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1663 ONDE É FORA? A SUSTENTABILIDADE E O CONCEITO “PROJETO MATA VIDAVIVIDO E COMPARTILHADO Suzana Maranhão de Azevedo Mello / Faculdade Santa Marcelina Comitê de Poéticas Artísticas ONDE É FORA? A SUSTENTABILIDADE E O CONCEITO “PROJETO MATA VIDAVIVIDO E COMPARTILHADO Suzana Maranhão de Azevedo Mello / Faculdade Santa Marcelina RESUMO A necessidade de incremento na minha resolução plástica gerou uma prática guiada pelo conceito “Projeto Mata Vida”. É uma busca pelo resgate do descarte e suas memórias. Essa busca foi sempre em sistema de vivências compartilhadas e exercendo o cuidado com a responsabilidade ecológica. O produto representativo desse tempo de compartilhamento é o compósito LMais, um dos interesses do Almanaque do Tempo Comum. PALAVRAS-CHAVE Projeto Mata Vida; compósito Lmais; Almanaque do Tempo Comum; Vivências compartilha- das; Fora? ABSTRACT The need to enhance my plastic resolution resulted in a practice guided by the concept known as “Projeto Mata Vida”, which aims at reusing disposables and reviving memories attached to them. Such pursuit has always been in a shared experience system, concerned with ecological responsibility. The representative outcome of such sharing time is the LMais composite, one of Almanaque do Tempo Comum’s subject of interest. KEY-WORDS Projeto Mata Vida; LMais composite; Almanaque do Tempo Comum; Shared experience; Fora?.

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ONDE É FORA? A SUSTENTABILIDADE E O CONCEITO “PROJETO MATA VIDA” VIVIDO E COMPARTILHADO Suzana Maranhão de Azevedo Mello / Faculdade Santa Marcelina Comitê de Poéticas Artísticas

ONDE É FORA? A SUSTENTABILIDADE E O CONCEITO “PROJETO MATA VIDA” VIVIDO E COMPARTILHADO Suzana Maranhão de Azevedo Mello / Faculdade Santa Marcelina RESUMO A necessidade de incremento na minha resolução plástica gerou uma prática guiada pelo conceito “Projeto Mata Vida”. É uma busca pelo resgate do descarte e suas memórias. Essa busca foi sempre em sistema de vivências compartilhadas e exercendo o cuidado com a responsabilidade ecológica. O produto representativo desse tempo de compartilhamento é o compósito LMais, um dos interesses do Almanaque do Tempo Comum. PALAVRAS-CHAVE Projeto Mata Vida; compósito Lmais; Almanaque do Tempo Comum; Vivências compartilha-das; Fora? ABSTRACT

The need to enhance my plastic resolution resulted in a practice guided by the concept known as “Projeto Mata Vida”, which aims at reusing disposables and reviving memories attached to them. Such pursuit has always been in a shared experience system, concerned with ecological responsibility. The representative outcome of such sharing time is the LMais composite, one of Almanaque do Tempo Comum’s subject of interest. KEY-WORDS

Projeto Mata Vida; LMais composite; Almanaque do Tempo Comum; Shared experience; Fora?.

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Começando a pensar

A investigação feita durante os anos de pesquisa para a construção do compósito L

Mais me deixou aberta para parcerias em virtude do grande leque de opções que

esse compósito oferece.

O compósito L Mais foi criado por mim sob o entendimento do conceito “Projeto Ma-

ta Vida” para atender o apelo à tatilidade que a textura do suporte precisa propiciar a

minha técnica no exercício da gravura. O L Mais também responde pelo equaciona-

mento matérico do meu trabalho e ainda oferece um nicho para pensar sustentabili-

dade. É, portanto, nessa nesga de pensamento sobre a (re)tomada de materiais

descartados e suas memórias para uma nova entrada no ciclo vital com novas fun-

ções e novas naturezas que o campo do meu pensamento se abre para parcerias

nas discussões sobre a tese que desenvolvo com a finalidade de responder à se-

guinte pergunta: onde é fora?

