Oficina de Formação
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Oficina de Formação
Carlos Eduardo Carrusca Vieira Professor da Faculdade de Psicologia da PUC Minas
Doutor em Psicologia/UFMG
A nossa formação sobre Traumas no Trabalho será dividida em cinco momentos: 1) Transtorno de Estresse Pós-traumático 2) Estudo teórico dos traumas no trabalho e a violência relacionada ao
trabalho 3) Violência relacionada ao trabalho e suas relações com os traumas
psicológicos 4) Manejo clínico de pessoas com histórico de traumas (EMDR, Brainspotting
e PAP) e estratégias de prevenção ao adoecimento no trabalho 5) Discussão e avaliação da oficina
“SHELL-SHOCK” (CHOQUE DA GRANADA)
O TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
Photograph taken by Official War Photographer at an Australian Advanced Dressing Station near Ypres in 1917. The wounded soldier in the lower left of the photograph has the "thousand yard stare" indicative of shell-shock. Given that this photo was taken 90 years ago by an employee of the British Government.
“SHELL-SHOCK” (CHOQUE DA GRANADA)
O TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
Retrato do artista Thomas Lea's, “The 2000 Yard Stare”
http://www.shawncossart.com/#/inktober-illness-series-i/ http://www.shawncossart.com/#/inktober-illness-series-ii/
“síndrome do coração irritável” “choque da granada” “síndrome de esforço” “neurose de guerra”
(Figueira & Mendlowicz, 2003).
Em 1889, o neurologista alemão Herman Oppenheim dedicou-se ao estudo das perturbações que acometiam as vítimas de acidentes ferroviários e identificou um conjunto de sintomas (depressão, angústia, delírio, entre outros) relatados por muitos daqueles que vivenciaram esse tipo de situação (Schestatsky et al., 2003).
Numa perspectiva organicista, ele reconheceu a existência de uma nova entidade clínica – a “neurose traumática” – conceituada como uma afecção orgânica que produz alterações no sistema nervoso central (Schestatsky et al., 2003).
A neurose traumática só foi reconhecida pelas classificações internacionais de distúrbios mentais, em 1980, sob a denominação de Transtorno (ou Estado) de Estresse Pós-Traumático (TEPT) ou Posttraumatic Stress Disorder (PTSD) (Schestatsky et al., 2003).
O TEPT foi incluído na 3ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-III). Nessa classificação, o evento traumático seria caracterizado por sua anormalidade, podendo ser considerado como um estressor catastrófico fora do alcance da experiência habitual humana (Schestatsky et al., 2003).
Na terceira edição revisada do DSM (DSM-III-R; APA, 1987), passou-se a considerar possível o desenvolvimento do TEPT após o indivíduo conhecer ou testemunhar o evento estressor, diferenciando-se da edição anterior, que exigia a experiência direta do evento.
Na 4ª edição do DSM, publicada em 1994, o TEPT apareceu na categoria dos distúrbios de ansiedade. Mas a diferença substantiva entre a definição dada por essa versão e a precedente reside no fato de que o DSM-IV não menciona a anormalidade do evento em si, mas o quão ameaçador e aterrorizante ele tenha sido para certo indivíduo (Schestatsky et al., 2003):
Valorizou-se nesse momento a percepção do sujeito acerca da situação
vivida.
Por definição, o TEPT sempre se segue a um evento traumático que causa um intenso medo e/ou impotência no indivíduo.
Tipicamente, os sintomas se desenvolvem logo após o evento, mas podem demorar anos.
A duração dos sintomas é de pelo menos um mês para este diagnóstico.
(DSM-IV, 1994).
A. Exposição ou ameaça de morte, ferimento grave, violação sexual de uma das seguintes formas:
Exposição direta ao evento traumático Testemunhou o evento Soube do evento através de um familiar ou amigo próximo (evento
violento ou acidental) Foi extremamente exposto a muitos detalhes do evento (ex.Bombeiros,
policial) (p. 271).
Esse critério não se aplica à exposição através de mídia eletrônica, televisão, filmes ou imagens, a menos que esta exposição seja relacionada ao trabalho
http://www.niip.com.br/wp-content/uploads/2018/06/Manual-Diagnosico-e-Estatistico-de-Transtornos-Mentais-DSM-5-1-pdf.pdf
“uma resposta tardia e/ou protraída a um evento
ou situação estressante (de curta ou longa duração) de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica” (Ministério da Saúde, 2001, p. 181).
O paciente deve ter experimentado, testemunhado ou se confrontado “com um evento ou eventos que implicaram morte ou ameaça de morte, lesão grave ou ameaça da integridade física a si ou a outros” (Ministério da Saúde, 2001, p. 181).
São exemplos desse tipo de situação “os desastres naturais ou produzidos pelo homem, acidentes graves, testemunho de morte violenta ou ser vítima de tortura, estupro, terrorismo ou qualquer outro crime” (Ministério da Saúde, 2001, p. 181).
MINGOTE, José Carlos et al. (2001 jul). Tratamiento integrado del trastorno de estrés postraumático. Aperturas Psicoanalíticas. Revista Internacional de
Psicoanálisis. (8). Recuperado em 15 março de 2010, de http://www.aperturas.org/articulos.php?id= 0000161.
