Obtenção e caracterização de fibras rotofiadas de...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Mecânica LAURILYN MAUREEN ROJAS FLOREZ Obtenção e caracterização de fibras rotofiadas de policaprolactona incorporando extrato de Rosmarinus officinalis e surfactantes visando aplicações antimicrobianas. CAMPINAS 2019

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Mecânica

LAURILYN MAUREEN ROJAS FLOREZ

Obtenção e caracterização de fibras rotofiadas

de policaprolactona incorporando extrato de

Rosmarinus officinalis e surfactantes visando

aplicações antimicrobianas.

CAMPINAS

2019

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Laurilyn Maureen Rojas Florez

Obtenção e caracterização de fibras rotofiadas

de policaprolactona incorporando extrato de

Rosmarinus officinalis e surfactantes visando

aplicações antimicrobianas.

Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia

Mecânica da Universidade Estadual de Campinas como

parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de

Mestra em Engenharia Mecânica, na Área de Materiais e

Processos de Fabricação.

Orientador: Prof.ª. Drª. Cecília Amélia de Carvalho Zavaglia

Coorientador: Prof.ª. Drª. Maria Helena Andrade Santana

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO LAURILYN

MAUREEN ROJAS FLOREZ, E ORIENTADA PELA PROFª. DRª.

CECÍLIA AMÉLIA DE CARVALHO ZAVAGLIA

CAMPINAS

2019

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Agência: CNPq

Nº do Proc.: 137249/2017-9

ORCID: 0000-0002-9096-0974.

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura

Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Rojas Florez, Laurilyn Maureen, 1989-

R638o Obtenção e caracterização de fibras rotofiadas de policaprolactona

incorporando extrato de Rosmarinus officinalis e surfactantes visando aplicações

antimicrobianas / Laurilyn Maureen Rojas Florez. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.

Orientador: Cecília Amélia de Carvalho Zavaglia.

Coorientador: Maria Helena Andrade Santana.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de

Engenharia Mecânica.

1. Surfactantes. 2. Rosmarinus Officinalis. 3. Poli (caprolactona). 4. Fibras.

I. Zavaglia, Cecília Amélia de Carvalho, 1954-. II. Santana, Maria Helena

Andrade, 1951-. III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de

Engenharia Mecânica. IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Obtention and characterization of polycaprolactone rotary jet

spinning fibers incorporating Rosmarinus officinalis extract and surfactants aiming

antimicrobial applications

Palavras-chave em inglês:

Surfactants

Rosmarinus Officinalis

Poly (caprolactone)

Fibers

Área de concentração: Materiais e Processos de Fabricação

Titulação: Mestra em Engenharia Mecânica

Banca examinadora:

Cecília Amélia de Carvalho Zavaglia [Orientador]

Luís Alberto Loureiro dos Santos

Eliana Aparecida de Rezende Duek

Data de defesa: 15-10-2019

Programa de Pós-Graduação: Engenharia Mecânica

Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)

- ORCID do autor: 0000-0002-9096-0974.

- Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/9040761804285628

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MANUFATURA E

MATERIAIS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ACADÊMICO

Obtenção e caracterização de fibras rotofiadas

de policaprolactona incorporando extrato de

Rosmarinus officinalis e surfactantes para

aplicações dérmicas

Autor: Laurilyn Maureen Rojas Florez

Orientador: Cecíla Amélia de Carvalho Zavaglia

Coorientador: Maria Helena Andrade Santana

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

Prof. Dr. Cecíla Amélia de Carvalho Zavaglia ( Presidente da Banca)

DEMM/FEM/UNICAMP

Prof. Dr. Luis Alberto Loureiro dos Santos

DEMa/UFRGS

Profa. Dra. Eliana Aparecida de Rezende Duek

DEMM/FEM/UNICAMP

A Ata de Defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema

de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa de Engenharia Mecânica da Facul-

dade de Engenharia Mecânica.

Campinas, 15 de outubro de 2019.

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Dedicatória

A Deus, minha guia, meu amigo e ajudador;

A meus pais, Jorge e Sara, quem são a minha maior benção nesta terra;

A meus irmãos, Jorge e Estefany, pela amizade e cumplicidade;

A meu esposo, Alexandre Felipe, por seu amor incondicional.

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Agradecimentos

Á Profa. Dra. Cecilia Zavaglia, pela oportunidade e confiança para continuar com os meus

estudos.

Á Profa. Dra. Maria Helena Andrade Santa, pelos ensinamentos, concelhos e ajuda durante a

pesquisa.

Ao Prof. Dr. Marcos José salvador pela infraestrutura para a obtenção do extrato, realização

dos ensaios antimicrobianos, e os concelhos em várias fases desta pesquisa.

Á Profa. Dra. Eliana Duek, pela realização da caracterização por espectroscopia de

infravermelho.

Ao Prof. Dr. Edvaldo Sabadini e ao técnico Victor Viela do laboratório de coloides e superfícies

do Instituto de Química da Unicamp pela realização dos ensaios de ângulo de contato.

Á Márcia de Oliveira Taipina, técnica do Laboratório Multiusuário de Caracterização de Ma-

teriais da FEM, pela ajuda prestada na caracterização térmica.

Ao Roman Ramirez Rueda, pela colaboração com os ensaios em microrganismos, conselhos e

amizade.

A Jessica Heline Lopes, pela amizade, conforto e ajuda nas correções da dissertação.

Aos meus companheiros Guilherme, Luiz e Edward, pelos concelhos e momentos de

descontração.

O presente trabalho foi realizado com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq), número do processo 137249/2017-9

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Resumo

As infecções em feridas crônicas e agudas na pele são a principal causa da inibição e atraso do

processo de cicatrização. Desta forma, são procurados sistemas de liberação de fármacos que

inibam o crescimento dos microrganismos no sitio alvo. Com o objetivo de prevenir e inibir as

infecções em feridas, o extrato de Rosmarinus officinalis foi incorporado em fibras de

policaprolactona (PCL) pelo processo de rotofiação. Para facilitar a liberação do extrato nas

matrizes hidrofóbicas de PCL foram adicionados na solução polimérica os surfactantes não-

iônicos Tween 20 ou Triton X-100. Nas fibras obtidas de PCL, PCL/extrato,

PCL/extrato/Tween 20 e PCL/extrato/Triton X-100 foram realizadas caracterizações por

espectroscopia de infravermelho (FTIR), calorimetria exploratória diferencial (DSC),

microscopia eletrônica de varredura (MEV) e ângulo de contato. Nos resultados obtidos,

observa-se que a adição dos surfactantes nas fibras de PCL/extrato melhora a molhabilidade da

superfície, decresce o grau de cristalinidade e o tamanho dos diâmetros. Nos ensaios de

capacidade de incorporação do extrato não foram observadas diferenças estatísticas nas

diferentes formulações. Finalmente, conclui-se que a adição dos surfactantes Triton X-100 e

Tween 20 podem ser usados nas fibras compósitas de PCL/Rosmarinus com características

hidrofóbicas para modificar suas propriedades, visando facilitar e incrementar a liberação do

extrato para aplicações antimicrobianas.

Palavra-chave: Rotofiação, Policaprolactona, Surfactante, Rosmarinus officinalis.

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Abstract

Infections in chronic and acute wounds in the skin are the main reason for the delay and

inhibition of the wound healing process. Therefore, microorganisms inhibition is investigated

by modified-release systems in the target site. With the aim to prevent and inhibit wound

infections, polycaprolactone rotary jet spinning fibers were incorporated with Rosmarinus

officinalis extract. To facilitate extract delivery in PCL hydrophobic matrix were added non-

ionic surfactants, Tween 20 or Triton x-100 in polymeric solutions before the rotary jet spinning

process. PCL, PCL/extract, PCL/extract/Tween 20 and PCL/extract/Triton X-100 fibers

characterizations were made by infrared spectroscopy (FTIR), differential scanning

calorimetric (DSC), microscopy scanning electron (SEM) and contact angle. Obtained results

showed that surfactant addition in PCL/extract fibers improves surface wettability, decreases

the degree of crystallinity and their diameters. In extract loading capacity essays, no, statistical

differences were observed. Finally, it´s concluded that the addition of surfactants Triton X-100

and Tween 20 could be used in PCL/Rosmarinus composite fibers with hydrophobic

characteristics to modify their properties aiming to increase extract delivery for antimicrobial

applications.

Keys-word: Rotary jet spinning, Polycaprolactone, Surfactants, Rosmarinus officinalis.

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Lista de ilustrações

Figura 2.1. Componentes principais de um sistema de Rotofiação (adaptado de Badrossamay

et al. 2010) ................................................................................................................................ 18

Figura 2.2. Etapas da Rotofiação. (i) Iniciação do jato, (ii) Extensão do jato, (iii) Evaporação

do solvente. Adaptado de: (Badrossamay et al., 2010). ........................................................... 19

Figura 2.3. Estrutura química do PCL ...................................................................................... 20

Figura 2.4. Aplicações do PCL e copolímeros. (Adaptado de Dash e Konkimalla, 2012) ..... 21

Figura 2.5. Planta de Rosmarinus officinalis. Fonte: https://www.crocus.co.uk ................... 22

Figura 2.6. Estruturas químicas dos principais compostos fenólicos presentes no extrato de

Rosmarinus (Pérez-Fons et al. 2006). ....................................................................................... 22

Figura 2.7. Imagem ilustrativa da molécula de surfactante. Adaptado de: (Jonsson, Lindman e

Kronberg, 1998) ....................................................................................................................... 24

Figura 2.8. Classificação de surfactantes segundo a carga do grupo de cabeça: (a)aniônico,

(b)catiônico, (c) zwitteriônico, (d) não-iônico. (Adaptado de Pearson, 2015) ........................ 25

Figura 2.9. Estrutura molecular dos surfactantes (A) Tritox-100 e (B) Tween 20.

Fonte: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov ................................................................................. 26

Figura 3.1. Etapas de desenvolvimento da pesquisa. ............................................................... 29

Figura 3.2. Fluxograma das etapas de fabricação de obtenção do extrato de Rosmarinus

officinalis .................................................................................................................................. 30

Figura 3.3. Etapas usadas na avaliação antimicrobiana, concentração inibitória mínima, e

concentração bactericida mínima. ............................................................................................ 33

Figura 3.4. Soluções poliméricas preparadas para a obtenção das fibras por Rotofiação. ...... 35

Figura 3.5. Equipamento de Rotofiação usado na pesquisa ..................................................... 35

Figura 4.1. Cromatograma do extrato Rosmarinus officinalis Tr =5,854 min e do ácido

carnósico (Padrão) Tr =5,856 min, no comprimento de230 nm. .............................................. 40

Figura 4.2. Espectro de absorção UV-VIS: (A) do ácido carnósico presente no extrato

Rosmarinus officinalis e (B) ácido carnósico (padrão). ........................................................... 40

Figura 4.3. Imagens MEV das fibras de PCL, PCL/Tween 20 e PCL/Triton x-100. .............. 43

Figura 4.4. Diâmetro médio das fibras rotofiadas em suas diferentes formulações. ............... 44

Figura 4.5 Imagens MEV das fibras de PCL carregadas com 0,7% e 1,4% (m/m) de extrato

Rosmarinus officinalis com ou sem adição de 2% (m/m) dos surfactantes Tween 20 ou Triton

X-100. ....................................................................................................................................... 45

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Figura 4.6 Micrografias MEV das fibras de PCL, PCL/T20, PCL/Tx-100 e PCL/0,7R......... 46

Figura 4.7. Micrografias MEV das fibras de PCL-extrato e PCL-extrato-surfactantes nas

diferentes formulações .............................................................................................................. 47

Figura 4.8. Espectro FTIR das fibras de PCL e 1,4%R/Tw 20, extrato de Rosmarinus e

Tween 20. ................................................................................................................................. 48

Figura 4.9 Espectro FTIR das fibras PCL e PCL/1,4%R/Tx-100, extrato de Rosmarinus e o

surfactante Triton X-100. ......................................................................................................... 49

Figura 4.10. Termogramas por DSC, durante o processo de resfriamento, apresentam as

temperaturas de cristalização das fibras de PCL, PCL-extrato, PCL-extrato-surfactante. ....... 51

Figura 4.11. Termogramas das fibras de PCL, PCL-extrato, PCL-extrato-surfactante durante

o segundo aquecimento. De esquerda à direita; temperaturas de cristalização e temperaturas

de fusão. .................................................................................................................................... 51

Figura 4.12. Ângulo de contato das fibras e filmes de PCL, PCL/0,7%R PCL/1,4% (m/m). 53

Figura 4.13. Representação esquemática da orientação das moléculas de surfactante na matriz

polimérica, os grupos de cabeça dos surfactantes estão orientados para a superfície das fibras.

