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LEITURAS LITERÁRIAS

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Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Vice-Presidente da RepúblicaJosé Alencar Gomes da Silva

Secretaria-Geral da Presidência da RepúblicaLuiz Soares Dulci

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à FomePatrus Ananias

Ministério da EducaçãoFernando Haddad

Ministério do Trabalho e EmpregoCarlos Lupi

Secretaria-Geral da Presidência da RepúblicaMinistro de Estado Chefe Luiz Soares Dulci

Secretaria-ExecutivaSecretário-Executivo Antonio Roberto Lambertucci

Secretaria Nacional de JuventudeSecretário Luiz Roberto de Souza Cury

Coordenação Nacional do Programa Nacional de Inclusão de Jovens – ProJovem UrbanoCoordenadora Nacional Maria José Vieira Féres

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LEITURAS LITERÁRIAS

Presidência da RepúblicaSecretaria-Geral

Secretaria Nacional de JuventudeCoordenação Nacional do ProJovem Urbano

Programa Nacional de Inclusão de Jovens

Brasília, DF2008

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Copyright © 2008 Permitida a reprodução sem fins lucrativos, parcial ou total, por qualquer meio, se citada a fonte e o sítio da Internet onde pode ser encontrado o original (www.projovemurbano.gov.br).

Coleção ProJovem Urbano

Elaboração e Organização

Equipe Técnica

Coordenação Nacional do ProJovem Urbano – Assessoria PedagógicaCláudia Veloso Torres GuimarãesLuana Pimenta de AndradaLeila Taeko Jin BrandãoJazon Macêdo

Organização Cláudia Veloso Torres GuimarãesEleuza Maria Rodrigues BarbozaFabiana Carneiro Martins CoelhoMaria Umbelina Caiafa Salgado Luana Pimenta de AndradaLeila Taeko Jin Brandão

Autores – Língua PortuguesaSandra Maria Andrade del-GaudioTerezinha Maria Barroso Santos

RevisãoLeandro Bertoletti Jardim

Projeto Gráfico e Editoração EletrônicaLuiza Sarrapio

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1LEITURAS LITERÁRIAS

Oficina 5LEITURAS LITERÁRIAS

LENDAS – UMA FORMA DE EXPLICAR O MUNDO (parte I)

Antecipando sentidos dos textos

Lendo os textos

Texto I

Abaixo você vai ler uma lenda de origem grega, que foi recontada por uma escritora brasileira chama-da Ana Maria Machado. A lenda se chama A tapeçaria de Aracne.

A tapeçaria de Aracne

Lenda grega recontada por Ana Maria Machado

Há muito tempo, na Grécia Antiga, contavam que Palas, a deusa da sa-bedoria (que mais tarde os romanos chamariam de Minerva), ensinava todos os segredos de fiação e tecelagem a uma moça chamada Aracne. Aracne era de origem humilde, mas se tornou tão habilidosa com fios e tramas, que até as ninfas dos bosques e dos rios vinham vê-la trabalhar. Não só porque os tecidos que fazia eram incomparáveis, mas até por-que a graça de seus movimentos tinha a beleza de uma arte; desde quando puxava os chumaços de lã ou de cânhamo, até quando fazia novelos e meadas. E, principalmente depois, quando a linha macia e longa se convertia em belos panos num tear, ou era ricamente bordada

em desenho divinos. Divinos, sim. Pois todos os que viam o trabalho de Aracne, logo conclu-íam que ela aprendera seu ofício com Palas, e cobriam a deusa de louvores.

Ora, quanto mais atenção atraía, mais Aracne se ofendia com os elogios a Palas e negava qualquer mérito à deusa. Até que certo dia acabou exclamando:

– Sou muito melhor tecelã que Palas! Se ela viesse competir comigo, todos iam ver isso. E, se me vencesse, poderia fazer comigo o que quisesse. Antes de aceitar o desafio, a deusa se disfarçou e veio visitar Aracne, sob a forma de uma velha, aconselhando-a a respeitar a experiência e a sabedoria dos anciãos e a reconhecer a superioridade dos deuses:

– Se você se arrepender de suas palavras, e pedir perdão, tenho certeza de que Palas a perdoará – disse.

