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painel Legislação ambiental abre oportunidades de trabalho Oportunidade na floresta PAINEL ELEIÇÕES O que se espera de um candidato UNIVERSIDADE Trabalho de iniciação cienfica propõe metodologia de organização do trânsito HOBBY O engenheiro que toca trompete Ano IX nº 251 fevereiro/ 2016 AEAARP Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

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painel

Legislação ambiental abre oportunidades de trabalho

Oportunidade na floresta

PaineL eLeiçõesO que se espera de um candidato

UniversidadeTrabalho de iniciação científica propõe metodologia de

organização do trânsito

HObbyO engenheiro que toca trompete

ano iX nº 251 fevereiro/ 2016 A E A A R PAssociação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

O LiXO e as PessOas

O pré-carnaval nas ruas do Jardim Irajá tornou-se uma das atrações mais esperadas pelos aman-tes da festa. Há vários anos, um grupo de amigos passou a se reunir e andar pelo bairro ao som das antigas marchinhas. A atração atrai milhares de pessoas, e a cada ano o bloco cresce. Com ele, crescem também os passivos ambientais deixados pelas pessoas que curtem a festa, mas não cuidam do próprio lixo que produzem.

O comportamento daqueles que estiveram no bloco revela a conduta do ser humano em relação ao meio em que vive. A noção de bem público, de uso coletivo, parece isentar de responsabilidade individual. ninguém gosta de conviver com lixo dentro de sua casa, no seu quintal. Mas, joga pela janela do carro papel, lata e o que mais estiver à mão. O carro é um bem individual. A rua é um bem público. Sua conservação cabe sim ao poder público, porém a coletividade tem grande parcela de responsabilidade quando transformamos isso em custo, enchente e degradação do meio ambiente.

A questão dos resíduos sólidos é muito preocupante no Brasil. Cada brasileiro produz pouco mais de um quilo de lixo por dia. no ano, são pelo menos 390 quilos cada um. Para ter uma ideia, de 2003 a 2014, a geração de lixo no país cresceu 29% enquanto a população aumentou 6%. as informações são da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.

O governo federal exige que as prefeituras atendam às determinações da Política Nacional de Re-síduos Sólidos. Dentre outras coisas, a regra diz que não pode mais existir lixões a céu aberto. Até no ano passado, 60% das cidades brasileiras ainda não a cumpriam. O senado Federal alargou o prazo. Mas, até quando vamos debater este tema sem dar a cada um dos atores da sociedade – os agentes públicos, os técnicos e os indivíduos – a sua parcela de responsabilidade e comprometimento?

enquanto ainda nos debruçamos sobre um problema grave, mas de natureza primária, que é colocar o lixo no lugar certo, o mundo exibe experiências tecnológicas espetaculares, que estão há anos luz da nossa realidade.

em barcelona, na espanha, pontos de coleta de lixo orgânico e reciclável são instalados nas calçadas e conectados a tubulações que sugam os sacos de tempos em tempos e os enviam, por baixo da terra, como se fosse um sistema de esgoto, para um local apropriado, na periferia da cidade. neste local, cada tipo de lixo é armazenado corretamente e encaminhado à destinação final. O lixo orgâ-nico é incinerado, convertendo-se em fonte de energia para caldeiras. O reciclado é encaminhado adequadamente para o local correto. O processo todo é limpo, eficiente, dispensa a circulação de caminhões, eliminando completamente a atividade dos coletores. Cada cidadão deve levar o seu lixo ao local de descarte, e existem muitos na cidade.

O sistema não foi adotado da noite para o dia, como uma solução milagrosa. barcelona foi sede de Olimpíada nos anos de 1990. Naquela época as autoridades tinham o desafio de receber milhares de pessoas e gerenciar os resíduos com eficiência. O sistema foi instalado na Vila Olímpica e deu tão certo que, mais de 20 anos depois, quase toda a cidade é atendida desta forma.

Eng. civil Carlos Alencastre

palavra do presidente

Horário de funcionamentoAEAARP CREADas 8h às 12h e das 13h às 17h Das 8h30 às 16h30Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.

expediente

índiceESPECIAL 05Oportunidades ambientais

PaineL eLeições 12Quero ser eleito

Universidade 14Para desobstruir o trânsito

HObby 16Pelo prazer de tocar

agrOnOMia 18Contaminação do solo

engenHaria 20Tecnologia para concreto sustentável

CLImA 22Previsões precisas

CREA-SP 25responsabilidade técnica em centrais de gás

NOTAS E CuRSOS 26

A s s o c i A ç ã ode engenhAriA ArquiteturA e AgronomiA de ribeirão Preto

Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / [email protected]

Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento AlencastrePresidente

Eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge 1º Vice-presidente

Eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho2º Vice-presidente

DIRETORIA OPERACIONALDiretor Administrativo: eng. agr. Callil João FilhoDiretor Financeiro: eng. agr. benedito gléria FilhoDiretor Financeiro Adjunto: eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio BagatinDiretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: eng. civil Hirilandes alvesDiretor Ouvidoria: eng. civil Milton vieira de souza Leite

DIRETORIA FUNCIONALDiretor de Esportes e Lazer: eng. civil rodrigo Fernandes araújoDiretor de Comunicação e Cultura: eng. agr. Paulo Purrenes PeixotoDiretor Social: arq. e urb. Marta benedini vecchiDiretor Universitário: arq. e urb. Ruth Cristina montanheiro Paolino

DIRETORIA TÉCNICAAgronomia, Agrimensura, Alimentos e afins: eng. agr. Jorge Luiz Pereira rosaArquitetura, Urbanismo e afins: arq. ercília Pamplona Fernandes santosEngenharia e afins: eng. naval José eduardo ribeiro

CONSELHO DELIBERATIVOPresidente: eng. civil Wilson Luiz Laguna

Conselheiros Titulares Eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres Eng. civil Edgard Curyeng. civil elpidio Faria Juniorarq. e eng. seg. do trab. Fabiana Freire grellet Franco do amaraleng. agr. geraldo geraldi Jreng. agr. gilberto Marques soareseng. mec. giulio roberto azevedo Pradoeng. elet. Hideo KumasakaEng. civil João Paulo de Souza Campos Figueiredoarq. Luiz eduardo siena Medeirosarq. e urb. Maria Teresa Pereira Limaeng. civil ricardo aparecido debiagi

Conselheiros SuplentesEng. agr. Alexandre Garcia Tazinaffo Arq. e urb. Celso Oliveira dos Santoseng. agr. denizart bolonheziEng. civil Fernando Brant da Silva Carvalhoarq. e urb. Fernando de souza Freireeng. agr. ronaldo Posella Zaccaro

REVISTA PAINELConselho Editorial: eng. civil Arlindo Sicchieri, arq. urb. Celso Oliveira dos Santos, eng. mec. giulio roberto azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto - [email protected]

Conselheiros Titulares do CREA-SP indicados pela AEAARP: eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves e eng. mecânico Fernando Antonio Cauchick Carlucci

Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá, Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 - www.textocomunicacao.com.brFones: 16 3916.2840 | 3234.1110 - [email protected]

Editora: Daniela Antunes – mTb 25679

Colaboração: Bruna Zanuto – mTb 73044

Publicidade: departamento de eventos da aeaarP - 16 2102.1719angela soares - [email protected]

Tiragem: 3.000 exemplaresLocação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718Editoração eletrônica: Mariana Mendonça naderImpressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.

Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.

