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A RTIGO O NLINE * Dental Press J Orthod 38 2010 July-Aug;15(4):38-9 Resumo do editor O aparelho de Herbst constitui-se em uma op- ção terapêutica no tratamento da má oclusão de Classe II em pacientes em crescimento. Ao avançar a mandíbula, o aparelho de Herbst almeja estimular o crescimento mandibular, provocando incrementos no seu comprimento efetivo. No entanto, as maiores modificações incitadas pelo aparelho são observadas na região dentoalveolar, onde o aparelho está ancora- do. Diante do desenvolvimento dos mecanismos de ancoragem esquelética, vem à tona a questão: qual seria o efeito do aparelho de Herbst se ele fosse an- corado no osso basal por meio de mini-implantes? Antes de verificar se os efeitos ortopédicos do apa- relho poderiam ser otimizados alterando-se o modo de ancoragem, há que se avaliar se os mini-implantes apresentam resistência suficiente para suportar a força muscular que se opõe ao avanço mandibular. O pro- pósito do presente estudo foi avaliar, in vitro, o limite de resistência às forças de flexão de um protótipo de mini-implante desenvolvido especialmente para an- coragem do aparelho de Herbst. Para a realização do experimento, foram utiliza- dos quatro corpos de prova, sendo que cada um pos- suía três partes: um protótipo de mini-implante; um contra-corpo de latão, que age como suporte para * Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra. Avaliação in vitro da resistência à flexão de um protótipo de mini-implante desenvolvido para ancoragem do aparelho de Herbst Klaus Barretto-Lopes**, Gladys Cristina Dominguez***, André Tortamano****, Jesualdo Luiz Rossi*****, Julio Wilson Vigorito****** Objetivo: o propósito do presente estudo foi avaliar o limite de resistência à flexão de um pro- tótipo de mini-implante desenvolvido para ancoragem do aparelho de Herbst. Métodos: após a realização de um cálculo do tamanho da amostra, quatro corpos de prova contendo os protóti- pos de mini-implantes foram submetidos a uma força de flexão por engastamento simples, utili- zando-se uma máquina universal de ensaios mecânicos, sendo calculado o limite de resistência à força de flexão. Resultados: após os ensaios mecânicos, os novos mini-implantes apresentaram o limite de resistência à força de flexão de 98,2kgf, que foi o menor valor encontrado. Conclusão: os protótipos de mini-implantes desenvolvidos para ancoragem do aparelho de Herbst foram capazes de suportar forças de flexão maiores do que as forças de mordida descritas na literatura. Resumo Palavras-chave: Aparelhos ortodônticos. Ortodontia. Aparelho de Herbst. Mini-implante. ** Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. *** Professora Associada da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. **** Professor Doutor da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. ***** Professor Doutor do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, IPEN - CNEN/SP. ****** Professor Titular da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Uni- versidade de São Paulo.

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Klaus Barretto-Lopes**, Gladys Cristina Dominguez***, André Tortamano****, Jesualdo Luiz Rossi*****, Julio Wilson Vigorito****** Palavras-chave: Aparelhos ortodônticos. Ortodontia. Aparelho de Herbst. Mini-implante. Dental Press J Orthod 38 2010 July-Aug;15(4):38-9 * Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.

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A r t i g o o n l i n e *

Dental Press J Orthod 38 2010 July-Aug;15(4):38-9

Resumo do editor O aparelho de Herbst constitui-se em uma op-

ção terapêutica no tratamento da má oclusão de Classe II em pacientes em crescimento. Ao avançar a mandíbula, o aparelho de Herbst almeja estimular o crescimento mandibular, provocando incrementos no seu comprimento efetivo. No entanto, as maiores modificações incitadas pelo aparelho são observadas na região dentoalveolar, onde o aparelho está ancora-do. Diante do desenvolvimento dos mecanismos de ancoragem esquelética, vem à tona a questão: qual seria o efeito do aparelho de Herbst se ele fosse an-corado no osso basal por meio de mini-implantes?

Antes de verificar se os efeitos ortopédicos do apa-relho poderiam ser otimizados alterando-se o modo de ancoragem, há que se avaliar se os mini-implantes apresentam resistência suficiente para suportar a força muscular que se opõe ao avanço mandibular. O pro-pósito do presente estudo foi avaliar, in vitro, o limite de resistência às forças de flexão de um protótipo de mini-implante desenvolvido especialmente para an-coragem do aparelho de Herbst.

Para a realização do experimento, foram utiliza-dos quatro corpos de prova, sendo que cada um pos-suía três partes: um protótipo de mini-implante; um contra-corpo de latão, que age como suporte para

* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.

