de uma "serpente-marinha", desenharam ou descreveram esta criatura que se assemelha muitssimo estrutura do monossauro do perodo plioceno ou do ictiossauro, aparentemente ainda vivos e saudveis nas profundezas abissais. Em diversas ocasies, essas criaturas foram vistas por centenas de testemunhas quando se aproximavam de praias e baas situadas em locais que variam desde a Tasmnia at Massachussets. O "Monstro de Loch Ness", carinhosamente chamado de "Nessie" pelos escoceses das vizinhan-as, e regular, porm indistintamente fotografado, pode ser uma ver-so menor de um destes gigantescos "peixes-lagartos", como o seu nome em grego, Ichthyosaurus, significa.

    Anton Bruun, oceangrafo dinamarqus, observou uma vez um alevino em forma de enguia de dois metros de comprimento trazido tona por um barco de arrasto, e igualmente a sua forma larval, que, se crescesse at a idade adulta na mesma proporo, mediria 24 metros de comprimento.

    Embora nunca se tenha conseguido capturar um exemplar de lula gigante, existem indicaes de que elas podem efetivamente ser to grandes quanto algumas das lendrias "serpentes-marinhas". Na

  • realidade, podem at mesmo ser as prprias serpentes-marinhas vistas por tantas pessoas. O tamanho destas lulas ou calamares gigantescos pode ser calculado pelos restos ocasionais de esqueletos encontrados e tambm pelas marcas das cicatrizes em forma de disco no dorso debaleias como sinal de suco deixada por tentculos, resultado de titnicas batalhas nas grandes profundezas. As ventosas dos tentculos arrancaram o pigmento do couro das baleias deixando o seu perfil de maneira fiel.

    Apesar de estarmos constantemente aprendendo coisas novas, acerca da vida nos oceanos, a maioria de nossas observaes e a des-coberta de espcimes tm sido acidentais, como se exploradores do es-pao sideral, por analogia, houvessem lanado redes de suas astronaves em vrias partes da Terra e pescado o que tivessem a oportunidade de achar.

    At mesmo as criaturas marinhas que j nos so familiares en-cerram mistrios em suas migraes e hbitos de reproduo: as en-guias que saem do interior da Europa e da Amrica e se encontram para procriar no Mar dos Sargaos, de onde apenas os filhotes alcan-am de volta o local de que partiram os seus pais; os atuns que iniciam sua migrao ao longo das costas do Brasil, viajam at a Nova Esccia e de l at a Europa, de onde alguns, e somente alguns, continuam at o Mediterrneo; as lagostas que caminham pelo fundo do mar ao longo das plataformas continentais e continuam a descer para um destino desconhecido na plancie abissal.

    Outros mistrios incluem as grandes fossas ocenicas, tendo todas, curiosamente, a mesma profundidade os desconcertantes doze quilmetros e as criaturas vivas que existem l no fundo sob uma presso to tremenda. E existem igualmente as correntes ocenicas, grandes rios dentro do mar, algumas que correm apenas na superfcie, variando em profundidade, enquanto outras deslizam a centenas de metros abaixo do nvel das guas, muitas vezes em sen-tido contrrio s correntes da superfcie. Temos a Corrente de Cromwell no Oceano Pacfico, que h alguns anos atrs subiu at tona e depois voltou sua condio de corrente submarina. Quase todas as correntes giram; as do Hemisfrio Norte no sentido dos ponteiros do relgio, e as do Hemisfrio Sul, em sentido contrrio aos ponteiros do relgio. Mas por que a Corrente de Bengala uma exceo ao correr sem girar em nenhuma direo?

    Os ventos e as ondas tambm tm mistrios: as mais repentinas e violentas tempestades s ocorrem em duas reas; os furaces das

  • Carabas e da regio do Atlntico Ocidental e os tufes dos mares ao sul da China. Algumas vezes, no entanto, ondas extremamente vio-lentas, chamadas seiche como as oscilaes existentes em al guns lagos da Sua surgem sobre mares aparentemente calmos. Acredita-se que essas ondas sejam causadas por avalanchas ou ter-remotos submarinos, no percebidos na superfcie nem registrados pelas estaes meteorolgicas.

    As principais correntes ocenicas. Notem que as correntes do Hemisfrio Norte giram no sentido dos ponteiros de um relgio, enquanto as do Hemisfrio Sul giram em sentido contrrio, fato ligado ao movimento de rotao da Terra.

    A riqueza mineral dos oceanos incalculvel, e a extrao e a explorao desses depsitos minerais, juntamente com o petrleo, podem afetar consideravelmente o balano financeiro do futuro. O oceano protege ainda tesouros e vestgios de civilizaes passadas. Muitas destas civilizaes so manifestas nas guas costeiras do Mediterrneo e da plataforma continental do Atlntico, mas outras podem existir, por exemplo, a uma ou a mais de uma milha de profundidade nas costas peruanas, onde colunas esculpidas foram fotografadas submersas entre runas que poderiam ter sido edifcios, indicando uma queda violenta de terreno para dentro do oceano, j na era de nossa civilizao. Histrias sobre civilizaes submersas so comuns em diversas partes dos oceanos desde a perdida Atlntida, no meio do Atlntico; nas Bahamas ou no Mediterrneo Oriental; os mistrios da Ilha de Pscoa e de outras civilizaes perdidas no Sul do Pacfico; at a possibilidade de uma outra civilizao presentemente soterrada sob os gelos da Antrtida, e que teria existido ali antes que os plos se deslocassem.

    Partes do solo no fundo dos oceanos parecem estar constante-mente mudando de posio; em maio de 1973, um pedao da Fossa

  • Bonin, perto do Japo, ergueu-se dois mil metros. A maioria das centenas de milhares de terremotos ocorrem anualmente ao longo da cordilheira do centro do Atlntico, comumente citada desde os tempos antigos como localizao da lendria Atlntida. E h tambm o mis-trio dos "fundos falsos", freqentemente revelados em sondagens submarinas, e que muitas vezes revelam profundidade mais rasa do que a encontrada anteriormente e que,tempos depois, voltam a indicar as profundidades anteriores. Presume-se que este fundo falso seja causado pela presena temporria de cardumes de peixes ou de outro tipo de fauna to espesso que apresentam uma superfcie slida a qual o sonar atinge, registrando assim uma informao equvoca. Outro enigma igualmente incompreensvel so as curiosas estrias brilhantes das "guas brancas" na Corrente do Golfo. J se pensou diversas vezes que elas so causadas pelos cardumes de pequenos peixes fosforescentes, marga agitada por peixes, ou radiatividade nas guas. Mas seja l o que for, bastante evidente, pois o fato foi comentado por Colombo h cinco sculos, e tambm consta de relatrios de astronautas no espao sideral. Finalmente, temos a teoria dos continentes que se deslocam, afastando-se um do outro pelos mares e separando-se do que antes seria um supercontinente. Esta teoria vem sendo aceita somente agora e pode ter uma relao considervel com a rotao, a composio e o comportamento da Terra.

    Existe porm uma diferena entre estes mltiplos mistrios, que podero ser eventualmente resolvidos (e que durante sua pesquisa se mostraro fascinantes), e o enigma proposto pelo Tringulo das Bermudas, que introduz um elemento de perigo aos viajantes. verdade, lgico, que inmeros avies voam sobre o Tringulo todos os dias; que barcos, grandes e pequenos, navegam em suas guas, e que incontveis passageiros e viajantes visitam aquela rea todos os anos sem qualquer incidente. Alm disso, navios e avies se perdem nos mares e continuam a desaparecer em todos os mares do mundo por diversas razes (aqui devemos recordar a diferena entre "perdidos no mar", que sugere a descoberta de destroos ou de qualquer objeto flutuante, e "desaparecidos", que implica no deixar qualquer vestgio). Contudo, em nenhuma outra rea os desaparecimentos inexplicveis tm sido to numerosos, to sbitos, e cercados de circunstncias to estranhas, a ponto mesmo de ultrapassar os limites da coincidncia.

    Muitas autoridades martimas e aeronuticas diriam que per-feitamente natural que avies, navios e pequenos iates desapaream

  • em uma rea em que existe tanto trfego martimo e areo, rea sujeita a tempestades repentinas e s mltiplas possibilidades de erros de navegao e acidentes. Estas mesmas autoridades so capazes de dizer que o Tringulo das Bermudas simplesmente no existe, e que o prprio termo inadequado, um mistrio manufaturado para a diver-so de curiosos e de leitores imaginativos. As linhas areas que servem a rea delimitada pelo Tringulo das Bermudas concordam, compreensivelmente, de maneira entusistica com esta opinio, embora muitos pilotos experimentados no estejam assim to certos de sua no-existncia. Aqueles que alegam que o Tringulo no existe, de certa forma esto certos: o Tringulo das Bermudas, rea dos de-saparecimentos inexplicveis, talvez no seja mesmo um tringulo geometricamente verdadeiro, mas algo parecido com uma elipse ou talvez um segmento de um crculo gigantesco com o pex perto das Bermudas e a parte curva e inferior estendendo-se at a Flrida, pas-sando por Porto Rico, curvando-se para o sul e para leste atravs do Mar dos Sargaos, e voltando novamente s Bermudas.

    Aqueles que estudaram o fenmeno esto em geral se bem que no especificamente de acordo com esta localizao. Ivan Sanderson, que tratou do assunto em seu livro Residentes Invisveis e em numerosos artigos, concluiu que se trata realmente de uma elipse ou um losango igual a doze outros espalhados em intervalos regulares pelo mundo, incluindo o mal afamado "Mar do Demnio", no Japo. John Spencer considera que a rea de perigo segue a plataforma con-tinental, que se inicia em uma ponta ao largo da Virgnia, seguindo para o sul ao longo das costas americanas at a Flrida, continuando em torno do Golfo do Mxico, inclusive as plataformas das ilhas do mar das Carabas e a periferia das Bermudas. Vincent Gaddis, autor de Horizontes Invisveis, e de um artigo na revista Argosy que talvez tenha sido o responsvel pelo nome do Tringulo das Bermudas, es-tabelece a sua forma triangular grosseiramente como... "uma linha que vai da Flrida s Bermudas, outra das Bermudas a Porto Rico, e uma terceira de volta a Flrida passando atravs das Bahamas"; enquanto John Godwin, em Este Mundo Estranho, sugere que este "Mar das Feiticeiras" mais ou menos "um quadrado aproximado cujos limites se estendem entre as Bermudas e as costas da Virgnia", com sua fronteira meridional "formada pelas ilhas de Cuba, Hispaniola e Porto Rico". At mesmo a Guarda Costeira dos Estados Unidos, que no acredita no Tringulo das Bermudas, condescendentemente identifica

  • sua localizao em uma carta circular arquivada sob o n. 5720 do Stimo Distrito da Guarda Costeira. Ela comea assim:

    "O 'Tringulo das Bermudas' ou 'Tringulo do Demnio' uma rea imaginria localizada ao largo da costa sudeste dos Estados Unidos, conhecida pela alta incidncia de perdas inexplicveis de navios, barcos pequenos e avies. Os vrtices deste tringulo so formados e aceitos geralmente como sendo as Bermudas, Miami na Flrida e San Juan de Porto Rico. "

    Os meteorologistas freqentemente se referem ao "Tringulo do Demnio" como uma rea limitada por linhas que correm ao norte das Bermudas at Nova Iorque e ao sul at as ilhas Virgens, estendendo-se em leque para oeste, at os 75 de longitude.

