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O VALOR DE UMA APOSTA: DETERMINANDO O VALOR DE UM EMPREENDIMENTO EM INÍCIO DE OPERAÇÃO Clarice Bloomfield Coutinho Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro de Produção. Orientadora: Thereza Cristina Aquino Co-orientador: Adriano Proença Rio de Janeiro Dezembro 2014

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O VALOR DE UMA APOSTA:

DETERMINANDO O VALOR DE UM EMPREENDIMENTO EM

INÍCIO DE OPERAÇÃO

Clarice Bloomfield Coutinho

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro de Produção.

Orientadora:

Thereza Cristina Aquino

Co-orientador:

Adriano Proença

Rio de Janeiro

Dezembro 2014

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O VALOR DE UMA APOSTA: DETERMINANDO O VALOR DE UM

EMPREENDIMENTO EM INÍCIO DE OPERAÇÃO

Clarice Bloomfield Coutinho

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinada por:

___________________________________________________

Prof. Thereza Cristina Aquino, D. Sc. (Orientadora)

___________________________________________________

Prof. Adriano Proença, D. Sc. (Co-orientador)

___________________________________________________

Prof. Régis da Rocha Motta (Ph. D.)

___________________________________________________

Prof. Maria Alice Ferruccio Rainho (D. Sc.)

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

DEZEMBRO de 2014

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Coutinho, Clarice Bloomfield

O Valor De Uma Aposta: Determinando O Valor De Um

Empreendimento Em Início De Operação / Clarice Bloomfield

Coutinho – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.

X, 56 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Prof. Thereza Cristina Aquino e Prof. Adriano

Proença

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica/

Curso de Engenharia de Produção, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 62-63.

1 – Valuation, 2 – Fluxo de Caixa Descontado, 3 –

Restaurante, 4 – Empreendedorismo

I. Aquino, Thereza Cristina et al. II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de

Produção. III. O Valor De Uma Aposta: Determinando O

Valor De Um Empreendimento Em Início De Operação

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Agradecimentos

Quem acompanhou o desenvolvimento deste Projeto de Graduação sabe o

quanto ele foi importante para a minha formação como profissional. Desde o início

buscando entender qual seria o projeto que eu gostaria de apresentar como meu “cartão

de visita”, como diria o querido professor Antônio Meirelles.

A escolha do tema fez parte de uma pequena angústia, no período pré-conclusão

do curso, para tentar entender o que gostaria de trazer para a sociedade e que poderia me

dar satisfação de trabalhar e, por isso, sofreu algumas alterações ao longo do caminho.

Fico feliz em poder dizer que escolhi o curso certo para minha formação

profissional, a faculdade certa e finalizei com a escolha de um tema de grande interesse

pessoal dentro dos diversos aprendizados que recebemos.

A materialização do Poró tem sido um desafio atrás do outro, mas sempre com

muito entusiasmo e vontade. Sem dúvida, o processo de desenvolvimento deste Projeto

acrescentou muito para o futuro sucesso da empresa.

Gostaria de agradecer aos meus pais e a minha irmã, pela força que sempre me

deram em tudo que quero desenvolver. Agradecer por acreditarem em mim, por

quererem ouvir minhas dúvidas e pelas horas perdidas no final de semana para passar

cada detalhe do Projeto.

Gostaria de agradecer a minha psicóloga Sandra, que sempre me encorajou nesta

empreitada e sempre acreditou no meu potencial, à professora Thereza, que sempre me

recebeu muito bem fora dos horários de trabalho para atender minhas dúvidas, e ao

professor Adriano, que acompanhou esse carrossel sempre com muito entusiasmo e

interesse.

Finalmente, agradeço aos meus amigos. Sem eles minha vida não seria a mesma.

Agradeço aos amigos da faculdade, aqueles poucos e bons, aos amigos da escola, que

são para sempre, aos primos e primas, que são muitos e, claro, aos amigos da dança,

pois sem eles meu vício não seria tão forte.

Obrigada a todos. Amo vocês!

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

O Valor De Uma Aposta: Determinando O Valor De Um Empreendimento Em

Início De Operação

Clarice Bloomfield Coutinho

DEZEMBRO/2014

Orientadora: Thereza Cristina Aquino

Co-Orientador: Adriano Proença

Curso: Engenharia de Produção

Este projeto de graduação apresenta os desafios encontrados na determinação do

valor de uma empresa em início de operação. Para isso, são apresentadas, em linhas

gerais, as principais abordagens de avaliação de valor encontradas nos referenciais

teóricos e, após selecionada a abordagem mais adequada a ser utilizada, são

apresentadas suas bases teóricas de forma mais aprofundada. Em seguida, é realizado

um estudo de caso em um restaurante, em que são exploradas as diversas etapas de

cálculo para a determinação do valor da empresa em análise, constituídas pela

estimativa dos fluxos de caixa futuros, pela definição da taxa de desconto adequada e

pelo cálculo do valor presente e respectivos ajustes. Em cada fase, são apresentados os

desafios inerentes ao contexto de uma empresa em início de operação e o modo com

que se lidou com os mesmos.

Palavras-chave: Valuation, Fluxo de Caixa Descontado, Restaurante,

Empreendedorismo.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

The Value Of A Bet: Determining The Value Of An Enterprise In Beginning Of

Operation

Clarice Bloomfield Coutinho

DEZEMBRO/2014

Advisor: Thereza Cristina Aquino

Co-Advisor: Adriano Proença

Course: Industrial Engineering

This graduation project presents challenges encountered in determining the value of a

company start-ups. It’s presented, in general, the main value assessment approaches

found in theoretical frameworks and, after selected the most appropriated approach to

be used, it’s presented its theoretical basis in more depth. Then, a case study is carried

out at a restaurant, where it’s explored all the steps of calculation for determining the

company's value in analysis, consisting of the estimated future cash flows, the definition

of the appropriate discount rate and the calculation of the present value and their

settings. At each stage, it’s presented the challenges inherent in the context of a business

start-ups and the way it dealt with them.

Keywords: Valuation, Discounted Cash Flow, Restaurant, Entrepreneurship

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SUMÁRIO

Introdução ....................................................................................................................... 11

Objetivos geral e específicos ...................................................................................... 11

Metodologia ................................................................................................................ 12

Descrição dos Capítulos .............................................................................................. 12

1 Referencial teórico .................................................................................................. 14

1.1 Métodos de Valuation ...................................................................................... 14

Fluxo de caixa descontado ........................................................................ 14 1.1.1

Avaliação contábil e de liquidação ........................................................... 14 1.1.2

Avaliação relativa ..................................................................................... 15 1.1.3

Avaliação por direitos contingentes ou Opções Reais.............................. 15 1.1.4

1.2 O ciclo de vida da empresa .............................................................................. 16

2 Escolha do método adequado ao estudo de caso ..................................................... 18

3 Modelo de Fluxo de Caixa Descontado e os desafios para pequenas empresas ..... 20

a) Ativos existentes ............................................................................................... 20

b) Ativos de crescimento ...................................................................................... 21

c) Taxa de desconto ............................................................................................. 22

d) Valor residual .................................................................................................. 25

3.1 Práticas encontradas no mercado de investimento de risco ............................. 27

4 Estudo de Caso – Restaurante Poró......................................................................... 29

4.1 Apresentação da empresa ................................................................................. 29

Modelo de negócio ................................................................................... 31 4.1.1

Produtos .................................................................................................... 33 4.1.2

Mercado de atuação .................................................................................. 35 4.1.3

O processo de desenvolvimento da empresa – Lean Startup ................... 39 4.1.4

Tendências globais no ramo de alimentação ............................................ 42 4.1.5

4.2 Etapas de avaliação da empresa – RESTAURANTE PORÓ .......................... 44

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4.1.1. Estimativa dos fluxos de caixa futuros ..................................................... 44

4.1.2. Estimativa da taxa de desconto ................................................................. 49

4.1.3. Cálculo do valor presente ......................................................................... 50

4.1.4. Ajuste do VPL à probabilidade de sobrevivência e à falta de liquidez .... 51

4.3 Análise de sensibilidade ................................................................................... 52

4.4 Análise de cenários .......................................................................................... 54

4.5 Indicadores de avaliação do investimento ....................................................... 55

4.1.5. VPL (Valor Presente Líquido) .................................................................. 55

4.1.6. TIR (Taxa interna de retorno) ................................................................... 56

4.1.7. Payback .................................................................................................... 56

4.1.8. Ponto de Equilíbrio ................................................................................... 56

Conclusão ....................................................................................................................... 58

Bibliografia ..................................................................................................................... 60

ANEXO A – Tabela do Imposto Simples Nacional ....................................................... 62

Apêndice A – Tabela de financiamento do cartão bndes – sistema price ...................... 63

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Índice de Figuras

Figura 1 - Ciclo de vida de uma empresa ....................................................................... 16

Figura 2 - Fluxos de Caixa e valor residual .................................................................... 25

Figura 3 - Logotipo do Restaurante Poró ....................................................................... 29

Figura 4 - Pimentão vermelho recheado de grão de bico, azeitona e uva passa, arroz

integral de funghi secci e cebola desidratada ................................................................. 30

Figura 5 - Ratatouille, arroz de capim limão e maçãs assadas ....................................... 30

Figura 6 - Cardápio do mês de Novembro ..................................................................... 34

Figura 7 - Principais agentes do polo gastronômico da Cidade Nova ............................ 38

Figura 8 - Representação do novo prédio que está sendo construído ............................. 38

Figura 9 - Ciclo Construir - Medir – Aprender .............................................................. 40

Figura 10 - Cenário do ramo de alimentação sob demanda nos Estados Unidos ........... 43

Figura 11 - Quadro de rentabilidade dos títulos do tesouro nacional ............................. 50

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Preço de cada produto ................................................................................... 34

Tabela 2 - Premissas adotadas no estudo de caso ........................................................... 44

Tabela 3 - Itens do investimento inicial necessário ........................................................ 45

Tabela 4 - DRE Gerencial Anual .................................................................................... 48

Tabela 5 - Fluxo de Caixa consolidado anualmente ....................................................... 48

Tabela 6 - Estimativa dos Fluxos de Caixa e Valor Presente - Restaurante Poró .......... 51

Tabela 7 - Análise de Sensibilidade ............................................................................... 53

Tabela 8 - Análise de cenários do valor da empresa (em R$ mil) .................................. 55

Tabela 9 – Fluxo de caixa acumulado e payback (em R$ mil)....................................... 56

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Índice de Equações

Equação 1 - Cálculo do valor presente para fluxos de caixa contínuos ......................... 20

Equação 2 - Cálculo do custo médio ponderado de capital ............................................ 22

Equação 3 - Cálculo do custo de capital próprio ............................................................ 23

Equação 4 - Cálculo do coeficiente beta ........................................................................ 23

Equação 5 - Cálculo do valor residual da empresa ......................................................... 26

Equação 6 - Cálculo do valor presente ajustado à taxa de sobrevivência ...................... 52

Equação 7 – Cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR) ................................................ 56

Equação 8 - Cálculo do ponto de equilíbrio .................................................................. 57

Equação 9 - Cálculo do índice da margem de contribuição ........................................... 57

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Business Model Canvas – Restaurante Poró ................................................ 31

Gráfico 2 - Curva de crescimento do número de pratos vendidos por dia – Poró .......... 36

Gráfico 3 - Variação do VPL de acordo com a variação de cada premissa ................... 53

Índice de Quadros

Quadro 1 – Ciclo de vida da empresa e parâmetros para a sua avaliação econômica .... 17

Quadro 2 - Taxas alvo de retorno tipicamente utilizadas por investidores de risco para

cada período do ciclo de vida da empresa ...................................................................... 28

Quadro 3 - Representação quantitativa de estudo de localização ................................... 36

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INTRODUÇÃO

A tarefa de dar valor a um ativo econômico é uma das principais questões dos

ramos de finanças e economia. Seja em situações de avaliação do preço justo de uma

ação negociada em bolsa, seja para calcular o preço justo de uma empresa para fins de

fusão ou aquisição por parte de um investidor institucional, ou ainda para optar entre

alternativas de projetos de investimento em uma empresa privada, as técnicas de

avaliação, ou do inglês, valuation, são bastante utilizadas e auxiliam o gestor na tomada

de decisão.

Uma grande variedade de métodos de avaliação está disponível e, para cada

situação, é utilizada uma abordagem conforme a estrutura da empresa e suas

características. A autora deste Projeto está iniciando um empreendimento denominado

Poró, que opera no setor de alimentação por meio da entrega de refeições. No futuro,

pretende-se transformar o negócio em um restaurante e o cálculo do valor deste

empreendimento foi o objeto de estudo deste trabalho.

OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS

Com o presente Projeto de Graduação objetivou-se a realização de uma revisão

na literatura existente sobre métodos de avaliação de empresas com vistas a possibilitar

a determinação do valor do empreendimento que será desenvolvido. Como benefício

complementar, o mesmo poderá vir a constituir importante subsídio para respaldar

futuras negociações com potenciais investidores.

Como objetivos específicos, são pontuados os itens a seguir:

- Apresentação, em linhas gerais, do referencial teórico relacionado às diferentes

abordagens e métodos existentes na determinação do valor de uma empresa;

- Apresentação conceitual do método escolhido para o estudo de caso a ser

desenvolvido, explicitando as peças fundamentais que o compõem;

- Apresentação das principais características e informações relativas ao negócio

e ao contexto em que se encontra a empresa objeto do estudo de caso;

- Aplicação das técnicas de determinação de valor para a empresa em questão e

respectiva avaliação dos resultados obtidos; e

- Avaliação da viabilidade financeira e determinação do valor da empresa,

apresentando considerações sobre as dificuldades encontradas no processo.

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METODOLOGIA

Para atender aos objetivos do presente trabalho, buscou-se uma revisão

bibliográfica centrada nos principais autores, em especial Aswath Damodaran, a fim de

garantir o uso adequado das ferramentas.

