ÓCIO, LAZER E TIC Joaquim Ribeiro
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Ribeiro, Joaquim Virgílio (2010), Ócio, Lazer e TIC, in Lopes, Marcelino de Sousa e Peres, Mariana Salgado (Coordenadores), Animação Sociocultural e Necessidades Educativas Especiais. Chaves: Ed. Intervenção, pp. 178 a 189
ÓCIO, LAZER E TICJoaquim Virgílio Perfeito Ribeiro
Chaves, 4 de Março de 2010
O lazer é uma importante componente da qualidade de vida dos cidadãos. No caso dos
cidadãos portadores de necessidades especiais, o lazer e a recreação possibilitam a integração
comunitária, o aumento da auto-estima e também o desenvolvimento e descoberta de novas
potencialidades individuais. Promover a acessibilidade em ambientes construídos e
proporcionar condições de mobilidade e acessibilidade, com autonomia e segurança, constitui
um direito universal o qual resultaria em conquistas sociais importantes, que, só por si,
reforçam o conceito de cidadania.
A recreação e o lazer são um veículo privilegiado de inclusão, pois estabelece-se uma relação
directa entre indivíduos ditos “normais” e pessoas portadoras de limitações. Além de
favorecer momentos mais prazenteiros, parte-se do pressuposto de que estas pessoas podem
e devem viver em sociedade, tendo uma vida normal, onde a sua inclusão só tende a contribuir
para um melhor e mais eficaz desenvolvimento motor, cognitivo, afectivo e social. Qualquer
pessoa, independentemente da sua classe social ou diferença, deve e pode desfrutar do seu
tempo livre para praticar actividades que possam melhorar a sua qualidade de vida, sendo
assim incluídos na sociedade e não excluídos por ela.
Vivemos numa sociedade supostamente evoluída científica e tecnologicamente, mas marcada
pela pobreza que atinge uma grande parte da população, e ainda é muito visível a exclusão
social, esta evidenciada pelo preconceito, pela discriminação e pela indiferença.
Estas formas de exclusão são mais evidentes para com as pessoas com necessidades especiais:
a falta de acessibilidade a muitos espaços ditos “públicos”, a falta de conhecimento a respeito
de questões relacionadas com estas pessoas, o super-protecionismo por parte da família e das
pessoas do círculo restrito de amigos e vizinhos, a falta de políticas públicas de lazer e
recreação para estes, são a prova evidente desta exclusão.
“O Desenho Universal não é uma tecnologia direccionada apenas aos que dela necessitam: é para todas as pessoas. A ideia do desenho universal é evitar a necessidade de ambientes e produtos especiais para pessoas com deficiência, no sentido que todos possam utilizar todos os componentes do ambiente e todos os produtos”. (SASSAKI, 1997).
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Soluções que venham contribuir para o processo de inclusão devem constituir-se como buscas
constantes e incessantes para o desenvolvimento pleno de uma sociedade que se quer
inclusiva. A norma é estas questões serem assumidas por organizações externas ao estado:
IPSS.
“As pessoas portadoras de necessidades especiais trazem em si uma variação populacional geral da espécie que pode ser genética, da fase de crescimento, maturação e desenvolvimento, idade e tempo de duração do estímulo e do contexto sociocultural.” (Ferreira, 2001).
Acreditamos que o lazer é um elemento indispensável à vida de qualquer indivíduo, além de
ser uma importante componente no processo de inclusão social.
“O que define a pessoa portadora de deficiência não é a falta de um membro nem a visão ou audição reduzidas. O que caracteriza a pessoa portadora de deficiência é a dificuldade de se relacionar, de se integrar na sociedade, o grau de dificuldade para a integração social é que definirá quem é ou não portador de deficiência”. Araújo (1997)
No nosso trabalho diário desenvolvemos processos de avaliação da acessibilidade dos
indivíduos portadores de limitações às Tecnologias da Informação e Comunicação. É neste
sentido que nos iremos debruçar mais sobre estes aspectos na vida destas pessoas e na forma
de poderem utilizar estas tecnologias no seu tempo de ócio e lazer.