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Há três mil anos, não havia explica-ções científicas para grande parte dos fenômenos da natureza ou para os acontecimentos históricos. Para bus-car um significado para os fatos políti-cos, econômicos e sociais, os gregos criaram uma série de histórias, de ori-gem imaginativa, que eram transmiti-das, principalmente, por meio da lite-ratura oral.

Segundo a lenda grega, Aracne era uma jovem tecelã que vivia na Lídia, em uma região da Ásia Menor. Seu trabalho era tão perfeito que, em toda região, Aracne ganhou fama de ser a melhor na arte de fiar e tecer a lã.

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2OFICINA 5

– Você está é de miolo mole, sua velha! Quer dar conselho? Vá procurar suas netas. Eu me defendo sozinha. Palas tem medo de mim. Se não tivesse, já teria vindo me enterrar.

A velha deixou cair o disfarce e se revelou em todo o seu esplendor:– Pois Palas veio, sua tonta!As ninfas e todas as mulheres se prostraram diante da deusa, mas Aracne manteve seu

desafio. Sem perder tempo, cada uma das duas foi para um canto do enorme salão, com seus novelos, meadas, fios e seu tear.

Durante muito tempo, uma belíssima tapeçaria foi surgindo em cada tear. Palas fez ques-tão de ilustrar em seu bordado todas as histórias de mortais que tinham desafiado os deuses e os terríveis preços que tiveram de pagar por isso. Aracne, por outro lado, mostrou em sua tapeçaria os inúmeros crimes que os deuses já tinham cometido, recriados com exatidão e minúcia de detalhes. Cada uma, ao final, rematou seu trabalho com preciosa moldura tecida.

Ninguém se surpreendeu com a perfeição da obra de Palas. Mas quem ficou surpresa foi a deusa, pois por mais que procurasse o mínimo defeito na obra de Aracne, não conseguia encontrar uma única falha. Com raiva, bateu várias vezes com seu bastão na testa da tecelã.

Não suportando a dor, Aracne passou um fio no pescoço para se enforcar. Mas Palas teve pena e a segurou suspensa no ar, dizendo:

– Você tem má índole e é vaidosa, mas tenho que respeitar sua arte. Não admito que mor-ra. Porém, você e seus descendentes viverão sem-pre assim, suspensos o tempo todo.

E, ao partir, borrifou-lhe uma poção, que fez o cabelo da moça cair, a cabeça e o corpo encolherem, os dedos crescerem, e a transformou, para sempre, numa aranha, condenada a fabricar fio e teia, até o final dos tempos. Sempre com perfeição incomparável.

1. A lenda que você leu pode ser dividida em três grandes partes:

1ª parte – A autora apresenta o cenário geral onde se passa a história, descreve a perso-nagem Aracne, sua habilidade para tecer, a admiração que todos tinham pelo seu trabalho e como ela era vaidosa.

2ª parte – A autora apresenta a seqüência de ações decorrentes do fato de Aracne não reconhecer a superioridade da deusa Palas.

3ª parte – A autora apresenta o desfecho da história.

Localize essas partes, completando o quadro abaixo:

A 1ª parte começa em: ____________________________________________ e termina em: ________________________________________________.A 2ª parte começa em: ____________________________________________ e termina em: ________________________________________________.A 3ª parte começa em: _______________________________________________ e termina em: ________________________________________________.

2. Foque na 2ª e 3ª partes, para colocar em ordem os fatos na narrativa:

( ) A competição.

( ) Atenas revela-se.

( ) O que Aracne tece.

( ) O que Atena tece.

( ) Desfecho da história.

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3. Para que uma história seja reconhecida como uma lenda ela deve apre-sentar algumas características:

1. envolver personagens humanos e sobrenaturais;

2. explicar algum fenômeno do mundo ou o surgimento de algo;

3. ser uma história fantasiosa, fictícia.

Numere o quadro abaixo de acordo com os itens acima:

Lenda: A tapeçaria de AracneOs fatos narrados são impossíveis de acontecer no mundo real. A lenda explica a existência da aranha.Um personagem é uma deusa: Palas, e a outra, Aracne, é humana.

