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    Instituto Superior de AgronomiaSeco de Agricultura

    1 edio em 1996edio revista em 2010

    Prof. Pedro Aguiar Pinto

    AS OPERAES AGRCOLAS

    A outra perspectiva de considerao da explorao agrcola,complementar com a que olha para a sua organizao, a queincide sobre o exerccio ou funcionamento das suas componen-tes, ou seja, a que incide sobre as operaes agrcolas.

    O processo de produo agrcola uma sucesso de decisessobre o modo de funcionamento dos diferentes rgos ouconstituintes da exxplorao. So as decises operacionais,que tm caractersticas eminentemente dinmicas. Para que asequncia de decises tenha lgica e portanto, consiga assegu-rar o bom funcionamento da estrutura, necessrio que asoperaes sejam planeadas, isto , que os objectivos sejamsequencialmente ordenados no tempo e que os meios necess-

    rios sejam previstos e estejam disponveis para serem utilizadosquando a operao se realize (Azevedo et al., 1972).

    As relaes entre estrutura e funcionamento so biunvocas. Aestrutura da empresa agrcola condiciona o funcionamento dassuas componentes, ou seja, condiciona as operaes e inver-samente, de modo a melhorar a eficincia de funcionamento, ,muitas vezes necessrio proceder a alteraes estruturais. Ofuncionamento da empresa agrcola, o processo de produoagrcola, rene factores (terra, plantas e animais, trabalho,capital e factores externos de produo) para obter as produ-es que so o seu objectivo. A combinao ordenada esequencial destes factores constitui uma sequncia de opera-

    es que se torna necessria para conseguir atingir os objecti-vos de determinada actividade produtiva. A tcnica de produoresulta da soluo encontrada pelo engenho do homem parasolucionar o problema da obteno de um produto agrcola,atravs da combinao de factores e da sequncia de opera-es mais adequadas. Ainda hoje, muitas das estruturas agr-rias existentes nasceram "num meio tcnico onde a energia erarepresentada pelo brao humano e pelo animal de traco, aferramenta pelo arado, charrua, foice, nora e engenho, a tcnicapela velha rotina empiricamente elaborada" (Caldas, 1960). Oprogresso tcnico da segunda metade do sculo tem dificuldadeem instalar-se neste tipo de ambiente, porque se a estrutura seestava perfeitamente adaptada s tcnicas de produo querecorriam fora do homem ou dos animais, j se adaptam piora tcnicas de produo mecanizadas.

    O factor trabalho

    As operaes agrcolas incluem sempre trabalho humano namovimentao de materiais, plantas e animais. Incluem tam-bm o equipamento utilizado (tractores, mquinas agrcolas,ferramentas, construes, vedaes, canais de irrigao, etc.)nelas utilizado ou que as condiciona.

    A importncia do trabalho humano, porque afecta a qualidadede vida dos que o praticam, tem sido o factor determinante naevoluo verificada na execuo das operaes agrcolas. Otrabalho humano necessrio execuo de uma tarefa emparticular, depende do equipamento disponvel e do modo como utilizado.

    A histria da evoluo das sociedades humanas est intima-mente associada histria das suas agriculturas que, por suavez, foram determinadas pela evoluo das tcnicas empregues

    na execuo das tarefas (operaes) agrcolas.Histria

    O fabrico e uso de ferramentas manuais ter sido iniciadoquando o Homem limpou e semeou, pela primeira vez, uma reade terreno ou eventualmente antes, quando cortou forragempara armazenar para os animais que j domesticara. Cerca de4000 A.C., foram fabricados instrumentos rudimentares de pe-dra lascada, osso e chifres de animais, de modo a constituremuma lmina afiada num suporte em forma de foice. O uso deenxadas e outros instrumentos de cava conduziram ao empregode animais de traco com arados primitivos antes de 3000 A.C.na Mesopotmia. O uso da traco animal na elevao de guas foi tornado possvel, com eficincia depois da inveno rabeda nora. No incio da revoluo industrial, em Inglaterra (1750-1840) os utenslios para melhorar a traco animal foram subs-tancialmente melhorados. Os animais de traco (nomeada-mente, cavalos) foram melhorados, com o intuito de conseguirmelhores caractersticas para o trabalho. Os motores a vapor,inicialmente usados na bombagem de gua, foram depois adap-tados debulha de cereais. O desbravamento do Mid-Westedas pradarias da Amrica do Norte no teria sido to rpido sema inveno das grades de bicos de seco triangular, dasceifeiras-atadeiras e das ceifeiras debulhadoras de tracoanimal.

    A mecanizao agrcola

    A era actual de mecanizao agrcola comeou nos anos 1890,quando, nos EUA, se comeou a usar o motor de combustointerna em trabalho de campo.

    As duas grandes guerras e a rarefaco de mo-de-obramasculina contribuiram decisivamente para grandes saltos qua-litativos na evoluo e generalizao da mecanizao agrcola,no s pela necessidade de substituir a fora de trabalho doshomens mobilizados, como tambm para responder a exignci-as acrescidas de uma maior intensificao cultural.

    O desenho dos tractores foi muito melhorado e a actual gamade tractores, adaptada a inmeras circunstncias de uso, muito grande. As mquinas agrcolas foram desenhadas parase ajustarem aos tractores de modo a executarem uma gamaainda maior de tarefas. O engate de trs pontos e o sistema deelevao hidrulico popularizou-se a partir dos anos 50. Asceifeiras-debulhadoras automotrizes tm hoje muito maior ca-pacidade e fiabilidade. Foram tambm desenvolvidas colhedorasautomotrizes para uma variedade de culturas diferenciadas:(batata, algodo, beteraba, tomate,etc.). Conseguiram-se tam-bm, inmeros melhoramentos nas construes rurais, especi-almente nas modernas salas de ordenha mecnica, pocilgas eavirios. O uso de motores elctricos permitiu que uma grande

    srie de operaes (mungio, moagem e mistura de raes,etc.) se faam hoje, com muito maior rapidez.

    Nos sistemas culturais actuais, todos estes desenvolvimentos

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    Evoluo do Indice da Produtividadedo Trabalho por hora nos EUA

    (1967=100)

    ANO ndice

    1938 20

    1944 25

    1949 33

    1954 43

    1959 62

    1964 83

    1969 112

    1974 132

    1979 198

    1984 212

    1989 259

    Figura 1. Evoluo do ndice deprodutividade do trabalho po hora, paraanos seleccionados entre 1938 e 1989.