.................................................................................................................................................. 54

Figura 4.14. Espectro de absorção do extrato Rosmarinus Officinalis na região UV-Vis. ..... 55

Figura 4.15 Curva de calibração do extrato Rosmarinus Officinalis no comprimento de onda

de 280 nm. ................................................................................................................................ 56

Figura 4.16. Capacidade de incorporação do extrato Rosmarinus em diferentes tipos de

formulações, usando concentrações de extrato de 0,7 e 1,4 % (m/m) ...................................... 57

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Lista de Tabelas

Tabela 2.1. Técnicas de obtenção de fibras poliméricas (adaptado de Nayak et al., 2012). ... 17

Tabela 4.1. Teste de microdiluição inicial para os diferentes extratos de Rosmarinus em

micro-organismos Gram-negativos e Gram-positivos e fungo. ............................................... 41

Tabela 4.2. Concentração inibitória mínima e concentração bactericida do Rosmarinus

officinalis. ................................................................................................................................. 42

Tabela 4.3 Resultados obtidos dos perfis de DSC correspondentes ao resfriamento e segundo

aquecimento. ............................................................................................................................. 52

Tabela 4.4.Ângulo de contato das fibras e filmes nas diferentes formulações ........................ 54

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Lista de Abreviaturas e Siglas

Abreviações

AC Ângulo de contato

Anova Análise de Variância

CC Controle de crescimento

CI Controle de inibição

CD Controle de diluição

CE Controle de esterilidade

CLSI Clinical Laboratory Standard Institute

DMF Dimethylformamida

DMSO Dimetilsulfoxido

DSC Calorimetria exploratória diferencial

FDA Food and Drug Administration

FTIR Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier

MEV Microscopia eletrônica de varredura

MH Metformina

MHA Muller Hinton Agar

MHB Muller Hinton Broth

MPT Tartarato de metropol

MTT [3-(4,5-dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil brometo de tetrazolina]

PBS Tampão fosfato salino (Phosphate-buffer saline)

MRSA Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina,

PEI Polieterimida

PEG Polietileno Glicol

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PCL Poly (ε-caprolactona)

PHBV Ácidos poli (3-hidroxibutírico e-co-3-hidroxivalérico)

THF Tetrahidrofurano

Tx-100 Triton X-100

Tw 20 Tween 20

TTC Cloreto de Trifenil Tetrazólio

u.a. Unidades arbitrárias

UV Ultravioleta

Siglas

FDA Food and Drug Administration

Letras Latinas

∆𝐇𝐜 Entalpia de cristalização (J⁄g)

∆𝐇𝐦 Entalpia de fusão (J⁄g)

𝚫𝐇𝟎 Entalpia de fusao para 100% de cristalinidade (J⁄g)

𝛘𝐜(%) Grau de cristalinidade (%)

𝐓𝐜 Temperatura de cristalização (°C)

𝐓𝐠 Temperatura de transição vítrea (°C)

𝐓𝐦 Temperatura de fusão (°C)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15

1.1 Objetivos .................................................................................................................... 16

2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 17

2.1 Técnicas de obtenção de fibras poliméricas............................................................... 17

2.1.1 Rotofiação ........................................................................................................... 18

2.2 Polímeros na liberação de fármacos .......................................................................... 20

2.2.1 Policaprolactona (PCL) .......................................................................................... 20

2.3 Rosmarinus officinalis Labiatae. ............................................................................... 22

2.3.1 Extratos e óleos naturais como agentes antimicrobianos ................................... 23

2.4 Surfactantes ................................................................................................................ 24

2.4.1 Classificação dos surfactantes segundo a carga da cabeça. ................................ 25

3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 28

3.1 Materiais .................................................................................................................... 28

3.2 Métodos ..................................................................................................................... 28

3.2.1 Obtenção do extrato de Rosmarinus officinalis .................................................. 30

3.2.2 Avaliação atividade antimicrobiana dos extratos de Rosmarinus officinalis ..... 31

3.2.3 Obtenção das fibras rotofiadas ........................................................................... 34

3.2.4 Caraterização das fibras PCL, PCL/R e PCL/R/surfactante ............................... 36

3.2.5 Quantificação da incorporação do extrato Rosmarinus officinalis ..................... 37

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 39

4.1 Obtenção do extrato Rosmarinus Officinalis ............................................................. 39

4.2 Avaliação atividade antimicrobiana dos extratos de Rosmarinus officinalis ................. 41

4.2.1 Avaliação da atividade antimicrobiana............................................................... 41

4.2.2 Determinação da concentração inibitória mínima e concentração bactericida

mínima 41

4.3 Caracterizações das PCL, PCL/R e PCL/R/surfactante.................................................. 43

4.4 Quantificação do extrato incorporado nas fibras ....................................................... 54

4.4.3 Capacidade de incorporação do extrato Rosmarinus officinalis ......................... 56

5 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 57

5.1 Conclusões ................................................................................................................. 57

5.2 Sugestões para trabalhos futuros. ............................................................................... 58

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 59

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15

1 INTRODUÇÃO

As infecções em feridas agudas e crônicas são as causas mais comuns do atraso e

inibição do processo de cicatrização. Esta inibição ocorre pela contaminação, colonização e

infeção do local da ferida por microrganismos que perturbam os múltiplos processos envolvidos

na cicatrização do tecido, chegando em casos graves a ocasionar resposta sistêmica séptica

ocasionando a morte (Negut et al., 2018). No processo de cicatrização as propriedades

mecânicas da pele são restauradas pela ação de diferentes tipos de células. Este processo é

dividido em quatro fases: hemostasia, inflamação, proliferação e remodelação (Bielefeld et al.,

2013). A presença de bactérias e endotoxinas prolonga a fase inflamatória produzindo a falha

da regeneração e degradação da matriz extracelular (ECM) e como consequência a ferida entra

em estado crônico (Ruth Edwards, 2007).

No tratamento de infecções em úlceras e queimaduras são usados cremes e unguentos a

base de metais e sais metálicos de zinco, cobre e prata como agentes antimicrobianos por seu

potencial biocida em baixas concentrações (Palza, 2015). Embora os metais apresentem boas

propriedades antibacterianas, sua presença no corpo causa alterações no DNA celular,

resultando na morte das células e aumentando o risco de câncer (Jadoon e Malik, 2017). Como

opção ao uso de metais como agentes antimicrobianos, as plantas e seus derivados se destacam

pelas propriedades antimicrobianas (Gupta et al., 2013), antioxidantes (Jordán et al., 2013),

anti-inflamatórias (Mwaheb et al., 2016), quimioterapêuticas (Kaur et al., 2016), cicatrizantes

(Anjum et al., 2016), biocompativéis (Saeed et al., 2017), que estão presentes em plantas como

a curcumina, aloe vera, Rosmarinus officinalis , orégano entre outras.

Uma das alternativas para melhorar a efetividade do tratamento de infecções na pele, é

o uso de sistemas de liberação de fármacos in situ, através de veículos que garantam a liberação

sustentada durante o tempo necessário. As vantagens do uso de veículos de liberação são:

redução da frequência de administração, toxicidade e os efeitos colaterais pela diminuição da

ingestão excessiva de fármacos (Hu et al., 2015). Com o objetivo de criar um veículo para a

liberação de extrato natural com propriedades antimicrobianas foram obtidas e caracterizadas

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16

fibras de policaprolactona incorporadas com extrato de Rosmarinus officinalis e os surfactantes

não-iônicos Tween 20 e Triton x-100. Para tal fim, foi utilizado o polímero bioreabsorvível

policaprolactona (PCL) com alta hidrofobicidade (Abdo et al., 2016). A hidrofobicidade

presente nas superfície polimérica das fibras não favorece a adesão e o crescimento celular

(Chen, Yan e Zheng, 2018), além disso polímeros semicristalinos como o PCL apresentam

baixa liberação dos fármacos ao longo tempo, devido à baixa taxa de difusão das moléculas de

àgua no seu interior (Chou, Carson e Woodrow, 2015).

Por este motivo as propriedades físicas, químicas e superficiais das fibras de PCL-

Rosmarinus officinalis obtidas são modificadas pela adição dos surfactantes Tween 20 ou

Triton X-100 visando facilitar a liberação do extrato nas fibras. Nesta pesquisa são realizadas

diferentes caracterizações que permitem avaliar as propriedades das fibras obtidas por

rotofiação.

1.1 Objetivos

Objetivo Geral

Obter por rotofiação e caracterizar fibras poliméricas de Policaprolactona (PCL) com

incorporação de extrato de Rosmarinus officinalis e surfactante Tween 20 ou Triton x-100,

visando seu uso como veículo de liberação antimicrobiano.

Objetivos Específicos

• Determinar a capacidade inibitória do extrato de Rosmarinus officinalis contra diferentes

tipos de microrganismos.

• Verificar a influência da adição dos surfactantes nas fibras de PCL-Rosmarinus e nas

propriedades morfológicas, superficiais, térmicas e químicas.

• Determinar a capacidade de incorporação do extrato Rosmarinus nas fibras poliméricas

com e sem adição dos surfactantes Tween 20 ou Triton x-100.

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17

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Técnicas de obtenção de fibras poliméricas.

As fibras poliméricas são obtidas usando técnicas físicas e químicas. Nas técnicas físicas

se aplicam radiação, pressão mecânica, energia elétrica ou térmica, abrasão, evaporação ou

condensação (Gugulothu et al., 2019). Já entre as técnicas que usam métodos físicos destacam-

se a eletrofiação, rotofiação, deposição física de vapor e ablação por laser. Nas técnicas

químicas ocorrem reações químicas para obtenção de fibras poliméricas, as quais são obtidas

principalmente por: deposição química de vapor, sol-gel, síntese hidrotérmica, micro-ondas,

deposição eletroquímica, sonoquímica, microemulsões, deposição química por plasma (Nayak

et al., 2012). Na Tabela 2 .1 são sumarizadas algumas técnicas para obtenção de fibras

poliméricas.