O conceito que chamo de “Projeto Mata Vida” teoriza e resolve plasticamente a mi-

nha produção Almanaque do Tempo Comum, de agora em diante referida como

ATC. A dissertação de mestrado desenvolvida e defendida por mim no ano de 2012,

“Almanaque L Mais” (AZEVEDO, 2012), tem a missão de fomentar o crescimento da

discussão sobre a minha poética. No entanto, preocupo-me não somente com o ca-

minho peculiar usado no meu fazer artístico, mas também direciono para o mundo

das artes a necessidade de refletir sobre sustentabilidade.

As premissas que regem a preocupação com o tema são claras: a) é preciso pensar

sobre o descarte que produzimos enquanto quantidade e qualidade; b) é necessário

reinventar o “novo” a cada “velho” que descartamos; c) é necessário conter o uso de

substâncias nocivas ao meio ambiente na indústria e na manufatura, sob pena de

ameaçarmos a vida no planeta; d) é necessário incrementar a pesquisa sobre insu-

mos naturais e apropriar-se deles usando-os como médios e como matéria.

A empatia que se estabelece entre os artistas pensadores da sustentabilidade não

passa pelo apelo dinheirista. Essa questão é importante e não pode ser abstraída do

processo, mas a visão desses artistas está, acima de tudo, na adoção de uma atitu-

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de nova no trato com o consumo/descarte. Essa atitude possibilita um modo saudá-

vel para se viver no futuro e, assim compartilhada, fortalece o movimento.

Há por parte do conceito “Projeto Mata Vida”, que norteia a minha obra, o ATC, a

preocupação com a sustentabilidade e também a necessidade de compartilhar o

pensar e de compartilhar a sustentação desse pensamento. Sob os auspícios do

trabalho partilhado, o conceito “Projeto Mata Vida” encontra motivação para estender

o olhar originado na preocupação com a (re)utilização do descarte.

Este artigo, em toda sua extensão, discute o tema que está proposto pela ANPAP

para o 29º Encontro neste ano de 2015. Sobre compartilhamento no exercício artís-

tico, remeto aqui o que foi vivido pelos Ateliês Coletivos. Em Pernambuco, o movi-

mento de compartilhamento nos trabalhos de ateliês foram expressivos no meado do

século passado em Recife e Olinda. Artistas como Guita Charifker, Gilvan Samico e

Abelardo da Hora compartilharam o fazer artístico em Recife no bairro da Boa Vista

entre os anos 1952 a 1957. Noutro momento, em 1958, reuniram-se em Olinda os

artistas Montez Magno, Adão Pinheiro e Anchizses Azevedo, também compartilhan-

do espaço e técnica. O prefeito de Olinda, Eufrásio Barbosa, e o secretário de Cultu-

ra e artista Vicente do Rego Monteiro também incentivaram o compartilhamento da

arte, valendo a pena salientar o Movimento da Ribeira, que tinha como protagonista

também o escultor e gravador Ypiranga Filho. Abordo apenas esses exemplos, no

entanto existiram outros Ateliês Coletivos em outras épocas e em outros locais, que

não estão no escopo deste artigo.

O pensamento contido nesse conceito “Projeto Mata Vida” deve espelhar uma cor

cuja ideia seja aberta ao novo sem esquecer o experimentado. O sustentáculo dessa

ideia deve possuir uma textura que tenha voz própria. Trata-se de um conceito que

enseja pluralismo em todos os significados, tendo a memória como epicentro da dis-

cussão.

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Conceito de sustentabilidade: Projeto Mata Vida

O Conceito “Projeto Mata Vida” nasceu para verificar o que é considerado “fora”.

Nasceu também para verificar o trajeto feito pelo “o que está fora” através do novo

caminho que ele trilha para ingressar outra vez no fluxo vital. Nesse caminho, tudo o

que está posto é levado em conta no que toca à memória que impregna a materiali-

dade do descarte e o desejo do artista em experimentar as possibilidades desse des-

carte tantas vezes quantas sejam necessárias, para esgotar esse desejo. Dessa for-

ma, cria-se um movimento generoso que formata a ação sustentável aqui relatada.