No segundo momento, lançou-se mão do estudo do caso específico do

Restaurante Poró. A empresa em análise necessitará em breve de investimento para a

construção de uma cozinha profissional. Essa necessidade de investimento eminente

motivou os empreendedores a buscar compreender o efetivo valor do seu negócio.

Desse modo, o trabalho foi elaborado com total acesso aos dados da empresa,

além de entrevistas com importantes profissionais do ramo de alimentação. Essa

condição forneceu subsídios para o desenvolvimento de um trabalho rico e de grande

utilidade para o futuro da empresa. A potencialidade do estudo de caso para este projeto

pode ser justificada em Yin (2001):

Como esforço de pesquisa, o estudo de caso contribui, de forma inigualável,

para a compreensão que temos dos fenômenos individuais, organizacionais,

sociais e políticos. Não surpreendentemente, o estudo de caso vem sendo

uma estratégia comum de pesquisa na psicologia, na sociologia, na ciência

política, na administração, no trabalho social e no planejamento (...) Em

resumo, o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as

características holísticas e significativas dos eventos da vida real – tais como

ciclo de vida individuais, processos organizacionais e administrativos,

mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e a

maturação de alguns setores (YIN, 2001. p. 21).

Reconhece-se que o método de estudo de caso não tem poder generalizador e

possíveis replicações devem tomar como restrição as condições temporais, espaciais e

idiossincráticas deste projeto. Entretanto, com o estudo de caso em análise é possível

exercitar a aplicação da teoria de modo a ampliar a compreensão do objeto e da própria

teoria, contribuindo, assim, com novas considerações críticas sobre o tema.

DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

No presente Projeto de Graduação serão analisados os desafios apresentados ao

se avaliar uma empresa em início de operação, apontando-se as diferenças para um

valuation tradicional. A primeira parte do trabalho trata da revisão bibliográfica

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existente sobre o assunto, enquanto a segunda apresenta a parte prática por meio de um

estudo de caso.

O capítulo inicial apresenta, em linhas gerais, os principais modelos de

avaliação, justificando a escolha do método utilizado no presente trabalho. O segundo

capítulo apresenta o referencial teórico que sustenta o método escolhido, identificando

as limitações encontradas no contexto de uma empresa iniciante.

Na segunda parte, o estudo de caso terá como base a atividade econômica do

Poró, restaurante que iniciou suas operações em abril de 2014, do qual a presente autora

é uma das sócias como apresentado anteriormente. Desta forma, pretende-se com essa

escolha, além de exercitar e aprofundar o conhecimento acadêmico, contribuir para o

desenvolvimento da empresa em questão.

O Projeto finaliza com a apresentação dos resultados da avaliação, além de

considerações sobre os desafios encontrados ao se determinar o valor de uma empresa

que está iniciando suas atividades.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 MÉTODOS DE VALUATION

Os analistas fazem uso de uma variedade de métodos de avaliação que devem

ser utilizados de acordo com o contexto do ativo que se pretende avaliar. Segundo

Damodaran (2009), os modelos variam dos mais simples aos mais sofisticados, e, em

termos gerais, podem ser classificados segundo quatro abordagens.

Fluxo de caixa descontado 1.1.1

Relaciona o valor de um ativo econômico ao valor presente de fluxos de caixas

gerados no futuro, descontados a uma determinada taxa de retorno que reflita

adequadamente o risco do que está sendo negociado.

Esta abordagem é a mais utilizada no meio acadêmico e possui as melhores

credenciais teóricas, visto que contempla um grande número de variáveis importantes na

avaliação de uma companhia e leva em conta os fluxos de caixa futuros, que são os que

determinam o potencial de geração de valor do negócio.

Costa, Costa e Alvim (2011) afirmam que três aspectos do fluxo de caixa são

mais observados: (i) tempestividade – quanto mais cedo ocorrem os fluxos, maior valor

terá a empresa; (ii) magnitude – quanto maiores os fluxos, obviamente, maior o valor da

empresa; (iii) risco – quanto maior o risco envolvido, maior será a taxa de desconto e,

consequentemente, menor o valor da empresa.

Avaliação contábil e de liquidação 1.1.2

É construído em torno da tarefa de dar valor aos ativos existentes de uma

empresa, tendo estimativas contábeis frequentemente usadas como ponto de partida. Em

uma avaliação baseada em ativos, foca-se primeiramente nos ativos existentes e estima-

se o valor de cada um separadamente. Somando-se os valores dos ativos determina-se a

primeira referência de valor do negócio.

Embora possa parecer tecnicamente correto que o valor de uma empresa seja a

soma dos valores de seus ativos, há uma diferença fundamental entre a avaliação de um

conjunto de ativos e de um negócio, visto que o último é uma entidade em curso, com

ativos que já possui e que espera possuir no futuro. Neste sentido, é importante fazer

uma boa avaliação não apenas dos ativos existentes, mas também dos investimentos

futuros e de seu potencial de rentabilidade. Para empresas com boas perspectivas de

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crescimento, avaliações baseadas em ativos irão produzir valores inferiores a avaliações

de ativos em curso.

Um caso especial de avaliação baseado em ativos é a avaliação de liquidação,

onde valorizamos os ativos apenas com base na presunção de que eles serão vendidos

isoladamente, perdendo sua característica de negócio em curso.

Avaliação relativa 1.1.3

Estima o valor de um ativo com base na precificação de ativos "comparáveis"

em relação a uma variável comum, como, por exemplo, vendas, lucro, fluxos de caixa

ou valor contábil.

A partir da seleção de um grupo de empresas comparáveis, ou seja, que

apresentem características de negócio e risco semelhantes, calcula-se o índice médio

para esse grupo com base na variável escolhida. A média obtida, ou múltiplo, é então

utilizada como base para calcular o valor da empresa.

Apesar da simplicidade, há desvantagens no uso de múltiplos para a avaliação de

empresas. A mais preocupante é não se considerar as especificidades da empresa que

está sendo analisada e adotar um veredito de valor baseado em uma estatística geral.

Avaliação por direitos contingentes ou Opções Reais 1.1.4

Utiliza modelos de precificação semelhantes ao de opções financeiras para medir

o valor dos ativos. Copeland e Antikarov (2002) definem uma opção real da seguinte

forma: contrato que, sob determinadas contingências, dá ao seu detentor um direito, mas

não obrigação, de empreender uma ação (por exemplo, diferir, expandir, contrair ou

abandonar) a um custo predeterminado – o preço de exercício – e por um período

estabelecido – a vida da opção.

Nesta abordagem, um projeto é visto como um conjunto de opções reais. Assim,

o modelo permite captar a flexibilidade e incerteza inerentes a diversos tipos de

negócios, dificilmente consideradas em outros métodos, captando assim um valor

adicional existente.

Se uma empresa ou projeto tem um leque de opções e flexibilidade para escolher

caminhos alternativos, avaliar essa empresa como uma opção pode ser a melhor

maneira.

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1.2 O CICLO DE VIDA DA EMPRESA

Além do domínio das técnicas de avaliação, conhecer as características

específicas do negócio, como, por exemplo, o ambiente micro e macro econômico em

que está inserido, suas forças e fraquezas e o entorno competitivo, é pré-requisito para

uma avaliação consistente. Dado que o presente Projeto está desenvolvido com foco em

empresas em início de atividade, foi privilegiada a busca de compreensão de uma

característica em específico da empresa e como ela influencia na escolha do método

adequado, qual seja, o momento em que a empresa se encontra dentro de seu ciclo de

vida.

Segundo Costa, Costa e Alvim (2011), a ideia do ciclo de vida da empresa,

geralmente adaptada dos manuais de marketing para produtos, é de grande importância

para que o analista possa estabelecer premissas adequadas em sua avaliação econômica.

As empresas apresentam ciclos de vida de acordo com o Gráfico 1. Inicialmente

dispõem de baixas receitas e resultados negativos, passando para uma fase de

crescimento rápido de mercado com resultados positivos, em seguida vivenciam um

período de estabilidade, com lucros e fluxo de caixa estáveis e, finalmente,

experimentam uma fase de declínio, onde as receitas começam a cair e a empresa

começa a apresentar prejuízos e fluxos de caixa negativos novamente.

Figura 1 - Ciclo de vida de uma empresa

Fonte: adaptado de Valuation – Manual de Avaliação e Reestruturação Econômica de Empresas (Costa, Costa e

Alvim - 2011)

Segundo Costa, Costa e Alvim (2011), alguns parâmetros da empresa, muito

importantes para determinação de seu valor econômico, se alteram de acordo com a fase

do ciclo de vida em que se encontra. O Quadro 1 resume esses parâmetros.

ALTO CRESCIMENTO ESTABILIDADE DECLÍNIO

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CRESCIMENTO MODERADO

TAXA DE

CRESCIMENTO

DAS RECEITAS

Alta Moderada Estável Declinante

LUCROS E FLUXO

DE CAIXA Negativo

Moderadamente

positivo

Altamente

positivo Declinante

VOLATILIDADE NO

PREÇO DAS AÇÕES Alta Moderada Estável Alta

CUSTO DO

CAPITAL Alto

Alto com

tendência para

baixo

Estável Alto

ENDIVIDAMENTO Baixo ou Nulo Médio com

tendência para alto Alto

Alto com

tendência para

baixo

POLÍTICA DE

DIVIDENDOS Payout Nulo Payout crescente Payout alto Payout declinante

ALAVANCAGEM

OPERACIONAL Alta Moderada Estável Alta

ALAVANCAGEM

FINANCEIRA Baixa Moderada Alta Alta

Modelo de

Valuation

Fluxo de Caixa

Descontado +

Opções Reais

Fluxo de Caixa

Descontado

Fluxo de Caixa

Descontado Opções Reais

Quadro 1 – Ciclo de vida da empresa e parâmetros para a sua avaliação econômica

Fonte: Retirado de Valuation – Manual de Avaliação e Reestruturação Econômica de Empresas (Costa, Costa e

Alvim, 2011)

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2 ESCOLHA DO MÉTODO ADEQUADO AO ESTUDO DE CASO

Para a escolha do método a ser abordado no estudo de caso, foram observados

quais métodos melhor se adaptam na determinação de valor de uma empresa

considerando seu momento no ciclo de vida e as especificidades do caso em análise.

Por se tratar de um negócio de pequeno porte e um serviço de pequena escala,

optou-se pelo método de Fluxo de Caixa Descontado de vez que contempla um grande

número de variáveis importantes na avaliação de um negócio e permite identificar, nas

estimativas dos fluxos de caixa futuros, o comportamento de tais variáveis na empresa

analisada, captando os efeitos de possíveis forças e fraquezas em cada momento do seu

ciclo de vida.

As abordagens de avaliação contábil, avaliação por opções reais e avaliação

relativa foram eliminadas. A primeira pelo fato da empresa não possuir ativos

significativos que possam representar seu valor. A segunda pelo fato de o modelo de

negócio da empresa em questão não apresentar variadas alternativas de investimento e

as respectivas incertezas decorrentes, como apresentam os negócios realizados a partir

do desenvolvimento de patentes ou de novas drogas medicinais. A terceira pela

dificuldade encontrada em estabelecer um mix de negócios comparáveis com dados

relativos tanto às características de operação e gestão, quanto à avaliação de valor, pois

são frequentemente negócios privados e não são negociados em bolsa.

Para superar essa última dificuldade, alguns analistas utilizam preços pagos em

transações comerciais recentes com empresas do mesmo ramo, argumentando que tais

negócios provavelmente estão mais próximos do que a comparação com empresas

negociadas em bolsa. Entretanto, tais preços podem encontrar problemas ao serem

comparados: o preço pode incluir outros serviços e fatores secundários específicos da

transação, transações desse tipo não são frequentes e os dados são difíceis de serem

obtidos, ou ainda, pode ser difícil padronizar a variável de comparação, visto que

padrões de contabilidade variam entre negócios privados, o que pode gerar resultados

não equivalentes.

Em casos que não seja possível ter acesso a dados de transações privadas, a

única opção é se utilizar de dados de empresas negociadas em bolsas de valores quando

se trata de avaliação relativa. Nestes casos, os fatores que prejudicam essa comparação

são claros: o ciclo de vida da empresa afeta a avaliação, com diferentes potenciais de

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crescimento entre as empresas, a diferença na probabilidade de falência entre as

empresas influencia no valor da mesma, entre outros.

Apesar das limitações, o uso da avaliação relativa pode ser interessante quando

se deseja ter uma noção rápida sobre determinado mercado ou como balizador quando

uma avaliação específica apresenta um resultado muito distante do preço pago em seu

mercado.

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20

3 MODELO DE FLUXO DE CAIXA DESCONTADO E OS DESAFIOS PARA

PEQUENAS EMPRESAS

O modelo de avaliação baseado no fluxo de caixa descontado é considerado o

mais abrangente no que tange à modelagem de informações do ponto de vista

econômica e financeiro. Entretanto, ao mesmo tempo em que os benefícios são

superiores, os desafios de modelar corretamente os eventos econômicos e financeiros

nos fluxos de caixa são maiores ainda. É preciso muito conhecimento do negócio a ser

avaliado, bem como a interpretação correta dos dados da empresa, aliado a

conhecimentos indispensáveis sobre economia e estratégia empresarial.

Costa, Costa e Alvim (2011) afirma que, segundo a visão econômica, o valor de

qualquer ativo econômico em continuidade operacional é o valor presente dos fluxos de

caixa futuros descontados a uma taxa que reflita o valor do dinheiro no tempo e o risco

associado a esses fluxos. A equação principal para avaliação da empresa pelo fluxo de

caixa descontado é apresentada a seguir.