    O ndice tem o valor 100 para aprodutividade do trabalho verificada em1967.Adaptado de Lins, D. A. (1994)

    aumentaram enormemente a potncia e o equipamento existen-tes ou disponveis nas exploraes agrcolas, permitindo que asoperaes possam ser executadas mais rapidamente e, porisso, mais a tempo. Hoje h poucas tarefas que requeiramexclusivamente o poder do msculo humano.

    O msculo humano limitado no trabalho que pode executar,isto , no produto da fora que pode exercer pela distncia que

    pode movimentar o objecto em que a fora se exerce. tambmlimitado na potncia desenvolvida, i. e., na taxa ou velocidadede execuo do trabalho (durante quanto tempo que o msculohumano consegue exercer uma fora sobre um objecto, moven-do-o ao longo de unm determinado percurso); pode exercermais potncia por perodos curtos do que em perodos longos,mas mesmo para perodos curtos h limites apertados. tambm importante considerar que, quando h desempenho detrabalho, uma grande parte da energia corporal convertida emcalor que deve ser dissipado para evitar a subida da temperaturacorporal. Contudo, o ritmo a que a transpirao pode ocorrer limitado e, se a temperatura e humidade relativa do ar forem

    elevadas, o ritmo de disspao de calor ainda mais lento.A importncia destas limitaes pode ser ilustrada com umsimples exemplo:

    Um jardineiro em boas condies fsicas, sob tempo frio, nasregies temperadas pode suster um trabalho de cava de um solofacilmente mobilizvel, durante 8 horas por dia e 6 dias porsemana, a um ritmo de 0,002 ha por hora, isto , demorando 500horas, 500/8=62,5 dias, a cavar um hectare. Uma charrua deaivecas de dois ferros, montada num tractor de 45 HP poderiaexecutar o mesmo trabalho a um ritmo de 0.02 ha.h-1, isto ,completando o trabalho em pouco mais de 6 horas. A potncianecessria para puxar a charrua est muito para alm da

    capacidade humana. Um homem e uma junta de bois com umarado pode executar o mesmo trabalho, fazendo 0,02 ha.h-1,durante 6 horas por dia. Este exemplo, mostra que o problemaest na capacidade de desempenhar trabalho, no ritmo deexecuo (potncia) e no equipamento (um homem no con-segue puxar uma charrua, uma junta de bois no pode usarequipamento que no seja rebocado).

    Todas as inovaes tecnolgicas tendem a diminuir o temponecessrio actividade envolvida. Os objectivos desta reduode tempos de trabalho so vrios:

    Aumento dos tempos livres da humanidade que, dessemodo, podero ser dedicados a outras actividades mais

    agradveis; Satisfao das necessidades crescentes de uma popula-o em crescimento, com fraces cada vez maiores deno activos: reformados (tendncia generalizada para areduo da idade de reforma, aumento da esperana devida).

    A potncia mecnica derivada do emprego de combstiveisfsseis e o equipamento desenvolvido estenderam as capacida-des humanas muito para alm dos seus limites biolgicos.Consequentemente, tornou-se possvel estender a actividadeagrcola a reas cada vez maiores, reduzindo ao mesmo tempo,a necessidade do trabalho humano.

    Efeitos colaterais

    Nos EUA a populao activa agrcola representa 3% do total dapopulao activa, o que significa que um trabalhador agrcola

    produz alimentos suficientes (mais do que suficientes, alis; osEstados Unidos so exportadores lquidos em produtos alimen-tares) para satisfazer as necessidades de alimentao de 33seus conterrneos; em Portugal, a situao bastante diferente,uma vez que a percentagem de populao activa agrcola, rondaos 12% e que o nosso pas no um exportador lquido de bensalimentares.

    A tendncia actual de evoluo da populao activa portugue-sa de uma rpida reduo da populao activa agrcola quedever ser desviada para os outros sectores econmicos. Estatendncia inevitvel apesar de muitos agricultores e empres-rios agrcolas se queixarem de carncias de mo-de-obra agr-cola e do seu elevado e crescente custo.

    A actividade agrcola, apesar de muito aliviada na necessidadede recorrer ao trabalho humano, , por natureza, mais rdua queas outras actividades econmicas. S por isso se justificaria atendncia do xodo rural:

    uma actividade a cu aberto, cujos actores estosujeitos inclemncia da chuva, do vento, do frio e do

    calor Tem grande exigncia de esforos fsicos pesados Os seus horrios no se compadecem com as regras

    geralmente observadas noutras actividades: Mungio de vacas leiteiras (horrios exigentes e sem

    folgas semanais) Pastoreio (necessidade de acompanhamento ermanente

    dos animais) Problema das frias. O perodo de frias a que tem direito

    qualquer trabalhador constitui um problema para muitasexploraes agrcolas, que no podem interromper a suaactividade temporariamente, que no tm dimenso parasubstiturem o trabalhador em frias, que tm o seu pontode actividade mais intenso no perodo normal legal defrias, etc.

    Importncia da mecanizao:

    Aspectos agronmicos

    A oportunidade e a qualidade do trabalho efectuado podemafectar decisivamente os objectivos pretendidos com a suaexecuo. Adicionalmente, a qualidade de um tipo de trabalhopode afectar a qualidade dos trabalhos que se lhe seguem. Por

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    particularmente importante em Agricultura, uma vez que a maiorparte dos produtos agrcolas so frgeis ou perecveis, muitasvezes, ignorado pelos operadores, que, geralmente, tm umaboa percepo da necessidade de rapidez nas operaes agr-colas. Quer a quantidade quer a qualidade do trabalho devemser includas na avaliao do desempenho de uma operaoagrcola.

    Capacidade de trabalho

    A quantidade de trabalho normalmente reportada como umataxa, isto , uma quantidade por unidade de tempo. A maiorparte das referncias ao rendimento de trabalho de uma mqui-na, exprime o seu desempenho em rea por hora. Contudo, nasmquinas de colheita, o seu rendimento , muitas vezes referidoem toneladas por hora, ou sacos por hora, ou fardos por hora,etc. O desempenho da maquinaria usada no processamento deprodutos agrcolas expresso em toneladas ou kilograms porhora. O termo adequado para designar este desempenho capacidade. A capacidade, quando expressa em rea por hora,

    no um indicador suficiente do desempenho de uma mquina,particularmente no caso de mquinas de colheita. As diferenasem produtividade das culturas e das condies de colheitapodem significar que uma mquina pode ter uma menor capaci-dade de rea, mas uma maior capacidade de massa, quandocomparada com outra mquina semelhante desempenhando amesma operao num campo diferente.

