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A falta de medicamentos e a qualidade do atendimento oncológico no SUS
WhatsApp, e-mail e SMS
Oncologistas brasileiros utilizam essas ferramentas no contato com pacientes
Real World Data
O uso de dados da vida real já começa a se tornar realidade na saúde brasileira
Balanço
Atual Diretoria da SBOC apresenta realizações do primeiro ano de gestão
Perfil: Gustavo Godoy
Oncologista pernambucano divide o tempo entre a clínica, a pesquisa e a docência
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ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS A REVISTA
DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA
2 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS
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24Gustavo GodoyOncologista pernambucano está pesquisando a relação entre o Schistosoma mansoni e o câncer de cólon
26Um ano da atual Diretoria da SBOCEleita para a gestão 2015-2017, a atual Diretoria da SBOC mostra as principais realizações de seu primeiro ano
6A Jornada da Paciente com Câncer de Colo UterinoOrganizado pela SBOC, painel debateu sobre o câncer do colo do útero com especialistas de diversas intituições
Congresso Brasileiro de Câncer do Aparelho DigestivoEvento inova ao ser organizado conjuntamente por SBOC e Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO)
II Simpósio Brasileiro de Imuno-OncologiaPromovido pela SBOC, simpósio reuniu oncologistas clínicos do Centro-Oeste, em Brasília (DF)
— Reportagem especial
— Giro SBOC
— Ciência & prática — Perfil
— Balanço
22Tecnologias na interação com pacientes Enquete da SBOC revela que maioria dos oncologistas usa WhatsApp, e-mail e SMS para contato com pacientes
— Vida de médico
A qualidade do atendimento oncológico no SUSUm raio X do atendimento mostra demora para o ínicio do tratamento, falta de equipamentos e de medicamentos
18Real World Data começa a se tornar realidade Instituições de saúde brasileiras dedicadas à oncologia se preparam para utilizar ferramentas de inteligência cognitiva
4 Hora de apresentar resultadosPresidente da SBOC apresenta a revista Oncologia & Oncologistas e os resultados do primeiro ano da gestão 2015-2017
— Carta ao leitor
Índice
— Inovação
10 Campanha de vacinação contra o HPVPromovida pela SBIm, campanha tem apoio da SBOC e tem como objetivo aumentar a adesão à vacina
— Giro SBOC
Força Amiga ganha apoio da SBOC A campanha reúne sociedades médicas, entre elas a SBOC, especialistas e ONGs para promover um debate sobre a doença
11Gincana Virtual da OncologiaDepois de quatro meses e a participação de mais de 220 residentes de oncologia, conheça os vencedores da disputa
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Foto: Reprodução de vídeo
Fosfoetanolamina em testeIcesp e Universidade Federal do Ceará conduzem pesquisas para avaliar possível efeito antitumoral da substância
14Pesquisa em andamentoProjeto de pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos avalia a eficácia de um teste caseiro na urina para identificar o HPV
16 — Eventos SBOC
4 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS
Este é o primeiro número da revista Oncologia & Oncologistas, que chega até você no
momento em que a gestão 2015-2017 da SBOC completa um ano. Um dos textos da
edição apresenta uma prestação de contas, destacando as principais realizações deste
primeiro ano.
Oncologia & Oncologistas é um desdobramento do antigo Boletim SBOC, agora com um
design mais moderno e matérias de interesse geral para os oncologistas clínicos. A
intenção é que ela seja um instrumento para fortalecer o contato entre os associados,
permitindo que profissionais de todo o Brasil se conheçam melhor e troquem mais
informações. Além disso, queremos fornecer insights para o dia a dia do oncologista
clínico, não apenas em relação à ciência, mas também a questões práticas da profissão.
Melhorar a comunicação com os associados é uma das metas da atual Diretoria. Além da
nova revista, a SBOC ganha também um novo site, com navegação que facilita o acesso
aos conteúdos, além de fortalecer a presença nas redes sociais. Incrementamos ainda
nossa presença nos meios de comunicação, promovendo discussões importantes para a
sociedade, como a qualidade do atendimento oncológico no Sistema Único de Saúde (SUS).
Esse é um dos temas que porta-vozes da SBOC vêm debatendo nos meios de
comunicação. Nesta edição, uma reportagem especial trata do assunto. Para fazer
um raio X do atendimento público aos pacientes com câncer, membros de outras
sociedades médicas também foram ouvidos. Na reportagem especial, números e dados
mostram que faltam equipamentos e medicamentos e há demora no atendimento.
Carta ao leitor
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Hora de apresentar resultados
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A adoção de ferramentas capazes de coletar, estruturar e integrar dados médicos
poderia ajudar o sistema público de saúde a se organizar, diminuindo o tempo de
espera e mantendo o histórico dos pacientes sempre atualizado. No Brasil, al-
gumas instituições públicas e privadas já utilizam tecnologias capazes de coletar
dados do mundo real, captando informações importantes sobre o dia a dia de
seus serviços. Um dos destaques da revista é uma matéria que mostra como es-
sas instituições estão implementando o uso do Real World Data.
As tecnologias de comunicação também já fazem parte da rotina dos oncolo-
gistas clínicos no atendimento a seus pacientes. Outra reportagem desta edição
apresenta dados sobre a utilização de WhatsApp, SMS e e-mail no contato com
pacientes e discute os limites dessa relação virtual. A maioria dos oncologistas
clínicos que respondeu à pesquisa exclusiva elaborada pela SBOC diz usar esses
meios de comunicação para falar com os pacientes sobre resultados de exames,
medicamentos, controle de eventos adversos ou para tirar qualquer outra dúvida
do tratamento.
Como você pode ver pelo “cardápio” deste primeiro número, nossa intenção é
que a revista Oncologia & Oncologistas aborde temas atuais, mas sempre sob a
perspectiva do oncologista clínico, atendendo a seus principais dilemas e desa-
fios. Dessa forma, a SBOC espera ser vista cada vez mais como uma facilitadora
do caminho de crescimento profissional do oncologista brasileiro.
Boa leitura!
ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS | Revista da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Edição n 1. Presidente: Dr. Gustavo dos Santos Fernandes. Diretora executiva: Dra. Cinthya Sternberg. Secretário de Comunicação Social: Dr. Claudio Luiz S. Ferrari. Designer Gráfico: Paulo David Muzel. Produção editorial: Cross Content. Direção: Andréia Peres e Marcelo Bauer. Edição: Simone Costa. Diagramação e infográficos: Douglas Duarte Bandeira. Revisão: Renata Lopes Del Nero. Pré-impressão: Premedia Crop. Contato: Av. dos Andradas, n 2287, sl. 709 - CEP: 30120-010 - Belo Horizonte - MG - Tel. (31) 3241-2920
Dr. Gustavo dos Santos Fernandes, Presidente da SBOC
Nossa intenção é que Oncologia & Oncologistas aborde temas atuais, mas sempre sob a perspectiva do oncologista clínico, atendendo a seus principais dilemas e desafios
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6 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS
A qualidade do atendimento oncológico no SUS
Um raio X do atendimento mostra déficit de equipamentos, demora no diagnóstico e no tratamento
Nos últimos 50 anos, doenças infecciosas e parasitárias deram lugar às doenças
cardiovasculares e às neoplasias como as principais causas de morte no Brasil. O
envelhecimento da população — de 1960 para cá, a expectativa de vida do brasileiro
aumentou mais de 25 anos —, a maior exposição a fatores de risco e ganhos de eficiência
no registro fez do conjunto de doenças caracterizadas como câncer a segunda maior causa
de morte no país. Somente no biênio 2016-2017, 600 mil novos casos devem ser notificados,
de acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), excluindo-se os casos de
câncer de pele não melanoma.