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especial

ambientaisA legislação ambiental pode ser revertida

em oportunidade de trabalho para engenheiros e agrônomos

O Código Florestal (Lei 12.651) apro-vado em 2012 estabeleceu regras de recuperação ambiental que significam oportunidades no mercado de trabalho para engenheiros e agrônomos, dentre outros profissionais que atuam no setor. Segundo o engenheiro florestal Eduardo gusson, grande parte do bioma brasileiro

encontra-se em propriedades privadas (veja quadro).

segundo o engenheiro gustavo sic-chieri, da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), recupe-ração ambiental é “quando o próprio dano ambiental é revertido, ou seja, retornam-se as características naturais do ambiente degradado àquelas existen-tes previamente ao fato que o ensejou”.

gusson esclarece que este processo exige que o projeto leve em considera-ções a implantação de espécies nativas. de acordo com a secretaria de Meio am-biente (SmA) do governo do estado de são Paulo, os biomas comuns ao estado são o Cerrado e a mata Atlântica. São mais de mil espécies de árvores nativas catalogadas em território paulista.

No final do ano de 2015, na Conferên-cia do Clima realizada em Paris (França), o governo brasileiro comprometeu-se em recuperar 12 milhões de hectares de áreas degradadas. Para dimensionar o desafio, Gusson lembra que o estado de São Paulo tem cerca de 24 milhões de hectares, isto é, será necessário, até 2030, implantar uma floresta equivalente à metade do território paulista para dar conta do compromisso firmado em Paris. mas, segundo o engenheiro, o desafio é ainda mais gigantesco: o Brasil tem mais de 200 milhões de hectares de áreas com pastagem, das quais estima-se que, ao menos, um terço está degradada e poderiam ser melhor aproveitadas com a conservação ambiental ou produção florestal.

Oportunidades

Fonte: Apostila de Adequação Ambiental de Propriedades Rurais - Programa de Educação Ambiental Ribeirão Preto Transmissora de Energia - Minicurso – Módulo VI

Quanto do bioma está em propriedade privada no brasil

Cerrado 87%

mata Atlântica 92%

Pampas 99%

Caatinga 98%

6 revista Painel

especial

Veja na área de Notícias da página da aeaarP na internet

a tabela que define a dimensão das propriedades rurais,

contados em Módulos Fiscais, e suas obrigações ambientais.

www.aeaarp.org.br

O Cerrado

O Cerrado brasileiro ocupa pouco mais de dois milhões de quilô-metros quadrados. Trata-se da segunda maior formação vegetal da América do Sul. Só perde para a floresta Amazônica. Estende-se por 10 estados brasileiros mais o distrito Federal, e também na bolívia e no Paraguai, e tem características vegetais diversas. Em alguns pon-tos as árvores são altas, em outros a vegetação é rasteira. de acordo com a organização não-governamental WWF, que atua em várias frentes em defesa do meio ambiente, o Cerrado é o bioma mais de-vastado do país. As razões são diversas: o avanço da atividade agrí-cola, o crescimento das cidades e incêndios criminosos. segundo a WWF, o Cerrado é o berço da água do Brasil. Seis das oito maiores bacias hidrográficas do país nascem em regiões de Cerrado.

www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/cerrado

Políticas públicasa plataforma de gestão ambiental da

SmA segue cinco diretrizes:

1.Conservação ambiental e restauração ecológica

2.redução da pegada ambiental, da produção e consumo sustentáveis à gestão de resíduos sólidos

3.vulnerabilidade ambiental e mudan-ças climáticas

4.gestão e conservação da fauna sil-vestre

5.Licenciamento ambiental

O primeiro passo para a regularização é aderir ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), instrumento criado pelo governo federal para mapear as características das propriedades rurais brasileiras. depois disso, deverão ser cumpridas as obrigações previstas, como a restaura-ção das Áreas de Preservação Perma-nente (APPs) e a instituição da Reserva Legal (RL).

Para regularizar a área, foi criado o Programa de regularização ambiental (PRA). A adesão ao programa é voluntária

e estabelece normas para a adequação do imóvel rural. Há algumas flexibilida-des no Programa, como a possibilidade de continuidade do uso de APPs que já tivessem atividade rural antes de 22 de julho de 2008 e suspensão das multas impostas pela eliminação da vegetação das áreas de preservação de reservas legais feitas antes desta data, desde que não haja supressão de novas áreas de vegetação nativa e seja atendida a recomposição mínima das APPs, defini-das em função dos Módulos Fiscais da propriedade. Há ainda a possibilidade de isenção da responsabilidade de recomposição da reserva Legal para pequenos proprietários e, para aqueles que devem fazer a recuperação, o prazo será de 20 anos.

em 2015 foi lançado o Programa nas-centes, por iniciativa do governo paulista, que pretende recuperar 20 mil hectares de matas ciliares. O objetivo é manter as que já existem e recuperar aquelas degradadas, otimizando e direcionando investimentos públicos e privados.

segundo a secretaria , na primeira fase do programa deverão ser recuperados 4.464 hectares de matas ciliares, utili-zando 6,3 milhões de mudas de espécies nativas. Cinco plantios foram iniciados em Joanópolis, Piracaia, Jacareí, igaratá,

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acesse o datageo no endereço

datageo.ambiente.sp.gov.br

Perdas e ganhosPara gusson, a Lei 6.938/81, que es-

tabeleceu a Política Nacional do meio Ambiente, foi um marco nas ações de proteção ambiental no brasil pelo fato de estabelecer diretrizes e ordenar as políticas de Estado neste sentido.

Ele considera que as alterações legais promovidas pelo Código Florestal de 2012 (o anterior datava de 1965) provo-caram perdas do ponto de vista ambien-tal, uma vez que as áreas de proteção foram reduzidas. Porém, também pro-porcionou avanços, como a criação do CAR e a exigência de instituição dos PRAs.

Com o Cadastro, por exemplo, o Es-tado poderá compreender a situação ambiental de seu território, direcionando políticas públicas e criando mecanismos para apoiar projetos de recuperação.

Um dos mecanismos adotados pelo governo de são Paulo é o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que remunera aqueles que investem na recuperação ou preservação de aPPs e rLs que propor-cionem recursos para a sociedade como, por exemplo, nascentes, cursos e olhos d’água que garantem a qualidade da água nas cidades. Há também modalidades

História da legislação ambiental no brasil

Inexistente, a preocupação consistia em preservar recursos de interesse do

império, como o Pau-brasil.

surgem as primeiras leis e decretos para a gestão de recursos naturais, como

água, pesca, fauna, subsolo e flora. O Decreto 23.793/34 é considerado o

primeiro Código Florestal Brasileiro.

É criado o Estatuto da Terra, pela Lei 4.504/64, e o Código Florestal, Lei

4.771/65, em vigência até 2012, que, dentre outras coisas, configurou as APPs

e as rLs.

A Lei 6.938/81 dispõe sobre a Política Nacional do meio Ambiente. A Lei da

Ação Civil Pública (Lei 7.347/85) disciplinou este instrumento para a defesa do

meio ambiente, e dos demais direitos difusos e coletivos. Na Constituição de

1988 há um capítulo dedicado ao tema (Capítulo VI) que assegura o direito a

todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, descrevendo-o como

bem de uso comum e essencial à qualidade de vida, impondo ao poder público

e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo. O tema aparece também

em outros artigos, como no que atribui função social à propriedade privada

(Artigo 186) e no que apresenta a defesa ao meio ambiente como princípio da

ordem econômica (Artigo 170).

A Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) dispõe sobre as sanções penais e

administrativas aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

A Lei 11.428/06 é adotada especificamente para a proteção das áreas

remanescentes da mata Atlântica. Em 2012 foi regulamentado o Código

Florestal (Lei 12.651/12) e, a partir dele, foram criadas as normas e decretos

que criaram as ferramentas de mapeamento rural e conservação das áreas de

preservação.

Período colonial

anos 1930

anos 1960

anos 1980

anos 1990

anos 2000

Fonte: Apostila de Adequação Ambiental de Propriedades Rurais - Programa de Educação Ambiental Ribeirão Preto Transmissora de Energia Minicurso – Módulo VI

de remuneração de Psa por estoque de carbono e biodiversidade.