O progresso tecnológico tem contribuído, de um modo geral, para incrementar as
possibilidades do ser humano para um novo e maior desenvolvimento na forma de vida e, por
sua vez, promove horizontes mais amplos para melhorar a qualidade da vida. Incorporando o
progresso da tecnologia avança-se, assim, para a melhoria da sociedade em todos os seus
aspectos. No entanto, a construção de uma sociedade cada vez mais sofisticada implica uma
organização mais complexa o que requer continuamente novos e mais específicos
conhecimentos e habilidades da parte dos indivíduos, se se quiser usufruir das oportunidades
oferecidas. Nas pessoas portadoras de limitações, esta complexidade progressiva das
exigências do ambiente social pode ter um efeito oposto ao pretendido pelo progresso social.
Muitas vezes, em vez de facilitar e simplificar o desenvolvimento destas pessoas, podem criar-
se obstáculos intransponíveis, que devem ser evitados em prol do acesso às tecnologias. No
campo da tecnologia, se um sistema tecnológico está configurado de modo a que seja pouco
acessível às pessoas portadoras de limitações ao nível cognitivo, sensorial e/ou motor,
estamos a criar um processo de exclusão digital e consequentemente social. Se se
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considerarem as tecnologias no contexto educacional, em que o potencial como ferramenta de
ensino está a mostrar-se extremamente importante, as limitações no acesso a estas
tecnologias traduzem-se necessariamente em limitações no acesso à educação. Mas também
vale a pena recordar o perigo que representam os meios tecnológicos quando considerados
como a panaceia universal para contemplar o sucesso de todos os alunos com necessidades
educativas especiais (NEE). O recurso tecnológico em si não é a varinha mágica que resolve
totalmente qualquer problema, embora se possa dizer que as novas tecnologias no mundo de
hoje e do futuro, representam um caminho de esperança na educação especial e vida
quotidiana das pessoas com necessidades especiais (Gonzalez e Lopez, 1994).
PARA UM CONCEITO DE NOVAS TECNOLOGIAS
Este é um conceito ambíguo. Em todos os momentos da história da humanidade houve novas
tecnologias (NNTT). Por isso é importante contextualizar o termo dentro de um determinado
período da história. A roda, a imprensa, o motor a vapor, etc., foram, nos respectivos
momentos históricos, as NNTT dos seus dias. Também é contraditório o simples facto de que o
termo "novo" se torna obsoleto a cada momento que passa (Cabero e outros, 2000). Numa
perspectiva geral, pode dizer-se que as novas tecnologias são aquelas que criam, armazenam,
recuperam e transmitem informações de forma rápida e em grande quantidade, e fazem-no
combinando diferentes tipos de códigos numa só realidade, hipermédia.
Na sociedade actual, os especialistas entendem que "Tecnologia da Informação e
Comunicação" (TIC) é o termo mais adequado, deixando o termo novas tecnologias (NNTT)
para as tecnologias de última geração.
Podem considerar-se alguns dos grandes benefícios das TIC:
a) A versatilidade e flexibilidade que permite múltiplas aplicações, com objectivos
diferentes, e ainda a adaptação a cada caso específico. É ainda possível utilizar um
único dispositivo ou programa por várias crianças e/ou adultos, apenas com alguns
ajustes.
b) Facilitam a individualização do ensino, combinando tarefas, tendo em conta o nível de
habilidades de cada aluno e de acordo com seu próprio ritmo.
c) Permitem a repetição de um exercício (com "paciência infinita") e autocorrecção
imediata.
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d) Aumenta o grau de autonomia e independência pessoal uma vez que a criança pode
trabalhar sozinha e com necessidade de menos ajuda do outro. Isso também aumenta
a sua auto-estima, permite que o professor tenha mais tempo para dedicar a outros
alunos ou actividades.
e) Permite uma maior rapidez e qualidade do trabalho, poupando um esforço
considerável para a criança e ajuda a eliminar a sensação de fracasso.
f) Permite também a concepção de actividades de trabalho cooperativo, o que pode ser
um meio para aumentar a comunicação e a socialização do grupo (por exemplo,
actividades de lazer ou treino de habilidades sociais).
g) O computador oferece a possibilidade de armazenar dados sobre as realizações de
cada criança, gravando ou imprimindo.