O “Projeto Mata Vida” é um conceito aberto. Está voltado para o resgate de materi-

ais, de ideias e de atitudes que congregam pessoas com pensamentos e práticas

diversas. Esse conceito teve vários momentos em diversos lugares. Desde o ano de

2005 (Cf. AZEVEDO, 2012; MELLO, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011), vem sendo ob-

jeto de publicações, de sistematizações feitas através dos foros competentes e vem

sendo praticado através de intervenções e imersões em comunidades hospedeiras

da ideia. O compartilhamento está massiçamente presente na minha trajetória de

trabalho e é constante na pesquisa que desenvolvo. Exemplos da dinâmica dessa

trajetória estão discutidos em artigos científicos publicados por este fórum - Associa-

ção Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas- ANPAP, desde o ano de 2006.

Dentre essas publicações, há o trabalho intitulado “Toque Ativo: uma experiência de

transversalidade do sistema háptico na poética visual do cego” (MELLO, 2009). A

proposta desse artigo é o estudo da textura como sinalizador da diferenciação de

cores através do tato. Estudar uma sensação denunciada por um sentido humano,

como o sistema háptico, pode enquadrar a inserção do conceito aqui discutido em

uma área bastante subjetiva. Para ilustrar esse pensamento, podemos aludir ao que

nos diz J. M. Kennedy (1996, p. 77) quando ele usa a textura dos materiais para

despertar a identificação de formas sendo “vistas” de maneira tátil, o material pre-

sente na memória do cego. Assim, considera-se possível conceituar interferências

artísticas “vendo” através do sistema háptico, em que a textura enseja uma possibili-

dade de avanço no desenvolvimento de pessoas com limitação no sistema icônico.

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Esse tempo de pesquisa foi partilhado por mim com o Instituto Antonio Pessoa de

Queiroz através de fruições feitas pelos deficientes visuais assistidos pelo referido

instituto, à instalação intitulada: “Com a planta do seu pé veja o chão do seu barro”.

A referida instalação foi apresentada na Oficina do Tempo, meu espaço de trabalho,

em 2008 – Recife. Essa instalação é um dos volumes do Almanaque do Tempo

Comum, o ATC. Nesse período, verifico com o conceito “Projeto Mata Vida” a impor-

tância do toque. O “ver” através do sistema háptico também partilha o que está na

memória de quem vê como insumo importante, em estado puro, isento da influência

alegórica da retina.

O toque das pessoas nas coisas e o toque entre as pessoas têm um significado es-

pecífico na formação do conceito “Projeto Mata Vida” e, por conseguinte, na forma-

ção do ATC. O compartilhamento de texturas, emoções, temperaturas de cores e de

corpos são movimentos que preenchem a prática das pesquisas artísticas acrescen-

tando-nos, uns aos outros, os saberes experienciados e adquiridos por cada um de

nós em particular. O deslocamento feito durante a construção dessa produção tor-

nou possível um compartilhamento mais amplo, contemplando as culturas presentes

nos municípios de Goiana, Belo Jardim, Garanhuns, Gravatá e, desde 2014, na Re-

gião Metropolitana do Recife (RMR). Tudo isso foi estudado e deixa-se representar

pelo uso do compósito L Mais na produção do ATC.

Portanto, as redes de compartilhamento de experiências e de conhecimento trazem

para o ATC a oportunidade de reunir todos os momentos vividos por mim e pelas

parcerias que tive ao longo de 10 anos em comunidades no interior do Estado e ago-

ra na capital de Pernambuco. Todos esses movimentos estão devidamente relata-

dos em artigos registrados nos anais desta associação.

Hoje, os dois mais recentes pontos de compartilhamento estão sendo vividos e dis-

cutidos. Um é no Ateliê do Cruzeiro, de propriedade do escultor Marcelo Silveira no

município de Gravatá, região situada entre a Zona da Mata Atlântica e o Agreste de

Pernambuco. O outro núcleo de compartilhamento está no bairro de Afogados, Re-

gião Metropolitana do Recife, no ateliê do carnavalesco e artesão Maurício Batista.

