Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

120

Transcript of Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    1/120

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    2/120

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    3/120

    Rogrio Leandro Lima da Silveira (Org.)

    OBSERVANDO O DESENVOLVIMENTO REGIONAL BRASILEIRO:PROCESSOS, POLTICAS E PLANEJAMENTO

    Santa Cruz do SulEDUNISC

    2013

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    4/120

    Copyright: Dos autores1 edio 2013

    Direitos reservados desta edio:

    Universidade de Santa Cruz do Sul

    Capa: Denis Ricardo Puhl(Assessoria de Comunicao e Marketing da UNISC)

    Editorao: Clarice Agnes,Mirt Beatriz Vilanova Gonalves

    Avenida Independncia, 2293

    Fones: (51) 3717-7461 e 3717-7462 - Fax: (051) 3717-740296815-900 - Santa Cruz do Sul - RS

    E-mail: [email protected] - www.unisc.br/edunisc

    Reitor

    Vilmar ThomVice-ReitorEltor Breunig

    Pr-Reitora de GraduaoCarmen Lcia de Lima Helfer

    Pr-Reitora de Pesquisae Ps-GraduaoRosngela Gabriel

    Pr-Reitor de AdministraoJaime Laufer

    Pr-Reitor de Planejamentoe Desenvolvimento Institucional

    Joo Pedro SchmidtPr-Reitora de Extenso

    e Relaes ComunitriasAna Luiza Texeira de Menezes

    EDITORA DA UNISCEditora

    Helga Haas

    COMISSO EDITORIALHelga Haas - Presidente

    Rosngela GabrielCristina Luisa Eick

    Eunice Terezinha Piazza GaiJos Martinho Rodrigues Remedi

    Srgio SchaeferWolmar Alpio Severo Filho

    Bibliotecria: Edi Focking - CRB 10/1197

    O14 Observando o desenvolvimento regional brasileiro : processo, polticas e planejamento [recurso eletrnico] / organizao ; Rogrio Leandro Lima da Silveira. -- Santa Cruz do Sul : EDUNISC, 2013.

    Dados eletrnicos Texto eletrnico Modo de acesso: World Wide Web: ISBN: 978-85-7578-382-5

    1. Desenvolvimento regional. 2. Poltica social. 3. Planejamento regional. I. Silveira, Rogrio Leandro Lima da.

    CDD 338.9

    http://www.unisc.br/edunischttp://www.unisc.br/edunischttp://www.unisc.br/edunischttp://www.unisc.br/edunisc
  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    5/120

    SUMRIO

    PREFCIODr. Ivo Marcos Theis ......................................................................................................5

    APRESENTAORogrio Leandro Lima da Silveira ..................................................................................8

    O OBSERVATRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL:A CONSTRUO DE UMA REDE DE PESQUISA E EXTENSOSOBRE A DINMICA DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL BRASILEIRORogrio Leandro Lima da Silveira, ngela Cristina Trevisan Felippi,Heleniza vila Campos ................................................................................................11

    ESPACIALIDADE DIFERENCIAL, REGIO E REGIONALIZAO:A CONTRIBUIO DE YVES LACOSTEVirginia Elisabeta Etges, Jos Elmar Feger ..................................................................32

    ELEMENTOS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL: TEMAS ATUAIS,DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA QUESTO REGIONALGuilherme Mendes Resende .......................................................................................46

    DESENVOLVIMENTO E ENGAJAMENTO REGIONAL:O PAPEL DAS UNIVERSIDADESMauricio Serra, Cssio Rolim .......................................................................................72

    CONTRIBUIO DOS COREDES/RS PARA O DEBATE SOBRE A

    POLTICA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO REGIONALPedro Silveira Bandeira ...............................................................................................89

    SOBRE OS AUTORES ...............................................................................................116

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    6/120

    PREFCIO

    Desenvolvimento regional um desses temas que, numa sociedade produtorade mercadorias, podem, a qualquer tempo, fazer todo o sentido do mundo, mas,especialmente, em duas situaes.

    Primeiro, quando h disposio para se entender porque o planeta todiferente nos seus quatro cantos. Sabemos que existem aquelas caractersticasprprias dos ecossistemas e das culturas, que revelam, a qualquer observador, umquadro de elevadssima diversidade. A se manifesta a riqueza dos territrios e dospovos, que exigem respeito e, a olhos mais sensveis, at podem suscitar admirao.

    Contudo, sabemos, tambm, que existem desigualdades. Estas, longe de brotaremda natureza, so o resultado das relaes que os indivduos, os grupos e as classessociais contraem no cotidiano da sociedade produtora de mercadorias, como essaem que vivemos. A nos confrontamos, ento, com uma realidade perpassada porconitos que, ao invs de despertar respeito, exige anlise crtica.

    Segundo, mas no menos relevante, desenvolvimento regionalpode fazer todoo sentido do mundo quando, em decorrncia de um exame cienticamente maisacurado e politicamente mais engajado, o rigor intelectual que desvelou a realidade

    perpassada por conitos de diversas ordens puder ser convertido em disposiopoltica para a transformao social.

    O livro que ora chega s mos de leitores/as sejam estes/as os/as estudiosos/asde sempre, sejam apenas os/as interessados/as do momento, sejam simples curiosos/as contribui para manter a chama acesa. Isto , Observando o desenvolvimentoregional brasileirooferece uma renovada oportunidade para que o tema continuefazendo sentido.

    Embora seja impossvel apresentar, mesmo que brevemente, cada um dos

    artigos que integram o presente livro e seus/suas respectivos/as autores/as, cabechamar a ateno dos/das prezados/as leitores/as para alguns aspectos bastanteimportantes. Um primeiro que se trata de uma coletnea para a qual uma pliade decompetentes docentes e investigadores/as aportam seu melhor conhecimento. Quemso eles/elas? Os/as nove autores/as que assinam os cinco artigos so doutores/as em Instituies de Ensino Superior no pas e no estrangeiro, com formaespredominantes em economia e geograa, atuando em renomadas universidades einstituies de pesquisa, o que lhes confere suciente autoridade para tratarem doassunto.

    Outro aspecto diz respeito s interessantssimas questes abordadas em cadaum dos artigos que, ao m e ao cabo, se conectam de molde a oferecer um todo

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    7/120

    6Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    integrado. Entre eles h, por exemplo, uma explorao audaciosa da contribuiode Yves Lacoste para a teorizao do regional, uma tentativa ousada para aferir arelevncia da instituio universidade para o desenvolvimento regional, um balanoprovidencial da trajetria percorrida pelos COREDES que deveria inspirar a PNDR e, no obstante, parece haver um o invisvel que vai unindo as peas num conjuntointeligvel.

    Outro aspecto ainda o referente ao contexto mais amplo em que esta coletneaganha vida e que remete ao OBSERVA-DR, a rede de pesquisa que, desde 2012,articula Programas de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional existentes noBrasil com instituies da sociedade civil do pas e do estrangeiro, uma vez quetenham a preocupao em promover desenvolvimento regional. a, neste mbito,que emerge esta obra, disponibilizada para auxiliar na dupla tarefa inicialmente

    referida, de examinar criticamente a realidade com vistas sua transformao. Se opresente livro o veculo dos artigos, o primeiro dos quais j informando a respeitodessa exitosa experincia, o Observatrio do Desenvolvimento Regionalmesmo o veculo mais amplo, no qual a dupla tarefa antes mencionada pode e deve sercultivada daqui para diante.

    Por m, cabe chamar ateno para o Programa de Ps-Graduao emDesenvolvimento Regional, da Universidade de Santa Cruz do Sul, que tem suasede no municpio gacho de mesmo nome. da que emanam sinais de que

    desenvolvimento regionalpermanece sendo uma questo terica e poltica relevante,sobretudo, num pas que se encontra diante de tantos desaos, como o de entendermelhor as disparidades regionais e de enfrent-las com a participao ativa dos/asque vivem nas regiesque a globalizao excludente decretou como perdedoras.Entre esses sinais destacaria o fato mais que relevante de que, associada a esteprograma, h uma conhecida e bem sucedida experincia de formao, em nvel demestrado desde 1994 e de doutorado desde 2005, de recursos humanos altamentequalicados. Outro sinal o de que, desde o mesmo programa, h uma publicaopioneira que vem colocando em circulao o que h de melhor da produo intelectual

    brasileira (e mesmo latino-americana) sobre desenvolvimento regional, a conhecidarevista REDES. Outro sinal ainda o de que, tambm desde o mesmo programa,h um evento igualmente pioneiro que vem propiciando espao para o debatequalicado, com participao de grandes nomes brasileiros e estrangeiros a cadaedio em que tem lugar, sobre desenvolvimento regional, o conhecido SeminrioInternacional sobre Desenvolvimento Regional. a, neste contexto privilegiado, quesurgiu o OBSERVA-DR do qual esta coletnea um produto inicial.

    Cabe notar: desenvolvimento regionalno um problema que requeira uma

    soluo terica ou prtica. Mas, tampouco uma soluo mgica uma panaceia para um problema qualquer, que aore num pas qualquer. Alis, de se duvidarque desenvolvimentopossa ser uma soluo para um dado subdesenvolvimento.

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    8/120

    7Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    E se desenvolvimento, no sentido que este termo adquiriu, por exemplo, comCelso Furtado, puder ter uma expresso regional, ainda assim no congurariauma resposta a uma dada pergunta. Desenvolvimento regional, como se ler noscinco captulos desta coletnea, evoca um conjunto de questes que pertinentes aprocessos, polticas e planejamento devem desencadear, em espiral, uma anlisecrtica das realidades regionais conitivas, como so as de uma sociedade produtorade mercadorias, e disposio para a transformao social.

    Do que foi dito at aqui j deveria saltar uma noo aproximada dos muitosmritos contidos nesta obra. Se eles, de fato, existem (e no h porque duvidar de suaexistncia), h que credit-los ao seu organizador, professor Rogrio Leandro Limada Silveira que tambm o atual coordenador do OBSERVA-DR. Isso no apenaspor ter ele logrado conectar cada um dos interessantssimos artigos desta coletnea

    num todo integrado. Mas, sobretudo, porque, com esta faanha a organizaode Observando o desenvolvimento regional brasileiro manteve a chama acesa,oferecendo uma tima oportunidade para que o tema pudesse continuar fazendosentido para aqueles e aquelas que tm militado no campo do desenvolvimentoregional.

    Ivo Marcos TheisBlumenau, primavera de 2013.

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    9/120

    APRESENTAO

    A presente coletnea um dos primeiros produtos cientcos que o Observatriodo Desenvolvimento Regional OBSERVA-DR tem o prazer de compartilhar com asociedade.