    No exemplo seguinte, explicita-se o clculo de capacidade deuma mquina: capacidade de campo, capacidade de massa ecapacidade de processamento:

    Uma ceifeira debulhadora de 5 m de barra de corte desloca-sea uma velocidade de 1.5 m/s. Num minuto so colhidos 50 kg de

    gro para o tego e 60 kg de material so descarregados natraseira da mquina.

    Capacidade de campo

    (3600s.h-1)(1ha.(104m2)-1) x 5m x 1.5 m.s-1 =

    = (3600 x 5 x 1.5) /10000 ha . h-1 = 2.7 ha.h-1

    Capacidade de massa

    (60min.h-1

    ) ( 50kg.min-1

    ) = 3000 kg.h-1

    Capacidade de processamento

    (60min.h-1) [t.(103kg)-1)] [(60+50) kg.min-1] =

    = 60/1000 x 110 t.h-1

    = 6.6 t.h-1

    As capacidades calculadas so capacidades tericas, distin-tas das capacidades efectivas. , geralmente, impossveloperar mquinas de modo contnuo sua capacidade terica;assim, a sua capacidade efectiva sempre muito inferior do quea sua capacidade terica ou potencial.

    A eficincia de tempo ou, vulgarmente a eficincia de campo, uma razo, vulgarmente expressa em percentagem, entre otempo em que a mquina est efectivamente em operao e otempo total durante o qual a mquina se dedica a essa operao.Qualquer perodo durante o qual a mquina no est efectiva-mente em processamento, considerado uma perda de tempo.Por isso, necessrio decompor e classificar com preciso o

    exemplo, a preparao da cama de semente para culturas emlinhas (milho, beterraba, etc.) deve ser tal que a profundidade desementeria e as distncias entre plantas sejam precisas e agerminao rpida e uniforme. S assim, uma eventual mondaou desbaste sero totalmente efectivos. Exemplos como esteso oportunidades de melhor qualidade de trabalho ou dereduo de perdas, quando se usa equipamento avanado. Mas

    em ltima anlise, estes efeitos esto dependentes da observa-o humana dirigida por uma atitude deliberada de ateno econtrolo. Assim, o equipamento sofisticado ou uma boa sequn-cia operacional no substituem o controlo pessoal e em temporeal. (por exemplo, o caudal de gia de rega na folha de cultura,o dbito do bico do pulverizador, a higiene e o horrio damungio de vacas leiteiras, etc.).

    A observao prxima e o trabalho manual minucioso podemexecutar, algumas tarefas, ainda (...), muito melhor do que asmquinas (ex: colheita de horto-frutcolas, escolha de frutos comdefeitos visveis, propagao vegetativa em horticultura. Outrastarefas complexas so muito mais precisa e rapidamente execu-

    tadas por mquinas (ex: calibrao de batatas ou mas).Rapidez de execuo do trabalhoAssume particular importncia em operaes que se realizam

    em condies ptimas durante um perodo de tempo reduzido(sazo, colheita de determinados produtos, etc.)

    Melhoria da qualidade do trabalho Colheita de feno Regularidade nos semeadores de linhas e distribuidores de

    adubo. Pulverizadores de alta presso.

    Aspectos econmicos Reduo de perdas inerentes a operaes como a colheita. Melhoria do trabalho executado como resultado duma

    execuo mais rpida (oportunidade). Economia do emprego da mquina (na generalidade dos

    casos)

    Aspectos sociais O aumento de produtividade do trabalho possibilita a

    melhoria de salrios A exigncia de melhores qualificaes tcnicas introduz a

    necessidade de formao profissional, melhorando ascapacidades funcionais dos operadores

    Libertao de tempo para outras actividades

    Tempos de Trabalho das Operaes Agrcolas

    O estudo dos tempos de trabalho desenvolveu-se inicialmenteno mbito das actividades industrial e comercial. No entanto, foirapidamente reconhecido o seu interesse na actividade agrcolasendo inmeros os trabalhos publicados a este propsito. P

    Todos estes trabalhos tm por meta a melhoria das condi-es de trabalho, interessando-se, separada ou cumulativa-mente, na simplificao e aligeiramento do esforo fsico envol-vido nos trabalhos a realizar.

    As medidas do desempenho das mquinas agrcolas so arapidez e a qualidade com que as operaes so executadas. Arapidez uma medida importante porque poucas actividadeseconmicas requerem operaes com perodos de execuo

    to precisos como a agricultura com a sua grande sensibilidades condies meteorolgicas. O outro aspecto est relacionadocom a caracterstica de operar minimizando perdas mageriais,

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    organizao do trabalho e a topografia do terreno so fixos e pr-determinados; a influncia da natureza e teor de humidade dosolo faz-se sentir a dois nveis:

    na maior ou menor facilidade com que o solo mobilizado e napossibilidade de realizao da operao em boas condies.

    O primeiro aspecto assumia grande importncia no passado,sobretudo no caso das mobilizaes de solo efectuadas manu-

    almente. Hoje em dia, com o recurso mecanizao e com oaperfeioamento crescente das mquinas de mobilizao, a suaimportncia tem vindo a esbater-se. O segundo aspecto defacto muito importante mas, ter melhor cabimento, no estudodos dias disponveis.

    Eliminando H, O, T e N pelos motivos anteriormente referidos,tem-se que:

    T.T.= f ( S, C, F, D )O tempo total consagrado realizao de uma dada operao

    pode ser decomposto em cinco divises, que por sua vezapresentam ainda, em alguns casos, subdivises.

    O Tempo de Operao ou de Tarefa (T.T.) igual soma detodos os tempos, excepto o tempo morto evitvel, ou seja:

    T.T. = T.E. + T.A. + T.P. + T.I. + T.M.I.

    Finalmente importa ainda considerar o chamado Tempo deExecuo (T.X.), definido como sendo o somatrio do tempoefectivo, do tempo acessrio e do tempo morto inevitvel, ouseja:

    T.X. = T.E. + T.A. + T.M.I.