𝑉 = ∑𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝑟)𝑡

𝑡=𝑛

𝑡=1

Equação 1 - Cálculo do valor presente para fluxos de caixa contínuos

onde:

V = valor econômico calculado

t = período explícito de projeção

r = taxa de desconto que reflete o valor do dinheiro no tempo e o risco

FC = fluxo de caixa projetado para o período t até n

Segundo Damodaran (2009), há quatro peças que compõem o quebra-cabeça da

avaliação do valor intrínseco de uma empresa jovem e voltada para o crescimento: os

fluxos de caixa de ativos existentes, o crescimento esperado de novos investimentos e a

melhoria da eficiência de ativos existentes, as taxas de desconto que emergem de nossas

avaliações de risco e a avaliação de quando a empresa terá um crescimento estável. Em

cada uma dessas medidas, pequenas empresas colocam desafios para sua estimação.

a) Ativos existentes

A abordagem padrão para avaliar os ativos existentes é usar as demonstrações

financeiras atuais da empresa e seu histórico para estimar os fluxos de caixa desses

ativos e atribuir um valor a eles. Com algumas empresas em início de operação, os

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ativos existentes representam uma pequena proporção do valor global da empresa e não

faz muito sentido gastar recursos para estimar o seu valor. Ou quando seus ativos

possuem algum valor, as demonstrações financeiras fornecem pouca informação

relevante, pelas seguintes razões:

- A falta de dados históricos torna difícil prever como os fluxos de caixa de

ativos existentes irão se comportar caso as condições macroeconômicas tornem-se

menos favoráveis. É mais difícil julgar se os fluxos de caixa representam um sucesso

pontual ou se são sustentáveis. A falta de dados de anos anteriores também torna mais

difícil avaliar como os fluxos de caixa irão se comportar caso a política de preços da

companhia mude ou a empresa encontre um novo competidor.

- Além disso, as despesas que empresas iniciantes incorrem para gerar um

crescimento futuro estão frequentemente misturadas com as despesas para geração de

receita atual. Para avaliar os ativos existentes, é importante separar as despesas

destinadas a aquisição de novos clientes de outras específicas da operação, o que não é

muito fácil.

b) Ativos de crescimento

A maior parte do valor de uma empresa jovem é proveniente do valor esperado

com investimentos futuros, o que se denomina ativos de crescimento.

Consequentemente, as dificuldades encontradas para se chegar ao valor gerado com

ativos de crescimento é o aspecto mais relevante se podemos avaliar essas empresas em

primeiro lugar. Existem diversos problemas ao se avaliar uma empresa jovem:

- Não é possível fazer uma projeção sobre receitas futuras devido à falta de

histórico da empresa, o que leva a projeção a depender da estimativa da própria

empresa, com toda a tendenciosidade associada a esses valores.

- Mesmo que seja possível estimar receitas futuras, não é possível estimar como

os custos e salários irão evoluir com o aumento das receitas. Novamente, o fato de

pequenas empresas apresentarem prejuízo e não terem histórico de receita operacional

torna mais difícil a projeção de margens de lucro futuras.

- Não é necessariamente a receita ou o lucro por si o que determina o valor de

uma empresa, mas a qualidade de seu crescimento. Com poucos investimentos feitos e

há pouco tempo, é difícil avaliar o Retorno sobre os Investimentos em uma empresa em

início de operação, que frequentemente é utilizado como ponto de partida para estimar

retornos futuros.

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Resumindo, é difícil projetar a evolução da receita e das margens operacionais

para empresas jovens, e tais dificuldades são acentuadas quando levantamos hipóteses

de reinvestimento que sejam consistentes com nossas estimativas de crescimento.

c) Taxa de desconto

Segundo Costa, Costa e Alvim (2011), o custo médio ponderado de capital

(WACC - Weighted Average Cost of Capital) é a média ponderada das taxas exigidas

pelas diversas formas de financiamento que integram a estrutura de capital da empresa.

𝑊𝐴𝐶𝐶 =𝐸

𝐷 + 𝐸× 𝑘𝑒 +

𝐷

𝐷 + 𝐸∙ 𝑘𝑖 × (1 − 𝑡)

Equação 2 - Cálculo do custo médio ponderado de capital

Onde:

WACC = custo médio ponderado de capital

𝑘𝑖 = custo do capital de terceiros antes dos impostos

t = alíquota dos impostos

D/(D + E) = participação de capital de terceiros na estrutura de capital

𝑘𝑒 = custo do capital próprio

E/(D + E) = participação do capital próprio na estrutura de capital

Em empresas de capital aberto, o custo médio ponderado de capital é obtido

através do modelo de avaliação de ativos de capital (CAPM – Capital

Asset Pricing Model). Nesse modelo, o custo do capital de terceiros é obtido de acordo

com o tipo de financiamento que a empresa adota, enquanto o custo de capital próprio é

obtido por meio da estimação de um prêmio de risco do negócio.

O modelo CAPM tem como alicerce a Teoria das Carteiras, desenvolvida por

Harry Markowitz em 1952. Ele parte do princípio de que as empresas e, por analogia, as

ações ordinárias representativas do capital destas empresas, estão sujeitas a dois tipos de

riscos:

1. Risco diversificável – está relacionado às características próprias de cada

empresa, como, por exemplo, grau de endividamento, estilo de gestão, ciclo de

vida dos produtos, etc. e pode ser eliminado ou bastante reduzido através da

diversificação;

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2. Risco sistêmico (ou não diversificável) – está relacionado à economia como um

todo, como a inflação, flutuação cambial, taxas de juros, etc. e atinge com maior

ou menor intensidade todas as empresas.

Para se calcular o prêmio de risco do negócio e obter o custo de capital próprio

compara-se a taxa de juros livre de risco e o prêmio de risco do mercado como um todo.

A medida de risco que mede quanto do retorno da ação é afetado pelo risco de mercado

(sistêmico) é o coeficiente Beta. Este risco é medido pela comparação temporal entre a

rentabilidade da ação e a rentabilidade da carteira de mercado, teoricamente

diversificada.

Custo do capital próprio pelo modelo CAPM:

𝐾𝑒 = 𝑅𝑓 + 𝛽 × [𝑅𝑚 − 𝑅𝑓]

Equação 3 - Cálculo do custo de capital próprio

Onde:

𝐾𝑒 = custo do capital próprio

𝑅𝑓 = taxa livre de risco

𝑅𝑚 = taxa de retorno esperada da “Carteira de Mercado”

𝑅𝑚 – 𝑅𝑓 = prêmio que o mercado oferece por unidade de risco, independentemente

do ativo específico

𝛽 × [𝑅𝑚 − 𝑅𝑓] = prêmio por risco assumido

𝛽 = mede a sensibilidade relativa da taxa de retorno do ativo a variações da taxa de

retorno da carteira de mercado.

Segundo Costa, Costa e Alvim (2011), como o prêmio de mercado é uma

constante e não varia de uma ação para outra, pode-se concluir que o retorno esperado

da ação é dado como uma função linear do seu risco sistemático (𝛽). O coeficiente

linear (intercepto no eixo Y) é a taxa livre de risco e a inclinação da reta é o prêmio que

o mercado oferece por unidade de risco.

Em termos técnicos, o coeficiente beta é a covariância dos retornos da ação

específica com os retornos da carteira teórica dividida pela variância dessa carteira,

conforme a Equação 4.

𝐵𝑒𝑡𝑎 = 𝑐𝑜𝑣𝑎𝑟𝑖â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜

𝑣𝑎𝑟𝑖â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜=

𝜎𝑖𝑚

𝜎𝑚2

Equação 4 - Cálculo do coeficiente beta

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Damodaran (2009) afirma que, para pequenas empresas, nenhuma das premissas

é verdadeira. Não é possível calcular-se um beta fazendo a regressão do histórico de

retornos, pois a maioria das empresas não é negociada em bolsa e não possui títulos a

preço de mercado. Além disso, seus investidores não são diversificados, podendo ser

completamente financiados por seus fundadores ou parcialmente diversificados, com a

participação de investidores que irão demandar uma compensação pelo risco específico

da empresa.

Para a estimativa da taxa de desconto em empresas de capital fechado,

Damodaran sugere a abordagem bottom-up beta, que considera a medida do beta não

alavancado, em que se retira de cada índice os efeitos da relação entre o valor da dívida

e do investimento das empresas originais, e dispensa a tarefa de se calcular o beta para a

empresa específica que está sendo avaliada. Para sua construção, Damodaran inicia

buscando betas de empresas do mesmo setor que sejam de capital aberto. Em seguida

busca entender o quanto do risco da empresa é oriundo do mercado ou do negócio em

específico, calculando o beta total, ou seja, dividindo o beta do mercado por seu

coeficiente de correlação, uma vez que este mede a proporção do risco total que

corresponde ao risco de mercado. Finalmente, o próximo passo é alavancar o beta

utilizando a razão entre o valor da dívida e o valor do investimento específico da

estrutura de capital da empresa em análise.

Essa abordagem encontra algumas dificuldades que invalidam sua utilização no

caso específico do Restaurante Poró. O primeiro problema, como apontado por Costa,

Costa e Alvim (2011), é a dificuldade de encontrar empresas semelhantes no mercado

de capitais brasileiro que formem uma amostra significativa. Dessa forma, seria

necessário buscar betas calculados em setores de economias maduras, como os Estados

Unidos, que possuem ampla gama de setores listados em bolsa e cada um com um

número significativo de empresas. Assim, é utilizado o modelo GCAPM (Global

Capital Asset Princing Model) com a adição do risco país na avaliação.

A segunda questão encontrada é o fato de que a maioria dos restaurantes listados

em bolsa são cadeias de fast-food (Mc Donald, Burguer King) ou restaurantes de massa

(Applebees, TGIF etc). Neste caso, o próprio Damodaram (2009) sugere que o beta de

um restaurante de maior qualidade fica mais bem representado com a utilização do beta

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do setor de varejistas com especialidades de alto nível1, ao invés do setor de

restaurantes, e com a utilização do coeficiente de correlação deste mesmo setor.

Avaliando a necessidade de sucessivas aproximações para que possa ser

utilizada a metodologia sugerida por Damodaran, e as consequentes artificialidades

introduzidas, optou-se pela abordagem sugerida por Brealey, Myers & Allen (2013).

Segundo este último, o custo de capital da empresa é definido como a taxa de retorno

esperada em um investimento, representada pelo custo de oportunidade do capital

destinado aos investimentos nos ativos da empresa. Portanto, este custo de oportunidade

do capital pode ser utilizado como a taxa de desconto correta para os projetos de risco

médio da organização.

Outro fator que influencia na taxa de desconto a ser utilizada nas avaliações são

os termos de cada fonte de investimento de uma pequena empresa, visto que estes

podem variar bastante e é possível que essas diferenças levem a diferentes custos do

capital próprio para cada investidor.

d) Valor residual

Normalmente, na avaliação de uma empresa trabalha-se sob o pressuposto da

continuidade (going concern), isto é, a empresa irá operar para sempre, ou ao menos

num horizonte de tempo muito longo. De acordo com o ciclo de vida das empresas,

apresentado anteriormente, após o período de alto crescimento, o negócio entra em um

período de estabilidade com ou sem crescimento. Segundo Costa, Costa e Alvim (2011),

o valor residual ou terminal é o valor presente de um fluxo padrão que se repetirá para

sempre a partir deste período e é calculado pela soma de uma série de progressão

geométrica infinita, como apresentado na Figura 2, no último ano do horizonte de

projeção explícito dos fluxos de caixa da empresa.

Fonte: Retirado de Valuation – Manual de Avaliação e Reestruturação Econômica de Empresas (Costa, Costa e

Alvim - 2011)

1 Tradução livre para “high end retailers”

Figura 2 - Fluxos de Caixa e valor residual

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𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙 =𝐹𝐶𝐹𝐹𝑛+1

(𝑊𝐴𝐶𝐶 − 𝑔)

Equação 5 - Cálculo do valor residual da empresa

onde:

WACC = custo médio ponderado

g = taxa de crescimento na estabilidade

Por outro lado, se a empresa tem claramente um horizonte finito, seu valor

terminal também pode ser representado pelo valor patrimonial de seus ativos, que

podem ser valorados a preço histórico, preço de reposição ou preço de liquidação.

No caso de empresas em início de operação, o valor terminal torna-se ainda mais

relevante de vez que representa uma grande proporção de seu valor. Por isso, determinar

as características da empresa em sua maturidade e quando irá atingir um crescimento

estável produzem um impacto substancial em seu valor. Segundo Damodaran (2009),

essa tarefa torna-se difícil devido a nossa incapacidade de responder a três perguntas:

1. A empresa será capaz de atingir o crescimento estável?

Estimar a probabilidade de sobrevivência de uma pequena empresa no início

de seu ciclo de vida é um componente crítico para estimar seu valor e, ao

mesmo tempo, bastante difícil devido ao alto índice de falência das pequenas

empresas;

2. Quando a empresa irá atingir o crescimento estável?

Definir quando a empresa irá atingir o crescimento estável é difícil, pois não

se sabe as ações que seus competidores podem tomar e afetar seu crescimento;

3. Quais serão as características da empresa em sua maturidade?

Determinar, por exemplo, que em sua maturidade a empresa terá uma pequena

taxa de crescimento, não irá mais crescer ou terá crescimento negativo, afeta

seu valor e a falta de histórico dificulta ainda mais essa estimativa.

A finalização do processo de determinação do valor de uma empresa não pode

prescindir da avaliação quanto à liquidez do negócio. Após realizado o cálculo do

desconto dos fluxos de caixa a uma determinada taxa e encontrado o valor da empresa

como um todo, deve-se esperar que investimentos sem liquidez tenham um desconto

sobre os investimentos com maior liquidez. Damodaran (2009) ressalta que a tarefa de

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medir e precificar a falta de liquidez em negócios privados é muito mais complexa do

que em empresas com capital aberto negociadas em bolsa.