Exposição a um evento
traumático (Critério A)
Revivescência do Trauma (Critério
B)
Esquiva/Entorpecimento Emocional
(Critério C)
Hiperestimulação
Autonômica (Critério D)
A existência de um evento
traumático claramente
reconhecível como um atentado à integridade física,
própria ou alheia, que haja
sido experimentado direta ou
indiretamente pela pessoa
afetada e que lhe provoque
temor, angústia ou horror
Lembranças intrusivas
Pesadelos traumáticos
‘Flashbacks’ dissociativos
Sofrimento psíquico evocado por
estímulos relacionados ao trauma
Reatividade fisiológica evocada por
estímulos relacionados ao trauma
Esforços para evitar pensamentos e
sentimentos associados com o trauma
Esforços para evitar atividades, locais ou
pessoas associadas com o trauma
Redução do interesse nas atividades
Sensação de distanciamento em relação a outras pessoas
Restrição da expressão afetiva,
entorpecimento emocional Sentimento de um futuro abreviado
Insônia
Irritabilidade
Dificuldade em concentrar-se
Hipervigilância
Resposta de sobressalto exagerada
Tabela - Características Centrais do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) segundo o DSM-IV (1994) Tríade Sintomática Apresentada pelos Pacientes com TEPT - Adaptado de Figueira e Mendlowicz (2003)
“Os indivíduos acometidos por TEPT sofrem com mais frequência várias enfermidades médicas graves e crônicas (coronarianas, hipertensão, câncer, hepatite, enfermidades respiratórias, musculoesqueléticas, etc.), numerosas somatizações, condutas de risco para a saúde, adições e acidentes, bem como maior utilização de serviços médicos e maiores custos econômicos diretos e indiretos” (1, 2).
Fontes (1, 2) citadas por Mingote (2001):
4. De Loos WS. 1990. Psychosomatic manifestations of chronic posttraumatic stress disorder. En: Wolf & Mosnaim. Posttraumatic Stress
Disorder. American Psychiatric Press. Washington.
5. Williams RB. 1995. Somatic consequences of stress. En: Friedman, Charney, Deutch. Neurobiological and Clinical Consequences of Stress. Lippincott-Raven. Philadelphia.
Transtorno de Estresse Agudo (TEA): se os sintomas duram menos de 3 meses.
(TEPT): se os sintomas duram 3 meses ou mais.
(TEPT) De início demorado: entre o acontecimento traumático e o aparecimento dos sintomas se passam pelo menos 6 meses.
MINGOTE, José Carlos et al. (2001 jul). Tratamiento integrado del trastorno de estrés postraumático. Aperturas Psicoanalíticas. Revista Internacional de Psicoanálisis. (8). Recuperado em 15 março de 2010, de http://www.aperturas.org/articulos.php?id= 0000161.
“Nesse transtorno ocorre uma
hiperativação do sistema nervoso simpático, caracterizada
pela produção aumentada de [catecolaminas] adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina) na circulação
sanguínea pelos próprios terminais simpáticos e pela
medula da supra-renal”.
Fonte: KRISTENSEN, Christian Haag; PARENTE, Maria Alice de Mattos Pimenta; KASZNIAK, Alfred W.. Transtorno de estresse pós-traumático e funções cognitivas. PsicoUSF, Itatiba, v. 11, n. 1, p. 17-23, jun. 2006 .
RENNER,Tanya. Psico A. Porto Alegre, McGrawHill, 2012
Cysneiros et al. (2006), por exemplo, ao explicitarem os efeitos deletérios do TEPT sobre o organismo, relatam que estudos clínicos têm constatado
que “o estresse intenso é um agente causal de lesão neuronal” (p. 200).
Cysneiros, R. M., Scorza, F. A., Arida, R. M., & Suchecki, D. (2006). Neurobiologia do TEPT. In Mari, J. J., Mello, M. F., Bressan, R. A., & Andreoli, S. B. (Coords.). Transtorno de Estresse Pós-traumático: diagnóstico e tratamento. (pp. 199-203). Barueri, SP: Manole.
RENNER,Tanya. Psico A. Porto Alegre, McGrawHill, 2012
Sintomas do TEPT
No filme, um veterano de guerra sofre de sintomas semelhantes aos do TEPT
Sintomas do TEPT
Em sua autobiografia, Denis Avey conta sua história e relata sintomas de perturbações que sofreu depois de enfrentar Auschwitz.
trau·ma (grego traûma, -atos, ferida, dano, avaria) substantivo masculino 1. Lesão local proveniente de um agente vulnerante. 2. Agressão ou experiência psicológica muito violenta.
Fonte: "traûma", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, www.priberam.pt/dlpo/tra%C3%BBma.
A PREDOMINÂNCIA DO FATOR TRAUMÁTICO NO DESENVOLVIMENTO DOS FENÔMENOS HISTÉRICOS
Nas neuroses traumáticas, a causa atuante da doença não é o dano físico
insignificante, mas o afeto do susto – o trauma psíquico. De maneira análoga, nossas pesquisas revelam para muitos, se não para a maioria dos sintomas histéricos, causas desencadeadoras que só podem ser descritas como traumas psíquicos (Freud & Breuer, 1893/1996, p. 41).