    O OBSERVA-DR, uma rede de pesquisa e de extenso, criada em 2012, quearticula Programas de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional, em diferentesestgios de desenvolvimento, instituies governamentais e da sociedade civil queabordam e/ou atuam com essa temtica. Dentre seus objetivos est a realizao deaes que promovam o intercmbio cientco, a produo e a difuso do conhecimento

    terico e metodolgico, bem como a anlise e avaliao de polticas pblicas sobreos processos, dinmicas e polticas de desenvolvimento e de planejamento regionalno Brasil.

    Com esse intuito, a coletnea rene um conjunto de contribuies depesquisadores nacionais que, sob diferentes perspectivas de anlise e olharesdisciplinares, abordam processos, polticas e aes de planejamento que caracterizama dinmica recente do desenvolvimento regional no territrio brasileiro.

    As contribuies cientcas aqui reunidas foram apresentadas e debatidas

    durante o II Seminrio do Observatrio do Desenvolvimento Regional, realizadona Universidade de Santa Cruz do Sul - RS, em abril de 2013. Tendo como temacentral do debate A nova Poltica Nacional de Desenvolvimento Regional: Desaos eOportunidades para o Desenvolvimento Regional Brasileiro, o evento foi altamentepositivo pois possibilitou a reexo e a discusso dessa temtica entre um conjuntoexpressivo de pesquisadores e discentes vinculados a treze Programas de Ps-Graduao, relacionados temtica do Desenvolvimento Regional, no pas, bemcomo por representantes da sociedade civil e de governos estaduais e municipais.

    No primeiro captulo, Rogrio Leandro Lima da Silveira, ngela Cristina TrevisanFelippi e Heleniza vila Campos abordam a importncia da observao, da anlisecientca e da difuso dos processos sociais, polticos, econmicos e ambientaisque se se expressam na espacialidade regional e se manifestam na dinmica atualde globalizao econmica caracterizada pela integrao territorial seletiva e pelodesenvolvimento desigual. Para os autores justamente diante desse contexto quese justica a criao do Observatrio do Desenvolvimento Regional. Os autores,ento apresentam as razes para a criao dessa rede de pesquisa e extenso, seusobjetivos, suas reas de atuao, os seus Programas de Ps-Graduao integrantes,

    e as primeiras iniciativas e realizaes, destacando o processo de desenvolvimentodo stio do OBSERVA-DR e as estratgias de implementao, de comunicao e dedivulgao das aes de pesquisa e de extenso da rede.

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    10/120

    9Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    A seguir, no segundo captulo, Virginia Elisabeta Etges e Jos Elmar Feger, combase na contribuio geogrca crtica de Yves Lacoste, desenvolvem uma reexoterica e metodolgica a respeito de temticas caras ao entendimento dos processose da dinmica espacial regional, e s estratgias de ao poltica no campo dodesenvolvimento regional, que so justamente os conceitos de diferenciao espacial,regio e regionalizao.

    No terceiro captulo, Guilherme Mendes Rezende salienta o desao da escolhade uma dada regionalizao para realizar a anlise regional, diante da inexistncia deuma escala de anlise que seja capaz de sintetizar de modo preciso toda a dinmicaregional. Valorizando a abordagem multiescalar para melhor entender a maioria dasquestes regionais, o captulo discute inicialmente o padro do desenvolvimentoregional no Brasil entre 2000 e 2010, analisando-se fatos como a distribuio espacial

    dos investimentos, do crescimento econmico setorial, dos recursos de algumaspolticas pblicas, a evoluo dos indicadores socioeconmicos em mltiplas escalasregionais. Aborda o papel da avaliao das polticas pblicas tanto das polticasregionais quanto das polticas no espaciais, uma vez que ambas tm impactos erepercusses no territrio. Por m, traz algumas consideraes sobre os desaos eoportunidades para as polticas pblicas de planejamento e desenvolvimento regional luz do que foi discutido.

    Em seguida, no quarto captulo, Maurcio Serra e Cssio Rolim analisam o papel

    das universidades no processo de desenvolvimento regional das regies em queesto inseridas. Os autores apresentam um breve panorama do sistema de ensinosuperior brasileiro, analisam o estado da arte da cincia, da tecnologia e da inovaono Brasil, desenvolvem um referencial terico que busca sustentar a anlise da relaoe da articulao entre a universidade e o desenvolvimento regional. Nessa anlise,reetem sobre o engajamento regional das universidades bem como as oportunidadese desaos do papel das universidades no processo de desenvolvimento regional.

    No ltimo captulo, Pedro Silveira Bandeira apresenta as contribuies dosConselhos Regionais de Desenvolvimento - COREDEs/RS, instituies regionais que

    articulam e mobilizam atores da sociedade civil das regies do Rio Grande do Sul,com o objetivo de promover o desenvolvimento. O autor destaca que os COREDEspor reconhecerem a necessidade de uma ampla reexo pblica sobre a atuaodo Estado no enfrentamento da questo regional no Brasil, no momento atual emque est sendo formulada a nova poltica nacional de desenvolvimento regional, osCOREDEs apresentam algumas consideraes e propostas: como subsdio para oaperfeioamento e fortalecimento da ao governamental no campo do planejamentoregional.

    Por m, preciso, ainda, registrar nosso agradecimento e reconhecimentoao apoio institucional recebido da Universidade de Santa Cruz do Sul, atravsdo Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional , pelo intenso

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    11/120

    10Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    envolvimento e colaborao de seus professores e alunos , e ao indispensvelapoio nanceiro obtido da FINEP e da CAPES para a realizao do II Seminrio doObservatrio do Desenvolvimento Regional, e para a presente publicao e divulgaodas contribuies dos pesquisadores convidados sobre os processos, as polticas eo planejamento do desenvolvimento regional brasileiro.

    Quero tambm registrar meu sincero agradecimento a toda equipe do PPGDR-UNISC que participa do OBSERVA-DR pela inestimvel e qualicada colaborao naorganizao do evento e na divulgao de seus resultados.

    Santa Cruz do Sul, primavera de 2013.Rogrio Leandro Lima da Silveira

    Organizador e Coordenador do OBSERVA-DR

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    12/120

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    13/120

    12Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    O presente ensaio aborda inicialmente a importncia da observao, da anlisecientca e de sua difuso em relao aos processos sociais, polticos, econmicose ambientais que se se expressam na espacialidade regional e se manifestam nadinmica regional do desenvolvimento, no contexto atual de globalizao econmicae de integrao territorial seletiva e desigual na escala global. Num segundo momentoabordamos a razo da criao do Observatrio do Desenvolvimento Regional, osobjetivos da rede, suas reas de atuao, os seus Programas de Ps-Graduaointegrantes e as primeiras iniciativas e realizaes da rede. Por m, abordamos odesenvolvimento do stio do OBSERVA-DR e o uso das redes sociais como estratgiasde implementao, de comunicao e de divulgao das aes de pesquisa e deextenso da rede.

    1 A atualidade e a importncia de observar a dinmica espacial na escalaregional no contexto da globalizao

    Vivemos em um contexto de economia globalizada, no qual as mudanas nopadro tecnolgico e produtivo se fazem acompanhar da emergncia de novas formasespaciais, ou da presena de velhas formas espaciais com novos contedos. Cadavez mais, o lugar e a regio redenem-se com base no potencial integrativo do novopadro tecnolgico, adquirindo densidade tcnica, informacional e comunicacionalem funo do acesso e da sua posio em relao s redes informacionais que se

    estabelecem em escala planetria.O processo em curso de globalizao da economia capitalista permite identicar

    a constituio de um mercado hierarquizado e articulado pelo capital monopolista.Este mercado pressupe uma congurao espacial onde a uidez da informao,dos produtos, das relaes sociais e do prprio capital possa ocorrer, com destaquepara a acelerao da circulao do capital e sua correspondente acumulao.

    A ampliao e a crescente complexidade da diviso territorial do trabalho e dasdiversas formas de circulao, aliadas s interferncias e imposies das organizaestransnacionais quanto a uma nova reestruturao do trabalho e da prpria espacialidadeonde atuam, promovem uma maior diversicao e complexicao dos objetos e dasaes, redenindo, assim, a forma e o contedo do espao geogrco, independenteda escala. Neste contexto, se de um lado fundamental que ocorra a reexo quantoaos efeitos e s determinaes da globalizao econmica em relao produoe estruturao dos espaos regionais, de outro lado, tambm se faz indispensvelanalisar e compreender como os territrios regionais, nesse novo contexto, constroemsuas polticas e aes de planejamento e de desenvolvimento regional.

    O debate contemporneo a respeito da espacialidade resultante desse novo

    e complexo momento da realidade em que vivemos evidencia, pelo menos, doisgrupos com diferentes posies terico-metodolgicas.

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    14/120

    13Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    Um primeiro grupo representado pelas contribuies de Paul Virilio (1993), deAntony Giddens (1991) e de Marc Aug (1994). Embora se reconhea a especicidadede cada uma das abordagens, para eles, diante da nova racionalidade do mercadocapitalista, da exibilizao das relaes de produo e da emergncia de novastecnologias de comunicao, vivemos em um perodo de aprofundamento daacelerao dos eventos, de contnuo encurtamento das distncias, de exacerbaodos uxos e de homogeneizao do espao pela expanso do capital hegemnico escala planetria. So caractersticas que permitem suscitar a ideia de anulao doespao pelo tempo.

    De tal posio deriva a compreenso de que nesse novo contexto temos emcurso o m da geograa em suas distintas conguraes, ou seja, o espao geogrco,o territrio e, especialmente, a regio perderiam sentido e importncia na anlise

    da realidade, uma vez que estaramos diante da armao da homogeneizao doslugares e das regies. Essa ideia tem sido expressa e difundida, de forma recorrente,atravs de expresses como as que asseveram a existncia da desterritorializaodas atividades humanas e a despersonalizao dos espaos enquanto singularidade.

    Como contraponto, temos uma segunda posio. Ela pode ser informada,levando em conta as particularidades de cada elaborao, a partir das reexesde David Harvey (1992, 2011), Edward Soja (1993), Milton Santos (1996 e 2000) eMichael Storper (1997). De acordo com essa posio, a anlise crtica do processo de

    globalizao nos permite identicar, simultaneamente, um processo de fragmentaoespacial, portanto de regionalizao e de individualizao.

    A esse propsito, Harvey (1992, p.267), quando nos fala da compresso dotempo e do espao, arma: Quanto menos importantes as barreiras espaciais, tantomaior a sensibilidade do capital s variaes do lugar dentro do espao e tanto maioro incentivo para que os lugares se diferenciem de maneiras atrativas ao capital.

    J Storper (1997), ao analisar o atual processo de desenvolvimento econmicoregional em sua dinmica estrutural, chama ateno para a necessidade de se

    reconhecer a existncia do que ele denomina de um novo paradigma heterodoxo,caracterizado pelas inter-relaes existentes entre tecnologias-organizaes-territrios.

