ONDAS DE CALOR -...

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA CURSO TÉCNICO DE METEOROLOGIA UNIDADE FLORIANÓPOLIS Mariana Perreira: Coordenadora Andreza Lira Reis Camila Simões Paula Regina Scoz Domingos ONDAS DE CALOR Junho de 2008

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA

CURSO TÉCNICO DE METEOROLOGIA

UNIDADE FLORIANÓPOLIS

Mariana Perreira: Coordenadora

Andreza Lira Reis

Camila Simões

Paula Regina Scoz Domingos

ONDAS DE CALOR

Junho de 2008

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer às nossas famílias, por entenderem as horas em que deixamos de

estar com eles para nos dedicar a elaboração desse trabalho.

Ao professor Michel Muza e às professoras Eliane Barreta e Márcia Fuentes pela constante

disposição em ajudar tirando nossas dúvidas com muita paciência, dedicação e interesse.

Aos demais professores do curso técnico de Meteorologia do CEFET-SC, que indiretamente

contribuíram para nosso bom humor constante apesar de muitas vezes cansados.

Ao Meteorologista da EPAGRI Marcelo Martins que também nos auxiliou nossas dúvidas.

Finalmente agradecemos aos nossos colegas de aula que nos apoiaram e incentivaram em

todos os momentos.

RESUMO

Esta monografia apresenta um estudo sobre as ondas de calor e como elas podem afetar as

pessoas em vários aspectos da vida, como na agricultura, na economia e na saúde. Por meio

de pesquisas bibliográficas identificou-se que, na realidade, é uma conseqüência de bloqueios

atmosféricos, e não um sistema por si só.

Palavra-chave: Ondas de calor; Bloqueio atmosférico.

LISTA DE FIGURAS

Página 8 FIRURA 1 – Divisão do jato em dois ramos

Página 10 FIGURA 2 – Distribuição das situações de bloqueios no Hemisfério Sul.

Página 11 FIGURA 3 – Tendência sazonal das situações de bloqueio no

Hemisfério Sul.

Página 12 FIGURA 4 – Média do vento zonal em 500 hPa, de 1980 a1993.

Página 14 FIGURA 5 - Escoamento em forma de S.

Página 15 FIGURA 6 - Geopotencial em forma de Ω

Página 16 FIGURA 7 - Anticiclone quente estacionário na crista de grande

amplitude.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................6

1.1 Objetivo Geral............................................................................................................6

2 ONDAS DE CALOR – COMOSURGEM?................................................................7

2.1 Características de Bloqueios Atmosféricos.............................................................7

2.2 Definições de bloqueio.............................................................................................. 8

2.3 Ocorrência e persistência de bloqueio no Hemisfério Sul................................... 10

2.4 Tipos de bloqueios.................................................................................................. 13

2.5 Evento Quente e Seco (EQS).................................................................................. 16

3 ONDAS DE CALOR E SEUS EFEITOS................................................................ 17

3.1 Na sociedade............................................................................................................ 17

3.2 Na economia............................................................................................................ 18

3.3 Na saúde................................................................................................................... 19

3.4 Nas gerações futuras............................................................................................... 20

4 CONCLUSÃO............................................................................................................ 21

5 REFERENCIAS......................................................................................................... 22

INTRODUÇÃO

Estudos sugerem que ações humanas dobram a possibilidade de eventos climáticos

extremos e que já estão trazendo sérios riscos à vida humana. Um exemplo foi a onda de

calor observada na Europa no ano de 2003, que causou a morte de aproximadamente 30

mil pessoas, deixando um período de seca no continente. Mas como são causados esses

períodos conhecidos popularmente como ondas de calor? Estudos mostram que elas

ocorrem quando há um bloqueio na atmosfera que impede a chegada de umidade a

determinado local. Esse bloqueio pode ser causado por uma elevação na pressão, e pode

ser de origem natural ou por gases-estufa.

1.1 Objetivo Geral

Será com base em estudos como o citado a cima, que iremos relatar o que leva a

ocorrência de bloqueios atmosféricos e as suas conseqüências, como as ondas de calor,

e o que pode ser feito quanto à influência dessas ondas de calor na vida humana, como

esse sistema meteorológico afeta a vida das pessoas em questões de saúde, economia,

agricultura, turismo, entre outros.