É no Sistema Único de Saúde (SUS) que cerca de 80% desses pacientes fazem ou farão o
tratamento. “O SUS atende, de maneira razoável, um grande número de pessoas, mas faltam
métricas para avaliar esse atendimento”, afirma o oncologista Gustavo Fernandes, presidente
da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Para contribuir nesse sentido, no último
ano, a SBOC vem promovendo um debate sobre a saúde pública, evidenciando a necessidade
de adoção de análises de custo-efetividade pelo Ministério da Saúde.
Desde 2005, o Brasil tem uma política de atenção oncológica. Essa política determina
desde a prevenção do câncer até como devem ser a reabilitação e os cuidados paliativos.
A última avaliação detalhada dessa política foi feita em 2010 por uma auditoria do Tribunal
de Contas da União (TCU). “As análises realizadas evidenciaram que a estrutura da rede de
atenção oncológica não tem possibilitado acesso tempestivo e equitativo ao diagnóstico e ao
tratamento de câncer”, aponta o Relatório de Auditoria Operacional do TCU.
Lentidão para início do tratamento
Um dos pontos destacados no relatório produzido pelo TCU foi a lentidão para início do
tratamento: o tempo médio de espera entre a data do diagnóstico e a primeira sessão de
quimioterapia foi de 76,3 dias, enquanto que a primeira radioterapia aconteceu 113,4 dias depois.
Da lista de remédios considerados essenciais pela OMS, 39 medicamentos oncológicos não estão disponíveis no SUS
Reportagem especial
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Em 2014, dando sequência ao monitoramento do atendimento
oncológico público, o TCU observou que as recomendações
feitas estavam sendo implementadas. Uma das medidas
tomadas pelo governo foi a edição da Lei n 12.732, de 2012,
determinando que o prazo máximo para início do tratamento
— que pode ser cirúrgico, radioterápico ou quimioterápico —
fosse de 60 dias, contados a partir da data do diagnóstico em
laudo patológico.
A lei, que ficou conhecida como “lei dos 60 dias”, no entanto,
não funciona na prática. No Relatório Sistêmico de Fiscalização
de Saúde, o próprio TCU apresenta dado do Inca, de 2014,
segundo o qual 70% dos pacientes levam até 180 dias
para iniciar o tratamento. “É inadmissível que uma paciente
sintomática, que sente um nódulo na mama, leve seis meses
para realizar o diagnóstico e iniciar o tratamento pelo SUS”,
afirma o mastologista André Mattar, membro da Sociedade
Brasileira de Mastologia (SBM) “O ideal seria a existência
de centros de alta resolutividade para que pacientes com
algum sintoma pudessem fazer o diagnóstico e começar o
tratamento imediatamente. Uma mulher com um nódulo
palpável não deveria ser encaminhada para mamografia,
como muitas vezes acontece”, explica o Dr. Mattar.
Baixo número de unidades cirúrgicas
O relatório do TCU apontou também um déficit de 44
unidades de atendimento com capacidade instalada para
cirurgia em 2011. “A situação é a mesma, já que até agora
não houve investimento significativo na capacidade de
atendimento cirúrgico. Dos gastos totais do Ministério da
Saúde em oncologia, somente 10% deles vão para a cirurgia”,
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afirma o cirurgião oncológico Felipe Coimbra, presidente da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).
De acordo com o Dr. Coimbra, estima-se que 80% dos pacientes
oncológicos precisem de cirurgia, seja para diagnóstico,
estadiamento, seja para tratamento curativo. “Uma estatística
mundial mostra que somente 25% dos pacientes conseguem
ter acesso à cirurgia no tempo certo com médico capacitado
para cada tipo de tumor. Não temos dados sobre a situação
brasileira, mas não deve ser diferente disso”, explica.
Déficit de aparelhos de radioterapia
A falta de equipamentos de radioterapia já era evidenciada
na auditoria realizada pelo TCU. O documento apresentou
um levantamento do Inca que apontava um déficit de
135 equipamentos no sistema público. Considerando-se a
recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS),
esse déficit é ainda maior. A OMS determina que haja 1
aparelho de megavoltagem para cada 250 mil a 300 mil
habitantes. Atualmente, o SUS conta com 269 equipamentos,
metade do que preconiza a OMS para atender toda a
população brasileira (veja infográfico abaixo).
Há quatro anos, o governo federal lançou o Plano de Expansão
da Radioterapia no SUS, prometendo mais 80 equipamentos
(39 ampliações e 41 novos), mas o Plano ainda não saiu do
papel. A previsão era de que dois desses aparelhos fossem
entregues até o fim deste ano. “Quando alguém chega com
indicação de radioterapia e não há disponibilidade, pode
acontecer de ele ser encaminhado para outro tratamento
para não estourar o prazo definido pela Lei dos 60 dias”,
afirma o radioterapeuta Eduardo Weltman, presidente da
Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT).
Segundo o Dr. Weltman, a dificuldade dos serviços públicos
de radioterapia está também na manutenção dos aparelhos.
“Apenas aqueles que estão em centros de referência mantidos
com algum tipo de subsídio (estadual, federal ou da sociedade
civil) conseguem sobreviver. Os demais não têm meios para
pagar por consertos e manutenção, cobrados em dólar,
e é uma questão de tempo o sucateamento e a parada de
funcionamento desses aparelhos com consequente piora no
atendimento da população”, afirma. O Dr. Weltman lembra
ainda que a remuneração dos serviços de radioterapia que
atendem o SUS está congelada desde 2010. “São seis anos de
perdas por causa da inflação e gastos em dólar para manter
esses equipamentos”, ressalta.
Desigualdades regionais
O país sofre ainda com a desigualdade na distribuição de
aparelhos de radioterapia. Segundo a SBRT, na região Norte,
há 0,19 aparelho para cada 300 mil habitantes, enquanto na
Sul, o índice é 0,71. O mesmo acontece com os aparelhos de
mamografia (veja infográfico na página ao lado).
Um levantamento elaborado pela SBM em parceria com
a Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia mostrou que
o número de equipamentos de mamografia do SUS seria
satisfatório para atender toda a população, mas estes estão,
em grande maioria, no eixo Sul-Sudeste. “Além disso, as capitais
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concentram esses mamógrafos, enquanto uma área imensa
no interior fica descoberta”, afirma a mastologista Maira
Caleffi, presidente da Federação Brasileira de Instituições
Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama).
Outro problema é a qualidade dos mamógrafos no país.
Desde 2012, o Brasil tem o Programa Nacional de Qualidade
em Mamografia (PNQM), mas poucos serviços de mamografia
inscreveram-se para serem avaliados. Até agora, somente 234
— a maioria atende o SUS — passaram por avaliação e 218
foram aprovados. “A qualidade das imagens dos mamógrafos
é ruim. No Hospital Pérola Byington, temos de repetir os
exames em cerca de 35% das vezes”, afirma o Dr. Mattar.
Falta de medicamentos
O atendimento oferecido pelo SUS aos pacientes com
câncer é marcado ainda pela falta de medicamentos. “Existe
uma enorme disparidade entre as opções de tratamento
oncológico oferecidas pelo SUS e aquelas consideradas
essenciais pela chamada ‘cesta básica’ da OMS. No total, 39
medicamentos oncológicos presentes na lista da OMS não
estão disponíveis para pacientes com câncer tratados no
sistema público”, alerta a Dra. Maira Caleffi. A mastologista
assinou, junto a oncologistas membros da SBOC, um artigo no
Journal of Global Oncology, em junho deste ano, que mostrou o
impacto da falta de trastuzumabe e pertuzumabe para câncer
de mama metastático HER2-positivo no SUS.
