Oposiçons à medida do professorado interino excluem ... · TRÊS OPINIONS SOBRE o passado e o...

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NÚMERO 59 15 DE OUTUBRO A 15 DE NOVEMBRO DE 2007 1 Villarino foi premiada com a Presidência do Parlamento apesar de ser responsável por fraudes milionárias em Vigo A presidenta do Parlamento autonómico, Dolores Villarino Santiago, cedeu em pro- priedade privada o parque de estacionamento da rua Rosália de Castro em Vigo, antes da sua construçom e mesmo de que se tivesse constituído o organismo que devia regular a concessom. A fraude, ratificada polo Tribunal Supremo, poderá supor custos de mais de 30 milhons de euros para os fundos municipais, junto à produzida com a construçom da urbanizaçom desta rua e outras 26 intervençons das quais foi res- ponsável em qualidade de verea- dora de Gestom Urbanística, como as ilegais torres do Clube Financeiro. Dolores Villarino foi sócia de Ubaldino Rodríguez Bello, o empresário que lidera o macro-projecto urbanístico nos terrenos de Massó em Cangas, e ocultou a sua experiência no ámbito para fugir a responsabili- dades penais. Mas nom só ela participou na trama viguesa: os governos de Lois Pérez Castrillo ou Corina Porro fôrom responsá- veis por importantes operaçons irregulares que gerárom milhons de euros para cofres privados em detrimento dos orçamentos municipais. Novas da Galiza exa- mina as redes de corrupçom assi- nalando os responsáveis direc- tos. E fazemos público o papel do principal ‘conseguidor’ das promotoras que operam na cida- de, Pedro Costas Gil, o encarre- gado de abrir portas às empresas para participar do tesouro urba- nístico que gera a maior urbe da Galiza. / Pág. 11 Milhares de pessoas exigem de novo a saída de Reganosa da Ria de Ferrol / 04 E AINDA... Outras opinions: Encorados de Xurxo Borrazás e Porque se protesta? de André Rodrigues “Nós levamos por diante o nome de Ourense e da Galiza, e só temos 400 euros por ano” Daniel Calles, jogador da Selecçom Galega juvenil de Rugby PÁGINA 19 Estradas de alta capacidade para o fomento da turistificaçom Novas da Galiza analisa os verdadeiros interesses especulativos que se escondem atrás das polémicas autoestradas de Briom, Barbança e Cantábrico / 10 Oposiçons à medida do professorado interino excluem aspirantes sem experiência docente A oferta de emprego público para o ensino mais numerosa da história excluiu ao colecti- vo de aspirantes sem expe- riência docente das possibili- dades de aceder às vagas ofer- tadas. Por volta de 90% das pessoas que conseguírom ace- der à funçom pública através dos últimos exames eram pro- fessorado interino que conse- guiu assim afiançar o seu tra- balho. Apesar de ser necessá- rio regularizar o trabalho deste sector, as bases das últi- mas oposiçons nom integrá- rom a possibilidade de incor- porar provas específicas para o professorado nom interino ou de habilitar umha percen- tagem das vagas a cobrir por parte deste importante grupo. Aspirantes com notas que oscilam entre o 8,5 e o 10 nos exames nom conseguírom aceder ao trabalho público por causa de um regulamento feito à medida do professora- do interino, que contou com o apoio das principais centrais sindicais. Pessoas que sofrê- rom esta exclusom e membros de tribunais consideram que as bases que delimitárom o acesso contenhem alíneas que permitírom um processo de selecçom “arbitrário e dis- criminatório” para quem depositou os seus esforços em preparar umhas oposiçons que já tinham claros destina- tários. / Pág. 15 A TRAMA URBANÍSTICA OLÍVICA E OS SEUS BENEFICIÁRIOS A DESCOBERTO CONVOCAM MANIFESTAÇOM PARA deterem o Plano Aqüícola que promove mais viveiros / 06 PEDEM 18 E 21 anos de prisom para Giana Rodrigues e Ugio Caamanho respectivamente / 07 TRÊS OPINIONS SOBRE o passado e o futuro do BNG: Carlos Aymerich, Uxio-Breogán Diéguez e Charo Fernández Velho Dolores Villarino foi vereadora de Gestom Urbanística na cidade olívica

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NÚMERO 59 15 DE OUTUBRO A 15 DE NOVEMBRO DE 2007 1 €

