ÓCIO, LAZER E TIC Joaquim Ribeiro

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Ribeiro, Joaquim Virgílio (2010), Ócio, Lazer e TIC, in Lopes, Marcelino de Sousa e Peres, Mariana Salgado (Coordenadores), Animação Sociocultural e Necessidades Educativas Especiais. Chaves: Ed. Intervenção, pp. 178 a 189 ÓCIO, LAZER E TIC Joaquim Virgílio Perfeito Ribeiro Chaves, 4 de Março de 2010 O lazer é uma importante componente da qualidade de vida dos cidadãos. No caso dos cidadãos portadores de necessidades especiais, o lazer e a recreação possibilitam a integração comunitária, o aumento da auto-estima e também o desenvolvimento e descoberta de novas potencialidades individuais. Promover a acessibilidade em ambientes construídos e proporcionar condições de mobilidade e acessibilidade, com autonomia e segurança, constitui um direito universal o qual resultaria em conquistas sociais importantes, que, só por si, reforçam o conceito de cidadania. A recreação e o lazer são um veículo privilegiado de inclusão, pois estabelece-se uma relação directa entre indivíduos ditos “normais” e pessoas portadoras de limitações. Além de favorecer momentos mais prazenteiros, parte-se do pressuposto de que estas pessoas podem e devem viver em sociedade, tendo uma vida normal, onde a sua inclusão só tende a contribuir para um melhor e mais eficaz desenvolvimento motor, cognitivo, afectivo e social. Qualquer pessoa, independentemente da sua classe social ou diferença, deve e pode desfrutar do seu tempo livre para praticar actividades que possam melhorar a sua qualidade de vida, sendo assim incluídos na sociedade e não excluídos por ela. Página | 1

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Ribeiro, Joaquim Virgílio (2010), Ócio, Lazer e TIC, in Lopes, Marcelino de Sousa e Peres, Mariana Salgado (Coordenadores), Animação Sociocultural e Necessidades Educativas Especiais. Chaves: Ed. Intervenção, pp. 178 a 189

ÓCIO, LAZER E TICJoaquim Virgílio Perfeito Ribeiro

Chaves, 4 de Março de 2010

O lazer é uma importante componente da qualidade de vida dos cidadãos. No caso dos

cidadãos portadores de necessidades especiais, o lazer e a recreação possibilitam a integração

comunitária, o aumento da auto-estima e também o desenvolvimento e descoberta de novas

potencialidades individuais. Promover a acessibilidade em ambientes construídos e

proporcionar condições de mobilidade e acessibilidade, com autonomia e segurança, constitui

um direito universal o qual resultaria em conquistas sociais importantes, que, só por si,

reforçam o conceito de cidadania.

A recreação e o lazer são um veículo privilegiado de inclusão, pois estabelece-se uma relação

directa entre indivíduos ditos “normais” e pessoas portadoras de limitações. Além de

favorecer momentos mais prazenteiros, parte-se do pressuposto de que estas pessoas podem

e devem viver em sociedade, tendo uma vida normal, onde a sua inclusão só tende a contribuir

para um melhor e mais eficaz desenvolvimento motor, cognitivo, afectivo e social. Qualquer

pessoa, independentemente da sua classe social ou diferença, deve e pode desfrutar do seu

tempo livre para praticar actividades que possam melhorar a sua qualidade de vida, sendo

assim incluídos na sociedade e não excluídos por ela.

Vivemos numa sociedade supostamente evoluída científica e tecnologicamente, mas marcada

pela pobreza que atinge uma grande parte da população, e ainda é muito visível a exclusão

social, esta evidenciada pelo preconceito, pela discriminação e pela indiferença.

Estas formas de exclusão são mais evidentes para com as pessoas com necessidades especiais:

a falta de acessibilidade a muitos espaços ditos “públicos”, a falta de conhecimento a respeito

de questões relacionadas com estas pessoas, o super-protecionismo por parte da família e das

pessoas do círculo restrito de amigos e vizinhos, a falta de políticas públicas de lazer e

recreação para estes, são a prova evidente desta exclusão.

“O Desenho Universal não é uma tecnologia direccionada apenas aos que dela necessitam: é para todas as pessoas. A ideia do desenho universal é evitar a necessidade de ambientes e produtos especiais para pessoas com deficiência, no sentido que todos possam utilizar todos os componentes do ambiente e todos os produtos”. (SASSAKI, 1997).