    Milton Santos, por sua vez, complementa: No mundo da globalizao, oespao geogrco ganha um novo contorno, novas caractersticas, novas denies.E, tambm, uma nova importncia, porque a eccia das aes est estreitamenterelacionada com a sua localizao. Os atores mais poderosos se reservam os melhorespedaos do territrio e deixam o resto para os outros. (SANTOS, 2000, p.79).

    Em sintonia com esta ltima posio entendemos que, no atual contexto da

    economia globalizada, as mudanas no padro tecnolgico e produtivo se fazemacompanhar da emergncia de novas formas espaciais, ou de velhas formas espaciaiscom novos contedos. O lugar redene-se a partir do potencial integrativo do novo

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    15/120

    14Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    padro tecnolgico, ganhando em densidade comunicacional, informacional e tcnicano mbito das redes informacionais que se estabelecem em escala planetria.

    Nesse aspecto, concordamos com Veltz (1999, p.09) quando ele diz que a

    imagem de uma economia pura de uxos indiferente aos lugares no se sustenta,pois simplesmente contraditria, devido, antes de tudo, crescente polarizaogeogrca das atividades.

    Dessa forma, tem-se a rearmao da dimenso espacial na medida em que seacentua a importncia conferida diferenciao concreta entre os distintos espaosgeogrcos. Na verdade, os diferentes espaos do mundo, em especial as regies,ao invs de serem pensados como simples reservas de recursos sem passado nemfuturo, rearmam sua condio de estrutura de organizao e de interaes sociais.O espao revela-se um elemento chave na articulao das distintas temporalidadessociais. Alm disso, os diferentes espaos do mundo, em suas distintas escalasgeogrcas, constituem o suporte e a condio para as relaes globais. neles quea globalizao se expressa concretamente e assume especicidades.

    Entendemos que j no se sustenta, diante da dinmica concreta e complexada realidade atual, o argumento de que a regio estaria perdendo importncia(tanto no espao real quanto no da teorizao) com a homogeneizao do espaodecorrente da expanso do capital hegemnico pelo espao mundial. Na verdade,como nos ensina Milton Santos, nesse contexto de um espao tornado mundial, o

    tempo acelerado, acentuando a diferenciao dos eventos, aumenta a diferenciaodos lugares [...] [e] as regies so o suporte e a condio de relaes globais quede outra forma no se realizariam. Agora, exatamente, que no se pode deixar deconsiderar a regio. (SANTOS, 1996, p.197)

    Se, por um lado, concordamos que nesse contexto as regies vo apresentarformas e contedos em constante mudana, por outro lado entendemos que isto nosignica o seu desaparecimento. Temos a armao renovada da importncia e daatualidade da escala regional, uma vez que ela, como escala intermediria de anlise,

    como mediao entre o singular e o universal, pode permitir revelar o contedo, adinmica e a congurao da espacialidade particular dos processos sociais globais.(SANTOS, 1996, CORRA, 1997, e LENCIONI,1999).

    Todavia, preciso que, alm de analisar os vnculos orgnicos e funcionaisexistentes entre as regies e o espao global, por meio da integrao verticalizadae funcional requerida e incrementada pelo capital transnacional, temos tambm denos debruar sobre as regies propriamente ditas, ou seja, no mbito da escalaintrarregional. Dessa forma, poderemos melhor apreender a lgica e a dinmicapelas quais a territorializao do desenvolvimento capitalista, em seu processo de

    reproduo ampliada, tem levado, tambm nessa escala, diferenciao espacial,ao aprofundamento das desigualdades sociais e econmicas, e ao equipamento

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    16/120

    15Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    seletivo dos lugares que compem a regio. Assim tambm poderemos apreendero papel e a relao da formao social, cultural, poltica, e da identidade regionalno processo de reproduo ampliada do capital, uma vez que elas tanto podemlegitimar e viabilizar a funcionalidade tcnica e a racionalidade econmica requeridapelo capital, quanto oferecer resistncia ou mesmo constituir as bases pelas quaisnovas alternativas de desenvolvimento possam surgir e se difundir pela regio.

    Assim, reconhecemos a atualidade e a importncia dos estudos regionais, arelevncia da escala e da anlise regional ao pleno entendimento dessa complexae contraditria realidade, expressa e vivenciada em seus aspectos sociais,culturais, econmicos, polticos e ambientais, a partir e atravs das inter-relaessimultaneamente existentes entre os locais que conguram a regio, e entre esseslocais e a escala global. (HAESBAERT, 2010 e 2002).

    Tendo isso presente, entendemos que importante avanar a reexo analisandoos vnculos orgnicos e funcionais existentes entre a regio e o espao global, etambm de nos debruar sobre a regio propriamente dita.

    Desta forma, pode-se melhor apreender a lgica e a dinmica pelas quais aterritorializao do desenvolvimento capitalista se apresenta de modo diferenciado edesigual nas regies, como tambm pode-se compreender o papel e a relao daformao cultural e da identidade regional, prpria ao processo histrico de formaoda regio, uma vez que elas tanto podem legitimar e viabilizar a funcionalidade tcnica

    e a racionalidade econmica requerida pelo capital, quanto oferecerem resistnciaou mesmo constiturem as bases pelas quais novas alternativas de desenvolvimentopossam surgir e se difundir pela regio. (BECKER, 2003 e BECKER; BANDEIRA, 2000).

    Cada uma das regies do pas se reveste de caractersticas prprias, seja noque se refere dinmica de sua insero na diviso territorial do trabalho, seja emrelao ao contedo, funcionalidade e implicaes sociais, econmicas e espaciaisda racionalidade tcnica presente no territrio, como tambm no que diz respeito aoprocesso mais amplo de (re)produo do espao regional.

    Concordamos tambm com Massey (1998) quando assinala que a direo, aforma e o resultado das possveis mudanas que um dado lugar ou regio passa aexperimentar, baseado na sua insero em uma nova diviso do trabalho, dependerdas caractersticas sociais, polticas, econmicas e culturais existentes na rea,enquanto resultado de um longo e complexo processo histrico.

    Assim, a especicidade e a identidade dos espaos regionais, em suatotalidade, podem ser apreendidas, como lembra-nos Massey, enquanto resultadoda construo de uma constelao particular de relaes sociais, reunio e

    articulao, simultaneamente, em um lugar particular[...] na verdade, isto um lugarde encontros. (MASSEY, 1998, p.137).

    Nesse aspecto, podemos dizer que o desao que nos colocado no processo

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    17/120

    16Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    de anlise regional o de especicar e compreender as ligaes entre os atores,as relaes que eles tecem, seus interesses, os embates que eles promovem,e os seus resultados no e atravs do espao regional. O desao igualmenterepensar o processo e as prticas sociais e polticas de planejamento territorial, edo desenvolvimento regional, a partir de bases mais horizontais e com perspectivasde ao e de avaliao que busquem integrar ao diferentes segmentos sociais e osdistintos nveis escalares de gesto territorial.

    nesse contexto e diante desses desaos que a proposta de criao doObservatrio do Desenvolvimento Regional, se insere, e se fundamenta.

    2 A construo da rede Observatrio do Desenvolvimento Regional

    Desde 1994, com a criao do curso de Mestrado em Desenvolvimento Regional,e particularmente, a partir de 2004, com a aprovao do Doutorado pela CAPES,o Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional, da Universidade deSanta Cruz do Sul - PPGDR-UNISC, tem tido a oportunidade e a experincia de contarcom alunos mestrandos e doutorandos de vrias regies do Brasil, fato emulador denovas frentes de pesquisa, e, consequentemente, de cooperao acadmica.

    Esta crescente intensicao de intercmbio docente e discente com IESbrasileiras e internacionais redimensiona a abrangncia dos objetos de estudo,proporciona diferentes perspectivas sobre o desenvolvimento regional brasileiro, erenova o sentido que a produo cientca deve tomar em termos de rigor e de mbitosa que se dirige, na condio de produto qualicado do trabalho de investigao.

    Ao mesmo tempo preciso, tambm, considerar o nmero crescente de novosProgramas de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional que foram sendo criadosno pas, desde 1994, com o PPGDR-UNISC, o primeiro a ser aprovado pela CAPES.Atualmente so 16 os Programas em Desenvolvimento Regional credenciados naCAPES, na rea de Planejamento Urbano e Regional/Demograa. Essa expansotambm se caracteriza pelo fato desses novos programas terem sido criados em

    Universidades localizadas fora das tradicionais reas metropolitanas brasileiras.Localizados no interior do territrio brasileiro, sobretudo em capitais regionais e

    cidades mdias das regies Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte, esses programaspossibilitam uma renovao da pesquisa e da reexo terica e metodolgica sobreo desenvolvimento regional, atravs de outras perspectivas territoriais, de outrasproblemticas e temas de pesquisa. Esses novos programas vm contribuindoativamente no debate acerca da complexidade com que a dinmica de desenvolvimentoe planejamento regional se apresenta no pas, sobretudo nesse contexto atual de

    globalizao econmica e de transformaes no desenvolvimento brasileiro e seusreexos socioespaciais, econmicos e ambientais no territrio e nas suas regies.

    A presena de novos programas em diferentes reas e espaos do territrio

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    18/120

    17Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    brasileiro abre a possibilidade de observarmos melhor os processos, as dinmicase as polticas de desenvolvimento e planejamento regional, buscando melhorcompreender suas particularidades e generalidades, suas contradies e relaes.

    Foi com esta perspectiva que em 2010 propusemos e aprovamos junto FINEPo projeto de criao do Observatrio de Desenvolvimento Regional OBSERVA-DR.O objetivo principal do OBSERVA-DR o de reunir, articular e integrar os Programasde Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional, e estabelecer parcerias comcentros e institutos de pesquisa e instituies pblicas e entidades regionais, visandoestabelecer no pas uma rede de pesquisa e de extenso acerca de questes terico-metodolgicas sobre os processos, dinmicas e polticas de desenvolvimento e deplanejamento regional.

    A constituio da rede do OBSERVA-DR busca promover e implementar acooperao e o intercmbio cientco atravs de aes articuladas de ensino, pesquisae extenso que promovam a produo, o debate e a difuso do conhecimento tericoe metodolgico, bem como de boas prticas e experincias produzidas em relaoao campo do desenvolvimento regional.