Segundo o artigo, das 2008 mulheres que serão diagnosticadas
com a doença neste ano, 808 estarão vivas em dois anos
se tratadas só com quimioterapia. O número subiria para
1.576 se o trastuzumabe e o pertuzumabe fossem associados
à quimioterapia. “Falta clareza nas decisões da Conitec
[Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS].
O trastuzumabe, por exemplo, foi aprovado no país há mais de 17
anos e é eficaz. O SUS não poderá ofertar todas os medicamentos,
mas com uma avaliação de custo-efetividade, selecionaria alguns
que fariam grande diferença para os pacientes em tratamento de
câncer”, afirma o Dr. Fernandes.
Em novembro, a SBOC submeteu à Conitec pedido para incluir
o trastuzumabe e o pertuzumabe na lista de medicamentos
disponíveis no SUS. A submissão ainda está sob análise do
órgão. “Nos próximos meses, entraremos com pedido para a
incorporação do ipilimumabe para melanoma e de uma terapia
para câncer renal”, explica o Dr. Fernandes. “O SUS deve definir
um caminho para evitar a crescente judicialização da saúde, que já
atinge a cifra de R$ 7 bilhões por ano e compromete a distribuição
mais equânime dos recursos do Estado, tirando de pessoas que
têm mais necessidade o direito de serem tratadas”, afirma.
O Relatório Sistêmico de Fiscalização de Saúde do TCU aponta dado do Inca, de 2014, segundo o qual 70% dos pacientes com câncer levam até 180 dias para iniciar o tratamento
Foto: Rhoda Baer
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Promovida pela SBIm, campanha também é apoiada pela SBOC
A campanha Onda Contra Câncer, realizada pela Sociedade
Brasileira de Imunizações (SBIm), tem o objetivo de
informar sobre a segurança e a eficácia da vacina
contra o HPV. Em sua segunda edição, a campanha
recebeu o apoio da SBOC. “Esta campanha encabeçada
por sociedades médicas é muito bem-vinda porque
ajuda a derrubar mitos e inseguranças sobre a vacina”,
afirma Carla Domingues, coordenadora do Programa
Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.
A vacina quadrivalente (eficaz contra os tipos 6, 11, 16
e 18 do HPV) está disponível em clínicas particulares do
país desde 2007. No calendário do Programa Nacional
de Imunizações, foi incluída em 2014. Além das meninas
a partir dos 9 anos de idade, a campanha Onda Contra
Câncer espera sensibilizar meninos e jovens. “Acreditamos
que nosso apoio possa ajudar a chamar a atenção para o
fato de que esta é uma vacina que previne alguns tipos
de câncer, principalmente o de colo do útero, vencendo
a resistência das pessoas”, diz o Dr. Claudio Ferrari,
oncologista e secretário de Comunicação Social da SBOC.
A campanha promove um debate sobre o câncer do colo do útero
Lançada pela farmacêutica Roche, a campanha Força Amiga
recebeu o apoio de sociedades médicas, especialistas e
ONGs. O objetivo é estimular o apoio às pacientes com
câncer de colo do útero e promover o debate. Estimativas
do Instituto Nacional de Câncer (Inca) preveem 16.340
novos casos da doença neste ano.
O câncer de colo do útero é o terceiro tipo de neoplasia
mais comum entre as brasileiras. O oncologista Gustavo
Fernandes, presidente da SBOC, observa que as taxas
de sobrevivência da doença no Brasil são menores que
as observadas em países desenvolvidos por causa do
diagnóstico tardio e de falhas no tratamento. “A causa
propõe uma verdadeira construção, passo a passo, de um
futuro melhor para as mais de 16 mil mulheres que são
diagnosticadas todos os anos com a doença”, disse.
O movimento Força Amiga tem várias etapas. Uma delas
é a utilização da hashtag #ForçaAmiga nas redes sociais
para divulgar informações sobre formas de prevenção,
como a vacina contra o HPV e o exame de Papanicolau.
Campanha de vacinação
contra o HPV
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Força Amiga ganha apoio
da SBOC
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Premiados os vencedores da primeira edição da competição on-line
De julho a novembro, mais de 220 residentes de todo
o país participaram da Gincana Virtual da Oncologia,
promovida pela SBOC. A disputa on-line tem o objetivo
de disseminar conhecimento médico em oncologia,
integrando a comunidade de preceptores e residentes
Somente no primeiro mês, o site da Gincana teve mais
de 25 mil acessos. “A iniciativa foi muito bem recebida
pelos residentes. Como escolhemos casos relevantes,
elaborados por oncologistas membros da SBOC, eles
se sentiram estimulados a estudar”, diz a Dra. Clarissa
Mathias, secretária-geral da SBOC.
A premiação aconteceu no dia 12 de novembro, durante
o IX Congresso Franco-Brasileiro de Oncologia, no Rio
de Janeiro. O primeiro colocado da Gincana, Bruno
Pereira, foi premiado com uma semana de preceptorship
em uma instituição internacional de referência, a ser
definida pela SBOC. No segundo lugar, empataram Ana
Cecília Vasconcelos e Gabriel Clemente de Brito Pereira.
Eles ganharam um pacote para a Asco 2017, incluindo
passagem, estadia e inscrição. O quarto colocado, Aaron
Froede Santos, recebeu uma anuidade da SBOC para 2017.
Questões sobre casos clínicos de fase III
A Gincana foi inspirada em uma competição realizada,
em 2015, entre escolas de medicina da Bahia, idealizada
pela Dra. Clarissa. A cada 15 dias, um novo caso clínico foi
publicado no site. Os participantes tinham uma semana para
responder a até cinco perguntas sobre ele. A pontuação
considerou o tempo para a resposta e a alternativa
correta. “Os casos clínicos foram embasados em estudos
de fase III e procuramos abranger diversas especialidades,
algo importante para a formação dos residentes”, explica
Gincana Virtual da Oncologia
a Dra. Clarissa. Além de conhecimentos gerais de oncologia, os
residentes foram testados com questões sobre diagnóstico,
estadiamento, história natural da doença, epidemiologia, biologia
molecular e domínio sobre o tratamento dos principais tumores.
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rg* Com o empate na segunda colocação, não houve terceiro lugar.
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Icesp e Universidade Federal do Ceará avaliam o possível efeito antitumoral da substância
Depois de constatar a segurança da fosfoetanolamina
sintética por meio de testes clínicos com dez pacientes,
o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) deu
início, em outubro, à segunda fase do estudo que vai
avaliar o possível efeito antitumoral da substância.
O estudo pioneiro em humanos incluirá 20 pacientes do
Icesp para cada um dos dez tipos de tumor selecionados:
cabeça e pescoço, pulmão, mama, cólon e reto, colo
uterino, próstata, melanoma, pâncreas, estômago e fígado.
Para participar do estudo, os pacientes foram selecionados
com base numa lista de critérios. “Eles estão de acordo
com todos os critérios de elegibilidade e não têm nenhum
dos de exclusão. Isso torna a seleção bastante adequada
em termos científicos”, diz o oncologista Prof. Dr. Paulo
Hoff, diretor-geral do Icesp.
O Dr. Hoff diz que o teste em seres humanos é importante
para dar uma resposta à sociedade. “Achamos que havia
uma pergunta científica a ser respondida quanto à eficácia
da fosfoetanolamina. Sempre deixo claro que não duvido
que algumas pessoas tenham tido resultados com o uso da
substância. Por isso, concordamos em fazer o estudo”, diz.
“Outros produtos que se apresentem com a mesma proposta
de serem uma panaceia, que resolvem todos os males,
precisam ser vistos com o mesmo olhar científico”, afirma.