    Os tempos referidos so unitrios exprimindo-se, por isso, emhoras por hectare. O seu produto pela superfcie a trabalharexprime-se em horas e constitui por analogia os chamados

    Classificao dos Tempos de Trabalho segundo a

    OCDE (1957).

    1 - Tempo Principal ou Efectivo (T.E.)

    2 - Tempo Subsidirio ou Acessrio (T.A.)

    2.1 - Tempo Acessrio de Viragem (T.A.V.)

    2.2 - Tempo Acessrio de Abastecimento (T.A.S.)

    2.3 - Tempo Acessrio de Manuteno (T.A.C.)

    2.4 - Tempo Acessrio de Repouso (T.A.R.)

    3 - Tempo de Preparao (T.P.)3.1 - Tempo de Preparao no Assento de Lavoura (T.P.H.)

    3.2 - Tempo de Preparao no Local de Trabalho (T.P.L.)

    4 - Tempo de Deslocao (T.I.)

    5 - Tempo Morto (T.M.)5.1 - Tempo Morto Inevitvel (T.M.I.)

    5.1.1 - Tempo morto devido a avarias (T.M.F.)

    5.1.2 - Tempo morto devido a descanso ou necessidades

    fisiolgicas do operador (T.M.A.)

    5.1.3 - Tempo morto devido ao material (T.M.M.)

    5.2 - Tempo Morto Evitvel (T.M.E.)

    5.2.1 - Tempos morto devido a cio (T.M.T.)

    5.2.2 - Tempo morto devido a erros (T.M.D.)

    tempo durante o qual se considera que a mquina est dedicadaa uma determinada operao.

    Os problemas da mecanizao dos trabalhos agrcolas, tmdado particular nfase ao estudo das relaes entre as condi-es de utilizao e a eficincia do trabalho das mquinas. Comefeito, enquanto existem muitos dados fiveis e precisos acercadas especificaes tcnicas das mquinas, o conhecimento daeficincia de trabalho das mquinas diminuto e poucopreciso, porque influenciada por uma grande variabilidade defactores.

    a habilidade do operador (H); a organizao do trabalho e em particular das movimenta-

    es e transporte de produtos (O); a topografia do terreno (T); a natureza e o teor de humidade do solo (N); as caractersticas espaciais das parcelas, nas quais se

    incluem a superfcie da parcela (S), o comprimento da faixa de trabalho (C), a forma da parcela (F) e

    a distncia ao assento de lavoura (D).Uma vez estabelecida a eficincia de campo, pode se escrever

    uma equao para a Capacidade efectiva de campo:

    CEC = CTC x EC =

    = velocidade (km/h) x largura de trabalho (m) x EC (n.decimal) /(constante =10)

    =[km.(103m.km

    -1).h

    -1].m.(10

    -4ha.m

    -2) = ha.h

    -1/10

    O tempo de trabalho (T.T.) para uma dada operao umafuno de: H, O, T, N, S, C, F e D.

    T.T. = f ( H, O, T, N, S, C, F, D )

    Considere-se que factores como a habilidade do operador, a

    Quadro 1. Eficincias de campo e velocidades de trabalho tpicas paraalgumas operaes.Adaptado de Hunt (1983)

    Operao Equipamento Eficincia decampo (%)

    Velocidade deoperao (km/h)

    Mobilizao do solo(trabalhospreparatrios)

    Charrua de aivecas 88-74 5-9

    Grade de discos 90-77 6-10Escarificador pesado 83-65 6-12Chisel 90-75 6-9

    Sacha mecnica Escarificador 90-68 3-9Fresa 88-80 9-20

    SementeiraSemeador-fertilizador delinhas

    78-55 7-10

    Semeador-fertilizador depequenos gros 80-65 5-10

    Distribuidor centrfugo 70-65 7-10Plantador de batatas 80-55 9-12

    ColheitaColhedor-condicionadorde forragens

    95-80 5-9

    Virador-juntador de feno 89-62 6-9Enfardadeira de fardosprismticos 80-65 5-10

    Enfardadeira de fardoscilndricos 50-40 5-19

    Colhedor de forragenscom gadanheira rotativa 76-50 6-10

    Ceifeira-debulhadora 90-63 3-8Colhedor de milho 70-55 3-6Colhedor de batatas 90-65 3-5

    Pulverizao Pulverizador 80-55 7-10

    Destroamento Destroador de restolho 85-65 6-10

    Quadro 2. Definio e decomposio do tempo de trabalho (OCDE (1957),descrita por Loureno e Alves (1968)).

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    perodos de execuo (P.X.), de preparao (P.P.) e dedeslocao (P.I.). , ainda, importante o perodo de trabalho(P.T.), que define o nmero de horas de trabalho dirias.

    Uma vez conhecidas as velocidades de trabalho e de deslocaodas mquinas, a largura efectiva de trabalho das mquinas e ostempos unitrios referentes s diversas categorias acima defini-das possvel prever a variao dos tempos de acordo com a

    variao das caractersticas das parcelas.Todos os clculos subjacentes s relaes que a seguir se

    analisam foram realizados com base na simulao do trabalhoefectuado por um conjunto composto por um tractor de 45 cv euma charrua de aivecas, montada, de um ferro com 14 polega-das, com as seguintes caractersticas:

    0.35 m de largura de trabalho;6 km/h de velocidade de trabalho;13 km/h de velocidade de deslocao;12 min = 0.2 h de tempo de preparao;24 s = 0.0067 h de tempo unitrio de viragem.Perodo dirio de trabalho = 8 h.

    Superfcie da parcela (S)

    A variao da superfcie da parcela traz como consequnciauma variao directamente proporcional do perodo de execu-o, j que o tempo de execuo se mantem inalterado. Poroutro lado, a variao da superfcie faz-se sempre sentir ao nveldos tempos de preparao e de deslocao, podendo ou noafectar os perodos correspondentes.

    Comprimento da parcela (C)

    100m

    1000 m

    5714.3 m

    20m

    2m

    0.35m

    8.06 horas/ha

    6.34 horas/ha

    6.13 horas/ha

    O comprimento da parcela e o comprimento da faixa detrabalho, desde que se siga um traado de trabalho racional edesde que no exista qualquer impedimento fsico ao trabalhosegundo essa direco, so coincidentes. Repercute-se notempo de trabalho, atravs da influncia que exerce no nmeroe, consequentemente, no tempo das viragens. A situaoptima hipottica consistiria numa parcela de largura igual largura de trabalho da mquina a usar e com um comprimentoigual ao necessrio para perfazer a superfcie desejada; o tempoacessrio de viragem seria nulo.