3.1 PRÁTICAS ENCONTRADAS NO MERCADO DE INVESTIMENTO DE

RISCO

Tendo em vista a quantidade de desafios enfrentados por investidores para

conseguir estimar o valor de empresas jovens, não é surpresa imaginar que eles utilizem

alguns recursos simplificadores que, superficialmente, os oferecem uma solução, mas

que, em geral, levam a diversos erros de avaliação. Damodaran (2009) reúne alguns

desses recursos que são utilizados pelos investidores de risco.

1. Linha superior e inferior, sem detalhes: Muitos investidores não dão atenção

aos itens intermediários, que separam a receita do lucro, ou aos

reinvestimentos necessários, que separam o lucro do fluxo de caixa;

2. Foco no curto prazo e não no longo prazo: A incerteza encontrada para

estimar fluxos de caixa em períodos mais longos justifica o corte da avaliação

em um curto período, como de três a cinco anos;

3. Misturar avaliação relativa e intrínseca: Para lidar com a incapacidade de

estimar fluxos de caixa para períodos mais longos, os analistas utilizam a

avaliação relativa como um atalho. O valor além dos primeiros três a cinco

anos é estimado utilizando-se um múltiplo para as receitas ou lucros esperados

de empresas com capital aberto em bolsa;

4. Taxa de desconto como uma saída para todas as incertezas: Os riscos

associados ao investir em uma pequena empresa incluem não apenas os

fatores tradicionais, como a volatilidade dos lucros ou a sensibilidade a fatores

macroeconômicos, mas também a probabilidade da empresa não sobreviver. O

valor estimado ao final da projeção é descontado a uma taxa alvo de desconto,

geralmente definida alta o suficiente para captar tanto o risco do negócio

quanto a probabilidade da empresa não sobreviver. A Tabela 2 apresenta as

taxas de desconto utilizadas por investidores de risco de acordo com o ciclo de

vida da empresa.

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ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO TAXAS ALVO DE RETORNO TÍPICAS

Start up 50% - 70%

Primeiro estágio 40 % - 60%

Segundo estágio 35% - 50%

Abertura ao mercado 25% - 35%

Quadro 2 - Taxas alvo de retorno tipicamente utilizadas por investidores de risco para cada período do ciclo

de vida da empresa

Fonte: Retirado de Valuing Young Firms - Damodaran (2009)

Com o uso de tais recursos simplificadores mencionados anteriormente, a

abordagem utilizada por investidores de risco leva a alguns problemas na avaliação.

Tendo como foco apenas a receita e o lucro e ignorando os itens intermediários da

projeção, os investidores estimulam um “jogo” de negociação mais intenso, dado que a

base da avaliação não é completa. Além disso, ao utilizar múltiplos após o período de

projeção de curto prazo para lidar com as incertezas do futuro, não significa que a

incerteza tenha desaparecido. Finalmente, ao se adicionar à taxa de desconto a

probabilidade de o negócio não sobreviver também significa que esta taxa não irá variar

através do ciclo de vida da empresa.

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4 ESTUDO DE CASO – RESTAURANTE PORÓ

Para o desenvolvimento do presente estudo de caso será apresentada,

inicialmente, uma visão geral da empresa em questão, detalhando sua proposta de valor,

produtos oferecidos, público-alvo e características do modelo de negócio. A partir de

tais informações, será elaborada a estimativa do valor da empresa, com a projeção dos

fluxos de caixa, a definição da taxa de desconto adequada e o cálculo do valor presente,

considerando, em cada etapa, como melhor lidar com suas especificidades.

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

O Poró é uma empresa do ramo de alimentação, cujo modelo de negócio de

entrega de refeições nasceu a partir da inspiração em startups do mesmo gênero

atuantes no Vale do Silício (Califórnia – EUA) que vêm apresentando um alto

crescimento, tais como Spoon Rocket (www.spoonrocket.com), Sprig (www.sprig.com)

e Munchery (https://munchery.com/).

A empresa foi criada por três sócios e iniciou suas atividades em abril de 2014.

Conceitualmente, a proposta de cozinha do Poró está centrada em oferecer uma

alimentação saudável e consciente, buscando o equilíbrio entre saúde e sabor em uma

refeição.

Na elaboração de seus cardápios, a empresa utiliza ingredientes pouco

processados e balanceados e possui como principal valor percebido pelos clientes o

preparo diferenciado das refeições. Busca-se manter os benefícios, textura e sabor

próprio dos alimentos, com a atenção à temperatura e o nível de cozimento, a utilização

de pouco sal, a eliminação da fritura, além da utilização integral do alimento, com

aproveitamento dos aspectos nutritivos de caules e folhas inclusive. Trabalha-se com

Figura 3 - Logotipo do Restaurante Poró

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um olhar artesanal sobre os pratos, escolhendo os ingredientes próprios de cada estação

para compor seu cardápio.

Acima de tudo, entende-se que a alimentação influencia diretamente nas funções

desempenhadas pelo nosso organismo, além de auxiliar na prevenção de doenças, com

consequências diretas no bem estar e humor em geral. Apresenta-se a seguir os

princípios essenciais do restaurante Poró.

MISSÃO – Proporcionar a máxima satisfação aos seus clientes, fornecendo

meios para que o corpo desempenhe suas funções em todo seu potencial, com reflexos

na saúde física e mental.

VISÃO – Tornar-se até 2017 um espaço de saúde integral que tem como base a

atividade de um restaurante reconhecido pela qualidade de suas refeições e por sua

excelência no atendimento, além de outras experiências de fidelização do cliente.

VALORES – Qualidade, eficiência, cuidado e respeito.

Figura 4 - Pimentão vermelho recheado de grão de bico, azeitona e uva passa, arroz integral

de funghi secci e cebola desidratada

Fonte: Página do Facebook da empresa (www.fb.com/poro.menu). Consultado em 01.07.2014

Figura 5 - Ratatouille, arroz de capim limão e maçãs assadas

Fonte: Página do Facebook da empresa (www.fb.com/poro.menu). Consultado em 01.07.2014

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Modelo de negócio 4.1.1

Conforme comentado anteriormente, o modelo de negócio do Poró tem como

proposta de valor oferecer uma alimentação saudável e consciente para pessoas

preocupadas com essa questão em seu horário de trabalho. Desde o início de suas

atividades, foi observado que o público mais sensível a esta proposta são mulheres com

idade a partir de 30 anos.

Além disso, outro valor oferecido pela empresa é a diminuição do ruído mental

no momento da escolha dos pratos, devido à oferta de apenas duas opções por dia,

tendência observada em outros países. A variedade, essencial para serviços de

alimentação, é garantida por meio da mudança do cardápio mensalmente (ou a cada

duas semanas, conforme será testado).

Outra importante característica do modelo de negócio da empresa é sua forma de

relacionamento com o cliente. Atualmente, todas as comunicações do Poró são feitas via

whatsapp ou email, o que garante uma forte presença da empresa no momento de

escolha pelo local de almoço. Sua forma de divulgação é feita por meio de panfletos e

fotos dos pratos no Facebook, além da futura construção de uma página na internet no

momento da construção do restaurante. Apresenta-se a seguir, a representação do

modelo de negócio da empresa por meio do Business Model Canvas.

Gráfico 1 - Business Model Canvas – Restaurante Poró

Fonte: Adaptado de www.businessmodelgeneration.com

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O Poró começou a operar com um canal de atendimento exclusivamente por

meio de entrega de refeições, inspirado em empresas americanas de sucesso no ramo de

alimentação. Dada a inexperiência dos sócios no segmento, optou-se por iniciar as

operações em um local provisório, cedido gratuitamente, com o objetivo de ganhar

aprendizagem na operação e gestão. Antes de realizar um investimento maior para a

construção de uma cozinha própria, os sócios consideram essencial dominar

conhecimentos relativos aos tempos de preparo, à elaboração da ficha técnica, ao fator

de correção dos alimentos, à logística e aos tempos de entrega, à comunicação com os

clientes, à elaboração de pacotes promocionais, à percepção da sazonalidade semanal e

mensal e ao desenvolvimento da equipe.

A empresa teve a oportunidade de testar seu serviço de entregas no bairro do

Andaraí, Rio de Janeiro – RJ, o que lhe possibilitou amadurecer o modelo de negócio

por meio do contato direto com os desafios da atividade. Entretanto, tendo em vista que

o ticket médio dos concorrentes na região é inferior àquele necessário para a empresa e

o perfil de clientes atendidos não representa integralmente o seu público-alvo, não foi

possível avançar na fase de Customer Discovery ou Entendimento dos Clientes, e na

estratégia de precificação, etapas essenciais para o desenvolvimento de um serviço em

sintonia com as demandas do cliente.

Ao longo destes seis primeiros meses de atividade, a vivência na operação,

somada ao exercício proposto pelo presente Projeto de determinar o valor da empresa,

fez com que os sócios reavaliassem o modelo de negócio até então adotado. Isto porque

foram verificados alguns desafios importantes na operação, tais como:

- o elevado custo com a mão de obra de entregadores (motoboys);

- a falta de comprometimento com o negócio por parte dos entregadores, dado

que possuem uma fonte de renda autônoma alternativa, por meio do serviço de moto

taxi;

- a alta complexidade da operação de entrega, com uma coordenação dos

entregadores de difícil gerenciamento em decorrência da dificuldade de comunicação

com os mesmos durante a entrega;

- a existência de diversas fontes potenciais de erros na operação, como no

lançamento dos pedidos, na montagem dos pratos ou na montagem das mochilas de

cada entregador, que se tornam mais problemáticas devido à dificuldade em corrigi-las

prontamente, dada a distância entre a empresa e o cliente;

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- a dificuldade em garantir a qualidade do serviço e do produto, com uma

entrega pontual e uma refeição de qualidade, seja em temperatura ou sabor, após a

distância percorrida; e

- a percepção da inexistência de uma economia de escala que possa vir a reduzir

tais problemas.

Entende-se que tais desafios poderiam até ser superados por meio do

investimento em uma estrutura tecnológica mais eficiente. Seria possível automatizar o

lançamento dos pedidos por meio de uma plataforma de aplicativo para smartphones,

acompanhar a localização geográfica dos entregadores por meio de um software de

geolocalização, permitir a comunicação automática com os clientes de acordo com a

aproximação dos entregadores, diminuindo o tempo de entrega no local, o planejamento

de rotas otimizadas por meio de softwares, entre outros. As empresas que serviram

como fonte de inspiração para o Poró possuem grandes investidores dando suporte à

operação e se encontram em um contexto diferente, de vez que atuam por meio de

foodtrucks espalhados pela cidade, gerenciados por um software de otimização de rotas.

Entretanto, devido ao seu nível de maturidade ainda pouco desenvolvido no

mercado de alimentação, os sócios optaram por seguir um modelo de negócio mais

tradicional e estabelecido, por meio da instalação de um restaurante, mantendo o serviço

de entregas apenas para locais próximos à cozinha.

Dentre os aprendizados adquiridos para a otimização da entrega, a empresa vem

adotando a estratégia de focar o atendimento em prédios comerciais com uma grande

concentração de pessoas e a definição de horários fixos de entrega (12:00h, 12:40h e

13:30h). Dessa forma, é possível concentrar a entrega e diminuir seus custos e

complexidades. Os lugares atendidos atualmente são os prédios do Banco do Brasil,

Serviço Nacional de Processamento de Dados (SERPRO), IBGE e Petrobras,

localizados próximos à cozinha no Andaraí, além de alguns poucos clientes avulsos.

Após a instalação do restaurante, o modelo a ser adotado será o de

autoatendimento, mantendo a oferta de produtos apresentada a seguir e uma equipe

reduzida, associado à atividade de entrega em prédios comerciais predeterminados.

Produtos 4.1.2

Atualmente, a empresa trabalha com dois produtos principais: um prato vegano e

um tradicional a cada dia da semana, em um cardápio que varia mensalmente. Além dos

pratos, a empresa oferece uma porção de salada, arroz integral e feijão, que podem ser

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comprados à parte ou substituídos por um dos acompanhamentos do prato principal.

Eventualmente, são feitas edições especiais que variam desde sobremesas para o Dia

das Mães a sucos naturais.

O cardápio do mês de Novembro é apresentado a seguir.

Figura 6 - Cardápio do mês de Novembro

Fonte: elaboração própria

A ideia de trabalhar com apenas dois pratos principais por dia foi escolhida de

modo a permitir uma simplificação na operação e uma maior facilidade na estimativa da

demanda, diminuindo custos e desperdícios. A necessidade de diversificação

demandada pelos clientes é garantida com a variação mensal do cardápio.

No restaurante, a empresa pretende ampliar a gama de produtos oferecidos,

incluindo a montagem de saladas personalizadas, uma opção diária de quiche/empadão,

além da oferta de sobremesas e bebidas, buscando atingir um ticket médio de R$ 30,

conforme tabela abaixo.

Tabela 1 - Preço de cada produto

Produto Preço

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35

Pratos tradicional ou vegano R$ 25

Salada + grelhado R$ 23

Salada personalizada R$ 13

Quiche ou empadão R$ 12

Sobremesa R$ 5-8

Suco R$ 5

Demais bebidas R$ 3

Complemento de arroz ou feijão R$ 3

Fonte: elaboração própria

Mercado de atuação 4.1.3

Por se localizar originalmente no bairro do Andaraí, o campo de atuação do Poró

possui um raio restrito e, assim, foi feito um mapeamento do entorno com os principais

prédios comerciais que poderiam vir a ser atendidos. Além dos prédios atualmente

atendidos do Banco do Brasil, Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO),

Petrobras e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), outros prédios

comerciais como o do Bradesco e os dos hospitais do Andaraí e Grajaú também

integram o planejamento de expansão da empresa.