Fonte: VIEIRA, C.E.C. Traumas no Trabalho – uma nova leitura do Transtorno de Estresse Pós-traumático. Curitiba: Juruá, 2014.
Freud & Breuer (1893/1996) discutem três maneiras de uma experiência se constituir num trauma psíquico.
1. Qualquer experiência pode ser traumática se é capaz de evocar afetos aflitivos tais como: susto, angústia, vergonha ou dor física.
2. Vários traumas parciais, que se sucedem na história de vida de um indivíduo e que podem exercer, por adição, a função de um trauma psíquico.
3. Uma circunstância trivial pode ajuntar-se a um “fato realmente atuante” ou ocorre “numa ocasião de peculiar suscetibilidade do indivíduo ao estímulo”, fazendo com que adquira um valor traumático, o que não aconteceria se não fosse a situação particular em que o indivíduo se encontrava naquele momento (p. 42).
Fonte: VIEIRA, C.E.C. Traumas no Trabalho – uma nova leitura do Transtorno de Estresse Pós-traumático. Curitiba: Juruá, 2014.
O trauma psíquico (ou a lembrança do trauma) age no psiquismo como um “corpo estranho”.
O efeito desse corpo estranho não cessa após a ocorrência do evento em que surgiu.
Enquanto o afeto permanecer ligado à lembrança da situação na qual os sintomas tiveram origem, os pacientes não conseguem se livrar das perturbações psíquicas.
Para libertá-los, torna-se necessário auxiliá-los a se recordarem da situação traumática e a traduzir o afeto a ela vinculado em palavras (Freud & Breuer, 1893/1996, p. 42).
Fonte: VIEIRA, C.E.C. Traumas no Trabalho – uma nova leitura do Transtorno de Estresse Pós-traumático. Curitiba: Juruá, 2014.
Quando “a reação é reprimida, o afeto permanece vinculado à lembrança. Uma ofensa revidada, mesmo que apenas com palavras, é recordada de
modo bem diferente de outra que teve que ser aceita. A linguagem também reconhece essa distinção, em suas conseqüências mentais e físicas; de maneira bem característica, ela descreve uma ofensa sofrida em silêncio
como uma ‘mortificação’, ‘Kränkung’, literalmente, um ‘fazer adoecer’.
(Freud & Breuer, 1893/1996 p. 44)
Fonte: VIEIRA, C.E.C. Traumas no Trabalho – uma nova leitura do Transtorno de Estresse Pós-traumático. Curitiba: Juruá, 2014.
Porém, a lembrança do trauma pode ser confrontada com outras experiências do indivíduo, que a contradizem ou corrigem:
“Depois de um acidente, por exemplo, a lembrança do perigo e a repetição (mitigada) do medo é associada à lembrança do que ocorreu depois – o socorro e a situação consciente da segurança atual. Da mesma forma, a lembrança de uma humilhação é corrigida quando a pessoa situa os fatos nos devidos lugares, considerando seu próprio valor, etc. Desse modo, uma pessoa normal é capaz de provocar o desaparecimento do afeto concomitante por meio do processo de associação” (p. 44).
Freud e Breuer (1893/1996) discutem os motivos pelos quais certas pacientes frequentemente não conseguem reagir aos traumas psíquicos. Discutem duas condições:
1. Pode ser que “a natureza do trauma não comportava reação”, situação que pode ser exemplificada pela “perda obviamente irreparável de um ente querido, ou porque as circunstâncias sociais impossibilitavam uma reação [...]” (Freud & Breuer, 1893/1996, p. 45).
2. Em segundo lugar, talvez a reação ao trauma ocorra “pelos estados psíquicos (susto, estados semi-hipnótico dos devaneios, etc) em que o paciente recebeu as experiências em questão” (Freud & Breuer, 1893/1996, p. 46), estados nos quais a reação foi impossibilitada.
Freud voltou sua atenção para a neurose de guerra em um texto redigido em 1919, denominado Introdução à Psicanálise e às Neuroses de Guerra. Nesse ensaio, ele constatou que:
“[...] quando as condições de guerra cessaram de operar, a
maior parte das perturbações neuróticas provocadas pela guerra desapareceu simultaneamente” (Freud, 1919/1996, p. 223).
Os pacientes acometidos pela neurose traumática repetem com frequência a situação traumática em seus sonhos, como se a estivessem revivendo.
“É como se esses pacientes”, escreve Freud, “não tivessem findado com a situação traumática, como se ainda tivessem enfrentando-a como tarefa imediata ainda não executada [...]” (Freud, 1917/1996, p. 283).
Na obra Além do princípio do prazer, Freud (1920/1996) afirma que a surpresa, ou melhor, o susto, constitui um fator importante na causa das neuroses traumáticas: “o ônus principal de sua causação parece repousar sobre o fator da surpresa, do susto (…)” (p. 23).