Villarino foi premiada com a Presidênciado Parlamento apesar de ser responsávelpor fraudes milionárias em Vigo

A presidenta do Parlamentoautonómico, Mª DoloresVillarino Santiago, cedeu em pro-priedade privada o parque deestacionamento da rua Rosália deCastro em Vigo, antes da suaconstruçom e mesmo de que setivesse constituído o organismoque devia regular a concessom. Afraude, ratificada polo TribunalSupremo, poderá supor custos demais de 30 milhons de euros paraos fundos municipais, junto àproduzida com a construçom daurbanizaçom desta rua e outras

26 intervençons das quais foi res-ponsável em qualidade de verea-dora de Gestom Urbanística,como as ilegais torres do ClubeFinanceiro. Dolores Villarino foisócia de Ubaldino RodríguezBello, o empresário que lidera omacro-projecto urbanístico nosterrenos de Massó em Cangas, eocultou a sua experiência noámbito para fugir a responsabili-dades penais. Mas nom só elaparticipou na trama viguesa: osgovernos de Lois Pérez Castrilloou Corina Porro fôrom responsá-

veis por importantes operaçonsirregulares que gerárom milhonsde euros para cofres privados emdetrimento dos orçamentosmunicipais. Novas da Galiza exa-mina as redes de corrupçom assi-nalando os responsáveis direc-tos. E fazemos público o papeldo principal ‘conseguidor’ daspromotoras que operam na cida-de, Pedro Costas Gil, o encarre-gado de abrir portas às empresaspara participar do tesouro urba-nístico que gera a maior urbe daGaliza. / Pág. 11

Milhares de pessoas exigem de novo asaída de Reganosa da Ria de Ferrol / 04

E AINDA...

Outras opinions: Encorados de Xurxo Borrazáse Porque se protesta? de André Rodrigues

“Nós levamos por diante o nome de Ourense e da Galiza, e só temos 400 euros por ano” Daniel Calles, jogador da Selecçom Galega juvenil de Rugby PÁGINA 19

Estradas de alta capacidadepara o fomento da turistificaçomNovas da Galiza analisa os verdadeiros interesses especulativos que se escondem atrásdas polémicas autoestradas de Briom,Barbança e Cantábrico / 10

Oposiçons à medida doprofessorado interinoexcluem aspirantes semexperiência docente

A oferta de emprego públicopara o ensino mais numerosada história excluiu ao colecti-vo de aspirantes sem expe-riência docente das possibili-dades de aceder às vagas ofer-tadas. Por volta de 90% daspessoas que conseguírom ace-der à funçom pública atravésdos últimos exames eram pro-fessorado interino que conse-guiu assim afiançar o seu tra-balho. Apesar de ser necessá-rio regularizar o trabalhodeste sector, as bases das últi-mas oposiçons nom integrá-rom a possibilidade de incor-porar provas específicas parao professorado nom interinoou de habilitar umha percen-tagem das vagas a cobrir por

parte deste importantegrupo. Aspirantes com notasque oscilam entre o 8,5 e o 10nos exames nom conseguíromaceder ao trabalho públicopor causa de um regulamentofeito à medida do professora-do interino, que contou com oapoio das principais centraissindicais. Pessoas que sofrê-rom esta exclusom e membrosde tribunais consideram queas bases que delimitárom oacesso contenhem alíneasque permitírom um processode selecçom “arbitrário e dis-criminatório” para quemdepositou os seus esforços empreparar umhas oposiçonsque já tinham claros destina-tários. / Pág. 15

A TRAMA URBANÍSTICA OLÍVICA E OS SEUS BENEFICIÁRIOS A DESCOBERTO

CONVOCAM MANIFESTAÇOM PARA deterem o PlanoAqüícola que promove mais viveiros / 06

PEDEM 18 E 21 anos de prisom para GianaRodrigues e Ugio Caamanho respectivamente / 07

TRÊS OPINIONS SOBRE o passado e o futuro do BNG:Carlos Aymerich, Uxio-Breogán Diégueze Charo Fernández Velho

Dolores Villarino foi vereadora de Gestom Urbanística na cidade olívica

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OBNG é umha frente dediferentes partidos e sen-sibilidades. Isto é conheci-

do por qualquer pessoa minima-mente interessada pola política doPaís, mas agora que o Bloco acabade cumprir 25 anos de história, qualé o caminho que tem por diante?