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Soluções que venham contribuir para o processo de inclusão devem constituir-se como buscas

constantes e incessantes para o desenvolvimento pleno de uma sociedade que se quer

inclusiva. A norma é estas questões serem assumidas por organizações externas ao estado:

IPSS.

“As pessoas portadoras de necessidades especiais trazem em si uma variação populacional geral da espécie que pode ser genética, da fase de crescimento, maturação e desenvolvimento, idade e tempo de duração do estímulo e do contexto sociocultural.” (Ferreira, 2001).

Acreditamos que o lazer é um elemento indispensável à vida de qualquer indivíduo, além de

ser uma importante componente no processo de inclusão social.

“O que define a pessoa portadora de deficiência não é a falta de um membro nem a visão ou audição reduzidas. O que caracteriza a pessoa portadora de deficiência é a dificuldade de se relacionar, de se integrar na sociedade, o grau de dificuldade para a integração social é que definirá quem é ou não portador de deficiência”. Araújo (1997)

No nosso trabalho diário desenvolvemos processos de avaliação da acessibilidade dos

indivíduos portadores de limitações às Tecnologias da Informação e Comunicação. É neste

sentido que nos iremos debruçar mais sobre estes aspectos na vida destas pessoas e na forma

de poderem utilizar estas tecnologias no seu tempo de ócio e lazer.

O progresso tecnológico tem contribuído, de um modo geral, para incrementar as

possibilidades do ser humano para um novo e maior desenvolvimento na forma de vida e, por

sua vez, promove horizontes mais amplos para melhorar a qualidade da vida. Incorporando o

progresso da tecnologia avança-se, assim, para a melhoria da sociedade em todos os seus

aspectos. No entanto, a construção de uma sociedade cada vez mais sofisticada implica uma

organização mais complexa o que requer continuamente novos e mais específicos

conhecimentos e habilidades da parte dos indivíduos, se se quiser usufruir das oportunidades

oferecidas. Nas pessoas portadoras de limitações, esta complexidade progressiva das

exigências do ambiente social pode ter um efeito oposto ao pretendido pelo progresso social.

Muitas vezes, em vez de facilitar e simplificar o desenvolvimento destas pessoas, podem criar-

se obstáculos intransponíveis, que devem ser evitados em prol do acesso às tecnologias. No

campo da tecnologia, se um sistema tecnológico está configurado de modo a que seja pouco

acessível às pessoas portadoras de limitações ao nível cognitivo, sensorial e/ou motor,

estamos a criar um processo de exclusão digital e consequentemente social. Se se

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considerarem as tecnologias no contexto educacional, em que o potencial como ferramenta de

ensino está a mostrar-se extremamente importante, as limitações no acesso a estas

tecnologias traduzem-se necessariamente em limitações no acesso à educação. Mas também

vale a pena recordar o perigo que representam os meios tecnológicos quando considerados

como a panaceia universal para contemplar o sucesso de todos os alunos com necessidades

educativas especiais (NEE). O recurso tecnológico em si não é a varinha mágica que resolve

totalmente qualquer problema, embora se possa dizer que as novas tecnologias no mundo de

hoje e do futuro, representam um caminho de esperança na educação especial e vida

quotidiana das pessoas com necessidades especiais (Gonzalez e Lopez, 1994).

PARA UM CONCEITO DE NOVAS TECNOLOGIAS

Este é um conceito ambíguo. Em todos os momentos da história da humanidade houve novas

tecnologias (NNTT). Por isso é importante contextualizar o termo dentro de um determinado

período da história. A roda, a imprensa, o motor a vapor, etc., foram, nos respectivos

momentos históricos, as NNTT dos seus dias. Também é contraditório o simples facto de que o

termo "novo" se torna obsoleto a cada momento que passa (Cabero e outros, 2000). Numa

perspectiva geral, pode dizer-se que as novas tecnologias são aquelas que criam, armazenam,

recuperam e transmitem informações de forma rápida e em grande quantidade, e fazem-no

combinando diferentes tipos de códigos numa só realidade, hipermédia.

Na sociedade actual, os especialistas entendem que "Tecnologia da Informação e

Comunicação" (TIC) é o termo mais adequado, deixando o termo novas tecnologias (NNTT)

para as tecnologias de última geração.