O susto caracterizaria o estado de despreparo do indivíduo para enfrentar uma situação de perigo (Freud, 1920/1996).
Diante disso, o escudo protetor do aparelho psíquico estaria suscetível de receber o impacto dos estímulos externos, incapacitando o psiquismo de dominar os afetos a eles vinculados.
Fonte: VIEIRA, C.E.C. Traumas no Trabalho – uma nova leitura do Transtorno de Estresse Pós-traumático. Curitiba: Juruá, 2014.
“A violência consiste em um “uso intencional da força ou poder em uma forma de ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou grupo ou comunidade, que ocasiona ou tem grandes probabilidades de ocasionar lesão, morte, dano psíquico, alterações do desenvolvimento ou privações”.
(ORGANIZACIÓN PANAMERIACANA DE LA SALUD, 2002)
Nos contextos de trabalho, em particular, o
recrudescimento da violência tem se caracterizado, nos últimos anos, como um importante problema de Saúde Pública (OLIVEIRA; NUNES, 2008).
Para aumentar a produção, funcionários coreanos são proibidos de irem ao banheiro e obrigados a usarem fraldas; (Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/emprego/para-aumentar-producao-empresa-sul-coreana-proibe-
funcionarios-de-irem-ao-banheiro-9500825)
Trabalhadora gestantes é chamada de “buchudinha da vez” e humilhada recorrentemente por superior hierárquico; (Fonte: http://trt-3.jusbrasil.com.br/noticias/100060475/empregada-gravida-que-sofreu-assedio-moral-por-parte-de-
colegas-sera-indenizada)
Funcionários de uma empresa de distribuição de medicamentos são obrigados a caminhar nas brasas em “treinamento motivacional”; (Fonte: http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/id/10394719)
Trabalhador terceirizado do setor bancário é obrigado a usar chapéu de burro e a trabalhar como garçom nas festas de fim de semana, por não bater as metas de venda; (Fonte:
http://www.otempo.com.br/capa/brasil/bradesco-deve-indenizar-trabalhador-obrigado-a-usar-chap%C3%A9u-de-burro-1.537036)
Suicídios no trabalho continuam a ocorrer na França (Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia/254659-9).
“Trabalho mata mais que AIDS no mundo” (Fonte: http://www.otempo.com.br/capa/economia/trabalho-mata-mais-do-que-a-
aids-1.1029676)
“Professora é espancada por aluna”; Fonte: http://diariogaucho.clicrbs.com.br/rs/dia-a-dia/noticia/2015/08/professora-e-agredida-por-aluna-em-escola-de-parobe-4827451.html
“Diretora é agredida com barra de ferro por aluno”; Fonte: http://noticias.r7.com/minas-gerais/aluno-surta-e-ataca-diretora-de-escola-com-barra-de-ferro-em-bh-05032015
“Bancário é vítima de sequestro”; Fonte: http://www.cntv.org.br/noticia__4093__Familia-de-bancario-e-vitima-de-sequestro.html
“Agente penitenciário é feito refém em rebelião”; Fonte: http://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2015/08/agente-e-feito-refem-durante-rebeliao-de-presos-em-nova-esperanca.html
“Cobradora é indenizada por surtos psicóticos decorrentes de assaltos a ônibus” Fonte: http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/cobradora-e-indenizada-por-surtos-psicoticos-decorrentes-de-assaltos-a-onibus
“Diretora é espancada por aluno de 15 anos” Fonte: http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/diretora-de-escola-municipal-e-espancada-por-aluno-de-15-anos-em-piedade-20130325.html
Os trabalhadores têm enfrentado ainda a violência praticada por indivíduos e grupos.
Algumas ocupações e profissões se encontram particularmente expostas a esse tipo de violência, seja pelas características, modos de organização ou contexto específico de sua atividade profissional, entre eles, taxistas, motoristas de transporte coletivo urbano, agentes penitenciários, frentistas, policiais militares, vigilantes, bancários e professores...
“Mais um gerente de banco foi sequestrado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com a Polícia Militar, o gerente foi abordado em casa, no Bairro Castelo, na Região da Pampulha, na noite de terça-feira, por criminosos armados. Os suspeitos mantiveram a vítima e a esposa reféns durante toda a noite. Por volta das 9h30 desta quarta-feira, pelo menos cinco bandidos armados obrigaram o bancário seguir até uma agência do Banco Santander, localizada na Rua Refinaria Duque de Caxias, no Bairro Petrolândia, em Contagem, na Grande BH” (HENRIQUE DO VALE, 2011).
FONTE: HENRIQUE DO VALE, João. Mais um gerente de banco é seqüestrado, Estado de Minas, disponível em: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2011/02/02/interna_gerais,207410/mais-um-gerente-de-banco-e-sequestrado-na-grande-bh.shtml, publicado em 02/02/2011)
Bucasio et al. (2005) relatam o caso de um bancário que foi acometido por TEPT, após ter vivenciado um assalto à agência onde trabalhava como gerente administrativo.
Após ser ameaçado e agredido por quatro assaltantes que entraram na agência bancária, um deles com uma granada, o gerente optou por abrir o cofre onde havia mais dinheiro, “por medo de ser morto” (p. 87).