Tabela 2.1. Técnicas de obtenção de fibras poliméricas (adaptado de: Nayak et al., 2012).

Processo de

manufatura Escalabil

idade

Repetibilidade Controle

diâmetro Vantagens Desvantagens

Eletrofiação

(solução)

Sim

Sim

Sim

Fibras longas e

contínuas Baixa produtividade,

instabilidade do jato

Eletrofiação

(Fusão)

Sim

Sim

Sim

Fibras longas e

contínuas

Degradação térmica

dos polímeros,

descarga elétrica

Meltblowing Sim Sim Sim Alta

produtividade

Degradação térmica

dos polímeros.

Sínteses por

molde

Não

Sim

Sim

uso de moldes

com diferentes

diâmetros

Processo complexo

Drawing

Não

Sim

Não

Processo

simples Processo descontínuo

Separação

de fase Não Sim Não

Equipamento

simples

Trabalha unicamente

com alguns

polímeros

Auto

agregação Não Sim Não

Produção de

diâmetros

pequenos

Processo complexo

Rotofiação

Sim

Sim

Sim

Não usa

corrente

elétrica

Algumas vezes

requer o uso de altas

temperaturas

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2.1.1 Rotofiação

A Rotofiação é uma técnica física para a obtenção de fibras poliméricas em escalas

micrométricas e nanométricas. Esta técnica se destaca como uma alternativa à eletrofiação,

principalmente pela obtenção de fibras sem depender da condutividade da solução, não é

necessária a aplicação de potenciais elétricos elevados, motivo pela qual se reduz o risco de

acidentes, é uma técnica versátil onde são usadas emulsões ou suspensões poliméricas,

apresenta maior taxa de produção em relação a técnica de eletrofiação (Nayak et al. 2012).

Na Figura 2.1 é apresentado os componentes principais de um rotofiador. O sistema de

rotofiação é composto de um reservatório e um coletor. O processo é dividido em três etapas:

iniciação do jato, extensão do jato e evaporação do solvente. Durante o processo, o reservatório

gira a uma velocidade regulável, enquanto é alimentado continuamente com uma solução

polimérica. O reservatório possui orifícios pelos quais jatos da solução polimérica são expulsos,

estes passam do reservatório até o coletor formando as fibras; as fibras alinhadas se acumulam

no exterior do reservatório e as aleatórias são depositadas no coletor.

Figura 2.1. Componentes principais de um sistema de Rotofiação (adaptado de Badrossamay

et al. 2010)

Na Figura 2.2 são a presentadas as etapas para obtenção de fibras por rotofiação,

segundo Badrossamay et al., 2010 existem 3 etapas principais no processo de rotofiação, como

se explica a seguir:

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Iniciação do jato:

O fluxo da solução polimérica através do orifício inicia-se pela combinação da pressão

hidrostática e da força centrífuga na extremidade do capilar que excedem a força de

capilaridade, que se opõe ao fluxo, impulsionando a solução polimérica através do orifício

capilar como um jato (Figura 2.2-i).

Extensão do jato:

Incrementa-se a área superficial do polímero propelido. O estiramento do jato

polimérico extrudado se produz devido à redução do diâmetro ao longo da distância do capilar

até o coletor (Figura 2.2-ii).

Evaporação do solvente:

Devido à inércia do movimento de rotação o jato polimérico viaja em trajetória

curvilínea até o coletor, durante esta trajetória o solvente se evapora, o jato polimérico se contrai

e se solidifica formando as fibras poliméricas. A evaporação do solvente ocorre pela difusão

interna através do polímero até à superfície da fibra (Figura 2.2-iii).

Figura 2.2. Etapas da Rotofiação. (i) Iniciação do jato, (ii) Extensão do jato, (iii) Evaporação

do solvente. Adaptado de: (Badrossamay et al., 2010).

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2.2 Polímeros na liberação de fármacos

As fibras obtidas a partir de polímeros naturais ou sintéticos são pesquisadas para seu

uso como veículos de liberação de fármacos na engenharia tecidual, implantes e curativos

dérmicos. Estas fibras poliméricas apresentam características únicas, destacando-se: a melhoria

na eficiência da liberação dos fármacos devido à alta relação entre a área superficial/volume;

modulação da liberação em função da aplicação desejada, pela funcionalização das superfícies

das fibras através de diferentes técnicas (Yoo et al. 2009); liberação prolongada, diminuição da

frequência de aplicação do fármaco (Hu et al. 2015); resistência mecânica e maleabilidade

dependendo do polímero usado na obtenção das fibras, facilitando seu uso em aplicações

tópicas (Mohammadzadehmoghadam et al., 2015).

2.2.1 Policaprolactona (PCL)

A policaprolactona (PCL) é um poliéster linear, bioabsorvível, semicristalino,

sintetizado pela polimerização da abertura do anel do ciclo ε-caprolactona, com baixa

temperatura de fusão (Tm) na faixa de 56 a 65 °C e temperatura de transição vítrea (Tg) na

faixa de -60 a -55 °C (McKeen, 2012), alta estabilidade térmica, baixo custo e fácil

processamento (Mclauchlin et al. 2012). Estas propriedades favorecem o uso do PCL em

diferentes técnicas de obtenção de scaffolds poliméricos como eletrofiação (Hu et al., 2015;

Rychter et al., 2018), impressão 3D e rotofiação (Badrossamay et al., 2014), entre outras. Na

Figura 2.3 é apresentado a estrutura química do PCL.

Figura 2.3. Estrutura química do PCL

O uso do polímero policaprolactona foi aprovado pela FDA (Food and Drug

Administration) para aplicações em implantes e veículos de liberação controlada de fármacos

(Deitzel et al. 2001). Rai et al., 2016, obtiveram filmes de PCL junto com o antibiótico

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Vancomicina, para o tratamento de osteomielites causada pela bactéria Staphylococcus

resistente à meticilina (SARM), este sistema permitiu a liberação sustentada do antibiótico e a

formação de novo osso em coelhos sem nenhum tipo de inflamação.

Grossen et al., 2017 encapsularam sulforafano em micelas do copolímero PCL/PEG

poli(etilenoglicol) para melhorar sua estabilidade química e permitir sua liberação passiva e

ativa como opção terapêutica no tratamento de várias doenças; Hu et al., 2015 obtiveram fibras

de PCL/PHBV (ácidos poli (3-hidroxibutírico e-co-3-hidroxivalérico)) utilizando a técnica de

eletrofiação-emulsão com o objetivo de modular a liberação dos fármacos: MH (cloridrato de

metformina) e MPT (tartarato de metoprolol) usando o surfactante Span 80. Outras formas de

aplicação do PCL são os hidrogéis termossensíveis de PCL/PEG usados na liberação sustentada

de fármacos para aplicações biomédicas (Deng et al., 2019), se uso permite a entrega do

fármaco a uma taxa especifica programada por um período de tempo prolongado (Alasvand et

al., 2017). Na Figura 2.4 são apresentados diferentes tipos de aplicações do PCL na liberação

de fármacos.

Figura 2.4. Aplicações do PCL e copolímeros. (Adaptado de Dash e Konkimalla, 2012)

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2.3 Rosmarinus officinalis Labiatae.

A Rosmarinus officinalis, comumente conhecida como alecrim (Figura 2.5) é uma erva

nativa do mediterrâneo, distribuída em várias áreas do mundo incluindo o Brasil (Benincá et al.

2011). A composição fito-química do Rosmarinus officinalis é rica em polifenóis,

principalmente di-terpenóides, além de flavonóides, ácidos fenólicos, tri-terpenóides, ligninas,

entre outros (Mena et al., 2016).

Figura 2.5. Planta de Rosmarinus officinalis. Fonte: https://www.crocus.co.uk

O extrato de Rosmarinus officinalis destaca-se por suas propriedades anti-inflamatórias

(Altinier et al., 2007), cicatrizantes, regeneradoras (Abu-Al-Basal, 2010), antioxidantes (Bendif

et al., 2017) e antimicrobianas (Moreno et al. 2006). Muitas destas propriedades estão

relacionadas com a presença de compostos fenólicos. A Figura 2.6 apresenta alguns dos

principais compostos fenólicos presentes no Rosmarinus officinalis.

Figura 2.6. Estruturas químicas dos principais compostos fenólicos presentes no extrato de

Rosmarinus (Pérez-Fons et al. 2006).

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A presença dos compostos fenólicos, carnosol, ácido betulínico e ácido ursólico

mostraram estar relacionados à atividade anti-inflamatória, inibição de leucócitos, exsudados,

enzimas pró-inflamatórias e seus mediadores (Benincá et al., 2011). Em outro estudo proposto

por Abu-Al-Basal 2010, ratos diabéticos com feridas tratados com óleos de Rosmarinus

officinalis apresentaram melhoria na redução da inflamação, aumento da cicatrização, re-

epitelização, regeneração do tecido granular, angiogênese e deposição do colágeno em

comparação com aqueles não tratados (Abu-Al-Basal 2010). Já o uso de di-terpenóides como:

o carnosol, rosmanol e genkwanina apresentaram atividade antioxidante, estes podem inibir a

penetração e propagação de radicais livres dentro das membranas, devido ao incremento da

ordem dos lipídios da membrana, aumentando sua rigidez. (Pérez-Fons et al. 2006).

Em relação às propriedades antimicrobianas do Rosmarinus Officinalis existem

diferentes estudos sobre a inibição do crescimento dos microrganismos usando extratos e óleos,

(Moreno et al. 2006; Angioni et al., 2004; Genena et al. 2008; Zaouali et al. 2010). Por exemplo,

a avaliação antibacteriana do carnosol, os ácidos carnósico e rosmarínico presentes no extrato

do Rosmarinus tiveram alta inibição de bactérias hospitalares multirresistentes, principalmente

usando carnosol, por outro lado o ácido rosmarínico apresentou baixa eficácia (Zampini et al.,

2013). A ação antimicrobiana dos extratos e óleos a base de Rosmarinus deve-se à presença

dos compostos fenólicos e as alterações que estes produzem na permeabilidade da célula

microbiana, danificando-a e produzindo interferência no sistema de geração de energia (ATP),

e na interrupção da força motriz de prótons ocasionando a morte celular (Friedly et al., 2009).

2.3.1 Extratos e óleos naturais como agentes antimicrobianos

Holban et al. 2017 relataram que a incorporação de óleos essenciais de Rosmarinus e

orégano dentro de fibras de acetato de celulose por eletrofiação apresentaram boas propriedades

antimicrobianas no tratamento de infecções produzidas por C. albicans, E.coli e S. aureus; além

da atividade antimicrobiana o uso do óleo de Rosmarinus ajudou na obtenção de diâmetros mais

uniformes e na diminuição das falhas nas fibras. Motealleh et al., 2013 obtiveram fibras

compósitas de PCL/Poliestireno incorporadas com extrato de camomila para a inibição dos

microrganismos S. aureus e C. albicans, usando 15% (m/m) de extrato atingiu-se o 95% de

cicatrização nos modelos in vivo em ratos e 90% de viabilidade em células tronco.

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Da mesma forma Saeed et al. 2017 em estudo recente reportaram a fabricação de

curativos de PCL/curumim com uma camada intermediária de poli(acetato de vinila) (PVA)

ajudou na absorção de três vezes mais exsudados nas feridas em comparação com os curativos

convencionais; além disso a presença da curumim nos curativos teve ação antibacteriana contra

as bactérias Gram-negativa, E. coli e Gram-positiva, S. aureus.