    Como objetivos especcos do OBSERVA-DR destacamos:

    a) qualicar e integrar os grupos de pesquisa dos Programas de Ps-Graduaoem Desenvolvimento Regional e das demais instituies de pesquisavoltadas ao tema do desenvolvimento regional, compartilhando interessesde pesquisa e otimizando recursos humanos e o acesso a fontes e dados;

    b) reunir, sistematizar e divulgar a produo cientca realizada na rea dedesenvolvimento regional, atravs de um repositrio de teses e dissertaes,artigos, livros e trabalhos tcnicos;

    c) organizar e disponibilizar dados, indicadores e estudos referentes srealidades dos espaos regionais em que se encontram inseridos osProgramas de Ps-Graduao que integram a rede do OBSERVA-DR;

    d) promover relaes de parceria e convnios de cooperao cientca comuniversidades, instituies pblicas e organizaes cientcas nacionais einternacionais que trabalhem com o tema do desenvolvimento regional;

    e) organizar e instrumentalizar o acesso a bancos de dados e indicadoressobre a dinmica de desenvolvimento de espaos regionais, e sobre aese resultados de polticas pblicas de desenvolvimento regional no territriobrasileiro;

    f) estruturar um stio na internet para divulgar notcias e eventos relacionados temtica, compartilhar dados e resultados de pesquisa, possibilitar aimplementao da rede de contatos, articulaes e interaes entre osprogramas integrantes, bem como difundir e divulgar os resultados da

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    19/120

    18Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    produo cientca dos pesquisadores, professores e alunos, dos Programasem Desenvolvimento Regional, bem como de pesquisadores de outrosprogramas que abordem temticas correlatas.

    Com a aprovao do projeto, pela FINEP, iniciamos, em 2011, a constituioinicial do Observatrio, atravs da participao e envolvimento ativo de uma equipede pesquisadores e estudantes de iniciao cientca e do PPGDR-UNISC, queestruturou a proposta de constituio e de funcionamento inicial do OBSERVA-DR.Uma das primeiras aes foi a realizao, em abril de 2012, de um Seminrio Nacionalrealizado na UNISC, em Santa Cruz do Sul, com o objetivo de apresentar e debatercom os demais Programas de Ps-Graduao, a pertinncia e a oportunidade dacriao da rede do OBSERVA-DR.

    Com apoio da Capes, o Seminrio contou com a presena de pesquisadores deum conjunto signicativo de Programas de Ps-Graduao cuja rea de concentraoe linhas de pesquisa contemplem as temticas do desenvolvimento regional e dodesenvolvimento, e teve como principais pontos de discusso a proposta de criao doObservatrio e a construo de uma agenda inicial de pesquisa a ser implementada.1A proposta de criao do OBSERVA-DR foi aceita pela unanimidade dos presentes,que entenderam que a coordenao da rede deveria car a cargo do PPGDR-UNISC.

    O modelo de gesto da rede ainda est em construo e tem como premissagarantir a exibilidade e a autonomia no desenvolvimento da rede de pesquisa, a

    partir da valorizao das experincias e das prticas de pesquisa.A constituio dessa rede de pesquisa e de extenso se realiza de modo gradual

    com a associao e participao de novos Programas de Ps-Graduao e Instituiesde Pesquisa que manifestam formalmente o interesse em participar. Atualmenteintegram a rede do OBSERVA-DR os seguintes Programas de Ps-Graduao:

    a) Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional FundaoUniversidade Regional de Blumenau - SC;

    b) Programa de Ps-Graduao em Planejamento e Desenvolvimento Regional

    Universidade de Taubat - SP;

    c) Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional Universidadedo Contestado - SC;

    d) Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Universidade Regionaldo Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - RS;

    e) Programa de Ps-Graduao em Planejamento Urbano e Regional- PROPUR-Universidade Federal do Rio Grande do Sul - RS;

    f) Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional e Agronegcio Universidade Estadual do Oeste do Paran - PR;

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    20/120

    19Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    g) Programa de Ps-Graduao em Polticas e Dinmicas Regionais -Universidade Comunitria da Regio de Chapec - SC;

    h) Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional Universidade

    Tecnolgica Federal do Paran - PR;i) Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Scio Espacial e Regional

    Universidade Estadual do Maranho - MA;

    j) Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional Sustentvel Universidade Federal do Cear - Campus Cariri - CE;

    k) Programa de Ps-Graduao em Planejamento Territorial e DesenvolvimentoSocial Universidade Catlica de Salvador BA;

    l) Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Territorial e PolticasPblicas Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - RJ;

    m) Programa de Ps-Graduao em Planejamento Regional e Gesto deCidades Universidade Cndido Mendes - RJ;

    n) Programa de Ps-Graduao em Planejamento Territorial e DesenvolvimentoSocioambiental - Universidade Estadual de Santa Catarina - SC;

    o) Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente- Centro Universitrio de Araraquara - SP;

    p) Programa de Ps-Graduao em Administrao Universidade Federal deRondnia - RO

    q) Programa de Ps-Graduao em Ambiente e Desenvolvimento - CentroUniversitrio UNIVATES - RS;

    r) Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional - UniversidadeFederal do Amap - AP; e o

    s) Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional - Universidadede Santa Cruz do Sul - RS.

    Metodologicamente a rede do OBSERVA-DR desenvolve aes articuladas depesquisa e de extenso atravs dos Programas de Ps-Graduao que a integram. Deum lado, o objetivo a produo e o avano do conhecimento terico em relao aosprocessos de planejamento e de desenvolvimento regional, luz do corpo conceitual emetodolgico desenvolvido no mbito da cincia regional e do planejamento territorialque precisa ser transferida e compartilhada com a sociedade e com os formuladoresdas polticas pblicas. De outro lado, igualmente se deve valorizar as experinciasempricas de planejamento do desenvolvimento regional vivenciadas pela sociedade

    nas distintas regies do territrio brasileiro, e cotej-las com o referencial terico-conceitual e metodolgico elaborado pelas equipes de pesquisa.

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    21/120

    20Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    Neste sentido, as aes de pesquisa a serem implementadas observaro trsreas temticas de interesse comum aos Programas de Ps-Graduao que participamda rede, e que guardam anidade com suas linhas de pesquisa, so elas: PlanejamentoTerritorial, Estado e Sociedade, e Dinmicas Socioeconmicas e Organizaes.

    O Observatrio do Desenvolvimento Regional tem buscado promover atividadesacadmicas de pesquisa e de extenso que contribuam para a formao de recursoshumanos, qualicao dos agentes governamentais e informao da sociedade civilno que se refere produo do conhecimento, e s polticas pblicas e projetos deinteresse social voltados ao desenvolvimento regional.

    A criao e a instalao do Observatrio do Desenvolvimento Regional tmestimulado e possibilitado a troca de experincias e de conhecimento, bem como oestreitamento de aes conjuntas entre os Programas de Desenvolvimento Regional, nopas. Prova disso so dois projetos de pesquisa elaborados no mbito do OBSERVA-DRe que atualmente so desenvolvidos com o apoio de fontes externas de nanciamento.

    O primeiro resultado inicial das articulaes acadmicas e cientcas entreos Programas de Ps-Graduao integrantes da rede OBSERVA-DR em prol deuma agenda comum de pesquisa. Em novembro de 2012, foi elaborado projeto depesquisa que busca analisar e compreender o processo recente de planejamento dodesenvolvimento regional no Rio Grande do Sul, atravs da anlise da experincia deplanejamento dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento do RS, no perodo entre

    1995 e 2012. A proposta de pesquisa foi elaborada por equipe multidisciplinar constitudapor pesquisadores e alunos do PPGDR(UNISC), PPGD (UNIJUI) e PROPPUR (UFRGS),sob a coordenao do PPGDR (UNISC). O projeto com incio em 2013 e com trminoprevisto para o nal de 2014, tem apoio nanceiro do CNPq e da FAPERGS.

    J o segundo projeto de pesquisa, Planejamento e gesto governamental naesfera estadual: uma anlise comparativa dos processos, contedos e sistemas deacompanhamento dos PPAs, iniciado em abril de 2012, coordenado por RobertoRocha C. Pires do IPEA, e tem a participao dos pesquisadores Virginia Etges e

    Silvio Arend, integrantes da equipe do OBSERVA-DR/PPGDR-UNISC. Trata-se de umprojeto de pesquisa em rede que conta com pesquisadores de diversas instituiesde ensino brasileiras, coordenado e nanciado pelo IPEA atravs da sua Diretoriade Estudos e Polticas de Estado, Instituies e Democracia (DIEST). A pesquisa seprope a promover uma anlise dos PPAs referentes ao perodo 2012-2015, dirigindoa ateno para a esfera dos governos estaduais.

    Alm desses dois projetos de pesquisa j em curso, iniciar-se-, a partir deoutubro de 2013, o desenvolvimento de um novo projeto: A interiorizao daPesquisa e da Ps-Graduao no Brasil: o caso dos Programas de Ps-Graduao

    em Desenvolvimento Regional, sob a coordenao dos professores Virginia Etges(PPGDR-UNISC) e Ivo Theis (PPGDR-FURB). O projeto buscar diagnosticar e

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    22/120

    21Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    analisar a estrutura, o funcionamento, as linhas de pesquisa e as contribuies parao avano do conhecimento dos Programas de Ps-Graduao em DesenvolvimentoRegional existentes no pas, e vinculados rea de Planejamento Urbano e Regional/Demograa da CAPES.

    Nesses dois primeiros anos de desenvolvimento inicial dessa rede de pesquisa eextenso pode-se tambm destacar outras importantes aes, resultados e impactoscientcos j obtidos com o desenvolvimento nesses dois primeiros anos, a saber:

    a) disponibilizao, ao pblico acadmico e em geral, do conhecimento sobrea temtica do desenvolvimento regional produzido pelos Programas de Ps-Graduao que integram a rede OBSERVA-DR, atravs da organizao edisponibilizao para acesso livre no stio do OBSERVA-DR, das teses dedoutorado e dissertaes de mestrado defendidas nos programas da rede;

    b) disponibilizao, ao pblico acadmico e em geral, de dados secundriose informaes sobre aspectos econmicos, sociais, demogrcos egeogrcos das regies de atuao dos programas de ps-graduao queintegram a rede, atravs da construo e disponibilizao no stio de Bancode Dados Regionais;

    c) disseminao do conhecimento cientco sobre a temtica do desenvolvimentoregional ao pblico acadmico, sociedade e gestores pblicos;

    d) disponibilizao, ao pblico acadmico e em geral, atravs do stio doOBSERVA-DR, informaes sobre eventos, publicaes e legislao sobre atemtica do desenvolvimento regional.

    Alm disso, a criao do Observatrio tambm tem potencializado e ampliadoimportantes interfaces e articulaes com outras instituies de pesquisa e dasociedade civil (nacionais e regionais), de gesto pblica e de fomento s aesvoltadas ao desenvolvimento regional, tais como a ANPUR (Associao Nacionalde Pesquisa e Ps-Graduao em Planejamento Urbano e Regional), a Secretariade Desenvolvimento Regional, do Ministrio da Integrao Nacional, o Frum

    dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul, o InstitutoMaranhense de Estudos Socioeconmicos e Cartogrcos, a Universidade Estadualdo Mato Grosso, a Universidade Federal da Fronteira Sul, entre outros.