Podem considerar-se alguns dos grandes benefícios das TIC:

a) A versatilidade e flexibilidade que permite múltiplas aplicações, com objectivos

diferentes, e ainda a adaptação a cada caso específico. É ainda possível utilizar um

único dispositivo ou programa por várias crianças e/ou adultos, apenas com alguns

ajustes.

b) Facilitam a individualização do ensino, combinando tarefas, tendo em conta o nível de

habilidades de cada aluno e de acordo com seu próprio ritmo.

c) Permitem a repetição de um exercício (com "paciência infinita") e autocorrecção

imediata.

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d) Aumenta o grau de autonomia e independência pessoal uma vez que a criança pode

trabalhar sozinha e com necessidade de menos ajuda do outro. Isso também aumenta

a sua auto-estima, permite que o professor tenha mais tempo para dedicar a outros

alunos ou actividades.

e) Permite uma maior rapidez e qualidade do trabalho, poupando um esforço

considerável para a criança e ajuda a eliminar a sensação de fracasso.

f) Permite também a concepção de actividades de trabalho cooperativo, o que pode ser

um meio para aumentar a comunicação e a socialização do grupo (por exemplo,

actividades de lazer ou treino de habilidades sociais).

g) O computador oferece a possibilidade de armazenar dados sobre as realizações de

cada criança, gravando ou imprimindo.

O uso de software padrão pode ter vários tratamentos, permitindo um controle mais objectivo

do progresso do aluno e da validade do próprio programa, o que torna possível tomar decisões

oportunas.

Mas também existem alguns inconvenientes:

a) Frequentemente é criticado o elevado custo do software e do hardware, pelo que não

é possível o acesso a estes recursos por todos aqueles que deles necessitam. Além

disso, o rápido progresso da investigação, em muitos produtos, torna-os ultrapassados

num curto período de tempo.

b) A Falta de preparação dos profissionais da educação, com a incorporação das TIC no

currículo escolar exige uma reavaliação, resultando, por vezes em situações de

suspeita e rejeição. Além disso, há poucas escolas, ou nenhumas, que têm profissionais

especializados num determinado programa, responsável por analisar a evolução do

software.

c) A utilização inadequada de meios tecnológicos, como resultado da introdução destes

no campo educacional, como mera moda e a falta de abordagens anteriores que

considerem os estudos das reais capacidades da criança e conformes com as suas

necessidades e as possibilidades de integrar a sua utilização num currículo

convencional.

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É no campo da aplicação das TIC para as pessoas com limitações que surge o termo Tecnologia

de Apoio (também se usa a terminologia “tecnologia assistiva” ou “adaptada” e mais

recentemente, “produto de apoio”). Na área da educação começou a ser desenvolvida e

utilizada quando se passou de um modelo baseado no défice (para quem trabalhou muitos

anos na educação especial sabe que com isto se entende que era a criança que se deveria

adaptar ao ambiente e não o ambiente ao seu défice) para um modelo baseado no desenho

universal, acessibilidade para todos, ou seja, é o ambiente educativo, o currículo, que deve

adaptar-se ao aluno. É neste momento que surge a necessidade das chamadas ajudas técnicas.

Por ajudas técnicas entende-se então "…qualquer item, equipamento global ou parcial ou

sistema adquirido comercialmente, adaptado às limitações de uma pessoa e que é usado para

aumentar ou melhorar as capacidades funcionais destas, ou para alterar ou introduzir novos

comportamentos." (Cook e Hussey, 1995).

Nesta área de aplicação deve ter-se uma visão ampla das tecnologias, nunca descurando o

design ou o material de que é fabricada. As Tecnologias de Apoio, agora Produtos de Apoio,

cobrem um amplo espectro de equipamentos, ferramentas ou sistemas, alguns deles

projectados com outras finalidades mas que, pela sua funcionalidade, são susceptíveis de

serem utilizados como ajudas.

Existem diferentes formas de classificar as tecnologias de apoio e que podem dividir-se nas

seguintes áreas:

- Sistemas de treino: motor, continência, fala, leitura e software adaptado;

- SAA de acesso à informação ambiental: aqui também se incluem as ajudas para

pessoas com deficiência visual e / ou auditiva.

- Tecnologia de acesso ao computador: aqui inserem-se todos os sistemas que permitam

às pessoas com deficiências físicas e sensoriais utilizar sistemas de computador

convencional.

- SAAC (sistemas de comunicação aumentativa e alternativa): As novas tecnologias

foram permitindo, recentemente, a produção de comunicadores com recursos

altamente sofisticados como a síntese de voz, permitindo a passagem imediata de

texto para fala e os sistemas de previsão para acelerar a produção da mensagem

escrita.