O uso de software padrão pode ter vários tratamentos, permitindo um controle mais objectivo
do progresso do aluno e da validade do próprio programa, o que torna possível tomar decisões
oportunas.
Mas também existem alguns inconvenientes:
a) Frequentemente é criticado o elevado custo do software e do hardware, pelo que não
é possível o acesso a estes recursos por todos aqueles que deles necessitam. Além
disso, o rápido progresso da investigação, em muitos produtos, torna-os ultrapassados
num curto período de tempo.
b) A Falta de preparação dos profissionais da educação, com a incorporação das TIC no
currículo escolar exige uma reavaliação, resultando, por vezes em situações de
suspeita e rejeição. Além disso, há poucas escolas, ou nenhumas, que têm profissionais
especializados num determinado programa, responsável por analisar a evolução do
software.
c) A utilização inadequada de meios tecnológicos, como resultado da introdução destes
no campo educacional, como mera moda e a falta de abordagens anteriores que
considerem os estudos das reais capacidades da criança e conformes com as suas
necessidades e as possibilidades de integrar a sua utilização num currículo
convencional.
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É no campo da aplicação das TIC para as pessoas com limitações que surge o termo Tecnologia
de Apoio (também se usa a terminologia “tecnologia assistiva” ou “adaptada” e mais
recentemente, “produto de apoio”). Na área da educação começou a ser desenvolvida e
utilizada quando se passou de um modelo baseado no défice (para quem trabalhou muitos
anos na educação especial sabe que com isto se entende que era a criança que se deveria
adaptar ao ambiente e não o ambiente ao seu défice) para um modelo baseado no desenho
universal, acessibilidade para todos, ou seja, é o ambiente educativo, o currículo, que deve
adaptar-se ao aluno. É neste momento que surge a necessidade das chamadas ajudas técnicas.
Por ajudas técnicas entende-se então "…qualquer item, equipamento global ou parcial ou
sistema adquirido comercialmente, adaptado às limitações de uma pessoa e que é usado para
aumentar ou melhorar as capacidades funcionais destas, ou para alterar ou introduzir novos
comportamentos." (Cook e Hussey, 1995).
Nesta área de aplicação deve ter-se uma visão ampla das tecnologias, nunca descurando o
design ou o material de que é fabricada. As Tecnologias de Apoio, agora Produtos de Apoio,
cobrem um amplo espectro de equipamentos, ferramentas ou sistemas, alguns deles
projectados com outras finalidades mas que, pela sua funcionalidade, são susceptíveis de
serem utilizados como ajudas.
Existem diferentes formas de classificar as tecnologias de apoio e que podem dividir-se nas
seguintes áreas:
- Sistemas de treino: motor, continência, fala, leitura e software adaptado;
- SAA de acesso à informação ambiental: aqui também se incluem as ajudas para
pessoas com deficiência visual e / ou auditiva.
- Tecnologia de acesso ao computador: aqui inserem-se todos os sistemas que permitam
às pessoas com deficiências físicas e sensoriais utilizar sistemas de computador
convencional.
- SAAC (sistemas de comunicação aumentativa e alternativa): As novas tecnologias
foram permitindo, recentemente, a produção de comunicadores com recursos
altamente sofisticados como a síntese de voz, permitindo a passagem imediata de
texto para fala e os sistemas de previsão para acelerar a produção da mensagem
escrita.
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Além disso também existem comunicadores com saída de voz digitalizada, para permitir a
utilização de imagens e sistemas pictográficos (SPC, Bliss, etc) e ainda programas que
permitem reproduzir e gerir esses sistemas em computadores pessoais e até mesmo transmiti-
los através da rede de telecomunicações.