    Os desaparecimentos mais importantes de navios e avies nos so revelados em mapa da mostrado mais adiante que servir para o leitor tirar suas prprias concluses quanto forma do Tringulo das Bermudas. Se ou no um tringulo, ou talvez um pequeno tringulo dentro de um outro muito maior, uma elipse gigantesca, um quadrado, ou um fenmeno paralelo s plataformas continentais e das ilhas.

    H longos anos se comenta nos crculos martimos que muitos navios desapareceram nesta rea, e vrios destes desaparecimentos no passado talvez hajam contribudo para a lenda do "Mar dos Navios Perdidos" ou do "Cemitrio de Navios", localizado no mar dos Sar-gaos, parte do qual se encontra dentro do Tringulo. Relatrios a respeito de navios desaparecidos parecem indicar que estes desa-parecimentos comeam a aumentar consideravelmente a partir de 1860, provavelmente devido a informaes mais detalhadas. Os desaparecimentos comearam depois da Guerra Civil, excluindo assim a possibilidade de ataques por parte das tropas confederadas. Mas foi alguns meses aps a Segunda Guerra Mundial que ocorreu um acidente estranhssimo, sugerindo que avies que voassem sobre esta rea pudessem sumir nos ares da mesma forma como os navios vinham desaparecendo nas guas. Foi este incidente que deu o nome ao Tringulo das Bermudas.

  • 2 - O Tringulo dos Avies Desaparecidos.

    O Tringulo das Bermudas recebeu este nome aps o desapa-recimento de seis avies da Marinha dos Estados Unidos e suas tri-pulaes em 5 de dezembro de 1945. Os cinco primeiros avies que sumiram, aparentemente ao mesmo tempo, encontravam-se em misso rotineira de treinamento com plano de vo determinado: seguir uma linha triangular que se iniciara na Base Aeronaval de Forte Lauderdale, na Flrida, avanando 250 quilmetros para leste, 65 quilmetros para o norte, e depois de volta s suas bases, pelo rumo sudoeste. As ilhas Bermudas batizaram o que j era anteriormente chamado de "Tringulo do Demnio", "Tringulo da Morte", "Mar das Feiticeiras", "Cemitrio do Atlntico", e vrias outras designaes, principalmente porque se notou naquela ocasio que o vrtice do plano triangular do vo que partira de Forte Lauderdale estava numa linha direta em relao s Bermudas, e em parte porque as Bermudas pareciam ser a fronteira ao norte de recentes e de antigos desaparecimentos de navios e avies em circunstncias inslitas. Mas nenhum incidente anterior ou posterior foi mais estranho que o desaparecimento de toda essa esquadrilha em vo de treinamento, juntamente com o gigantesco aparelho que saiu para socorr-lo, um Martin Mariner, que levava uma tripulao de 13 pessoas, e que inex-plicavelmente como que se evaporou durante as operaes de busca.

    Vo 19 era a designao do grupo de avies que se perdera e que decolara de sua base no Forte Lauderdale, na tarde de 5 de dezembro de 1945. As aeronaves eram pilotadas por cinco comandantes e contavam com nove membros na tripulao, distribudos dois a dois em cada avio, menos um deles, que pedira a sua retirada das turmas de vo devido a um "pressentimento" e no fora ainda substitudo. Os avies eram aparelhos Grummans Navais TBM-3 Avenger, bombardeiros com torpedos, e cada um deles levava bastante combustvel para um vo de mais de mil e seiscentos quilmetros. A temperatura era 18,3C, o sol brilhava e havia pequenas nuvens esparsas e ventos moderados de nordeste. Pilotos que tinham voado antes naquele mesmo dia haviam constatado as condies ideais de vo. O tempo previsto para o vo era de duas horas. Os avies comearam a decolar s duas horas da tarde e s 2hl0m estavam todos no ar. O Tenente Charles Taylor, com mais de 2.500 horas de vo, e que estava no comando da esquadrilha, guiou o

  • grupo em direo aos baixios Chicken, ao norte de Bimini, onde eles deveriam fazer ataques de treinamento sobre um casco desmantelado que servia de alvo. Tanto os pilotos como os tripulantes eram experientes e no havia nenhuma razo para esperar algo de natureza excepcional naquela misso rotineira do Vo 19.

    Mas algo aconteceu, como se fosse uma vingana. Por volta das 3hl5m, quando o bombardeio terminou e os avies deveriam continuar no rumo leste, o radioperador da torre da Base Aeronaval de Forte Lauderdale, que estava espera do contato com os avies para saber a provvel hora do retorno e transmitir-lhes as instrues de pouso, recebeu uma mensagem extraordinria do lder da esquadrilha. As gravaes mostram o seguinte:

    Lder da Esquadrilha (Tenente Charles Taylor): Chamando a torre. Isto uma emergncia. Parece que estamos fora do rumo. No consigo ver a terra... Repito... No consigo ver a terra.

    Torre: Qual a sua posio?Lder da Esquadrilha: No estamos certos de nossa posio.

    No tenho a certeza de onde estamos... Parece que estamos perdidos.Torre: Mude o rumo para oeste.Lder da Esquadrilha: No sabemos para que lado fica o

    oeste. Tudo est errado... Estranho... No temos certeza de nenhuma direo at mesmo o oceano parece diferente, esquisito...

    Cerca de 3h30m da tarde, o instrutor-chefe dos vos em Forte Lauderdale captou em seu rdio uma mensagem de algum chamando Powers, um dos alunos-pilotos, pedindo informaes a respeito da leitura de sua bssola, e ouviu Powers responder:

    Eu no sei aonde estamos. Devemos ter-nos perdido aps a ltima virada.

    O instrutor-chefe conseguiu contato com o Vo 19, e chamou o instrutor do vo, que lhe disse:

    Ambas as minhas bssolas esto fora de ao. Estou tentando encontrar Forte Lauderdale... Tenho certeza que estamos sobre as ilhas do litoral, mas no sei a que distncia...

    O instrutor-chefe depois disto aconselhou-o a voar rumo norte com o sol por bombordo at que ele alcanasse a Base Aeronaval de Forte Lauderdale. Mas logo em seguida ouviu:

    Acabamos de passar sobre uma ilhota... No h mais ne-nhuma terra vista...

  • Isso indicava que o avio do instrutor do Vo 19 no estava sobre a costa e que toda a esquadrilha, j que nenhum deles conseguia ver terra, que normalmente seguiria em continuao s ilhas baixas da costa da Flrida, havia perdido a direo.

    Foi ficando cada vez mais difcil captar as mensagens do Vo 19 devido esttica. Aparentemente o Vo 19 j no podia ouvir as men-sagens enviadas pela torre de controle, mas a torre conseguia ouvir a conversa trocada entre os avies. Algumas se referiam a uma possvel falta de combustvel gasolina para apenas mais cem quilmetros de vo, referncias a ventos de 120 quilmetros por hora, e a desalentada observao de que todas as bssolas, magnticas ou giroscpicas, de todos os avies, "tinham ficado malucas" como haviam dito antes cada qual dando uma leitura diferente. Durante todo este tempo, o poderoso transmissor de Forte Lauderdale foi incapaz de estabelecer qualquer contato com os cinco avies, apesar das comunicaes entre os componentes da esquadrilha serem perfeitamente audveis.

    A esta altura, o pessoal da base estava num compreensvel al-voroo quando se espalhou a notcia que o Vo 19 havia-se deparado com uma emergncia de origem ignorada. Todos os tipos de supo-sies a respeito de ataques inimigos (apesar da Segunda Guerra Mundial j haver terminado fazia vrios meses) ou at mesmo de ataques por novos inimigos, como eles prprios sugeriram, deter-minaram o envio de um aparelho de resgate, um bimotor Martin Mariner, hidroavio de patrulha com uma tripulao de 13 pessoas, que decolou da Base Aeronaval do Rio Banana.

    s 4 horas da tarde, a torre conseguiu ouvir de relance que o Tenente Taylor inesperadamente passara o comando da esquadrilha para um antigo piloto da Marinha, o Capito Stiver. Apesar de confusa devido esttica e deformada pela excessiva tenso, uma mensagem compreensvel foi enviada por ele:

    No temos certeza de onde estamos... Penso que devemos es-tar a 360 quilmetros a nordeste da base... Devemos ter passado por cima da Flrida e estar sobre o Golfo do Mxico...

    O lder da esquadrilha aparentemente resolveu dar uma volta de 180 na esperana de voltar para a Flrida, mas ao fazer a curva a transmisso comeou a ficar cada vez mais fraca, indicando que deviam ter feito a curva na direo errada e que estavam se afastando no rumo leste, cada vez mais longe da Flrida e na direo do mar aberto. Alguns relatrios afirmam que as ltimas palavras ouvidas do Vo 19 foram:

  • ...parece que... ns estamos...Enquanto outros radioperadores parecem lembrar-se de mais al-

    guma coisa, tais como: Estamos em guas brancas... Estamos completamente per-

    didos...Nesse meio tempo a torre de controle recebeu uma mensagem

    enviada poucos minutos aps a decolagem do Tenente Come, um dos oficiais do Martin Mariner, despachada da rea geral de onde se presumia estivesse o Vo 19, afirmando que havia fortes ventos acima de dois mil metros. Esta foi, no entanto, a ltima mensagem recebida do avio de resgate. Logo depois todas as unidades de busca rece-beram uma mensagem urgente dizendo que eram seis e no mais cinco avies que haviam sumido. O avio de resgate, com seus 13 tri-pulantes, tambm desaparecera.

    Nenhuma mensagem posterior foi recebida do Vo 19 em sua misso de treinamento ou do Martin Mariner enviado para procur-los. Um pouco depois das 7h da noite, no entanto, a Base Aeronaval de Opa-Locka em Miami captou uma mensagem muito fraca que consistia de: FT... FT... que era o prefixo dos avies do Vo 19. O avio do instrutor do vo era o FT-28. Mas se esta chamada fosse mesmo da "patrulha perdida", a hora em que ela foi captada indicava uma transmisso duas horas depois de os avies presumivelmente j estarem sem gasolina.