O início das atividades se deu com a divulgação no prédio do Banco do Brasil,

no final do mês de abril de 2014. No mês de maio, a empresa teve uma média de

pedidos, na primeira semana, de oito pratos e terminou o mês vendendo mais de 30

pratos/dia. Com a Copa do Mundo as vendas caíram para uma média em torno de 20

pratos/dia nos meses de junho e julho e voltou a ganhar força no mês de agosto, com

uma média de 34 pratos por dia. No mês de agosto, a empresa começou a divulgar o

serviço nos prédios da Petrobras e do IBGE e sentiu o efeito da ação com o crescimento

das vendas em setembro para 46 pratos por dia. O mês de outubro não apresentou

crescimento nas vendas. Segundo consulta a alguns clientes mais frequentes, acredita-se

na hipótese de o cardápio não ter sido adequadamente elaborado, com receitas pouco

atraentes. Com uma base de clientes maior e um novo cardápio muito elogiado pelos

clientes, a empresa apresentou novo crescimento no mês de novembro, com potencial

para chegar a 60 pratos por dia, dada a grande quantidade de pedidos recusados

observada na primeira semana do mês, variando em torno de 10 pratos por dia.

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36

Gráfico 2 - Curva de crescimento do número de pratos vendidos por dia – Poró

Fonte: elaboração própria

Tendo em vista a decisão pela mudança do modelo de negócio para um

restaurante, foi necessário o desenvolvimento de um estudo de localização do ponto

comercial, para a definição do novo mercado de atuação. Foram estudados os bairros da

Barra da Tijuca, Centro e Cidade Nova e avaliados parâmetros como o nível de

investimento inicial, o tamanho de público atingido em um raio de 5 minutos, a

adequação da proposta do Poró ao perfil do cliente, a concorrência e a possibilidade de

expansão. Após sucessivas avaliações, a empresa optou por abrir seu ponto na Cidade

Nova. A representação quantitativa da análise em questão encontra-se no quadro a

seguir, onde as notas variam de 1 a 5, sendo 1 o pior cenário e 5 o melhor cenário.

CRITÉRIOS PESO

AVALIAÇÃO

Centro

Barra da

Tijuca Cidade Nova

Investimento Inicial 33% 1 5 4

Concorrência 27% 1 4 4

Adequação da proposta ao perfil do cliente 20% 5 5 5

Público atingido em um raio de 5 minutos 13% 5 2 5

Possibilidade de entregas 7% 5 2 5

2,6 4,1 4,4

Quadro 3 - Representação quantitativa de estudo de localização

Fonte: elaboração própria

Para a elaboração da análise de localização, foram visitados diversos pontos

comerciais para levantamento do valor do investimento inicial, além de terem sido

9

25

17

23

34

46 42

54

-

10

20

30

40

50

60

abr/14 mai/14 jun/14 jul/14 ago/14 set/14 out/14 nov/14

Qu

an

tid

ad

e d

e p

rato

s v

end

ido

s p

or

dia

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37

realizadas diversas entrevistas com pessoas do ramo para averiguar custos e margens

praticadas no segmento.

A partir da tabela acima, podem ser observadas importantes diferenças entre as

regiões. O Centro da cidade, apesar de apresentar uma grande concentração de pessoas

adequadas ao perfil da proposta do Poró, necessita de um investimento inicial muito

alto, além de contar com uma grande concorrência. Por se tratar de uma empresa jovem,

esses dois critérios foram os mais relevantes e fizeram com que a região fosse a menos

requisitada. Barra da Tijuca e Cidade Nova apresentaram um desempenho similar,

entretanto, o público atingido em um raio de cinco minutos a pé na Cidade Nova é bem

mais expressivo do que o da Barra da Tijuca, onde é necessária a utilização de um meio

de transporte para a maioria de seus deslocamentos internos em razão das longas

distâncias percorridas.

A Cidade Nova integra o plano de revitalização da Zona Central do Rio de

Janeiro, região que abrange os bairros do Centro, do Santo Cristo, da Gamboa, da

Saúde, do Caju, da Cidade Nova e de São Cristóvão. Obras como o Museu do Amanhã

e o Museu de Arte do Rio (MAR), localizados na zona portuária, e a demolição da

Perimetral, visam preparar a região para o crescimento populacional que se espera com

a chegada de empreendimentos comerciais e residenciais. Projeções da prefeitura

apontam para um aumento dos atuais 30 mil habitantes para cerca de cem mil habitantes

nos próximos dez anos, além de uma expectativa de 400 mil pessoas circulando

diariamente como população flutuante.

A Cidade Nova é um antigo bairro de classe média, dividido ao meio pela

Avenida Presidente Vargas e localiza-se na convergência entre o Centro e a Zona Norte.

O nome "Cidade Nova" tem registros que remontam ao período do reinado de D. João

VI. Até o início do século XIX, a região era um alagadiço que servia de rota de

passagem entre o Centro e as zonas rurais da Tijuca e São Cristóvão. Com os aterros

feitos com a intenção de melhorar esta travessia, surgiu o projeto de impulsionar o

crescimento da cidade para a área, vindo daí o nome. Nos últimos cinco anos e mais

expressivamente nos dois últimos, o bairro vem passando por um importante processo

de crescimento e transformação, decorrente da chegada de empresas como a Cedae, o

Centro de Convenções SulAmérica, a Universidade Petrobras e o Operador Nacional do

Sistema Elétrico (ONS). Calcula-se que, atualmente, mais de 25 mil pessoas circulem

por dia na região. Em resposta a essa nova demanda por serviços, foi criado um polo

gastronômico, cujos principais atores são representados a seguir.

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Figura 7 - Principais agentes do polo gastronômico da Cidade Nova

Fonte: http://vejario.abril.com.br /materia/bares/novos-bares-centro-baixo-cidade-nova/. Consultado em 01.10.2014

Para o final de 2014, o bairro contará com a chegada de outro importante

empreendimento que irá impulsionar o crescimento da região. Com 20 andares, três

subsolos e um projeto de arquitetura de Oscar Niemeyer, o prédio localizado ao lado do

Sambódromo, no terreno da antiga fábrica da Ambev, será alugado para empresas e

estima-se que será ocupado por cerca de 12 mil pessoas, além de uma população

circulante de três a cinco mil pessoas por dia.

Figura 8 - Representação do novo prédio que está sendo construído

Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/novo-predio-de-niemeyer-esta-sendo-erguido-na-cidade-nova-1-10934186

Consultado em 01/11/14

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Com base nos dados acima mencionados, acredita-se que a região possui um

grande potencial de desenvolvimento e geração de demanda para a instalação de novos

restaurantes.

O processo de desenvolvimento da empresa – Lean Startup 4.1.4

Devido a experiências anteriores com ambientes de dinamização do

empreendedorismo, os sócios tiveram acesso à metodologia do Lean Startup e hoje o

desenvolvimento da empresa é pensado seguindo esta lógica.

A filosofia do Lean Startup é baseada no Lean Manufacturing (ou Manufatura

Enxuta), filosofia de produção otimizada desenvolvida na década de 1980 pelos

fabricantes de automóveis japoneses. O sistema de manufatura enxuta considera o gasto

de recursos para qualquer outro objetivo que não a criação de valor para o cliente final

como um desperdício e, portanto, um alvo para a eliminação.

Essa filosofia, desenvolvida por Eric Ries em 2008, é dirigida ao

desenvolvimento de empresas em início de operação, que buscam um alto e acelerado

nível de crescimento. O modelo se conduz através de uma metodologia de rápida

passagem por ciclos de Construir – Medir – Aprender, transformando ideias em

Produtos Mínimos Viáveis (MVP), medindo as respostas dos clientes, para então decidir

sobre mudar ou perseverar. Os processos devem ser orientados para acelerar esse ciclo

de feedback e devem ser controlados de perto a fim de manter números de progresso

constantemente elevados em uma contabilidade voltada para a constante inovação.

Similar aos preceitos do gerenciamento enxuto, a filosofia do Lean Startup

pretende eliminar práticas de desperdício e aumentar práticas de produção de valor

durante a fase de desenvolvimento do produto, para que as empresas possam ter

melhores chances de sucesso sem necessitar grandes quantidades de financiamento

externo, planos de negócios elaborados ou o produto perfeito. Os principais conceitos

abordados pelo Lean Startup são apresentados a seguir.

a) Circuito de reação Construir - Medir - Aprender

Na visão do Lean Startup, deve-se considerar a experimentação científica como

uma etapa central do desenvolvimento de produto a ser realizado. Para isso, alguns

passos são fundamentais antes que, erroneamente, se desenvolva um plano de negócios

de extrema complexidade e definitivo. É preciso inicialmente testar as hipóteses do

negócio junto aos clientes, ajustando-o continuamente, através do ciclo de feedback. A

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atividade fundamental de uma empresa é transformar ideias em produtos, medir como

os clientes reagem, e, então, aprender se é o caso de pivotar ou perseverar. Todos os

processos de desenvolvimento da empresa devem ser voltados a acelerar esse ciclo de

feedback.

Figura 9 - Ciclo Construir - Medir – Aprender

Fonte: Adaptado de http://www.slideshare.net/startuplessonslearned/minimum-viable-product Consultado em

01/10/2014

b) Pivô

Segundo Ries (2012), ao se conduzir o processo de testes junto aos clientes, depara-

se com dois tipos de suposições. São elas:

1. Hipótese de Valor: é formulada para testar se o produto ou serviço de fato

fornece valor aos clientes no momento em que o estão utilizando;

2. Hipótese de Crescimento: é formulada para testar como os novos clientes

descobrirão e perceberão um produto ou serviço.

A grande questão é que as respostas a estas hipóteses, indiretamente, levam a

momentos onde se deve definir entre “pivotar” a estratégia criada inicialmente ou

perseverar no caminho originalmente escolhido. Um pivô é uma correção de curso

estruturado para testar uma nova hipótese fundamental sobre o produto, estratégia ou

motor de crescimento. O enfrentamento dessa realidade é essencial para compreender o

aspecto do “onde estou” e “para onde quero ir”. Isso é obtido principalmente por meio

destes momentos de avaliação quanto a mudanças ou não, no sentido de buscar a melhor

estratégia para a organização.

Construir

Medir

Aprender

Produto Dados

Ideias

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c) Produto viável mínimo – MVP (Minimum Viable Product)

Pautado na essência do que a manufatura enxuta prega quanto ao desperdício, o

MVP se refere ao menor produto capaz de percorrer o ciclo de feedback com o menor

esforço e de forma mais rápida, garantindo que o processo de aprendizagem seja

satisfatório. O objetivo do MVP é testar hipóteses de negócios fundamentais e ajudar os

empreendedores a começar o processo de aprendizagem o mais rápido possível.

No caso específico do Poró, a empresa entende que todas as suposições sobre

seu produto e mercado são hipóteses que precisam ser testadas e avaliadas para seguir

em frente, segundo o ciclo Construir – Medir – Aprender, criando uma cultura de

permanente aprendizado.

Além disso, outros conceitos do Lean Startup foram observados no

desenvolvimento da empresa:

- O produto mínimo viável (MVP) da empresa é a utilização temporária de uma

cozinha pequena, já montada, para que os empreendedores pudessem começar o

processo de aprendizagem o mais rápido possível;

- A empresa “pivotou” ao mudar sua hipótese fundamental de canal de alcance

dos clientes. A ideia original de funcionar como um serviço de entrega de refeições foi

alterada para a instalação de um restaurante no bairro da Cidade Nova;

- A empresa testou uma hipótese de valor quanto à salada para medir sua

demanda. Inicialmente, a salada acompanhava o prato principal e estava incluída no

preço. Atualmente, é vendida à parte para testar se este produto estava agregando valor

ou era um custo mal aproveitado;

- A empresa cria também hipóteses de valor relativas a outros produtos. Realiza

edições especiais com o intuito de testar a demanda por produtos que poderá vir a

comercializar objetivando aumentar seu ticket médio, tais como sobremesas, saladas de

frutas, sucos e outros;

- No mês de Julho, os sócios fizeram uma série de entrevistas com mais de

quinze clientes para receber o feedback sobre seu produto e entender melhor o perfil das

pessoas que estavam aderindo à proposta da empresa. Foi a partir destas entrevistas que

a empresa começou a vender porções extras de arroz integral e feijão, pois percebeu que

a demanda era significativa;

- Finalmente, os clientes são sempre incentivados a dar um feedback sobre os

pratos e sobre o serviço oferecido, visando a melhoria contínua do negócio.

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Tendências globais no ramo de alimentação 4.1.5

Apesar de a empresa ter decidido alterar o canal de alcance dos clientes nesta

primeira fase de desenvolvimento, não se descartam possibilidades alternativas de

atuação para o médio ou longo prazo. Ao se pesquisar o mercado de alimentação,

verifica-se uma importante tendência para a alimentação sob demanda.

Um artigo publicado no Techcrunch, mídia especializada em notícias sobre

desenvolvimento de startups de tecnologia (http://techcrunch.com/2014/07/05/the-new-

fast-food/), apresenta as startups que serviram como inspiração para a criação do Poró.

Neste artigo, é levantada a questão do baixo custo de aluguel de pontos

comerciais neste modelo de negócio, além da necessidade de um menor número de

locais para atender a mesma demanda de empresas de fast food no modelo antigo, como

Burguer King e McDonalds. Em contraposição, ressalta a nova despesa gasta com

entregadores, que representa uma porção significativa do custo.

Outra diferença em relação a essas redes antigas é a demanda por uma

alimentação mais saudável e a construção da marca com um design elegante, fotos

atraentes dos pratos e aplicativos eficientes.

O ponto mais curioso levantado pelo artigo é a atenção que os venture capitalists

estão dando a essas novas empresas de Food Service. A startup Sprig (www.sprig.com)

e a Spoon Rocket (www.spoonrocket.com) levantaram investimento de 10 milhões de

dólares cada uma, enquanto a Munchery (https://munchery.com/) levantou 28 milhões

de dólares. E finaliza chamando atenção para essa nova onda de cadeias de fast food que

está apenas começando.