    Distncia da parcela ao assento de lavoura (D)

    Figura 3.2. Evoluo do tempo de tarefa (horas/ha) com a superfcie da folhatrabalhada (Coelho, 1993).

    O.1 0.2 O.4 0.8 1.6 3.2 6.4 12.8 25.6 51.2 102.4

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    Tempodetarefa

    (horas/ha)

    Superfcie da parcela (ha)

    Figura 3. Evoluo do tempo de tarefa para trs parcelas rectangulares coma rea de 2000 m2 e diferentes comprimentos (Coelho, 1993).

    0 200 400 600 800 1000 1200

    5

    6

    7

    8

    9

    Comprimento da parcela (m)

    Temp

    odetarefa(horas/ha)

    0.2 ha

    1.0 ha

    Figura 4. Evoluo do tempo de tarefa para duas parcelas de comprimentosdiferentes em funo da rea (Coelho, 1993).

    A variao da distncia traz como consequncia uma variaodirectamente proporcional do perodo de deslocao, salvo noscasos em que tal variao se faa sentir no nmero de perodosde trabalho requeridos para completar a operao.

    Forma da parcela (F)

    Perodos(horas)

    PT

    PX+PP

    PI

    D1 D2Distncia (km)

    PI = D x Vd

    PX + PP = constantePT= PX + PP +PI

    mdulo de superfcie trabalhvel num dia de trabalho (PT)D1 -

    Perodo de trabalho Perodo de execuoPX -PT -

    Perodo de deslocaoPI -Perodo de preparaoPP -

    0 10 20 30 40 50 60

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    Distncia ao assento de lavoura (km)

    TempodeTarefa(horas/ha)

    0.1 ha

    1.3 ha

    Figura 5. .Evoluo do perodo de trabalho com a variao da distncia daparcela ao assento de lavoura (Coelho, 1993)

    Figura 6. Evoluo do tempo de tarefa com a variao da distncia aoassento de lavoura (Coelho, 1993)

    A alterao da forma da parcela implica sempre a alterao de

    algum ou alguns dos factores anteriormente discutidos, concre-tamente da superfcie e/ou do comprimento da faixa de trabalho.

    Apesar de no existirem estudos empricos acerca da influn-cia da forma da parcela nas operaes agrcolas, vrias tenta-tivas tm sido feitas para teorizar estas relaes, concluindo, deum modo geral que em operaes lineares mecanizadas a formarectangular a mais eficiente.

    possvel, dentro de certos limites, reduzir o efeito da forma daparcela nos tempos de tarefa atravs da escolha de um traadode trabalho mais ajustado. Contudo, os efeitos da forma daparcela sobre os tempos de tarefa so muito evidentes aos olhosdos agricultores, pelo que parcelas com formas muito irregulares

    so evitadas, tornando-se por isso pouco frequentes.

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    Trabalho volta,faixas de viragemnas diagonais

    Trabalho em faixascontguas paralelase em sentidosalternos

    Trabalho emfaixas paralelas,de fora paradentro, comcabeceiras

    Trabalho volta,cantosarredondados

    Trabalho emfaixas paralelas,de dentro para

    fora, comcabeceiras

    Dias Disponveis para a Realizao das Opera-es Culturais

    O estabelecimento de um plano de trabalho para uma explora-o agrcola, exige a definio da mo-de-obra e do equipa-mento disponvel, conhecer a natureza e os tempos-padro dostrabalhos inerentes ao sistema cultural de cada explorao edeterminar os perodos reais de trabalho. Os perodos reais detrabalho ao longo do ano so os elementos de mais difcildeterminao, j que dependem de inmeros factores, comosejam o estado fenolgico da planta, as condiesmeteorolgicas, o estado do solo, as caractersticas dos equipa-

    mentos utilizados, os horrios de trabalho, etc.A previso da realizao do trabalho em agricultura tarefa de

    primordial importncia, j que permite ao agricultor e ao tcnicoplanear as operaes com evidentes vantagens, no que dizrespeito optimizao da utilizao das disponibilidades detrabalho e de traco e, consequentemente, ao nvel da qualida-de e produtividade das culturas.

    O trabalho agrcola reveste-se de caractersticas muito prpri-as, que o distinguem do trabalho realizado noutras actividades.De entre essas caractersticas importa salientar a estreita rela-o de dependncia entre as condies climticas e os ciclosbiolgicos, por um lado, e o trabalho agrcola, por outro. A

    produo agrcola por natureza sazonal; o ritmo de realizaodos trabalhos no uniforme e submetido a uma ordem ditadapelas exigncias biolgicas das plantas e animais. O processode produo agrcola est, pois, sujeito a restries mais oumenos rigorosas impostas pelo calendrio cultural. Estes atribu-tos do trabalho agrcola podem ser vistos como vantagens, poistornam-no mais estimulante e variado, mas trazem dificuldadesquanto ao planeamento geral das empresas agrcolas.

    O trabalho numa explorao agrcola pode ser classificado emvrias categorias, que, por sua vez, podem ser agrupado emdois grandes grupos:

    - ''... Trabalhos diferveis, cuja execuo pode ser deslocada

    no tempo, isto , cujas datas de realizao no sorgidas, e em que a sua alterao no afecta as produ-es.

    Trabalho volta, de dentro parafora,com viragens de 270

    Trabalho emfaixas paralelas ,no contguas ealternas

    - Trabalhos no diferveis, cuja data de realizao mais oumenos rgida e em que uma alterao dessas datas podeacarretar prejuzos para a produo....''

    So os trabalhos no diferveis os que condicionam as tcnicase os meios a utilizar e a organizao geral do trabalho naexplorao agrcola, j que nestes, a poca durante a qual cadatrabalho realizado tem uma influncia determinante na quali-dade e caractersticas da sua execuo. A variao das datas deexecuo das tarefas para alm de determinados limites conduza acentuados prejuzos na produo.

    De entre os trabalhos no diferveis, existem ainda os traba-lhos realizados sob coberto e os realizados a cu aberto,podendo-se ainda nestes ltimos distinguir ''...os que tm signi-ficado fenolgico, isto , cuja realizao tem a ver com osestdios de desenvolvimento das plantas, muito especficos,como sejam, a sementeira, a colheita, a poda, os tratamentosfitossanitrios, etc., e os outros cuja execuo condicionadapelos anteriores tais como mobilizaes superficiais, lavouras,adubaes, estrumaes, etc....''.