ONDAS DE CALOR – COMO SURGEM?

A expressão “onda de calor” é comumente utilizada para designar períodos de 5

dias ou mais, nos quais a temperatura máxima excede a média em 5°C, acontecendo

preferencialmente nas estações quentes, fim da primavera e início do outono. Porém esse

período quente não pode ser classificado como um fenômeno atmosférico, e sim como a

conseqüência de sistemas anômalos, dos quais se destacam os bloqueios atmosféricos,

por criarem condições favoráveis ao aquecimento enquanto permanecem ativos.

Os bloqueios em latitudes mais altas impedem que as frentes frias circulem

normalmente sobre o continente, pois elas ficam retidas na parte polar da alta de

bloqueio, com isso a área que a massa polar percorreria em condições normais fica

disponível e, dessa forma, as massas de ar tropicais, que são predominantemente quentes,

conseguem abranger maiores áreas do continente sul – americano. Com esse predomínio

das massas tropicais que se expandiram, e estando as massas de ar frias impedidas de

atuarem em latitudes mais baixas, a temperatura aumenta e mantém-se estável, e a

umidade relativa do ar tende a ser baixo, o que gera dias quentes e secos, ou seja,

períodos de onda de calor.

2.1 Características de Bloqueios Atmosféricos

Os bloqueios no hemisfério sul ocorrem quando uma alta quente forma-se em

latitudes mais altas do que o normal. Essa alta cria uma espécie de bloqueio que faz com

que a circulação atmosférica em latitudes médias em altos níveis, que normalmente são

dominadas por um escoamento zonal de oeste, seja substituído por um escoamento

meridional, assim, ocorre a divisão do jato em dois ramos, o que, por sua vez, resulta no

rompimento do padrão zonal:

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FIGURA 1 – Divisão do jato em dois ramos.

Nesses casos, anticiclones quentes formam-se em latitudes mais altas que 30°, ou

seja, em latitudes mais altas que aquelas onde se localiza a alta subtropical, sendo

acompanhado no lado equatorial por uma baixa fria. Com essa alteração do escoamento,

os sistemas migratórios de oeste, como ciclones e anticiclones, têm sua trajetória

modificada, podendo tornar-se estacionária ou ter que contornar a alta, influenciando,

assim, as condições do tempo de grandes áreas de forma duradoura. Nas regiões da alta

de bloqueio em superfície, a pressão e a temperatura permanecem acima do normal,

enquanto na estratosfera a pressão fica acima e a temperatura abaixo do normal. E no

seu estágio de dissipação a pressão cai lentamente. A permanecia das condições de

tempo, que podem perduram por vários dias, favorecem a diversos setores, por

exemplo, o setor agrícola, a própria economia, entre outros. Esse tema será mais bem

tratado no capítulo posterior.

2.2 Definições de bloqueio

De modo geral, não se tem ainda uma única teoria que possa explicar tanto a

formação e o decaimento de um bloqueio, quanto uma definição exata de o que pode ser

certamente dito como um bloqueio atmosférico. No entanto, existem teorias que

explicam ser o bloqueio originado por um acúmulo de calor nas baixas latitudes, e como

não é possível se ter um acúmulo contínuo, haveria um reajustamento da circulação

geral para distribuir esse calor. A maior parte dos estudos são feitos para o hemisfério

norte.

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Segundo o critério mais utilizado um bloqueio deve satisfazer os seguintes itens:

Critério segundo Rex (1950) – Hemisfério Norte (HN)

a) a corrente zonal básica de oeste (500hPa) deve bifurcar, formando dois ramos;

b) cada ramo deve transportar uma quantidade de massa considerável;

c) o sistema de duplo jato deve se estender por pelo menos 45º de longitude;

d) uma rápida transição do fluxo zonal de oeste a montante para um tipo

meridional a jusante, precisa ser observado na bifurcação do escoamento;

e) o padrão deve persistir por pelo menos 10 dias.

Em situações em que a característica (a) é cumprida, diz-se que o bloqueio está no

estado inicial. E se somente uma das outras características for satisfeita, diz-se então

que o bloqueio está dissipado. Esse tem sido o critério mais bem aceito até hoje para os

bloqueios que ocorrem no hemisfério norte, porém possui a desvantagem de descrever

somente bloqueios de grande duração, não captando os de curta duração.

