ONDAS DE CALOR -...
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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA
CURSO TÉCNICO DE METEOROLOGIA
UNIDADE FLORIANÓPOLIS
Mariana Perreira: Coordenadora
Andreza Lira Reis
Camila Simões
Paula Regina Scoz Domingos
ONDAS DE CALOR
Junho de 2008
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer às nossas famílias, por entenderem as horas em que deixamos de
estar com eles para nos dedicar a elaboração desse trabalho.
Ao professor Michel Muza e às professoras Eliane Barreta e Márcia Fuentes pela constante
disposição em ajudar tirando nossas dúvidas com muita paciência, dedicação e interesse.
Aos demais professores do curso técnico de Meteorologia do CEFET-SC, que indiretamente
contribuíram para nosso bom humor constante apesar de muitas vezes cansados.
Ao Meteorologista da EPAGRI Marcelo Martins que também nos auxiliou nossas dúvidas.
Finalmente agradecemos aos nossos colegas de aula que nos apoiaram e incentivaram em
todos os momentos.
RESUMO
Esta monografia apresenta um estudo sobre as ondas de calor e como elas podem afetar as
pessoas em vários aspectos da vida, como na agricultura, na economia e na saúde. Por meio
de pesquisas bibliográficas identificou-se que, na realidade, é uma conseqüência de bloqueios
atmosféricos, e não um sistema por si só.
Palavra-chave: Ondas de calor; Bloqueio atmosférico.
LISTA DE FIGURAS
Página 8 FIRURA 1 – Divisão do jato em dois ramos
Página 10 FIGURA 2 – Distribuição das situações de bloqueios no Hemisfério Sul.
Página 11 FIGURA 3 – Tendência sazonal das situações de bloqueio no
Hemisfério Sul.
Página 12 FIGURA 4 – Média do vento zonal em 500 hPa, de 1980 a1993.
Página 14 FIGURA 5 - Escoamento em forma de S.
Página 15 FIGURA 6 - Geopotencial em forma de Ω
Página 16 FIGURA 7 - Anticiclone quente estacionário na crista de grande
amplitude.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................6
1.1 Objetivo Geral............................................................................................................6
2 ONDAS DE CALOR – COMOSURGEM?................................................................7
2.1 Características de Bloqueios Atmosféricos.............................................................7
2.2 Definições de bloqueio.............................................................................................. 8
2.3 Ocorrência e persistência de bloqueio no Hemisfério Sul................................... 10
2.4 Tipos de bloqueios.................................................................................................. 13
2.5 Evento Quente e Seco (EQS).................................................................................. 16
3 ONDAS DE CALOR E SEUS EFEITOS................................................................ 17
3.1 Na sociedade............................................................................................................ 17
3.2 Na economia............................................................................................................ 18
3.3 Na saúde................................................................................................................... 19
3.4 Nas gerações futuras............................................................................................... 20
4 CONCLUSÃO............................................................................................................ 21
5 REFERENCIAS......................................................................................................... 22
INTRODUÇÃO
Estudos sugerem que ações humanas dobram a possibilidade de eventos climáticos
extremos e que já estão trazendo sérios riscos à vida humana. Um exemplo foi a onda de
calor observada na Europa no ano de 2003, que causou a morte de aproximadamente 30
mil pessoas, deixando um período de seca no continente. Mas como são causados esses
períodos conhecidos popularmente como ondas de calor? Estudos mostram que elas
ocorrem quando há um bloqueio na atmosfera que impede a chegada de umidade a
determinado local. Esse bloqueio pode ser causado por uma elevação na pressão, e pode
ser de origem natural ou por gases-estufa.
1.1 Objetivo Geral
Será com base em estudos como o citado a cima, que iremos relatar o que leva a
ocorrência de bloqueios atmosféricos e as suas conseqüências, como as ondas de calor,
e o que pode ser feito quanto à influência dessas ondas de calor na vida humana, como
esse sistema meteorológico afeta a vida das pessoas em questões de saúde, economia,
agricultura, turismo, entre outros.
ONDAS DE CALOR – COMO SURGEM?