Pola primeira vez umha forçanacionalista chega ao governo daJunta, e esta nova situaçom vai dealgum modo incidir na organiza-çom interna do BNG, seguramen-te em maior medida do que pode-rá repercutir no seio do PSOE. Eisso porque apesar de que o BNGtivesse já governado algumhas dassete grandes cidades, e hoje sejaforça de governo em muitos con-celhos, a dimensom orçamentá-ria, simbólica e social que tem degerir o governo a nível autonómi-co é mui superior; eis onde umpartido político nacionalista poderealmente tentar desenvolver umprojecto nacionalizador para oconjunto da sociedade galega.

O PSOE, polo contrário, já temumha experiência o suficientemen-te longa, tanto noutras naçons eregions do Estado espanhol quantona própria Galiza (isso sim, brevecomo foi a do tripartido deGonzález Laxe), como para que achegada ao poder na Galiza nomlhe afecte além do que podem serdiferenças pessoais internas pró-prias de qualquer organizaçom.

A explicaçom, do meu ponto devista, é bastante simples. O BNGirá agudizando nos próximos anosas suas contradiçons políticas até

resolvê-las finalmente. A frentetem tido ao longo destes anosumha estética e formas exterioresde quase extrema-esquerda, graçassobretodo ao domínio da UPG, par-tido que nom soubo evoluir a partirde umha cultura organizativa inter-na e uns modos herdados das durasépocas da clandestinidade. Outraspartes do BNG, mais moderadasdentro do espectro político esquer-da-direita, quer de centro (PNG),quer procurando o voto nacionalis-ta moderado (Quintana), quer osocialismo ou social-democracia(Esquerda Nacionalista, EncontroIrmandinho e outros socialistas decarácter independente), nuncativérom essa esquizofrenia entre o

que defendem no seio interno dassuas organizaçons e o que defen-dem para fora, pois o BNG na práti-ca defendia e defende hoje maisque nunca os seus posicionamentosideológicos na sociedade.

Ora bem, se até este momentose podiam tapar mais ou menosessas contradiçons por estar na opo-siçom, quando o BNG atingiu final-mente as responsabilidades degoverno a situaçom mudou. UmBNG no Executivo tinha quetomar decisons. E já se sabe quequem está no governo nem podecontentar todo o mundo nem mui-tas vezes pode ser todo o coerenteque quereria, por serem em geralcomplexas as situaçons sociais.

Daí que em apenas um ano degoverno saltassem as contradi-çons e se gerasse umha cissom daUPG: o Movimento pola Base e aorganizaçom juvenil Isca!, confor-mado por pessoas que quigérommanter a coerência entre a suateoria e praxe de sempre e que seauto-organizárom nesta novacorrente no seio da Frente.

Se o BNG mantiver a sua pre-sença na Junta nos próximos anos(algo previsível com um PP nocontexto actual, isolado, despres-tigiado, sem rumo e sem poder naAdministraçom autonómica),entendo que vai haver paulatina-mente um reajuste entre a organi-zaçom e o poder institucional que

fará com que a pouco e poucovaiamos fazendo mais coerente onosso discurso interno e externo.A UPG ainda é o partido indiscu-tivelmente dominante hoje emdia dentro do BNG, nomeada-mente no plano organizativo, porisso nom sabemos se esse ‘acopla-mento’ do discurso e dos factos seproduzirá porque a própria UPGirá evoluindo para posiçons maismoderadas ou porque o BNG iráaumentando a sua massa de filia-çom, conduzindo a um modelo deorganizaçom nacionalista, maisconvencional a nível ideológico,que reflicta a própria pluralidadeideológica que a sociedade galegatem. A populaçom galega tem-sesituado sempre em posiçons pre-dominantemente centrais noespectro esquerda-direita, comoteimosamente tenhem demons-trado os estudos sócio-políticossobre a sociedade galega desde aúltima Restauraçom bourbónica.

Também caberia umha terceirapossibilidade, que seria a unidadede acçom entre as partes do BNGmenos extremas no ideológico,nomeadamente socialistas ou filo-socialistas, que poderia dar lugar aum BNG diferente ao que conhe-cemos. Mas só o tempo nos dirá oque vai acontecer. Do que estoucerta é de que nada permanece,todo se transforma. E o BNG nom éumha excepçom.

