Obesidade Infantil Lydia Guerreiro
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OBESIDADE INFANTIL
Por: Professora Lydia Guerreiro
Na atualidade a obesidade tem sido um dos principais problemas relacionados
à saúde, e vem afetando a população mundial de forma epidêmica, tanto em países
desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento podendo, dessa forma, ser
considerada como uma pandemia (HALPERN, 1997)
Segundo Yadav et al. (2000) apud Soares e Petroski (2003) estima-se que 250
milhões de pessoas pelo mundo sejam obesas e a prevalência têm aumentado
mundialmente.
É importante ressaltar que o país com o maior índice de obesidade ainda é os
Estados Unidos. No entanto, uma pesquisa feita recentemente pelo IBGE (entre 2008
e 2009) mostra que a população brasileira esta ficando cada vez mais pesada
aceleradamente, de forma que devemos entrar em alerta, pois de 34 anos pra cá o
número aumentou exuberantemente, sendo que a cada 3 crianças de 5 a 9 anos, 1
sofre com a doença, e um quinto são os adolescentes (SOARES e PETROSKIP,2003)
A obesidade tem sido um problema que afeta desde os mais jovens até aos de
idades mais avançadas. O excesso de gordura corporal está relacionado com doenças
crônico-degenerativas.
No Japão um estudo realizado em longo prazo em escolares obesos com o
intuito de demonstrar o curso temporal da obesidade durante 12 anos foi encontrado
o seguinte resultado: 50% das crianças que eram obesas no primário aos 17 anos
continuavam obesas (SUGIMORI, 1999 apud SOARES e PETROSKI, 2003).
Em relação à obesidade infantil, é consenso que a mesma vem aumentando de
forma significativa e que ela determina várias complicações na infância e na idade
adulta. Na infância, o manejo pode ser ainda mais difícil do que na fase adulta, pois
está relacionado a mudanças de hábitos e disponibilidade dos pais, além de uma falta
de entendimento da criança quanto aos danos da obesidade.(MELLO et al.,2004)
De acordo com relatos da Organização Mundial da Saúde, a prevalência de
obesidade infantil tem crescido em torno de 10 a 40% na maioria dos países europeus
nos últimos 10 anos. A obesidade ocorre mais freqüentemente no primeiro ano de
vida, entre 5 e 6 anos e na adolescência. No Brasil, já foram realizados estudos
verificando o aumento da obesidade infantil. (MELLO et al.,2004)
Conceito A obesidade pode ser conceituada como o acumulo de tecido gorduroso,
localizado em todo o corpo, causado por fatores genéticos, fisiológicos, metabólicos
e ambientais. Entretanto o aumento das taxas de obesos nos últimos anos ocorreu em
um tempo muito curto para poder ser associado a mudanças genéticas nas
populações. (COSTA, FISBERG 2008)
Tipos de Obesidade
A obesidade pode ser dividida em obesidade de origem exógena (a mais
freqüente) e endógena. Para a endógena, deve-se identificar a doença básica e
tratá-la. A obesidade exógena origina-se do desequilíbrio entre ingestão e gasto
calórico, devendo ser manejada com orientação alimentar, especialmente mudanças
de hábitos e otimização da atividade física.( MELLO et. al, 2004)
Figura 1- o consumo de “junk food” é um dos principais fatores de risco para a obesidade
infantil
Fatores de risco da obesidade
Segundo Costa e Fisberg (2008), os fatores que melhor podem explicar o
crescimento da obesidade seriam aqueles relacionados ao estilo de vida sedentário e
aos hábitos alimentares.
Alguns fatores de risco para a obesidade infantil, segundo Viuniski (2000) apud
Soares e Petroski (2003):
• Inatividade ou sedentarismo – as crianças ficam horas na frente da televisão,
do computador ou do vídeo game. A falta de segurança e a pouca
disponibilidade dos pais em levá-los à praças, ruas e parques parece
contribuir (figura 2)
• Uso inadequado dos alimentos – consumo de alimentos muito calóricos como
salgadinhos, “junk” food e refrigerantes em excesso, consumo de doces e
sobremesas como forma de recompensa, ou consumo do alimento pela
aparência ao invés da fome propriamente dita.
• Comer noturno - conduta alimentar associada à ansiedade.
Figura 2 – as crianças passam horas em frente à televisão ingerindo alimentos muito calóricos
Tratamento da obesidade infantil
Segundo Soares e Petroski (2003) os pilares fundamentais no tratamento da
obesidade infantil são as modificações no comportamento e nos hábitos de vida
(tanto da criança como se possível, da família), que incluem mudanças nos planos
alimentares e a prática de atividade física.
Para eles o objetivo básico para se combater a obesidade infantil é manter o
peso adequado para a estatura, preservando o crescimento e desenvolvimento
normal.