Em seguida, ele teve “uma arma colocada dentro de sua boca e, ao final, foi
trancado no cofre, onde ficou por cerca de uma hora. Após o assalto, sem ser socorrido, teve de ir sozinho à delegacia” (Bucasio et al., 2005, p. 87).
Bucasio, E., Vieira, I., Berger, W., Martins, D., Souza, C., Maia, D., ... Jardim, S. (2005). Transtorno de estresse pós-traumático como
acidente de trabalho em um bancário: relato de um caso. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 27, 86-89
Os autores contam que, desde o incidente, esse bancário passou a apresentar sintomas graves característicos do quadro clínico do TEPT:
“Passou a sentir-se em permanente estado de alerta, com a impressão de estar
sendo seguido ou de que poderia acontecer-lhe alguma coisa a qualquer momento; sente-se ameaçado, principalmente por homens negros (um dos assaltantes era negro). O coração fica acelerado, tem dificuldades de respirar e mal-estar. Refere pesadelos frequentes sobre o assalto e temas relacionados. Tem sensação de insegurança quando anoitece, por isso evita sair à noite. Após o assalto, ficou descuidado com a aparência, não saía de casa, tinha crises de choro, dificuldades de concentração e ideação suicida” (Bucasio et al. , 2005, p. 87).
A criminalidade violenta atinge diretamente a saúde e a
subjetividade dos trabalhadores, gerando custos pessoais, sociais e econômicos consideráveis. Além da morte, desfecho mais dramático, verifica-se um impacto da insegurança sobre a produtividade (RONDON; ANDRADE, 2003), sobre a dignidade e qualidade de vida dos trabalhadores (OLIVEIRA; NUNES, 2008).
1. Esgotamento Profissional (“Burnout”)
(Z.73 / CID 10)
2. Síndrome do Pânico
(F.41 / CID 10)
3. Transtorno Depressivo
(F.32 F.33 / CID 10)
4. Reação aguda ao Estresse
(F.43 / CID 10)
5. Transtorno de Estresse Pós-traumático
(F.43.1 / CID 10)
“A foto mostra seis palitos de fósforos. Três deles foram utilizados, sendo que um deles se encontra absolutamente destruído em razão do uso. Outro está em chamas e mais dois ainda serão utilizados”.
Fonte: https://pixabay.com/pt/burnout-queimado-doen%C3%A7a-991331/
Licença: CC0 Public Domain
“Será que é possível imaginar como fica a cabeça de um sujeito que acaba de cometer, às vezes, mais de um assassinato? Que tem uma profissão em que é pago para matar? Que se encontra em situações em que é obrigado a
matar uma criança para não morrer? Depois de passar por situações de uma brutalidade que esse sujeito nem pensava existir, como é a sua vida dentro de casa? Como é a relação dele com o seu filho pequeno? Não é mole não. São milhares de pessoas na mesma situação que eu passei.
Pessoas doentes, mas sem nenhum amparo do Estado. O trabalho transforma esses cidadãos em homicidas”.
(GUDEL, 2009, p. 8).
REPORTAGEM DO TRIBUNA HOJE
Fonte: http://www.tribunahoje.com/noticia/54826/brasil/2013/02/12/sem-trabalho-seguranca-da-kiss-vive-de-ajuda-para-pagar-aluguel.html
REPORTAGEM DO TRIBUNA HOJE
“Roberto Cardoso Tavares, 44, é um homem devastado. Após 20 e poucos anos fazendo bicos como segurança, ele acha que não volta tão cedo a esse trabalho, pelo menos em lugares fechados. Sobrevivente do incêndio de 27 de janeiro na boate Kiss, que deixou 239 mortos até agora, Roberto tem dificuldades para esquecer o que passou e viu”.
"Foi um inferno brabo lá, parecia uma guerra", diz ele, a voz monótona. "Tenho lembranças terríveis daquele dia, não sei se vão passar." Memórias que incluem o salto alto de uma menina perfurando o olho de outra no chão e corpos empilhados no banheiro da boate. "Quem entrou lá não conseguiu sair, e quem caía no chão morria pisoteado.“
Fonte: http://www.tribunahoje.com/noticia/54826/brasil/2013/02/12/sem-trabalho-seguranca-da-kiss-vive-de-ajuda-para-pagar-aluguel.html
Situação dos Profissionais das UPAs e Socorristas do SAMU na ocasião do incêndio:
Sobrecarga de trabalho, plantões longos Altos níveis de pressão e estresse Clima psicológico de comoção Pressão social e exigências (mídia, sociedade etc) Mobilização subjetiva pelas reações ao evento Sentimento de impotência
Fonte: Silva TLG, Mello PG, Silveira KAL, Wolffenbüttel L, Lobo BOM, Bicca CHM, et al. Primeiros Socorros Psicológicos: relato de
intervenção em crise em Santa Maria. Rev. bras. psicoter. 2013;15(1):93-104
Sintomas de traumas relacionados ao trabalho
“Para salvar uma vida, ela deve enfrentar seu
passado”
Casos Clínicos
Fonte: VIEIRA, Carlos Eduardo Carrusca. Traumas no Trabalho – uma nova leitura do Transtorno de Estresse Pós-traumático. Curitiba: Juruá, 2014.