O PSA foi instituído pela Política Esta-dual de mudanças Climáticas da SmA e atualmente existem dois projetos pilotos. um deles refere-se à água, que tem ações voltadas para a proteção de nascentes, contemplando ações de eliminação de fatores de degradação, como fogo, ani-mais e erosão, e a adoção de ações que favoreçam a regeneração da mata ciliar.

O outro projeto é chamado de Crédito Ambiental Paulista para Reservas Parti-culares de Patrimônio natural e tem o objetivo de promover a conservação e a restauração de processos ecossistêmicos

e estimular a criação de novas reservas em áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade paulista.

Os recursos para o pagamento são repassados aos municípios participantes do projeto que os transferem aos proprie-tários rurais selecionados por critérios presentes nos editais de chamamento lançados pelas prefeituras. a secretaria não informou em quais municípios pau-listas os projetos estão em andamento, tampouco os resultados preliminares, mas ressaltou que, além destes, “estão sendo desenvolvidos outros projetos que serão lançados por meio de resoluções ainda no primeiro semestre deste ano [2016]”.

Salesópolis e Cajati , somando 203,24 hectares e mais de 330 mil mudas.

a sMa mantém uma base de dados integrada com todas as informações ambientais de são Paulo, chamada de datageo, que organiza e disponibiliza as informações sobre reservas, bacias hidrográficas, dentre outras informações.

8 revista Painel

especial

Manejogusson ressalta que as reservas legais

eram tidas como um entrave para a so-ciedade, principalmente para o produtor rural, durante muito tempo. Porém, lembra que sempre foram fontes de exploração de recursos, principalmente de madeira. ele defende que essas áreas sejam usadas com finalidade econômica, adotando métodos de manejo sustentá-vel adequados à atividade agrícola.

Ele classifica os projetos de recupe-ração, especialmente da reserva Legal, “poupanças verdes”, uma vez que o pro-prietário poderá explorar comercialmen-te a madeira proveniente desta floresta em longo prazo. esclarece que, apesar de ser possível o uso de exóticas, não é permitido plantar apenas eucaliptos e pinus, por exemplo, já que a recupera-ção objetiva também a manutenção e

recuperação da biodiversidade original.“Os modelos, considerando os siste-

mas Agroflorestais (SAFs), são promis-sores para uso nestes projetos, espe-cialmente para a agricultura familiar. Os saFs conciliam a produção agrícola com a florestal, produzindo alimentos junto com a produção florestal, madeireira e não madeireira, como frutas, sementes, óleos essenciais, e fitoterápicos, através

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O QUe É

Área de Preservação Permanente (APP), área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a fun-ção ambiental de preservar os recur-sos hídricos, a paisagem, a estabili-dade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo de fauna e flora, pro-teger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Reserva Legal (RL), área localizada no interior de uma área rural, com a função de assegurar o uso econô-mico de modo sustentável dos recur-sos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. No estado de são Paulo a reserva deve corres-ponder a 20% do imóvel rural.

Módulo Fiscal (MF), é a unidade de medida agrária em hectares fixada para cada município pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) que considera con-junto de fatores tais como: tipo de uso predominante, produção, rendi-mentos financeiros, estrutura fundi-

Fonte: Apostila Adequação Ambiental de Propriedades Rurais - Programa de Educação Ambiental Ribeirão Preto Transmissora de Energia - Minicurso – Módulo VI

Plantio de espécies arbóreas nativas voltado a restauração florestal

ária regional e valor da terra.

Imóvel Rural (IR), definido pelo Có-digo Florestal, é uma área contínua de mesmo proprietário presente na zona rural, podendo ser composta por uma ou mais matrículas de ter-ras.

Área Rural Consolidada (ARC), é a área de imóvel rural com ocupação preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou ati-vidades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regi-me de pousio.

Pequena propriedade ou posse ru-ral familiar, áreas menores do que quatro Módulos Fiscais, onde predo-mina a mão de obra da família nas atividades e cuja renda provém da própria terra.

Área de Uso Restrito, é a área de inclinação entre 25° e 45° que per-mitem manejo florestal sustentável e o exercício de atividades agrossil-vipastoris, bem como a manutenção da infraestrutura física associada ao desenvolvimento das atividades, ob-servadas boas práticas agronômicas.

de práticas saudáveis e sustentáveis”, explica.

Para gusson, a agricultura familiar garante a produção de alimentos, e este modelo é uma forma de assegurar a qualidade e saúde da alimentação, tanto do produtor quanto do consumi-dor. Há muito trabalho a ser feito, tanto em relação aos projetos em si quanto às pesquisas para desenvolvimento da

silvicultura de espécies nativas, como a produção em ampla escala de mudas e sementes, o melhoramento genético, o reconhecimento de modelos potenciais de reflorestamentos com espécies na-tivas visando a exploração econômica.

a legislação estadual prevê ainda a compensação ambiental, prevista no âmbito do licenciamento ambiental e objetiva “beneficiar o meio ambiente em igual soma ao impacto que deter-minado empreendimento, atividade ou

10 revista Painel

Recomposição através de Sistema Agroflorestal

obra poderá causar, garantindo, assim, que seu status quo se mantenha em equilíbrio”, segundo o engenheiro gus-tavo sicchieri.

ele esclarece que, quando se trata de indivíduos arbóreos nativos isolados, a legislação estadual prevê o plantio de 25 mudas de espécies nativas para cada

espécime extraído. a conta pode chegar a 50 mudas para cada espécie extraída, dependendo do número de árvores a ser objeto do corte ou quando se tratar de espécies incluídas em alguma cate-goria ameaçada de extinção.

“Quando se trata de supressão de vegetação nativa, o fator compen-

satório é aplicado sobre a área a ser suprimida, não mais sobre a unidade extraída, sendo na proporção de 1:1 no caso da mata Atlântica, porém po-dendo chegar a 4:1 em alguns casos de supressão de Cerrado, dependendo de seu estágio de sucessão (nível de complexidade da vegetação) e de seu

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Jacus na Fazenda Camocim, que produz o café a partir das fezes do animal

tipo fisionômico (unidade de classificação conforme sua evolução estrutural)”, informa sicchieri.

Um exemplo agroflorestal

em todo o país, existem pássaros que comem os fru-tos das árvores de café. Mais especificamente, existem jacus, ave típica de floresta tropical, que comem frutos do café em todo o país. Mas, só na Fazenda Camocim, no espírito santo, as fezes desse animal, cheias dos grãos da planta, são convertidas em uma bebida exótica e cara.

“O que seria uma maldição se tornou uma benção”, conta o empresário Hen-rique sloper, proprietário da fazenda. Ele relata que em 2007 foi observada a superpopulação de jacus, gerando de-sequilíbrio na produção, feita por meio do sistema agroflorestal. Ele se inspirou no café Kopi Luwac, de Sumatra, na In-donésia - feito a partir das fezes de uma espécie de gato-do-mato e considerada uma das bebidas mais caras e exóticas do mundo - desenvolveu a tecnologia e passou a fazer o seu próprio café exótico e caro.

O Jacu mede até 75 centímetros de altura e tem aparência semelhante a de uma galinha com rabo e asas com-pridas. Tem comportamento arredio, talvez por isso seu nome seja associa-do a pessoas antissociais. A fazenda produz quatro toneladas de fezes do pássaro todos os anos. Processado, é vendido por cerca de r$ 8 mil o quilo. até pouco tempo, só cafeterias da eu-ropa ofereciam a bebida. atualmente,

pode ser encontrada também no brasil. Em Santos (SP), na cafeteria do museu Bolsa do Café, uma xícara de Café Jacu é vendida a r$ 21.