2.4 Surfactantes

Os surfactantes são moléculas anfifílicas compostas por pelo menos duas partes, uma

parte solúvel em um solvente específico chamada liofílica e a outra parte insolúvel chamada de

liofóbica, quando o solvente usado é a água as partes que compõem os surfactantes são

chamadas de hidrofílicas e hidrofóbicas, respectivamente (Jonsson et al. 1998). A parte

hidrofílica do surfactante situa-se na cabeça e a parte hidrofóbica na cauda (Figura 2.7), estas

características estruturais permitem aos surfactantes serem considerados agentes ativos de

superfície, pois se caracterizam pela diminuição da energia de tensão interfacial promovendo a

molhabilidade (Hubbard 2003).

Figura 2.7. Imagem ilustrativa da molécula de surfactante. Adaptado de: (Jonsson, Lindman e

Kronberg, 1998)

Os surfactantes são usados em formulações para incrementar a solubilidade dos

fármacos hidrofóbicos através da solubilização no centro de micelas e outras microestruturas

organizadas; melhoram a biodisponibilidade e a degradação por hidrólises e modulam a taxa de

liberação (Hubbard 2003).

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2.4.1 Classificação dos surfactantes segundo a carga da cabeça.

Na Figura 2.8 apresenta-se a classificação dos surfactantes segundo a carga do seu grupo

de cabeça.

Figura 2.8. Classificação de surfactantes segundo a carga do grupo de cabeça: (a)aniônico,

(b)catiônico, (c) zwitteriônico, (d) não-iônico. (Adaptado de Pearson, 2015)

Surfactantes Zwiteriônicos

Esta classe de surfactantes possui carga negativa e positiva no seu grupo de cabeça. Sua

carga positiva geralmente é de uma amina quaternária, enquanto sua carga negativa varia,

podendo ser de ácido carboxílico, sulfúrico ou fosfórico. A sua carga permanece invariável ou

não, segundo o valor do pH, afetando as propriedades como a molhabilidade, detergência,

formação de espuma (Pearson, 2015). Os surfactantes Zwitteriônicos apresentam excelentes

propriedades dermatológicas, também exibem baixa irritação e são frequentemente usados em

cosméticos e em outros produtos (Jonsson, Lindman e Kronberg, 1998)

Surfactantes iônicos

Os surfactantes iônicos dividem-se em aniônicos com carga negativa e catiônicos com

carga positiva, estes apresentam características comuns como: alta atividade superficial, a

formação de auto agregados, a alta dependência dos sais, o qual lhe confere oportunidades para

seu uso na liberação de fármacos. Entre os surfactantes aniônicos os mais comuns estão os sais

de ácidos graxos, sulfatos, ésteres de fosfato, éteres de sulfato. Os surfactantes catiônicos são

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usados como agentes antibacterianos, no entanto frequentemente são irritantes e algumas vezes

tóxicos limitando seu uso na liberação de fármacos (Hubbard, 2003)

Surfactantes não-iônicos

Os surfactantes não-iônicos não possuem carga residual no seu grupo de cabeça, sendo

desta maneira menos sensíveis aos sais. A concentração micelar crítica (CMC), concentração

na qual os surfactantes formam micelas espontaneamente (Lee e Lee, 2019), geralmente é mais

baixa do que a dos surfactantes iônicos, portanto, são usadas menores concentrações, também

são menos irritantes e melhor tolerados do que os surfactantes catiônicos e aniônicos (Hubbard,

2003). Os surfactantes não-iônicos são mais efetivos na dissolução de fármacos hidrofóbicos

pouco solúveis em água do que os surfactantes iônicos, já que são lipofílicos por natureza

(Pearson, 2015). Czajkowska-Kosnik et al., 2015 avaliou citotoxicidade dos surfactantes não-

iônicos Tween 20, Tween 80 e cremophor na concentração de 1 e 5% (m/m) em solução aquosa

em fibroblastos humanos, o resultado obtido foi a alta viabilidade do surfactante Tween 20 em

comparação com o Tween 80 e o cremophor nas primeiras 24 horas foi de 80-60 % e em 48

horas de 70-55% . Na Figura 2.9 são apresentadas as estruturas moleculares dos surfactantes

de tipo não-iônicos, Tween 20 e Triton x-100.

Figura 2.9. Estrutura molecular dos surfactantes (A) Tritox-100 e (B) Tween 20.

Fonte: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov

B A

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2.4.2 Uso de surfactantes em fibras poliméricas

A adição de diferentes tipos de surfactante aniônico dodecil sulfato de sódio (SDS),

catiônico brometo de hexadeciltrimetilamônio (CTAB) e não iônico Triton X-100 em solução

polimérica de fluoreto de polivinilideno (PVDF) resultou na diminuição dos diâmetros das

fibras com o incremento da concentração do surfactante (Zheng et al., 2014). Já o aumento da

concentração do surfactante Triton X-100 de 0.5 até 1.5% (m/m) na solução polimérica de

poli(eterimida) (PEI) ocasionou a diminuição da quantidade de beads e na redução da tensão

superficial das fibras (Abutaleb et al., 2017).

Fibras de polivinilpirrolidona (PVP) e polietileno glicol (PEO) incorporando o

microbicida Maravirovic incorporado, apresentaram rápida liberação do fármaco,

especialmente nas fibras em que se adicionou o surfactante Tween 20 como agente molhante,

resultando no incremento da taxa de liberação. Além disso, os ensaios de citotoxicidade in vitro

dos surfactantes: Tween 20, Tween 80, glicerol monolaurate e o nonoxinol 9 resultaram em 10

vezes mais tolerância usando os surfactantes Tween 20 e Tween 80 do que o glicerol

monolaurate e, 50 vezes mais do que o nonoxinol 9 nas células TZM-bl (Ball e Woodrow, Kim

A., 2014). Hu et al., 2015 usaram a técnica de eletrofiação-emulsão para obter fibras de PCL

com os fármacos hidrofílicos metoprolol e cloridrato de metformina e o surfactante span 80.

Durante o processo de obtenção das fibras, o surfactante fica na superfície e os fármacos no

interior. Desta maneira evita-se a rápida liberação de fármacos hidrofílicos.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

Nos testes de avaliação antimicrobiana e antifúngica foram usados extrato da planta

Rosmarinus officinalis de obtenção própria e extrato comercial obtido da distribuidora Florien

(Piracicaba, SP). Para a obtenção das fibras rotofiadas foram empregados o polímero

poli(caprolactona) (PCL, Mn 80, 000 g/mol) do fornecedor Sigma Aldrich Brasil, o extrato de

Rosmarinus officinalis de fabricação própria, além dos surfactantes Tween 20 da empresa

Reagen (Rio de Janeiro), Triton X-100 da empresa Sigma Aldrich e o solvente Clorofórmio

(CHCl3, 99,8 % pureza) da empresa Labsynth do Brasil. Ácido carnósico (91% pureza) da planta

Rosmarinus Officinalis com massa molecular 332.43 g/mol da empresa Sigma-Aldrich usado

como padrão, os solventes usados na identificação do extrato foram: Metanol, Acetonitrila e

Ácido fórmico grado HPLC da empresa PanReac AppliChem, Espanha. Todos os materiais e

solventes foram usados sem nenhum tipo de purificação

3.2 Métodos

Na Figura 3.3 são apresentadas as etapas da metodologia seguida nesta pesquisa para

obtenção das fibras poliméricas de PCL carregadas com extrato de Rosmarinus officinalis nas

concentrações de 0,7 e 1,4 e 2.1 % (m/m) e adição dos surfactantes Triton X-100 ou Tween 20

.

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Figura 3.1. Etapas de desenvolvimento da pesquisa.

Análise estatística

As análises estatísticas dos diâmetros, ângulos de contato e da capacidade de

incorporação das fibras foram realizadas usando o software Minitab (versão 17.0, USA). As

diferenças significativas existentes entre os diferentes tipos de formulações das fibras se

determinaram usando a análise de variância one way (ANOVA) com o método de Tukey para

múltiplas comparações. A probabilidade estatística do teste (p) estabeleceu-se em = 0,05.

Etapas

1ª Etapa: Obtenção do extrato Rosmarinus officinalis e

identificaçãoRotaevaporação

Verificação A. carnósico (HPLC-UV/DAD)

2ª Etapa: Avaliação atividade antimicrobiana dos extratos de

Rosmarinus officinalisTriagem inicial

Avaliação CIM e CBM

3ª Etapa: Obtenção das fibras Preparação das soluções. Rotofiação

4ª Etapa: Caraterização das fibras PCL, PCL/R e PCL/R/surfactante

Morfológica MEV

Química FTIR

Térmica DSC

Superficial AC

5ª Etapa: Quantificação da CI do Rosmarinus officinalis

Identificação bandas do extrato Rosmarinus officinalis (UV-VIS)

Curva de calibração

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3.2.1 Obtenção do extrato de Rosmarinus officinalis

As partes aéreas (folhas e galhos) da planta Rosmarinus officinalis foram usadas para a

obtenção do extrato. Sua coleta ocorreu no herbário do Instituto de Biologia da Unicamp,

IB/UNICAMP, no mês de abril de 2018. Após a coleta, as partes aéreas foram secas na estufa

(Fanem 515-A) a 50°C por um período de 72 h e trituradas no moinho analítico (A11 Basic,

marca IKA). O pó seco obtido da trituração foi colocado em repouso com etanol P.A 100%

durante 1 dia. Posteriormente, esta mistura foi filtrada a vácuo, e o líquido obtido foi transferido

ao rotaevaporador (Heidolph Rotavac).

As condições usadas na rotaevaporação foram: pressão reduzida de 400 (mbar) e

temperatura de 50°C. O extrato obtido foi seco a 50°C na estufa (Fanem 515-A) para remoção

total do etanol, durante o período de secagem o peso do extrato foi monitorado até não existir

nenhuma variação e finalmente foi armazenado protegido da luz a 4°C. Na Figura 3.2 são

apresentadas as principais etapas para a obtenção do extrato de Rosmarinus officinalis.

Figura 3.2. Fluxograma das etapas de fabricação de obtenção do extrato de Rosmarinus

officinalis

Coleta partes aéreas

Rosmarinus officinals

Secagem (50°C)

Repouso em etanol (24 horas)

Filtração a vacuo

Rotoevaporação (50°C)

Secagem final (50°C)

Armazenagem (4°C)

Umidade

Sólidos

Etanol

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3.2.1.1 Identificação do ácido carnósico presente no extrato por HPLC-UV/DAD

A verificação da presença do ácido carnósico, composto antimicrobiano presente no

extrato Rosmarinus Officinalis incorporado nas fibras, foi realizado usando cromatografia

líquida HPLC-UV/DAD, no equipamento Shimadzu, modelo LC-20AT com detector UV e

arranjo de fotodiodos, a coluna usada foi a HPLC-cartridge 100, LichroCART®2504. As

análises dos dados cromatográficos foram realizadas usando o software LC solution Shimadzu.

As condições cromatográficas foram: fase móvel: 65% Acetonitrila: 35% água + 0,1 % ácido

fórmico, em modo isocrático com fluxo de 1.5 mL/min, tempo de análise de 10 min, volume

de injeção: 20μL, comprimento de absorção no UV-VIS, λ=230 nm.