A expressão “onda de calor” é comumente utilizada para designar períodos de 5
dias ou mais, nos quais a temperatura máxima excede a média em 5°C, acontecendo
preferencialmente nas estações quentes, fim da primavera e início do outono. Porém esse
período quente não pode ser classificado como um fenômeno atmosférico, e sim como a
conseqüência de sistemas anômalos, dos quais se destacam os bloqueios atmosféricos,
por criarem condições favoráveis ao aquecimento enquanto permanecem ativos.
Os bloqueios em latitudes mais altas impedem que as frentes frias circulem
normalmente sobre o continente, pois elas ficam retidas na parte polar da alta de
bloqueio, com isso a área que a massa polar percorreria em condições normais fica
disponível e, dessa forma, as massas de ar tropicais, que são predominantemente quentes,
conseguem abranger maiores áreas do continente sul – americano. Com esse predomínio
das massas tropicais que se expandiram, e estando as massas de ar frias impedidas de
atuarem em latitudes mais baixas, a temperatura aumenta e mantém-se estável, e a
umidade relativa do ar tende a ser baixo, o que gera dias quentes e secos, ou seja,
períodos de onda de calor.
2.1 Características de Bloqueios Atmosféricos
Os bloqueios no hemisfério sul ocorrem quando uma alta quente forma-se em
latitudes mais altas do que o normal. Essa alta cria uma espécie de bloqueio que faz com
que a circulação atmosférica em latitudes médias em altos níveis, que normalmente são
dominadas por um escoamento zonal de oeste, seja substituído por um escoamento
meridional, assim, ocorre a divisão do jato em dois ramos, o que, por sua vez, resulta no
rompimento do padrão zonal:
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FIGURA 1 – Divisão do jato em dois ramos.
Nesses casos, anticiclones quentes formam-se em latitudes mais altas que 30°, ou
seja, em latitudes mais altas que aquelas onde se localiza a alta subtropical, sendo
acompanhado no lado equatorial por uma baixa fria. Com essa alteração do escoamento,
os sistemas migratórios de oeste, como ciclones e anticiclones, têm sua trajetória
modificada, podendo tornar-se estacionária ou ter que contornar a alta, influenciando,
assim, as condições do tempo de grandes áreas de forma duradoura. Nas regiões da alta
de bloqueio em superfície, a pressão e a temperatura permanecem acima do normal,
enquanto na estratosfera a pressão fica acima e a temperatura abaixo do normal. E no
seu estágio de dissipação a pressão cai lentamente. A permanecia das condições de
tempo, que podem perduram por vários dias, favorecem a diversos setores, por
exemplo, o setor agrícola, a própria economia, entre outros. Esse tema será mais bem
tratado no capítulo posterior.
2.2 Definições de bloqueio
De modo geral, não se tem ainda uma única teoria que possa explicar tanto a
formação e o decaimento de um bloqueio, quanto uma definição exata de o que pode ser
certamente dito como um bloqueio atmosférico. No entanto, existem teorias que
explicam ser o bloqueio originado por um acúmulo de calor nas baixas latitudes, e como
não é possível se ter um acúmulo contínuo, haveria um reajustamento da circulação
geral para distribuir esse calor. A maior parte dos estudos são feitos para o hemisfério
norte.
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Segundo o critério mais utilizado um bloqueio deve satisfazer os seguintes itens:
Critério segundo Rex (1950) – Hemisfério Norte (HN)
a) a corrente zonal básica de oeste (500hPa) deve bifurcar, formando dois ramos;
b) cada ramo deve transportar uma quantidade de massa considerável;
c) o sistema de duplo jato deve se estender por pelo menos 45º de longitude;
d) uma rápida transição do fluxo zonal de oeste a montante para um tipo
meridional a jusante, precisa ser observado na bifurcação do escoamento;
e) o padrão deve persistir por pelo menos 10 dias.
Em situações em que a característica (a) é cumprida, diz-se que o bloqueio está no
estado inicial. E se somente uma das outras características for satisfeita, diz-se então
que o bloqueio está dissipado. Esse tem sido o critério mais bem aceito até hoje para os
bloqueios que ocorrem no hemisfério norte, porém possui a desvantagem de descrever
somente bloqueios de grande duração, não captando os de curta duração.