O diferencial de sua produção é que os animais não são confinados. Para obter certificações internacionais, que agregam valor ao seu produto e per-mitem que seja inserido em mercados exigentes, sloper investe no manejo. “O jacu não é meu, mas o café é”. Os 170 hectares de sua fazenda são cercados por uma reserva florestal. a região é conhecida como Pedra azul.

O processamento do produto é artesa-nal. depois de recolhidas, normalmente aos pés das árvores de café, as fezes do jacu são colocadas para secar no terreiro e a matéria orgânica é separada do grão, que surge verde.

O sabor diferenciado é proporcionado pelo processo de digestão da fruta. as enzimas e bactérias presentes no pro-cesso conferem ao café a singularidade tão apreciada.

12 revista Painel

Painel eleições

eleitoPor qual motivo, em um ambiente de hostilidade política, alguém deve ser candidato e como deve se comportar

Nos últimos anos, as denúncias en-volvendo políticos em todas as esferas de poder têm feito desta atividade, que é a arte da organização, direção e ad-ministração do Estado, ter conotações negativas. Então, por que alguém deve se lançar candidato?

No artigo Capital Familiar e Carreira Política no Brasil: Gênero, Partido e Re-

Quero ser

“tende a reduzir a vontade de participar”. “E, inversamente, a perspectiva de uma trajetória de sucesso, dada a existência dos meios necessários, contribui para a emergência desta vontade”, concluem.

Para o promotor de justiça Carlos Cezar barbosa, “devem se candidatar pessoas que têm vocação para servir à causa pública e possuam disposição para isso, com a consciência de que os interesses da coletividade sempre devem se so-brepor sobre interesses individuais ou corporativos”.

História

Segundo a Justiça Eleitoral, em 1532 aconteceu o primeiro processo eleitoral no brasil para organizar as províncias de são vicente, no litoral paulista, e Piratininga (atual cidade de São Paulo). Foi a primeira manifestação de Por-tugal para oficializar a ocupação da colônia. As eleições aconteciam em duas etapas para a escolha do Conselho, composto por um juiz ordinário, dois ou três conselheiros (também chamados vereadores) e por um procurador, que tinha atribuições executivas. Os mandatos tinham duração de um ano, mas as eleições aconteciam a cada três anos, sendo eleitos três Conselhos a cada pleito. Numa primeira etapa, o povo, que tinha apenas o direito de votar, indicava os nobres que iriam escolher os membros dos Conselhos. Na segunda etapa, os representantes da nobreza indicados pelo povo escolhiam, por voto secreto, outros nobres que iriam compor os Conselhos. O cálculo de eleitores era feito de acordo com o número de casas existentes nas vilas. este modelo de eleição foi realizado com regularidade em todas as vilas e cidades brasileiras durante quase 300 anos, sem qualquer intervenção de Portugal.

gião nas Trajetórias para a Câmara dos deputados, os autores – Luis Felipe Mi-guel, Danusa marques e Carlos macha-do, pesquisadores da Unb – descrevem que “o ingresso de qualquer indivíduo na carreira política está condicionado por dois fatores: a vontade de participar da política institucional e o acesso aos recursos necessários – tanto materiais quanto simbólicos – para que esta par-ticipação se efetive”.

Eles ponderam, porém, que a dificul-dade de acesso aos recursos necessários

aeaarP 13

depuraçãoBarbosa afirma que as denúncias en-

volvendo políticos “acabaram por afastar pessoas de bem do processo eleitoral”. ele acredita que a sociedade deverá pas-sar por um processo de depuração e cita a Lei Ficha Limpa, na qual se enquadram candidatos que não estejam em dia com

“O fundamental é que o eleitorado faça sua parte, buscando conhecer melhor os candidatos, excluindo

das urnas nomes que já foram maculados por improbidade e aqueles que infantilizam os eleitores,

prometendo o que sabem que não podem fazer”.

Carlos Cezar Barbosa, promotor de justiça

a justiça, como importante marco na defesa da lisura na política.

em sua visão, o candidato deve con-quistar o eleitorado com propostas sé-rias, pautando seus discursos na verdade, mostrando as credenciais que avalizem seu potencial para o cargo pretendido. “O eleitor é o grande protagonista do

processo eleitoral. É ele quem detém o controle de qualidade da classe política”, enfatiza.

O processo democrático, entretanto, não se encerra no processo eleitoral. acompanhar o desempenho dos parla-mentares e chefes de executivo eleitos é também função do eleitor. “assim agin-do, poderá em eleições futuras aprimorar a qualidade de seu voto”, diz o promotor.

O cargo eletivo não deve ser encarado como um emprego comum. Trata-se, ex-plica Barbosa, de prestação de serviços à sociedade. “não pode enxergar o poder como um fim em si mesmo. Deve apre-sentar propostas sérias e factíveis; não mentir para o eleitorado e não utilizar dinheiro sujo em sua campanha”, diz.

14 revista Painel

universidade

o trânsitoNa Universidade Paulista (UNIP) de Ribeirão Preto, a estudante de engenharia Gabriela Rocha, orientada pelo professor Mateus Araújo, desenvolveu trabalho de iniciação científica buscando alternativas para o tráfego de veículos no centro da cidade. Concluiu que a adoção de parquímetros poderá organizar o estacionamento em vias públicas e incentivar o uso do transporte coletivo. No texto a seguir ela apresenta a conclusão.

Para desobstruir

Gabriela Rocha e Mateus Araújo

Uso do parquímetro em São Carlos

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estudo de viabilidade econômica e análise de mobilidade urbana de estacionamento rotativo pago

Observa-se no brasil, bem como no município de ribeirão Preto, que o crescimento da frota de automóveis é uma tendência dominante e com o de-senvolvimento dos centros comerciais nas cidades, se caracterizando pela alta concentração de atividades de naturezas distintas, sendo polo atrativo de viagens, os conflitos de circulação devido à dispu-ta do espaço viário pelo estacionamento tendem a aumentar. O objetivo do esta-cionamento rotativo pago é possibilitar que todos os que necessitem da vaga de estacionamento na via possam dela utilizar, de forma democrática e iguali-tária, e favorecer as áreas comerciais. Além da rotatividade, a legislação prevê a necessidade de pagamento pela vaga utilizada pelo veículo, a fim de diminuir a procura pelas vagas, fazendo com que as pessoas prefiram o transporte público.

É nesse contexto que se insere o tema da pesquisa com um estudo de caso na

cidade de Ribeirão Preto (649.556 habi-tantes, 467.589 veículos, 1.143.116 de viagens diárias).

a primeira etapa do trabalho foi apre-sentar um estudo de viabilidade econô-mica do estacionamento rotativo pago. através do programa de computador google earth, foi possível delimitar a área central (por apresentar maior concen-tração de pessoas em busca de serviços, compras ou lazer e consequentemente maior procura por estacionamento nas vias públicas) de Ribeirão Preto e medir todas as vias calculando a quantidade de vagas possíveis para o estacionamento rotativo pago. Foram contabilizadas 4.649 vagas na região central de ribei-rão Preto. Considerando esse número de vagas e uma tarifa de r$ 1,00 para 30 minutos, o estudo constatou um po-tencial de arrecadação do sistema de r$ 775.635,27 por mês, com repasse para o poder público de r$ 100.306,29, sendo parte do dinheiro investida no trânsito da cidade (sinalização e educação) con-cluindo que o sistema é economicamente viável com base nos dados e premissas adotadas.