Avaliação in vitro da resistência à flexão de um protótipo de mini-implante desenvolvido para ancoragem do aparelho de Herbst

Klaus Barretto-Lopes**, Gladys Cristina Dominguez***, André Tortamano****, Jesualdo Luiz Rossi*****, Julio Wilson Vigorito******

Objetivo: o propósito do presente estudo foi avaliar o limite de resistência à flexão de um pro-tótipo de mini-implante desenvolvido para ancoragem do aparelho de Herbst. Métodos: após a realização de um cálculo do tamanho da amostra, quatro corpos de prova contendo os protóti-pos de mini-implantes foram submetidos a uma força de flexão por engastamento simples, utili-zando-se uma máquina universal de ensaios mecânicos, sendo calculado o limite de resistência à força de flexão. Resultados: após os ensaios mecânicos, os novos mini-implantes apresentaram o limite de resistência à força de flexão de 98,2kgf, que foi o menor valor encontrado. Conclusão: os protótipos de mini-implantes desenvolvidos para ancoragem do aparelho de Herbst foram capazes de suportar forças de flexão maiores do que as forças de mordida descritas na literatura.

Resumo

Palavras-chave: Aparelhos ortodônticos. Ortodontia. Aparelho de Herbst. Mini-implante.

** Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. *** Professora Associada da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da

Universidade de São Paulo. **** Professor Doutor da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da

Universidade de São Paulo. ***** Professor Doutor do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, IPEN - CNEN/SP. ****** Professor Titular da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Uni-

versidade de São Paulo.

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Barreto-Lopes K, Dominguez GC, Tortamano A, Rossi JL, Vigorito JW

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o engastamento; e uma haste reta do tubo telescó-pico (Dentaurum®) do aparelho de Herbst (Fig. 1, 2). O ensaio mecânico realizado foi o de flexão por engastamento simples, no qual o ponto de aplicação da força flexora ocorre a uma distância da base do contra-corpo, gerando um momento. O ensaio foi realizado com uma velocidade de ponte de 0,5mm por minuto até atingir a força máxima. Os valores foram registrados gerando um gráfico (força x des-locamento), utilizando-se um programa específico fornecido pelo equipamento utilizado.

Após os ensaios de resistência máxima às forças de flexão realizados nos corpos de prova, foi encon-trada uma média de 98,9kgf com desvio-padrão de 0,6, sendo o valor mínimo de 98,2kgf e o máximo de 99,0kgf. O protótipo de mini-implante, isoladamente, poderia resistir às forças de flexão transferidas pelo aparelho de Herbst originárias das forças máximas

FIGURA 2 - Corpo de prova utilizado, onde (1) é o contra-corpo de latão, (2) é o protótipo de mini-implante inserido no bloco de latão com o parafuso rosqueando o tubo telescópico, e (3) é a haste reta do tubo telescópico do aparelho de Herbst.

FIGURA 1 - Protótipo de mini-implante com o parafuso rosqueado, numa vista lateral.

Questões aos autores

1) Após a comprovação de que o mini-implante desenvolvido pode suportar a ancoragem do aparelho de Herbst, qual seria o próximo passo?

Para comprovar que os mini-implantes poderiam ser usados como ancoragem do aparelho de Herbst, um estudo clínico deveria ser realizado em huma-nos. Entretanto, outras pesquisas ainda são necessá-rias, como a realização de um estudo com o aparelho de Herbst com ancoragem em mini-implantes em animais, que será o nosso próximo estudo.

2) Quais as perspectivas de resultados clínicos para o Herbst ancorado em mini-implantes?

Ainda não temos informações suficientes para responder a essa pergunta com base em evidências científicas, pois ainda não realizamos nenhum estu-do clínico. Porém, caso o sistema de ancoragem seja viável, poderíamos imaginar um avanço mandibu-lar sem os efeitos colaterais negativos produzidos principalmente nos incisivos inferiores.

3) O que os inspirou a buscar essa inovação para o aparelho de Herbst?

A possibilidade de se utilizar um aparelho orto-pédico sem apoio dentoalveolar, expressando todo o potencial de estímulo esquelético e evitando os efeitos colaterais indesejáveis sobre os dentes.

Endereço para correspondênciaKlaus Barretto-LopesRua Visconde de Pirajá, 550/1407, IpanemaCEP: 22.410-002 – Rio de Janeiro / RJE-mail: [email protected]

da mordida humana (75,6kgf). Entretanto, especula-se que a maior chance de insucesso do aparelho de Herbst apoiado em mini-implantes esteja na interface osso x mini-implante. Assim, novos estudos in vitro devem ser realizados para avaliar a força de resistência à flexão do protótipo de mini-implante inserido em osso, antes que estudos clínicos possam ser realizados.