As amostras a serem analisadas foram preparadas da seguinte forma: 1mg de extrato de

Rosmarinus officinalis foi dissolvido em 1 mL de metanol-H2O mili-Q (50%:50%) e 25μg do

padrão ácido carnósico foram dissolvidos em 0,5 mL de metanol. Em seguida as amostras foram

transferidas para viales.

3.2.2 Avaliação da atividade antimicrobiana dos extratos de Rosmarinus officinalis

No Laboratório de Fisiologia Vegetal do Instituto de Biologia da UNICAMP foram

realizados os testes de atividade antimicrobiana e antifúngica. Os microrganismos usados nos

experimentos de susceptibilidade bacteriana e antifúngica foram escolhidos pela relevância e

recorrência em infecções de pele, destacando-se: Escherichia coli ATCC 35218, Pseudômonas

aeuroginosa ATCC 27853, Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina ATCC 43300

(SARM), Enterococcus Faecalis Resistente à Vancomicina ATCC 51299 (FERV) e Cândida

albicans ATCC 1023.

Inicialmente, a avaliação da susceptibilidade dos microrganismos foi realizada na

concentração de 2mg/mL dos extratos de Rosmarinus officinalis usando a técnica de

microdilução no meio Muller Hinton Broth (MHB), com base nestes resultados foram

realizados os ensaios da concentração inibitória mínima (CIM) e da concentração bactericida

mínima (CBM)

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3.2.2.1 Avaliação da atividade antimicrobiana inicial.

Com o objetivo de avaliar o potencial antimicrobiano dos extratos de Rosmarinus

officinalis de obtenção própria e do obtido da distribuidora Florien (Piracicaba, SP), foi

realizada uma avaliação antimicrobiana inicial. A metodologia usada nos experimentos de

microdiluição foi da Clinical Laboratory Standard Institute para bactérias com crescimento

aeróbico (CLSI, 2015). Inicialmente as bactérias foram incubadas por 24 horas a 37°C no meio

de cultura Muller Hinton Agar MHA (Becton Dickinson); foi pesado 2 mg de cada tipo de

extrato de Rosmarinus Officinalis e dissolvidos em 50μL de Dimetil sulfóxido (DMSO) (marca

Synth) e 950μL de água destilada estéril, resultando em concentrações de 2mg/mL. Após a

preparação anterior foram adicionados a cada poço da microplaca: 100 μL de solução de extrato

anterior, 100 μL de meio de cultura MHB, e 10 μL de inóculo bacteriano; finalmente foram

feitos os controles de: inibição (CI), diluição (CD), crescimento (CC) e esterilidade (CE), por

fim a placa foi incubada a 37°C durante um período de 24 horas.

Na revelação dos resultados foram adicionados 10 μL de 2,3,5-Cloreto de trifenil

tetrazólio, (TTC, marca SIGMA) 5% V/V a cada poço da microplaca. Após duas horas foi

realizada a leitura da absorbância na microplaca usando o equipamento Biotek Synergy 2

(2006) no comprimento de onda de 570 (nm), Nos poços onde se observou a mudança de cor

de branco leitoso para roxo pela adição do TTC indicam a presença de bactérias vivas, enquanto

aqueles poços onde não foi observada alteração de cor o extrato inibiu o crescimento dos

microrganismos.

Nos experimentos com fungos foi usada a técnica de sensibilidade a terapia antifúngica

(fungos leveduriformes), baseada no padrão NCLSI-M27-A2 (NCCLS, 2012) adaptado para

trabalhar com extratos vegetais e óleos essenciais. Todos os testes foram realizados triplicata.

Na Figura 3.3 são apresentadas as principais etapas dos testes antimicrobianos usando os

extratos de Rosmarinus officinalis.

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3.2.2.2 Ensaios de avalição da Concentração Inibitória Mínima e Concentração

Bactericida Mínima.

Com base nos resultados de avaliação da atividade antimicrobiana inicial da seção 3.3.1,

para determinar a concentração inibitória mínima CIM e a concentração inibitória mínima CBM

foi selecionado o extrato de Rosmarinus officinalis obtido no laboratório por apresentar boa

inibição na concentração de 2mg/mL contra os microrganismos SARM, EFVR e C. Albicans.

A metodologia foi da Clinical Laboratory Standard Institute para bactérias com

crescimento aeróbico (CLSI, 2015). 2 mg/mL de extrato de Rosmarinus officinalis foram

dissolvidos em 50μL de Dimetil sulfóxido (DMSO) e 950μL de água destilada estéril, para a

solução anterior foram realizadas diluições seriadas na concentração de: 1, 0,5, 0,25 (mg/mL),

a cada um dos poços da placa foram adicionadas 100 μL, 100 μL de meio de cultura, e 10 μL

de inóculo bacteriano; finalmente foram feitos os controles de inibição (CI), diluição (CD),

crescimento (CC) e esterilidade (CE), para cada concentração do extrato foram feitas triplicatas.

A microplaca foi incubada por 24 horas a 37°C e foi adicionado 10 μL de 2,3,5-Cloreto de

trifenil tetrazólio, 5% V/V, em cada poço, após duas horas foi feita a leitura da absorbância no

equipamento Biotek Synergy 2 (2006) no comprimento de onda de 570 nm. O experimento com

o fungo C. albicans foi baseada no padrão NCLSI-M27-A2 (NCCLS, 2012). Na Figura 3.3 são

apresentadas as principais etapas dos na avaliação antimicrobiana inicial, CIM e CBM.

.

Figura 3.3. Etapas usadas na avaliação antimicrobiana, concentração inibitória mínima, e

concentração bactericida mínima.

Repique dos microorganismos

Preparação das soluções de extratos

vegetais

Preparação placa de

microdiluição

Leitura da placa

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34

3.2.3 Obtenção das fibras rotofiadas

3.2.3.1. Preparação das soluções

Na Figura 3.4 são apresentadas as diferentes soluções poliméricas preparadas para a

rotofiação. Inicialmente foram preparadas diferentes concentrações de policaprolactona e

clorofórmio como solvente, as diferentes soluções poliméricas foram homogeneizadas usando

agitação magnética (IKA-RH BASIC 1) durante 3 horas. As fibras obtidas por rotofiação foram

comparadas, obtendo-se fibras com maior resistência na concentração polimérica de 11%

(m/m)

Para a obtenção das fibras de PCL/Surfactante, após a adição do PCL foram adicionados

2% (m/m) dos surfactantes Tween 20 ou Triton X-100. As soluções poliméricas de

PCL/Rosmarinus foram preparadas usando 0,1, 0,2 e 0,3 gramas de Rosmarinus que

correspondem às concentrações: 0,7, 1,4 e 2,1% (m/m), estas concentrações foram

incrementando-se com o objetivo de atingir a máxima concentração de extrato possível de

incorporar na matriz polimérica.

Nas soluções poliméricas de PCL/Rosmarinus/surfactantes foram adicionadas

concentrações de extrato 0,7, 1,4 e 2,1% (m/m) e após 2% (m/m) dos surfactantes Tween 20 ou

Triton x-100. Imediatamente após as soluções serem preparadas, as fibras foram obtidas pelo

processo de rotofiação, com velocidade de rotação de 3500 (rpm).

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35

Figura 3.4. Soluções poliméricas preparadas para a obtenção das fibras por Rotofiação.

Figura 3.5. Equipamento usado na rotofiação das fibras obtidas nesta pesquisa

11% (m/m) PCL

Surfactante

2% (m/m)

PCL/Tw20

PCL/Tx-100

Rosmarinus

0,7% (m/m)

PCL/0,7R

PCL/0,7R/Tw20

PCL/0,7R/Tx-100

Rosmarinus

1,4 %(m/m)

PCL/1,4R

PCL/1,4R/Tw20

PCL/1,4R/Tx-100

Rosmarinus

2,1% (m/m)PCL/2,1R

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36

3.2.4 Caraterização das fibras PCL, PCL/R e PCL/R/surfactante

3.2.4.1 Microscopia Eletrônica de Varredura

Inicialmente as fibras foram recobertas superficialmente com uma fina camada de ouro

estimada em 92Å usando o Sputer Coater EMITECH, modelo: K450 (Kent, Reino Unido) com

corrente de 100 mA, durante 3 min e voltagem de operação de 20kV. Logo depois, foram feitas

as microfotografias usando o microscópio eletrônico de varredura com detector de energia

(marca LEO 440i, Cambridge, Inglaterra) disponível no Laboratório de Caracterização de

Biomassa, Recursos Analíticos e de Calibração (LRAC-UNICAMP). Os diâmetros das fibras

rotofiadas foram inferidos das imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura, para

cada tipo de formulação foram medidos 90 diâmetros usando o software de análises de imagens,

ImageJ.

3.2.4.2 Caracterização de Absorção na região do Infravermelho (FT-IR).

As análises de espectroscopia de absorção no infravermelho foram realizadas nas fibras

para determinar as novas interações que poderiam surgir entre o extrato, os surfactantes e a

matriz polimérica. O equipamento utilizado foi o espectrômetro de absorção Perkin Elmer,

modelo spectrum 65 com célula ATR (refletância total atenuada); cada amostra foi varrida 64

vezes no espectro de absorção de 500-4500 cm-1. As análises foram realizadas na Faculdade de

Ciências Médicas e da Saúde da PUC-Sorocaba.

3.2.4.3 Caracterização térmica (DSC).

A caracterização térmica das fibras foi realizada com a técnica de calorimetria

exploratória diferencial (DSC) no equipamento DSC modelo 200-F3 MAIA-Netsc, em

atmosfera de nitrogênio com fluxo de 50 mL/min e taxa de 10°C/min. 8 mg das fibras de PCL,

1,4%R, 1,4%R/Tw 20 e 1,4%R/Tx-100 foram colocadas em diferentes cadinhos de alumínio

de tampa furada, o ciclo térmico usado foi dividido em três etapas; primeiro aquecimento na

faixa de 25 a 160°C, resfriamento de 160°C a -90°C e um segundo aquecimento na faixa de -

90 a 160°C. Nos cálculos das entalpias de fusão e cristalização se usou-se o software Netzsch

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37

Proteus Thermal Analysis 6.0. As análises foram feitas no Laboratório Multiusuário de

caracterização de materiais da Faculdade de Engenharia Mecânica – UNICAMP.

3.2.4.3 Molhabilidade

A molhabilidade das fibras foi medida usando o tensiômetro Attension –Theta (Biolin

Scientific) equipado com uma câmera avançada que captura e analisa imagens, determinando

o ângulo de contato da gota de água com a superfície das fibras. Neste ensaio, sob a superfície

das fibras foi depositado uma gota de água deionizada de aproximadamente 10 μL, no total

foram realizadas três medições diferentes (três diferentes gotas) para cada tipo de fibra a 18°C.

Esta análise se realizou no laboratório de colóides e superfícies do Instituto de Química da

Unicamp.

Fabricação de filmes

Devido à influência da porosidade e rugosidade no valor do ângulo de contato, foram

determinados os ângulos de contato dos filmes de todas as formulações obtidos por evaporação

de solvente. Inicialmente, foi dissolvido 11% m/m de PCL em clorofórmio, após adicionou-se

0,7, 1,4 m/m do extrato de Rosmarinus officinalis e 2% m/m dos surfactantes Tween 20 ou

Triton X-100 segundo a formulação; finalmente cada solução foi depositada sobre uma placa

petri dentro de uma cuba saturada com clorofórmio durante 12 horas, após este período os

filmes foram retirados e seus ângulos de contato foram medidos usando o tensiômetro

Attension –Theta (Biolin Scientific).