    As buscas areas imediatas, iniciadas no dia do desaparecimen-to, foram suspensas quando escureceu, mas barcos do Servio da Guarda Costeira continuaram a procurar sobreviventes a noite inteira. No dia seguinte, quinta-feira, um imenso esforo de buscas comeou s "primeiras horas", isto , ao romper da aurora, embora tenha se desencadeado uma das mais intensas operaes de resgate de toda a Histria que envolveu 240 avies, alm de 67 suplementares do porta-avies Solomons, quatro destrieres, vrios submarinos, 18 barcos da Guarda Costeira, centenas de avies particulares, iates e barcos menores, e os restantes PBM da Base Aeronaval do Rio Ba-nana e apesar da ajuda da RAF e das unidades da Marinha Real Britnica sediadas nas Bahamas, nada foi encontrado.

    Uma mdia diria de 167 vos, a cem metros acima do nvel do mar, da madrugada at o anoitecer, procedendo a uma inspeo minuciosa sobre 380.000 milhas quadradas de terra e de mar, inclusive no oceano Atlntico, mar das Carabas, parte do Golfo do Mxico e a zona territorial da Flrida e ilhas vizinhas, com um tempo de vo que

  • totalizou 4.100 horas, no revelou nenhuma balsa salva-vidas, nenhum destroo, qualquer mancha de leo. As praias da Flrida e das Bahamas foram vasculhadas diariamente vrias semanas na esperana de nelas se encontrar algum destroo dos avies perdidos trazido pelas mars. Tais buscas no tiveram nenhum sucesso.

    Todos os indcios possveis foram investigados. Um relatrio di-zendo que um claro avermelhado fora visto em terra por um avio comercial, no dia dos desaparecimentos, foi tido como sendo a possvel exploso do Martin Mariner. Mas logo essa verso era posta de lado. Mais tarde um navio mercante anunciou ter visto uma exploso no cu s sete e meia da noite. Mas se tal exploso tivesse algo a ver com os cinco Avengers, isto significaria forosamente que eles estavam ainda voando horas depois de seu combustvel ter-se esgotado. Alm do mais, explicar desta maneira a perda de todos os avies sem deixar nenhum trao implicaria a hiptese de que eles todos se tivessem chocado ao mesmo tempo e explodido aps silenciarem o rdio totalmente. igualmente notvel o fato de que nenhum SOS foi enviado, seja pelo Vo 19, seja pela misso de resgate. Quanto possibilidade de uma amerrissagem forada no oceano, observa-se que os Avengers eram capazes de descer suavemente, podendo-se manter tona por noventa segundos em qualquer eventualidade. E suas tripulaes estavam treinadas para abandonar as aeronaves em sessenta segundos. Balsas salva-vidas estavam disponveis e eram facilmente alcanadas pelo lado de fora dos avies. Assim, em praticamente quase todos os tipos de amerrissagem as balsas salva-vidas boiariam e eventualmente seriam encontradas. Durante a primeira parte da operao de resgate, alguns observadores notaram grandes ondas, mas as vagas eram to separadas umas das outras que os avies poderiam ter descido, se necessrio, nos intervalos. A curiosa meno s "guas brancas" na ltima mensagem recebida do Vo 19 pode talvez ter alguma conexo com a estranha neblina branca e espessa que um fato ocasional naquela regio. Isto talvez possa explicar a falta de visibilidade e o comentrio de que o sol "estava diferente", mas certo que no teria afetado as bssolas e os giroscpios. Por outro lado, existe um local entre a Flrida e as Bahamas em que as comunicaes pelo rdio emudecem, mas os problemas dos avies comearam antes que o contato pelo rdio fosse perdido.

    Uma Comisso Naval de Inqurito, depois de examinar todas as evidncias disponveis e chegando incidentalmente a debater o

  • problema durante a. corte marcial a que foi submetido o oficial en-carregado dos instrumentos de bordo (que mais tarde foi absolvido quando ficou estabelecido que todos os instrumentos tinham sido verificados por ele antes da decolagem), terminou tambm s escuras quanto ao que realmente acontecera. Parte do relatrio afirma:

    Uma mensagem enviada pelo rdio e interceptada na torre de controle da base indicava que os avies estavam perdidos e que suas bssolas apresentavam defeito.

    O Capito W. C. Wingard, oficial de informao, foi de certa forma mais objetivo em uma entrevista concedida imprensa pos-teriormente:

    ...Membros da Comisso de Inqurito no foram capazes nem mesmo de dar um palpite razovel sobre o que aconteceu.

    Outro membro da Comisso, de maneira bastante dramtica, comentou:

    Eles sumiram to completamente como se tivessem voado para Marte...

    Desta maneira foram introduzidos os elementos fantasiosos das viagens espaciais e possveis OVNI, que desde ento passaram a fazerparte das lendas do Tringulo das Bermudas. Investigadores srios e oceangrafos apresentaram uma variedade de opinies a respeito de como aqueles e tantos outros navios e avies poderiam desaparecer sem deixar trao, e como tantos pilotos e passageiros se haviam como que evaporado.

    O Capito-de-Corveta R. H. Wirsching, oficial de treinamento na Base Aeronaval de Forte Lauderdale na poca do caso, que estudou a ocorrncia por muitos anos, pensa que o termo "desaparecidos" um dado importante a respeito do destino dos tripulantes do Vo 19, j que no existe nenhuma prova de que eles efetivamente tenham perecido. (A me de um dos pilotos perdidos, que assistiu a uma das audincias navais afirmou na poca que tinha a impresso de que seu filho "ainda estava vivo em algum lugar do espao".) E o Dr. Manson Valentine, um cientista que estudou a rea vrios anos a partir de Miami, foi citado no Miami News por ter declarado:

    Eles ainda se encontram aqui, mas numa dimenso diferente, graas a um fenmeno magntico que poder ter sido criado por um OVNI.

    Um oficial da Guarda Costeira, membro da Comisso de In-qurito, expressou-se com uma franqueza simplria ao dizer simples-mente:

  • Ns no sabemos que diabo anda acontecendo por aqui! E uma afirmativa final, mais formal, feita por um outro oficial

    da Comisso expressou a conformidade de opinies de todos os inves-tigadores:

    Esta perda indita em tempo de paz um mistrio total, o mais estranho de todos os mistrios jamais registrados nos anais da aviao naval.

    Existem muitas vezes elementos de coincidncias incrveis as-sociados a desastres, particularmente quando ocorrem no mar (quando o cargueiro Stockholm se chocou com o navio de passageiros Andra Doria, uma menina que s falava espanhol foi arrancada de sua cabina, no Andra Doria, pela proa do Stockholm e encaixada com parte da cabina dentro de um anteparo, no casco do Stockholm, perto da cabina de um marinheiro que era a nica pessoa do cargueiro que sabia falar espanhol). O Vo 19, por sua vez, no foi nenhuma exceo quanto ao elemento de coincidncia.

    O Comandante Wirshing, na ocasio apenas um tenente de servio como oficial de treinamento na base de Forte Lauderdale, e cujas comunicaes serviram de base a grande parte deste livro, lembra-se que houve tambm um vo matinal de treinamento naquele mesmo dia e que de certa forma foi igualmente estranho. Este primeiro vo, por ter sido considerado muito menos sensacional que o outro, foi naturalmente negligenciado pela imprensa na ocasio do desastre. Mas os aparelhos que participaram dele tiveram problemas srios com as bssolas e, em vez de retornar base, aterrissaram 80 quilmetros ao norte.

    Um pressentimento do desastre pareceu afetar pelo menos dois membros do Vo 19. Um deles foi o prprio instrutor de vos. A Ihl5m da tarde ele chegou atrasado para a reunio de instrues antes do vo e pediu ao oficial de servio para ser dispensado desta par-ticular misso. Seu pedido no foi acompanhado de nenhuma ex-plicao. Ele simplesmente declarou que no desejava tomar parte na misso. Como nenhum substituto estava disponvel, o pedido no foi atendido.

    Um segundo caso, que o Tenente Wirshing presenciou pessoal-mente, foi muito comentado: programado para o Vo 19, o cabo Allan Kosnar no se apresentou na hora da decolagem. Ele foi citado pela imprensa por ter dito:

  • No posso explicar porque, mas por alguma estranha razo, eu resolvi no voar naquele dia.

    De acordo com o Tenente Wirshing, o cabo, um veterano de Guadalcanal, s tinha, mais quatro meses para servir antes de ser desmobilizado e havia pedido h vrios meses para ser desligado das foras de vo. No dia do vo o problema tornara a surgir e o

    Tenente Wirshing dissera a ele para se apresentar ao mdico da esquadrinha para pedir a sua retirada do vo naquele dia. Ele fez isto e a esquadrilha decolou com um tripulante a menos. Quando as pri-meiras indicaes de problemas com o Vo 19 se tornaram evidentes, o Tenente Wirshing dirigiu-se ao alojamento procura de voluntrios. A primeira pessoa que ele encontrou ali foi o cabo recentemente licenciado, que disse: .

    Lembra-se que o Senhor me mandou ver o mdico da es-quadrilha? Eu fui, e ele me desobrigou do vo. Agora a minha es-quadrilha que se perdeu.

    Um relatrio do momento da decolagem, no entanto, indicava que os avies haviam sado com as tripulaes completas, como se al-gum houvesse embarcado no ltimo minuto no lugar do cabo. Isto causou uma chamada de mais de uma hora na base inteira, com vista a descobrir se algum mais estava faltando. Quando ficou confirmado que no faltava mais ningum, o mistrio adicional das "tripulaes completas" tornou-se apenas mais um elemento insolvel no mltiplo desaparecimento.

    Um outro elemento inslito no mistrio do Vo 19 tornou-se pblico somente 29 anos aps o caso quando Art Ford, reprter, es-critor e conferencista, que seguira o caso desde 1945, fez uma reve-lao sensacional em um programa nacional de televiso em 1974. Afirmou que o Tenente Taylor dissera, em seu rdio:

    No venham atrs de mim... Parece que eles vm do espao... Ford afirma que esta informao original lhe foi dada na poca do acontecimento por um radioamador, mas que ele no lhe deu muita importncia, considerando as dificuldades de um radioperador amador em receber comunicaes de um aparelho em vo, e tambm devido excitao e os boatos que circulavam ento.