    Em abril de 2013, a rede do OBSERVA-DR realizou em Santa Cruz do Sul, naUNISC, o seu II Seminrio Nacional, tendo como tema central A nova Poltica Nacionalde Desenvolvimento Regional: Desaos e oportunidades para o desenvolvimentoregional brasileiro. O evento foi altamente positivo, reunindo um total de 97 participantesentre coordenadores, pesquisadores e discentes vinculados a 13 Programas de Ps-

    Graduao, relacionados temtica do Desenvolvimento Regional, no pas, bem comorepresentantes da sociedade civil e dos governos estaduais e municipais.

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    23/120

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    24/120

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    25/120

    24Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    Quando se trata de produo cientca, as redes telemticas tm sidodesaadoras, pois oferecem possibilidades nunca antes imaginadas para a difuso,integrao e comunicao cientca global. Bibliotecas virtuais, comunicao em temporeal distncia (videoconferncias, correio eletrnico, bate-papos, redes sociais),educao distncia, trabalho distncia, revistas cientcas digitais, bancos dedados digitais, portais de divulgao cientca so alguns servios de armazenagem,organizao e distribuio de contedo cientco decorrente das TICs. Obviamenteainda so muitos os entraves a uma utilizao ideal destas possibilidades, comoproblemas tcnicos, legais, culturais, econmicos, sociais, entre eles a adaptao stecnologias, a existncia de uma mentalidade de difuso analgica (livro e revistasimpressas) e as dinmicas de mercado.

    O uso destas redes pelas universidades tem resultado em inmeras experincias

    interessantes, inovadoras, criativas, assim como h um leque de possibilidades noexploradas ou mal exploradas pelos pesquisadores e suas instituies. No caso dasuniversidades e no caso do Brasil - pensando que nas universidades que a maiorparte da produo de conhecimento cientco gerada no pas -, alguns exemplos deusos das redes telemticas j esto consolidados. Entre eles a passagem das revistascientcas da edio impressa para a digital; a edio de e-books e sua disponibilizaona internet (paga ou livre); a realizao de aulas em forma de vdeo conferncia; aampliao da modalidade de ensino distncia; a disponibilizao de acervo digital deobras; a criao de plataformas colaborativas; a formao de redes de pesquisa tendoa rede mundial de computadores como uma das principais formas de integrao.

    As vantagens destas experincias tm se concentrado em trs elementos:amplitude, velocidade e interatividade no acesso ao conhecimento. Ou seja, situaescomuns, h poucas dcadas, em pases como o Brasil, em que uma produo muitavezes cava restrita ao conhecimento interno da instituio que a gerou, registradaem documentos impressos (relatrios, dossis etc) ou no mximo socializadanuma revista cientca impressa de circulao regional ou nacional (mesmo assimcom limitaes de alcance), tm mudado com a digitalizao. Seja em relatrios

    de pesquisa disponveis para consultas, seja na forma de e-book ou em revistacientca digital. Somada a amplitude, a velocidade do acesso impar, bem como apossibilidade de retorno por parte dos leitores para a comunidade acadmica, quetm as oportunidades de comunicao facilitadas pelas TICs.

    Em se tratando de pesquisas acerca do desenvolvimento regional e dadacaracterstica recente que tm adquirido a espacializao dos Programas de Ps-Graduao que se concentram na temtica no Brasil, o uso destas tecnologias paraa articulao, integrao e difuso cientca sinaliza com inmeras possibilidades.

    Neste sentido, o stio do Observatrio do Desenvolvimento Regional, cujoendereo www.observadr.org.br, consiste numa experincia extremamenteinteressante na constituio, manuteno, articulao e divulgao de uma rede de

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    26/120

    25Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    pesquisa e de extenso. O stio foi criado em 2012, dentro da proposta de o OBSERVA-DR ter uma plataforma digital de integrao das instituies e de pesquisadores darede do Observatrio, bem como um canal de difuso de informaes da agenda e doconhecimento gerado por meio da rede de pesquisa. Assim, o stio, concretamente,signica um instrumento de integrao por meio do qual pesquisadores e suasinstituies disponibilizam dados e produes cientcas, sendo um instrumento dedivulgao da cincia. Tambm um instrumento de articulao da rede, pelo qual seagregam os mesmos pesquisadores e suas instituies, aproximando-se atravs doscontedos postados no stio. E, ainda, um meio de difuso cientca, pois todos osdados so disponibilizados livremente e sem custos para qualquer usurio.

    Alm da sua proposta, outra caracterstica valiosa do stio sua forma deconstruo. Como faz parte de um projeto de pesquisa, composto por pesquisadores

    de vrias instituies, por estudantes de mestrado e de doutorado e de graduao(bolsistas de iniciao cientca), estes, no caso, de Geograa, Psicologia, Jornalismo,Relaes Pblicas e Produo em Mdia Audiovisual da Universidade de Santa Cruzdo Sul, a construo tem sido por meio de um processo pedaggico, interdisciplinare coletivo. Cada linkdo stio resultado de uma construo, baseada em encontros,discusses e produo de contedo a vrias mos.

    Figura 1 - Pgina inicial do stio do OBSERVA-DR

    Fonte:http://observadr.org.br/site/o-projeto/,2013.

    Em linhas gerais, o stio apresenta e representa o estgio em que se encontraa rede OBSERVA-DR, com uma srie de avanos, mas tambm com muitos desaose possibilidades. Nos dois anos do OBSERVA-DR, o stio foi sendo construdo

    http://observadr.org.br/site/o-projeto/http://observadr.org.br/site/o-projeto/
  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    27/120

    26Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    medida que a proposta avanava. Assim, (1) ao constituir-se uma rede de Programasde Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional com integrantes (http://observadr.org.br/site/instituicoes-da-rede/) e seis parceiros (http://observadr.org.br/site/instituicoes-parceiras/), a mesma foi disponibilizada no stio; (2) de igual forma, fez-se o levantamento e a posterior divulgao dos locais onde esto armazenadasdigitalmente as teses e as dissertaes dos programas de ps-graduao da rede,tendo como meta, nos prximos meses, agregar a estes todos os programas doComit de Planejamento Urbano e Regional da CAPES, bem como programas deps-graduao ans (http://observadr.org.br/site/teses-e-dissertacoes/); (3) criou-seum espao para disponibilizao de textos com a problematizao das questesque envolvem o desenvolvimento regional (http://observadr.org.br/site/textos-para-reexao/), que ainda carece de maior participao dos integrantes da rede; (4) a

    equipe diretamente envolvida no OBSERVA-DR da Universidade de Santa Cruzdo Sul construiu um banco de dados regionais, com base em dados secundrios,publicando-o no stio; bem como se disponibilizou o banco de dados construdopelo Programa de Ps-graduao em Desenvolvimento Regional da UniversidadeRegional de Iju (UNIJU), outro integrante da rede, (http://observadr.org.br/site/banco-de-dados-regionais/); (5) o grupo produziu e disponibilizou uma srie devdeos, a maior parte deles composto de entrevistas com pesquisadores sobre astemticas envolvendo desenvolvimento regional (http://observadr.org.br/site/videos/ );(6) dois projetos de pesquisa foram gestados a partir do OBSERVA-DR, os quais so

    apresentados no stio (http://observadr.org.br/site/projetos-em-andamento/ ), (7) almde uma listagem de stios e blogs relacionados temtica do Observatrio, tambmno stio (http://observadr.org.br/site/links-interessantes/).

    Alm do stio, o OBSERVA-DR adotou o uso das redes sociais (Facebook eTwitter) como ferramentas de apoio difuso da rede de pesquisa e de extensodo OBSERVA-DR, bem como apoio ao stio, servindo de divulgao das novidadespublicadas. Neste sentido, de forma frequente, tm sido postadas mensagens (1)convidando para a leitura de produo nova no stio e (2) divulgando aes ou

    eventos do projeto OBSERVA-DR.

    http://observadr.org.br/site/instituicoes-da-rede/http://observadr.org.br/site/instituicoes-da-rede/http://observadr.org.br/site/instituicoes-parceiras/http://observadr.org.br/site/instituicoes-parceiras/http://observadr.org.br/site/teses-e-dissertacoes/http://observadr.org.br/site/textos-para-reflexao/http://observadr.org.br/site/textos-para-reflexao/http://observadr.org.br/site/banco-de-dados-regionais/http://observadr.org.br/site/banco-de-dados-regionais/http://observadr.org.br/site/videos/http://observadr.org.br/site/projetos-em-andamento/http://observadr.org.br/site/links-interessantes/http://observadr.org.br/site/links-interessantes/http://observadr.org.br/site/projetos-em-andamento/http://observadr.org.br/site/videos/http://observadr.org.br/site/banco-de-dados-regionais/http://observadr.org.br/site/banco-de-dados-regionais/http://observadr.org.br/site/textos-para-reflexao/http://observadr.org.br/site/textos-para-reflexao/http://observadr.org.br/site/teses-e-dissertacoes/http://observadr.org.br/site/instituicoes-parceiras/http://observadr.org.br/site/instituicoes-parceiras/http://observadr.org.br/site/instituicoes-da-rede/http://observadr.org.br/site/instituicoes-da-rede/
  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    28/120

    27Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    Figura 2 - Fan page OBSERVADR no Facebook

    Fonte:https://www.facebook.com/observadr,2013.

    Figura 3 - OBSERVADR no Twitter

    Fonte: https://twitter.com/Observa_DR, 2013.

    Durante os dois seminrios do OBSERVA-DR (em abril de 2012 e de 2013),foram realizadas coberturas jornalsticas para o stio e para as redes sociais. No II

    https://www.facebook.com/observadrhttps://twitter.com/Observa_DRhttps://www.facebook.com/observadrhttps://twitter.com/Observa_DR
  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    29/120

    28Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    Seminrio do Observatrio do Desenvolvimento Regional, realizado em abril de 2013,foi feita cobertura ao vivo para Twitter e Facebook, com as snteses dos painis edebates. A cobertura ampliou enormemente o alcance do evento, possibilitandoo acesso s discusses a quem no esteve presencialmente no Seminrio, bemcomo a difuso do OBSERVA-DR. O mesmo foi feito no VI Seminrio Internacionalsobre Desenvolvimento Regional, em setembro de 2013, organizado pelo Programade Ps-graduao em Desenvolvimento Regional da UNISC, quando foi realizadaa cobertura online ao vivo para o Twitter, para o Facebook, bem como para o stio,com notcias e galeria de fotos do evento. A cobertura online viabilizou o crescimentodo nmero de acesso ao stio, de seguidores no Twitter, bem como de curtidasno Facebook. Na ocasio, ainda, foram realizadas mais de dez entrevistas com ospainelistas, pesquisadores de diferentes instituies nacionais e internacionais, para

    o link Vdeos do stio. As coberturas e os vdeos foram realizadas pelos estudantesde Jornalismo e de Produo em Mdia Audiovisual, bolsistas do OBSERVA-DR, soba superviso dos professores membros do Observatrio2.