Em visita técnica à cidade de São Carlos nos foi apresentado o uso de parquímetros para aquisição das vagas. Parquímetros são dispositivos eletrome-

A AEAARP quer conhecer outras iniciativas

científicas, envie seu trabalho para a equipe

editorial da Revista Painel.

cânicos usados para o controle do esta-cionamento rotativo pago, localizados em pontos estratégicos nas quadras que fazem parte da Zona Azul. O dispositivo conta com conectividade GPRS facilitan-do o controle do mesmo, sendo possível saber se o parquímetro está funcionando ou se está com algum erro. as opera-ções realizadas pelo parquímetro são registradas eletronicamente em base inviolável e transformadas em relatórios, que podem ser facilmente conferidos. além do parquímetro, os usuários podem comprar suas vagas através de sMs, tele-fone, internet e aplicativo para telefones celulares.

na segunda parte do trabalho, é proposta a análise do estacionamento rotativo pago como ferramenta para desestimular o uso do automóvel pelos usuários (elasticidade da demanda com relação ao custo da viagem), incentivan-do o uso do transporte coletivo público (mais econômico, melhora a qualidade de vida e diminui a emissão de gases poluentes).

Os cálculos apresentados mostram que a variação de 10% na diferença de custo de viagem entre o ônibus e o automóvel, por exemplo, aumento do estacionamen-to rotativo pago, representa um acrés-cimo de 1,03% na demanda de ônibus.

Parquímetro Modelo do aplicativo para telefones celulares

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tocarPelo prazer de

Laguna não sabe ler música, mas resgatou o antigo prazer de tocar trompete, que aprendeu aos 10 anos

em 1958, aos 10 anos de idade, Wilson Luiz Laguna passou a integrar a banda do colégio marista, uma das composições mais tradicionais de ribeirão Preto e que resistiu por várias décadas. Naque-la época a banda tinha características de fanfarra, que é uma formação de músicos com instrumentos de sopro e percussão, e depois passou a ser marcial, incorporando evoluções durante as apre-sentações. Laguna soprava em um baixo tuba, instrumento de grande porte que é apoiado no ombro do músico. “imagine eu, um moleque, com um instrumento daquele tamanho”, lembra. dois meses

depois ele passou a tocar o baixo reto, que é menor, e em seguida tornou-se corneteiro.

Foram sete anos inesquecíveis que, 47 anos depois, ele foi convidado a reviver, e acrescentou um novo prazer à sua vida, o de tocar um instrumento. Laguna é trompetista da Banda master do Marista, que tem 38 integrantes e preserva tradições de fanfarras e bandas marciais, com repertório de dobrados e músicas próprias para a formação, que tem trompetes, trombones, bateria e as balizas, que se esmeram nas evoluções à frente da banda.

Os integrantes da banda são ex-alunos do colégio Marista, que empresta seu teatro, na unidade do centro da cidade, para os ensaios semanais. duas vezes por mês a turma do sopro se reúne com a da bateria e as balizas para o ensaio geral. eles se apresentam em ribeirão Preto e em outras cidades da região, sempre que são convidados. “O pessoal nos dá o transporte e um lanche e a gente vai, já fomos até para Delfinópolis”, conta.

desta formação, que mantém as ca-racterísticas da banda marcial, surgiram outras experiências musicais. Uma delas, a Filhos da Pauta, faz sucesso no carnaval

hobby

aeaarP 17

executando marchinhas em bailes da ci-dade. neste ano de 2016, eles ensaiaram duas vezes por semana na Praça Matheus nader nemer, na região da avenida João

Fiúsa, ondem se reúnem famílias todas as noites. “a experiência foi tão boa que surgiram ambulantes comercializando produtos de carnaval para quem estava

ali assistindo”, conta entusiasmado.O grupo também fortaleceu laços de

amizade. Há, por exemplo, a turma da Sexta Básica, que se reúne no último dia útil da semana. “mas, essa não é para to-car”, ri. Apesar de o objetivo do encontro ser mais etílico do que melodioso, a har-monia entre os amigos é fortalecida e, vez ou outra, alguém é convidado a tocar.

Laguna havia deixado a música quando ingressou na faculdade de engenharia, em São Carlos. Há quatro anos, quando foi convidado a reunir-se aos antigos integrantes, preocupou-se com o fato de nunca ter aprendido a ler uma par-titura. E ele ainda não sabe fazer isso. Toca seguindo um método de marcação dos pistos do trompete. e sempre pelo prazer de tocar.

18 revista Painel

agronomia

Contaminaçãodo soloO impacto de metais tóxicos na produtividade agrícola

a contaminação do solo e da água por metais tóxicos tem sido um grave pro-blema para a agricultura, prejudicando produtores, com a perda de produtividade das plantas. as várias facetas do problema foram estudadas pelo projeto “estresse oxidativo induzido por metais: novas abor-dagens”, desenvolvido entre 2010 e 2015, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

“Os dois metais que estudamos foram o alumínio e o cádmio. e a planta eleita para a nossa investigação foi o tomatei-ro”, disse ricardo antunes de azevedo, pesquisador responsável pelo projeto e professor da escola superior de agri-cultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-uSP), à Agência Fapesp. “diferentemente do que ocorre com o zinco, o níquel e outros metais, o alumínio e o cádmio não são utilizados pelos seres vivos como nutrientes”, afirma o pesquisador. “ao contrário, sua toxicidade prejudica as plantas de várias maneiras – por exemplo, inibindo o desenvolvimento radicular e, assim, re-baixando a absorção de água e nutrientes pelas raízes. as consequências podem

ir da diminuição da produtividade da lavoura até a morte das plantas.”

A grande quantidade de alumínio é uma característica natural da crosta terrestre. ele é, de fato, o elemento metálico mais abundante da crosta. Como a hidrólise do alumínio produz íons de hidrogênio, a forte presença desse metal constitui um dos principais fatores de acidificação do solo. “em pH neutro, o alumínio é geralmente inofensivo, mas, em solos ácidos, pode ter um impacto muito negativo no desenvol-vimento das plantas”, explica azevedo.

O cádmio também é encontrado, po-rém, em quantidade muito menor. Nesse caso, sua presença se deve principalmen-te à poluição ambiental decorrente de fatores antrópicos como, por exemplo, a mineração desse metal e a fabricação e descarte de produtos derivados como pilhas de níquel-cádmio, pigmentos etc. “O grande problema em relação ao cá-dmio, que pode estar presente no solo ou na água de irrigação, decorre do fato de que ele é facilmente absorvido e acu-mulado pela planta mesmo quando em concentrações muito baixas no ambien-te. E, se essa planta vier a ser utilizada

por animais ou seres humanos, o metal tóxico poderá eventualmente chegar ao organismo do consumidor”.

Um aspecto, muitas vezes, negligencia-do da questão e apontado pelo estudioso é que a contaminação por cádmio pode ocorrer mesmo quando a planta não é diretamente ingerida. É o caso, por exemplo, do tabaco. as folhas da planta acumulam cádmio e, durante a queima, o metal é eventualmente transferido ao consumidor por meio do sistema respira-tório. Pesquisas demonstraram que a con-centração de cádmio tende a ser maior em fumantes do que em não fumantes.

Produtividade da lavouraAlém dos danos potenciais à saúde

dos consumidores, a contaminação por cádmio pode comprometer também a produtividade da lavoura, devido prin-cipalmente ao estresse causado nas plantas. “As plantas sofrem dois tipos de estresses: abióticos, provocados por metais, falta de água, excesso de tempe-ratura; e bióticos, provocados por pató-genos. Faz parte do metabolismo celular normal a produção de espécies reativas

Efeito do cádmio na redução do crescimento da parte aérea e do sistema radicular de plantas de tomateiro da cultivar Micro-Tom (tomate-cereja miniatura)| Foto: Fernando A. Piotto

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de oxigênio (EROs). mas há um mecanis-mo de autorregulação que mantém essa produção abaixo do patamar crítico. Em situação de estresse, porém, ocorre um desbalanceamento e a produção de erOs torna-se muito maior. dependendo do nível, isso pode levar até mesmo à morte da planta”, esclarece o pesquisador.

a pesquisa abordou a questão por vários ângulos. Um dos destaques foi o estudo feito com a técnica de enxertia. “Trata-se de uma técnica bastante antiga e muito disseminada na agricultura. uti-lizamos a enxertia para entender como uma parte da planta, contaminada por cádmio, sinaliza para a outra parte, não contaminada, que está sendo estressada”.