4. Vimos que, por intermédio das lendas, um povo busca explicar fenômenos da natureza, a existência de seres ou coisas que habitam o seu mundo, ou seja, diante do inexplicável, o homem inventa uma história. O que a lenda de Aracne pretende explicar?

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5. A lenda se desenvolve em torno da disputa entre Aracne e Palas sobre quem é a melhor tecelã. Por esse motivo, informações sobre tecelagem são muito presentes na lenda de Aracne. Identifique palavras ou expressões ligadas à idéia de tecelagem.

6. Em Ciências, aprendemos que as aranhas fazem parte da classe dos aracnídeos. De onde vem esse nome?

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7. A imagem que ilustra a lenda faz referência à Aracne. Como o pintor representa a figura da personagem da lenda?

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4OFICINA 5

LENDAS – UMA FORMA DE EXPLICAR O MUNDO (parte II)

Antecipando sentidos dos textos

1. Alguns sentimentos humanos são representados na lenda de Aracne. Quais? Quem os tem? Por quê? Complete o quadro abaixo:

Qual sentimento? Quem os tem? Por quê?vaidade

Palas, porque não havia nenhum defeito no trabalho de Aracne. admiração

Palas, porque Aracne não reconheceu a superioridade da deusa.pena

Refletindo sobre a língua

1. Leia o resumo da lenda abaixo e depois responda.

Palas era a deusa da sabedoria. Palas vivia na antiga Grécia. Um dia, Palas resolveu ensinar os segredos da fiação e tecelagem a uma moça chamada Arac-ne. Aracne era de origem humilde, mas Aracne se tornou tão habilidosa quanto Palas. As ninfas dos bosques e dos rios vinham ver Aracne trabalhar e ficavam encantadas com a beleza dos trabalhos de Aracne. A fama de Aracne foi tanta, que Aracne passou a se sentir mais importante do que Palas. Furiosa com a atitude de Aracne, Palas resolveu passar uma lição em Aracne, transformando Aracne e os descendentes de Aracne em aranhas.

a) Você acha que o autor do resumo cometeu algum erro na hora de escrevê-lo? Qual?

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b) Reescreva o resumo, fazendo as alterações necessárias para resolver o problema que você encontrou:

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Texto II

O texto que você vai ler é uma versão moderna do gênero lenda, chamada de lenda urba-na. Antes disso, informe-se sobre esse gênero, lendo a definição, adaptada da enciclopédia digital Wikipédia, no quadro a seguir:

Lenda urbanaLendas urbanas, mitos urbanos ou lendas contemporâneas

Lendas urbanas, mitos urbanos ou lendas contemporâneas são pequenas histórias de caráter fabuloso ou sensacionalista amplamente divulgadas de forma oral, através de e-mails ou da imprensa, e que constituem um tipo de folclore moderno. São fre-qüentemente narradas como sendo fatos acontecidos a um “amigo de um amigo” ou de conhecimento público.

Muitas delas já são bastante antigas, tendo sofrido apenas pequenas alterações ao longo dos anos. Muitas foram traduzidas e incorporadas de outras culturas. É o caso de, por exemplo, a história da loira do banheiro, lenda urbana brasileira que fala sobre o fantasma de uma garota jovem de pele muito branca e cabelos loiros, que costuma ser avistada em banheiros, local onde teria se suicidado ou, em outras versões, sido assassinada.

Outras dessas histórias têm origem mais recente, como as que dão conta de ho-mens seduzidos e drogados em espaços de diversão notur-na que, ao acordarem no dia seguinte, descobrem que tiveram um de seus rins cirurgicamente extraído por uma quadrilha especializada na venda de órgãos humanos para transplante.

Muitas lendas urbanas são, em sua origem, baseadas em fatos reais (ou preocupa-ções legítimas), mas, geralmente, acabam distorcidas ao longo do tempo.

Suas características principais seriam: • são narrativas (geralmente pequenas histórias, porém bem estruturadas); • apresentam sempre testemunhas e provas supostamente existentes; • quem as conta geralmente as ouviu de alguém e, quando a pessoa repassa a histó-

ria, costuma confirmá-la, como se tivesse sido vivida por ela mesma.