    Figura 4 - Link Vdeos do stio do OBSERVADR

    Fonte: http://observadr.org.br/site/videos/, 2013.

    O stio e os espaos nas redes sociais mantidos pelo OBSERVA-DR esto emprocesso de construo, assim como a prpria rede de pesquisa e de extenso. No casodestes canais de comunicao via web, os desaos mais urgentes so tornar o processo

    de produo e disponibilizao de contedos participativo, envolvendo os programasde ps-graduao da rede. J foi desenvolvido um mecanismo de abastecimento direto,com moderao, mediante login e senha distribudos aos integrantes da rede, que

    http://observadr.org.br/site/videos/http://observadr.org.br/site/videos/
  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    30/120

    29Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    permite a cada PPG abastecer o stio com informaes sobre eventos, lanamentos delivros, chamadas para revistas cientcas e outras informaes. Falta efetivar esta prtica.Consolidada esta forma de colaborao, outras mais signicativas e profundas viro,ainda a serem pensadas, na conuncia da proposta do OBSERVA-DR, de realizar emrede a produo, o debate e a difuso do conhecimento terico e metodolgico acercada temtica do desenvolvimento regional.

    Consideraes finais

    Buscou-se, neste artigo, contextualizar a constituio do OBSERVA-DR,apresentar bases tericas e metodolgicas que tm suportado as reexes sobredesenvolvimento regional, alm de, brevemente, situar o processo desde a elaboraoda ideia de uma rede interinstitucional at os eventos mais recentes de aproximaodos diversos Programas envolvidos.

    Temos cincia que a rede OBSERVA-DR no est pronta, ainda se encontra noestgio inicial de constituio de seus ns, de tessitura das relaes e interaesque precisa ativar, de denio de sua estrutura organizacional e de escolha dasestratgias que viabilizem a sua existncia, desenvolvimento e consolidao. Mastambm temos conscincia, que o caminho se faz caminhando. Nesse sentido, essesprimeiros passos coletivos e os primeiros resultados so alvissareiros e inspiradorespara o trabalho coletivo de construo que ora se inicia.

    Por m cabe destacar a importncia da participao e da cooperaoacadmica entre os Programas de Ps-Graduao que atuam sobre a temticado desenvolvimento regional, para a constituio e desenvolvimento inicial dessaexperincia inovadora que a rede OBSERVA-DR. Seu envolvimento e articulaono desenvolvimento das atividades de pesquisa e de extenso propostas na e pelarede so vitais para a produo de conhecimento sobre os processos, sobre asdinmicas e sobre as polticas de planejamento e desenvolvimento regional no pas,e sua difuso e disseminao para a sociedade brasileira.

    Notas

    1 Participaram do I Seminrio do Observatrio do Desenvolvimento Regional 35 pesquisadoresvinculados a 15 Programas de Ps-Graduao que atuam nas temticas do desenvolvimentoregional e desenvolvimento.

    2 A fan page do OBSERVA-DR no Facebook tem 216 pessoas que a curtiram; no Twitter so 71seguidores; no sitio, tomando como exemplo o acesso ao link Vdeos, o mesmo chega a 200 porentrevista. A partir do VI Seminrio Internacional sobre Desenvolvimento Regional, o nmero depessoas que passou a curtir a fan page do OBSERVA-DR no Facebook aumentou em 30%. Dada anatureza do OBSERVA-DR e seu pouco tempo de existncia, os nmeros podem ser considerados

    expressivos.

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    31/120

    30Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    Referncias

    ALBAGLI, Sarita. Divulgao cientca: informao cientca para a cidadania?Cincias da Informao, Braslia, v. 25, n. 3, p. 396-404, set./dez. 1996. Acesso em:

    18 agosto 2013. Disponvel em: .

    AUG, Marc. No-Lugares Introduo a uma antropologia da supermodernidade.So Paulo: Papirus, 1994.

    BANDEIRA, Pedro Silveira. Participao, articulao de atores sociais e desenvolvimentoregional. In: BECKER, Dinizar F.; BANDEIRA, Pedro S. Desenvolvimento Local-Regional: determinantes e desaos contemporneos. Santa Cruz do Sul: EDUNISC,2000.

    BECKER, Dinizar Firmiano. A economa poltica do (Des)envolvimento regionalcontemporneo. In: Desenvolvimento Regional: abordagens Interdisciplinares. SantaCruz do Sul: EDUNISC, 2003. p.37-66.

    BECKER, Dinizar Firmiano; BANDEIRA, Pedro Silveira. Desenvolvimento Local-Regional: determinantes e desaos contemporneos. Santa Cruz do Sul: EDUNISC,2000.

    BOISIER, Srgio. Centralizacin y descentralizacin territorial en el proceso decisoriodel sector pblico. Santiago de Chile: ILPES/CEPAL, 1995.

    BUENO, Wilson da Costa. Comunicao cientca e divulgao cientca:aproximaes e rupturas conceituais. Informao & Informao. Londrina, v. 15, n.esp, p. 1 - 12, 2010. Acesso em: 18 ago. 2013. Disponvel em: .CASTELLS, Manuel.A era da informao. So Paulo: Paz e Terra, 1999. (A sociedadeem rede: economia, sociedade e cultura, 1.).

    CORRA, Roberto. L. Trajetrias geogrcas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.

    FACEBOOK. https://www.facebook.com/observadr

    GIDDENS, Antony.As consequncias da modernidade. So Paulo: Ed. Unesp, 1991.

    HAESBAERT, Rogrio. Concepes de territrio para entender a desterritorializao.In: Programa de Ps-Graduao em Geograa UFF/AGB Niteri (Org.) Territrio,Territrios. Niteri: Ed.UFF, 2002. p.17-38.

    __________. Regional-Global Dilemas da regio e da regionalizao na Geograacontempornea. Rio de janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 2010.

    HARVEY, David. O enigma do capital e as crises do capitalismo. So Paulo: Boitempo,2011.

    HARVEY, David.A condio ps-moderna. So Paulo: Loyola, 1992.

    JAMBEIRO, Othon; BOLAO, Csar; BRITTOS, Valrio (Org.). Comunicao,informao e cultura. Dinmicas globais e estruturas de poder. Salvador: EDUFBA,2004.

    LENCIONI, Sandra. Regio e Geograa. So Paulo: Ed. USP , 1999.MACHADO, A. Publicaes cientcas: da galxia de Gutemberg aldeia telemtica.Informare: Caderno do Programa de Ps-graduao em Cincia da Informao, Rio

    http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/viewArticle/465http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/viewArticle/465http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/6585http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/6585https://www.facebook.com/observadrhttps://www.facebook.com/observadrhttp://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/6585http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/6585http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/viewArticle/465http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/viewArticle/465
  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    32/120

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    33/120

    ESPACIALIDADE DIFERENCIAL, REGIO E REGIONALIZAO -A CONTRIBUIO DE YVES LACOSTE

    Virginia Elisabeta EtgesJos Elmar Feger

    Introduo

    O debate em torno dos conceitos de regio e regionalizao est presentenos estudos de pesquisadores de reas diversas, mas que tm algo em comum:a preocupao em recortar a superfcie terrestre. No mbito da Geograa,

    entretanto, foi ao longo dos sculos XIX e XX que a discusso trouxe elementosque nos permitem, na atualidade, uma compreenso mais aprofundada a respeitodo tema. Duas perspectivas se tornaram marcantes: uma, que tem como expoenteVidal de La Blache, que arma que a superfcie terrestre um mosaico de regiese que caberia aos gegrafos identic-las e descrev-las; e outra, apresentada por

    Alfred Hettner, que entende que no existem regies pr-denidas, que elas resultamdas inter-relaes de fenmenos que o pesquisador seleciona, fazendo com quea regio se constitua no nal do processo de investigao (LENCIONI, 1999).Dentre os diferentes enfoques que se observa em trabalhos recentes, percebe-se

    a retomada de recortes regionais, numa tentativa de compreender a formao dearranjos territoriais, enquanto expresses moldadas na tenso entre foras globais eregionais. Observa-se, assim, a necessidade de aprofundamento da discusso sobrecomo regionalizar, ou seja, como identicar regies.

    Essa diculdade que se inscreve no meio acadmico, tambm se coloca aosresponsveis pelo planejamento e implantao de programas de desenvolvimentoregional, os quais tm como referncia as regies de planejamento, delimitadaspor agentes ociais, como o Instituto Brasileiro de Geograa e Estatstica - IBGE,

    Secretarias de Estado, entre outros, com a nalidade de orientar o levantamento deinformaes (censos), a implementao de servios pblicos e o investimento derecursos nanceiros.

    No intuito de contribuir nesse importante debate, buscamos em Yves Lacoste,mais especicamente na obra A Geografia isso serve, em primeiro lugar, parafazer a guerra, publicada pelo gegrafo francs na dcada de 1970, o conceitode espacialidade diferencial, que traz elementos fundamentais para aprofundar equalicar a discusso em pauta.

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    34/120

    33Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    1 Regio conceito obstculo

    A chamada Escola Francesa de Geograa tem como um de seus principaisformuladores Paul Vidal de La Blache, o qual segundo Moraes (1983, p. 69),

    concebia o homem como hspede antigo de vrios pontos dasuperfcie terrestre, que em cada lugar se adaptou ao meio que oenvolvia, criando, no relacionamento constante e cumulativo com anatureza, um acervo de tcnicas, hbitos, usos e costumes, que lhepermitiram utilizar os recursos naturais disponveis. A este conjuntode tcnicas e costumes, construdo e passado socialmente, Vidaldenominou gnero de vida, o qual exprimiria uma relao entrea populao e os recursos, uma situao de equilbrio, construdahistoricamente pelas sociedades. A diversidade dos meios explicaria

    a diversidade dos gneros de vida.

    Como se pode observar, nessa relao entre sociedade e natureza, que,segundo La Blache, d origem aos gneros de vida, o meio natural que explica adiversidade destes. esta mesma concepo que vai estar na base do conceito deregio proposto pelo autor.