Fosfoetanolamina em teste
Estudos pré-clínicos
A síntese da fosfoetanolamina utilizada pelo Icesp foi
feita pelo laboratório PDT Pharma, de Cravinhos (SP).
Já na Universidade de São Paulo, em São Carlos, foi
produzida a amostra enviada ao Núcleo de Pesquisa
e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade
Federal do Ceará (NPDM/UFC), que faz parte de um
grupo de trabalho organizado pelo Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC)
para realizar testes pré-clínicos da substância.
Nos dois primeiros testes — um carcinoma e um
carcinossarcoma inoculados em camundongos —,
os pesquisadores do NPDM não observaram efeito
significante na inibição do crescimento turmoral. No
último teste, a substância foi injetada em camundongos
inoculados com melanoma B16F10. O resultado
mostrou uma eficácia de redução de 64% sobre
o crescimento do tumor. “Apesar de o efeito ser
bastante inferior a tratamentos convencionais, o
resultado é interessante. Como o melanoma é um tumor
imunogênico, conjecturamos se a pílula pode ter algum
efeito indireto de estimulação do sistema imunológico
em alguns tipos de tumor”, explica o médico Manoel
Odorico de Moraes Filho, professor da Faculdade de
Medicina da UFC e coordenador do estudo.
O NPDM ainda fará um teste em leucemia experimental
— também inoculada em camundongos — e aguarda
o envio da substância pelo MCTIC para iniciar os testes
clínicos em pessoas sadias. O passo seguinte, que será
coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), será
a inclusão de pacientes com câncer nos testes clínicos.
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Ciência & prática
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Teste caseiro para detectar o HPV está sendo desenvolvido pelo Hospital de Câncer de Barretos
Um projeto de pesquisa para determinar a eficácia de um
teste caseiro na urina para identificar o HPV relacionado ao
câncer do colo do útero está sendo conduzido pelo Hospital de
Câncer de Barretos, no estado de São Paulo. Parceria entre a
instituição brasileira e as universidades americanas da Carolina
do Norte e Duke, o projeto inovador foi um dos 43, entre 1400
inscritos, contemplados, em maio, com financiamento de
US$ 100 mil da fundação Bill & Melinda Gates.
O financiamento tem duração de 18 meses e cobre a prova de
conceito do teste. Os pesquisadores estão em fase de obtenção
de autorização do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa para
iniciar a coleta de material, que deve começar dentro de três
meses. “Não existe no mercado um teste como este que
pretendemos desenvolver. Se tudo der certo, na próxima fase,
buscaremos uma empresa para poder disponibilizá-lo para
as mulheres”, explica o cirurgião oncológico José Humberto
Tavares Guerreiro Fregnani, diretor executivo do Instituto de
Ensino e Pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos.
O teste baseia-se numa faixa de nitrocelulose revestida
em anticorpos capazes de detectar HPV dos tipos 16 e 18,
os mais relacionados ao câncer do colo do útero, terceira
neoplasia que mais mata mulheres no Brasil, e também
ao câncer de vulva, vagina, ânus e em regiões de cabeça
e pescoço. A princípio, não se sabe se o teste poderá ser
utilizado pelos homens. “Já existem evidências de que o
material genético do vírus pode ser identificado na urina,
mas não sabemos ainda se esse material chega até ela
através da filtração renal ou se ocorre alguma descamação
vaginal que a contamina. Também pretendemos detectar
isso na pesquisa”, diz o Dr. Fregnani.
Pesquisa em andamento
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José Humberto Fregnani, diretor executivo do Instituto de Ensino e
Pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos
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ZYTIGA® (acetato de abiraterona). FORMA FARMACÊUTICA E APRESENTAÇÃO: comprimidos de 250 mg, frasco com 120 comprimidos. USO ORAL. USO ADULTO. INDICAÇÕES: ZYTIGA® em combinação com prednisona ou prednisolona, é indicado em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração, assintomáticos ou levemente sintomáticos, após falha à terapia de privação androgênica; pacientes com câncer de próstata avançado metastático resistente à castração e que receberam quimioterapia prévia com docetaxel. CONTRAINDICAÇÕES: mulheres grávidas ou que potencialmente possam estar grávidas. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES: Cautela em pacientes com doença cardiovascular. Cautela em pacientes cujas condições médicas preexistentes possam ser comprometidas por aumento da pressão arterial, hipopotassemia ou retenção hídrica. Hepatotoxicidade: raros relatos de pós-comercialização de insuficiência hepática aguda e hepatite fulminante, alguns com desfecho fatal. Vide posologia. Cautela na retirada dos corticosteroides e cobertura de situações de estresse: se houver necessidade de suspender prednisona ou prednisolona, monitorar sinais de insuficiência adrenocortical. Em pacientes recebendo prednisona ou prednisolona que estão sujeitos a estresse fora do comum, uma dose aumentada de um corticosteroide pode ser indicada antes, durante ou depois da situação de estresse. Segurança e eficácia do uso concomitante de ZYTIGA® e quimioterapia citotóxica não estabelecida. Mulheres grávidas ou que possam estar grávidas não devem manusear ZYTIGA® sem luvas. Uso não indicado durante lactação. REAÇÕES ADVERSAS: Essenciais: hipertensão arterial, hipopotassemia, retenção hídrica, aumento de enzimas hepáticas. Comuns: edema periférico, infecção do trato urinário, dispepsia, hematúria, fraturas, distúrbios cardíacos (insuficiência cardíaca, angina, arritmias), hipertrigliceridemia. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: não tomar com alimentos. Cautela quando ZYTIGA® é administrado com medicamentos ativados ou metabolizados pela CYP2D6, em particular medicamentos com índice terapêutico estreito. Considerar redução da dose de medicamentos com índice terapêutico estreito metabolizados pela CYP2D6. Evitar indutores fortes da CYP3A4 (fenitoína, carbamazepina, rifampicina, rifabutina, rifapentina e fenobarbital) durante tratamento com ZYTIGA®. Coadministração de cetoconazol (forte inibidor da CYP3A4) não teve efeito clínico significativo na farmacocinética da abiraterona. Monitorar pacientes quando ZYTIGA® for combinado com medicamentos predominantemente eliminados via CYP2C8. Não há dados disponíveis sobre a interação de abiraterona e álcool ou nicotina. POSOLOGIA E MODO DE USAR: 1000 mg (quatro comprimidos de 250 mg) em tomada única diária, longe das refeições. Tomar pelo menos 2 horas depois de uma refeição e não ingerir nenhum alimento pelo menos 1 hora após a tomada do medicamento. Deglutir os comprimidos inteiros, com água. Dose máxima diária: 1000 mg. ZYTIGA® é usado com dose baixa de prednisona ou prednisolona (5 mg duas vezes ao dia). Avaliar transaminases séricas e bilirrubina antes de iniciar ZYTIGA® , a cada duas semanas durante os 3 primeiros meses de tratamento e depois mensalmente. Monitorar pressão arterial, potássio sérico e retenção hídrica mensalmente. Recomenda-se manter os pacientes em tratamento até progressão dos níveis de PSA associada à progressão radiográfica ou clínica. Não é necessário ajuste de dose na insuficiência hepática leve. Não usar em pacientes com insuficiência hepática moderada ou grave. Para pacientes que desenvolvem hepatotoxicidade durante o tratamento com ZYTIGA® (aumentos de ALT ou AST ≥5 vezes o limite superior da normalidade ou aumento da bilirrubina ≥3 vezes o limite superior da normalidade), suspender imediatamente até normalização da função hepática. Reiniciar tratamento com dose reduzida de 500 mg uma vez ao dia, após os testes de função hepática retornarem aos níveis basais. Nos pacientes nos quais o tratamento está sendo reintroduzido, monitorar transaminases séricas e a bilirrubina no mínimo a cada duas semanas durante 3 meses e depois mensalmente. Se ocorrer hepatotoxicidade com 500 mg/dia, descontinuar ZYTIGA®. Se os pacientes desenvolverem hepatotoxicidade grave ( ALT ou AST >20 vezes o limite superior da normalidade), descontinuar ZYTIGA® e pacientes não devem ser tratados novamente com o medicamento. Não é necessário ajuste de dose na insuficiência renal. Não partir, abrir ou mastigar o medicamento. SUPERDOSE: em caso de superdosagem, interromper administração e adotar medidas gerais de suporte, incluindo monitoramento para arritmias e função hepática. Conservar em temperatura ambiente (15ºC e 30ºC). Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001. Venda sob prescrição médica. Janssen-Cilag Farmacêutica. MS- 1.1236.3401. Informações adicionais para prescrição: vide bula completa. INFOC 0800.7013017 – Cód. CCDS 1512. VPS04.