Outro artigo interessante que aborda o modelo de negócio de entrega de

refeições foi publicado no Venture Beat, outra mídia de notícias de tecnologia

(http://venturebeat.com/2014/07/19/food-3-0-the-instacart-anomaly/).

O artigo faz uma distinção em três categorias para as empresas do ramo de

alimentação sob demanda:

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Figura 10 - Cenário do ramo de alimentação sob demanda nos Estados Unidos

Fonte: adaptado de http://venturebeat.com/2014/07/19/food-3-0-the-instacart-anomaly/ Consultado em 01/07/2014

- Food 1.0: Representado pelas empresas apresentadas, estas experiências de compras

on-line exigem agendamento avançado e seleção de item por item a partir de milhares

de SKUs - efetivamente, uma mercearia digital. Estas empresas de serviços,

normalmente possuem grandes armazéns onde eles estocam produtos, fazendo dezenas

de entregas ao longo do dia;

- Food 2.0: Uma atualização digital de serviços de assinatura de refeições tradicionais

(popularizado por meio de programas de dieta), mas reprogramados para uma cultura de

Top Chef, essas empresas de prestação de serviços de entrega aproveitaram uma

demanda do consumidor por receitas com curadoria - embalado com a quantidade

adequada de ingredientes para cozinhar e instruções detalhadas de cozimento. Essas

empresas reduziram o ruído cognitivo e resolveram a pergunta frequente "o que há para

o jantar?", bem como diminuíram o tempo de preparação de alimentos;

- Food 3.0: Aproveitando a evolução de serviços sob demanda com um único propósito

de aplicativos celulares, essas empresas de alimentos facilitam o pedido através de um

par de toques em um aplicativo móvel, oferecem menus com alta curadoria e entregam

comida em menos de 10 minutos após a confirmação. Esta experiência remove

totalmente a fricção com a experiência de alimentação, ao contrário de plataformas de

distribuição, onde os consumidores têm de escolher entre centenas de restaurantes e

milhares de itens do menu. Ele completa totalmente a evolução da redução da carga

cognitiva para um par de opções de menu e três entradas.

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4.2 ETAPAS DE AVALIAÇÃO DA EMPRESA – RESTAURANTE PORÓ

Após analisado o contexto em que se encontra a empresa, as seções a seguir

apresentam as etapas de cálculo na determinação de seu valor. Para tanto, foi elaborada

a estimativa dos fluxos de caixa futuros, a definição da taxa de desconto adequada e o

cálculo do valor presente, sendo apresentados concomitantemente os desafios

encontrados para uma empresa em início de operação e o modo com que se lidou com

os mesmos.

4.1.1. Estimativa dos fluxos de caixa futuros

Para a elaboração das estimativas de fluxos de caixa do negócio, é necessária a

determinação de algumas premissas fundamentais, além da definição do período de alto

crescimento a ser projetado. No caso do Restaurante Poró, foi determinado um período

de quatro anos que, segundo entrevistas realizadas com mentores do ramo, apontaram

como sendo adequado para que se alcance o período de maturidade de um restaurante.

As premissas adotadas são apresentadas a seguir.

Tabela 2 - Premissas adotadas no estudo de caso

Premissas Valor

Investimento inicial R$ 764.050,00

Valor do ponto R$ 450.000

Reforma R$ 160.000

Capital de giro R$ 70.000

Utensílios R$ 31.350

Equipamentos R$ 52.700

Depreciação mensal dos equipamentos* R$ 439

*taxa de 10% ao ano em 10 anos

Aluguel + IPTU* R$ 6.000

*Desconto de R$ 1000 para o primeiro ano

Receita

Ticket médio R$ 30

No pratos/dia na estabilidade 200

Custos

Custo variável unitário R$ 8,00

Taxa média do cartão (% da receita bruta) 6%

Recursos Humanos

Pró-labore varia de R$ 2000 a R$ 5000

Gerente varia de R$ 1500 a R$ 3000

Caixa R$ 1.100

Subchefe R$ 1.100

Auxiliar de cozinha R$ 990

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Auxiliar de serviços gerais R$ 990

Entregador R$ 900

Total de encargos trabalhistas (1,7% sobre salário) R$ 5.390

Salário médio + encargos+comissão varia de R$ 1900 a R$ 2200

*Inclui adicional de 10% de comissão

**Variação do salário ao longo dos anos para cada cargo

Outras despesas

Contador R$ 800

Nutricionista varia de R$ 1000 a R$ 1300

Marketing varia de R$ 1000 a R$ 1500

Manutenção varia de R$ 700 a R$ 1400

Aluguel das máquinas R$ 120

Outros* 10% do total dos custos

*Seguros, software, uniformes

**Variação do salário ao longo dos anos para cada cargo Fonte: elaboração própria

Para a estimativa do investimento inicial foi elaborado um orçamento para cada

item, tendo em consideração um ponto comercial em específico, atualmente em

negociação. O ponto em questão apresenta uma boa estrutura para a instalação de um

restaurante, sendo necessárias algumas pequenas adaptações. A empresa dispõe de

alguns dos equipamentos que serão necessários, sendo eles uma estufa, um freezer, uma

geladeira e alguns utensílios. Os demais itens serão adquiridos conforme estimativa a

seguir.

Tabela 3 - Itens do investimento inicial necessário

Investimento inicial Valor

VALOR DO PONTO R$ 450.000

REFORMA R$ 160.000

Projetos e aprovações R$ 8.000

Serviços preliminares R$ 8.000

Alvenaria R$ 9.600

Instalação hidráulica R$ 27.200

Instalação elétrica R$ 19.200

Janelas e portas R$ 24.000

Revestimento/Acabamento R$ 52.800

Pintura R$ 11.200

CAPITAL DE GIRO R$ 70.000

EQUIPAMENTOS R$ 52.700

Forno combinado R$ 25.000

Geladeira industrial R$ 3.000

Coifa R$ 4.200

Freezer horizontal R$ 1.500

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Fogão 6 bocas R$ 1.000

Demais equipamentos* R$ 18.000

UTENSÍLIOS R$ 31.350

Mesas e cadeiras R$ 18.400

Talheres R$ 900

Pratos R$ 850

Panelas R$ 500

Panela de pressão R$ 700

Demais utensílios R$ 10.000

TOTAL R$ 764.050

*caixa lavadora de gases, dumper corta fogo, duto, mesa reta e

curva, prateleira e outros Fonte: elaboração própria

Para a fixação das premissas acima, foram consultados diversos agentes atuantes

no ramo, entre eles consultores, donos de restaurantes, gerentes, nutricionistas,

contadores e investidores, sempre que possível referente à região onde se pretende

localizar o ponto comercial. Apesar de o restaurante ser um modelo de negócio já

conhecido, as características de cada empresa variam de acordo com suas

especificidades, como proposta de valor, ticket médio, tamanho do salão e forma de

atendimento.

Por isso, mesmo após as diversas consultas realizadas, foi difícil estabelecer com

segurança quais serão os valores efetivamente trabalhados pelo Poró nas premissas

acima, dado que o ponto comercial ainda está em fase de negociação e a aceitação da

proposta do conceito de alimentação oferecida ainda não foi testada junto ao público-

alvo. Sendo assim, é importante considerar a fragilidade encontrada na determinação

das premissas, o que indicou a demanda por uma análise de sensibilidade ao final do

estudo de caso. Desta forma, buscou-se entender em que medida a variação de cada

premissa impacta no valor do negócio.

Para se estimar os fluxos de caixa gerados, foi utilizada uma abordagem bottom-

up, ou seja, primeiramente foi estimado o investimento necessário para se alcançar

determinada capacidade de produção e, então, construídas as estimativas de quantidade

de pratos vendidos, receita, custos/despesas, lucro e fluxo de caixa. Segundo

Damodaran (2009), essa abordagem leva a estimativas de fluxos de caixa mais baixos

que a abordagem top-down, por trabalhar em cima de restrições de capacidade. Para o

caso de restaurantes, essa abordagem é mais recomendada, a não ser nos casos de

franquia ou naqueles em que o modelo possa ser facilmente replicado. Como sugerido

pelo autor, foram seguidos alguns passos:

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1. Definição da capacidade/investimento: Os sócios inicialmente definiram uma

capacidade desejada para a empresa de 200 pratos. Entretanto, para o projeto

de arquitetura da cozinha será reservado um espaço para a compra de

equipamentos que permitam aumentar a capacidade futura dentro do mesmo

ambiente;

2. Unidades vendidas/receita: Importante chamar atenção para este ponto, dada

a grande dificuldade de sua determinação. Por meio de entrevistas com

outros agentes, verificou-se que durante o horário de almoço, os restaurantes

da região analisada frequentemente apresentam filas de espera. Entretanto,

em decorrência do curto período de almoço, os mesmos não são capazes de

aproveitar essa demanda reprimida, recebendo apenas dois giros de clientes

no salão por dia. Desta forma, o número de pessoas que podem ser atendidas

diariamente depende diretamente do tamanho do salão e do número de

assentos oferecidos. Há que se considerar que a proposta do Poró conta

também com o serviço de entrega de refeições nos prédios vizinhos e o

número de pratos vendidos por este canal é de difícil estimativa, dado que os

agentes consultados não trabalham com tal serviço.

3. Custos de operação: Outro ponto de grande dificuldade para a empresa foi a

estimativa dos custos de operação. Foi nesse momento que o Poró “pivotou”

o modelo de negócio escolhido, conforme comentado anteriormente. A alta

complexidade operacional existente, além do alto custo com entregadores

necessários para permitir o crescimento da empresa, fez com que os sócios

optassem por mudar o canal de oferta do produto para um restaurante e

limitasse o raio de entrega para prédios comerciais vizinhos, diminuindo,

assim, seu custo operacional. Apesar de não ser o mesmo canal de alcance

dos clientes, os meses de atuação do Poró facilitaram bastante a estimativa

dos demais custos da operação.

4. Impostos: O valor pago com impostos não apresentou maiores dificuldades

para projeção, dado que depende das estimativas de receita e despesas que já

haviam sido definidas anteriormente. A empresa será cobrada de acordo com

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o regime tributário Simples Nacional e seus valores encontram-se no Anexo

A.

5. Reinvestimento: Por se tratar de um negócio que exige investimento

significativo em infraestrutura de funcionamento, como equipamentos de

cozinha industrial, ar condicionado e respectivas manutenções, determinou-

se, tendo como referência as consultas a outras pessoas do ramo, uma taxa de

5% do lucro para reinvestimento na empresa.

As projeções do DRE gerencial e do fluxo de caixa consolidados anualmente

para o período de alto crescimento são apresentadas a seguir.

Tabela 4 - DRE Gerencial Anual

ANO 1 2 3 4

# pratos/dia 90 130 170 180

Receita Bruta 618.000 963.000 1.344.000 1.440.000

(-) Impostos 84.542 159.473 224.717 243.360

Receita líquida 533.458 803.527 1.119.283 1.196.640

(-) CMV 164.800 256.800 358.400 384.000

Lucro Bruto 368.658 546.727 760.883 812.640

(-) Recursos Humanos 147.610 198.630 206.280 206.280

(-) Pro-labore 48.000 70.000 96.000 96.000

(-) Aluguel + IPTU 60.000 72.000 72.000 72.000

(-) Despesas Operacionais 132.092 180.729 208.886 203.520

(-) Depreciação 5.270 5.270 5.270 5.270

Lucro Operacional - 24.315 20.098 172.447 229.570

(-) Despesas bancárias 600 1200 1200 1200

(-) Pagamento de juros 12.971 10.590 7.501 4.037

Lucro líquido - 37.886 8.308 163.746 224.333 Fonte: elaboração própria

Tabela 5 - Fluxo de Caixa consolidado anualmente

ANO 0 1 2 3 4

Lucro líquido - 37.886 8.308 163.746 224.333

(-) Investimento 764.050

(+) Empréstimo 115.000

(+) Capital 649.050

(+) Depreciação

5.270 5.270 5.270 5.270

(-) Reinvestimento

- 1.223 8.187 10.737

(-) Amortização

11.661 25.426 28.515 31.979

Fluxo de caixa - - 44.277 - 13.072 132.313 186.887 Fonte: elaboração própria

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49

4.1.2. Estimativa da taxa de desconto

Para a composição do investimento total necessário para o empreendimento, a

empresa optou por financiar uma parte do montante junto a terceiros. A opção de

financiamento escolhida foi a utilização do Cartão BNDES, por apresentar a melhor

taxa encontrada entre os bancos. O valor a ser financiado junto ao BNDES será de R$

115 mil, o que representa 15% do valor total de investimento inicial, e o prazo máximo

para pagamento aceito é de 48 meses, com uma taxa de 0,96% ao mês ou 11,58% ao

ano, e período de carência de seis meses. As amortizações do empréstimo e o

pagamento dos juros foram considerados na projeção de fluxo de caixa durante os

primeiros quatros anos de operação. A planilha de amortizações e encargos a serem

pagos é apresentada no Apêndice A.

Tendo em vista que o método de fluxo de caixa descontado utilizado no presente

estudo de caso considera o fluxo de caixa livre para o acionista, ou seja, desconta os

pagamentos de empréstimos, juros devidos e demais gastos de capital, segundo Costa,

Costa e Alvim (2011), a taxa de desconto adequada não seria o custo médio ponderado

de capital, mas sim o custo do acionista, ou seja, o custo do capital próprio. Isso ocorre

pois o custo do capital de terceiros já foi considerado com o pagamento dos juros

devidos nos anos de operação.

Para a estimativa do custo de capital próprio utilizado no estudo de caso do Poró,

será adotada a abordagem relacionada ao custo de oportunidade do investidor. Esta

decisão foi tomada a partir de entrevistas com um investidor potencial, que

alternativamente buscaria obter um retorno com outros investimentos. Considerando

que o investimento indicado seria em títulos do Tesouro Nacional, buscou-se a

rentabilidade de títulos com um período de cinco a dez anos para o vencimento como

referência na determinação da taxa de desconto.

