Oficina de leitura

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Capacitação 2013 na Escola Municipal Brigadeiro Faria Lima

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O signo

O índice

O ícone

O símbolo

O signo linguístico (linguagem verbal, não verbal, mista, as cores – vocábulo gírio e

expressões idiomáticas)

Despertar o olhar para o mundo ao redor – o texto não é composto apenas por palavras...

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MEMÓRIA (Roseana Murray)

Há pouco tempo,aqui havia uma padaria.

Pronto - não há mais.

Há pouco tempoaqui havia uma casa,

cheia de cantos, recantos,corredores impregnados

de infância e encanto.Pronto - não há mais.

Uma farmácia,uma quitanda.

Pronto - não há mais.

A cidade destrói, constrói,reconstrói.

Uma árvore, um bosque.Pronto - nunca mais.

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Oficina de leituraPOEMA DA CIRCUNSTÂNCIA (Mario Quintana)

Onde estão os meus verdes?Os meus azuis?

O arranha-céu comeu!E ainda falam nos mastodontes, nos brontossauros,

nos tiranossauros,Que mais sei eu...

Os verdadeiros monstros, os Papões, são eles, os arranha céus!Daqui

Do fundoDas suas goelas

Só vemos o céu, estreitamente, através de suas empinadasgargantas ressecas.

Para que lhes serviu beberem tanta luz?!Defronte

À janela onde trabalhoHá uma grande árvore...

Mas já estão gestando um monstro de permeio!Sim, uma grande árvore...Enquanto há verde,

Pastai, pastai, os olhos meus...Uma grande árvore muito verde...Ah,Todos os meus olhares são de adeus

Como um último olhar de um condenado! (Fábrica – Legião Urbana)

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DETALHES (Luis Fernando Veríssimo)O velho porteiro do palácio chega em casa, trêmulo. Como sempre que tem

baile no palácio, sua mulher o espera com café da manhã reforçado. Mas destavez ele nem olha para a xícara fumegante, o bolo, a manteiga, as geleias. Vaidireto à aguardente. Atira-se na sua poltrona perto do fogão e toma um longogole de bebida, pelo gargalo.- Helmuth, o que foi?- Espera, Helga. Deixa eu me controlar primeiro.Toma outro gole de aguardente.- Conta, homem! O que houve com você? Aconteceu alguma coisa no baile?- Co-começou tudo bem. As pessoas chegando, todo mundo de gala, todos comconvite, tudo direitinho. Sempre tem, é claro, o filhinho de papai sem conviteque quer levar na conversa, mas já estou acostumado. Comigo não temconversa. De repente, chega a maior carruagem que eu já vi. Enorme. E toda deouro. Puxada por três parelhas de cavalos brancos. Cavalões! Elefantes! Dedentro da carruagem, salta uma dona. Sozinha. Uma beleza. Eu me preparopara barrar a entrada dela porque mulher desacompanhada não entra no bailedo palácio. Mas essa dona tão bonita, tão sei lá, radiante, que eu não digo nadae deixo ela entrar.

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- Bom, Helmuth. Até aí...- Espera. O baile continua. Tudo normal. Às vezes rola um bêbado pelaescadaria, mas nada de mais. E então bate a meia-noite. Há um rebuliço naporta do palácio. Olho para trás e vejo uma mulher maltrapilha que descepela escadaria, correndo. Ela perde uma sapato. E o príncipe atrás dela.- O príncipe?- Ele mesmo. E gritando para eu segurar a esfarrapada. “Segura! Segura!”Mepreparo para segurá-la quando ouço uma espécie de “vum” acompanhadode umclarão. Me viro e...- E o quê, meu Deus?O porteiro esvazia a garrafa com um último gole.- Você não vai acreditar.- Conta!- A tal carruagem. A de ouro. Tinha se transformado numa abóbora.-Numa o quê?

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- Eu disse que você não ia acreditar.- Uma abóbora?- E os cavalos em ratos.- Helmuth...- Não tem mais aguardente?- Acho que você já bebeu demais por hoje.- Juro que não bebi nada!- Esse trabalho no palácio está acabando com você, Helmuth. Pede para ser transferido para o almoxarifado.

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Velha história (Mario Quintana)

Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até queapanhou um peixinho! Mas o peixinho era tão pequenino einocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que ohomem ficou com pena. E retirou cuidadosamente o anzol epincelou com iodo a garganta do coitado. Depois guardou-o nobolso traseiro das calças, para que o animalzinho sarasse noquente. E desde então ficaram inseparáveis. Aonde o homem ia,o peixinho o acompanhava, a trote, que nem um cachorrinho.Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelos cafés. Como era tocantevê-los no “171” – o homem, grave, de preto, com uma das mãossegurando a xícara de fumegante moca, com a outra lendo ojornal, com a outra fumando, com a outra cuidando do peixinho,enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomavalaranjada por um canudinho especial.

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Velha história (Mario Quintana)

Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem dorio onde o segundo dos dois fora pescado. E eis que os olhos doprimeiro se encheram de lágrimas. E disse o homem ao peixinho: “Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por queroubar-te por mais tempo ao carinho do teu pai, da tua mãe, dosteus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta parao seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre triste!...”

Dito isto, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou opeixinho na água. E a água fez um redemoinho, que foi depoisserenando, serenando... até que o peixinho morreu afogado.