    Porm Ford, continuando suas investigaes, recebeu algumas confirmaes estranhas na transcrio das mensagens do avio para a torre de controle, inclusive um relatrio posterior trazido tona pela presso dos pais dos tripulantes desaparecidos. Este relatrio, oficial, e mais tarde considerado secreto parte do qual, afirma Ford, lhe foi

  • permitido examinar continha pelo menos uma frase No venham atrs de mim... em comum com as fornecidas a ele pelo operador civil de onda curta, mas que, significativamente, jamais foi publicado. Este mistrio final, com a sugesto de uma interferncia de outros mundos, se repete como um eco em outros desaparecimentos.

    Apesar de muitos outros navios e embarcaes de recreio terem desaparecido na rea do Tringulo das Bermudas, antes e depois deste incidente, digno de nota que o desastre atingiu ao mesmo tempo os Avengers e o Martin Mariner e foi o primeiro no qual se envolveram avies e em que tantas unidades de resgate participaram de uma busca to extensa e completa, embora completamente infrutfera, em terra, mar e ar. Este incidente iria gerar, de agora para a frente, buscas intensificadas no caso de avies desaparecidos, no somente no sentido de tentar o resgate dos possveis sobreviventes, mesmo depois que o tempo de sobrevivncia provvel se houvesse esgotado, como tambm de pesquisar e descobrir o que acontecera com eles.

    Depois do acontecido com o Vo 19, desaparecimentos inexplicados de avies militares, particulares e comerciais comearam a ocorrer com uma regularidade sinistra, somados aos j "normais" desaparecimentos de navios grandes e pequenos que sucediam na regio havia muitos anos. Agora, no entanto, com as equipes de res-gate de mar e ar, radiocomunicaes com as bases, instrumentos de navegao mais sofisticados, e mtodos de busca altamente desenvol-vidos, cada desaparecimento tem sido investigado com uma meticulosidade consideravelmente mais perfeita.

    No dia 3 de julho de 1947, um avio C-54 do Exrcito dos Estados Unidos com seis tripulantes em vo de rotina das Bermudas at a Base Area do Exrcito de Morrison, em Palm Beach, desapareceu em algum local entre Bermuda e Palm Beach, quando sua posio transmitida o colocava a 160 quilmetros ao largo das Bermudas. Uma operao de busca, imediata e intensiva, feita pelo Exrcito, a Marinha e a Guarda Costeira cobriu mais de 100.000 milhas quadradas de mar. No entanto ( exceo de alguns assentos e uma garrafa de oxignio, que no foram identificadas como sendo do avio perdido), nenhum destroo nem mancha de leo foram encontrados.

    Tal como em outros desaparecimentos posteriores, uma alar-mante coincidncia foi notada na maioria dos acidentes dentro da rea do Tringulo pareciam acontecer sempre no auge da estao turstica e hoteleira, de novembro at fevereiro. Mais estranho ainda

  • foi observar-se que muitas das perdas haviam ocorrido poucas se-manas antes ou depois do Natal. Um avio Tudor IV, britnico, de quatro motores, um antigo bombardeiro Lancaster recondicionado para vos de passageiros, chamado Star Tiger, desapareceu no dia 29 de janeiro de 1948 em vo dos Aores para as Bermudas. Ele levava seis tripulantes e 25 passageiros, entre eles Sir Arthur Cunningham, um marechal-do-ar da Segunda Guerra Mundial e antigo comandante da Segunda Fora Ttica da Real Fora Area. Estava previsto que o Star Tiger aterrissaria no aeroporto Kindley, em Bermuda, s 10h30m da noite, um pouco antes do horrio programado para o vo. O piloto comunicou-se pelo rdio com a torre de controle enviando uma mensagem que inclua as palavras "tempo e desempenho excelentes" e "calculo chegar no horrio". A posio do avio foi dada como sendo de 380 milhas a nordeste de Bermuda.

    No houve nenhuma outra comunicao, mas o Star Tiger jamais aterrissou. Nenhum SOS ou mensagem de emergncia foi recebida, nem houve qualquer indicao de que a aeronave no estivesse funcionando perfeitamente e sob condies timas. Por volta de meia-noite o Star Tiger foi dado como fora do horrio e no dia seguinte, 30 de janeiro, iniciou-se uma macia operao de busca e salvamento. Trinta avies e 10 navios vasculharam a rea durante vrios dias sem nenhum sucesso. Algumas caixas e tambores de leo vazios foram avistados a noroeste das Bermudas no dia 31 de janeiro. Entretanto, caso fossem do Star Tiger, significaria que ele estava voando a centenas de quilmetros fora da rota quando a coisa que o atingiu provocou o desastre. Mas preciso que se diga: o piloto no anunciara nada de extraordinrio com respeito ao rumo ou quanto aos comandos do avio no ltimo contato que mantivera com a torre.

    Enquanto as buscas continuavam, sem sucesso, diversos ra-dioamadores ao longo da costa do Atlntico e mesmo mais para o in-terior do pas, captaram uma mensagem truncada com as palavras soletradas por nmeros de pontos como se quem estivesse operan-do o transmissor no conhecesse o cdigo Morse. Os pontos sole-travam "Tiger". Ainda mais fantstico foi o relatrio de uma estao da Guarda Costeira na Terra Nova. Quando os rudos cessaram, al-gum parece que enviou uma mensagem verbal simplesmente pronunciando as letras seguintes: G-A-H-N-P. Eram estas as letras do prefixo do desaparecimento Star Tiger.

    Sups-se que estas vrias mensagens fossem falsas, levando-se em considerao especialmente o comportamento luntico e excn-

  • trico de certos indivduos que acompanham e se divertem com desas-tres. Entretanto, uma inquietante analogia com o caso do Vo 19 sugere por si prpria que a fraca mensagem recebida em Miami, horas depois do desaparecimento da esquadrilha, que continha as letras do prefixo de um dos avies, constitua quase uma mensagem final que estivesse sendo enviada ou retransmitida de uma distncia muito grande, no tempo e no espao, e que poderia dar a indicao do local aonde os avies haviam desaparecido.

    Uma Comisso de Inqurito, sob a direo de Lord Macmillan, criada para a investigao da perda do Star Tiger foi escolhida pelo Ministro da Aviao Civil britnico. Suas concluses foram publi-cadas oito meses depois do desaparecimento de avio. Afirmavam que aparentemente no existiam bases para supor que o Star Tiger cara ao mar devido a defeitos mecnicos ou de rdio, falta de combustvel, falha no traado da rota, azares meteorolgicos, erros do altmetro, para falar apenas de algumas hipteses. O desenho e a construo do Tudor IV foram considerados de tal forma, que nas palavras do relatrio foi dito que... "nada havia de supor que no desenho do Tudor IV ou na fabricao deste determinado avio Tudor IV, o Star Tiger, tivesse havido erros tcnicos ou omisses, julgadas por um padro de alta qualidade..."

    A opinio final da Comisso poderia igualmente ser aplicada em outros desaparecimentos de aeronaves dentro dos limites do Trin-gulo, tanto antes como depois do Star Tiger:

    Pode ser realmente dito que nenhum problema mais estranho foi jornais apresentado para investigao... Diante da completa ausncia de qualquer evidncia segura quanto natureza ou quanto s causas do desastre com o Star Tiger, esta corte no foi capaz de mais nada a no ser sugerir possibilidades, nenhuma das quais chegando a atingir o nvel das probabilidades. Em todas as atividades que envolvem a cooperao do homem com a mquina, entram dois elementos de caracteres os mais diversos: o elemento indeterminado da equao humana dependente de fatores imperfeitos conhecidos; e o elemento mecnico, sujeito a leis muito diferentes. Pode ocorrer uma falha em cada um deles separadamente ou em ambos em conjunto: Ou alguma causa externa pode sobrepujar tanto o homem quanto a mquina. O que aconteceu neste caso jamais ser desvendado.

  • Por uma coincidncia extraordinria e bastante inquietante ocorrida exatamente 12 dias antes do primeiro aniversrio do de-saparecimento do Star Tiger, um avio igual, o Star Ariel, que levava 7 tripulantes e 13 passageiros, desapareceu durante um VQ entre Bermuda e Jamaica no dia 17 de janeiro de 1949. Seu percurso completo era de Londres a Santiago do Chile, e a parada em Bermuda era no sentido de reabastecer-se de combustvel para as 10 horas adicionais de vo. Quando o Star Ariel deixou as Bermudas s 7h45m da manh o mar estava calmo e as condies de tempo eram boas. Seu piloto enviou a seguinte mensagem de rotina para Bermuda cerca de 55 minutos aps a decolagem:

    "Fala o capito McPhee, de bordo do Ariel com destino a Kingston, Jamaica, saindo das Bermudas. J atingimos a altitude de cruzeiro. Tempo bom. Chegada a Kingston prevista para dentro do horrio... Vou trocar a freqncia do rdio para entrar em comunicao com Kingston."

    Nunca houve nenhuma mensagem posterior do Star Ariel. Aquela fora a ltima.

    Quando comearam as buscas ao Star Ariel, havia uma fora-tarefa da Marinha dos Estados Unidos em manobras naquela mesma rea. Dois porta-avies enviaram seus avies para ajudarem os barcos da Guarda Costeira e os avies da Fora Area que partiram de vrios pontos da costa do Atlntico; avies ingleses das Bermudas e da Jamaica tambm foram enviados.

    Cruzadores, destrieres, e o encouraado americano Missouri se uniram aos barcos britnicos e aos navios mercantes que por acaso se encontravam na rea. Foi enviado um radiograma a todos os navios que se encontravam nas proximidades:

    "APARELHO DAS AEROVIAS BRITNICAS E SUL-AMERICANAS STAR ARIEL QUADRIMOTOR/ G-A-G-R-E SAIU DE BERMUDA S 1242 GMT 17 DE JANEIRO COM DESTINO A JAMAICA RUMO DOIS UM SEIS GRAUS LTIMA COMUNICAO APROXIMADAMENTE 15 MILHAS AO SUL DE BERMUDA S 1337 GMT MESMO 17 DE JANEIRO.

    TODAS AS EMBARCAES ESTO INTIMADAS A RELATAR ESTAO A PRESENA DE QUALQUER DES-TROO FLUTUANTE COMO ESTOFAMENTO DA AERONAVE E ALMOFADAS DE COR AZUL: BALSAS SALVA-VIDAS DE

  • COR AMARELA: COLETES SALVA-VIDAS DE COR MARROM-ESCURO, TUDO MARCADO COM AS LETRAS BSAA, OU QUAISQUER OUTROS DESTROOS OU VESTIMENTAS."