Existe um outro critério de identificação utilizado que levam mais em conta as

condições específicas do hemisfério sul. Os itens para esse critério são os seguintes:

Critério segundo Van Loon (1956) – Hemisfério Sul (HS)

a) o deslocamento do sistema de bloqueio deve ser menor do que 25º de

longitude e 45º latitude sul durante o período de bloqueio;

b) o centro da alta deve estar pelo menos 10º ao sul da posição normal do

cinturão subtropical de alta pressão;

c) o bloqueio deve durar pelo menos 6 dias.

Devido a essa dificuldade de utilização de um método para definir um bloqueio,

são utilizados em programas computacionais índices que permitem com maior

facilidade indicar a ocorrência de bloqueio, por meio da variação anômala de algumas

propriedades da atmosfera, entre as latitudes em que ocorrem os bloqueios. O primeiro a

desenvolver um índice zonal foi Lejenãs, sendo direcionado para o HS. Este índice

verifica a variação da altura geopotencial em 500 hPa entre as latitudes de 35º e 50º S.

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I() = Z35S() – Z50S() H.S.

A condição para que o fenômeno seja classificado como um sistema de bloqueio é

que o índice seja menor do que zero (I() < 0), o que significa que há um aumento na

altura geopotencial com a latitude, durante um período de pelo menos seis dias sobre

uma região média de aproximadamente 30º de longitude.

2.3 Ocorrências e persistência de bloqueio no Hemisfério Sul

As regiões de máxima ocorrência de bloqueios no HS são, a Austrália e Nova

Zelândia (140ºW a 140ºE), o Oceano Atlântico (sudeste da América do Sul) e o Oceano

Índico (sudeste da África) e sudeste do Oceano Pacífico (costa oeste da América do

Sul), como pode ser visto na figura a seguir:

FIGURA 2 – Distribuição das situações de bloqueios no Hemisfério Sul.

Outro aspecto importante para a freqüência de ocorrência de bloqueios, são as

estações do ano. Nos casos do Oceano Pacífico e Atlântico, ambos apresentam grande

dependência sazonal, no qual o período máximo de ocorrência é o final do inverno e

início de primavera, o máximo secundário entre os meses de abril e maio e os mínimos

de ocorrência está entre o fim da primavera, verão e meados de inverno. No Oceano

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Indico não há muita variabilidade sazonal, tendo uma freqüência pequena durante todo

o ano.

Nos estudos realizados por vários pesquisadores, observaram-se, nas regiões de

ocorrência de bloqueios no HS, tendências específicas quanto à variação sazonal.

Segundo Casarin (1983), a região da Austrália apresenta índices maiores de bloqueios

no fim do outono e parte do inverno, a leste da Austrália e na região entre 175W - 125W

têm-se tendências para a ocorrência de bloqueios no verão e na região a oeste da

Austrália na primavera. Na América do Sul, a estação com maior ocorrência é o outono.

A figura abaixo mostra a relação entre os dias bloqueados por mês pelos meses do ano:

FIGURA 3 – Tendência sazonal das situações de bloqueio no Hemisfério Sul.

Em estudos de variabilidade interanual pode-se observar outra interferência,

além da sazonal, na redução ou aumento de situações de bloqueio, que são os anos de

predominância de El nino ou La nina. A redução está associada ao fenômeno El niño,

que consiste no aquecimento do Oceano Pacífico próximo ao Equador e também na

diminuição da intensidade dos ventos alísios. Enquanto que em anos de La nina,

associa-se ao aumento de bloqueios, e apresenta as características contrárias ao do El

nino, intensificando a circulação dos ventos alísios e resfriando as águas do Oceano

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Equatorial mais do que o normal, e com isso desintensifica as células de Hadley, o que

possibilita a formação do jato polar do Oceano Pacífico. Aliado esse jato com o jato

subtropical, tem-se um aumento das condições de formação de bloqueios na região da

Austrália e Nova Zelândia, como pode ser visto na figura a seguir:

FIGURA 4 – Média do vento zonal em 500 hPa, de 1980 a1993.

Em relação à persistência dos bloqueios no HS, Van Loon (1956), no seu estudo,

encontrou que a duração média parece estar entre 6 e 10, tendo as médias para o Oceano

Pacífico, Atlântico e Indico respectivamente 9,5 dias, 8,5 dias e 8 dias no Indico.