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No Ateliê do Cruzeiro, o conceito de sustentabilidade vive um novo ciclo. O compósi-

to L Mais ganha uma nova receita. O aglutinante usado na sua composição passa a

ser produzido com cactos e bromélias. Foi descartada a cola branca de fabrico in-

dustrial e adotado o uso do aglutinante natural produzido artesanalmente a partir da

vegetação encontrada no próprio jardim do Ateliê.

O entendimento de arte, sem esquecer a parte conceitual ou teórica, valoriza o revi-

sitar da matéria e o exercício da manipulação. Henri Focillon, em seu texto Elogio à

Mão, descreve a manipulação considerando que “a ação da mão define assim o va-

zio do espaço e a plenitude das coisas que o ocupam” (1981, p. 120). É, portanto,

pensando o espaço do planeta onde vivemos que o conceito que desenvolvo de

mãos dadas com os mais diversos parceiros pensa a saúde do espaço planetário.

Pensa também a apropriação da memória contida em usos e desusos de materiais,

de ideias e de atitudes. Pensa o sentido equivocado do consumo desenfreado na

atualidade e a ordem afetiva compartilhada e vivida na pesquisa artística.

Textura e manuseio

No exercício do manusear, trazemos para a discussão um dado importante, que é o

de reconhecer nas mãos humanas a legitimação para a nossa criatividade. Assim

como encontramos em Focillon (1981), também está presente em Richard Sennett

(2009) o respeito ao exercício artesanal enquanto influência definitiva para a concei-

tuação das ideias. “Os projetos que dispensam o uso das mãos também desqualifi-

cam um tipo de compreensão relacional” (SENNETT, 2009, p. 54).

Ainda focando no pensamento de Sennett (2009), ele nos fala sobre o tátil dizendo

que “o tátil, o relacional e o incompleto são experiências físicas que ocorrem no ato

de desenhar” (p. 55). Portanto, eleja-se o desenho como a representação mais legí-

tima do que apreendemos da nossa percepção executada através do manuseio e

não da máquina. Exclua-se aqui a fotografia, que é legitimada pelo enquadramento.

A exatidão da máquina nos rareia a criatividade da representação. “O difícil e o in-

completo deveriam ser fatores positivos em nosso entendimento, deveriam estimu-

lar-nos de uma forma de que não são capazes a simulação e a manipulação fácil de

objetos completos” (SENNETT, 2009, p. 55). Em outros momentos do Conceito Pro-

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jeto Mata Vida, a textura do suporte combinada à técnica dos médios sobrepostos se

distinguem no encantamento do olhar, validando seu efeito como estímulo visual.

Atentando para o entorno

Queremos considerar ainda a face da discussão sobre a forma de utilização do es-

paço versus o respeito ao meio ambiente, incluindo-se aí a preocupação com a sis-

tematização acadêmica.

A linha de observação que está sendo abordada neste artigo pode citar o americano

Robert Rauschenberg nos idos dos anos 1950 do século passado. Ele aguçou o

olhar para o descarte (CRAFT, 2013, p. 49). A preocupação da arte com o descarte

não está somente em NY e nos idos de 1900. A China antiga já reaproveitou trapos

e restos de vegetais para criar o precioso papel, veículo de interação cultural da hu-

manidade há muito tempo. Disso falaremos mais adiante.

Um assunto que merece um pouco mais de cuidado por parte das nossas considera-

ções na produção de papel pela indústria moderna é quando desocupamos espaços

desmatando, quando desviamos o curso dos rios sem calcular os danos na queda

pluviométrica e/ou nas vazantes deles. Mexer na cobertura da superfície planetária

deveria ser um ato sagrado, como foi sempre para as sociedades tribais. Não é ape-

nas o fato de cumprir a lei e ser punido pelo descumprimento dela, mas uma questão

de entendimento da nossa condição como hóspedes temporários no planeta terra. A

arte nos oferece uma observação mais apurada do espaço. O esvaziamento dos re-

cursos naturais deve estudar o conceito de espaço, seu preenchimento e esvaziamen-

to de maneira a valorizar a propriedade do deslocamento na abordagem artística.