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Além disso também existem comunicadores com saída de voz digitalizada, para permitir a

utilização de imagens e sistemas pictográficos (SPC, Bliss, etc) e ainda programas que

permitem reproduzir e gerir esses sistemas em computadores pessoais e até mesmo transmiti-

los através da rede de telecomunicações.

Poderíamos ainda considerar outras tecnologias que podem a todo o momento ser

susceptíveis de adaptação:

- Tecnologias para a mobilidade pessoal: cadeiras de rodas (manuais e de auto-

propulsão), bengalas, veículos automóveis adaptados, etc.

- Tecnologia para a manipulação e controle do meio ambiente, inclui robôs, sistemas

electrónicos de controlo ambiental, por som ou por infravermelhos etc.

- Reabilitação e Tecnologia: Todos os sistemas e ajudas técnicas utilizados no processo

de reabilitação.

- Tecnologias de Apoio/Assistivas: sistemas e ajudas técnicas utilizadas para manter os

aspectos vitais da pessoa com deficiência como os auxiliares de respiração, os colchões

anti-escaras, etc.

Todas estas categorias são complementares. Por exemplo, um sistema de acesso ao

computador pode ser usado em conjunto com um computador e um programa e como

comunicador e todos eles num conjunto, para formar um sistema alternativo de comunicação.

Os recursos tecnológicos na educação podem servir para várias funções:

a) Como uma ferramenta de comunicação. Às vezes, como única alternativa para

pessoas que não conseguem utilizar a linguagem.

b) Como ferramenta para o desenvolvimento de diversas competências e habilidades,

como as capacidades de atenção e concentração, capacidade lógica e pensamento

convergente, a linguagem nas suas duas vertentes compreensiva e expressiva,

incluindo mesmo a criatividade e a socialização.

c) Como um instrumento para a valorização educacional. Especialmente no caso dos

alunos com limitações graves que necessitam de utilizar esses meios para comunicar e

realizar as suas tarefas escolares.

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d) Como objecto lúdico, para jogar individualmente ou em grupo, o que também

promove a socialização.

e) Como meio para desenvolver a autonomia pessoal e integração social. Existem

sistemas computadorizados para controlar equipamentos eléctricos e mecânicos: ligar

as luzes, pegar o telefone, accionar brinquedos, etc.

f) Como meio de preparação profissional. Para adquirir conhecimentos básicos para o

exercício de uma profissão e superar limitações pessoais, permitindo trabalhar num

meio normalizado (Lopez e Lopez, 1994).

Vejamos três exemplos específicos que consideramos particularmente importantes nessa área:

o computador, Internet e a realidade virtual.

ÓCIO, LAZER E O COMPUTADOR

Felizmente o computador é a máquina mais facilmente modificável e adaptável às

necessidades individuais de cada um. Este dispositivo foi concebido para satisfazer os

objectivos adequando-se às necessidades de cada um dos utilizadores. Esta qualidade tem

conseguido transformar o computador num recurso valioso para pessoas com limitações.

Normalmente, não é vulgar encontrar noutras tecnologias esta facilidade de adaptação. À

volta das tecnologias da computação convencional surgiu um mundo de aparelhos e

adaptações, e muitos destes desenvolvidos especificamente para pessoas portadoras de

limitações, facilitando-lhes o acesso e eliminando barreiras. No entanto isto não significa que à

volta do computador não estão, ainda, presentes barreiras, mas, pelo menos, já se consegue

algumas adaptações através da incorporação de dispositivos de acessibilidade, sendo que

estes já fazem parte do software de origem. Podemos dar como exemplo, as opções de

acessibilidade encontradas no Painel de Controle dos nossos computadores.

Alguns exemplos a considerar:

- Redefinição do teclado: muitas pessoas com limitações ao nível do controle motor têm o

acesso ao computador muito limitado, mesmo para tarefas aparentemente simples

como a selecção de um caracter, um ponto final, por exemplo. Acontece que para

símbolos mais complexos, ou melhor, que exigem comandos mais complexos, como por

exemplo, utilizar o travessão ou o hífen, terão de premir duas teclas em simultâneo. Este

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tipo de tarefa exige ajudas técnicas simples. Então, nestes casos é possível redefinir o

teclado.