Casarin (1983) no seu estudo, num período entre 1975 a 1979, mostrou a mais longa

duração de bloqueio no Oceano Pacífico, que foi de 26 dias, enquanto que a média é de

9,1 dias. Além disso, os bloqueios mais persistentes no HS estão no Oceano Pacífico,

com duração média de 11,3 dias. Na costa leste da América do Sul, e sobre o mesmo, a

média de persistência é de 8,1 e 7,9 dias, respectivamente.

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2.4 Tipos de bloqueios

São três os tipos de anticiclones de bloqueio, cada qual com sua característica

própria, que estabelece um padrão, devendo ser satisfeito para ser classificado como tal,

que serão descritos a seguir:

1. Um anticiclone quente, estando em latitudes mais altas que aquelas das altas

subtropicais, sendo acompanhado do lado equatorial por uma baixa fria, configurando

um escoamento na forma de S;

2. Um anticiclone quente, no qual o campo de altura geopotencial apresenta a

forma de Ω; o anticiclone fica entre dois ciclones;

3. Um anticiclone quente estacionário na crista de grande amplitude.

Para melhor analise dos três tipos de bloqueio, encontram-se a seguir, figuras que

mostram facilmente a configuração dos anticiclones, na seqüência dos itens acima:

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FIGURA 5 - Escoamento em forma de S.

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FIGURA 6 ‐ Geopotencial em forma de Ω

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FIGURA 7 - Anticiclone quente estacionário na crista de grande amplitude.

2.5 Evento Quente e Seco (EQS)

Outro sistema que pode influenciar a ocorrência de períodos de ondas de calor é o

Evento Quente e Seco. Esse estudo conta com dados dos últimos 40 anos de inverno no

centro-sul do Brasil, estudo esse feito por Prakki Satyamurti, pesquisador do Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais, no qual identifica um tipo de fenômeno causado por

uma grande massa de ar seco, que ao descer dos níveis mais altos da atmosfera em

direção à região central da América do sul, passa por um processo adiabático e se

aquece. As conseqüências geradas por esse aquecimento são elevações da temperatura

em até 7ºC e a diminuição da umidade relativa do ar em 30%. A média de permanência

do fenômeno é de dez dias sobre o centro-sul do Brasil.

ONDAS DE CALOR E SEUS EFEITOS

Embora muitas vezes não percebidas pelas pessoas em geral, as ondas de calor influem muito na

sua vida diária, em muitos aspectos.

3.1 Na sociedade

As ondas de calor muitas vezes trazem consigo grandes danos à sociedade, podendo causar

problemas de saúde, levando até a morte em muitos casos, além de prejuízos financeiros,

aumento na demanda de energia devido ao maior uso de ar condicionados e outros sistemas de

refrigeração.

Dessas ondas, as mais agressivas ocorreram no hemisfério norte, principalmente na Europa

e nos Estados Unidos. Um bom exemplo do seu poder destrutivo é a onda de calor de 1936 que

pode ser considerada uma das mais severas ondas de calor do século 20. O número de mortes

pode ter chegado a quase 5 mil pessoas nos Estados Unidos da América. O preço dos produtos

agrícolas como o milho e trigo aumentaram rapidamente devido a uma das piores colheitas já

registradas, causada pelo excesso de calor e por um longo período de seca. Essa onda de calor

começou no mês de Junho, quando as temperaturas excederam os 38°C no país, e estendeu-se até

Agosto. Porém o auge dessa onda se deu em Julho, quando a temperatura atingiu níveis recordes,

em Steele, North Dakota, por exemplo, as temperaturas alcançaram 50ºC.

Outra onda de calor que pode ser citada a ilustrar os seus danos ocorreu em 2003 na

Europa. O verão deste ano foi um dos mais quentes já registrados no continente europeu,

provocando muitos problemas de saúde e queda na produção agrícola, assim como em 1936 nos

EUA. Estima-se que 35 mil pessoas morreram em decorrência do calor intenso. Dessas mortes,

14 mil ocorreram na França, principalmente entre os idosos. Em Portugal o calor, em conjunto

com a baixa umidade, provocou extensos incêndios florestais que devastaram uma área de

aproximadamente 3010 km² de floresta e 440 km² de área agrícola, causando um prejuízo

estimado de cerca 1 bilhão de euros.