3.2.5 Capacidade de incorporação do extrato Rosmarinus officinalis

3.2.5.1 Identificação das principais bandas no extrato

A identificação do ácido carnósico, um dos principais compostos fenólicos presente no

extrato de Rosmarinus officinalis foi feita realizando a varredura na região 200 a 850 nm do

espectro de absorção (UV-VIS), para a leitura do espectro foi usado o equipamento Biotek

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38

Synergy 2 (2006) que determina a quantidade de luz absorvida em diferentes comprimentos de

onda. Os picos de absorção resultantes foram comparados com os picos relatados na literatura

para os compostos presentes no Rosmarinus officinalis com inibição contra as bactérias,

SARM, EFVR e o fungo C. albicans.

3.2.5.2 Curva de calibração do extrato Rosmarinus officinalis.

Para a realização da curva de calibração foi preparada uma solução mãe de

concentração 7,5 mg/ml em etanol, a esta solução foram realizadas 7 diluições seriadas com

concentrações de: 3,75, 1,875, 0,937, 0,468, 0,234, 0,117, 0,0586 mg/ml. As absorbâncias das

soluções anteriores foram medidas usando o equipamento Biotek Synergy 2 (2006) na banda

de absorção de 280 nm. Esta banda foi escolhida com base nas comparações entre as bandas

de absorção do extrato e as bandas de absorção os compostos de interesse relatadas na

literatura (seção 4.3.1).

3.2.5.3 Capacidade de incorporação do extrato Rosmarinus officinalis

A capacidade de incorporação (CI) é definida como a quantidade de extrato incorporado

por unidade de massa de fibra polimérica. A CI nas fibras poliméricas foi determinada de

acordo com a metodologia proposta por Moomand e Lim, 2014. de cada um dos diferentes

tipos de fibras foram submergidas 15 mg em 1 mL de etanol, para a remoção do extrato

incorporado por um período de 24 horas a temperatura ambiente. Após a liberação do extrato,

as fibras foram removidas e as absorbâncias das soluções foram medidas usando o leitor Biotek

Synergy 2 (2006) no comprimento de onda de 280 nm. Na medição da CI das fibras foram

usadas 6 amostras para cada tipo de formulação.

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39

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Obtenção do extrato Rosmarinus Officinalis

4.1.1 Identificação do ácido carnósico presente no extrato de Rosmarinus officinalis

por HPLC-UV/DAD.

Na Figura 4.1. observam-se os cromatogramas do ácido carnósico e do extrato de

Rosmarinus officinalis. Este último apresentou boa separação entre os picos dos diferentes

compostos em um tempo de análise de 10 minutos, facilitando a identificação do ácido

carnósico. Para determinar a presença do ácido carnósico no extrato, foram comparados os

tempos de retenção dos diferentes compostos presentes no extrato Rosmarinus com o tempo de

retenção do ácido carnósico (padrão). O tempo de retenção do ácido carnósico foi de 5,48 min,

enquanto o extrato apresentou um pico no tempo 5,854 min, que poderia pertencer ao ácido

carnósico. Para realizar a verificação entre os compostos presentes nos dois picos, foram

comparados na

Figura 4.2 os espectros de absorção UV-VIS correspondentes a estes tempos de

retenção. Os espectros UV-VIS obtidos coincidiram em seus perfis de absorção e, portanto,

verifica-se a presença do ácido carnósico no extrato de Rosmarinus officinalis obtido. Este

composto apresenta atividade antimicrobiana (Del Campo et al., 2000; Repetto et al, 2013;

Zampini et al., 2013).

0 2 4 6 8 10

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

Abso

rbân

cia

Tempo de retençمo (min)

Acido carnosico

Rosmarinus officinalis

5,48

Tempo de retenção (min)

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40

Figura 4.1. Cromatograma do extrato Rosmarinus officinalis Tr =5,854 min e do ácido

carnósico (Padrão) Tr =5,856 min, no comprimento de230 nm.

Figura 4.2. Espectro de absorção UV-VIS: (A) do ácido carnósico presente no extrato

Rosmarinus officinalis e (B) ácido carnósico (padrão).

200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 nm

-50

-25

0

25

50

75

100

125

150

175

200

225

250

275

300

325

350

375

400

425

450

475

500

525

550

575

600mAU

5.50/ 1.00

260 313 386 443 652

207

284

326 655

200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 nm

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150

160

170

180

190mAU

5.39/ 1.00

260 515369 658

206

284

487383 669

B

A

Ab

sorb

ân

cia (

a.u

)

Comprimento de onda (cm-1)

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41

4.2 Avaliação atividade antimicrobiana dos extratos de Rosmarinus officinalis

4.2.1 Avaliação da atividade antimicrobiana

Na Tabela 4.1 são apresentados os resultados da avaliação antimicrobiana dos extratos

Rosmarinus officinalis. Foi observado que as bactérias Gram-positivas, SARM e EFVR foram

suscetíveis à ação do extrato obtido no laboratório, no entanto as bactérias Gram-negativas, P.

aeuroginosa e E. coli não apresentaram inibição. Este resultado deve-se às últimas possuírem

uma membrana externa adicional do que as Gram-positivas.

Esta membrana externa possui uma bicamada de lipopolisacarídeos e fosfolipídios,

dentro dos quais são incorporadas porinas e canais inespecíficos. O empacotamento e a rigidez

das bicamadas dos lipopolisacarídeos presentes nas bactérias Gram-negativas são mais rígidas

do que as bicamadas normais. Afetando, por tanto, a permeabilidade de moléculas anfifílicas e

hidrofóbicas, e por consequência retardando a difusão passiva de moléculas hidrofóbicas

(Zgurskaya, Löpez e Gnanakaran, 2017). Por este motivo o extrato Rosmarinus officinalis com

presença de terpenóides com características hidrofóbicas (Ruchika, Naik e Pandey, 2019), não

apresentaram inibição contra as bactérias Gram-negativas.

Tabela 4.1. Teste de microdiluição inicial para os diferentes extratos de Rosmarinus em micro-

organismos Gram-negativos e Gram-positivos e fungo.

Microrganismo

Extrato

Rosmarinus laboratório

(mg/mL)

Rosmarinus

(mg/mL)

E. coli 3521 >2 >2

P. aeruginosa 27853 >2 >2

SARM 43300 <2 >2

EFVR 51299 <2 >2

C. albicans 1023 <2 >2

4.2.2 Determinação da concentração inibitória e bactericida mínima

Na seção 4.2.1 foi avaliada a atividade antimicrobiana usando a concentração de 2

mg/ml de extrato de Rosmarinus officinallis de fabricação própria, pois extratos vegetais com

concentrações inibitórias acima de 1,6 mg/mL são considerados inibidores médios e fracos

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42

(Vieitez et al., 2018). Como resultado desta avaliação, o extrato Rosmarinus officinalis de

fabricação própria foi o único que apresentou eficácia. Por esta razão, só este foi usado na

avaliação da CIM e CBM.

Na Tabela 4.2 são apresentados os resultados dos testes de CIM e CBM do extrato de

Rosmarinus officinalis de fabricação própria. Este apresentou boa inibição nas bactérias Gram-

positivas, SARM, EFVR e o fungo C. albicans. Destaca-se o potencial bactericida obtido contra

SARM, o crescimento bacteriano foi inibido a uma baixa concentração de extrato, 0,25 mg/mL.

Esta bactéria é uma das principais causadoras de infecções em feridas de pacientes queimados

(Church et al. 2006). Este extrato também apresentou boa ação inibitória contra C. albicans,

um dos principais patógenos oportunistas, cuja presença tem incremento nos últimos anos

devido ao uso recorrente de antibióticos tópicos de alto espectro (Church et al., 2006).

O mecanismo pelo qual os di-terpenóides fenólicos como o carnosol e o ácido carnósico

presentes no extrato Rosmarinus officinalis exibem propriedades antimicrobianas não é bem

compreendido, mas acredita-se que estes compostos de natureza lipofílica se insertam na

membrana celular, onde um grupo doador da ligação hidrogênio (HBD) interage com os grupos

fosforilados da membrana e produzem sua perturbação (Souza et al., 2011); Repetto et al., 2013

observaram que o uso do ácido carnósico nas bactérias Enterococcus faeccalis e Staphylococcus

aureus resultou na redução e dissipação do potencial trans-membranal das bactérias inibindo as

bombas de fluxo de prótons ocasionando a morte bacteriana. Estas bombas são proteínas que

permitem o transporte ativo de agentes antimicrobianos desde o citoplasma para o meio

extracelular protegendo as bactérias de agentes antimicrobianos (Zgurskaya, Löpez e

Gnanakaran, 2017).

Tabela 4.2. Concentração inibitória mínima e concentração bactericida do Rosmarinus

officinalis.

Microorganismo CIM (mg/mL) CBM (mg/mL)

SARM 43300 0,25 0,5

EFVR 51299 0,5 0,5

C. albicans 1023 1 1

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43

4.3 Caracterizações das fibras de PCL, PCL/R e PCL/R/surfactante

Para determinar a concentração máxima do extrato possível de se incorporar nas fibras,

foram preparadas soluções de PCL com as concentrações de extrato: 0,7%, 1,4% e 2,1% (m/m).

Nesta última concentração, o jato quebrava-se e não se alongava para permitir a formação das

fibras. Como consequência, não foram obtidas fibras com esta concentração.

4.3.1 Caracterização morfológica.

Fibras de PCL, PCL/Tween 20 e PCL/Triton X-100

Na figura 4.3 se observam as micrografias das fibras de PCL, PCL-Tween 20

e PCL-Triton x-100 com diâmetros médios de 6,73 ± 1,5, 7,37 ± 1,75 e 7,02 ± 1,61

µm, respetivamente. Nestas fibras não foram observados diferencias estatísticas

significativas entre seus diâmetros (p > 0.05). Da mesma forma, não foi observado

aumento da homogeneidade dos diâmetros devido a adição dos surfactantes Tween

20 ou Triton x-100.

Figura 4.3. Imagens MEV das fibras de PCL, PCL/Tween 20 e PCL/Triton x-100.

Fibras de PCL/Rosmarinus, PCL/Rosmarinus/Tween20 e PCL/Rosmarinus/TritonX-100

Na Figura 4.4 apresentam-se as micrografias das fibras s fibras de PCL, PCL/0,7R

e PCL/1,4R seus diâmetros obtidos foram 6,73 1,5, 6,5 1,78 e 6,13 1,79 µm,

respectivamente. Entre estes não foram observadas diferenças estatísticas significativas (p >

0,05) devido à adição ou incremento da concentração do extrato.

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44

Já o diâmetro médio das fibras da formulação de PCL/0,7R/Tx-100 e

PCL/1,4R/Tx-100 diminui de 4,93 ± 1,83 a 3,65 ± 1,32 µm, respectivamente.

Também nas fibras de PCL/0,7R/Tw20 e PCL/1,4R/Tw20 com a adição do

surfactante Tween 20 foi observado a diminuição dos diâmetros de 5,43 ± 1,5 a 3,82

± 1,25 µm, respectivamente. Esta diminuição deve-se à interação existente entre o

extrato e o surfactante.