Na enxertia, o porta-enxerto é cons-tituído pela raiz e base do caule; a ele é acoplado o enxerto, composto pela parte aérea da planta. O procedimento adotado no estudo foi cultivar plantas em pre-sença do metal e plantas sem presença do metal e, depois, fazer a enxertia recí-proca. “em outras palavras, trocamos as partes de cima das plantas, conectando ao porta-enxerto contaminado o enxerto não contaminado e ao porta-enxerto não contaminado o enxerto contaminado. a ideia é simples, mas sua realização prática exigiu um grande número de controles, pois o próprio processo da enxertia já constitui um estresse para a planta, mesmo que temporário”, afirma Azevedo.

O resultado foi publicado no artigo “Ca-dmium stress antioxidant responses and root-to-shoot communication in grafted tomato plants”, na revista biometals.

a conclusão foi que ocorre a sinalização do estresse tanto em um sentido como no outro. não apenas o metal da raiz é transportado para a parte aérea (o que era de esperar, apesar da quantidade transportada variar), mas também o metal da parte aérea é transportado para a raiz (e este não era um resultado intuitivo).

Outro tópico importante explorado

pela pesquisa foi a genotoxicidade. no caso específico, tratou-se de investigar o efeito do metal tóxico na estrutura dos ácidos nucleicos da planta. isto é, se o cádmio se ligava ou não ao dna, e, caso a resposta fosse positiva, que consequên-cias resultariam disso. “Verificamos que, sim, o cádmio altera bastante a taxa de divisão celular e provoca uma série de aberrações cromossômicas. Entre elas, a formação de quebras e pontes cromos-sômicas durante a mitose – o processo de divisão celular. isso ocorre mesmo em concentrações muito baixas do metal. estas não provocam nenhuma manifes-tação visível de que a planta esteja es-tressada. mas as alterações intracelulares são muito expressivas”, explica azevedo.

as consequências do efeito dos metais dependem de uma série de variáveis. Uma delas é o tipo de cultivar exposto ao metal. Há cultivares mais tolerantes e cultivares menos tolerantes. Ou seja, existe uma diversidade de mecanismos envolvidos, que podem modificar a taxa de absorção do cádmio pela planta ou reduzir o efeito do metal uma vez absorvido. Por isso, o projeto também envolveu a mutagênese e a seleção de mutantes mais tolerantes. Para o produtor, a compreensão de tais mecanismos possibilita que estes sejam explorados em programas de melhora-mento, com vistas a obter plantas mais resistentes. “Para um consumo totalmen-te seguro, seria preciso saber se o solo ou água utilizados no cultivo estavam ou não

contaminados, e, estando, em que parte da planta se acumulou o metal, se naquela que será consumida ou naquela que será descartada. Há uma grande quantidade de fatores, o que torna o estudo bastante complexo”, diz.

Por isso, outra vertente do projeto foi estudar o processo de fitorremediação, isto é, de recuperação de solos conta-minados mediante o plantio de espécies vegetais altamente resistentes capazes de absorver e, assim, retirar os metais pesados do ambiente. são plantas como a Dolichos lablab, que acumulam grande quantidade de cádmio sem ter seu desen-volvimento afetado, podendo ser utiliza-das como fitoestabilizadoras de cádmio.

Toda a experimentação foi realizada em estufa, em plantios no solo ou em sistema hidropônico. O tomateiro foi escolhido por ser uma planta-modelo em genética, com grande quantidade de cultivares e grande quantidade de mutantes. Além disso, uma das cultivares dessa espécie, a Micro-Tom (tomate-ce-reja miniatura), que produz uma planta de pequeno porte e frutos pequenos, tem um ciclo de vida muito curto, cerca de 90 dias, o que constitui uma grande vantagem para a prática experimental. Finalmente, o tomate é um produto eco-nomicamente importante, consumido em larga escala no mundo inteiro, tanto in natura como por meio de derivados.

Fonte: Agência Fapesp

Estudo avaliou os efeitos do alumínio e do cádmio no tomateiro, cujo fruto ganha diferentes formatos, tamanhos e coloração, dependendo da tolerância ao cádmio | Foto: Fernando A. Piotto

20 revista Painel

concreto sustentávelUsando matéria-prima que ia para o lixo, indústria inova e cria um novo tipo de concreto

Tecnologia para

Central de concreto investe em tecno-logia que diversifica a matéria-prima para obter produtos sustentáveis. a experiência foi apresentada pelo engenheiro José ro-berto romero, diretor da empresa, em um evento em Portugal, conquistando reco-nhecimento internacional para a iniciativa.

ele explica que usa o eva na mistura para produção de concreto, resultando em um material próprio para aplicação em contra-pisos e lajes e na fabricação de blocos e artefatos não-estruturais, como molduras de janelas. Pode ser aplicado

também em projetos de isolamento tér-mico e acústico, uma vez que o concreto resultante desse processo é de menor densidade, mas resiste a pequenos es-forços, podendo também ser aplicado em impermeabilizações.

“Concluímos que a utilização do EVA no concreto, em relação a legislação ambiental é de suma importância, pois o resíduo é aproveitado de maneira correta, sem prejuízo ao meio ambien-te, não sendo depositados em aterros clandestinos, pois o mesmo é de fácil

combustão”, explica romero.romero e o engenheiro José Mário

Zanato desenvolveram o projeto, que já sendo comercializado. além do eva, a empresa também usa resíduos da construção civil e de borracha de pneus na composição do concreto.

apesar de o uso de polímeros no con-creto ser recente, já havia sido citado em pesquisas no final dos anos de 1996. Romero conclui que a reutilização do ma-terial passou a interessar o mercado em razão das severas normas impostas pela Política nacional de resíduos sólidos (PNRS) e a adoção de normas técnicas da associação brasileira de normas Técnicas (ABNT), como a NBR 10.004 Resíduos sólidos - Classificação. Romero estima que são descartadas 15 mil toneladas de eva por ano pela indústria.

TestesOs testes iniciais foram feitos em labora-

tório. neles, foram analisados os materiais que seriam incorporados à produção do concreto, verificando o comportamento e a viabilidade de sua utilização.

Concluiu-se que para utilizá-lo é ne-cessário avaliar a oportunidade desde o processo de fabricação. O eva deve estar disponível em grande quantidade, para justificar o investimento no transporte,

engenharia

Concreto com EVA

aeaarP 21

Concreto com EVA, sendo aplicado em uma laje para regularização

Concreto com EVA, aplicado em uma laje para regularização

Piso sobre o concreto com EVA

Concreto leve (densidade < 1.600 kg/m3)

agregados Media Unid.

argila 1,20 – 2,00 Ton/m3

Pomes 0,70 – 1,20 Ton/m3

Celular 0,50 – 2,10 Ton/m3

isopor 0,40 – 0,80 Ton/m3

vermiculita 0,30 – 0,60 Ton/m3

Comparativo agregados Media Unid.

brita 2,30 – 2,50 Ton/m3

manuseio e processamento do material. O plano de negócios deve levar em con-sideração também os custos de logísticas de outros agregados – como a areia e a brita – para avaliar a competitividade do eva no processo.