Material destinado exclusivamente à classe médica. Material impresso e distribuído em Dezembro de 2016. Cód. XXXXXX
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16 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS
Evento inova ao ser organizado conjuntamente por SBOC e SBCO
Com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO),
a SBOC promoveu o Congresso, que aconteceu em agosto,
em São Paulo. “O tratamento multidisciplinar dos pacientes
com câncer é um caminho sem volta na busca do melhor
resultado”, disse o Dr. Felipe Coimbra, presidente da SBCO.
“O Congresso mostra que é possível implantar ou melhorar
o trabalho multidisciplinar sem a necessidade de grandes
mudanças nas estruturas já existentes”, avaliou o Dr. Gustavo
Fernandes, presidente da SBOC.
Congresso Brasileiro de
Câncer do Aparelho Digestivo
SBOC leva formação para oncologistas do Centro-Oeste
Em Brasília, cerca de 120 oncologistas brasileiros e
estrangeiros, residentes, estudantes de enfermagem e
medicina participaram do Simpósio de Imuno-Oncologia.
“Todos os grandes eventos estão restritos ao eixo Rio-São
Paulo. Temos serviços importantes aqui no Centro-Oeste, um
volume expressivo de pacientes e especialistas com interesse
em fazer atualizações desse tipo”, disse a Dra. Danielle
Laperche, integrante da Comissão Organizadora do Simpósio.
Painel organizado pela SBOC debate sobre câncer do colo do útero
“A Jornada da Paciente com Câncer de Colo Uterino” foi
parte do 3 Congresso Brasileiro Todos Juntos Contra o
Câncer e reuniu um grupo multidisciplinar de especialistas
para discutir sobre a doença, que causa a morte de 5 mil
mulheres por ano no Brasil, segundo dados do Instituto
Nacional de Câncer (Inca). “O câncer de colo do útero é
passível de ser 100% curado se descoberto nos estágios
iniciais. A despeito disso, temos uma triste realidade.
Quase metade das mulheres morre cinco anos depois de
detectada a doença. Os conhecimentos que temos são
suficientes para mudar esse cenário”, disse Jesus Carvalho,
presidente da Comissão de Ginecologia Oncológica da
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (Febrasgo).
II Simpósio Brasileiro de
Imuno-Oncologia
A Jornada da Paciente com
Câncer de Colo Uterino
Eventos SBOC
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Real World Data começa a se tornar realidade Instituições de saúde brasileiras dedicadas à oncologia já utilizam dados do mundo real para melhorar o atendimento aos pacientes
18 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS
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Um paciente com câncer gera cerca de 1 terabyte de informações sobre sua saúde ao longo de apenas um dia. Isso equivale
a 50 celulares com 168 giga de memória. Mas apenas 0,5% desses dados é avaliado. Hoje, nem 5% dos pacientes no mundo
participam de estudos clínicos e a maioria deles tem entre 18 e 65 anos de idade. Se os médicos tivessem acesso aos
prontuários de todos os pacientes do mundo, independentemente da idade, estima-se que seria possível reduzir em 20%
a mortalidade global. Isso é o Real World Data, algo que parece ficção científica, mas que já começa a se tornar realidade.
Inovação
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Form
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Empresas como a IBM já apostam em ferramentas capazes
de coletar dados do mundo real. Recentemente, ela lançou o
Watson Oncology, programa com capacidade para acessar todo
o conhecimento existente sobre câncer e cruzar as informações
com o prontuário do paciente, oferecendo ao médico um
ranking dos melhores tratamentos. “Aprenderíamos muito
mais rápido se pudéssemos ter informação de todos. O
cuidado com cada paciente deve gerar conhecimento para
tratarmos outros pacientes”, afirma o oncologista Claudio
Ferrari, secretário de Comunicação Social da SBOC.
Dados para medir qualidade
No Brasil, algumas das principais instituições dedicadas à
oncologia já conseguem ter informações relevantes sobre
o que acontece no dia a dia de seus serviços. O Instituto de
Oncologia do Vale (IOV), clínica do Grupo Oncologia D’Or com
seis unidades em São José dos Campos e Taubaté, envia dados
compilados para o Quality Oncology Practice Initiative (QOPI),
programa da American Society of Clinical Oncology (Asco) que
reconhece a qualidade das práticas oncológicas, desde 2008.
“O envio de dados à Asco não é em tempo real, ele acontece
duas vezes por ano. Ainda assim, esses oito anos de coleta
de dados nos proporcionou informações riquíssimas sobre
nossos processos assistenciais”, explica o oncologista Carlos
Frederico Pinto, diretor executivo do IOV. “A Asco nos envia
um relatório de desempenho, com comparativos com outros
serviços de oncologia”, conta.
Segundo o Dr. Frederico Pinto, alguns aspectos melhoraram
a partir da coleta de dados e da troca de informações com
a Asco. “Por exemplo, mudamos o manejo de complicações
de pacientes em quimioterapia, o manejo da dor, algumas
práticas quanto ao tratamento para câncer de mama
metastático”, explica.
Atualmente, o IOV está em negociação com a Asco para
acessar sua base de dados em tempo real. “Ainda precisamos
resolver como lidar com a legalidade da utilização de dados de
uma instituição estrangeira. Também precisamos desenvolver
uma interface que converse com a da Asco. A perspectiva é
que consigamos isso até o segundo semestre de 2017”, conta
o Dr. Frederico Pinto. “Assim, poderemos acessar uma base
de dados de 1 milhão de pacientes acompanhados em tempo
real nos Estados Unidos, o que pode ajudar na tomada de
decisão sobre determinados tratamentos”, explica.
Foco no paciente
O Grupo COI também coleta e analisa dados de seu
atendimento há oito anos. “Fazemos estudos prospectivos e
retrospectivos para analisar a sobrevida global e a sobrevida
livre de recidiva dos pacientes”, explica o oncologista Nelson
Teich, presidente do grupo. Segundo ele, o que motivou o Grupo
COI a coletar os dados foi a necessidade de entender melhor o
que se passa com os pacientes. “De modo geral, sabe-se muito
pouco o que acontece com eles. As instituições brasileiras não
têm dados de sobrevida e qualidade de vida dos pacientes”, diz.
O Dr. Teich acredita que mapear os dados também é
importante para entender a relação custo-benefício. “Num
mundo em que os custos da saúde crescem mais do que o
sistema consegue suportar, a única forma de se avaliar se o
que está sendo feito é bom ou não é mapeando rotineiramente
os resultados clínicos”, avalia. No Grupo COI, atualmente, o
mapeamento de dados inclui os casos de câncer de pulmão,
próstata, mama e colorretal.