Lenda urbana

A loira do banheiro

“Esta lenda é muito conhecida, qualquer um já deve ter ouvido falar nela nos cor-redores de uma escola. Ela é muito comentada, mas tam-bém incerta, existem muitas versões para ela. Uma delas diz que uma menina loira muito bonita vivia matando aula na escola, ficando dentro do banheiro, fumando, fazendo hora, enfim. Então, um dia, durante essas escapadas, ela caiu, bateu com a cabeça e morreu. Desde esse dia, os banheiros femininos de escolas são assombrados pelo espírito de uma loira que apare-ce, quando se entra sozinho. Outros dizem que essa loira aparece com o rosto cheio de cicatrizes e fere as garotas; ou aparece com algodão no nariz, pedindo para que tirem. Também há a crença de que, se você chamar a loira, tantas vezes, em frente ao espe-lho, ela vai aparecer. É uma história complicada, mas é uma das lendas bem antigas que fazem parte da vida de qualquer estudante”.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

1. Para que uma história seja reconhecida como uma lenda urbana, ela deve apresentar al-gumas características:1. ser uma narrativa pequena, bem estruturada; 2. apresentar sempre testemunhas e provas de que a história realmente aconteceu;3. ser uma história ouvida e confirmada por várias pessoas.

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Numere o quadro abaixo de acordo com os itens acima:

Lenda: Lenda UrbanaA narrativa é curta, de fácil entendimento, porque o fato narrado é compreendido sem problemas. A lenda faz parte da vida de qualquer estudante, que jura ter passado pela experiência de ter visto a loira. Vários estudantes contam a história da loira por terem ouvido dizer.

A lenda diz que a loira pode aparecer de várias maneiras para as pessoas no banheiro. Com-plete o quadro com as versões do texto:

Versões para o aparecimento da loira1ª versão2ª versão3ª versão4ª versão

Produzindo textos

Certamente, você conhece algumas lendas urbanas. Conte algumas para seus colegas de sala. Em seguida, com base na Atividade 1, escreva uma LENDA URBANA que o tenha impressionado.

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7LEITURAS LITERÁRIAS

APÓLOGO – OUTRA FORMA DE SIMBOLIZAR O MUNDO (parte I)

Lendo o texto

Texto I

O texto abaixo pertence ao gênero apólogo. Nele, é narrada uma discussão entre dois personagens. O autor deste texto é Machado de Assis.

Apólogo é uma narrativa curta, que se parece com a fábula. No apólo-go, como na fábula, na conclusão do texto, há uma lição de moral, que tem uma finalidade educativa. O que diferencia esses gêneros é que, no apólogo, os personagens são seres inanimados – objetos – e, na fábula, são animais. Os objetos são mostrados com características e comporta-mentos humanos.

Um apólogo Machado de Assis

ERA UMA VEZ uma agulha, que disse a um novelo de linha:A – Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale al-guma cousa neste mundo? L – Deixe-me, senhora. A – Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. L – Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. A – Mas você é orgulhosa. L – Decerto que sou. A – Mas por quê? L – É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? A – Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu? L – Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados... A – Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxan-do por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando... L – Também os batedores vão adiante do imperador:A – Você é imperador?L – Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obs-curo e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto... Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha

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na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana – para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:A – Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima... A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abo-toando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe: L – Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá. Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor expe-riência, murmurou à pobre agulha: – Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, en-quanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:– Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Obra completa. V. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979, pp. 554-556.

Construindo sentidos para o texto

1. Responda:

a) O texto lido pertence ao gênero apólogo. Nele não há animais como personagens. Quais são os dois personagens principais do apólogo?

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b) O apólogo é uma narrativa. Nas narrativas, aparece a figura daquele que conta a história – o narrador. Retire do texto algumas passagens em que o narrador aparece.

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

c) No texto, o narrador é um homem ou uma mulher?

__________________________________________________________________________________

d) Marque a resposta certa:

Pelas passagens destacadas na resposta b, o narrador escreve na _______________________ (1ª pessoa do singular/1ª pessoa do plural/3ª pessoa do singular).