Como é usadoO eva usado pela central de concreto

é resultado do processo de fabricação de calçados e também da indústria de materiais esportivos. Os retalhos são tri-turados em um moinho de facas rotativas. A granulometria é definida pela abertura da peneira de saída. a conclusão da pes-quisa foi a de que o eva proporciona boa aderência à pasta de cimento em função da forma, embora aumente a quantidade de água da mistura para obter o resultado desejado. aumenta também a penetra-ção da pasta de cimento nos poros, o que faz crescer a quantidade de cimento utilizado por metro cúbico.

Os procedimentos de cura dos con-cretos com agregados leves podem ser iguais aos adotados para os concretos convencionais. O agregado leve beneficia

o processo de hidratação do cimento, pois parcela da água retida pelos agre-gados é transferida para a matriz de ci-mento durante a hidratação, garantindo assim a presença de água necessária para as reações químicas, fenômeno denomi-nado cura interna.

Os concretos executados com eva são diferentes dos concretos convencionais em função das características do agre-gado. a composição leva cimento, areia, agregado leve (que é a característica do EVA) e aditivo polifuncional. O método de dosagem definido em laboratório levou em consideração a necessidade de projetar um concreto com massa específica, absorção de água nos agre-gados e variação da massa em função da dimensão.

O concreto produzido com eva.a é comercializado há dois anos. Os

clientes são desde construtores de pequenas obras, como residências, até grandes estruturas, como edifícios.

22 revista Painel

clima

precisasPrevisões

O modelo permitirá previsões de tempo com mais de dois dias de antecedência, o que não era possível no modelo anterior

As previsões de eventos extremos de tempo e clima no brasil, como chuvas intensas e períodos de seca causados pelo El Ninõ – o aquecimento anormal das águas superficiais e sub-superficiais do oceano Pacífico Equatorial –, podem se tornar mais assertivas nos próximos meses.

O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), começou a realizar este ano previsões de tempo em escala mundial (de um a sete dias) com um novo modelo atmosférico de circulação global.

Denominado BAm (Brazilian Global At-mospheric model), o modelo foi desen-volvido totalmente no país ao longo dos últimos quatro anos por pesquisadores da divisão de Modelagem e desenvolvi-mento (DmD) do CPTEC-Inpe.

O baM será a componente atmosférica do Modelo brasileiro do sistema Terrestre (BESm, na sigla em inglês), desenvolvido

de meteorologia é não representar muito bem duas forçantes (mudanças impos-tas no balanço de energia planetária que, tipicamente, causam alterações na temperatura global) que têm forte influência no tempo e clima da América do Sul: a forçante topográfica, associada aos andes, e a forçante térmica, devido à liberação de calor latente das nuvens na amazônia.

“a maioria dos modelos numéricos atmosféricos globais falha na represen-tação da cordilheira dos andes devido ao fato de que ela é muito estreita e sua altura varia abruptamente em poucos quilômetros de distância”, afirmou.

Esse problema matemático tem um impacto muito grande no transporte da umidade da amazônia para o sul e o sudeste do país e, consequentemente, na previsão de tempo e de clima sazonal especialmente para estas duas regiões, explicou o pesquisador.

“Ao melhorar nosso modelo climático

para projeções de mudanças climáticas, com apoio da FaPesP.

O modelo deverá ser acoplado ao besM este ano para ser usado não somente em projeções de mudanças climáticas, mas também para a previsão de clima sazonal (até três meses).

“adquirimos muita experiência no desenvolvimento da dinâmica e de pro-cessos físicos em modelos atmosféricos globais e, como o modelo atmosférico anterior ao BAm usado pelo CPTEC que estava em operação desde 2010 não era mais adequado para resoluções espaciais menores ou iguais a 20 quilômetros, decidimos desenvolver um novo modelo mais adaptado para essas resoluções e às condições climáticas da América do Sul”, disse silvio nilo Figueroa, chefe da dMd do CPTEC-Inpe e integrante do projeto, à Agência FAPESP.

de acordo com Figueroa, uma das limi-tações dos modelos globais americanos, europeus e de outros centros mundiais

aeaarP 23

atmosférico global para representar melhor as regiões montanhosas da américa do sul e a formação das nuvens na amazônia será possível melhorar as previsões de tempo e de clima sazonal no brasil. esse será nosso grande dife-rencial com relação a outros modelos globais e uma contribuição brasileira à comunidade cientifica internacional”, estimou Figueroa.

segundo o pesquisador, com o baM também será possível melhorar a repre-sentação de chuva na amazônia.

Por meio de projetos que estão sendo realizados na amazônia, como o Projeto Chuva e a campanha científica Green Ocean Amazon (GOAmazon) – ambos com apoio da FaPesP –, será possível ajustar o baM para melhorar a repre-sentação da formação de nuvens na amazônia, apontou.

“Com a melhoria da representação tan-to da amazônia como dos andes no mode-lo será possível fazer previsões de tempo e de clima com melhor confiabilidade e qualidade para a região sudeste”, avaliou.

Melhor resoluçãoOutro avanço apresentado pelo baM,

segundo Figueroa, será no aumento da resolução espacial com a qual as previ-sões de tempo e clima feitas pelo CPTEC passarão a ser processadas.

O modelo atmosférico de circulação global usado até então pela instituição –

o AGCm3 – processava as previsões com resolução espacial de 45 quilômetros (km) e 64 camadas na vertical.

Já o BAm processa as previsões com resolução espacial de 20 km e 96 cama-das na vertical.

O aumento da resolução espacial do modelo possibilita representar melhor a topografia, a dinâmica (equações do movimento da atmosfera) e a física (ra-diação, camada, limite, processos de su-perfície e microfísica) da América do Sul.

Além disso, realizará previsões de tempo com mais de dois dias de antece-dência – algo que o modelo anterior não permitia, comparou Figueroa.

“O modelo antigo apresentava uma queda de desempenho a partir do segundo dia de previsão. Com o BAm conseguimos fazer previsões de tempo com mais dias de antecedência e maior nível de confiança”, afirmou.

O BAm ficou em modo experimental durante um ano e em fase pré-operacio-nal nos últimos três meses.

durante esse período, os pesquisado-res fizeram uma avaliação de desempe-nho do modelo para previsão de chuva sobre a região sudeste.

Os resultados da avaliação indicaram que as previsões feitas com o modelo apresentaram níveis de qualidade simi-lares às geradas pelo Global Forecast System (GFS), do National Center for Envi-ronmental Prediction (NCEP), dos Estados

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Unidos – considerado um dos melhores modelos em operação no mundo.

“O baM conseguiu prever com vários dias de antecedência as fortes chuvas que ocorreram na região no mês passado causadas pela Zona de Convergência do Atlântico Sul [banda de nebulosidade que se estende desde o sul da região amazônica até a região central do atlân-tico Sul]”, disse Figueroa.

de acordo com o pesquisador, as previ-sões feitas pelo BAm abrangem grandes áreas do globo, da ordem de 20 km. Por isso, podem não capturar indícios de mudanças do tempo para uma região menor, da ordem de poucos quilômetros, como um município da região metropo-litana de são Paulo.

Para realizar previsões de tempo para essas áreas menores os modelos mais in-dicados são os regionais, com resolução espacial entre 1 e 10 km, como o eTa e o BRAmS, usados pelo CPTEC.

Os modelos globais como o baM, contudo, servem aos modelos regionais como condições de contorno (informam as condições atmosféricas na divisa das regiões abrangidas pelos modelos re-gionais). Dessa forma, a qualidade das previsões dos modelos regionais depen-de também em parte da qualidade das condições atmosféricas previstas pelo modelo global, ponderou o pesquisador.

“são os modelos atmosféricos globais que fornecem a temperatura, o vento e outras variáveis nas bordas dos modelos regionais em intervalos de três a seis horas para que os modelos regionais consigam fazer previsões para um dia dentro de suas respectivas áreas de domínio”, afirmou.