O ganho de peso na criança é acompanhado por aumento de estatura e
aceleração da idade óssea. No entanto, depois, o ganho de peso continua, e a
estatura e a idade óssea se mantêm constantes. (figura 3) (MELLO et al.,2004)
Figura 3 – alterações na postura em função da obesidade
Avaliação da obesidade infantil Existem vários métodos diagnósticos para classificar o indivíduo em obeso e
sobrepeso. O índice de massa corporal (IMC, peso/estatura2) e a medida da dobra
cutânea do tríceps (DCT) são bastante utilizados em estudos clínicos e
epidemiológicos.
Os percentis 85 e 95 do IMC e da DCT são comumente utilizados para detectar
sobrepeso e obesidade, respectivamente. Mais recentemente, tem-se a tabela de
Cole, com padrões mundiais para sobrepeso e obesidade infantil. Outro índice
bastante útil é o índice de obesidade (IO, peso atual/peso no percentil 50/estatura
atual/estatura no percentil 50 x 100), que nos indica quanto do peso do paciente
excede seu peso esperado, corrigido para a estatura. De acordo com esse índice, a
obesidade é considerada leve quando o IO é de 120 a 130%, moderada quando é de
130 a 150%, e grave quando excede 150%. Um grande problema deste método é
pressupor que qualquer aumento de peso acima do peso corpóreo padrão represente
aumento de gordura. Assim, nem todas as crianças com IO superior a 120% são, de
fato, obesas. Mas, de qualquer forma, este método pode ser valioso na triagem de
crianças obesas.(MELLO et al. 2004)
Complicações da obesidade infantil segundo Mello et al. 2004:
Fonte: Mello et al. 2004
Figura 4 – a família deve mudar seus hábitos como um todo
Papel do Educador Físico Escolar frente aos problema da obesidade infantil Acredita-se que na escola a estimulação de atividade física nas aulas de
Educação Física poderia ser melhorada se houvesse preferência por atividades não
competitivas, já que nestas as crianças obesas são excluídas, inclusive pelos próprios
colegas (figura 5) (SOARES e PETROSKI, 2003).
Figura 5 – o professor de educação física deveria dar mais atividades com caráter lúdico para
as crianças especialmente as obesas.
Segundo Mello et al, (2004) geralmente a criança obesa é pouco hábil no
esporte, não se destacando. A ginástica formal, a menos que muito apreciada pelo
sujeito, dificilmente é tolerada por um longo período, porque é um processo
repetitivo, pouco lúdico e artificial no sentido de que os movimentos realizados não
fazem parte do cotidiano da maioria das pessoas.
As práticas de exercícios mais recomendáveis, segundo Soares e Petroski
(2003) são:
• Caminhadas, natação, ciclismo (exercícios aeróbicos de modo geral);
exercícios respiratórios;
• Exercícios posturais (preventivo e de manutenção), principalmente no estirão
de crescimento;
• Exercícios de força e resistência;
• Exercícios de coordenação motora geral e específica;
• Exercícios de equilíbrio.
As atividades não recomendadas são as de alto impacto (como saltos e
mudanças bruscas de direção) e condições que provoquem desconforto como por
exemplo: calor, pouca ventilação, roupa inadequada para a prática.
O importante é que o professor de Educação Física escolar saiba utilizar os
conteúdos da melhor forma possível, sempre analisando cada caso individualmente,
adequando suas propostas de atividade à faixa etária, características e expectativas
de aprendizagem de cada ciclo de ensino.
É necessário que o profissional de Educação Física que se propõe a trabalhar
com crianças tenha criatividade, estimulando os pequenos a realizar exercícios de
forma lúdica para que não percam a motivação e o interesse pela prática (figura 6).
Além disso deve ter conhecimento para conduzir esse esforço de maneira que
provoque as adaptações fisiológicas planejadas sem causar danos, pois trata-se de ser
em formação e qualquer erro na dosagem do treinamento poderá prejudicá-lo.
Figura 6 – a motivação é um aspecto que o professor de educação física deve estar
atento em suas aulas
Considerações Finais
Após a pesquisa podemos perceber que o melhor caminho no combate a
obesidade infantil é a prevenção. Portanto projetos que envolvam toda a comunidade
escolar, com participação de pais e demais familiares, alunos, professores,
funcionários da escola , se possível equipe de nutricionista e médicos, pode gerar
resultados mais eficientes à sociedade no combate à esse fenômeno mundial.
Referências SOARES, L.D. e PETROSKI, E.L.- Prevalência, fatores etiológicos e tratamento da obesidade infantil. Rev. Brasileira de Cineantropometria e Desenvolvimento Humano Vol. 5. nº1, 2003 p:63-74 MELLO, E.D.; LUFT, V.C.; MEYER, F. – Obesidade infantil: como podemos ser eficazes? Artigo de revisão Jornal de Pediatria - Vol. 80, nº3, 2004 p:173-182 COSTA, R.F. e FISBERG, M. – Atividade Física e Obesidade In: GORGATTI, M.G. e COSTA, R.F. Atividade Física Adaptada qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais. 2ª edição, São Paulo, Manole, 2008 p:463-488