Em busca de parametrização
Desde que foi criado, em 2008, o Instituto do Câncer do
Estado de São Paulo (Icesp) utiliza prontuários eletrônicos.
“Essa ferramenta já é uma realidade para grande parte dos
hospitais brasileiros, mas falta parametrização dos dados”, diz
o oncologista Prof. Dr. Paulo Hoff, diretor-geral do instituto.
“No Icesp, temos certo grau de parametrização desde que
implantamos o sistema, mas ainda não é suficiente”, afirma.
O Dr. Hoff explica que no Icesp os dados são cruzados de
acordo com idade, sexo, ascendência, diagnóstico. “Consigo
pesquisar, por exemplo, todos os pacientes com câncer
de intestino do lado direito. Ou seja, parametrizamos o
que já sabemos, mas se eu quisesse saber se os pacientes
com melanoma têm olho claro ou escuro, não tenho essa
informação. Ela faz diferença? Talvez”, exemplifica.
Segundo o Dr. Hoff, as instituições de ponta do sistema
público não ficarão atrás das particulares na implantação de
ferramentas para coleta e análise de dados. “Essas instituições
detêm conhecimento. As informações bem armazenadas
terão valor na negociação com as empresas que fabricam as
ferramentas de inteligência artificial”, avalia.
Se os médicos tivessem acesso aos prontuários de todos os pacientes do mundo, independentemente da idade, estima-se que seria possível reduzir em 20% a mortalidade global
20 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS
Feedback e educação continuada
As 34 clínicas do Grupo Oncoclínicas, localizadas em nove
estados do país, realizam em torno de 12 mil ciclos de
tratamento oncológico, incluindo quimioterapia, anticorpos
e medicações orais por mês. Para o oncologista Ricardo
Marques, presidente do Instituto Oncoclínicas — braço
do grupo dedicado a ensino, pesquisa e educação médica
continuada —, coletar informações sobre esse volume de
tratamentos realizados é uma chance de aprendizado com a
experiência gerada pelos próprios pacientes no mundo real,
que pode ser contrastada com dados conhecidos em estudos
clínicos de outros países e instituições. “O primeiro passo para
que isso acontecesse foi a implantação de um prontuário
eletrônico que unirá todas as clínicas. Optamos pelo Cerner,
considerado na atualidade o melhor prontuário eletrônico.
Ele permitirá que a gente saiba quantos pacientes, neste
momento, estão tratando cada tipo de câncer e o resultado
desses tratamentos”, explica o Dr. Marques.
Segundo o oncologista, a implantação do prontuário eletrônico
deve levar dois anos. “A partir daí, poderemos monitorar a taxa
de complicação para a mesma quimioterapia, a mesma doença
e comparar os resultados entre os oncologistas”, avalia o Dr.
Marques. “A ideia é que, a partir disso, possamos dar feedbacks
aos médicos e, se for o caso, indicá-los para nosso programa de
educação continuada”, planeja.
Criação de indicadores
O hematologista Rodrigo Abreu e Lima, diretor executivo
nacional do Grupo Oncologia D’Or, acredita que, no futuro, o Real
World Data possa beneficiar principalmente o paciente. “Hoje,
o sistema de saúde suplementar, área na qual o grupo atua, é
muito fragmentado. O paciente faz o diagnóstico num lugar, o
tratamento em outro, a internação em um terceiro local. Se todos
seus dados nesse percurso estiverem interligados, auxiliarão na
tomada de decisão sobre o tratamento a seguir”, explica.
De acordo com o Dr. Abreu e Lima, a maioria do Grupo
Oncologia D’Or possui um sistema eletrônico que integra
as 34 unidades de atendimento em sete cidades do país.
“O que queremos é construir um banco de dados único, criando
indicadores que gerem comparabilidade do nosso serviço e
indicadores de desfecho dos acompanhamentos”, explica.
Conhecer para cuidar melhor
Sensível à necessidade de conhecer melhor o perfil de seus
pacientes, mapear as opções de tratamento adotadas e
controlar os desfechos clínicos de seus pacientes, o Hospital
Sírio-Libanês optou pelo desenvolvimento interno de um novo
prontuário para o Centro de Oncologia. A nova plataforma de
registro completou dois anos, e segue sendo aprimorada. O
desenvolvimento contemplou a estruturação dos dados mais
relevantes (diagnóstico, tratamentos e resultados — incluindo
os efeitos adversos) e a integração com os demais sistemas
do hospital, especialmente a prescrição eletrônica, conforme
explica o oncologista Gustavo Fernandes, diretor técnico do
Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês em Brasília e
presidente da SBOC. “A adaptação da primeira unidade foi um
pouco difícil. Mas as falhas iniciais foram rapidamente sanadas
e, quando chegou na terceira unidade, não houve estresse”, diz.
“É verdade que o registro ideal de todas as informações exige um
pouco mais de tempo. Por isso, estamos buscando ferramentas
para facilitar esse preenchimento e aprimorar a integração dos
sistemas, de forma a capturar dados já estruturados de outras
plataformas, como a patologia”, completa ele.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2030,
os casos de câncer no mundo terão um aumento de 45%.
O Dr. Claudio Ferrari acredita que as instituições brasileiras
estão conseguindo se preparar para utilizar o que há de mais
moderno em termos de computação cognitiva para ajudar
médicos a tomar melhores decisões e em tempo mais curto,
beneficiando os pacientes. “Este é um momento de mudança.
O trabalho que vem sendo feito, até de maneira competitiva
entre as instituições, vai ajudar a entender, dentro de uma
mesma instituição, como os casos estão sendo conduzidos
pelos diferentes médicos e os resultados de cada opção de
tratamento”, afirma o Dr. Ferrari. “É possível ainda prever
que isso levará a um melhor uso dos recursos diagnósticos e
terapêuticos, em um prazo muito curto”, completa.
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22 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS
Maioria dos oncologistas brasileiros utiliza WhatsApp, e-mail e SMS no contato com os pacientes
Tecnologias na interação com pacientes
Uma pesquisa da consultoria inglesa Cello Health Insight mostrou que 87% dos médicos
brasileiros utilizam o WhatsApp para falar com seus pacientes. O resultado é baseado no
uso da ferramenta nos trinta dias anteriores à enquete, realizada no final do ano passado.
O índice brasileiro foi bem mais alto que em outros sete países. Nos Estados Unidos, 4% dos
médicos haviam recorrido ao WhatsApp nesse período com a mesma finalidade, enquanto
no Reino Unido foram somente 2%.
Para saber se os oncologistas clínicos brasileiros também interagem com os pacientes
utilizando WhatsApp, e-mail e SMS, a SBOC fez uma enquete entre seus membros. O resultado
foi similar ao da consultoria inglesa: 87,5% dos que responderam à pesquisa conversam
pelo WhatsApp com seus pacientes sobre resultados de exames, medicamentos, controle
de eventos adversos ou para tirar qualquer outra dúvida do tratamento. Desses, 57,5% o
fazem somente no serviço privado, enquanto 40% usam a ferramenta tanto no atendimento
privado quanto no público.
Já o e-mail é utilizado para os mesmos fins por 83,3% dos oncologistas que participaram
da enquete, enquanto o SMS também é uma opção para 52,1% (veja os dados completos
ao lado). “Acredito que as tecnologias de comunicação venham para somar e possam ser
grandes aliadas no dia a dia com os pacientes, desde que tenhamos a maturidade para usá-
-las, sempre preservando a ética e o cerne da relação médico-paciente”, comentou um dos
participantes da enquete. “A utilização de tecnologias da comunicação é atualmente uma das
questões que mais geram consultas ao Conselho Federal de Medicina (CFM)”, diz o pediatra
José Fernando Vinagre, corregedor do CFM.