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Esses exemplos mostram claramente o quanto as ondas de calor podem ser destrutivas.

Elas são consideradas o fenômeno natural mais mortífero, superando tempestades, tornados e

alagações em números de mortes nos Estados Unidos. No ano de 1995 em Chicago, em outra das

piores ondas de calor dos EUA, ocorrem 600 mortes relacionadas ao calor em um período de 5

dias. Anualmente morrem aproximadamente 400 pessoas nos EUA por motivos diretamente

relacionados ao calor.

Outro problema enfrentado pela sociedade são os blecautes decorrentes do aumento

exacerbado do consumo de energia nos períodos mais quentes, aumento que se deve

principalmente à maior necessidade do uso de ar condicionado.

3.2 Na economia

Especificamente, na economia, os efeitos de uma onda de calor são evidentes, tanto na

parte de movimentação monetária, como no prejuízo de lavouras inteiras, o que leva ao

conseqüente aumento do preço dos produtos indispensáveis para a vida do homem. A procura por

eletrônicos, como ventiladores, circuladores e climatizadores, são os maiores representantes da

movimentação propriamente econômica gerada pelas ondas de calor. Sendo que a procura desses

aparelhos aumenta cerca de 70% em comparação com épocas normais.

Outro ponto que influencia a economia quando há ondas de calor, são os danos causados nas

lavouras, que dependendo da espécie plantada, com o calor intenso, acaba não resistindo e sendo

totalmente perdida. Pode haver, por outro lado, certas vantagens, quando se tratando de outras

culturas, um exemplo ocorreu na onda de calor de 2003 na Europa, quando o calor intenso

acelerou o processo de amadurecimento das uvas, que eram colhidas normalmente em setembro,

porém foram colhidas em Agosto, o que fez com que o ano tivesse uma safra de vinhos excelente,

embora em pouca quantidade.

Os comerciantes de alimentos da Grã-Bretanha são considerados os que, até agora, mais

estão lucrando em vendas de produtos de verão, como cerveja e sorvete, pois estão armazenando

os produtos que tiveram maior venda em outras ondas de calor com antecedência, já que com o

auxílio das previsões de tempo conseguem prever quando a demanda será maior e, assim,

esperam tranqüilos pelos consumidores.

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Acrescenta-se ainda que com a onda de calor, não é só a indústria alimentícia e os

estabelecimentos comerciais que são afetados, também quando se constata o aumento do turismo

das cidades litorâneas, em conjunto com épocas em que esta ocorrendo uma onda de calor, tem-se

ai uma relação importante.

3.3 Na saúde

Exposições prolongadas em ambientes com temperatura excessiva podem causar

esgotamento, fadiga térmica, e até danos ao cérebro – AVC (Acidente Vascular). Para alguns,

especialmente para os idosos e infermos, o calor em excesso pode causar a morte. O Índice de

Calor (IC), também chamado de “Temperatura Aparente”, é uma medida de como a umidade

associada a altas temperaturas reduz a capacidade do corpo em manter-se frio. O IC é a sensação

térmica que o corpo humano interpreta quando a umidade e/ou temperatura fogem dos níveis

normais. Por exemplo, se a temperatura do ar é de 34°C, e a umidade é de 50%, o efeito destas

condições no corpo é a sensação de temperatura de 39,5°C. Exposições ao sol podem aumentar o

IC entre 3° e 8°C.

As ondas de calor provocam desconforto a toda à gente, mas são mais vulneráveis e

necessitam de maior atenção crianças nos primeiros anos de vida, idosos, alguns doentes crônicos

(com doenças cardíacas, respiratórias ou diabetes), doentes mentais, pessoas acamadas e obesas.

Nesses casos os mecanismos de regulação da temperatura poderão ter a sua eficácia

comprometida, diminuindo a capacidade de adaptação ao calor. Em particular, os idosos são

vulneráveis pelo risco acrescido de desidratação ligado à diminuição da sensação de sede e das

capacidades de termorregulação por transpiração e ao menor controle do equilíbrio

hidroeletrolítico.

Por conseguinte em épocas de ondas de calor, é essencial que as pessoas escolham horários

apropriados para a exposição ao sol, comam frutas, bebam bastante água, usem filtro solar, usem

também roupas leves, claras e preferencialmente de algodão, e evitam também os esforços

físicos.