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2. Marque, no texto, as falas da agulha (A) e da linha (L).

3. Que personagem iniciou a discussão?

__________________________________________________________________________________

4. Que personagem “teve mais falas”?

__________________________________________________________________________________

5. Quem teve a “última palavra” na discussão?

__________________________________________________________________________________

Produzindo textos

Preparar a leitura dramatizada do texto: um aluno atuará como o nar-rador e três outros alunos lerão as falas da agulha, da linha e do alfinete. Ler o texto para os colegas, após a preparação em aula.

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APÓLOGO – OUTRA FORMA DE SIMBOLIZAR O MUNDO (parte II)

Construindo sentidos para o texto

1. Releia, abaixo, algumas passagens do texto. Converse com seu colega a respeito de seus possíveis significados. Recorram ao dicionário para com-preensão dos sentidos, caso seja necessário:

a) “Por que você está com esse ar, toda cheia de si...”

__________________________________________________________________________________

b) “(...) os vestidos e enfeites de nossa ama...”

__________________________________________________________________________________

c) “Também os batedores vão diante do imperador”.

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

d) “(...) uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela”.

__________________________________________________________________________________

e) “(...) a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe...”

__________________________________________________________________________________

2. Agulha e linha enumeraram argumentos, para comprovarem que uma era mais importante do que a outra. Que argumentos cada uma usou?

Linha

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Agulha

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3. Onde se passam as ações da história?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

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4. Quando começou a discussão entre a agulha e a linha?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

5. Como as fábulas, os apólogos também desejam ensinar algo aos leitores e fazem isso por meio da moral, que aparece na conclusão do texto.

a) Quem apresenta a moral da história?

__________________________________________________________________________________

b) Qual é a moral desta história?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

c) O alfinete complementa a moral do apólogo, ensinando à agulha outra “lição”. Qual?

__________________________________________________________________________________

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6. Quem venceu a discussão: a agulha ou a linha?

__________________________________________________________________________________

7. 7. Releia:

“Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: – Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!”

Nesse diálogo, o narrador conversa com uma pessoa sobre o apólogo. O que quer dizer a expressão “professor de melancolia”?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

Refletindo sobre os usos da língua

1. Quantos parágrafos há no texto?

__________________________________________________________________________________

2. Releia:

“É boa! Porque coSo. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os coSe, senão eu?”

Coso e cose são formas do verbo COSER. Coser significa: ______________. Agora leia:

É boa! Porque coZo. Então os pratos sofisticados dos almoços de nossa ama, quem é que os coZe, senão eu?

Cozo e coze são formas do verbo COZER. Cozer significa: ______________.

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Marque a resposta certa para fazer a conclusão:

Os pares de verbos coso/cozo e cose/coze têm som ____________ (igual/diferente), grafia ________________ (igual/diferente) e sentido _______________ (igual/diferente). Essas pala-vras também são chamadas de HOMÔNIMAS.

Produzindo textos

Você aprendeu, neste encontro, as características de um apólogo. Relembre-as:• narrativa curta, parecida com a fábula;• moral no final da narrativa;• os personagens são seres inanimados – objetos;• os objetos são mostrados com características e comportamentos humanos.

Pensando nos pares de objetos relacionados abaixo, escolha um par para escrever um apó-logo juntamente com seu colega:

Caneta e papelVinho e águaCaneta e lápis Carro e moto e outros.

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SUGESTÃO DE BIBLIOGRAFIA PARA O PROFESSOR

ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo: Parábola, 2007.

______________. Aula de Português: encontro & interação. São Paulo: Parábola, 2003.

DIONÍSIO, Angela Paiva et alii. Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2007.

KLEIMAN, Angela. Oficina de Leitura teoria & prática. Campinas/SP: Pontes, 2007.

KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2007.

LIBERATO, Yara e FULGÊNCIO, Lúcia. É possível facilitar a leitura: um guia para escrever claro. São Paulo: Contexto, 2007.

SIMÕES, Darcília. Considerações sobre a fala e a escrita – Fonologia em nova chave. São Paulo: Parábola, 2006.

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