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50

Figura 11 - Quadro de rentabilidade dos títulos do tesouro nacional

Fonte: http://www3.tesouro.gov.br/tesouro_direto/consulta_titulos_novosite/consultatitulos.asp Consultado em

01/10/2014

Pela análise da tabela acima, observa-se que um título com três a quatro anos

para o vencimento oferece um retorno de 12%, enquanto um título de longo prazo

oferece um retorno de 5,7% + IPCA acumulado nos últimos 12 meses

(aproximadamente 6% - Setembro 2014), ou seja, em torno de 12%. Sendo assim, esta

taxa de custo de oportunidade foi adotada como base para a taxa de desconto do estudo

de caso, acrescentando-se 2,5% relativo ao risco específico do negócio, o que resultou

em um custo de capital próprio de 14,5% ao ano.

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜 = 14,5% 𝑎𝑜 𝑎𝑛𝑜

Tendo em vista que para o desenvolvimento da primeira etapa de implantação do

Poró não haverá a presença de outros investidores, o custo de capital será mantido

inalterado enquanto durarem suas atividades.

4.1.3. Cálculo do valor presente

A partir dos fluxos de caixa projetados e da determinação da taxa de desconto dos

mesmos, outro componente fundamental para que seja calculado o valor da empresa é a

definição das premissas que serão consideradas como características da operação e do

porte da empresa em seu período de maturidade, ou seja, ao final do período de projeção

de alto crescimento.

Para o caso do Poró, assumiu-se um período de vida de mais onze anos após os

quatro anos de projeção iniciais, com um pequeno crescimento de 0,5% ao ano na

receita bruta, de vez que a empresa opera dentro do seu limite de capacidade. Além

disso, considerou-se que o fluxo de caixa se estenderá até o final deste período e não

haverá abertura de capital para captação de novos recursos.

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51

Por se tratar de uma série finita de fluxo de caixa, para o cálculo do valor residual

foi utilizado o valor patrimonial dos ativos valorados a preço de liquidação, que consiste

em uma estimativa do valor pelo qual os ativos da empresa poderiam ser vendidos. Para

este valor, no presente estudo de caso, foi considerado apenas o montante relativo ao

ponto comercial, cujo valor foi obtido por meio de comparações com outros locais já

preparados para uso e atualmente negociados na região. O valor de liquidação estimado

então foi de R$500 mil. Com essa estimativa considerada na projeção do fluxo de caixa

e descontada a uma taxa de 14,5%, obtém-se o valor presente da empresa, conforme

apresentado de forma resumida na tabela a seguir.

Tabela 6 - Estimativa dos Fluxos de Caixa e Valor Presente - Restaurante Poró

Ano 0 1 2 3 4 5 ... 14 15

Fluxo de caixa (em R$ mil) - - 44 -13 132 187 209 ... 239 244

Valor residual (em R$ mil)

231 500

Investimento inicial com capital próprio (em R$ mil)

649

Taxa de desconto 14,5%

Valor presente (em R$ mil) 781

Fonte: elaboração própria

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝑅$ 781.062

4.1.4. Ajuste do VPL à probabilidade de sobrevivência e à falta de liquidez

Levando-se em consideração o fato de que muitas pequenas empresas sucumbem ao

ambiente competitivo, passa a ser importante, nesses casos, o ajuste do valor da

empresa à probabilidade de sobrevivência da mesma. Damodaran (2009) sugere uma

abordagem em duas etapas. A primeira pelo cálculo do valor da empresa sem a

probabilidade de falência, conforme desenvolvido anteriormente e, a segunda, pelo

ajuste do valor à probabilidade de a empresa não sobreviver.

Segundo relatório do Observatório Sebrae (2013), a taxa de sobrevivência de

empresas do segmento de atividade “Representantes comerciais e agentes do comércio

de produtos alimentícios, bebidas e fumo” é de 44%. Entretanto, esta baixa taxa de

sobrevivência pode ser justificada por predominar no segmento estruturas de capital

muito simples de negócio (ex. indivíduos que trabalham por conta própria, sem

empregados) e pela falta de preparo e planejamento dos empreendedores. Neste caso,

tendo em vista a presença de um maior planejamento e estruturas de capital mais sólidas

como características mais próximas ao caso em questão, preferiu-se utilizar para o

estudo de caso a taxa de sobrevivência do segmento de atividade “Comércio varejista de

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artigos médicos e ortopédicos”. Desta maneira, a taxa de sobrevivência utilizada foi de

82% e o valor presente é calculado a partir do valor esperado destes dois cenários.

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

= 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 × (𝑃𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒𝑣𝑖𝑣ê𝑛𝑐𝑖𝑎)

+ 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎çã𝑜 × (1 − 𝑃𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒𝑣𝑖𝑣ê𝑛𝑐𝑖𝑎)

Equação 6 - Cálculo do valor presente ajustado à taxa de sobrevivência

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 = 781.062 × 0,82 + 500.000 × 0,18 = 𝑅$ 730.470

Por outro lado, o efeito da iliquidez no negócio é presente dado que se trata de

um negócio privado. Sendo assim, é importante ajustar o valor da empresa a esta

condição. Segundo Damodaran (2009), é comum nas avaliações de empresas privadas a

utilização de uma taxa de desconto fixa para todos os negócios ou, ainda, a adoção de

uma pequena faixa de variação de descontos para que o analista possa avaliar em que

ponto determinada empresa se encontra. A origem destes descontos fixos provém de

estudos de ações restritas, que são ações emitidas por empresas de capital aberto com

restrição de negociação de um ano após a emissão. Estes estudos concluíram que os

descontos variam entre 25% e 35%.

Com base nos valores comentados acima e na existência de um déficit na oferta

de opções de locais de alimentação na região, entende-se que a taxa de desconto que

melhor representa a falta de liquidez no negócio é de 25%. Este desconto fixo, se

calculado a partir do ajuste da taxa de desconto, corresponde a um acréscimo de 0,8%

no custo do capital próprio.

Assim, o valor presente final, após o ajuste para a probabilidade de

sobrevivência e para a falta de liquidez, alcança R$ 548 mil.

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 730.470 ∗ 0,75 = 547.853

O cálculo do ajuste do valor presente a diferentes participações não se faz

necessário no caso do Poró, de vez que a empresa pretende manter apenas um investidor

ao longo desta primeira etapa do seu desenvolvimento.

4.3 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

Segundo Costa, Costa e Alvim (2011), a análise de sensibilidade é o ponto de

partida para qualquer tipo de análise de risco. Ela procura medir o efeito da alteração

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53

prefixada de uma premissa do modelo no resultado final da projeção, respondendo a

questões do tipo “E se...?”. Neste caso, entendeu-se conveniente a variação das

premissas relativas ao ticket médio, quantidade de pratos vendidos por dia, custo

variável, custo do capital próprio, investimento inicial e aluguel, com o objetivo de

analisar seus efeitos sobre a determinação do valor da empresa. A seguir são

apresentados os resultados obtidos em ordem decrescente de magnitude.

Tabela 7 - Análise de Sensibilidade

PREMISSA / VALOR -10% -5% -3% 0 3% 5% 10%

Preço (em reais) 27 28,5 29,1 30 30,9 31,5 33

Valor (em reais) 279.470 530.731 630.918 781.062 931.088 1.030.945 1.280.358

Qtd de pratos por dia 180 190 194 200 206 210 220

Valor (em reais) 519.034 650.048 702.453 781.062 859.670 912.075 1.043.089

Custo variável (em reais) 7,2 7,6 7,76 8 8,24 8,4 8,8

Valor (em reais) 949.747 865.448 831.693 781.062 730.430 696.668 612.219

Custo do capital próprio 13,1% 13,8% 14,1% 14,5% 14,9% 15,2% 16,0%

Valor (em reais) 879.264 828.356 807.663 781.062 755.542 737.082 690.530

Investimento (em reais) 687.645 725.848 741.129 764.050 786.972 802.253 840.455

Valor (em reais) 847.791 814.426 781.062 781.062 781.062 747.697 714.332

Aluguel (em reais) 5.400 5.700 5.820 6.000 6.180 6.300 6.600

Valor (em reais) 818.739 799.900 792.365 781.062 769.758 762.223 743.384

Fonte: elaboração própria

Gráfico 3 - Variação do VPL de acordo com a variação de cada premissa

Fonte: elaboração própria

-80%

-60%

-40%

-20%

0%

20%

40%

60%

80%

-15% -10% -5% 0% 5% 10% 15%

Var

iaçã

o d

o V

PL

Preço

Qtd de pratos por dia

Custo variável

Capital próprio

Aluguel

Investimento Inicial

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Desta forma, observa-se que a atividade econômica é bastante sensível ao

desempenho de duas variáveis principais: valor do ticket médio e quantidade de pratos

vendidos por dia. Verifica-se que o aumento em 10% no valor do ticket médio gera um

impacto positivo de 64% no valor da empresa, enquanto a mesma variação na

quantidade de pratos vendidos por dia apresenta um impacto de 34%.

Apesar de ser uma ferramenta de grande utilidade, a análise isolada do efeito de

cada variável sobre o resultado final apenas ressalta aquelas que são mais importantes.

Segundo Costa, Costa e Alvim (2011), as maiores deficiências do método são:

i) Estuda a variação de cada parâmetro isoladamente. Como as dúvidas

geralmente se relacionam a diversas variáveis e não somente a uma, seria

necessário analisar a variação simultânea de todos os parâmetros, o que na

prática seria inviável, já que teríamos inúmeras combinações a considerar;

ii) Nessa análise, não se leva em consideração a probabilidade de ocorrência

de cada valor possível;

iii) Considera as variáveis do modelo como sendo independentes entre si, o

que normalmente não é o caso; pode-se verificar, por exemplo, que o

aumento de preços pode levar a uma redução na quantidade vendida.

4.4 ANÁLISE DE CENÁRIOS

A construção de cenários permite examinar algumas combinações plausíveis das

distintas variáveis e seu efeito conjunto na projeção e avaliação da empresa. Porter

(1986) define o conceito de cenário como “visões descontínuas, internamente coerentes,

do mundo no futuro, que podem ser selecionadas de forma a limitar o espectro de

resultados possíveis”.

O primeiro passo para identificar o risco do negócio consiste em tomar os valores

médios e os limites inferior e superior dos fatores estimados. Assim, poderiam ser

calculadas as projeções com base em variadas combinações de estimativas pessimista,

de grau médio e otimista.

Para a construção dos cenários no caso específico do Poró, foram selecionadas as

duas variáveis mais sensíveis do negócio: o valor do ticket médio e o número de pratos

vendidos por dia.

As premissas utilizadas e seus respectivos valores inferiores, médios e superiores

são apresentadas a seguir, juntamente com os respectivos valores encontrados para o

valor da empresa em cada cenário.

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55

Tabela 8 - Análise de cenários do valor da empresa (em R$ mil)

Quantidade de pratos por dia

180 200 220

Tic

ket

méd

io

29 365.403 614.227 863.052

30 519.034 781.062 1.043.089

31 672.503 947.733 1.222.963 Fonte: elaboração própria

Observa-se, a partir dos dados apresentados acima, que em um cenário pessimista,

com o ticket médio no valor de R$ 29 e uma quantidade de 180 pratos vendidos por dia,

o valor da empresa é menor que o investimento inicial necessário, o que representa que

o investimento não vale a pena. Enquanto, em um cenário otimista, com ticket médio de

R$ 31 e uma quantidade de 220 pratos vendidos por dia, o valor da empresa sobe para

R$ 1,2 milhão. O cenário de valor médio se encontra em R$ 781 mil.

Desta forma, observa-se que a elevação de 40 refeições na quantidade de pratos

vendidos por dia, que corresponde a 22%, associado ao aumento de R$ 2 no ticket

médio, correspondente a 7% de seu valor, é capaz de tirar a empresa de uma situação de

inviabilidade para uma confortável situação de retorno para o investidor.

4.5 INDICADORES DE AVALIAÇÃO DO INVESTIMENTO

Para se obter uma melhor compreensão sobre o resultado futuro da empresa, é

importante a complementação da avaliação por meio de alguns indicadores financeiros.

Diversos indicadores poderiam ser calculados para o presente Projeto, entretanto, optou-

se por analisar quatro dos principais indicadores de investimento, conforme apresentado

a seguir.

4.1.5. VPL (Valor Presente Líquido)

Como apresentado anteriormente, o valor calculado da empresa a uma taxa de

desconto de 14,5% é de R$ 781 mil. Ao descontar-se o investimento inicial necessário

de R$ 649 mil, encontra-se um Valor Presente Líquido de R$ 132 mil. Dessa forma,

conclui-se pela viabilidade do projeto, embora tenha sido observada a elevada

sensibilidade do resultado em relação às premissas principais de ticket médio e

quantidade de pratos vendidos por dia.

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4.1.6. TIR (Taxa interna de retorno)

Segundo Motta & Calôba (2002), a Taxa Interna de Retorno (TIR) é um índice

relativo que mede a rentabilidade do investimento por unidade de tempo. É o valor da

taxa de desconto que torna o Valor Presente Líquido (VPL) de um projeto igual a zero.

A TIR é a taxa “i” que torna a equação a seguir verdadeira. Para o caso do Poró, a TIR

encontrada foi de 19%.

𝑉𝑃𝐿 = ∑𝐶𝐹

(𝑖 + 1)

𝑛

𝑗=0

= 0

Equação 7 – Cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR)

Onde

j = período [0;n]

Dessa forma, observa-se que o projeto é considerado viável, dado que apresenta

uma taxa de retorno maior do que a obtida em projetos alternativos considerados pelo

investidor.