    Lencioni (1999) esclarecedora quando aponta que de uma maneira geral,podemos dizer que no desenvolvimento do pensamento geogrco h dois grandesmarcos de interpretao acerca do objeto da Geograa. O primeiro, em que sedestaca La Blache, entende que a Geograa estuda a relao entre o homem eo meio; o segundo, em que se destaca Hettner, a concebe como um campo deconhecimento particular, voltado para o estudo das diferenciaes de reas. Essasduas orientaes gerais implicam em concepes diferentes de regio. Na primeiraperspectiva, referida muitas vezas como ambientalista, a regio existe em si mesma;ou seja, ela autoevidente e cabe ao pesquisador reconhec-la por meio de anlises.A regio, portanto, coloca-se como objeto de estudo a priori. No segundo caso, aregio no existe em si mesma, ela no objeto de estudo no signicado restrito

    do termo, pois ela se conforma no nal do processo de investigao, processo esseque, com a elaborao de critrios denidos no processo de investigao, constrio recorte espacial.

    Cabe aqui lembrar das aulas de Geograa em que se estudava as regies apartir da descrio do quadro fsico (relevo, clima, vegetao, hidrograa), seguidode povoamento, atividades econmicas (agricultura, indstria, comrcio), culminandocom os meios de transporte! Tratava-se de regies dadas, regies pr-exitentes,delimitadas a partir da forma impressa pela relao da sociedade com a natureza,a partir dos diversos gneros de vida. Pois este conceito de regio que Lacoste

    dene como conceito obstculo. Obstculo a qu? o que abordaremos a seguir.

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    35/120

    34Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    2 Espacialidade diferencial a contribuio de Yves Lacoste

    A primeira edio do livro intituladoA Geograa isso serve, em primeiro lugar,para fazer a guerraocorreu na Frana, em 1976, trazendo importante contribuio aoprocesso de construo de um saber geogrco comprometido com as lutas sociaispor uma sociedade mais justa e democrtica, que tomava flego, poca, tambmno Brasil.

    A segunda edio francesa surgiu em 1982 e a terceira em 1985, a qual, traduzidapara o portugus, foi publicada no Brasil em 1988.

    Lacoste (1988), na dcada de 1970, apontou para a necessidade de secompreender a geograa como um saber estratgico. Ressalta que, muito maisque uma srie de estatsticas ou que um conjunto de escritos, a carta a forma derepresentao geogrca por excelncia; sobre a carta que devem ser colocadas asinformaes necessrias para a elaborao de tticas e de estratgias (LACOSTE,1988, p. 23). Argumenta que h mudanas que ocorrem muito lentamente, comoa topograa, porm existem outras que ocorrem rapidamente, como por exemplo,as instalaes industriais ou o traado das vias de circulao. Portanto, precisoobservar essas alteraes para estabelecer as tticas e estratgias. O conhecimentodas alteraes ocorridas em um espao e sua alocao na carta permite que osatores possuidores dos conhecimentos adequados (sobre a confeco e leitura da

    carta) possam utilizar esses conhecimentos como instrumentos de poder.Aponta duas perspectivas presentes no conhecimento geogrco. Uma,

    constituindo-se em um conjunto de representaes cartogrcas e de conhecimentosvariados referentes ao espao, cujo saber percebido e utilizado pelas minoriasdirigentes como instrumento de poder, ageografia dos militares. A outra, denominadapelo autor geografia dos professores, tornou-se

    [...] um discurso ideolgico no qual uma das funes inconscientes, a de mascarar a importncia estratgica dos raciocnios centrados no

    espao. No somente [...] extirpada de prticas polticas e militarescomo de decises econmicas [...], mas ela dissimula, aos olhos damaioria, a eccia dos instrumentos de poder que so as anlisesespaciais. (LACOSTE, 1988, p. 31).

    A diferena entre essas duas geograas no consiste na gama de elementosdo conhecimento que elas utilizam, pois ambas recorrem a resultados de pesquisascientcas enumerando relevo, clima, populao, rios, mas em saber para quepodem servir esses elementos do conhecimento. Seguindo o seu raciocnio, o autorargumenta que essa perspectiva no a nica que obscurece a percepo de que

    o saber referente ao espao um temvel instrumento de poder (LACOSTE, p.34). Vrios pases no incluem nos currculos escolares a disciplina de Geograa no

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    36/120

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    37/120

    36Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    esse fato no impede que outros pases construam cartas precisas de qualquer partedo planeta, pois atualmente, com os satlites isso perfeitamente possvel. Mesmo ospases que liberam a utilizao de cartas detalhadas para estudo, no sofrem qualquerinterferncia ou contraposio da sociedade, pois esta no est em condies decompreend-la adequadamente. Nesse sentido, as populaes locais analisamsua situao e tomam determinadas decises a partir do conhecimento parcial darealidade, pois conhecem profundamente o espao por eles habitado, porm, nopercebem a escala mais ampla, ou seja, do pas ou global. Assim, cam restritos noentendimento das inter-relaes com elementos existentes em um ambiente maisabrangente e, portanto, em prever possveis movimentaes dos interessados eminvestir, os quais possuem esse nvel de conhecimento.

    Nesse sentido, denuncia-se os fracassos do planejamento territorial, sem

    procurar ver em que tais derrotas permitem, efetivamente, frutuosos negcios paraas empresas que, numa verdadeira estratgia de movimento, desviam rapidamenteseus investimentos para se beneciarem das numerosas vantagens que lhes soconcedidas na instalao de uma fbrica revendida ou liquidada um pouco mais tarde[...](LACOSTE, 1988, p. 40). Continua o autor, alegando que essa estratgia exveladotada pelas multinacionais transplantada para espaos mais amplos pelos seusdirigentes, investindo e desinvestindo em diversas regies ou estados para tirar omelhor proveito de todas as diferenas (salariais, scais, monetrias) existentes entreos diversos locais. Esse sistema bem analisado, porm, para poder fazer frente aelas, os estudos carecem de uma anlise geogrca precisa dos mltiplos pontoscontrolados por essas organizaes, para ser possvel dirigir contra elas aesimbricadas, denunciar bem mais ecazmente suas condutas concretas. O sabergeogrco no deve car como apangio dos dirigentes de grandes bancos; ele podeser voltado contra eles, na condio de prestar ateno s formas de localizao dosfenmenos e cessar de evoc-los abstratamente. (LACOSTE, 1988, p. 40).

    Numa escala que trata dos problemas da cidade, o autor chama a atenopara o despreparo dos habitantes em prever consequncias desastrosas de planos

    de urbanismo, projetos de reconverso, que lhes afetam diretamente. Em virtudedisso, muitos projetos apresentados por municipalidades sofrem pouca ou nenhumacontestao, e, quando isso ocorre, so fceis de dissimular. Nesse sentido, asseveraLacoste (1988, p. 40) [...] as representaes espaciais s tm verdadeiro signicadopara aqueles que sabem l-las, e esses so raros; dessa forma, as pessoas noiro perceber at que ponto foram enganadas, seno aps o trmino dos trabalhos,quando as modicaes se tornarem irreversveis, em boa parte.

    H, segundo Lacoste (1988) uma miopia espacial, e para compreender as suascausas, especialmente porque seu signicado poltico escapa percepo da maioriadas pessoas, torna-se necessrio [...] fazer referncias ao conjunto das prticassociais e s diversas representaes de espaos que lhe so ligadas (LACOSTE,

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    38/120

    37Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    1988, p. 43). A frmula utilizada, por ele, para demonstrar o problema, foi a anliseda evoluo histrica. Argumenta ele, que quando os homens viviam em aldeiasbuscando a sua subsistncia, a maior parte de suas prticas se inscrevia em umnico espao limitado, o pedao de terra da sua prpria aldeia e os territrios dasaldeias vizinhas na periferia. Alm desse, cavam os espaos pouco conhecidos.Para se expressarem e falar de suas prticas diversas, os homens se referiam,portanto, antigamente, representao de um espao nico que eles conheciambem concretamente, por experincia pessoal. (LACOSTE, 1988, p. 44).

    Todavia, os chefes guerreiros, reis e mercadores necessitavam representaroutros espaos, mais vastos, dominados por eles ou que tencionavam dominar. Paraesse contexto a experincia pessoal e a lembrana no eram sucientes. entoque o papel do gegrafo-cartgrafo se torna essencial: ele representa, em diferentes

    escalas, territrios mais ou menos extensos (LACOSTE, 1988, p. 44). possvel,ento, representar o mundo inteiro em uma escala bem pequena. Para visualizaro domnio de um imprio, a localizao de suas provinciais e os reinos vizinhos, necessria uma carta em escala pequena. Para decidir sobre aes a seremdesenvolvidas numa determinada provncia, h necessidade de uma escala maior,pois possibilita dar ordens distncia com relativa preciso.

    Atualmente, com as mudanas havidas devido ao desenvolvimento das trocas, diviso do trabalho, ao crescimento das cidades, os indivduos tm conhecimento

    concreto de uma pequena parte do espao no qual ocorrem suas prticas sociais.

    As pessoas, cada vez mais diferenciadas prossionalmente, soindividualmente integradas (sem que elas tomem conhecimento disso)em mltiplas teias de relaes sociais que funcionam sobre distnciasmais ou menos amplas. [...] os organizadores e os responsveispor cada uma dessas redes, isto , aqueles que detm os poderesadministrativos e nanceiros, tm uma ideia precisa de sua extenso ede sua congurao. [...] Em contrapartida, na massa dos trabalhadorese dos consumidores, cada qual s tem um conhecimento bem parcial ebastante impreciso das mltiplas redes das quais ele depende e da sua

    congurao. (LACOSTE, 1988, p. 45).

    Devido diversicao das prticas sociais e evoluo dos meios detransportes, aquilo que outrora poderia ser representado atravs de um pequenonmero de conjuntos espaciais de dimenses relativamente restritas e encaixadasumas nas outras, pois via de regra as pessoas poderiam percorrer a p as distnciaspara trabalhar, conhecendo cada pedao desse continuo, atualmente requer umamudana substancial. As pessoas conhecem bem o bairro em que moram e ondetrabalham. Mesmo que se desloquem para chegar a seu destino, por estarem num

    nibus ou trem, detm uma vaga ideia dos territrios por onde passam.

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    39/120

    38Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    No passado vivia-se a vida toda num mesmo lugar, num espao limitado,mas bem conhecido e contnuo. Hoje nossos diferentes papeisse inscrevem cada um em migalhas do espao, entre os quais nsobservamos, sobretudo, nossos relgios, quando nos fazem passar,

    a cada dia, de um a outro papel. [...] Vivemos, a partir do momentoatual, numa espacialidade diferencial, feita de uma multiplicidadede representaes espaciais, de dimenses muito diversas, quecorrespondem a toda uma srie de prticas e de ideias, mais oumenos dissociadas. (LACOSTE, 1988, p. 49 grifo nosso).