Existe um outro critério de identificação utilizado que levam mais em conta as
condições específicas do hemisfério sul. Os itens para esse critério são os seguintes:
Critério segundo Van Loon (1956) – Hemisfério Sul (HS)
a) o deslocamento do sistema de bloqueio deve ser menor do que 25º de
longitude e 45º latitude sul durante o período de bloqueio;
b) o centro da alta deve estar pelo menos 10º ao sul da posição normal do
cinturão subtropical de alta pressão;
c) o bloqueio deve durar pelo menos 6 dias.
Devido a essa dificuldade de utilização de um método para definir um bloqueio,
são utilizados em programas computacionais índices que permitem com maior
facilidade indicar a ocorrência de bloqueio, por meio da variação anômala de algumas
propriedades da atmosfera, entre as latitudes em que ocorrem os bloqueios. O primeiro a
desenvolver um índice zonal foi Lejenãs, sendo direcionado para o HS. Este índice
verifica a variação da altura geopotencial em 500 hPa entre as latitudes de 35º e 50º S.
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I() = Z35S() – Z50S() H.S.
A condição para que o fenômeno seja classificado como um sistema de bloqueio é
que o índice seja menor do que zero (I() < 0), o que significa que há um aumento na
altura geopotencial com a latitude, durante um período de pelo menos seis dias sobre
uma região média de aproximadamente 30º de longitude.
2.3 Ocorrências e persistência de bloqueio no Hemisfério Sul
As regiões de máxima ocorrência de bloqueios no HS são, a Austrália e Nova
Zelândia (140ºW a 140ºE), o Oceano Atlântico (sudeste da América do Sul) e o Oceano
Índico (sudeste da África) e sudeste do Oceano Pacífico (costa oeste da América do
Sul), como pode ser visto na figura a seguir:
FIGURA 2 – Distribuição das situações de bloqueios no Hemisfério Sul.
Outro aspecto importante para a freqüência de ocorrência de bloqueios, são as
estações do ano. Nos casos do Oceano Pacífico e Atlântico, ambos apresentam grande
dependência sazonal, no qual o período máximo de ocorrência é o final do inverno e
início de primavera, o máximo secundário entre os meses de abril e maio e os mínimos
de ocorrência está entre o fim da primavera, verão e meados de inverno. No Oceano
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Indico não há muita variabilidade sazonal, tendo uma freqüência pequena durante todo
o ano.
Nos estudos realizados por vários pesquisadores, observaram-se, nas regiões de
ocorrência de bloqueios no HS, tendências específicas quanto à variação sazonal.
Segundo Casarin (1983), a região da Austrália apresenta índices maiores de bloqueios
no fim do outono e parte do inverno, a leste da Austrália e na região entre 175W - 125W
têm-se tendências para a ocorrência de bloqueios no verão e na região a oeste da
Austrália na primavera. Na América do Sul, a estação com maior ocorrência é o outono.
A figura abaixo mostra a relação entre os dias bloqueados por mês pelos meses do ano:
FIGURA 3 – Tendência sazonal das situações de bloqueio no Hemisfério Sul.
Em estudos de variabilidade interanual pode-se observar outra interferência,
além da sazonal, na redução ou aumento de situações de bloqueio, que são os anos de
predominância de El nino ou La nina. A redução está associada ao fenômeno El niño,
que consiste no aquecimento do Oceano Pacífico próximo ao Equador e também na
diminuição da intensidade dos ventos alísios. Enquanto que em anos de La nina,
associa-se ao aumento de bloqueios, e apresenta as características contrárias ao do El
nino, intensificando a circulação dos ventos alísios e resfriando as águas do Oceano
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Equatorial mais do que o normal, e com isso desintensifica as células de Hadley, o que
possibilita a formação do jato polar do Oceano Pacífico. Aliado esse jato com o jato
subtropical, tem-se um aumento das condições de formação de bloqueios na região da
Austrália e Nova Zelândia, como pode ser visto na figura a seguir:
FIGURA 4 – Média do vento zonal em 500 hPa, de 1980 a1993.
Em relação à persistência dos bloqueios no HS, Van Loon (1956), no seu estudo,
encontrou que a duração média parece estar entre 6 e 10, tendo as médias para o Oceano
Pacífico, Atlântico e Indico respectivamente 9,5 dias, 8,5 dias e 8 dias no Indico.