4.1.7. Payback

Segundo Brealey, Myers & Allen (2013), o período de recuperação (ou payback)

de um projeto é o número de anos que decorrerão até que os fluxos de caixa acumulados

estimados se igualem ao montante do investimento inicial. Conforme se observa na

tabela a seguir, para o caso específico do Poró em um cenário de grau médio, o payback

é de 5 anos e 10 meses.

Tabela 9 – Fluxo de caixa acumulado e payback (em R$ mil)

ANO 0 1 2 3 4 5 6

Fluxo de caixa - 649 - 44 - 13 132 186 208 207

Fluxo de caixa acumulado - 649 - 693 -706 - 574 - 387 - 178 29

Fonte: elaboração própria

4.1.8. Ponto de Equilíbrio

O Ponto de Equilíbrio (PE) informa ao empresário o faturamento mensal mínimo

necessário para cobrir os custos fixos e variáveis; neste ponto, o resultado ou lucro final

é igual a zero. No caso do Poró, o Ponto de Equilíbrio é alcançado com a venda de 149

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pratos por dia, o que representa um negócio de alta alavancagem operacional. A seguir,

é apresentada a fórmula para o cálculo deste indicador.

𝑃𝐸 =𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑓𝑖𝑥𝑜

Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑎 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜

Equação 8 - Cálculo do ponto de equilíbrio

𝐼𝑀𝐶 =𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑜

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎

Equação 9 - Cálculo do índice da margem de contribuição

𝐼𝑀𝐶 =833.160

1.476.362= 56,4%

𝑃𝐸 =607.070

56,4%= 𝑅$ 1.075.729 𝑎𝑜 𝑎𝑛𝑜 𝑜𝑢 149 𝑝𝑟𝑎𝑡𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑎

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CONCLUSÃO

Para a elaboração do presente Projeto de Graduação, foi realizada uma revisão da

literatura relativa aos diferentes métodos existentes de determinação do valor das

empresas. Buscou-se dar um foco àqueles métodos mais adequados a empreendimentos

que estivessem no início de seu ciclo de vida, com resultados operacionais ainda

inexistentes ou negativos. Desta maneira, o Projeto apontou as principais diferenças e

desafios existentes na elaboração de um valuation para empresas iniciantes e os aplicou

por meio de um estudo de caso no ramo de alimentação. Espera-se, dessa forma, dar

uma contribuição a um segmento econômico que não faz uso frequente de instrumentos

de planejamento e de gestão financeira. A principal fonte de referência adotada foi o

autor Aswath Damodaram, reconhecido por sua excelência acadêmica nas áreas de

Finanças e Economia.

Conforme observado no desenvolvimento do Projeto, não se pode negar o fato de

que empresas em início de operação apresentam maiores desafios de projeção em sua

determinação de valor, decorrente de uma combinação de fatores, entre os quais o

histórico de dados com poucas informações, prejuízos operacionais, alta probabilidade

de falência e falta de liquidez. Neste sentido, é importante que o analista confronte as

fontes de incerteza, aprenda mais sobre elas e faça suas melhores estimativas.

Mais do que fornecer com exatidão uma resposta quanto ao valor da empresa, o

exercício de projetar fluxos de caixa futuros, estimar uma taxa de desconto adequada e

calcular o valor presente da empresa é importante no sentido de possibilitar ao

empreendedor tomar consciência do intervalo de resultados possíveis de serem

alcançados pelo negócio, fornecendo maior clareza sobre as metas a serem perseguidas

e os mínimos aceitáveis para cada premissa.

Neste sentido, é importante que ao se utilizar de uma ferramenta como esta, o

analista tenha domínio da mesma e entenda suas características e limitações. Para o caso

de empresas privadas iniciantes, isto se torna ainda mais relevante, pois a probabilidade

de maiores margens de erro na estimativa das premissas pode conduzir a resultados de

grande variação. Da mesma forma, os ajustes do valor ao contexto específico do

negócio são fundamentais. É importante lembrar que este exercício pode e deve ser

atualizado conforme o desenvolvimento da empresa para que o empreendedor tenha

sempre uma projeção plausível de longo prazo do seu negócio.

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Observou-se que o caso específico do Poró tem grande potencial de viabilidade

devido a uma combinação de fatores estratégicos: proposta de alimentação consciente e

de acordo com as principais tendências observadas no ramo, modelo de negócio com

oferta de poucos pratos, possibilitando uma logística mais simples e eficiente, além de

um mercado de atuação com grande expectativa de crescimento.

Como apresentado anteriormente, a proposta de cozinha do Poró está centrada

em oferecer uma alimentação saudável e consciente, buscando o equilíbrio entre saúde e

sabor em uma refeição. Na elaboração de seus cardápios, a empresa utiliza ingredientes

pouco processados e balanceados e possui como principal valor percebido pelos clientes

o preparo diferenciado das refeições. Busca-se manter os benefícios, textura e sabor

próprio dos alimentos, com a atenção à temperatura e o nível de cozimento, a utilização

de pouco sal, a eliminação da fritura, além da utilização integral do alimento, com

aproveitamento dos aspectos nutritivos de caules e folhas inclusive. Trabalha-se com

um olhar artesanal sobre os pratos, escolhendo os ingredientes próprios de cada estação

para compor seu cardápio. Acima de tudo, entende-se que a alimentação influencia

diretamente nas funções desempenhadas pelo nosso organismo, além de auxiliar na

prevenção de doenças, com consequências diretas no bem estar e humor em geral.

Além disso, outro valor oferecido pela empresa é a diminuição do ruído mental

no momento da escolha dos pratos, devido à oferta de apenas duas opções por dia,

tendência observada em outros países. A variedade, essencial para serviços de

alimentação, é garantida por meio da mudança do cardápio mensalmente (ou a cada

duas semanas, conforme será testado).

A partir dos resultados obtidos com o desenvolvimento do presente Projeto,

observou-se que em um cenário realista, com a venda de 200 pratos por dia e um ticket

médio de R$ 30, no período de 15 anos, o valor da empresa alcançaria o montante de R$

781 mil. Apesar do devido embasamento teórico, este valor representa um primeiro

referencial para negociação de participação entre as partes, em função dos diversos

desafios encontrados na determinação de valor da empresa. O valor encontrado da

empresa em um cenário otimista, por exemplo, permitiria ao investidor obter apenas

53% de participação na sociedade com o mesmo nível de investimento.

Com o estudo e a elaboração do presente Projeto foi possível tomar conhecimento

da essência do negócio e da sua sensibilidade a cada premissa, tornando mais consciente

essa aposta no futuro.

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BIBLIOGRAFIA

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evidence. Stern School of Business, 2006.

DAMODARAN, A., The dark side of valuation: valuing young, distressed, and

complex businesses. Prentice Hall, 2001.

DAMODARAN, A., Valuing young, start-up and growth companies: estimation

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ANEXO A – TABELA DO IMPOSTO SIMPLES NACIONAL

Receita Bruta em 12 meses (em

R$) Alíquota IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep CPP ICMS Total

Até 180.000,00 4,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,75% 1,25% 8,00%

De 180.000,01 a 360.000,00 5,47% 0,00% 0,00% 0,86% 0,00% 2,75% 1,86% 10,94%

De 360.000,01 a 540.000,00 6,84% 0,27% 0,31% 0,95% 0,23% 2,75% 2,33% 13,68%

De 540.000,01 a 720.000,00 7,54% 0,35% 0,35% 1,04% 0,25% 2,99% 2,56% 15,08%

De 720.000,01 a 900.000,00 7,60% 0,35% 0,35% 1,05% 0,25% 3,02% 2,58% 15,20%

De 900.000,01 a 1.080.000,00 8,28% 0,38% 0,38% 1,15% 0,27% 3,28% 2,82% 16,56%

De 1.080.000,01 a 1.260.000,00 8,36% 0,39% 0,39% 1,16% 0,28% 3,30% 2,84% 16,72%

De 1.260.000,01 a 1.440.000,00 8,45% 0,39% 0,39% 1,17% 0,28% 3,35% 2,87% 16,90%

De 1.440.000,01 a 1.620.000,00 9,03% 0,42% 0,42% 1,25% 0,30% 3,57% 3,07% 18,06%

De 1.620.000,01 a 1.800.000,00 9,12% 0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10% 18,24%

De 1.800.000,01 a 1.980.000,00 9,95% 0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38% 19,90%

De 1.980.000,01 a 2.160.000,00 10,04% 0,46% 0,46% 1,39% 0,33% 3,99% 3,41% 20,08%

De 2.160.000,01 a 2.340.000,00 10,13% 0,47% 0,47% 1,40% 0,33% 4,01% 3,45% 20,26%

De 2.340.000,01 a 2.520.000,00 10,23% 0,47% 0,47% 1,42% 0,34% 4,05% 3,48% 20,46%

De 2.520.000,01 a 2.700.000,00 10,32% 0,48% 0,48% 1,43% 0,34% 4,08% 3,51% 20,64%

De 2.700.000,01 a 2.880.000,00 11,23% 0,52% 0,52% 1,56% 0,37% 4,44% 3,82% 22,46%

De 2.880.000,01 a 3.060.000,00 11,32% 0,52% 0,52% 1,57% 0,37% 4,49% 3,85% 22,64%

De 3.060.000,01 a 3.240.000,00 11,42% 0,53% 0,53% 1,58% 0,38% 4,52% 3,88% 22,84%

De 3.240.000,01 a 3.420.000,00 11,51% 0,53% 0,53% 1,60% 0,38% 4,56% 3,91% 23,02%

De 3.420.000,01 a 3.600.000,00 11,61% 0,54% 0,54% 1,60% 0,38% 4,60% 3,95% 23,22%

Fonte: http://www.normaslegais.com.br/legislacao/simples-nacional-anexoI.html Visitado em 01/07/2014

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APÊNDICE A – TABELA DE FINANCIAMENTO DO CARTÃO BNDES –

SISTEMA PRICE

N da Prestação Amortização Juros Total Saldo devedor

0

R$ 115.000

1 R$ 1.897 R$ 1.104 R$ 3.001 R$ 113.103

2 R$ 1.916 R$ 1.086 R$ 3.001 R$ 111.187

3 R$ 1.934 R$ 1.067 R$ 3.001 R$ 109.253

4 R$ 1.953 R$ 1.049 R$ 3.001 R$ 107.301

5 R$ 1.971 R$ 1.030 R$ 3.001 R$ 105.329

6 R$ 1.990 R$ 1.011 R$ 3.001 R$ 103.339

7 R$ 2.009 R$ 992 R$ 3.001 R$ 101.330

8 R$ 2.029 R$ 973 R$ 3.001 R$ 99.301

9 R$ 2.048 R$ 953 R$ 3.001 R$ 97.253

10 R$ 2.068 R$ 934 R$ 3.001 R$ 95.185

11 R$ 2.088 R$ 914 R$ 3.001 R$ 93.098

12 R$ 2.108 R$ 894 R$ 3.001 R$ 90.990

13 R$ 2.128 R$ 874 R$ 3.001 R$ 88.862

14 R$ 2.148 R$ 853 R$ 3.001 R$ 86.714

15 R$ 2.169 R$ 832 R$ 3.001 R$ 84.545

16 R$ 2.190 R$ 812 R$ 3.001 R$ 82.355

17 R$ 2.211 R$ 791 R$ 3.001 R$ 80.145

18 R$ 2.232 R$ 769 R$ 3.001 R$ 77.913

19 R$ 2.253 R$ 748 R$ 3.001 R$ 75.659

20 R$ 2.275 R$ 726 R$ 3.001 R$ 73.384

21 R$ 2.297 R$ 704 R$ 3.001 R$ 71.087

22 R$ 2.319 R$ 682 R$ 3.001 R$ 68.769

23 R$ 2.341 R$ 660 R$ 3.001 R$ 66.427

24 R$ 2.364 R$ 638 R$ 3.001 R$ 64.064

25 R$ 2.386 R$ 615 R$ 3.001 R$ 61.677

26 R$ 2.409 R$ 592 R$ 3.001 R$ 59.268

27 R$ 2.432 R$ 569 R$ 3.001 R$ 56.836

28 R$ 2.456 R$ 546 R$ 3.001 R$ 54.380

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N da Prestação Amortização Juros Total Saldo devedor

29 R$ 2.479 R$ 522 R$ 3.001 R$ 51.901

30 R$ 2.503 R$ 498 R$ 3.001 R$ 49.398

31 R$ 2.527 R$ 474 R$ 3.001 R$ 46.870

32 R$ 2.551 R$ 450 R$ 3.001 R$ 44.319

33 R$ 2.576 R$ 425 R$ 3.001 R$ 41.743

34 R$ 2.601 R$ 401 R$ 3.001 R$ 39.142

35 R$ 2.626 R$ 376 R$ 3.001 R$ 36.517

36 R$ 2.651 R$ 351 R$ 3.001 R$ 33.866

37 R$ 2.676 R$ 325 R$ 3.001 R$ 31.190

38 R$ 2.702 R$ 299 R$ 3.001 R$ 28.488

39 R$ 2.728 R$ 273 R$ 3.001 R$ 25.760

40 R$ 2.754 R$ 247 R$ 3.001 R$ 23.006

41 R$ 2.781 R$ 221 R$ 3.001 R$ 20.225

42 R$ 2.807 R$ 194 R$ 3.001 R$ 17.418

43 R$ 2.834 R$ 167 R$ 3.001 R$ 14.584

44 R$ 2.861 R$ 140 R$ 3.001 R$ 11.723

45 R$ 2.889 R$ 113 R$ 3.001 R$ 8.834

46 R$ 2.917 R$ 85 R$ 3.001 R$ 5.917

47 R$ 2.945 R$ 57 R$ 3.001 R$ 2.973

48 R$ 2.973 R$ 29 R$ 3.001 -R$ 0

Fonte: elaboração própria