Segundo as pesquisas feitas por Badrossamay et al., 2010 diâmetros menores

nas fibras durante o processo de rotofiação são devido à diminuição da taxa de

volatilidade do solvente evitando a rápida solidificação do jato polimérico que

promove sua extensão

Chou et al., 2015 analisaram algumas estratégias para a liberação sustentada usando

fibras poliméricas, e discutiram a influência dos diâmetros das fibras no incremento da liberação

de fármacos. Destacando que as fibras de diâmetros menores apresentam taxas de liberação

maiores comparando as fibras de diâmetro maior. Este incremento na velocidade de liberação

explica-se pelo aumento da relação de área superficial por volume (Torres-Martinez et al.,

2018). Em adição, nos sistemas onde o mecanismo de liberação é por difusão, os diâmetros

maiores tem um caminho maior a ser percorrido para o fármaco ser difundido na fibra (Chou,

Carson e Woodrow, 2015). Na Figura 4.5 são observadas as morfologias das fibras obtidas por

rotofiação.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

1,4R

TX-1000,7R

TX-100

1,4R

Tw 20

0,7R

Tw20

PCL

1,4R

PCL

0,7R

PCL

Tx-100PCL PCL

Tw 20

Diâ

met

ro m

édio

Figura 4.4. Diâmetro médio das fibras rotofiadas em suas diferentes formulações.

Formulação

(μm)

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45

Figura 4.5 Imagens MEV das fibras de PC L carregadas com 0,7% e 1,4% (m/m) de extrato

Rosmarinus officinalis com ou sem adição de 2% (m/m) dos surfactantes Tween 20 ou Triton

X-100.

A formação de poros é um processo complexo dependente de diferentes fatores, entre

os principais são destacados: as propriedades do solvente, a umidade relativa do ambiente, os

mecanismos de separação de fases durante a formação das fibras (Megelski et al. 2002), e a

viscosidade (Lee et al., 2010). As Figura 4.6 e Figura 4.7 apresentam a variação da porosidade

das fibras em função da formulação. Na superfície das fibras de PCL são observados poros

alongados distribuídos aleatoriamente. Nas fibras de PCL foram observadas a diminuição da

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46

porosidade nas fibras, sendo maior quando se incrementa a concentração do extrato de 0,7% a

1,4% (m/m).

Nas Figura 4.6 e Figura 4.7 se observam as fibras PCL/0,7 R/Tw 20, PCL/0,7R/Tx-100,

PCL/1,4/R/Tw 20 e PCL/1,4R/Triton x-100. Nestas fibras com adição do extrato nas

concentrações de 0,7 ou 1,4% (m/m) e os surfactantes Tween 20 ou Triton x-100, não foram

observadas superfícies porosas. Uma das causas da diminuição da porosidade deve-se

possivelmente ao decrescimento da taxa da volatilidade do solvente pela adição do extrato nas

concentrações 0,7 ou 1,4% (m/m) e os surfactantes na solução polimérica. Segundo Megelski

et al., 2002 o uso de solventes com maior volatilidade como o Tetrahidrofurano (THF),

incrementam a porosidade em maior proporção do que solventes com volatilidade mais baixa

como as misturas de THF/DMF, onde DMF corresponde a dimetilformamida.

Figura 4.6 Micrografias MEV das fibras de PCL, PCL/T20, PCL/Tx-100 e PCL/0,7R

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47

Figura 4.7. Micrografias MEV das fibras de PCL-extrato e PCL-extrato-surfactantes nas

diferentes formulações.

4.3.2 Caracterização química por FTIR

Na Figura 4.8 é possível observar que as fibras de PCL apresentaram picos

característicos em 2944 e 2865 cm-1 pertencentes aos grupos alifáticos assimétrico e simétrico,

respectivamente. Além disso, detectaram-se picos do grupo carbonila do éster em 1721 cm-1 e

do éter assimétrico e simétrico em 1240 e 1162 cm-1, estes picos também foram observados na

literatura por Elzein et al., 2004. No espectro do surfactante Tween 20 se observaram os picos

característicos dos grupos metileno assimétrico e simétrico em 2923 e 2860 cm-1, os grupos

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carbonila e carbonila estiramento do éster em 1734 e 1643 cm-1, e das vibrações stretching do

grupo éter em 1095 cm-1. Estes picos foram comparados com os reportados na literatura por

Tecante et al., 2018.

Nas Figura 4.8 e Figura 4.9 apresenta-se o espectro do extrato Rosmarinus officinalis,

na região entre os 3000-3700 cm-1 observa-se um amplo pico das vibrações por estiramento do

grupo hidroxila, como consequência da água absorvida durante a armazenagem do extrato. O

pico de absorção presente em 1687 cm-1 pode pertencer ao grupo carbonila dos aldeídos,

cetonas, ácidos carboxílicos, ésteres ou éteres encontrados nos diferentes compostos do extrato.

Em 1453 cm-1 são observadas as vibrações do anel aromático (C-C) e de suas ligações C-H em

1237 e 1030 cm-1. Estes dados estão de acordo com o publicado na literatura por Imad et al.,

2016.

A Figura 4.8 apresenta o espectro de absorção da fibra 1,4%R/Tw20. Neste espectro

não foram observados novos picos de absorção comparando-os com o espectro correspondente

às fibras de PCL, pela adição do extrato ou surfactante Tween 20 na matriz polimérica. Portanto,

não há novas ligações químicas que possam ser atribuídas a estes.

1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

v (C-H)

v (C-H) v (C-C)v (C=O)

vs(C-O-C)

vs(CH3)

v (C=O)

vas(CH3)

vs(C-O-C) vas(C-O-C)v (C=O) vs(CH

2)

vas(CH2)

PCL

Inte

nsid

ade

(a.u

)

Numero de onda (cm-1)

PCL/1,4%R/Tw20

Ext.

Rosmarinus

Tween 20

Figura 4.8. Espectro FTIR das fibras de PCL e 1,4%R/Tw 20, extrato de Rosmarinus officinalis

e o surfactante Tween 20 onde vs* estiramento simétrico, vas* estiramento assimétrico.

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49

A Figura 4.9 apresenta o espectro do surfactante Triton X-100. Em 3458 cm-1 é

observado a absorção correspondente às vibrações por estiramento dos grupos hidroxila, e em

2941 e 2871 cm-1 dos grupos alifáticos assimétrico e simétrico, respectivamente. Os picos

pertencentes às vibrações por estiramento do anel aromático em 1512 cm-1 e as assimétricas

associadas com o éter aromático em 1245 e 1110 cm-1 pertencem ao Triton x-100, estes bandas

coincidem com os reportados na literatura por Yang et al., 2012.

Comparando os espectros de absorção das fibras de PCL e 1,4%R/Tx-100, destaca-se

nesta última a presença de um novo pico em 1512 cm-1 (Figura 4.9). O extrato Rosmarinus não

apresentou esse pico característico nessa região e, portanto, corresponde às vibrações stretching

do anel aromático do surfactante Triton x-100 (Yang et al., 2012). A aparição desta ligação

entre a matriz polimérica e o Triton x-100 também foi evidenciada por Segundo et al., 2015 em

fibras poliméricas de policaprolactona usando concentrações crescentes do surfactante Triton

x-100 desde 0,5 até 1,5% (m/m), onde a partir desta última evidencia-se o surgimento do pico

em 1512 cm-1.

1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

v (C=O)

vs (CH2)

v (C-O)

vas (CH2)

v (C-O)

Ext.

Rosmarinus

Triton x-100

PCL

PCL/1,4%R/Tx-100

Inte

nsid

ade

(a.u

)

Numero de onda (cm-1)

1512

vs(C-O-C)vas(C-O-C)

v (C=O)

vs(CH2) vas(CH

2)

v (C-H)

v (C-H) v (C-C)v (C=O)

Figura 4.9 Espectro FTIR das fibras PCL e PCL/1,4%R/Tx-100, extrato de Rosmarinus

officinalis e o surfactante Triton X-100, onde vs* estiramento simétrico, vas* estiramento

assimétrico.

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50

4.3.3 Caracterização térmica por calorimetria exploratória diferencial (DSC)

Os termogramas das fibras de PCL, PCL/1,4%R, PCL/1,4%R/Tx-100 e

PCL/1,4%R/Tw20 são apresentados nas Figura 4.10 e Figura 4.11. As temperaturas de

cristalização (Tc) determinaram-se no resfriamento, enquanto a temperaturas de transição vítrea

(Tg) e de fusão (Tm) foram determinadas no segundo aquecimento. O grau de cristalinidade

(Xc) foi calculado usando a equação 2 (Lönnberg et al., 2008), onde 𝐻𝑚 é a entalpia de fusão

e 𝐻𝑚0 é a entalpia de fusão para o PCL 100% cristalino, esta é 136,4 J/g (Lönnberg et al.,

2008).

𝑥𝑐(%) =𝐻𝑚

𝐻𝑚0 ∗ 100% (2)

Nas Figura 4.10 e Figura 4.11 entre as fibras de PCL e PCL/1,4%R não foram

observadas variações das Tm e Tc, assim também não existe variação nas fibras

PCL/extrato/surfactante quando os surfactantes Tween 20 e Triton x-100 foram adicionados.

Com a adição do surfactante Triton x-100 nas fibras de 1,4R/Tx-100 foram obtidas as

menores temperaturas de fusão e cristalização 54 e 27,7°C, respectivamente, enquanto que na

Tabela 4.3 se observa que as fibras de PCL/1,4R/Tw20 com adição de Tween 20 apresentaram

menores entalpias de fusão, 55 (J/g) e cristalização, 66 (J/g). Nas Figura 4.10 e Figura 4.11 se

observa que as temperaturas de transição vítrea nas fibras de PCL, PCL/1,4R/Tw20 e

PCL/1,4R/Tx-100 não aumentaram com a adição dos surfactantes, estas temperaturas foram –

62, -57,7 e -59 ºC, respectivamente. Assim também, Segundo, 2015 observou em seus estudos

em fibras poliméricas de policaprolactona e diferentes tipos de surfactantes incluindo o Triton

x-100, que a adição do Triton x-100 na concentração de 1,5% (m/m), aumenta levemente a

temperatura de transição vítrea de -64 a -61ºC.

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51

-90 -60 -30 0 30 60 90 120 150

29,0

29,2

28,4

PCL/1,4R/TX-100

PCL/1,4R

PCL/1,4R/T20

Flu

xo d

e ca

lor

(mW

/mg)

Temperatura (C)

PCLEndo

27,7

Figura 4.10. Termogramas por DSC, durante o processo de resfriamento, apresentam as

temperaturas de cristalização das fibras de PCL, PCL-extrato, PCL-extrato-surfactante.

-90 -60 -30 0 30 60 90 120 150

54,2

53,3

53

PCL

PCL/1,4R/Tw-20

PCL/ 1,4R

-61,9

-61,5

-57,7

Flu

xo d

e ca

lor

(mW

/mg)

Temperatura ( C)

-59,0

Endo

PCL/1,4R/TX-100

51

Figura 4.11. Termogramas das fibras de PCL, PCL-extrato, PCL-extrato-surfactante durante o

segundo aquecimento. De esquerda à direita; temperaturas de cristalização e temperaturas de

fusão.