O conceito “Projeto Mata Vida” tem firmado uma ação constante de vivência artística

com as imersões feitas no interior do Estado de Pernambuco e com as sistematiza-

ções feitas através da participação do assunto em cursos acadêmicos, tendo, em

2012, culminado em um mestrado em Artes Visuais.

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Esse projeto tem-se dado a conhecer a todos que se interessam por esse conceito,

através dos produtos expostos em equipamentos culturais tanto estaduais como fe-

derais e ainda com publicações de artigos científicos, como já foi dito anteriormente.

Desde o ano de 2005, o conceito “Projeto Mata Vida” vem exercendo o comparti-

lhamento do meu “ateliê”. Como já foi dito tantas vezes ao longo da história das ar-

tes, o ateliê do artista é na sua própria cabeça. Portanto, em qualquer região, época

ou condição, o meu ateliê pode ser deslocado para ser compartilhado em ideia (con-

ceito), ação (processo) ou resultado final plástico ou teórico (produtos, exposições,

palestras, cursos e simpósios).

O simples: um pouco do conceito Projeto Mata Vida aplicado

A necessidade de pensar sustentabilidade na produção de produtos

para o consumo no uso cotidiano não é difícil, ao contrário, é simples. S. Azevedo

A epígrafe que norteia esta seção pede o despojamento de burocracia. Do pensa-

mento ao gesto, tudo é simples. O conceito “Projeto Mata Vida” se constrói no sim-

ples. O simples quer dizer um movimento direto, pontual, sem demandar muito tem-

po. As coisas vão passando do estado em que se encontram para outra realidade,

sem necessitar de processos elaborados ou de custo elevado. A reutilização pode

fornecer seguramente essas condições.

Tomemos como exemplo um item das nossas necessidades cotidianas, o vestuário,

para nesse universo analisar a aplicação do simples.

Cuidar do vestuário enquanto praticidade, qualidade e beleza torna-se caro e des-

perdiça o nosso tempo cada vez mais escasso. A proposta que se adequa ao pen-

samento sustentável e que tem o seu conceito explicado pelo “Projeto Mata Vida” é

confeccionada com materiais descartados. Esses materiais podem sofrer interferên-

cia no cromatismo, usando-se neles pigmentos naturais. Podem obedecer a um esti-

lo personal com conforto e baixo custo, inspirando-se em estilos descomprometidos

com padrões de moda.

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Os movimentos da transformação

O descarte, quando precisa mudar de uso e de natureza, ou seja, deixar-se trans-

formar em seu corpo material e também em sua funcionalidade, define o movimento

de recondicionamento, tanto de materialidade quanto de função. Chamo essa ope-

ração, esse primeiro movimento, de metamorfose ou transmutação, pois aí a altera-

ção do material é radical. O descarte deve ser dócil à transmutação da sua matéria

em nova natureza e dócil também ao abraçar novos usos. Esse movimento é infinito!

Tomemos como base a reutilização do papel.

Os resíduos das produções, sejam eles da manufatura ou da indústria, ganham no-

vas formas e usos depois de terem sua materialidade transformada. Para esse pro-

cesso de transmutação ou metamorfose, podem ser usados aglutinantes naturais,

dispensando o uso de produtos industrializados. A água usada no processo pode ser

servida e desimpregnada de gorduras e sabões pela ação de plantas da família da

aguapé. Esse movimento cuida do recolhimento do descarte, da transformação ma-

terial e da transformação conceitual dele. O descarte modificado quanto à forma,

quanto à corporeidade e utilidade, é favorecido pela resistência e pela leveza. O L

Mais é o compósito que nasce da submissão de papéis descartados e outros insu-

mos a um processo de metamorfose. Assim metamorfoseado, ele propicia o fabrico

de produtos que se prestam a vários papéis nas artes, no aprendizado especial, na

construção civil, no mobiliário e artefatos para adereços do vestuário e para decora-

ção de ambientes. O L Mais serve para construir equipamentos para os mais diver-

sos usos reforçando a presença da arte aplicada no cotidiano. É usado também para

facilitar a aprendizagem das pessoas com baixa visão ou outras deficiências, preva-

lecendo-se da sua textura.