    Trs aspectos apontados pelo autor auxiliam a distinguir essas representaes:a) os diferentes deslocamentos que as pessoas realizam, levam-nas a fazerrepresentaes vagas do espao, e correspondem ao plano do bairro e ao dosmeios de transporte, carta das aglomeraes onde se fazem os deslocamentos

    dirios, carta que representa os espaos de deslocamento em viagens de naisde semana e uma menor ainda que representa os grandes eixos rodovirios; b) asconguraes espaciais correspondentes s diferentes redes das quais as pessoasdependem objetivamente mesmo sem o saber, como frisa o autor, dentre elaspode-se citar: redes de tipo administrativo (estado, municpios); a carta escolar quedetermina onde estudar, o espao de comercializao dos supermercados, rede deliais das empresas, ou grupo nanceiro que controla determinada empresa, cujosconjuntos espaciais no coincidem; c) representaes espaciais oriundas de termosgeopolticos disseminados pela mdia, que nos ltimos anos impe uma srie determos como: Comunidade Econmica Europeia, Mercado Comum do Sul, Gruposdos Sete, Pases Subdesenvolvidos e toda uma gama de paisagens tursticas.

    Essas representaes, frequentemente bem imprecisas, mas que somais ou menos familiares proliferam na medida em que os fenmenosrelacionais de todas as espcies se multiplicam e se ampliam e que avida moderna se propaga na superfcie do globo. O desenvolvimentodesse processo de espacializao diferencial se traduz por essaproliferao das representaes espaciais, pela multiplicao daspreocupaes concernentes ao espao (nem que seja por causa damultiplicao dos deslocamentos). Mas esse espao do qual todomundo fala, ao qual nos referimos todo tempo, cada vez mais difcilde apreender globalmente para se perceber suas relaes com umaprtica global. (LACOSTE, 1988, p. 50).

    Em razo dessas diculdades de apreenso, muitas informaes permanecemocultas, pois apenas so conhecidas pelos indivduos que fazem parte de certasesferas do poder. Portanto, as relaes entre as estruturas de poder e as formas deorganizao espacial permanecem mascaradas, em grande parte para todos os que

    no esto no poder. Para ter clareza desses aspectos, mais do que tentar furar osegredo que cerca certas informaes e que se revestem de interesses conjunturais, am de obter preciso dos dados, preciso dispor de mtodos que permitam organizar

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    40/120

    39Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    uma massa confusa de informaes parciais, que so em sua maioria acessveis,mas para compreend-las preciso lhes dar a devida ateno. (LACOSTE, 1988).

    A impregnao da cultura social por um amontoado de representaes

    espaciais heterclitas faz com que o espao se torne cada vez maisdifcil de ser ali reconhecido, mas tambm cada vez mais necessrio,pois as prticas espaciais tm um peso sempre maior na sociedade ena vida de cada um. O desenvolvimento do processo de espacialidadediferencial acarretar, necessariamente, cedo ou tarde, a evoluo,em nvel coletivo, de um saber pensar o espao, isto , a familiarizaode cada um com um instrumento conceitual que permita articular, emfuno de diversas prticas, as mltiplas conguraes espaciais queso convenientes distinguir, quaisquer que sejam sua conguraoe sua escala, de maneira a dispor de um instrumental de ao e de

    reexo. (LACOSTE, 1988, p.53).

    Para exemplicar a incapacidade coletiva para construir um raciocnio um poucomais complexo, um pouco menos ligado ao concreto, o autor se refere a uma situaocotidiana da sociedade de consumo, e que est estreitamente ligada, segundo ele, espacialidade diferencial: o deslocamento em nais de semana para praias, queacarretam quilmetros de las de engarrafamento, fazendo com que os motoristaspassem horas paralisados ou andando muito lentamente, quando se sabe queexistem outras alternativas, menos congestionadas. Entretanto, nenhum motorista

    se arrisca a experimentar rotas alternativas, mesmo possuindo um mapa rodoviriodetalhado. Muitas vezes os condutores de veculos no atinam que poderiam utiliz-las, mesmo possuindo cartas necessrias para orient-los nessa rede. Elas no lheso de nenhuma utilidade, pois, apesar do auxlio de mltiplas placas indicadoras,eles no sabem ler essas cartas rodovirias, que so bem simples e bem cmodas(LACOSTE, 1988, p. 54). O autor atribui essa decincia forma como se trata ageograa na escola.

    No que concerne geograa regional, o autor destaca que o mtodo maisutilizado para realizar estudos cientcos, e que se proliferou para outros ns, consiste

    em aprofundar conhecimentos sobre diversos aspectos de um territrio. A atenoca voltada para as permanncias, ou seja, aos aspectos que se mantm ao longodo tempo atravs da histria, porm, excluindo das anlises a evoluo econmicae social recente.

    Esse procedimento da geograa regional consiste em constatarcomo evidncia a existncia, num pas, de certo nmero de regies edescrev-las, umas aps as outras, ou a analisar somente uma delasno seu relevo, clima, vegetao, populao, cidades, agricultura,

    indstria. [...] Esse procedimento impregna, hoje, todo o discursosobre a sociedade, toda a reexo econmica, social e poltica. [...] um dos obstculos capitais que impedem de colocar os problemas

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    41/120

    40Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    da espacialidade diferencial, pois admite-se, sem discusso, que sexiste uma forma de dividir o espao. (LACOSTE, 1988, P. 61).

    Essa maneira de pensar impede a apreenso mais ecaz das caractersticas

    espaciais dos diferentes fenmenos econmicos, sociais e polticos. De fato, cadaum deles tem uma congurao geogrca particular que no corresponde daregio (LACOSTE, 1988, p. 62). Para compreend-los com maior propriedade necessrio levar em conta as linhas de fora que estruturam o espao.

    A maneira de recortar o espao, a priori, num certo nmero de regies, dasquais s se deve constatar a existncia, oculta todas as demais formas espaciais. Issoacarreta na consagrao da regio-personalidade, como um organismo coletivo ouminimizao da regio-personagem histrica, servindo de base para o discurso poltico.

    Enquanto seria politicamente mais sadio e mais ecaz considerara regio como uma forma espacial de organizao poltica, [...] osgegrafos acreditam na ideia de que a regio um dado quaseeterno, produto da geologia e da histria. Os gegrafos, de algummodo, acabaram por naturalizar a ideia de regio. [...] Eles utilizama noo de regio, que fundamentalmente poltica, para designartodas as espcies de conjuntos espaciais, quer sejam topogrcos,geolgicos, climticos, botnicos, demogrcos, econmicos ouculturais. (LACOSTE, 1988, p. 66)

    Essas crticas feitas pelo autor forma de regionalizao e percepo doespao, tornam-se um obstculo ao conhecimento como instrumento de ao,pois se as condies espaciais so dadas, no h muito que fazer. Todavia, oautor considera como uma das razes fundamentais da geograa, justamente a detomar conhecimento da complexidade das conguraes do espao terrestre. Osfenmenos que podem ser isolados pelo pensamento no se ordenam espacialmentesegundo grandes compartimentos, mas, ao contrrio, se superpem de maneirabastante complexa. Por isso importante considerar as mltiplas interseces entre

    as conguraes precisas dos fenmenos para se poder agir estrategicamente,facilitando, inclusive, evitar queles aspectos que podem se constituir em obstculos ao que se pretende empreender. O mtodo que permite pensar ecazmente,estrategicamente, a complexidade do espao terrestre fundamentado, em grandeparte, na observao das interseces dos mltiplos conjuntos espaciais1que sepodem formar e isolar pelo raciocnio e pela observao precisa de suas conguraescartogrcas. (LACOSTE, 1988, p. 68).

    Esses conjuntos so, segundo o autor, representaes abstratas, objetos deconhecimento e ferramentas de saber produzido pelas diversas disciplinas e que,

    por razes acadmicas, muitas vezes se atm a determinados aspectos da realidade,negligenciando outros. Mas, na realidade, a combinao de todas as representaes

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    42/120

    41Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    parciais que permite tomar conhecimento da realidade de forma menos imperfeita. Oautor assevera que quando se representam, na carta, as conguraes, os contornosdos conjuntos espaciais gerados pelos estudos das diversas disciplinas, observa-se que no h uma coincidncia para uma mesma poro da superfcie terrestre.O que ocorre uma superposio de diversas cartas. Para se analisar, com maispropriedade, um determinado espao necessrio superpor, atravs de decalques,essas diversas cartas geradas pelas diversas disciplinas.

    Sem dvida, observando-se atentamente esse entrecruzamento doscontornos dos diversos conjuntos espaciais, podem-se constatarcoincidncias, incluses, mas essas so bem menos a regra que aexceo e, nesse prisma, so dignas de ateno: elas conrmamuma relao de causalidade entre dois fenmenos (e s vezes

    mais), uma vez que, para uma certa poro do espao terrestre,sua congurao espacial aparece como vizinha, ou idntica.Mas tais coincidncias so raras e o que h mais comumente ainterseco das conguraes espaciais das diversas categorias defenmenos que so analisados pelas diversas disciplinas cientcas:geologia, climatologia, demograa, economia, etc. e isto porque oraciocnio geogrco socialmente necessrio, seja ele conduzidopor gegrafos universitrios, seja por homens de ao, planicadoresou estrategistas. A representao mais operacional e maiscientfica do espao no a de uma diviso simples em regies,em compartimentos justapostos uns aos outros, mas a de uma

    superposio de vrios quebra-cabeas bem diferencialmenterecortados. (LACOSTE, 1988, p. 70, grifo nosso).

    Contudo, alerta o autor, essa demarcao dos diversos conjuntos espaciaisno suciente, preciso considerar tambm suas dimenses. Porm, ca claropela discusso at aqui realizada, que a no representao da diversidade e dacomplexidade do espao terrestre como o resultado das interseces entre osmltiplos conjuntos espaciais, os quais convm distinguir, produz a delimitao dereas para estudos e interveno que no correspondem evidncia cartogrca. O

    autor resume o seu ponto de vista dizendo que:

    A ideia de regio, a ideia de que s h uma forma de se concebera repartio de um espao e, em ltima anlise, a ideia de que oespao compartimentado pela natureza, por Deus, de acordo comlinhas simples e estveis, traduz o poderio ideolgico da geograados professores. Mas essas representaes tranquilizantes, queso o fundamento de tantos discursos e rompantes lricos, noso operacionais. Desde que no se trate mais de discursos oude manuais escolares, mas de ao, preciso entender, para no

    fracassar, que as conguraes do espao so bem mais complexasque a repartio simples em grandes regies da geograa dosprofessores. (LACOSTE, 1988, p. 72).

  • 8/13/2019 Observando o Desenvolvimento Regional Brasileiro

    43/120

    42Observando o desenvolvimento regional brasileiro

    A partir das colocaes de Lacoste (1988) observa-se que os estudos podemse concentrar na compreenso de fenmenos que ocorrem tanto em nvel planetriocomo em pequenas pores do espao terrestre. Nesse sentido, importanteobservar a esc