- Reduzir a velocidade de alguns programas: Alguns programas podem “correr” mais

depressa do que seria desejável, atendendo às necessidades do indivíduo. Existe

também a possibilidade de programar a velocidade de acordo com as necessidades de

cada um.

- Alterar o tempo limite: As pessoas com deficiência motora, ao nível do trem superior,

normalmente apresentam lentidão e inexactidão nos movimentos das mãos e dedos,

apresentando sérias limitações na manipulação do teclado convencional. Nalguns casos

precisam de mais tempo para levantar os dedos ou os apontadores e pressionar as

teclas. Acontece que se uma tecla for pressionada por mais de meio segundo o sinal

repete-se automaticamente. Existe a possibilidade de programar as teclas de modo a

que elas funcionem como interruptores convencionais.

- Ampliação de caracteres e imagens: Para muitos utilizadores com deficiência visual a

única forma de perceberem o que está no ecrã é através da ampliação dos registos do

monitor.

- Redundância visual: Em determinadas circunstâncias, o computador, através de sinais

sonoros, pode dizer-nos que alguma coisa se está a passar, prendendo deste modo a

atenção do utilizador.

- A Redundância Auditiva: o teclado do computador tem luzes indicadoras. Cada acção

pode traduzir-se pela activação dessas funções: caps lock (letras maiúsculas), o

bloqueador numérico, etc., Mas se o utilizador com deficiência visual tem dificuldade

em perceber essas mudanças de teclas de função, pode programar-se uma auto-ajuda

através de um sinal sonoro, tons (alto e baixo), para indicar que qualquer uma dessas

funções (luzes) foi activada e também pode programar-se um alerta diferente para

indicar quando elas são desactivadas.

- Acesso mais rápido a funções (escrita, por exemplo): uma macro é uma sequência de

acções que são executadas uma após a outra, chamando um único comando. Ao criar

uma macro o utilizador automatiza sequências de teclas para executar determinadas

tarefas. Com uma única operação de comando que activa a macro, executa todas as

operações da lista, na ordem que aparece nesta.

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- Simulador de Rato (Mouse Simulator): é assim chamada esta auto-ajuda. Serve para

emular (substituir), através do teclado, os movimentos do rato e acções usando o

teclado numérico.

- Simulador de teclados. Quando a pessoa não tem, de forma alguma, a possibilidade de

usar o teclado do computador existe sempre outra alternativa, através de um sistema

que realiza as mesmas operações que o dispositivo de entrada convencional, o teclado

virtual no ecrã. O indivíduo, com a ajuda de um switch, um rato ou outro dispositivo,

pode no ecrã, seleccionar cada um dos caracteres e teclas especiais do teclado, da

mesma forma que o faria no teclado convencional, podendo usar os dedos, num ecrã

táctil, ou um apontador.

Depois vêm as escolhas das alternativas que irão eliminar as barreiras ao acesso, após a sua

identificação. As barreiras são avaliadas com base na limitação da pessoa. Logicamente, as

chaves para impulsionar o processo de avaliação encontram-se nos objectivos que a pessoa

tem para a utilização do computador. No entanto o mercado de ajudas técnicas ainda não

oferece acesso à completa eliminação destas barreiras apesar da vasta gama de possibilidades

oferecidas.

A INTERNET, LÚDICO E APRENDIZAGEM

A Internet pode ser definida como um conjunto de redes de computadores distribuídos em

todo o mundo, interligados através de vários meios, que podem operar e comunicar uns com

os outros, isto porque seguem o mesmo conjunto de regras para a comunicação e as mesmas

operações.

Que tipo de serviços que nos oferece?

- Wordl Wide Web (WWW): Um serviço de consulta de documentos em hipertexto.

- E-mail: o E-mail permite aos usuários enviar e receber mensagens de e-mail de outros

usuários da rede, localizados em qualquer parte do mundo (desde que tenham um e-

mail).

- IRC: falar em tempo real; é uma acção para estabelecer uma comunicação sincronizada

e em tempo real, utilizando o som e a imagem.

- Listas de distribuição ou listas de discussão: Um sistema que permite enviar/receber

mensagens para/de um grupo de pessoas interessadas num assunto em particular.

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- Notícias ou grupo de notícias: boletins virtuais são documentos, cada um especializado

num assunto determinado, onde todos os usufrutuários podem ler as perguntas,

respostas e opiniões deixadas por outros e, claro, participar respondendo e pedindo

feed-back.