    Setenta e dois avies voando em formao cerrada, algumas vezes quase com "as asas se tocando", cobriram 150.000 milhas quadradas de oceano, comeando nas proximidades de onde se fizera a ltima comunicao pelo rdio e seguindo a sudoeste em direo Jamaica. Ningum foi capaz de encontrar uma s pea que eviden-ciasse alguma coisa ou que pudesse ser identificada como tendo feito parte do avio desaparecido. Informaes sobre "uma luz estranha" no mar no dia 18 de janeiro foram enviadas de dois avies, um ingls e um americano, mas as unidades de busca-e-resgate enviadas para tal regio no encontraram nada e a Fora Area suspendeu as operaes de busca no dia 22 de janeiro.

    O fato de dois avies ingleses de passageiros (ambos pertencen-tes mesma companhia Aerovias Britnicas e Sul-Americanas) terem desaparecido exatamente com um ano de diferena e na mesma rea, deu lugar a suspeitas de sabotagens, apesar de naquela poca os seqestros de avies ainda no estarem em moda. Tal possibilidade e, simultaneamente, o treinamento dos pilotos e das tripulaes, o fun-cionamento dos instrumentos, as condies do tempo, foram inves-tigados por uma Comisso de Inqurito, o Comit Brabazon, que no encontrou nada desfavorvel e nenhuma pista conclusiva: "...falta de evidncias devido ausncia de destroos fazem que as causas do acidente com o Star Ariel sejam desconhecidas".

    Uma das teorias propostas na poca foi de que o metilbromido dos extintores tenha penetrado acidentalmente na circulao do sis-tema de pressurizao, causando uma exploso. Esta poderia ser a possibilidade de um acidente isolado, porm dificilmente serviria de explicao para o desaparecimento de muitos outros avies na mesma rea.

    Uma das razes para que as buscas ao Star Ariel tenham sido to intensas foi o fato de um outro avio de passageiros, um DC-3 alu-gado para um vo de San Juan de Porto Rico a Miami, ter desapa-recido com seus 36 passageiros e tripulantes na manh de 28 de dezembro de 1948. As buscas infrutferas deste avio, que envolveram mais de 40 avies militares e numerosos barcos, tinham coberto mais de 300.000 milhas quadradas de mares e costas, e haviam sido sus-pensas apenas uma semana antes do desaparecimento do Star Ariel. As circunstncias que cercaram o desaparecimento do DC-3 eram

  • ainda mais surpreendentes que a dos outros avies perdidos. O tempo tambm estava bom e a noite era clara. O avio decolara s 10h30m da noite de 27 de dezembro. Durante o vo noturno, o comandante do avio, Robert Linquist, fizera a seguinte observao pelo rdio: O que que vocs acham?... Estamos todos cantando msicas de Na-tal!... (Isto nos faz mais uma vez lembrar a poca em que a maioria dos avies desapareceram.)

    Outra mensagem do DC-3 foi captada pela torre de controle do aeroporto de Miami s 4hl3m da manh do dia 28. Dizia:

    ... estamos nos aproximando do campo... Calculo cerca de 80 quilmetros ao sul... J podemos ver as luzes de Miami. Tudo vai bem. Ficaremos na escuta espera das instrues para a aterrissagem.

    Nada mais se ouviu do avio, e uma operao de buscas em terra e no mar no encontrou nenhum vestgio. Naturalmente no houve sobreviventes ou qualquer indicao sobre o que sucedeu aos pas-sageiros e tripulao. Mais extraordinrio ainda o fato de no ter havido nenhuma exploso, nenhum foguete, nenhum SOS ou MAY-DAY no ar, j que o capito tinha dado a sua posio a apenas 80 quilmetros ao sul de Miami. Alm disso, o local em que o avio desapareceu, sobre os baixios da Flrida, era de guas claras, com apenas seis metros de profundidade, o que facilitava a localizao e identificao da aeronave. Esta iria ser uma das muitas vezes em que um avio e seus passageiros iriam "desmaterializar-se" quase ao al-cance do campo de aterrissagem, ou que um navio, como ns veremos no captulo seguinte, sumiria j vista de seu porto.

    Avies grandes desaparecidos desde a perda do Star Anel geral-mente seguiram o mesmo padro: isto , processo normal de vo, e depois nada. Subseqentemente nenhum vestgio de destroos, de manchas de leo, pedaos boiando, tripulantes nufragos ou mesmo concentraes suspeitas de tubares.

    Avies menores tambm continuam desaparecendo. Nada menos de nove deles sumiram nas costas da Flrida sem deixar nenhum trao em dezembro de 1949, nmero suficiente para causar a todos um momento de reflexo e a suspeita de que existe algo perigoso e inexplicvel nesta rea.

    Na dcada de 50, os avies continuavam a desaparecer. Em mar-o de 1950, um Globemaster americano desapareceu na parte norte do Tringulo quando se achava na rota da Irlanda. No dia 2 de fevereiro, de 1952, um avio York de transporte ingls, levando 33 passageiros e tripulantes, evaporou-se em pleno ar na ponta ao norte do Tringulo

  • quando estava a caminho da Jamaica. Alguns fracos sinais de SOS foram captados, mas logo claramente interrompidos.

    Em 30 de outubro de 1954, um Constellation da Marinha americana desapareceu com 42 tripulantes e passageiros enquanto voava, com bom tempo, da Base Aeronaval do Ri Patuxent, em Maryland para os Aores. Mais de 200 avies e muitos barcos se uniram nas buscas de centenas de milhas quadradas de oceano mas no encontraram nada. Como no caso de alguns outros avies, um dbil SOS, quase no identificvel, foi a certa altura captado pouco depois do desaparecimento do avio.

    No dia 5 de abril de 1956, um B-25, transformado num avio comercial de carga, desapareceu com trs tripulantes a bordo nas vizinhanas da Lngua do Oceano, um profundo desfiladeiro sub-marino de mais de uma milha de profundidade a leste da ilha de Andros, nas Bahamas.

    Um Martin Marlin P5M da Marinha dos Estados Unidos, hi-droavio de patrulha, desapareceu enquanto realizava uma misso de patrulhamento nas Bermudas no dia 9 de novembro de 1956, com uma tripulao de 10 homens.

    Um avio-tanque KB-50, da Fora Area dos Estados Unidos, decolou da Base Area de Langley, na Virgnia, seguindo diretamente para os Aores no dia 8 de janeiro de 1962, e desapareceu da mesma forma que o Super-Constellation perdido em 1954. Novamente, como no caso do Super-Constellation, houve uma mensagem de rdio muito fraca indicando dificuldade no-especificada e depois o silncio e, sempre seguindo o mesmo esquema, nenhum destroo ou qualquer indicao do que acontecera. Em cada um dos casos deve ser lem-brado que as tripulaes tinham vastas equipagens de salvamento. Mesmo que tenham cado no mar ou amerissado, o que quer

    que tenha acontecido com eles ocorreu de forma inesperada e muito rapidamente.

    Um incidente que de certa maneira lembra a confuso das men-sagens captadas do Vo 19 ocorreu na forma de um SOS enviado por um avio particular procedente de Nassau, nas Bahamas, mas que voava nas proximidades da ilha Great Abaco. Apesar de o tempo naquela manh estar excelente, o piloto dava a impresso de estar voando atravs de muita neblina e foi incapaz de informar sua posio ou mesmo de avistar as ilhas embaixo, apesar da visibilidade clara e aparente para observadores que se achavam nas reas circunvizinhas.

  • Neste caso o avio no desapareceu completamente: parte de uma das asas foi encontrada boiando no mar.

    Em 28 de agosto de 1963, registrou-se a perda de dois avies. Primeiramente, pensou-se ter ocorrido outro desaparecimento, mas quando alguns destroos foram encontrados e identificados o mistrio simplesmente aumentou. Dois KC-135, jatos quadrimotores Stra-totankers (primeiros avies a jato perdidos no Tringulo), que voavam em misso de reabastecimento e haviam decolado da Base Area de Homestead, na Flrida, desapareceram logo depois de enviarem suas posies, cerca de 300 milhas a sudoeste das Bermudas. Uma busca intensiva no local encontrou os provveis restos dos avies perdidos a cerca de 260 milhas a sudoeste das Bermudas, e os investigadores concluram que deve ter havido uma coliso entre os dois avies. Vrios dias depois, entretanto, outros destroos, calculados como sen-do do outro avio, foram encontrados a 160 milhas de distncia. Se eles colidiram no ar, apesar de uma declarao da Fora Area que afirmava que os avies no estavam voando lado a lado, algo deve ter separado os dois destroos muito mais depressa do que as correntes ocenicas poderiam ter feito. E, se ambos caram simultaneamente, como talvez tenha acontecido com os cinco Avengers, o que teria sucedido aos seus instrumentos ou motores para que apresentassem avarias ao mesmo tempo?

    No ms seguinte, 22 de setembro, um Cargomaster C-132 de-sapareceu entre Delaware e os Aores. A ltima mensagem enviada pelo piloto indicando a sua posio cerca de 80 milhas ao largo da costa sul de Jersey, demonstrara que tudo ia bem. Uma busca inten-siva realizada por avies, barcos da Marinha e da Guarda Costeira continuou at o dia 25 de setembro, mas nada foi encontrado que pudesse ser identificado como parte do avio perdido.

    No dia 5 de junho de 1965, um Flying Boxcar C-l 19 em misso de rotina, com uma tripulao de 10 homens, desapareceu quando voava da Base Area de Homestead, na Flrida para a ilha Grand Turk, perto das Bahamas. A ltima chamada recebida de bordo do C-l 19 dava a posio como sendo cerca de 100 milhas de seu destino, com a chegada calculada em mais uma hora. Esta foi a sua ltima mensagem. Depois de uma busca de cinco dias e cinco noites, a Guarda Costeira declarou:

    Resultados negativos. E acrescentava em tom familiar: No existem conjeturas.

  • Como no caso do Vo 19, dos Avengers, e de outros avies que desapareceram, mensagens fracas e ininteligveis foram captadas e logo se desvaneceram como se algo estivesse bloqueando as transmis-ses de rdio, ou que os avies estivessem se afastando, como foi sugerido na ocasio, cada vez mais, do espao e do tempo. interes-sante notar que outro avio na mesma rota, mas em direo oposta ao desaparecido C-119, comunicou que o tempo estava claro e que a visibilidade era boa.

    Dentro do perodo de 1945 a 1965, quinze avies comerciais desapareceram naquela rea, alm de muitos avies militares e par-ticulares. A ocorrncia do fenmeno no tem diminudo de freqncia.

    Certas circunstncias muito estranhas acompanharam o de-saparecimento de Carolyn Cascio, uma aviadora bastante conhecida, que, voando num aviozinho leve, sumiu com um passageiro no dia 7 de junho de 1964, de Nassau para a ilha Grand Turk, enviou uma mensagem pelo rdio dizendo que no conseguia descobrir o rumo e que estava dando voltas sobre duas ilhas no identificadas, acrescentando:

    No tem nada l embaixo... E mais tarde: Ser que tem alguma maneira de sair disto?