Charo Fernández Velho é membroda Executiva Nacional de Esquer-da Nacionalista e do BNG

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200702 OPINIOM

O PELOURINHO DO NOVAS

Se tens algumha crítica a fazer, algumfacto a denunciar, ou desejas transmi-tir-nos algumha inquietaçom oumesmo algumha opiniom sobre qual-quer artigo aparecido no NGZ, este éo teu lugar. As cartas enviadas deve-rám ser originais e nom poderámexceder as 30 linhas digitadas a com-putador. É imprescindível que os tex-tos estejam assinados. Em caso con-trário, NOVAS DA GALIZA reserva-se odireito de publicar estas colaboraçons,como também de resumi-las ouestractá-las quando se consideraroportuno. Também poderám ser des-cartadas aquelas cartas que ostenta-rem algum género de desrespeito pes-soal ou promoverem condutas antiso-ciais intoleráveis. Endereço: [email protected]

RESPEITO POLA TOPONÍMIAGALEGO-BERCIANA

Estes últimos dias os meios decomunicaçom de Castela, Leom e oBerzo comentárom umha notíciarelacionada com o centro escolar deVila de Paus. O curioso do caso é quenom encontramos coincidência nadenominaçom do colégio: Campo daVila, Campo de la Vila ou Campo dela Villa. Evidentemente o seu nomeé Campo da Vila, mas é surpreen-dente tanta confusom na hora de darcom o nome certo. Para muitos jor-nalistas continua a soar mui rarinhoassumir a existência de palavras emgalego no Berzo, por isso há que fazero esforço normalizador por castelha-nizá-las, nom é? Alguns defendemsem tino que no ocidente da nossaregiom berciana nom se regista, nemhouvo jamais, toponímia em idiomagalego, o que ficam som restos do‘chapurreao’, próprio de falantes

ignorantes que nom sabem castel-hano. Todo o arcaísmo dialectal deveser eliminado através da correcçomcontínua e contundente nos meiosde comunicaçom... em prol da objec-tividade informadora!

Continuemos entom. Se reconhe-cemos que a denominaçom real éCampo da Vila... como devemos cha-mar à povoaçom onde se encontra?Vila de Paus ou Villadepalos?Evidentemente, Vila de Paus, masolha que soa tam mal na fala popular,tam agalegado. Mantenhamos mel-hor o culto Villadepalos, que é maisoficial, e ademais, em castelhano todoo mundo o entende. Enfim, todo sejaporque os bercianos e as bercianasnom descubram a origem lingüísticade Vila de Paus, nem dos outros luga-res da zona, de clara etimologia galega:Carrazedelo, Cacabelos, Peom,Paradela, Penedela, Vila Maior, Touraldos Vaus e demais. O conhecimentode certas verdades idiomáticas podedoer, exige autocrítica, rejeiçom depreconceitos, etc. A tomada de cons-

ciência idiomática é progressiva,depois vem a familiaridade, a seguir osbercianos e os galegos som co-irmaos,ou pior, irmaos, e depois pedem viverjuntinhos, vê-l’aí a segregaçom territo-rial... Que perigos nos espreitam!

O caso da confusom terminológi-ca do Campo da Vila nom é um factoanedótico, como bem podemosdeduzir. Acontece com a maior parteda toponímia galego-berciana, tantomaior (nomes de concelhos, serras,montes, rios...) como menor (reguei-ros, penas, cavorcos, carreiros, valin-has, pradoiros...).

Admitamos o que acontece diantedos nossos olhos com as obrigadas cas-telhanizaçons das Médulas, Cornatelo,S. Pedro de Devesas, Toural deMeraio, Quilous, Faveiro, Pereje, Veigado Val Cárcere, Varjas e demais. OBerzo ocidental, tam galeguizadodurante séculos, está a ser castelhani-zado, em parte polas dinámicas políti-cas derivadas da integraçom naComunidade Autónoma de Castela-e-Leom. O único idioma oficial deste

amplo e tam diverso território é o cas-telhano, para os demais idiomas mino-ritários nom há reconhecimento de ofi-cialidade. Força-se assim a convivênciasocial com a imposiçom idiomática emcastelhano, aos falantes das outras lín-guas nom se nos concedem direitoslingüísticos, simplesmente somos des-prezados e discriminados.