- Revistas e livros electrónicos. São arquivos, em determinados formatos (.doc; .pdf, etc.)

que podem ser transferidos, copiados ou lidos através do monitor.

-Telnet: Permite o acesso remoto a outros computadores ligados à rede e podem

fornecer programas, equipamentos ou informação e ainda obter documentos e

produtos específicos, quer livres ou através de pagamento.

Há uma questão interessante que nos apraz propor:

Será que existe Internet “para todos”? Esta está acessível a todos? O que faz esta ferramenta

frente à diversidade educacional? Como pode servir a diversidade dos indivíduos?

Poderíamos falar, essencialmente, de dois tipos principais de aplicação:

• Para os profissionais da educação, não há dúvidas de que a Internet implica a possibilidade

de obter informações actualizadas sobre praticamente qualquer coisa, que vão desde o treino

educativo até aos últimos desenvolvimentos da pedagogia, quer convencionais quer

adaptadas, uma vez que nela se podem encontrar referências a quase todos os tipos de

problemas. Além disso facilita o contacto entre profissionais, não importa onde seja o local de

trabalho, permitindo conhecer outras e novas experiências que podem ser interessantes para

cada um de nós.

• Para as pessoas cujas características são os problemas graves de mobilidade (ou outras

deficiências), existe a possibilidade da formação no seu próprio contexto, ter acesso a cursos

concebidos especialmente para serem dados através da rede (e-learning), embora essa opção

possa não estar ainda muito difundida no nosso país. Além disso, com os recursos adequados,

podemos assistir a uma aula, numa sala de aula virtual, e assim, desta forma, os alunos

poderão participar do desenvolvimento da turma e até mesmo partilhar com o professor e os

pares (através de videoconferência) do desenrolar da aula. Estas são, sem dúvida, ainda

opções que podem ser pouco divulgadas, mas acreditamos que serão uma das opções de

integração num futuro já muito próximo. Outra das vertentes será a breve trecho o

Teletrabalho.

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Contudo devemos questionar-nos se estas opções serão realmente inclusivas e se isto implica

a integração social?

REALIDADE VIRTUAL.

Uma tecnologia que os especialistas apontam como importante no futuro é a realidade virtual

e a forma como ela é capaz de manipular um objecto num ambiente diferente, sem existir

fisicamente... Imagine-se o que pode significar para as pessoas com determinadas deficiências,

esta oportunidade.

CONCLUINDO

Educar na diversidade, requer uma grande quantidade de materiais na sala de aula de modo a

diversificar o processo ensino-aprendizagem. A diversificação das estratégias de ensino-

aprendizagem exigem o uso de muitos materiais diferentes. Neste sentido, as tecnologias de

apoio podem representar para os alunos com NEE, um elemento crucial para normalizar as

suas vidas e em alguns casos, uma das poucas opções de acesso a um currículo que, de outro

modo, lhe estaria vedado. Também pode ser considerado um meio de serem resgatados de

um mundo de silêncio, onde a ausência de um código compreensível para a maioria deles, os

condicionaria, no mínimo, a serem comunicadores passivos, deixando-lhes oportunidades

muito reduzidas para serem capazes de expressar todo o seu rico mundo interior. As TIC são,

sobretudo, para estas populações, um caminho para a integração. Várias experiências

mostram que, para individualizar o ensino, a vida quotidiana e o lazer, a adaptação das

tecnologias às necessidades específicas de cada um, incorporando os computadores na sala de

aula e nos serviços públicos, como um recurso de acesso à comunicação, promove a integração

não só física, mas também a integração social, tornando a sociedade mais inclusiva.

(Stevenson, 2002).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agencia Europeia para o Desenvolvimento em Necessidades Educativas Especiais, (2001) “Tecnologias de Informação e Comunicação nas Necessidades Educativas Especiais”, [Information and Communication Technology (ICT) in Special Needs Education (SNE)], http://www.european-agency.org, disponível em 28/02/2010 11hCabero, J., Salinas, J., Duarte, A., Domingo, J. (2000). Nuevas tecnologias aplicadas a la educación. Madrid: Editorial Síntesis.Cook, A. M., Hussey, S. M. (1995). Assistive Technologies: Principles and Practice. NY: Mosby Gaines, A. E., Gallo-Lopez, L. (2005). Play Therapy with Adolescents. Oxford: Rowman & Littlefield Publishers .Kung, Hans (1996). Projecto para uma Ética Mundial. Lisboa: Instituto Piaget.

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