Poderíamos ainda considerar outras tecnologias que podem a todo o momento ser
susceptíveis de adaptação:
- Tecnologias para a mobilidade pessoal: cadeiras de rodas (manuais e de auto-
propulsão), bengalas, veículos automóveis adaptados, etc.
- Tecnologia para a manipulação e controle do meio ambiente, inclui robôs, sistemas
electrónicos de controlo ambiental, por som ou por infravermelhos etc.
- Reabilitação e Tecnologia: Todos os sistemas e ajudas técnicas utilizados no processo
de reabilitação.
- Tecnologias de Apoio/Assistivas: sistemas e ajudas técnicas utilizadas para manter os
aspectos vitais da pessoa com deficiência como os auxiliares de respiração, os colchões
anti-escaras, etc.
Todas estas categorias são complementares. Por exemplo, um sistema de acesso ao
computador pode ser usado em conjunto com um computador e um programa e como
comunicador e todos eles num conjunto, para formar um sistema alternativo de comunicação.
Os recursos tecnológicos na educação podem servir para várias funções:
a) Como uma ferramenta de comunicação. Às vezes, como única alternativa para
pessoas que não conseguem utilizar a linguagem.
b) Como ferramenta para o desenvolvimento de diversas competências e habilidades,
como as capacidades de atenção e concentração, capacidade lógica e pensamento
convergente, a linguagem nas suas duas vertentes compreensiva e expressiva,
incluindo mesmo a criatividade e a socialização.
c) Como um instrumento para a valorização educacional. Especialmente no caso dos
alunos com limitações graves que necessitam de utilizar esses meios para comunicar e
realizar as suas tarefas escolares.
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d) Como objecto lúdico, para jogar individualmente ou em grupo, o que também
promove a socialização.
e) Como meio para desenvolver a autonomia pessoal e integração social. Existem
sistemas computadorizados para controlar equipamentos eléctricos e mecânicos: ligar
as luzes, pegar o telefone, accionar brinquedos, etc.
f) Como meio de preparação profissional. Para adquirir conhecimentos básicos para o
exercício de uma profissão e superar limitações pessoais, permitindo trabalhar num
meio normalizado (Lopez e Lopez, 1994).
Vejamos três exemplos específicos que consideramos particularmente importantes nessa área:
o computador, Internet e a realidade virtual.
ÓCIO, LAZER E O COMPUTADOR
Felizmente o computador é a máquina mais facilmente modificável e adaptável às
necessidades individuais de cada um. Este dispositivo foi concebido para satisfazer os
objectivos adequando-se às necessidades de cada um dos utilizadores. Esta qualidade tem
conseguido transformar o computador num recurso valioso para pessoas com limitações.
Normalmente, não é vulgar encontrar noutras tecnologias esta facilidade de adaptação. À
volta das tecnologias da computação convencional surgiu um mundo de aparelhos e
adaptações, e muitos destes desenvolvidos especificamente para pessoas portadoras de
limitações, facilitando-lhes o acesso e eliminando barreiras. No entanto isto não significa que à
volta do computador não estão, ainda, presentes barreiras, mas, pelo menos, já se consegue
algumas adaptações através da incorporação de dispositivos de acessibilidade, sendo que
estes já fazem parte do software de origem. Podemos dar como exemplo, as opções de
acessibilidade encontradas no Painel de Controle dos nossos computadores.
Alguns exemplos a considerar:
- Redefinição do teclado: muitas pessoas com limitações ao nível do controle motor têm o
acesso ao computador muito limitado, mesmo para tarefas aparentemente simples
como a selecção de um caracter, um ponto final, por exemplo. Acontece que para
símbolos mais complexos, ou melhor, que exigem comandos mais complexos, como por
exemplo, utilizar o travessão ou o hífen, terão de premir duas teclas em simultâneo. Este
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tipo de tarefa exige ajudas técnicas simples. Então, nestes casos é possível redefinir o
teclado.