Casarin (1983) no seu estudo, num período entre 1975 a 1979, mostrou a mais longa
duração de bloqueio no Oceano Pacífico, que foi de 26 dias, enquanto que a média é de
9,1 dias. Além disso, os bloqueios mais persistentes no HS estão no Oceano Pacífico,
com duração média de 11,3 dias. Na costa leste da América do Sul, e sobre o mesmo, a
média de persistência é de 8,1 e 7,9 dias, respectivamente.
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2.4 Tipos de bloqueios
São três os tipos de anticiclones de bloqueio, cada qual com sua característica
própria, que estabelece um padrão, devendo ser satisfeito para ser classificado como tal,
que serão descritos a seguir:
1. Um anticiclone quente, estando em latitudes mais altas que aquelas das altas
subtropicais, sendo acompanhado do lado equatorial por uma baixa fria, configurando
um escoamento na forma de S;
2. Um anticiclone quente, no qual o campo de altura geopotencial apresenta a
forma de Ω; o anticiclone fica entre dois ciclones;
3. Um anticiclone quente estacionário na crista de grande amplitude.
Para melhor analise dos três tipos de bloqueio, encontram-se a seguir, figuras que
mostram facilmente a configuração dos anticiclones, na seqüência dos itens acima:
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FIGURA 7 - Anticiclone quente estacionário na crista de grande amplitude.
2.5 Evento Quente e Seco (EQS)
Outro sistema que pode influenciar a ocorrência de períodos de ondas de calor é o
Evento Quente e Seco. Esse estudo conta com dados dos últimos 40 anos de inverno no
centro-sul do Brasil, estudo esse feito por Prakki Satyamurti, pesquisador do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais, no qual identifica um tipo de fenômeno causado por
uma grande massa de ar seco, que ao descer dos níveis mais altos da atmosfera em
direção à região central da América do sul, passa por um processo adiabático e se
aquece. As conseqüências geradas por esse aquecimento são elevações da temperatura
em até 7ºC e a diminuição da umidade relativa do ar em 30%. A média de permanência
do fenômeno é de dez dias sobre o centro-sul do Brasil.
ONDAS DE CALOR E SEUS EFEITOS
Embora muitas vezes não percebidas pelas pessoas em geral, as ondas de calor influem muito na
sua vida diária, em muitos aspectos.
3.1 Na sociedade
As ondas de calor muitas vezes trazem consigo grandes danos à sociedade, podendo causar
problemas de saúde, levando até a morte em muitos casos, além de prejuízos financeiros,
aumento na demanda de energia devido ao maior uso de ar condicionados e outros sistemas de
refrigeração.
Dessas ondas, as mais agressivas ocorreram no hemisfério norte, principalmente na Europa
e nos Estados Unidos. Um bom exemplo do seu poder destrutivo é a onda de calor de 1936 que
pode ser considerada uma das mais severas ondas de calor do século 20. O número de mortes
pode ter chegado a quase 5 mil pessoas nos Estados Unidos da América. O preço dos produtos
agrícolas como o milho e trigo aumentaram rapidamente devido a uma das piores colheitas já
registradas, causada pelo excesso de calor e por um longo período de seca. Essa onda de calor
começou no mês de Junho, quando as temperaturas excederam os 38°C no país, e estendeu-se até
Agosto. Porém o auge dessa onda se deu em Julho, quando a temperatura atingiu níveis recordes,
em Steele, North Dakota, por exemplo, as temperaturas alcançaram 50ºC.
Outra onda de calor que pode ser citada a ilustrar os seus danos ocorreu em 2003 na
Europa. O verão deste ano foi um dos mais quentes já registrados no continente europeu,
provocando muitos problemas de saúde e queda na produção agrícola, assim como em 1936 nos
EUA. Estima-se que 35 mil pessoas morreram em decorrência do calor intenso. Dessas mortes,
14 mil ocorreram na França, principalmente entre os idosos. Em Portugal o calor, em conjunto
com a baixa umidade, provocou extensos incêndios florestais que devastaram uma área de
aproximadamente 3010 km² de floresta e 440 km² de área agrícola, causando um prejuízo
estimado de cerca 1 bilhão de euros.
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Esses exemplos mostram claramente o quanto as ondas de calor podem ser destrutivas.