A eleição que faço pelo papel como sendo o melhor registro de tempo cultural, social

e político dos povos, eu a faço depositando no L Mais a participação especial da

memória e o benefício da sustentabilidade. Assim enriquecido, o L Mais se tornou de

tal maneira importante no Almanaque do Tempo Comum – ATC -, que mereceu no-

mear um volume do citado Almanaque e mereceu ser sistematizado através de uma

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dissertação de mestrado intitulada como Almanaque L Mais: tempo-comum (AZE-

VEDO, 2012).

Vale salientar que a ótica deste artigo é ver a sustentabilidade, com todo seu concei-

to e exercício, compartilhada, vivenciada e sistematizada na concepção de artistas.

O recorte da discussão sobre o tema aqui abordado é a leitura que faz o segmento

da arte sobre o assunto. Quero ouvir a arte sobre essa questão, já que ela carrega

em seu mister o princípio da transformação.

Volto para considerar o que Rouschenberg (apud CRAFT, 2013). O artista preocupa-

se com o descarte das coisas segundo a função (p. 47). Portanto, temos o artista

preocupado com a reintegração de mobiliário e utensílios esquecidos nos espaços

públicos da vizinhança, assunto que abordo no parágrafo abaixo.

O movimento de transformação em seu segundo momento leva em conta de uma só

vez, pensar o espaço e (re)utilizar o descarte modificando-o apenas quanto a sua

função e não quanto a sua materialidade.

Consideremos também, para enriquecer a fala desse segundo movimento, as cons-

truções em que a preocupação de vários arquitetos não é o emprego de materiais

virgens para com eles criar formas. É, no entanto, apropriar-se de formas já existen-

tes em materiais que desempenhavam determinadas funções, hoje já obsoletas, a

fim de com eles compor seus espaços. Os arquitetos que pensam sustentabilidade

trabalham enxergando a beleza em formas já existentes e submetendo-as à criativi-

dade artística para que usadas de maneira nova deixem para trás a visão que ti-

nham em seus antigos usos. Esses arquitetos/artistas aproveitam as formas antigas

sem lhes alterar a materialidade. O arquiteto japonês Shigeru Ban faz desse movi-

mento uma prática, tendo usado essa técnica em ações nas favelas do Rio de Janei-

ro (AUTRAN, 2013). O escultor Marcelo Silveira recolhe nas áreas usadas como de-

pósito de descarte móveis, portas e objetos e com eles edifica esculturas que con-

sagra tanto o espaço ocupado como o desenho traçado pelas formas de objetos que

serviram como camas, cadeiras ou mesas.

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Marcelo Silveira

O centro invertido, Recife

A responsabilidade com: “onde é fora?” – O Almanaque

Com um pouco de reflexão sobre o assunto nos perguntamos: onde é fora?

Para as coisas “inúteis em suas funções”, existe um ponto em que elas navegam em

conjunto com as coisas que foram “descartadas” pela sua imprestabilidade material.

O lugar de convergência onde a memória dos antigos usos ou funções das coisas

descartadas pelo estado de imprestabilidade, mas metamorfoseadas, e as coisas

que são preteridas pelo modismo é um espaço virtual ponto-de-encontro e eu o

chamo de almanaque, remetendo ao sentido lato da palavra original na língua árabe

que encerra um sentido de compartilhamento. “O termo AL-manakh referia-se ao

lugar onde os árabes nômades se reuniam para rezar e contar as experiências de

viagens ou notícias de terras distantes” (CÂMARA, 2012).