    Por mais estranho que parea, observadores que estavam na ilha Grand Turk naquela ocasio tiveram sua ateno voltada para um pequeno avio que circulou a ilha durante uma meia hora antes de desaparecer. Como explicar o fato de que pessoas em terra viam o avio com clareza, enquanto o piloto no podia ver os edifcios em Grand Turk?

    Um avio Chase YC-122 que partira de Palm Beach, na Flrida, levando quatro pessoas com destino a Grand Bahama, sumiu em al-gum lugar a noroeste de Bimini no dia 11 de janeiro de 1967.

    Uma perda recente no percurso comparativamente curto entre Forte Lauderdale e Freeport sucedeu no dia 1. de junho de 1973, quando Reno Rigoni desapareceu com seu co-piloto, Bob Corner, a bordo de um Cessna-180. Nenhum vestgio foi achado nas vizinhanas do que indicava a direo do vo em uma busca que incluiu at os Everglades, zonas pantanosas da Flrida. Nenhum sinal de socorro foi ouvido.

    No momento em que este livro foi para a grfica, ainda outro desaparecimento estranho ocorreu a 900 milhas a sudoeste dos

    Aores, num local que marcou a ltima viso de Thomas Gatch (17 de fevereiro de 1974), um aspirante a aeronauta transatlntico que

  • sumiu a bordo de seu balo. Uma rea de 223.000 milhas quadradas foi vasculhada por avies da Marinha dos Estados Unidos, sem nenhum resultado. Embora a vastido do oceano e a inconstncia dos ventos fossem suficientes para explicar o desaparecimento de um balo nas guas, a rea onde isto ocorreu por si mesma estranha.

    Apesar das razes especiais e das sugestes dadas em cada um dos casos de desaparecimentos inexplicados, certas frases reaparecem tanto nos relatrios oficiais como nos livros e artigos escritos a respeito das perdas. Estas frases incluem: "CAT" (clear air tur-bulence)turbulncias com ar claro, "cortina de vento", "aberraes atmosfricas", "anomalias magnticas" e "distrbios eletromag-nticos", que poderiam vir a explicar a perda de alguns dos avies; mas de forma alguma elas explicariam o desaparecimento de todos os avies ou dos muitos avies naquela mesma rea.

    Enquanto a Marinha americana e a Guarda Costeira reconhecem as variaes da bssola tanto quanto um local de zona de sombra para o rdio numa das sees daquela rea, a poltica oficial ainda claramente expressa nas palavras do Capito S. W. Humphrey:

    "No acreditamos que existam aberraes atmosfricas naquela regio ou que haja existido alguma coisa no passado. Esquadrilhas de avies e vos de patrulha so realizados regularmente nesta mesma rea sem incidentes."

    De qualquer forma, a incidncia de desaparecimentos na seo inferior do Tringulo das Bermudas, especialmente nas Bahamas, na costa leste da Flrida e nas ilhas costeiras da Flrida, foi muito bem descrita pelo falecido Ivan Sanderson, que investigou esta rea tanto quanto numerosas outras reas onde navios e avies desapareceram num perodo de muitos anos:

    "O nmero de desaparecimentos fora de propores em comparao com outras perdas registradas em qualquer outro lugar."

    Uma observao apropriada foi feita por Dale Titler em seu livro Nas Asas do Mistrio. Diz ele que at agora "um nmero considervel de avies" desapareceu sem deixar traos dentro desta pequena rea.

    "Todos estes avies eram pilotados por profissionais experientes e calejados... por navegadores treinados. Todos levavam rdio e equipamento de salvamento e todos desapareceram com tempo bom."

    Ela acrescenta a curiosa observao que "quase todos os avies desapareceram durante o dia".

  • Robert Burgess, outro pesquisador e escritor sobre fenmenos dos mares, conclui em seu livro Afundamentos, Salvamentos e Naufrgios:

    "Existe uma razo para acreditarmos que algo bem maior que a simples chance possa estar envolvido nestes misteriosos acidentes."

    Ele acrescenta que seja l como isto for chamado, "uma aber-rao atmosfrica ou qualquer outro nome, se manifesta sem aviso al-gum e com uma freqncia que chega a ser alarmante".

    Como j mencionamos antes, existem dvidas considerveis quanto aos limites do Tringulo das Bermudas, assim como se ele existe mesmo ou no. J o ouvimos ser descrito como um tringulo verdadeiro, do qual o vrtice norte Bermuda, uma rea em forma de um grande losango na parte ocidental do Atlntico Norte, uma rea que segue a plataforma continental do sul dos Estados Unidos, o Golfo do Mxico e as Antilhas, ou uma rea elstica de perigo que se es-tende desde as Bahamas at a Flrida, e atravs da Flrida at o Golfo do Mxico. Seja l qual for a sua forma exata, esta regio j deu lugar criao de todo um folclore de desaparecimentos, seja o objeto um avio, um navio, um iate, um barco a vela, submarino, ou pessoas desaparecidas em barcos abandonados. Atribuir-se poderes inex-plicveis ao Tringulo das Bermudas tornou-se prtica to conhecida que qualquer desaparecimento ou acidente misterioso sugere comen-trios e recordaes de muitos dos antigos casos insolveis.

    Comentrios pela televiso ou o rdio geralmente causam per-guntas de ouvintes compreensivelmente preocupados e que pretendem visitar de avio a rea. Tais perguntas nervosas so geralmente respondidas com a segurana de que no existe perigo em tais viagens, j que inmeras travessias do Tringulo so feitas sem nenhum in-cidente. Agentes de viagens so muitas vezes hesitantemente inter-rogados por passageiros com destino a locais alm do Tringulo: Vocs voam atravs do Tringulo das Bermudas? uma pergunta muito fcil de responder negativamente j que as fronteiras do Tringulo so de certa forma fluidas. Em uma ocasio pelo menos, que me lembre, foi dada uma desculpa a um passageiro impaciente que indagava sobre o atraso do avio: Ns tivemos de voar em volta do Tringulo das Bermudas.

    Um fato mais tranqilizador, no entanto, que as aeronaves de hoje tm muito mais instrumentos de segurana que algumas daquelas que desapareceram no passado. Alguns destes aparelhos ainda no se achavam em uso na poca de alguns dos mais estranhos acidentes.

  • Eles incluem transistores, decca, hi-fix, loran (que existiam, entretanto, a bordo do StarAriel), e o fato de que mesmo pequenos avies so hoje em dia equipados com "omni", um sistema direcional pelo rdio que permite aos avies de acharem o caminho de volta s suas bases mesmo atravs das nuvens mais espessas.

    De qualquer forma, apesar de todos estes aperfeioamentos modernos, estranhos incidentes e perdas continuam a ocorrer dentro do Tringulo e nas costas adjacentes. No ano passado, vrios avies se desintegraram misteriosamente sobre o continente a pouca distncia do aeroporto de Miami, inclusive o vo 401 da Eastern Airlines (um Lockheed L-1011), com a morte de cem passageiros e tripulantes no dia 29 de dezembro de 1972. O exame das condies em que se deu a perda do Vo 401 talvez possa lanar algumas luzes sobre os muitos avies que desapareceram repentinamente nas guas. O Dr. Manson Valentine observa o seguinte:

    "Analisando todos os dados disponveis, torna-se aparente que nos ltimos sete ou oito segundos de vo o avio desceu a uma tal velocidade que nem a torre de Miami ou os pilotos tiveram tempo de controlara queda; todos os altmetros estavam funcionando e por este motivo os pilotos poderiam, sob circunstncias normais, ter tempo suficiente para uma correo de vo: foi to rpida a descida (porm no houve aluso a isto em nenhum relatrio como sendo extraordinrio) que a torre de controle de Miami s teve uma varredura no radar 40 segundos ao todo para perceber o que estava acontecendo; na segunda varredura o avio j descera para 300 metros (ocasio em que foi reconhecido pela primeira vez que ele no se encontrava no teto prescrito de 700 metros) para menos de 100 metros. Provavelmente j havia at cado.

    Este ndice de queda no pode ser atribudo perda do piloto-automtico, caractersticas de estolar, inexperincia do piloto, ou at mesmo posio de meia-potncia nos maneies de gasolina. Deve ter havido uma razo atmosfrica, muito provavelmente uma anomalia magntica de qualquer natureza.

    Quando avies e navios desaparecem misteriosamente, ou quan-do avies se desintegram, nesta rea, permanece cada vez mais a dvida. Quantos deles se teriam perdido "normalmente" isto , devido a condies extraordinrias de tempo, erro ou fadiga do piloto, defeito nos controles, falhas estruturais ou dos motores, etc, e quantos deles refletiriam a ao da tal fora que tantas vezes apoderou-se de avies nos ares, e de navios na superfcie das guas? John Godwin

  • (autor de Este Mundo Estranho), ao comentar a aceitao pblica de uma tal possibilidade, nota que as autoridades inglesas e americanas nunca proclamaram oficialmente a rea do Tringulo como uma "zona de perigo" e acrescenta: "Particularmente tanto os tcnicos da marinha como da aeronutica confessaram que eles talvez estejam enfrentando um fenmeno de ambiente, mais que uma simples cadeia de contratempos tcnicos." Ele observa que o que quer que esteja acontecendo parece ser to desconhecido para o mundo de hoje como "o poder do radium o era para os alquimistas do sculo XV". Acres-centa mais adiante que "apesar de no podermos ter a certeza de que existe uma conexo entre todos estes navios e avies desaparecidos... todos estes aparelhos estavam navegando nestes mesmos limitados confins geogrficos".

    Muito antes dos incidentes com avies da dcada de 40 e dos que se seguiram mais tarde, a rea de mar que abrange o Tringulo das Bermudas, e que inclui o Cabo Hatteras, as costas da Carolina, e o Estreito da Flrida, tinha sido freqentemente descrita como o '"Cemitrio de Navios", sendo os naufrgios geralmente causados por mares violentos e tempestades repentinas. O Mar dos Sargaos tam-bm conhecido como "Cemitrio de Navios" ou o "Mar dos Navios Perdidos" porm por razo inversa: os navios se perderam l no por causa de tempestades, mas devido s calmarias. Dentro desta rea, em geral, certos desaparecimentos misteriosos de navios grandes que no enviaram um SOS ou os achados subseqentes de destroos ou corpos boiando, j vinham sendo notados no correr dos anos, mas somente a partir do desaparecimento em massa dos avies em 1945 e depois das perdas sbitas de barcos grandes e pequenos, que os observadores comearam a considerar o padro repetitivo dos desaparecimentos. A manchete no jornal Guardian de Manchester, publicada na poca do desaparecimento do Vo 19, tpica desta reao; dizia ela: "CEMITRIO DOS SARGAOS AGORA REIVINDICA TANTO AVIES QUANTO NAVIOS."