    A determinao das datas de execuo dos trabalhos exterio-res apresenta-se sujeita a diversas restries ligadas ao meio

    Figura 7. Vrios tipos detraados de trabalhoagrcola linear. (Adaptadode Hunt, 1983).

    No associado afases fenolgicas

    Trabalhos agrcolas

    Diferveis No Diferveis

    Sob cobertoEm campoaberto

    Associado a fasesfenolgicas

    Figura 8. Modalidades de trabalho agrcola (Adaptado de Mendes, 1983).

    Trabalho volta, cantos rectosTrabalho emfaixasparalelas, nocontguas,alternas comsobreposio

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    natural e econmico. Em primeiro lugar, refiram-se as restriesresultantes da natureza biolgica da produo agrcola e da suadependncia das condies meteorolgicas: as sementeiras eplantaes exigem condies climticas definidas; de igualmodo as regas, os tratamentos fitossanitrios, as adubaes decobertura e a colheita de produtos so efectuados em momentoscorrespondentes a fases fenolgicas mais ou menos precisas.

    Por outro lado, determinadas condies meteorolgicas impe-dem completamente a realizao dos trabalhos exteriores: ofinal das chuvas, no incio da Primavera, ou o seu comeo, noOutono, definem datas de incio e fim dos trabalhos cujo signifi-cado bem conhecido.

    O estado fsico do solo e o teor de gua da planta sofrequentemente os factores que mais restringem a possibilidadede execuo do trabalho, determinando as condies detransitabilidade e cultivabilidade do solo e limitando a possibili-dade de colher em condies favorveis, respectivamente. ,normalmente, possvel definir, para uma dada regio e operaocultural, datas limites de um intervalo durante o qual a operao

    pode ser realizada nas melhores condies de execuo. Aquantificao das perdas resultantes da realizao da operaofora destes limites exige o conhecimento da variao dos rendi-mentos em funo da oportunidade de interveno.

    Cary e Azevedo (1972) definem dias disponveis para umdeterminado trabalho como ''... aqueles para os quais possvelprever, com uma elevada probabilidade de ocorrncia, efectuara operao em condies tcnicas satisfatrias....''. Desta defi-nio, pode concluir-se que o conceito de dias disponveisenvolve trs aspectos distintos:

    1 - Definio dos perodos de trabalho na exploraoagrcola entre limites bem precisos, nas vrias regies;

    2 - Definio, dentro de cada perodo, das ''condiestcnicas satisfatrias'' para a execuo de cada trabalho;

    3 - Previso probabilstica da ocorrncia de dias disponveisem cada regio, no ano agrcola.

    A disponibilidade de um dia para a execuo de uma determi-nada operao o resultado da aco de um conjunto defactores que, associados ou isoladamente, limitam a possibilida-de de realizao dos trabalhos. Estes factores so usualmenteagrupados em trs grandes categorias: factores culturais, ambi-entais e estruturais.

    Factores Culturais

    Entre os factores culturais incluem-se o calendrio de opera-es culturais e a sensibilidade dos diversos trabalhos.

    O primeiro consiste no estudo, para uma dada regio e anomdio, do intervalo de tempo ideal, numa ptica exclusivamenteagronmica, para a realizao de cada operao cultural. Esteintervalo de tempo est, por sua vez, intimamente relacionadocom os ciclos culturais das espcies e cultivares utilizadas,sendo o seu incio normalmente fixado fenologicamente, isto ,dependente das caractersticas das espcies e das cultivaresutilizadas e da sua interaco com os factores climticos. Aptica agronmica usa, habitualmente, como refernciaindicadora da oportunidade e da eficcia da operao, o rendi-mento fsico colheita. Admite-se, pois, que um trabalho efec-tuado na altura ideal implicar um rendimento colheita maiselevado. A no realizao dos diferentes trabalhos em devido

    tempo pode originar perdas de produo. Por exemplo, a data deinstalao de uma cultura afecta a magnitude da produocolhida; uma sementeira demasiado precoce, num solo hmidoe frio, pode limitar a taxa de desenvolvimento da cultura ouincrementar a susceptibilidade a doenas; uma sementeiramuito tardia resulta numa durao insuficiente do perodo deassimilao para a obteno do mximo de produo ou em

    perdas de produtividade devidas a condies desfavorveis desolo ou clima durante o perodo cultural.

    Os problemas que se colocam organizao do trabalho nasexploraes agrcolas so, muitas vezes, resolvidos com des-respeito pelas datas mais aconselhveis para a realizao dotrabalho. A questo que se pe a de conhecer melhor o efeitode um tal desfasamento, a fim de avaliar a sua aceptabilidade,em funo da variao do rendimento provocada. A soluo doproblema passa, pois, pelo conhecimento das curvas de varia-o das produes colhidas em funo dos perodos de execu-o dos diversos trabalhos. evidente que, se, por um lado,existem tarefas em que a alterao da poca da sua realizao

    pouca influncia exerce no rendimento, como por exemplo alavoura ou a estrumao, por outro, h tarefas que apresentamuma elevada sensibilidade poca da realizao, como sejama sementeira, os tratamentos fitossanitrios, as regas, as fertili-zaes de cobertura e a colheita.

    Uma das primeiras tentativas de quantificar este tipo de rela-es entre a produo e a poca de execuo foi efectuada porLink (1967).

    No modelo de Link, a data ptima (to) de execuo de umaoperao corresponde ao dia em que a funo de produoatinge o mximo (Yo). A no ser que a escala da operao sejamuito pequena, necessrio iniciar a operao antes (t1) e

    acab-la depois (t2) dessa data ptima. Isto quer dizer que aproduo mdia (Ym) ser sempre inferior mxima. Assim aproduo total (P) a esperar ser:

    P = A/(t2 - t1 ) x t1St2 y(t) dt em que:A - rea a operary(t) - funo de produo (produo/unidade rea)t1 - tempo de incio da operaot2 - tempo de finalizao da operaot1St2 - integral da funo de produo entre os tempos t1 e t2

    Produ

    o

    Tempo

    Ym

    t1

    t t20

    Y0

    Produo

    Tempo

    Elevada sensibilidade

    Fraca sensibilidade

    Trabalho com

    Figura 9. Representaoesquemtica da variaoda produo com a pocade realizao dostrabalhos.