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3.4 Nas gerações futuras

Estudos feitos por vários cientistas do mundo todo demonstram que está havendo um

aquecimento anormal no planeta. Esse aquecimento é proveniente das ações humanas, que todos

os dias destroem e poluem o meio ambiente de forma devastadora. Como exemplo disso temos

números assombrosos de áreas desmatadas na Amazônia somente no mês de abril desse ano

(2008), de indústrias que emitem gases tóxicos todos os dias na atmosfera, não só ruins para as

pessoas de hoje, mais também para a vida de gerações futuras, que serão indiretamente afetadas

por essas indústrias poluidoras.

Assim como essas outras formas de degradação vêm ocorrendo no mundo durante os

séculos que sucederam a Revolução Industrial. Essas ações levam a uma mudança no que era

natural para algo não totalmente conhecido, pois não seria provável que depois de adicionar gases

e diminuir a quantidade de árvores no mundo, as condições climáticas permanecessem as

mesmas.

As mudanças podem ser vistas por vários indícios de aumento de freqüência de muitos

fenômenos, entre os quais as ondas de calor. A freqüência tida como natural, ou normal, passou

para um estado de ocorrência maior. Desde que algo do sistema atmosférico, por pequeno que

seja mude, há invariavelmente uma conseqüência dessa mudança em alguma outra parte do

globo.

Sendo assim, por ter sido mudada a condição natural pela necessidade do homem de progresso e

de domínio sobre a natureza, que se tem nos tempos atuais um grande problema que deve ser

resolvido, ou ao menos amenizado, pois de outra forma será difícil a sobrevivência dos próximos

homens no planeta Terra.

CONCLUSÃO

Concluímos que de fato as ondas de calor na verdade são conseqüência de um

sistema meteorológico chamado bloqueio atmosférico que podem ser previstos e

analisados com antecedência, dessa forma possibilitam uma preparação tanto da parte

comercial e alimentícia, quanto das próprias pessoas para evitarem maiores prejuízos.

Com a análise de estudos e pesquisando sobre as conclusões que pesquisadores

chegaram, percebemos que os bloqueios são sistemas que, apesar de não muito

conhecidos pelas pessoas em geral, realmente ocorrem de uma forma fascinante, e são

vitais para o bom funcionamento da Terra.

Esses períodos, de ondas de calor, exercem grande influência quando ocorrem,

trazendo conseqüências à economia, à qualidade de vida bem como à natureza. Sistemas

desse tipo fazem parte e podemos dizer que sustentam ou destroem nossa vida no

planeta e nem os conhecemos direito. Cabe a nós respeitarmos essa nossa incrível casa

pela sua poderosa manutenção.

REFERÊNCIAS

PORTAL DE SAÚDE PÚBLICA. Ondas de calor. Disponível em:

<http://www.saudepublica.web.pt/05-PromocaoSaude/051-Educacao/calor.htm>.

Acesso em: 03 de março de 2008.

CBMDF – Ondas de calor. Disponível em:

<http://www.cbm.df.gov.br/?cat=1&page=36>. Acesso em: 22 de abril de 2008

Últimas edições – Notícias recentes do Jornal Nacional – Notícias – Inverno: época de

tempo seco. Disponível em

<http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA1580924-3586-697955,00.html>.

Acesso em 28 de abril de 2008.

FUENTES, Márcia Vetromilla (1996). Bloqueios. Climanalise Especial. Cap 8, Centro

de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE). Disponível em:

<http://www.cptec.inpe.br/products/climanalise/cliesp10a/bloqueio.html>. Acesso em:

20 de maio de 2008.

Aula sobre bloqueio, CEFET-SC. Disponível em:

www.cefetsc.edu.br/~meteoro/HP_CEFET/biblioteca_virtual/modulo2/med/aulabloque

io.DOC Acesso em 30 de abril de 2008.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ASTRONOMIA, GEOFÍSICA E CIÊNCI.

CAMARGO, Ricardo de. Meteorologia sinótica, Universidade de São Paulo, Instituto

de Astronomia, geofísica e ciências atmosféricas, Departamento de ciências

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atmosféricas, Bloqueios. Disponível em:

<http://www.master.iag.usp.br/ensino/Sinotica/AULA20/AULA20.HTML>. Acesso em

20 de maio de 2008.