- Reduzir a velocidade de alguns programas: Alguns programas podem “correr” mais
depressa do que seria desejável, atendendo às necessidades do indivíduo. Existe
também a possibilidade de programar a velocidade de acordo com as necessidades de
cada um.
- Alterar o tempo limite: As pessoas com deficiência motora, ao nível do trem superior,
normalmente apresentam lentidão e inexactidão nos movimentos das mãos e dedos,
apresentando sérias limitações na manipulação do teclado convencional. Nalguns casos
precisam de mais tempo para levantar os dedos ou os apontadores e pressionar as
teclas. Acontece que se uma tecla for pressionada por mais de meio segundo o sinal
repete-se automaticamente. Existe a possibilidade de programar as teclas de modo a
que elas funcionem como interruptores convencionais.
- Ampliação de caracteres e imagens: Para muitos utilizadores com deficiência visual a
única forma de perceberem o que está no ecrã é através da ampliação dos registos do
monitor.
- Redundância visual: Em determinadas circunstâncias, o computador, através de sinais
sonoros, pode dizer-nos que alguma coisa se está a passar, prendendo deste modo a
atenção do utilizador.
- A Redundância Auditiva: o teclado do computador tem luzes indicadoras. Cada acção
pode traduzir-se pela activação dessas funções: caps lock (letras maiúsculas), o
bloqueador numérico, etc., Mas se o utilizador com deficiência visual tem dificuldade
em perceber essas mudanças de teclas de função, pode programar-se uma auto-ajuda
através de um sinal sonoro, tons (alto e baixo), para indicar que qualquer uma dessas
funções (luzes) foi activada e também pode programar-se um alerta diferente para
indicar quando elas são desactivadas.
- Acesso mais rápido a funções (escrita, por exemplo): uma macro é uma sequência de
acções que são executadas uma após a outra, chamando um único comando. Ao criar
uma macro o utilizador automatiza sequências de teclas para executar determinadas
tarefas. Com uma única operação de comando que activa a macro, executa todas as
operações da lista, na ordem que aparece nesta.
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- Simulador de Rato (Mouse Simulator): é assim chamada esta auto-ajuda. Serve para
emular (substituir), através do teclado, os movimentos do rato e acções usando o
teclado numérico.
- Simulador de teclados. Quando a pessoa não tem, de forma alguma, a possibilidade de
usar o teclado do computador existe sempre outra alternativa, através de um sistema
que realiza as mesmas operações que o dispositivo de entrada convencional, o teclado
virtual no ecrã. O indivíduo, com a ajuda de um switch, um rato ou outro dispositivo,
pode no ecrã, seleccionar cada um dos caracteres e teclas especiais do teclado, da
mesma forma que o faria no teclado convencional, podendo usar os dedos, num ecrã
táctil, ou um apontador.
Depois vêm as escolhas das alternativas que irão eliminar as barreiras ao acesso, após a sua
identificação. As barreiras são avaliadas com base na limitação da pessoa. Logicamente, as
chaves para impulsionar o processo de avaliação encontram-se nos objectivos que a pessoa
tem para a utilização do computador. No entanto o mercado de ajudas técnicas ainda não
oferece acesso à completa eliminação destas barreiras apesar da vasta gama de possibilidades
oferecidas.
A INTERNET, LÚDICO E APRENDIZAGEM
A Internet pode ser definida como um conjunto de redes de computadores distribuídos em
todo o mundo, interligados através de vários meios, que podem operar e comunicar uns com
os outros, isto porque seguem o mesmo conjunto de regras para a comunicação e as mesmas
operações.
Que tipo de serviços que nos oferece?
- Wordl Wide Web (WWW): Um serviço de consulta de documentos em hipertexto.
- E-mail: o E-mail permite aos usuários enviar e receber mensagens de e-mail de outros
usuários da rede, localizados em qualquer parte do mundo (desde que tenham um e-
mail).
- IRC: falar em tempo real; é uma acção para estabelecer uma comunicação sincronizada
e em tempo real, utilizando o som e a imagem.