Elas são consideradas o fenômeno natural mais mortífero, superando tempestades, tornados e
alagações em números de mortes nos Estados Unidos. No ano de 1995 em Chicago, em outra das
piores ondas de calor dos EUA, ocorrem 600 mortes relacionadas ao calor em um período de 5
dias. Anualmente morrem aproximadamente 400 pessoas nos EUA por motivos diretamente
relacionados ao calor.
Outro problema enfrentado pela sociedade são os blecautes decorrentes do aumento
exacerbado do consumo de energia nos períodos mais quentes, aumento que se deve
principalmente à maior necessidade do uso de ar condicionado.
3.2 Na economia
Especificamente, na economia, os efeitos de uma onda de calor são evidentes, tanto na
parte de movimentação monetária, como no prejuízo de lavouras inteiras, o que leva ao
conseqüente aumento do preço dos produtos indispensáveis para a vida do homem. A procura por
eletrônicos, como ventiladores, circuladores e climatizadores, são os maiores representantes da
movimentação propriamente econômica gerada pelas ondas de calor. Sendo que a procura desses
aparelhos aumenta cerca de 70% em comparação com épocas normais.
Outro ponto que influencia a economia quando há ondas de calor, são os danos causados nas
lavouras, que dependendo da espécie plantada, com o calor intenso, acaba não resistindo e sendo
totalmente perdida. Pode haver, por outro lado, certas vantagens, quando se tratando de outras
culturas, um exemplo ocorreu na onda de calor de 2003 na Europa, quando o calor intenso
acelerou o processo de amadurecimento das uvas, que eram colhidas normalmente em setembro,
porém foram colhidas em Agosto, o que fez com que o ano tivesse uma safra de vinhos excelente,
embora em pouca quantidade.
Os comerciantes de alimentos da Grã-Bretanha são considerados os que, até agora, mais
estão lucrando em vendas de produtos de verão, como cerveja e sorvete, pois estão armazenando
os produtos que tiveram maior venda em outras ondas de calor com antecedência, já que com o
auxílio das previsões de tempo conseguem prever quando a demanda será maior e, assim,
esperam tranqüilos pelos consumidores.
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Acrescenta-se ainda que com a onda de calor, não é só a indústria alimentícia e os
estabelecimentos comerciais que são afetados, também quando se constata o aumento do turismo
das cidades litorâneas, em conjunto com épocas em que esta ocorrendo uma onda de calor, tem-se
ai uma relação importante.
3.3 Na saúde
Exposições prolongadas em ambientes com temperatura excessiva podem causar
esgotamento, fadiga térmica, e até danos ao cérebro – AVC (Acidente Vascular). Para alguns,
especialmente para os idosos e infermos, o calor em excesso pode causar a morte. O Índice de
Calor (IC), também chamado de “Temperatura Aparente”, é uma medida de como a umidade
associada a altas temperaturas reduz a capacidade do corpo em manter-se frio. O IC é a sensação
térmica que o corpo humano interpreta quando a umidade e/ou temperatura fogem dos níveis
normais. Por exemplo, se a temperatura do ar é de 34°C, e a umidade é de 50%, o efeito destas
condições no corpo é a sensação de temperatura de 39,5°C. Exposições ao sol podem aumentar o
IC entre 3° e 8°C.
As ondas de calor provocam desconforto a toda à gente, mas são mais vulneráveis e
necessitam de maior atenção crianças nos primeiros anos de vida, idosos, alguns doentes crônicos
(com doenças cardíacas, respiratórias ou diabetes), doentes mentais, pessoas acamadas e obesas.
Nesses casos os mecanismos de regulação da temperatura poderão ter a sua eficácia
comprometida, diminuindo a capacidade de adaptação ao calor. Em particular, os idosos são
vulneráveis pelo risco acrescido de desidratação ligado à diminuição da sensação de sede e das
capacidades de termorregulação por transpiração e ao menor controle do equilíbrio
hidroeletrolítico.
Por conseguinte em épocas de ondas de calor, é essencial que as pessoas escolham horários
apropriados para a exposição ao sol, comam frutas, bebam bastante água, usem filtro solar, usem
também roupas leves, claras e preferencialmente de algodão, e evitam também os esforços
físicos.