O campo virtual ponto-de-encontro que eu chamo de Almanaque consegue congre-

gar uma funcionalidade obsoleta sobreposta por uma nova aptidão dos materiais e

vice-versa. Os materiais podem estar esquecidos, mas inteiros em seus estados ori-

ginais ou podem ainda estar transformados em novas naturezas, porém contamina-

dos pela memória ancestral, em estado de reciclados.

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Essa sobreposição se dá de forma cumulativa, ou seja, numa convivência pacificada

e interativa entre as antigas funções ou naturezas desses materiais e a vigência atu-

alizada dos novos entendimentos. O conceito em questão admite entre os seus se-

guidores a parceria de artistas que, mesmo com poéticas diferentes, professam o

mesmo credo do (re)aproveitamento em qualquer nível. A pretensão do Ateliê do

Cruzeiro, em Gravatá, é fomentar encontros e discussões sobre o assunto. Por essa

razão, atendo à hospitalidade de Marcelo Silveira desde 2013, vivendo o meu espa-

ço de trabalho, ou seja, a minha Oficina do Tempo, em Gravatá, onde dou continui-

dade ao ATC.

Compartilhando: digo não ao “fora”

O mundo moderno deve ser responsável e lúcido não podendo admitir o consumo

pelo consumo. Qualquer coisa fora dessa responsabilidade é considerada como

prática ultrapassada, talvez um vício originado pela ânsia consumista desordenada

da sociedade industrial em seus primórdios.

Quando éramos uma pequena mancha humana no planeta, entendíamos nossa

ocupação com possibilidades infinitas. Agora, que temos uma terra madura e con-

gestionada com uma ocupação beirando o limite da convivência saudável, é impres-

cindível que tenhamos em permanente discussão a afirmativa: NÃO EXISTE FORA.

Tudo está dentro do planeta e esse lugar precisa ser respeitado em seus limites.

Portanto, verificadas as posições de convergência entre os dois estados - o estado

de (re)utilização de materiais e o estado da diversificação dos seus conceitos -, para

mim e para muitos artistas que entendem essa irreversível maneira de compreender

e portar-se diante da nossa existência na terra, não se admite outra atitude senão

oferecer e aceitar parcerias nesse pensar.

Mudanças de atitude no âmbito social somente são feitas com um pensamento forte. O

pensamento forte não é o pensamento de todos, aliás esse não existe. O pensamento

forte é o pensamento de muitos. As parcerias nessa questão necessitam de convivên-

cia entre os seguidores desse pensar. A experimentação do exercício em conjunto

permite o alargamento da verificação normativa para consolidar a nova atitude.

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O conceito “Projeto Mata Vida”, que criei e reparto com os meus pares, está sendo

vivido, como já disse antes, desde 2005 de forma processual e itinerante sempre em

parceria com outros artistas, artesãos e outros projetos.

Para discorrer sobre a parte teórica do trabalho, o Projeto Mata Vida faz uma parce-

ria pontual com o Grupo de Estudo L Mais – GELM, do qual fazem parte as desig-

ners Isabela Moraes, Zilda Borges e a advogada Ana Andrade de Paula. O GELM

atua pontualmente na pesquisa desenvolvida na Região Metropolitana do Recife,

respaldando o trabalho do carnavalesco Maurício Batista. Nesse compartilhamento,

temos a participação do trabalho de pachwork da Traça Artesanato, sob a coordena-

ção de Cristina Ribeiro, com a criação do vestuário dos personagens figurados por

M. Batista usando o compósito L Mais. No trabalho, é feita uma ligação entre a Co-

média Dell Arte e o Carnaval.

Convite da exposição de gravuras "Impressões", de Paulo Dias, Suzana Azevedo e Ypiranga Filho Museu do Estado de Pernambuco, mai. 2014.

A tecnicalidade experienciada

Como toda inovação, essa conduta da pesquisa aplicada posta em prática deve sal-

vaguardar o direito e o dever de ser cuidadosa no seu desenvolvimento. Materiais,

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médios e técnicas não podem atrelar-se ao convencional. Todavia, podem e devem

tramitar no simples, nas parcerias e compartilhamentos e na itinerância.