Foram realizados três estudos de caso, inspirados no método biográfico de Le Guillant (2006):
1. Vigilante (Ricardo) que enfrentou um assalto ao banco em que trabalhava
2. Guardiã (Eva) que testemunhou o suicídio de um colega de trabalho
3. Bancário (Daniel) que foi sequestrado e mantido em cárcere privado
Fonte: VIEIRA, Carlos Eduardo Carrusca. Traumas no Trabalho – uma nova leitura do Transtorno de Estresse Pós-traumático. Curitiba: Juruá, 2014.
Assalto à agência bancária
(2004)
“O assalto foi só a gota d’água que
faltava pra entornar”
Conflitos na relação com os colegas
(2002-2004)
“[...] creio que eu esteja estressado mesmo, essa
doença minha foi causada pelo relacionamento dos
funcionários, não pelo assalto”.
Transtorno de Estresse Pós-traumático
(2004)
Eu sinto angústia, vazio no peito, muita ansiedade. Outra
coisa que não passa é você ver a cena do bandido, o bandido ele
não sai da sua cabeça não. Ele é permanente. Como se tivesse
parado no tempo [...] Faz tanto tempo, mas aquilo tá gravado,
tá na mente, não sai, aquela situação.
Abordagem criminosa
“Eu vendo o cara assim... eu podia morrer a
qualquer momento, entendeu? Então essa
cena você não esquece”.
Crítica dos gestores e ausência de apoio
psicossocial
“Pra mim, isso foi pior do que levar um tiro”
Atividade amputada: O que eu acho negativo pra mim é eu não ter reagido. Eu já venho sofrendo tanto que pra
mim eu preferia ter reagido. A minha morte naquela hora ali seria melhor. (Ricardo, 2012)
O TEPT é uma neurose traumática: ato individual do sujeito, um distúrbio psicológico que se baseia em toda a história de vida do indivíduo, mas que só se desenvolve a partir de uma experiência que evoca, reforça e aprofunda as feridas psicológicas antigas e mais recentes.
Nos casos que analisamos, a experiência recente intensificou antigos conflitos, inserindo-se numa cadeia de eventos que conduziu ao sofrimento, ao conflito subjetivo e ao adoecimento mental.
Os sintomas derivam de um processo de supercompensação psicológica: sem ressignificar a experiência traumática, o sujeito intensifica suas defesas psicológicas, o que, paradoxalmente, em vez de protegê-lo, produz o TEPT;
Fonte: VIEIRA, Carlos Eduardo Carrusca. Traumas no Trabalho – uma nova leitura do Transtorno de Estresse Pós-traumático. Curitiba: Juruá, 2014.
Todas as exigências do trabalho podem ter um grande peso sobre a atividade dos sujeitos. Elas podem afetar o curso de sua atividade, limitando-a, em certa medida.
A atividade impedida pode se converter em ruminações que chegam a se tornar sentimentos mortificantes;
Parece que as ameaças ao valor pessoal no contexto laboral constituem situações potencialmente traumáticas, em função do lugar ontologicamente central do trabalho no processo de construção do sentimento de utilidade, reconhecimento de si mesmo e de outrem (Vieira, Barros & Lima, 2007).
Fonte: VIEIRA, Carlos Eduardo Carrusca. Traumas no Trabalho – uma nova leitura do Transtorno de Estresse Pós-traumático. Curitiba: Juruá, 2014.
Histórica clínica
Fatores de vulnerabilidade (traumas, história, fatores circunstanciais)
Rede de apoio e proteção
Recursos disponíveis (como o indivíduo enfrenta a situação? de que recursos dispõe? O que lhe pode ser oferecido a mais?)
Definição do plano de trabalho (recursos a serem utilizados)
Apesar da pesquisa incipiente, experiências de intervenção imediatamente após um evento traumático mostram que o apoio psicológico ajuda a suportar melhor os efeitos das situações, a pronta intervenção pode revelar-se vital para evitar danos psicológicos no futuro
Muñoz, Ausín & Pérez-Santos,(2007, p. 481)
Objetivos:
1. Oferecer proteção, segurança e esperança
2. Proporcionar ou aliviar de forma imediata os sintomas de stress agudo
3. Facilitar a recuperação espontânea e a resiliência
4. Identificar e encaminhar afetados por emergências psiquiátricas ou em risco de desenvolver algum transtorno psiquiátrico
“Primum non nocere”
“Primeiro, não prejudicar"
Princípio da não-maleficência
Entre as propostas terapêuticas para o tratamento do TEPT, a terapia de Dessensibilização e Reprocessamento por meio de Movimentos Oculares (EMDR), criada por Francine Shapiro, recebeu da American Psychiatric Association (2004/2012) o nível mais alto de recomendação para tratamento do trauma, no que concerne ao forte aval empírico e efetividade demonstrada;
O EMDR também foi aprovado em 2010, como uma abordagem psicoterapêutica baseada em evidências, tendo recebido o mais alto selo de aprovação e garantia dado pelo National Registry of Evidence-based Programs and Practices (NREPP) do Substance Abuse & Mental Health Services Administration (2012), que faz parte do United States Department of Health and Human Services.