A estratégia política que sofremosprocura a morte do idioma galego e,polo mesmo, a perda de especificida-de da nossa regiom berciana, comtodo o tipo de entraves jurídicos eadministrativos forçados. E assimprovocar a nossa assimilaçom defini-tiva dentro da identidade política ecultural de Castela-e-Leom.

Xabier Lago MestrePonferrada

Este texto, como a toponímia a que nelese fai referência, foi adaptado porNGZ a partir do original, que seguiaumha adequaçom da norma ILG-RAGpara o galego oriental.

Nada permanece, todo se transforma: o BNG nom é umha excepçom

CHARO FERNÁNDEZ VELHO

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2007 03EDITORIAL

Somos o país dos mil rios,certo. Se contarmos idoirose regatos, mil ainda som pou-

cos. Mas nom somos os únicos.Nas selvas tropicais do Brasil oudo sueste asiático, ou ao norte naFinlándia ou no Canadá, a água,ganham-nos pola mao.

Se em vez de rios falássemosde encoros, amiguinho!, já have-ria que pôr-se a contar: a wikipe-dia, a nós, reconhece-nos mais decento e vinte.

Eu calculo que num dos grandes,num só, por exemplo o de Portasou o da Fervença, poderia afogar apopulaçom de facto e de direito detodos os concelhos com mais decinqüenta habitantes, tranqüila-mente. E ainda havia ficar sítio.

Estamos tam afeitos a viverentre os encoros que parece menti-ra que só levem aí umhas décadas.Incrível. Se já som parte da nossamemória sentimental! Se hojeesvaziassem Castrelo do Minho, agente sairia protestar porque lhetiram a sua zona de lazer. A vila dePorto Marim, a franquista, pareceumha aldeia histórica. O salto doJalhas, ao pé do monte Pindo, abrea bilha aos domingos do meio-diaàs duas e converte os nativos emturistas. O encoro é já umha metá-fora da Galiza.

Vivemos num tempo de acumu-laçom e estancamento. Fala-se decash flow, fluxo do capital, mas ocapital amoreia-se a cada passo emmenos maos. Já nom ergue cada pai-sano a casa onde lhe peta, agora écada promotora imobiliária a queprojecta a sua macrourbanizaçom-encoro onde lhe apetece, e os com-pradores somos os regatos queentornamos a nossa água ali. Oshipermercados e as franquias chan-tam-se como encoros e o encerra-mento das pequenas lojas alimentao seu caudal. Os grandes bancos ecorporaçons recolhem na sua cuncaamuralhada a água de todos osafluentes financeiros.

Os encoros dam-nos a luz mastambém as descargas eléctricas. Porfora podem parecer o lago deGenebra mas o seu silêncio é sinis-tro, esconde umha reverberaçomque os nossos ouvidos apenas perce-bem, mas o cérebro sim, um ultras-som de cadeira eléctrica em standby.A paz nas ribeiras de um encoro é apaz dos mortos, ou dos anestesia-dos. Para a FENOSA um rio semencoros nom é só um potencial des-aproveitado: é um rio estragado!Nom poderiam ir os pescadores dedomingo pescar as suas carpas e os

seus silúrideos. Nem os pijos com assuas motos de água e os seus velei-ros cutres. Para estes o encoro éideal, para os pijos... ou para quemquiger esconder um cadáver entre alama do fundo. Ideal.

Na política, o Estado espanhol e asua constituiçom funcionam comoum encoro, a Igreja funciona comoum encoro, o sistema educativofunciona como um encoro; osmeios, como umha barreira paracoutar as opinions discrepantes.

Nas vilas, os rios-esgotos metem-se por um cano, e para os que aindanom dam nojo constrói-se um leitode pedra e betom. Qualquer riorebelde, qualquer reivindicaçom,deve canalizar-se para um encoro,sem violência, e ali dormir e aman-sar com olhos de peixe cego entre alama do fundo. Cumpre conter ecanalizar todo o que flui.

Se a língua flui, a política lingüís-tica deve actuar como um encoro.Frente à cultura que flui, deveerguer-se o muro transparente masblindado da cultura oficial, e quemencontra vantagens na cultura ofi-cial é também quem encontra maisbenefícios num encoro do quenum rio. Por isso o PP se embarcouna construçom do grande encorodo Gaiás, como umha arca de Noépara as carpas e os silúrideos. E ossucessores do nosso patriarca bíbli-co nom mudárom de rumo, pormuito que lhe queiram dar um arde Novo Testamento.