A contaminação da ideia de sustentabilidade ganha força na vivência da pesquisa

partilhada, tendo como objetivo a atualização da arte na nova atitude adotada pelos

artistas contemporâneos em uma escala contagiante para fazer face à urgência de

sanear os espaços do planeta ocupados com o descarte.

Pensar sustentabilidade hoje é admitir a necessidade de engajamento na responsa-

bilidade de preservar a vida na terra.

O novo: L Mais + bromélias e cactos

O clima e terreno do Agreste pernambucano são favoráveis à nova receita aplicada

para o compósito L Mais. O exercício básico da experimentação é a investigação

com a devida ousadia, sem limites ou respeito aos dogmas A pergunta “onde é fo-

ra?” será respondida pelo segmento artístico à medida que a atitude criativa aban-

dona a estética do novo, do inusitado, do ponto zero e compreende-se que tudo está

posto, apenas considerado pontualmente e transformado continuamente.

Hospedada desde abril de 2013 no Ateliê do Cruzeiro vivendo no Agreste, no limite

do término da Zona da Mata, a minha pesquisa entrou em um ritmo mais maduro,

mais rico em possibilidades. Pela estrutura física do local que permite a minha liber-

dade de ação, visto que o ateliê é de propriedade do artista que me hospeda e não

está submetido a nenhum projeto, não temo em plantar, colher, deslocar, enfim, agir

com plena autonomia, sem considerar limites impostos pelo poder público ou privado

de patrocinadores.

Aceitei o convite de Marcelo para trabalhar no seu espaço, contando também com o

interesse que sempre demonstrou pelos conceitos que defendo. Diferente de ser

parceira é ser aceita como hóspede, tratada com deferência pelo que faço e tendo

franquia para usar o ateliê como se fosse meu. Partindo dessa facilidade, cheguei ao

uso das bromélias e cactos do jardim para funcionarem como aglutinantes. Conside-

rando a escassez da água, estou me preparando para a reutilização do líquido ad-

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vindo do serviço da cozinha. Apropriando-me do clima seco, sempre sem chuvas,

consegui otimizar a secagem dos papéis e artefatos sem gasto de energia em estu-

fas ou secadores, ao menos enquanto a produção não alcança uma escala maior.

Estou contando com o entendimento dos artistas que podem compor grupos forma-

dores de opinião para ajudar a sedimentar o comportamento sustentável na área das

artes e que se comprometam com a função mediadora da própria arte para contami-

nar os outros setores do conhecimento humano na atualidade.

O artigo em questão procura esclarecer que a vida no planeta Terra não admite FO-

RA, tudo está DENTRO!

Portanto, o conceito “Projeto Mata Vida” está focando, há oito anos, desde o traba-

lho acadêmico às pesquisas de campo até o recrutamento de adeptos para o novo

pensamento sustentável a ser exercido pela humanidade.

Referências

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Artes Visuais). Faculdade Santa Marcelina, São Paulo, 2012.

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de Janeiro, set. 2013. Disponível em: < http://oglobo.globo.com/rio/arquiteto-japones-quer-levar-sua-tecnica-para-as-favelas-cariocas-9942733>. Acesso em: 28 maio 2015.

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Suzana Maranhão de Azevedo Mello / Faculdade Santa Marcelina Comitê de Poéticas Artísticas

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SENNETT, R. O Artifice. Trad. Clovis Marques. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2009.

Suzana Maranhão de Azevedo Mello

Licenciada em Educação Artística – Artes Plásticas pela Universidade Federal de Pernam-buco, 2002. Mestra em Poéticas Visuais pela Faculdade Santa Marcelina – São Paulo, 2012. É membro efetivo da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas. Ganhou o Prêmio Mulher Tacaruna (Recife, 2014) na categoria Cultura. Desenvolve pesquisas em Poéticas Visuais e tem realizado diversas atividades na área.