Fonte: https://www.lifeskillsresourcegroup.com/services/emdrclinical-hypnosis/
Um método para tratamento de traumas criado em 1987 nos EUA pela psicóloga Francine
Shapiro
Utiliza estímulos bilaterais como um de
seus principais recursos no reprocessamento das experiências traumáticas
O terapeuta utiliza um protocolo de 8 fases no
tratamento com o método EMDR
Os efeitos clínicos do EMDR se devem ao processamento acelerado de informações que ele estimula, acessando as redes neurais e permitindo que as
informações disfuncionais sejam reestruturadas de forma adaptativa
O EMDR promove uma profunda reestruturação das percepções relacionadas à experiência traumática, transformando as crenças negativas que a pessoa construiu sobre
si, as sensações e emoções que a ela evoca quando se lembra da experiência vivida
O método possibilita o alívio das emoções negativas e a construção dos aprendizados que ficariam disponíveis para situações futuras
Para a realização de uma sessão de EMDR, o terapeuta utiliza um
protocolo básico que resgata as imagens, crenças negativas, emoções e sensações físicas ligadas à experiência traumática vivida pelo paciente, adotando a estimulação bilateral (por meio de estímulos oculares, táteis ou auditivos) como meio principal de dessensibilização e reprocessamento do conteúdo dessa experiência (Shapiro, 2001).
Com base em protocolos específicos de atendimento, que variam
segundo a experiência vivida pelo paciente, este é incentivado a resgatar certos elementos da experiência traumática que viveu, a saber: as imagens, sons, crenças negativas que formulou sobre si mesmo na situação, emoções e sensações físicas desagradáveis (Shapiro, 2001).
Fase 1 História Clínica
Fase 2 Preparação e Construção do “Lugar Seguro”
Fase 3 Avaliação (Meta a ser processada)
Fase 4 Dessensibilização
Fase 5 Instalação da Crença Positiva
Fase 6 Checagem corporal
Fase 7 Fechamento
Fase 8 Reavaliação (sessão seguinte)
Na fase de dessensibilização, à medida que o indivíduo acompanha os estímulos bilaterais feitos pelo terapeuta, mantendo-se, ao mesmo tempo, conectado aos elementos da experiência traumática e também à experiência presente, novas associações surgem, confrontando as crenças negativas que o indivíduo geralmente construiu sobre si, nas situações traumáticas, o que permite um processamento adaptativo das informações (Solvey et al., 2007).
O EMDR não “falseia a história nem reduz temores razoáveis
e apropriados. O resultado é sempre ‘ecológico’, quer dizer que sempre está adequado à realidade atual do sujeito” (Solvey et al., 2007, p. 190).
2014
1. O que te levou a procurar a Clínica de Psicologia? "A insegurança, o mal estar, os tremores nos joelhos, medo de continuar efetuando entregas
de encomendas dos Correios devido aos 7 assaltos sofridos por mim. Um aperto forte no peito também me incomodava muito".
2. Indique, de 0 a 10, o grau de perturbação que você sentia em relação às questões que lhe trouxeram para a Clínica de Psicologia, sendo 0= "nenhuma perturbação" e 10= "o máximo de perturbação que você pode imaginar".
"Com certeza o grau 10. Nunca havia passado por tamanho trauma".
3. Como você avalia o estado de saúde que apresentava quando chegou à Clínica de Psicologia para tratamento?
"Muito abatido, com depressão, emagrecimento, falta de apetite, insônia, sonhos perturbadores, medo de pessoas estranhas e carros e motos estranhos ao meu redor“.
4. Como você avalia seu estado de saúde após o tratamento? Descreva, com detalhes.
"Absurdamente favorável para a melhora. Foi incrível a atenção dada pelo psicólogo, bem como seus métodos de relaxamento, entre eles o melhor, o "lugar seguro". É fantástico como funciona bem!“
5. Qual foi, em sua percepção, o efeito de cada uma das técnicas utilizadas (escuta e intervenção clínica, reprocessamento por meio de movimentos oculares bilaterais) durante seu tratamento nesta Clínica de Psicologia?
"As técnicas proporcionaram vários estágios de melhora no tratamento, inclusive com o adiantamento, se assim posso dizer, de algumas situações, onde, por exemplo, eu fiquei olhando para mim mesmo e vendo o que eu estava fazendo e me orientando. Assim, antecipei uma etapa que o psicólogo iria utilizar. Foi o máximo!“
6. Como você avalia os efeitos do tratamento realizado sobre sua saúde, no trabalho e na vida, em geral? Descreva.
"Melhora em todos os sentidos. Minha família percebeu a mudança e ficou alegre, eu comecei a trabalhar com o mesmo jeito de antes, senti segurança, as reações do corpo desapareceram. Os próprios colegas perceberam a mudança, pois segundo eles, eu estava igual a um zumbi, com o olhar vago, sem dar atenção e muito desmotivado a ir para a rua".