    Figura 10. Forma geraldas curvas de produo

    em resposta variao dapoca de execuo daoperao (Adaptado deLink, 1967).

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    A funo de produo pode ser representada por uma funogeral de forma quadrtica Y = a t2 + b t + c, na qual Y representaa produo obtenvel com uma operao executada no tempo te a, b e c so coeficientes de produo/tempo . A este propsitoainda, Oskoui (1986) deu uma contribuio significativa aopropor que o tempo devia ser normalizado com base na dataptima de estabelecimento da cultura. A equao tomaria ento

    a seguinte forma:Y = a1 (to - t )2 + b1 (to -t) + c1Yo +d1

    Tempo

    Y0

    Um exemplo concreto des-te tipo de curvas foi apresen-tado por Witney e Elbanna(1985) que, ao estudarem ocaso da data de sementeirana cultura do milho na regioAmericana do Corn Belt,concluiram poder restringir-se a curva de resposta ao

    caso mais simples, ou seja, auma recta.

    Figura 11.Curva de resposta da

    produo de milho variao da datade sementeira (Adaptado de Witney eElbanna, 1985).

    lhos em trs categorias.

    Porm, a precipitao ocorrida no dia de trabalho um critriode disponibilidade, no mnimo, discutvel, especialmente para ostrabalhos de mobilizao do solo, pois, por exemplo, no entraem linha de conta com a gua anteriormente armazenada nosolo. Tambm a noo de um limite rgido de precipitao para

    alm do qual o trabalho inviabilizado, uma forma simplista decolocar o problema, j que, tal limite dever variar para a mesmaoperao, com a evapotranspirao real, o tipo de solo, ocoberto vegetal, etc.

    O solo tambm um factor condicionante da mecanizaoagrcola, por via das limitaes que impe quer sobre atransitabilidade, onde a deslocao das mquinas afectadapor fenmenos de escorregamento, quer sobre a cultivabilidadedo solo, onde o terreno no oferece condies que garantamuma boa qualidade do trabalho efectuado. As condies favor-veis ao trabalho so, deste modo, funo do estado fsico do soloque, por sua vez, depende de trs caractersticas principais:

    textura, estrutura e teor de humidade.Quando se pretende estudar as limitaes impostas pelo solo

    disponibilidade de um dia para a realizao de diferentestrabalhos, torna-se necessrio analisar trs tipos de relaes:entre o clima e o teor de humidade do solo, entre o teor dehumidade do solo e o estado mecnico do solo e entre o estadomecnico do solo e a qualidade do trabalho efectuado.

    As relaes entre o clima e o teor de humidade do solo sonormalmente investigadas com base em balanos hdricos ondese contabilizam as entradas e sadas de gua no solo, ao numaparcela de terreno.

    Factores Estruturais

    Entre estes consideram-se o parque de mquinas e o horriode trabalho.

    Atravs da escolha e do dimensionamento criterioso do parquede mquinas o agricultor pode obstar aos inconvenientes de

    3500

    4000

    4500

    5000

    5500

    6000

    6500

    7000

    7500

    115 120 125 130 135 140 145 150 155 160 165

    Data de sementeira (dia juliano)

    y = -49827.663 + 842.538x - 3.164x 2

    n = 40; r2= 0.581; F = 25,634 sign ificativo aonvel de probabilidade de 0.0001

    Figura 3.12. Relao entre a data de sementeira e a produo de milho gropara a regio de Valena no ano de 1988 (Coelho, 1993).

    Factores Ambientais

    De entre estes usual distinguirem-se os de natureza climticae os de natureza edfica.

    Os factores climticos so, sem dvida, os mais importantesna determinao da disponibilidade de um determinado dia paraa realizao dos diferentes trabalhos. De entre estes destacam-

    se: a radiao, a temperatura, a humidade do ar, a precipitao,o vento e a evapo-transpirao. Estes elementos actuam, deforma directa ou indirecta, na disponibilidade para a realizaodos diferentes trabalhos. , por exemplo, conhecida a sensibili-dade dos trabalhos de mobilizao do solo ao teor de humidadedo solo, a sensibilidade das sementeiras ao teor de humidade e temperatura do solo, a sensibilidade das colheitas ao teor degua da planta e temperatura do ar, etc.

    A precipitao constitui o factor ambiental relativamente aoqual mais frequentemente se estabelecem limitaes execu-o dos trabalhos. Com efeito, diversos autores estabeleceramcritrios de classificao quanto possibilidade de realizar

    diferentes trabalhos, baseados na precipitao diria.De acordo com estes valores possvel estabelecer uma

    classificao sobre a sensibilidade relativa dos diversos traba-

    R (mm/dia)

    TRABALHOSKREHER(1955)

    CNEEMA(1955)

    REBOUL et al.(1979)

    REGATO eMENDES

    (1979)

    Lavoura 10 10 5 10

    Gradagem 3 - 4 4 1 3

    Escarificao 3 - 4 4 1 -

    Rolagem 3 - 4 4 1 1

    Sacha - - 3 3

    Sementeira 3 - 4 4 1 1

    Adubao de fundo 3 - 4 4 - -Colheita de cereais 1 - 2 5 0 -

    Corte de forragens - 1 - 1

    Fenao 0,5 - 0 -

    Arranque de sachadas 10 1 - -

    Figura 13. Precipitao diria (R) que interdita a realizao de algunstrabalhos segundo diversos autores.

    Sensibilidade das operaes precipitao diria

    fraca mdia elevada

    Lavoura Gradagem Colheita

    Subsolagem Fresagem Corte de forragens

    Arranque de sachadas Rolagem Enfardao

    Transportes vrios Sachas Monda qumica

    Poda e Empa Sementeiras Adubao de cobertur

    Figura 14. Classificao de diferentes operaes culturais de acordo com asua sensibilidade aos valores da precipitao diria.

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    Precipitao anteriorCoberto vegetal

    EvapotranspiraoCaractersticas dosolo: - textura

    - estrutura- espessura

    - nvel do lenolfretico

    Tipo demaquinaria

    e operao

    Precipitaodiria 11 Teor de humidadedo solo 22 Possibilidadee capacidadede trabalho 33 DiaDisponvel 44valores da precipitao apenas nesse dia ou nesse dia e nos

    dois dias antecedentes.