- Listas de distribuição ou listas de discussão: Um sistema que permite enviar/receber
mensagens para/de um grupo de pessoas interessadas num assunto em particular.
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- Notícias ou grupo de notícias: boletins virtuais são documentos, cada um especializado
num assunto determinado, onde todos os usufrutuários podem ler as perguntas,
respostas e opiniões deixadas por outros e, claro, participar respondendo e pedindo
feed-back.
- Revistas e livros electrónicos. São arquivos, em determinados formatos (.doc; .pdf, etc.)
que podem ser transferidos, copiados ou lidos através do monitor.
-Telnet: Permite o acesso remoto a outros computadores ligados à rede e podem
fornecer programas, equipamentos ou informação e ainda obter documentos e
produtos específicos, quer livres ou através de pagamento.
Há uma questão interessante que nos apraz propor:
Será que existe Internet “para todos”? Esta está acessível a todos? O que faz esta ferramenta
frente à diversidade educacional? Como pode servir a diversidade dos indivíduos?
Poderíamos falar, essencialmente, de dois tipos principais de aplicação:
• Para os profissionais da educação, não há dúvidas de que a Internet implica a possibilidade
de obter informações actualizadas sobre praticamente qualquer coisa, que vão desde o treino
educativo até aos últimos desenvolvimentos da pedagogia, quer convencionais quer
adaptadas, uma vez que nela se podem encontrar referências a quase todos os tipos de
problemas. Além disso facilita o contacto entre profissionais, não importa onde seja o local de
trabalho, permitindo conhecer outras e novas experiências que podem ser interessantes para
cada um de nós.
• Para as pessoas cujas características são os problemas graves de mobilidade (ou outras
deficiências), existe a possibilidade da formação no seu próprio contexto, ter acesso a cursos
concebidos especialmente para serem dados através da rede (e-learning), embora essa opção
possa não estar ainda muito difundida no nosso país. Além disso, com os recursos adequados,
podemos assistir a uma aula, numa sala de aula virtual, e assim, desta forma, os alunos
poderão participar do desenvolvimento da turma e até mesmo partilhar com o professor e os
pares (através de videoconferência) do desenrolar da aula. Estas são, sem dúvida, ainda
opções que podem ser pouco divulgadas, mas acreditamos que serão uma das opções de
integração num futuro já muito próximo. Outra das vertentes será a breve trecho o
Teletrabalho.
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Contudo devemos questionar-nos se estas opções serão realmente inclusivas e se isto implica
a integração social?
REALIDADE VIRTUAL.
Uma tecnologia que os especialistas apontam como importante no futuro é a realidade virtual
e a forma como ela é capaz de manipular um objecto num ambiente diferente, sem existir
fisicamente... Imagine-se o que pode significar para as pessoas com determinadas deficiências,
esta oportunidade.
CONCLUINDO
Educar na diversidade, requer uma grande quantidade de materiais na sala de aula de modo a
diversificar o processo ensino-aprendizagem. A diversificação das estratégias de ensino-
aprendizagem exigem o uso de muitos materiais diferentes. Neste sentido, as tecnologias de
apoio podem representar para os alunos com NEE, um elemento crucial para normalizar as
suas vidas e em alguns casos, uma das poucas opções de acesso a um currículo que, de outro
modo, lhe estaria vedado. Também pode ser considerado um meio de serem resgatados de
um mundo de silêncio, onde a ausência de um código compreensível para a maioria deles, os
condicionaria, no mínimo, a serem comunicadores passivos, deixando-lhes oportunidades
muito reduzidas para serem capazes de expressar todo o seu rico mundo interior. As TIC são,
sobretudo, para estas populações, um caminho para a integração. Várias experiências
mostram que, para individualizar o ensino, a vida quotidiana e o lazer, a adaptação das
tecnologias às necessidades específicas de cada um, incorporando os computadores na sala de
aula e nos serviços públicos, como um recurso de acesso à comunicação, promove a integração
não só física, mas também a integração social, tornando a sociedade mais inclusiva.
(Stevenson, 2002).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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