"O Sr. 'J.' foi atendido por nós no dia 02/03/2016. Percebemos que o empregado
ficou muito satisfeito com o tratamento pós-assalto e estava tranquilo ao falar sobre o evento traumático. O empregado elogiou muito o atendimento recebido na PUC. Inclusive, o Sr. 'J.' foi assaltado dia 01/03/2016 e disse que
se sentiu mais calmo, menos apreensivo comparado ao assalto anterior. Revelou na ocasião que ele está divulgando entre colegas de trabalho o
quão significativo foi o atendimento psicológico recebido na PUC".
É uma técnica de reprocessamento psicofisiológico de traumas (brainspotting), criada pelo psicólogo David Grand.
Um “brainspot” é “um ponto específico no cérebro – é a posição ocular relacionada à ativação energética e emocional de um tema perturbador”.
Localizado por meio da posição ocular, o brainspot é um subsistema fisiológico que armazena a experiência emocional perturbadora sob a forma de memória.
Associação Iberoamericana de Brainspotting. O que é Brainspotting. Recuperado em 26 de abril de 2012, de http://www.brainspotting.com.br. Associação Iberoamericana de Brainspotting. O que é Brainspotting. Recuperado em 26 de abril de 2012, de http://www.brainspotting.com.br. Associação Iberoamericana de Brainspotting. O que é Brainspotting. Recuperado em 26 de abril de 2012, de http://www.brainspotting.com.br.
Fonte: Associação Iberoamericana de Brainspotting. O que é Brainspotting. Disponível em
http://www.brainspotting.com.br.
Fonte: https://www.otempo.com.br/infograficos/interruptor-de-redes-sinapticas-1.1412555
“Um brainspot seria, então, uma resposta de orientação oculomotora a uma vivência traumática que ficou “armazenada” devido a não resolução e integração das fases da
resposta de orientação. Acessar esse ponto e manter o olhar direcionado para ele durante o tratamento da vivência traumática permitiria que a resposta de orientação se completasse.
É como se o ponto correspondesse ou “marcasse” a resposta não completada, e olhar continuamente para ele durante o processamento fornecesse e mantivesse aberta uma porta de entrada para o trauma, pelo mesencéfalo, ou seja, em um nível sensorial, não
verbal, não controlado conscientemente, para que a resposta – que envolve diversas estruturas cerebrais, inclusive corticais – se completasse”.
Associação Iberoamericana de Brainspotting. O que é Brainspotting. Recuperado em 26 de abril de 2012, de http://www.brainspotting.com.br. Associação Iberoamericana de Brainspotting. O que é Brainspotting. Recuperado em 26 de abril de 2012, de http://www.brainspotting.com.br. Associação Iberoamericana de Brainspotting. O que é Brainspotting. Recuperado em 26 de abril de 2012, de http://www.brainspotting.com.br.
FUZIKAWA, C. Brainspotting: Uma Nova Abordagem Psicoterápica para o Tratamento do Trauma.
Revista Debates em Psiquiatria - Mai/Jun 2015
(...) a ameaça de morte sobre a qual falam os trabalhadores não se refere, apenas, às agressões físicas, geralmente, mais visíveis. Ela se reporta às violências psicológicas, praticadas por meio da linguagem (Vieira, 2014, p. 266).
A proteção da saúde dos trabalhadores não passa apenas pela instalação de medidas de segurança contra eventos criminosos, se bem que indispensáveis, mas, igualmente, pelos modos de gestão e organização do trabalho (Vieira, 2014, p. 266)
O apoio psicossocial é um fator de proteção ao desenvolvimento do transtorno mental pós-traumático, como já indicado pela literatura científica.
Fonte: VIEIRA, Carlos Eduardo Carrusca. Traumas no Trabalho – uma nova leitura do Transtorno de Estresse Pós-traumático. Curitiba: Juruá, 2014.
Evitar a banalização, a individualização e a psicologização dos problemas de saúde relacionados ao trabalho;
Conhecer a realidade de trabalho de forma profunda, para propor estratégias de enfrentamento que sejam realmente eficazes;
Implementar e garantir o funcionamento das redes de apoio psicossocial aos trabalhadores, em parceria com os serviços de atenção à saúde dos trabalhadores.
Adotar medidas concretas: nenhuma estratégia de mitigação psicológica vai ser tão eficaz como a diminuição real do risco da violência no trabalho, com base em medidas concretas de proteção da segurança do trabalhador por parte das empresas (VIEIRA, CASTAGNET, MACHADO & FERREIRA, 2014).
ARISTIZÁBAL, E.; PALACIO, J.; MADARIAGA, C.; OSMAN, H.; PARRA, L. H.; RODRÍGUEZ, J.; LÓPEZ, G. Síntomas y traumatismo psíquico en víctimas y victimarios del conflicto armado en el Caribe colombiano . Psicología desde el Caribe 2012, 29 (1).
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SHAPIRO, F. (2001). EMDR – Dessensibilização e Reprocessamento Através dos Movimentos Oculares. Rio de Janeiro: Editora Nova Temática.
Agradeço pela atenção, [email protected]
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