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3.4 Nas gerações futuras
Estudos feitos por vários cientistas do mundo todo demonstram que está havendo um
aquecimento anormal no planeta. Esse aquecimento é proveniente das ações humanas, que todos
os dias destroem e poluem o meio ambiente de forma devastadora. Como exemplo disso temos
números assombrosos de áreas desmatadas na Amazônia somente no mês de abril desse ano
(2008), de indústrias que emitem gases tóxicos todos os dias na atmosfera, não só ruins para as
pessoas de hoje, mais também para a vida de gerações futuras, que serão indiretamente afetadas
por essas indústrias poluidoras.
Assim como essas outras formas de degradação vêm ocorrendo no mundo durante os
séculos que sucederam a Revolução Industrial. Essas ações levam a uma mudança no que era
natural para algo não totalmente conhecido, pois não seria provável que depois de adicionar gases
e diminuir a quantidade de árvores no mundo, as condições climáticas permanecessem as
mesmas.
As mudanças podem ser vistas por vários indícios de aumento de freqüência de muitos
fenômenos, entre os quais as ondas de calor. A freqüência tida como natural, ou normal, passou
para um estado de ocorrência maior. Desde que algo do sistema atmosférico, por pequeno que
seja mude, há invariavelmente uma conseqüência dessa mudança em alguma outra parte do
globo.
Sendo assim, por ter sido mudada a condição natural pela necessidade do homem de progresso e
de domínio sobre a natureza, que se tem nos tempos atuais um grande problema que deve ser
resolvido, ou ao menos amenizado, pois de outra forma será difícil a sobrevivência dos próximos
homens no planeta Terra.
CONCLUSÃO
Concluímos que de fato as ondas de calor na verdade são conseqüência de um
sistema meteorológico chamado bloqueio atmosférico que podem ser previstos e
analisados com antecedência, dessa forma possibilitam uma preparação tanto da parte
comercial e alimentícia, quanto das próprias pessoas para evitarem maiores prejuízos.
Com a análise de estudos e pesquisando sobre as conclusões que pesquisadores
chegaram, percebemos que os bloqueios são sistemas que, apesar de não muito
conhecidos pelas pessoas em geral, realmente ocorrem de uma forma fascinante, e são
vitais para o bom funcionamento da Terra.
Esses períodos, de ondas de calor, exercem grande influência quando ocorrem,
trazendo conseqüências à economia, à qualidade de vida bem como à natureza. Sistemas
desse tipo fazem parte e podemos dizer que sustentam ou destroem nossa vida no
planeta e nem os conhecemos direito. Cabe a nós respeitarmos essa nossa incrível casa
pela sua poderosa manutenção.
REFERÊNCIAS
PORTAL DE SAÚDE PÚBLICA. Ondas de calor. Disponível em:
<http://www.saudepublica.web.pt/05-PromocaoSaude/051-Educacao/calor.htm>.
Acesso em: 03 de março de 2008.
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<http://www.cbm.df.gov.br/?cat=1&page=36>. Acesso em: 22 de abril de 2008
Últimas edições – Notícias recentes do Jornal Nacional – Notícias – Inverno: época de
tempo seco. Disponível em
<http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA1580924-3586-697955,00.html>.
Acesso em 28 de abril de 2008.
FUENTES, Márcia Vetromilla (1996). Bloqueios. Climanalise Especial. Cap 8, Centro
de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE). Disponível em:
<http://www.cptec.inpe.br/products/climanalise/cliesp10a/bloqueio.html>. Acesso em:
20 de maio de 2008.
Aula sobre bloqueio, CEFET-SC. Disponível em:
www.cefetsc.edu.br/~meteoro/HP_CEFET/biblioteca_virtual/modulo2/med/aulabloque
io.DOC Acesso em 30 de abril de 2008.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ASTRONOMIA, GEOFÍSICA E CIÊNCI.
CAMARGO, Ricardo de. Meteorologia sinótica, Universidade de São Paulo, Instituto
de Astronomia, geofísica e ciências atmosféricas, Departamento de ciências
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atmosféricas, Bloqueios. Disponível em:
<http://www.master.iag.usp.br/ensino/Sinotica/AULA20/AULA20.HTML>. Acesso em
20 de maio de 2008.