Grupos de discussão e acompanhamento
O Dr. Vinagre explica que os médicos podem utilizar as ferramentas, desde que não firam
o Código de Ética Médica. “Os profissionais podem, por exemplo criar grupos para discutir
A enquete da SBOC mostrou que 87,5% dos oncologistas clínicos que responderam à pesquisa conversam pelo WhatsApp com seus pacientes sobre resultados de exames, medicamentos, controle de eventos adversos ou para tirar outras dúvidas do tratamento
Vida de médico
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casos clínicos. Nesses grupos restritos, o cuidado é preservar
completamente a identidade e a privacidade dos pacientes”,
explica o corregedor do CFM.
Quanto ao atendimento aos pacientes, o Dr. Vinagre enfatiza
que consultas só podem ser feitas presencialmente. “Por
WhatsApp — assim como há décadas ocorre com o telefone —
o médico pode orientar em alguma emergência, ressaltando
que o paciente deve ser encaminhado imediatamente a
um hospital, se for o caso, ou deve ir até o consultório
para uma avaliação clínica”, diz. “O médico também pode
pedir ao paciente que informe sobre adaptação a novos
medicamentos, se está tudo indo bem ou não. Mas consulta a
distância não é permitido”, destaca.
Cobrança
A enquete feita pela SBOC mostrou que 60,4% dos oncologis-
tas clínicos entendem que essas interações com os pacien-
tes por meio de tecnologias de comunicação deveriam ser
cobradas no atendimento privado ou consideradas como um
retorno de consulta. “O Código de Ética Médica deixa bem
claro que consultas são presenciais, quando o profissional
faz a anamnese e observa o quadro clínico do paciente”, diz
a advogada Lúcia Freitas, gerente do Departamento Jurídico
da SBOC. “Por isso, contatos por meio de mídias sociais e fer-
ramentas de comunicação, que podem ser utilizadas para dar
alguma orientação pontual ou emergencial, não podem ser
remuneradas”, completa.
24 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS
O oncologista Gustavo Godoy (foto), de 40 anos de idade, atendeu
dois pacientes no Hospital das Clínicas da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE) que lhe chamaram a atenção por terem
sido diagnosticados com câncer de cólon antes dos 50 anos de
idade. Ao analisar o exame anatomopatológico da peça cirúrgica
dos pacientes, o oncologista percebeu a descrição da presença de
ovos de Shistosoma mansoni e teve um insight. “Decidi investigar
se poderia haver alguma relação entre Shistosoma e o câncer do
cólon”, afirma o Dr. Godoy, membro da SBOC.
A curiosidade do oncologista deu origem a um projeto de
iniciação científica de alunos de medicina da UFPE. Eles estão
fazendo um levantamento dos pacientes com câncer de cólon
operados no Hospital das Clínicas nos últimos dez anos e, para
isso, contam com o apoio dos serviços de Gastroenterologia e
Patologia do hospital. O objetivo é buscar mais casos de câncer
de cólon associados ao Schistosoma.
Em artigo recente no Journal of Global Oncology, publicação
de prestígio da American Society of Clinical Oncology
(Asco), o Dr. Godoy apresentou uma revisão da literatura
em que mostra que ovos da espécie Schistosoma japonicum,
comum na Ásia, já foram relacionados ao desenvolvimento
de câncer colorretal e de fígado, enquanto os ovos de
Gustavo Godoy: busca por descoberta inédita sobre a epidemiologia do câncer de cólon
No Hospital das Clínicas do Recife, o Dr. Godoy está estudando a relação entre o Schistosoma mansoni e o câncer de cólon
Projeto de iniciação científica da UFPE orientado pelo Dr. Godoy busca mais casos de câncer de cólon associados ao Shistosoma
Perfil
Schistosoma haematobium, presente na África Subsaariana,
induziriam tumores na bexiga.
No Brasil, aproximadamente 25 milhões de pessoas
vivem sob o risco de infestação pelo Shistosoma mansoni.
“Estamos nos perguntando se é coincidência ou se
realmente há uma relação entre esse parasita e o câncer
de cólon. Se a hipótese for verdadeira, precisaremos
mudar políticas públicas de combate tanto ao câncer de
cólon quanto ao parasita”, diz.
Interesse pela pesquisa
O Dr. Godoy formou-se em medicina na UFPE e fez a
residência em clínica médica no Hospital das Clínicas
da instituição. Prosseguiu a formação na residência em
oncologia clínica no Hospital das Clínicas da Universidade de
São Paulo (USP). “Escolhi o HC da USP para essa residência
porque queria estar num ambiente que estimulasse tanto
a carreira acadêmica quanto a pesquisa clínica. Desde o
princípio, senti esse incentivo lá”, conta.
Na sequência, o Dr. Godoy fez doutorado em oncologia na
mesma universidade. Entre 2010, após defender a tese, e
2014, o oncologista ficou afastado das pesquisas, atuando
na saúde suplementar e particular. A volta se deu quando
ele passou no concurso para trabalhar no Hospital das
Clínicas da UFPE. “Esse hiato longe do meio acadêmico
me fez muita falta”, diz ele. “Logo depois que comecei a
trabalhar no HC aqui no Recife, foi aberta a residência
em oncologia clínica. Com isso, há mais discussão sobre
os casos, reuniões clínicas e científicas e o incentivo
para produzir trabalhos para congressos. Só no último
realizado pela SBOC, dos nove artigos que enviamos, sete
foram aprovados”, afirma.
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Atuação como professor
Desde o ano passado, o Dr. Godoy tem dividido o tempo
entre a pesquisa, o atendimento no consultório particular e as
disciplinas de clínica médica e oncologia do curso de medicina
da Uninassal. “Lecionar é algo que realmente gosto de fazer,
especialmente quando se trata da disciplina de oncologia.
Poucas faculdades têm esse curso na grade e sempre digo
a meus alunos que eles são privilegiados por isso, já que o
câncer é a segunda doença que mais mata no mundo”, afirma.
“O aluno de medicina não pode sair da faculdade sem estar
familiarizado com o tema. Mesmo o médico generalista
precisa saber sobre rastreamento e diagnóstico precoce
do câncer para conseguir encaminhar adequadamente um
paciente para o especialista”, explica.
SAIBA MAIS
Leia a íntegra do artigo “DNA Repair Defect and RAS
Mutation in Two Patients With Schistosoma mansoni
– Associated Colorectal Cancer: Carcinogenesis Steps
or Mere Coincidence?”, publicado pelo Dr. Gustavo
Godoy no Journal of Global Oncology em:
<http://jgo.ascopubs.org/content/early/2016/08/20/
JGO.2016.006254>
Para entrar em contato com o oncologista,
utilize o e-mail: [email protected]
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ção
26 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS
Realizações incluem ações de formação, eventos e a profissionalização da gestão
Um ano da atual Diretoria da SBOC
Eleita para a gestão 2015-2017, a atual Diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC)
completa um ano à frente da entidade. Durante esse período, foram realizadas ações para
integrar seus associados, contribuir com sua formação continuada, construir um calendário
de eventos atendendo a interesses regionais, estimular o debate sobre a incorporação de
novas tecnologias e tratamentos no Sistema Único de Saúde (SUS), entre outras, que foram
a base de seu programa. “O destaque deste primeiro ano foi a profissionalização da gestão
da SBOC com a contratação de uma diretoria executiva e a organização de vários processos
internos. Também está em curso uma relação mais transparente com os associados”, afirma
o oncologista Volney Soares Lima, tesoureiro da SBOC.