Como consequência da adição do extrato Rosmarinus officinalis e os surfactantes

Tween 20 ou Triton x-100, observou-se a diminuição de Xc das fibras de PCL/1,4R,

PCL/1,4R/Tw20 e PCL/1,4R/Tx-100 (Tabela 4.3). Este decréscimo é mais acentuado usando-

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se o surfactante Tween 20, chegando à redução de 39% da cristalinidade em comparação das

fibras de PCL. Por outro lado, usando-se o surfactante Triton x-100 nas fibras PCL/1,4R/Tx-

100 foi observada a redução de 19,5% e de 17,5% nas fibras de PCL/1,4R em comparação com

as fibras de PCL.

O grau de cristalinidade indica a relação existente entre as regiões cristalinas e amorfas

da amostra, o aumento da cristalinidade no polímero contribui ao alinhamento parcial das

cadeias poliméricas, influenciando as propriedades físicas e químicas (Nazila et al., 2016). O

surfactante Tween 20 presente na formulação das fibras poliméricas de

PCL/Rosmarinus/Tween 20, ocasionou o decrescimento de aproximadamente 25% da

cristalinidade das fibras de PCL/Rosmarinus. A diminuição da cristalinidade, favorece a

liberação de fármacos, já que as regiões amorfas são as únicas que apresentam permeabilidade

e, portanto, permitem o acesso das moléculas da água na matriz polimérica (Nazila et al., 2016)

Segundo Bikiaris et al, 2011, além da diminuição da cristalinidade também se favorece a

permeabilidade do fármaco o que incrementaria a taxa de liberação e biodegradação da matriz

polimérica como consequência da maior acessibilidade à ligação éster das moléculas do PCL

(Niaounakis, 2013).

Tabela 4.3. Resultados obtidos dos perfis de DSC correspondentes ao resfriamento e segundo

aquecimento.

Amostra Tg (ºC) Tm (ºC) Tc (ºC) 𝑯𝒎 (J/g) 𝑯𝒄 (J/g) Xc (%)

PCL -62 56 29,0 90 85 66

PCL/1,4R -61 56 29,2 74 82 54

PCL/1,4R/Tw20 -57,7 55 28,4 55 66 40

PCL/1,4R/Tx-100 -59 54 27,7 72 71 53

4.3.4 Caracterização superficial

Na Figura 4.12, observam-se os ângulos de contato das fibras e filmes sem adição de

surfactantes. Nestas, não foram observadas o espalhamento das gotas de água sobre suas

superfícies, pois o polímero PCL e o extrato apresentam domínios hidrofóbicos orientados na

superfície das fibras.

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53

PCL 0,7%R 1,4% R PCL 0,7%R 1,4% R

0

20

40

60

80

100

120

PCL/

1,4R

PCL/

0,7R

PCLPCL/

1,4R

PCL/

0,7R

PCL

Filme

An

gu

lo d

e c

on

tato

Fibra

Figura 4.12. Ângulo de contato das fibras e filmes de PCL, PCL/0,7%R PCL/1,4% (m/m).

Na Tabela 4.4, observa-se que as fibras sem adição de surfactantes na sua formulação,

os ângulos de contato foram maiores do que 90° e, portanto, foram classificadas como

superfícies hidrofóbicas. Enquanto os filmes apresentaram superfícies hidrofílicas com ângulos

menores do que 90°. As diferenças apresentadas entre os valores dos ângulos de contato das

fibras e filmes é consequência da rugosidade e porosidade das fibras.

Entre os ângulos das fibras de PCL e as de PCL/0,7R não foram observadas diferenças

significativas (p > 0,05). No entanto, nas comparações com as fibras de PCL/1,4R existem

diferenças. Este resultado deve-se à menor rugosidade ou porosidade apresentada nestas

últimas, de acordo com Jonsson et al., 1998, as características rugosas e porosas da superfície

influenciam no espalhamento da gota sobre a superfície sólida, resultando na alteração do

ângulo de contato.

Nos resultados apresentados na Tabela 4.4 observa-se que, os ângulos de contato das

fibras e filmes diminuíram com a adição do surfactante na formulação. As fibras passaram de

ter ângulos maiores a 90° a superfícies super-hidrofílícas com ângulos menores que 5°, e os

filmes de ângulos entre 65 - 71° a ângulos menores a 5°. Esta diminuição nos ângulos de contato

deve-se à orientação dos grupos de cabeça dos surfactantes na superfície das fibras e filmes

como apresentado na Figura 4.13, onde a tensão superficial existente entre as superfícies com

Formulação

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54

o meio aquoso se reduz. Por outro lado, as caudas hidrofóbicas dos surfactantes interagem

fisicamente com a matriz polimérica e o extrato, os quais apresentam características

hidrofóbicas. Esta mudança na hidrofobicidade também foi observado por Zargarian., et al

2017, onde as fibras poliméricas de PCL-PEO-PPO obtidas apresentaram ângulos de contato

de 135°, ao adicionar o surfactante Pluronic p123 estas tornaram-se super-hidrofílícas com

ângulos menores do que 5°.

Tabela 4.4.Ângulo de contato das fibras e filmes nas diferentes formulações

Tipo de formulação Ângulo de contato fibra (°) Ângulo de contato filme (°)

PCL PCL/ Tw 20 PCL/ Tx-100

PCL/0,7 R PCL/0,7 R/ Tw 20 PCL/0,7 R/ Tx-100

PCL/1,4 R PCL/1,4 R/Tw20

PCL/1,4 R/ Tx-100

116,9 ± 2,4 < 5 < 5

118,7 ± 4,6 < 5 < 5

105,4 ± 2,3 < 5 < 5

65,2 ± 4,5 < 5 < 5

66,8 ± 1,5 < 5 < 5

70,9 ± 2,0 < 5 < 5

Figura 4.13. Representação esquemática da orientação das moléculas de surfactante na matriz

polimérica, os grupos de cabeça dos surfactantes estão orientados para a superfície das fibras.

4.4 Quantificação do extrato incorporado nas fibras

4.4.1 Identificação das bandas principais do Rosmarinus Officinalis por UV-VIS

Na Figura 4.14 observam-se as bandas de absorção pertencentes ao extrato Rosmarinus

officinalis no espectro UV-VIS. A varredura foi feita na faixa dos 200-900 nm. As bandas

encontradas no extrato foram: 280, 320, 420 e 670 nm. Segundo a literatura, as bandas de

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55

absorção compreendidas entre os 280 - 285 nm correspondem aos compostos ácido carnósico

e carnosol (Ang et al., 2008; Herrero et al., 2010). Portanto, a absorção na banda de 280 nm foi

escolhida para a construção da curva de calibração do extrato a partir de diferentes

concentrações.

200 300 400 500 600 700 800

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Ab

sorv

ân

cia

(a

.u)

Comprimento de onda (nm)

280

Figura 4.14. Espectro de absorção do extrato Rosmarinus Officinalis na região UV-Vis.

4.4.2 Curva de calibração do extrato Rosmarinus officinalis.

Na Figura 4.15 observa-se a curva de calibração do extrato Rosmarinus officinalis em

etanol. Esta foi construída pelas medições das absorbâncias em 280 nm nas diluições em série

com concentrações de extrato: 1,875, 0,937, 0,468, 0,234, 0,117 e 0,058 mg mL. A equação da

reta obtida foi Y = 0,651X + 0,0177, com coeficiente de correlação de Pearson de R2 = 0,998,

indicando que existe correlação linear positiva entre a concentração do extrato e sua

absorbância.

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56

Figura 4.15 Curva de calibração do extrato Rosmarinus Officinalis no comprimento de onda

de 280 nm.

4.4.3 Capacidade de incorporação do extrato Rosmarinus officinalis

Para quantificar a massa de extrato incorporado nas fibras foi usada a equação da curva

de calibração do extrato, 𝑌 = 0,651𝑋 + 0,0177, Y corresponde à absorbância do extrato na

banda de absorção de 280 nm e X a concentração (mg/ml) do extrato. Com os valores da massa

de extrato incorporada em cada tipo de formulação e usando a equação 1, foi calculada a

capacidade de incorporação.

% Capacidade Incorporação =massa extrato liberado nas fibras (mg)

Pesso das fibras (mg)∗ 100% (1)

Na Figura 4.16 é mostrada a capacidade de incorporação (CI) do extrato para os

diferentes tipos de formulações. Nas formulações com extrato incorporado de 0,7% (m/m) e de

1,4% (m/m), não foram observadas diferenças estatísticas significativas na quantidade de

extrato incorporado (p > 0,05). Com este resultado, verificou-se que a adição dos surfactantes

Tween 20 ou Triton x-100 nas fibras de poliméricas de PCL com 0,7 e 1,4% (m/m) de

Rosmarinus Officinalis não influenciou sua capacidade de incorporação.

2,01,51,00,50,0

1,4

1,2

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

S 0,0187236

R-Sq 99,9%

R-Sq(adj) 99,8%

concentração extrato (mg/ml)

Ab

sorv

ânci

a (a

.u)

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57

0

2

4

6

8

10

PCL

1,4R PCL

0,7 R

PCL/1,4R

Tx-100

PCL/1,4R

Tw-20

PCL/0,7R

Tx-100

PCL/0,7R

Tw-20

Ca

pa

cid

ad

e d

e in

co

rpo

raç

ao

(%

)

Tipo de formulaçao

% Encapsulaçمo

Figura 4.16. Capacidade de incorporação do extrato Rosmarinus em diferentes tipos de

formulações, usando concentrações de extrato de 0,7 e 1,4 % (m/m)

5 CONCLUSÕES

5.1 Conclusões

O extrato de Rosmarinus officinalis obtido e incorporado nas fibras de PCL apresenta

boas propriedades antimicrobianas contra as bactérias Gram-positivas SARM, EFVR e

o fungo C. Albicans.

A caracterização das fibras de PCL, PCL/1,4R, PCL/1,4R/T20 e PCL/1,4R/T100

permitiu determinar a influência da adição dos surfactantes Tween 20 e Triton X-100.

O estudo de molhabilidade mostrou a mudança na hidrofobicidade das superfícies das

fibras devido a adição dos surfactantes, apresentando ângulos menores a 5º, tornando as super-

hidrofílícas.

A adição do extrato-surfactante favorece a diminuição dos diâmetros das fibras obtidas

por rotofiação.

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58

A adição do extrato como dos surfactantes resulta na redução da cristalinidade,

destacando-se a redução de 25% da cristalinidade nas fibras de PCL/1,4R/T20 em comparação

com as de PCL/1,4R.

Os resultados obtidos sugerem que os surfactantes Tween 20 e Triton x-100 podem ser

usados como modificadores das propriedades de matrizes poliméricas junto com extratos

hidrofóbicos visando facilitar a liberação do extrato.

5.2 Sugestões para trabalhos futuros.

• Realizar ensaios de liberação das fibras incorporadas com extrato e surfactantes para estudar

a influência do uso dos surfactantes Tween 20 e Triton X-100.

• Avaliar a atividade antimicrobiana in vitro do extrato de Rosmarinus liberado das fibras nas

bactérias Gram-positivas: EFVR, SARM e C. albicans.

• Realizar ensaios de citoxicidade em fibroblastos do extrato Romarinus officinalis e das

fibras de PCL/Rosmarinus e PCL/Rosmarinus /Tween 2º ou Triton x-100 obtidas por

Rotofiação.

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