    - Mtodos experimentais

    so usados, sobretudo, para obter informaes que permitam

    relacionar caractersticas fsicas do solo, experimentalmen-te mensurveis, com as condies de operabilidade. Omtodo mais vulgarizado procura relacionar a resistnciaoferecida pelo solo penetrao de um cone (penetrmetro)com as condies de transitabilidade e cultivabilidade. Somtodos mais rpidos do que os anteriores, mas ainda cominconvenientes no que se refere especificidade dos resul-tados. A construo de tabelas que relacionam os valores daresistncia com as caractersticas fsicas de diferentes tiposde solos, particularmente com a sua textura, possibilitam ageneralizao dos resultados..

    - Mtodos de dinmica do solo

    procuram relacionar as propriedades dinmicas do solo com aeficincia e a qualidade do trabalho produzido pelas mqui-nas. A disponibilidade dos dias para a realizao dos traba-lhos , em larga escala, condicionada pelas caractersticasfsicas dos solos e em especial pelo seu teor de humidade.Esta constatao levou muitos autores a definir critrios dedisponibilidade com base nos teores de humidade do soloexigidos pelas diversas operaes. A forma mais generali-zada deste tipo de mtodos consiste no balano hidrolgicodo solo, que representa j uma boa aproximao realidadepois toma em considerao os factores mais importantes nadeterminao da disponibilidade: precipitao,evapotranspirao, caractersticas do solo e sensibilidade

    dos trabalhos. Como forma de ultrapassar os inconvenien-tes dos mtodos anteriores, estabeleceram-se relaes devariao entre os dias disponveis e os teores de humidadedo solo, utilizando-se, depois, dados estatsticos de esta-es meteorolgicas para determinar, por extrapolao, osdias disponveis de elevado nmero de anos, evitando-se,deste modo, longos perodos de registo.

    Referncias bibliogrficas

    Azevedo, A. L, A. M. Portas e F. C. C. Cary. 1972. O planeamento dasoperaes em sistemas de explorao da terra. Informao Cientfica,6. Nova Lisboa. 54 p.

    Caldas, E. Q. C. 1960. Modernizao da Agricultura. Conferncias,palestras e artigos. Liv. S da Costa. Lisboa

    Cary e Azevedo (1972)

    Cary, F. C. e A. L. Azevedo. 1972. Metodologia dos perodos e dos diasdisponveis para a realizao dos trabalhos agrcolas. Anais do InstitutoSuperior de Agronomia, 33: 21-54.

    Coelho, J. P. 1993. Anlise de projectos de emparcelamento rural. Ocaso de Valena do Minho. Tese de doutoramento. ISA, UTL.

    Hunt, D. 1983. Farm Power and Machinery Management. IowaUniversity Press. Ames Iowa. 352 p.

    Link, D. A. 1967. Activity network technique applied to farm machineryselection problems. Transactions of the ASAE, 10:310-317.

    Lins, D. A. 1994. U.S. Farms: Changing Size and Structure. In:Encyclopedia of Agricultural Scince, 4: 431-442.

    Mendes, J. M. 1983. Contribuio para o estudo dos dias disponveispara a realizao dos trabalhos agrcolas. Relatrio de actividade docurso de engenheiro agrnomo. ISA, UTL. Lisboa

    Oskoui, K. E. 1986. Days available for field work. Tech. Note, 97.Scottish Agricultural Colleges.

    Raeburn, J. R. 1984. Agriculture. Foundations, Principles andDevelopment. John Wiley. New York. 329 p.

    Witney, B. D. e Elbanna, E. D. 1985. Simulation of crop yield lossesfrom untimely establishment. Res. Dev. Agric., 2: 105-117

    Figura 15. Diagrama de dependncia da disponibilidadediria de trabalho.

    uma poca de ponta e de um curto perodo disponvel, podendoainda, em algumas situaes, recorrer a empresas prestadorasde servios de mquinas.

    De entre as solues mais conseguidas na resoluo dosproblemas levantados organizao do trabalho pelas condi-es adversas de clima e de estado de humidade do solodestacam-se, por um lado, o acrscimo de potncia dos meiosde traco e da largura de trabalho das mquinas e, por outro,a modificao da tcnica tradicional como, por exemplo, a

    utilizao de mquinas combinadas. Com ambas as soluesvisa-se o aumento do rendimento de trabalho, ou seja umadiminuio dos tempos de tarefa por unidade de superfcie, oque pode ser muito importante em exploraes onde se dispo-nha de um perodo de tempo reduzido para a realizao dotrabalho de campo.

    O horrio de trabalho apresenta tambm importantes implica-es ao nvel da organizao do trabalho das exploraes. Deum modo geral, h um ou dois dias de descanso semanal e aindadias feriados que devem ser considerados como indisponveispara a realizao dos trabalhos agrcolas. Contudo, sobretudono caso das exploraes familiares e por conta prpria, usual

    o trabalho extraordinrio, que se prolonga pela noite, pelo fim desemana ou pelo feriado, como forma de resolver problemasrelacionados com a falta de tempo por indisponibilidade decondies. Estas exploraes podem, ainda, dispor de mo-de-obra complementar, seja ela vicinal (fenmeno das trocas detrabalho) seja ela ''familiar migrada'', que, em dados perodos,sobretudo nos chamados ''perodos de ponta'', se integra naexplorao.

    Metodologia de Clculo dos Dias Disponveis

    Estamos agora em condies de descrever os diversos mto-dos que tm sido propostos para o clculo dos dias disponveis.Genericamente, estes mtodos determinam o tempo disponvel

    atravs da estimativa da sua distribuio de probabilidade combase em observaes passadas.

    At hoje trs tipos de mtodos tm sido usados para prever osdias disponveis:

    - Mtodos estatsticos

    - so sobretudo usados por investigadores de trabalhos agr-colas e consistem na recolha de dados climticos e deexecuo desses trabalhos, com vista definio das rela-es entre a intensidade da precipitao e os dias dispon-veis, nomeadamente os efeitos de 1, 2 e 3 em 4 da Figura.Este tipo de mtodos tem como principais inconvenientes aespecificidade local, que no permite a extrapolao dos

    resultados para outras situaes, e a morosidade do proces-so de recolha de dados. Os modelos mais simples estabe-lecem relaes lineares entre os dias disponveis e os