    O sumio de avies chamou a ateno do mundo inteiro para o Tringulo das Bermudas. Porm, h mais de 170 anos, e talvez mesmo antes que se relatassem tais ocorrncias, navios grandes e pequenos vm desaparecendo com suas tripulaes (e muitas tripulaes desapareceram de seus navios) dentro do Tringulo das Bermudas.

    Alguns destes incidentes ligados a desastres martimos possuem aspectos que lembram firmemente as perdas misteriosas, enquanto outros apresentam peculiaridades estranhas e surpreendentes.

  • Mapa dos mais importantes desaparecimentos de avies e navios no Tringulo das Bermudas, com indicao aproximada do local do desaparecimento. Avies perdidos esto assinalados por nmero dentro de crculos, e os navios por nmeros dentro de tringulos.

    Desaparecimentos mais importantes de aeronaves dentro da rea do Tringulo das Bermudas:

    (no mapa, nmeros dentro de crculos)1 5 de dezembro de 1945: cinco bombardeiros TBM

    Avengers da Marinha dos Estados Unidos, num vo de treinamento de Forte Lauderdale, na Flrida; nmero de tripulantes Quatorze; duas horas de vo normal; perdidos aproximadamente a 360 quilmetros a nordeste da base.

    2 5 de dezembro de 1945: um bombardeiro Martin PBM; enviado com uma tripulao de treze homens para procurar os TBM desaparecidos; vinte minutos aps a decolagem perdeu-se o contato pelo rdio e o avio desapareceu igualmente.

  • 3 1947: uma Super-Fortaleza (C-54 do Exrcito dos Estados -Unidos): desapareceu a 160 quilmetros das Bermudas.

    4 29 de janeiro de 1948: Star Tiger, quadrimotor Tudor IV; perdeu o contato pelo rdio depois da ltima mensagem enviada a 550 quilmetros a nordeste das Bermudas; o avio perdeu-se com trinta e um passageiros e tripulantes.

    5 28 de dezembro de 1948: um DC-3, alugado a particulares. Voando de San Juan de Porto Rico para Miami; trinta e dois passageiros mais a tripulao.

    6 17 de janeiro de 1949: Star Ariel, irmo gmeo do Star Tiger; voando de Londres para Santiago do Chile, via Bermuda e Jamaica; perdeu a comunicao pelo rdio a 550 quilmetros a sudoeste das Bermudas em direo de Kingston.

    7 maro de 1950: um Globemaster (americano); desapareceu na margem norte do Tringulo quando em rota para a Irlanda.

    8 2 de fevereiro de 1952: um transporte York (ingls); desaparecido ao norte do Tringulo em direo Jamaica; trinta e trs pessoas a bordo.

    9 30 de outubro de 1954: um Super-Constellation (da Marinha Americana); sumiu ao norte do Tringulo com quarenta e dois a bordo.

    10 9 de novembro de 1956: um hidroavio Martin de patrulha da Marinha americana, P5M; desapareceu com sua tripulao de dez pessoas perto das Bermudas.

    11 8 de janeiro de 1962: um avio-tanque KB-50 da Fora Area Americana; decolou de Langley Field, na Virgnia, com destino aos Aores.

    12 28 de agosto de 1963: dois novos Stratotankers quadrimotores KC-135 da Fora Area Americana; partiram

    da Base Area de Homestead, na Flrida, em misso rotineira de reabastecimento no Atlntico; desapareceram a 480 quilmetros a sudoeste das Bermudas.

    13 5de junho de 1965: um C-119 Flying Boxcar; dez pessoas a bordo; perdido a sudeste das Bahamas.

    14 5 de abril de 1956: um B-25 transformado em avio de carga civil; perdido a sudeste da Lngua do Oceano; trs tripulantes.

    15 11 de janeiro de 1967: um Chase YC-122, transformado em avio-cargueiro; quatro a bordo; perdido no Gulf Stream entre Palm Beach e a Grand Bahama.

  • 16 22 de setembro de 1963: um C-132 Cargomaster; desaparecido a caminho dos Aores.

    Desaparecimentos mais importantes de navios, perdidos ou encontrados deriva dentro da rea do Tringulo:

    (no mapa, nmeros dentro de tringulos)1 1840: Rosalie, um grande veleiro francs, encontrado na

    rota de Havana para a Europa, dentro da rea do Tringulo, com as velas iadas, a carga intata, todos os tripulantes desaparecidos.

    2 janeiro de 1880: uma fragata inglesa, Atalanta; deixou Bermuda com destino Inglaterra com 290 pessoas a bordo; desapareceu presumivelmente ainda perto das Bermudas.

    3 outubro de 1902: uma barca alem, Freya; encontrada logo aps sua partida do porto de Manzanillo, em Cuba, muito adernada, mastros quebrados, a ncora pendurada na proa; um calendrio na cabina do comandante marcava o dia 4, dia seguinte ao embarque.

    4 4 de maro de 1918: um navio de suprimentos da Marinha Americana, o U.S.S. Cyclops, 500 ps de comprimento, 19.000 toneladas de capacidade; zarpou no dia 4 de maro de Barbados com destino a Norfolk com 309 pessoas a bordo; no houve mau tempo; no enviou nenhuma mensagem pelo rdio; nenhum destroo jamais foi encontrado.

    5 1925: S.S. Cotopaxi; desapareceu na rota de Charleston para Havana.

    6 abril de 1932: uma escuna (dois mastros), John andMary; registrada no porto de Nova Iorque; encontrada deriva e abandonada a 50 milhas ao sul das Bermudas; velas ferradas, casco recm-pintado.

    7 fevereiro de 1940: iate Gloria Colite, de St. Vincent, ndias Ocidentais inglesas; achado abandonado; tudo em ordem a bordo; 200 milhas ao sul de Mobile, Alabama.

    8 22 de outubro de 1944: um cargueiro cubano, Rubicon; encontrado pela Guarda Costeira no Gulf Stream, ao largo das costas da Flrida; sem ningum a bordo, a no ser um cachorro.

    9 junho de 1950: S.S. Sandra, cargueiro de 350 ps de comprimento; zarpou de Savannah, na Gergia, com destino a Puerto Cabello, na Venezuela, com uma carga de 300 toneladas de inseticida; passou por St. Augustine, na Flrida, e depois desapareceu sem deixar traos.

    10 setembro de 1955: iate Connemara IV; misteriosamente abandonado a 400 milhas a sudoeste das Bermudas.

  • 11 2 de fevereiro de 1963: Marine Sulphur Queen, cargueiro de 425 ps; desapareceu sem comunicaes pelo rdio, sem pistas ou destroos; com destino a Norfolk, na Virgnia, tendo sado de Beaumont, no Texas, com tripulao completa; foi visto pela ltima vez perto de Dry Tortugas.

    12 1. de julho de 1963: Sno' Boy, barco pesqueiro de 63 ps;40 pessoas a bordo; partiu de Kingston, Jamaica, para Northeast

    Cay, 80 milhas ao sul; desapareceu com todo os tripulantes.13 1924: Raiuke Maru, cargueiro japons; pediu socorro pelo

    rdio entre Cuba e Bahamas e depois desapareceu.14 1931: Stavenger, cargueiro com tripulao de 43 pessoas;

    ltima mensagem enviada perto da ilha Cat, nas Bahamas.15 maro de 1938: Anglo-Australian, cargueiro com

    tripulao de 39 pessoas; ltima mensagem enviada a oeste dos Aores: "Tudo bem."

    16 dezembro de 1967: Revonoc, iate de regatas de 46 ps, desapareceu quase ao avistar a terra.

    17 24 de dezembro de 1967: Witchcraft, lancha de alto mar; passageiro e comandante desapareceram, mas a embarcao foi encontrada ao lado de uma das bias do porto a menos de uma milha de Miami.

    18 abril de 1970: Milton Iatrides, cargueiro; zarpou de Nova Orleans com destino cidade do Cabo, na frica do Sul.

    19 maro de 1973: Anita, cargueiro de 20.000 toneladas com uma tripulao de 32 pessoas, saiu de Newport News para a Alemanha.

    3 - O Mar dos Navios Perdidos.

    Os desaparecimentos de navios na rea do Tringulo ocorreram principalmente nos limites da regio ocidental do Atlntico Norte, conhecida como Mar dos Sargaos, assim chamada por apresentar um manto imvel de alga marinha chamada Sargassum. Se alguma coisa fosse ainda necessria para intensificar o mistrio do Tringulo, tal coisa seria sem dvida fornecida pelo Mar dos Sargaos, pois ele prprio j constitui um verdadeiro enigma, desde o tempo em que os portugueses e os espanhis o descobriram h 500 anos. E, se alm disso, incluirmos as incurses e travessias de suas guas por

  • navegadores fencios e cartagineses, notaremos que este mistrio j vem ocorrendo h milhares de anos.

    O Mar dos Sargaos uma regio muito extensa a oeste do Atlntico Norte, caracterizada pela presena de uma espcie de alga marinha flutuante chamada Sargassum, que, preguiosamente, vive deriva em separado ou em grandes concentraes, e que delimita as-sim um mar dentro de um oceano. Quando Colombo em sua primeira viagem observou tamanha quantidade de algas, calculou erradamente que a terra j estava prxima e ficou muito encorajado com este fato, mas seu otimismo no foi compartilhado pela tripulao.

    O mar de algas limitado ao norte pelo Gulf Stream, ou Corrente do Golfo, que se estende primeiro em direo a nordeste e depois a

    leste, a oeste e ao sul pela volta do Gulf Stream e pela corrente Equatorial do Norte. Apesar de ser um tanto amorfo, ele se estende dos 37 aos 27 de Latitude Norte e de 75 a 40 de Longitude Oeste. Sob as guas profundas do Mar dos Sargaos, esto as plancies abis-sais de Hatteras e Nares, o escarpado aclive das Bermudas, numerosas montanhas submarinas (montanhas que se erguem debaixo d'gua e se projetam em direo superfcie, terminando planas no topo, como se em alguma poca j houvessem sido ilhas), tendo como parte de suas fronteiras, a leste, um pedao da Grande Cadeia do Atlntico Norte, uma enorme cordilheira submarina que se estende de norte a sul no meio do Oceano Atlntico e cujos picos mais altos rasgam a superfcie das guas para formar o Arquiplago dos Aores. Em outras palavras, um mar estagnado, desprovido de correntes a no ser em seus limites, que se estendem a 200 milhas ao norte das Grandes Antilhas at a Flrida e s costas do Atlntico, ocupando uma rea mdia de 200 milhas de terra at as vizinhanas do Cabo Hatteras; de l segue em direo Pennsula Ibrica e frica, chegando at a Cordilheira Norte do Atlntico, de onde volta novamente s Amricas.

