Operação: Camuflagem
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fotos: paula kossatz
No vídeo que dá nome à exposição, Leonardo Ayres executa uma duplaoperação que se inicia com a ação de inscrever-se no salão de artes daAMAN. A obra, uma fotografia de um padrão gráfico de camuflagem,aparentemente, responde a um dos temas do evento: o Exército.
começa com a chegada do artista em uma sa-la onde se acumulam obras já inscritas. As paredes são recobertas comcertificados emoldurados e pinturas armazenadas em suportes. Há umcrucifixo logo na entrada e cavaletes aglomerados junto ao antigo mobiliário. Uma câmera oculta acompanha os movimentos de Leonardoenquanto ele executa sua inscrição. O artista mostra sua obra e responde a algumas perguntas da atendente que observa seu boné comestampa de camuflagem (seria um oficial?) e indaga, ainda, se o artistapretende acompanhar a entrega dos prêmios na academia. Há um outro trabalho do artista em andamento, que in-vestiga o modo como o comportamento masculino e o homo-erotis-mo se embaralham, um revelando-se no outro.
Em seguida o vídeo registra a viagem do artista à AMAN, descortinandoa arquitetura grandiosa da academia, os locais de treinamento militar,e os alojamentos. A visita gerou uma série de doze fotografias de dor-mitórios e banheiros. São espaços vazios, porém, intensamente po-voados por presenças observadas, indiretamente, na série de mobiliá-rio idêntico e nas malas guardadas na parte superior dos armários. Hátravesseiros e roupas sobre a cama. Essas imagens nos permitem infe-rir algo de seus habitantes e freqüentadores. Mas estes não aparecem.As fotografias revelam o que não é objetivamente visível, mas algo quecircula discretamente na relação entre os objetos fotografados. Perce-be-se que todos os ambientes, embora vazios, são masculinos.
Operação: Camuflagem
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Operação: Camuflagem
Quando era criança, Leonardo ganhou um telescópio para ver o come-ta Halley. Não o viu, mas, fez bom uso do telescópio para espionar a ca-sa dos vizinhos, colocando-se dentro da casa de estranhos sem ser vis-to, observando hábitos e objetos pessoais, construindo uma nova his-tória de suas vidas, como a câmera que o observa em sua participaçãono salão. O trabalho de Leonardo ainda é marcado por este voyeurismoe esta distância, mas, agora, com um foco maior em ambientes exclu-sivamente masculinos.
A imagem da camuflagem premiada com menção honrosa no salão daAMAN é composta por figuras em silhueta, confundidas com as curvasirregulares deste tipo de estampa. O contorno dos veados subitamentese revelam ao observador mais atento. Leonardo Ayres parte de inquie-tações pessoais: tentar entender “uma cultura masculina, independen-te de gênero” e escapar a generalizações pretensiosas sobre a arte e avida. Suas aproximações são indiretas, mas atentas aos estereótipos —soldados na academia; heróis anônimos da musculação e do cinemade ação; operários movimentando-se na construção civil que são enfo-cados em obras anteriores.
O quanto o artista mostra de si no trabalho? É possível ver sem ser vis-to? abre estas perguntas a partir de lugaresem que a intimidade é obrigatoriamente compartilhada e as repercuteno âmbito das relações possíveis entre a experiência da arte e o sentimento de intimidade.
Operação: Camuflagem
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Luiza Interlenghi, maio de 2008
Mestre em Curatorial Studies, Bard College, NY (2002)e em História da Arte, PUC-RJ (1994) e diretora
da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
Agradecimentos
ao Leo e a todos os meus amigos.
Créditos do vídeo
Edição:
Câmeras:
Bruno Prada |Juliana Radler, Leonardo Ayres e Leonardo Moura
Legendas: Juliana Radler
1980, nasceu e vive na cidade do Rio de Janeiro.
Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage desde o início de 2005, tendo estudado com FernandoCocchiarale, Anna Bela Geiger, Franz Manata, Viviane Matesco, Márcio Bötner, BobN, entre outros.
2008
2007
2006
2005
- 4º Abre Alas – Galeria Largo das Artes, Rio de Janeiro/RJ- Tango para Sordos – Museo Regional de Nayarit, México- Terceiro Espaço – Galeria Emma Thomas, São Paulo/SP- Selecionados Universidarte XV – Parque das Ruínas, Rio de Janeiro/RJ
- I Mostra Índice de Videoarte – Museu Murilo LaGreca, Recife/PE- Selecionados Universidarte XV – Museu da República, Rio de Janeiro/RJ- Diminuir as Distâncias – Itamaraty, Brasília/DF – curadoria de Luiza Interlenghi- Lusovideografia – Oi Futuro, Rio de Janeiro/RJ- Festival MixBrasil de Cinema – Mostra Competitiva – São Paulo/SP, Porto Alegre/RS, Brasília/DF e Rio de Janeiro/RJ- Festival CinePort – festival de cinema de países de língua portuguesa – João Pessoa/PB- Vídeo nas Trincheiras – NAC/UFPB, João Pessoa/PB- 2007, Uma Odisséia no Parque – EAV Parque Lage, Rio de Janeiro/RJ
- Estados Transitórios – EAV Parque Lage, Rio de Janeiro/RJ- Luz Própria EAV Parque Lage, Rio de Janeiro/RJ- UniversidArte XIV – Estácio de Sá, Rio de Janeiro/RJ- A Terceira Margem Ateliê da Imagem, Rio de Janeiro/RJ
- Escambo - Galeria 90 - organização Imaginário Periférico, Rio de Janeiro/RJ- Pyrata - Barcas Rio-Niterói - organização Grupo Py, Rio de Janeiro/RJ- (foto)contemporaneav - EAV Parque Lage, Rio de Janeiro/RJ
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