O baM, por exemplo, fornecerá con-dições de contorno para os modelos regionais de 1 km que serão usados como forçante para previsões de ondas

e correntes para a baía de guanabara durante as Olimpíadas do rio de Janeiro, disse Figueroa.

Capacidade de computaçãosegundo o pesquisador, o baM está

pronto para rodar com uma melhor resolução espacial, de 10 km. Uma das limitações para rodar o modelo com essa resolução, contudo, é a falta de capaci-dade computacional.

a capacidade computacional do su-percomputador Tupã, adquirido no final de 2010 pelo ministério da Ciência, Tec-nologia e Inovação (mCTI) e a FAPESP e instalado no CPTEC, já está no limite, de acordo com Figueroa.

Um teste realizado pelos pesquisa-dores do CPTEC para avaliar o desem-penho do atual supercomputador para processar o modelo baM, adaptado a uma resolução espacial de 10 quilôme-tros, demonstrou que mesmo utilizando toda a capacidade de processamento do supercomputador Tupã, fazendo uso de seus 30 mil processadores ao longo de duas horas, foi possível gerar previsões para apenas 24 horas.

Com um computador novo 28 vezes mais potente, por exemplo, demoraria aproximadamente uma hora para fazer previsões com até sete dias de antece-dência, comparam os pesquisadores.

dessa forma, o atual supercomputador é incapaz de gerar previsões operacio-nais para até sete dias, sendo limitado também para realizar previsões de clima sazonal com alta resolução espacial, apontou Figueroa.

“O máximo que conseguimos com o Tupã hoje é rodar o baM com resolução espacial de 20 km. mas se tivéssemos maior capacidade computacional conse-guiríamos rodar o modelo com resolução espacial de 10 km”, disse.

Já o besM – do qual o baM será uma das componentes principais, a atmosfé-rica – está rodando hoje com resolução espacial de 180 km, aproximadamente.

O ideal, de acordo com o pesquisador, é que o modelo do sistema terrestre para mudanças climáticas e previsão sazonal rode com 100 km ou menos de resolução espacial.

“Quanto melhor a resolução espacial do modelo, melhor também é a capaci-dade de representar a topografia, como vales e montanhas, e o contraste entre mar e continente. Com resolução espa-cial de 180 km, estes contrastes não são bem definidos, e a praia pode parecer terra”, exemplificou Figueroa.

Segundo o pesquisador, hoje institui-ções como o NCEP, dos Estados unidos, por exemplo, tem capacidade para rodar seu modelo global atmosférico de tem-po a uma resolução espacial de 13 km, usando supercomputadores entre 30 e 50 vezes mais velozes que o Tupã – na ordem de PetaFlops ou 1015 operações de ponto flutuante por segundo.

“a tendência é que nos próximos cinco a sete anos os modelos globais estejam rodando com 1 a 2 km de resolução es-pacial. aí não será mais necessário usar modelos regionais, porque a topografia de uma região, como o vale do Paraíba, estará muito bem representada nos mo-delos globais”, estimou Figueroa.

a ideia é que o baM represente o início do desenvolvimento da futura geração do modelo global atmosférico do CPTEC--inpe, em que o mesmo modelo será usado para a previsão de tempo global, com resolução menor de 5 km, e para clima sazonal e mudanças climáticas, com resoluções da ordem de 10 a 25 km, afirmou o pesquisador.

Fonte: Agência Fapesp

aeaarP 25

crea-sp

Responsabilidade técnica em centrais de gás

Aos CREAs cabe a responsabilidade pela fiscalização das atividades técnicas relacionadas à área tecnológica, como a engenharia, agronomia, profissionais tecnólogos e técnicos de nível médio, entre outras. As atividades abrangem também a execução e a manutenção de centrais de gás, seja ela de distribuição, em edificações, e em redes urbanas sub-terrâneas, de produção, transformação, armazenamento e distribuição, que são disciplinados pelo CONFEA através da Decisão Normativa Nº 32 de 14 de de-zembro de 1988.

Essas atividades somente poderão ser executadas sob a responsabilidade téc-nica de profissional ou empresa devida-mente habilitados e registrados no CREA.

Como em todas as atividades técnicas regulamentadas pelo sistema CONFEA/CREA, também aquelas relativas às Cen-trais de Gás estão sujeitas à formação dos profissionais e à atribuição que cada atividade exige, de acordo com a área e a complexidade do serviço a ser desenvolvido.

Como toda atividade técnica desen-volvida pelos profissionais do sistema

CONFEA/CREA, é obrigatório, pela Lei 6496/77, o recolhimento da respectiva anotação de responsabilidade Técnica (ART). O recolhimento da ART deverá ser efetuado de uma só vez antes do início da execução para as atividades de proje-to, fabricação, instalação ou montagem e laudos técnicos.

No caso da atividade de manutenção há duas hipóteses. Quando o contrato de manutenção possuir validade igual

Decisão Normativa 32/1988

1. Têm atribuições para exercer as atividades de projeto, execução e manutenção de centrais de gás, os seguintes profissionais:

1.1. Engenheiros civis, de fortificação e arquitetos para as centrais de gás de distribuição em edificações;

1.2. Os engenheiros mecânicos, químicos, e industriais das modalida-des mecânica e química para as Centrais de Gás de distribuição em edificações, Centrais de Gás de distribuição em redes urba-nas subterrâneas e Centrais de Gás de produção, transformação, armazenamento e distribuição;

1.3. Os engenheiros metalurgistas e industriais da modalidade me-talurgia para as Centrais de Gás de produção, transformação, ar-mazenamento e distribuição, na área de metalurgia.

ou inferior a um ano, o valor referente à arT deverá ser recolhido de uma só vez antes do início da vigência do contrato. Mas, se a validade for superior a um ano, deverá ser recolhida uma arT por ano, com a taxa proporcional ao período de validade do contrato. Caso o contrato de manutenção seja por prazo indeter-minado deverá ser recolhida uma arT correspondente ao valor de contrato para cada período de 12 meses.

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iniciação tecnológica

2 estágio em escritórios internacionais

Estão abertas as inscrições – até o dia 30 de setembro – para o Archi-World Academy

Awards, premiação voltada a estudantes de arquitetura. O evento oferece a chance de

estagiar por seis meses em grandes escritórios internacionais. na edição de 2013/2015, o

brasileiro Wallison Caetano foi selecionado para trabalhar com o italiano mario Cucinella.

nesta edição, os concorrentes devem apresentar projetos sobre o tema “arquitetura do

Futuro Responsável”. Podem participar gratuitamente estudantes de arquitetura de todo

o mundo, sem limite de idade, e os trabalhos podem ser inscritos individualmente ou em

grupo (máximo de cinco pessoas).

Fonte: AU.pini

3Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) abre chamada para bolsa de iniciação tecnológica

a alunos do ensino superior. Os bolsistas terão a colaboração de pesquisadores do instituto

e contarão com a infraestrutura laboratorial do IPT. A iniciativa selecionará 20 projetos de

pesquisa, que vai da bionanotecnologia à construção civil. As bolsas, no valor de R$ 800, serão

pagas mensalmente pelo período de um ano, podendo ser prorrogadas por mais 12 meses.

interessados devem apresentar um projeto acordado entre um orientador da universidade

em que estuda e um orientador do iPT, na área técnica em que pretende desenvolver o

projeto. as propostas serão recebidas até dia 15 de abril, com divulgação dos resultados no

dia 9 de maio. Informações: (11) 3769-6913. Fonte: IPT

estação ferroviária de nhumirim, em santa Rosa de Viterbo (SP), que compôs o ramal de santos dumont e operou por mais de 50 anos. É preservada por um grupo de jovens da cidade.

1Foto: Daniela Antunes