    O Mar dos Sargaos se caracteriza no somente por suas algas onipresentes mas tambm por suas calmarias mortais, fato que talvez tenha iniciado as pitorescas, porm amendrontadoras lendas do "Mar dos Navios Perdidos", do "Cemitrio dos Navios Perdidos" e do "Mar do Terror". Essas lendas de marinheiros contam a histria de um gigantesco cemitrio nas guas do Oceano Atlntico cheio de navios de todas as pocas de navegao, presos e imobilizados em campos de algas, apodrecendo lentamente, mas ainda manobrados por esqueletos, ou melhor por tripulaes de esqueletos, formadas por todos os

  • infortunados que no puderam escapar e que assim compartilhavam da m sorte de seus navios. Nesta regio de morte encontravam-se pequenos cargueiros errantes, iates, baleeiras, clpers, paquetes, bergantins, navios de piratas, e, para tornar as histrias ainda mais atraentes, galees espanhis carregados de tesouros. Na entusistica repetio destas lendas, os contadores incluem outros barcos que teriam h muito apodrecido e sumido, tais como os navios em forma de drago dos Vikings, ainda com os esqueletos de seus marinheiros agarrados aos remos; galeras rabes de velas, trirremes romanas com suas bancadas imensas de remos, navios mercantes fencios com suas ncoras de prata e at mesmo os grandes navios da perdida Atlntida, com as proas recobertas de placas de ouro todos condenados aapodrecerem durante o correr dos sculos naquele mar imvel.

    As primeiras lendas sobre o Mar dos Sargaos talvez remontem poca dos fencios e cartagineses, que provavelmente o atravessaram h milhares de anos quando fizeram seus primeiros desembarques nas Amricas, conforme muitas inscries fencias em pedra encontradas no Brasil e algumas nos Estados Unidos, em depsitos secretos de moedas fencias descobertos nos Aores, moedas cartaginesas achadas mais tarde na Venezuela e na costa sudeste dos Estados Unidos, assim como antigas representaes pictricas do que parecem ser de visitantes semitas ao Mxico. O relatrio do Almirante cartagins Himilco, do ano 500 A.C., chama a ateno para uma coincidncia, at certo ponto espantosa, com os campos de algas marinhas e a falta de ventos do Mar dos Sargaos:

    ...Nenhuma brisa movimenta o barco, to morto est o vento indolente neste mar preguioso... existe tanta alga entre as ondas, que elas seguram o barco como se fossem moitas... o mar no muito profundo, a superfcie da terra est apenas coberta por um pouco de gua... os monstros do mar se movem continuamente de um lado para outro e outros monstros ameaadores nadam por entre navios fantasmas, navios vagarosos e apticos...

    O Almirante Himilco, com o passar dos anos, pde ser perdoado por um certo exagero na sua narrativa. Alm disso, sabido que os navegantes fencios e cartagineses se esforavam por desencorajar outros navegadores de seu tempo a atravessarem os Pilares de Hr-cules (Gibraltar), na entrada do Mar Mediterrneo, e se lanarem no oceano Atlntico, o que tambm concorreu para aumentar o mistrio em torno do Mar dos Sargaos. Eles agiam assim a fim de preservar para si prprios o rentvel comrcio que mantinham com povos das

  • costas do Atlntico na Europa e na frica e quem sabe? talvez at mais longe. Os cartagineses chegaram inclusive a instituir a pena de morte para os capites que trassem o segredo de suas rotas no Atlntico, fato suficiente para explicar porque afundavam todos os navios estranhos prximos a Gibraltar, o, quando no conseguiam faz-lo, pelo menos expulsavam os "intrusos" o mais rpido possvel.

    Outros escritores antigos enfeitaram estes relatrios primitivos e explicaram os baixios e as partes rasas do Atlntico como fruto do afundamento do continente perdido da Atlntida, assim como das al-gas marinhas que se entrelaavam nos remos e paravam as galeras. Como a maior parte das lendas, o "Mar dos Navios Perdidos" poderia ter alguma base de realidade, apesar de muito entremeada de sonhos e fantasia. O australiano Alan Villiers, marinheiro experimentado, quando atravessava o Mar dos Sargaos num barco a vela, realmente observou um navio abandonado entre as algas, e relata (em O Oceano Selvagem, 1957) que, se um barco ficar longamente acalmado at ter-minarem seus vveres, acabaria... "eventualmente coberto de limo e caraas at que se tornasse incapaz de velejar..." E que os gusanos tropicais furariam seu casco at que... "uma massa podre e mal cheirosa, tripulada apenas por esqueletos... o afundasse pouco a pouco abaixo da superfcie morna daquele mar to calmo."

    Entre os muitos destroos que foram avistados no Mar dos Sar-gaos nos tempos modernos figuram alguns que, embora no estives-sem emaranhados pelas algas, ficaram merc da calmaria e foram abandonados por falta de ventos.

    At mesmo o nome de Latitudes de Cavalos, de uma faixa que atravessa o Mar dos Sargaos, uma indicao desta calma estagnante, pois quando os galees espanhis enfrentavam a calmaria e a gua potvel comeava a escassear, eles eram relutantemente forados a matar e a atirar na gua os seus cavalos de guerra, numa tentativa de poupar gua. Mas os modernos navios a motor j no so ameaados pelas calmarias e isso torna os numerosos desaparecimentos recentes de navios ainda mais misteriosos. lgico que todos os desaparecimentos de navios so sempre misteriosos, considerando-se que relativamente poucos capites se decidem a abandonar seus barcos. Quando o destino de um barco estabelecido ou at mesmo pressuposto, o mistrio cessa, mas no tem sido esse o caso dos muitos navios que desapareceram no Mar dos Sargaos.

  • rea ocupada pelo Mar dos Sargaos, na parte ocidental do Atlntico Norte. As setas indicam a direo do GulfStream, ou Corrente do Golfo, e a corrente Equatorial do Norte, que formam as fronteiras aproximadas deste viveiro de algas marinhas e mar de aparncia estagnada dentro de um oceano, caracterizado por suas calmarias mortais. A profundidade neste mapa mostrada pelas reas progressivamente mais escuras, exceto pelas pequenas ilhas, tais como as Bermudas e os Aores, assinaladas em preto. As reas em relevo, especialmente entre os 30" e os 40 de Latitude Norte, mostram as misteriosas montanhas submarinas, montanhas com o cume achatado, sugerindo que elas talvez j tenham sido ilhas. As reas mais rasas em torno dos Aores e das Bahamas so igualmente um indcio destas ilhas terem sido de tamanho bastante maior antes do degelo da ltima era glacial ter levantado o nvel das guas dos oceanos.

    Nos relatrios dos primeiros desaparecimentos do Mar dos Sar-gaos e seus limites com a rea da Corrente do Golfo, muitas perdas eram atribudas ao mau tempo ou aos piratas, pois os arquivos es-panhis eram surpreendentemente bem cuidados, sem dvida alguma devido ao valor das cargas pelos galees das antigas flotilhas de te-souros da Espanha. Estes barcos, vindos do Mxico, do Panam e da regio onde hoje se encontra a Colmbia, tinham um ponto de encon-tro em Havana e velejavam em direo aos baixios e ao estreito da Flrida, onde muitos deles deparavam com furaces e largavam seus tesouros no fundo do mar para a felicidade de geraes subseqentes de mergulhadores. Outros eram afundados sem deixar vestgios pelos bucaneiros contratados ou por piratas.

    No entanto, muito tempo depois que a pirataria nos mares deixou de ser uma forma lucrativa de vida, os navios continuaram a desaparecer nesta rea, at mesmo quando o tempo estava bom e, como iria suceder cada vez mais freqentemente, sem deixar nenhum

  • destroo ou corpos ao longo das praias e ilhas do Atlntico Ocidental. Muitos destes desaparecimentos catalogados dizem respeito a navios dos Estados Unidos e de outras Marinhas de Guerra, comeando com o U.S.S. Insurgent, em agosto de 1800, com 340 homens a bordo, at o desastre de causas desconhecidas que atingiu o submarino Scorpion e sua tripulao de 99 homens em maio de 1968. O Scorpion, entretanto no desapareceu propriamente pois foi finalmente localizado a uma profundidade de duas milhas, a cerca de 460 milhas a sudeste dos Aores.

    Outros desaparecimentos inexplicados de embarcaes na rea do Tringulo incluram os seguintes:

    U.S.S. Pickering, desaparecido em 20 de agosto de 1800, com uma tripulao de 90 pessoas, com destino a Guadalupe nas ndias Ocidentais, partindo de New Castle, em Delaware.

    U.S.S. Wasp, 9 de outubro de 1814, navegando no Mar das Carabas com uma tripulao de 140.

    U.S.S. Wild Cat, 28 de outubro de 1924, rumando de Cuba para a ilha Thompson com uma tripulao de 14.

    H.M.S. Atalanta, em janeiro de 1880, partindo das Bermudas com destino Inglaterra, com uma tripulao completa de 290 homens a maior parte cadetes da Escola Naval em viagem de instruo. O desaparecimento do Atalanta motivou uma longa busca por mar efetuada pela Marinha Real Britnica. Seis navios da Esquadra do Canal foram designados para avanarem linha, separados uns dos outros por vrias milhas, na rea onde o Atalanta provavelmente perdeu-se. Esta vasta operao de salvamento seria repetida muitas vezes no futuro, quando avies voariam em operaes macias de busca sobre as reas do desastre quase se tocando com as pontas das asas. As buscas ao Atalanta continuaram at o princpio de maio sem sucesso. U.S.S. Cyclops, em 4 de maro de 1918, com destino a Barbados, tendo zarpado de Norfolk, na Virgnia, com 309 pessoas a bordo. Entre as perdas sofridas pela Marinha Americana, a do Cyclops mais conhecida e tambm a mais estranha se levarmos em conta as comunicaes terra-mar e de navio-a-navio na poca da Primeira Guerra Mundial, sobretudo em funo das coincidncias ento verificadas. Como a Primeira Guerra Mundial estava no auge, pensou-se preliminarmente que o Cyclops (um cargueiro de carvo e barco-gmeo do U.S.S. Langley, que mais tarde foi convertido em porta-avies) tivesse batido em alguma mina, encontrado um submarino alemo, sofrido um ataque na superfcie, ou ainda que

  • tivesse sido vtima de um motim a bordo semelhante ao