Formação
Para melhorar a comunicação com oncologistas e residentes, a atual Diretoria da SBOC
lança, em dezembro, um novo site com uma navegabilidade que favorecerá, entre outros
aspectos, o acesso à biblioteca, também reformulada recentemente. “Havia jornais, revistas
e plataformas de pesquisa que não eram acessados e oneravam a SBOC. Agora temos uma
biblioteca mais enxuta, com material que é de real interesse dos oncologistas”, explica o Dr.
João Soares Nunes, vice-presidente para Ensino da SBOC. “A reorganização da biblioteca é
um ganho importante dessa gestão, que é marcada pela profissionalização”, diz o Dr. Jacques
Tabacof, vice-presidente para Relações Nacionais e Internacionais da SBOC.
Com a reformulação, o acesso à biblioteca cresceu nos últimos meses. A criação da SBOC
Review, newsletter encaminhada quinzenalmente aos associados com os principais
destaques dos periódicos disponíveis, contribuiu para aumentar o acesso. “O objetivo é
facilitar a atualização dos oncologistas alertando sobre os artigos mais relevantes”, explica
o Dr. Romualdo Barroso-Souza, editor da SBOC Review. A cada edição, oncologistas são
convidados a escrever algumas das resenhas. “É uma forma importante de ter a opinião de
colegas de diferentes áreas, grupos e regiões distintas do país”, explica.
Para ampliar o calendário de eventos e atender as necessidades regionais, a SBOC realizou,
em 2016, as duas primeiras edições do Simpósio Brasileiro de Imuno-Oncologia, um em
Salvador e outro em Brasília, abrangendo associados das regiões Norte, Nordeste e Centro-
-Oeste, respectivamente. A ideia é que o simpósio seja levado às demais regiões do país.
“Esta gestão tem um importante foco na educação e na atualização médica”, diz o Dr.
Francisco Pereira Borges Filho, membro do Conselho Fiscal da SBOC.
Ações da atual Diretoria da SBOC buscaram desde integrar seus associados e contribuir para sua formação continuada até estimular debates importantes para a população em geral, como a incorporação de medicamentos pelo SUS
Balanço
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Também com foco na formação, a SBOC lançou em julho a Gincana
Virtual da Oncologia para residentes da área. A disputa on-line
recebeu a inscrição de mais de 220 residentes de 71 instituições
em 16 estados. “A ideia foi muito bem recebida. Já pensamos em
ajustes para conseguir atrair ainda mais participantes na próxima
edição”, diz a Dra. Clarissa Mathias, secretária-geral da SBOC.
Outra iniciativa foi o endosso da SBOC à nova recomendação de
currículo global para o oncologista clínico feita pela European Society
for Medical Oncology (Esmo) e pela American Society of Clinical
Oncology (Asco). A SBOC foi a única sociedade latino-americana
a endossar o currículo até agora. “A iniciativa da SBOC de integrar
nossa proposta de currículo com a recomendação global é muito
salutar. Isso mostra que os oncologistas clínicos brasileiros não
estão isolados”, afirma o Dr. Markus Gifoni, vice-tesoureiro da SBOC.
Integração com outras especialidades
Em 2016, a SBOC empreendeu várias ações conjuntas com outras
especialidades. Uma delas foi o Congresso Brasileiro de Câncer
do Aparelho Digestivo, iniciativa inédita organizada em parceria
com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).
Em 2017, acontecerá a I Semana Brasileira da Oncologia.
“Pela primeira vez, o congresso da SBOC será realizado
em paralelo com os eventos das Sociedades Brasileiras de
Radioterapia e de Cirurgia Oncológica, marcando o período
como a primeira semana dedicada à oncologia no Brasil. Esse
esforço merece destaque”, afirma o Dr. Jorge Sabbaga, vice-
-presidente de Organização, Planejamento e Administração
da SBOC. As três sociedades médicas se uniram também em
28 | ONCOLOGIA & ONCOLOGISTAS
outra iniciativa, a revista Brazilian Journal of Oncology, que
será lançada em janeiro. “Ao se unirem, as três sociedades
farão uma revista que englobará a oncologia brasileira
como um todo. A publicação está sendo preparada para
que possa ser indexada, algo importante para os autores”,
afirma a Dra. Cinthya Sternberg, diretora executiva da SBOC.
“A reformulação da revista é uma das principais realizações
deste ano”, completa a Dra. Clarissa Baldotto, membro da
Comissão de Ética da SBOC.
Acesso a terapias no SUS Durante este ano, membros da atual Diretoria da SBOC
também participaram de debates sobre a qualidade do
atendimento oncológico no SUS e alertaram sobre a demora
da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS
(Conitec) em incluir novos medicamentos no sistema público.
Um passo incisivo foi dado em novembro, quando a Diretoria
fez a primeira submissão ao órgão para a incorporação de dois
medicamentos, trastuzumabe e pertuzumabe, para câncer de
mama metastático.
“Nos próximos três meses, faremos outras duas submissões
à Conitec. Há cerca de 40 indicações para tratamento
do câncer que não estão disponíveis no Sistema Único
de Saúde. A incorporação de poucas dessas terapias
traria grande impacto”, afirma o Dr. Gustavo Fernandes,
presidente da SBOC.
Oncologia clínica como especialidade
Outra pauta da atual Diretoria que está prestes a ser cumprida
é o reconhecimento da oncologia clínica como especialidade.
O Comitê Científico da Associação Médica Brasileira (AMB)
já votou, unanimemente, a favor. Agora, a SBOC aguarda
a decisão final da Comissão Mista de Especialidades do
Conselho Federal de Medicina (CFM).
O oncologista Carlos Gil Moreira Ferreira, vice-presidente para
Pesquisa Clínica e Estudos Cooperativos da SBOC, aponta
esse resultado como a principal conquista desta gestão.
Trata-se, segundo o Dr. Antonio Dal Pizzol Júnior, vice-
-presidente de Assistência Médica e Defesa Profissional da
SBOC, de um exemplo de como a atual Diretoria tem buscado
responder às necessidades dos associados. “Num futuro
próximo teremos assento em órgãos colegiados importantes
e poderemos emitir nosso título de especialista”, comemora o
Dr. Gilberto Amorim, membro da Comissão de Ética da SBOC.
O Dr. Álvaro Machado, também membro da Comissão de
Ética da SBOC, lembra ainda que a entidade está voltada
para a solução de problemas relacionados à remuneração
dos oncologistas. “Nossas reivindicações estão sendo ouvidas
pela Comissão de Honorários Médicos da AMB”, afirma. “A
SBOC, neste primeiro ano da gestão 2015-2017, concretizou
várias ações que lhe permitirão, em breve, desempenhar suas
tarefas em um novo patamar”, resume o Dr. Machado.
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Outra novidade é a publicação das diretrizes da SBOC. As
primeiras dez, voltadas para os principais tipos de câncer
que acometem os brasileiros, serão publicadas no novo
site. “A diretrizes estarão num espaço interativo para que os
associados da SBOC possam opinar sobre elas, ajudando a
SBOC a fazer ajustes necessários”, afirma o Dr. Fernandes. O Dr. Claudio Ferrari, secretário de Comunicação Social da SBOC, comenta iniciativas desenvolvidas na área de comunicação. “Temos buscado promover, na imprensa, discussões importantes para a sociedade. Dessa forma, temas como fatores de risco, vacinação, exames preventivos e impacto de medicamentos modernos na sobrevida de pacientes, aos poucos, substituíram a fosfoetanolamina nos noticiários”, explica. “Além disso, buscamos conhecer melhor as iniciativas dos oncologistas de todo o Brasil para divulgá-las em nossas mídias próprias. E o lançamento do novo site da SBOC completa a tríade de iniciativas em comunicação deste primeiro ano de diretoria”, avalia o secretário de Comunicação Social.
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