Se fôssemos chineses, o nossoideal seria a barragem das sete gor-jas. Sendo minifundistas, o nossomodelo agora é o das minicentrais.Há muito vício e quem tem o monoconforma-se com qualquer cousa.

A ideia é a mesma: com o Gaiásnom avonda, cumpre semear oterritório de fundaçons, institutos,delegaçons, centros comarcais,áreas de desenvolvimento... umharede de minicentrais conectadas aogrande encoro através de um tendi-do polo qual circule a vida, em altae média tensom. Isto vam apresen-tá-lo como “aproximar aAdministraçom das pessoas” ou“articular a sociedade civil”.

Quando o encoro está feito, issosim, adeus rios, adeus fontes, eadeus regatos pequenos. Dentrode uns anos veremos os rios comovemos Porto Marim: “umha veztivem um cravo / cravado no cora-çom... arranquei-no... e já nomsentim mais tormentos / nem sou-bem que era dor; / soubem só quenom sei que me faltava / ali onde ocravo faltou...”.

Aárea metropolitana de Vigo é o exemplofavorito dos neoliberais autóctones. Lá, ocrescimento económico desborda, perante

a desídia persistente das instituiçons daAutonomia, e apesar do desgoverno permanentede um poder municipal em eterna rotaçom.

Porém, nom é mui afortunado afirmar que aeconomia triunfa porque a política deserta.Ambas sustenhem um acasalamento intenso eprodutivo, e os excessos da primeira só se con-sumam pola cumplicidade entusiasta dasegunda. Como é sabido, a aplicaçom minu-ciosa das teses 'desenvolvimentistas' traz todoum corolário, perfeitamente visível, de mal-estar e degradaçom social. Ao pé dos índicesde quase pleno emprego e dinamismo empre-sarial, deveriam figurar sempre os indicativosassustadores que provam a precariedade emalta, a desfeita do meio, a expansom de espa-

ços impossíveis de habitar, a perda de valoressolidários, ou o esfarelamento do patrimóniocultural galego.

Estes som os chamados 'danos colaterais' daeconomia desbocada, que os poderes assu-mem como inevitáveis, se quigermos desfrutardos réditos do neoliberalismo gerido noHórreo. Nom contam, no entanto, que porbaixo das toneladas de tijolo bolem iniciativasmui bem organizadas que salpicam o cerne datrama partidária autonomista. Alguns dos prin-cipais implicados nos polémicos PGOM do sulsom bons representantes da esclarecedoraevoluçom das forças 'de progresso'. Sobre elespairam sentenças judiciais condenatórias eumha impopularidade crescente. Se aindamantenhem umha imagem de mínima inocên-cia, é graças aos serviços impagáveis dos fabri-cantes do consenso.

CORRUPÇOM MACIÇA

PEPE CARREIRO

EncoradosXURXO BORRAZÁS

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçomrespeitando a ortografia e citando procedência. A informaçom continua periodicamente no sítio web www.novasgz.com e no portal www.galizalivre.org

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CORRECÇOM LINGÜÍSTICA

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“NA POLÍTICA, O ESTADO ESPANHOL E A SUACONSTITUIÇOM FUNCIONAM COMO UM ENCORO, AIGREJA FUNCIONA COMO UM ENCORO, O SISTEMA

EDUCATIVO FUNCIONA COMO UM ENCORO”

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2007

NOTÍCIAS

04 NOTÍCIAS

REDACÇOM / O Comité deEmergência da Ria de Ferrolcontinua a demonstrar capaci-dade mobilizadora. Juntou maisde 5.000 pessoas em Ferrol noúltimo fim de semana deSetembro e, apesar disso, obipartido continua totalmentesurdo para a vontade popular. Oorganismo exigiu à Junta renun-ciar à sua participaçom no com-plexo, e a que se faga firme asentença do Tribunal Supremoque anulou a tramitaçom dafábrica gasista. Os colectivosecologistas, independentistas eanarquistas apoiárom activa-mente o protesto, com a excep-çom da organizaçom ADEGA,‘seguidista’ com boa parte dasdecisons do bipartido. Os maris-

cadores e mariscadoras, quesofreram especialmente asagressons policiais da passadaPrimavera, tivérom um papelprotagonista.

A mobilizaçom véu precedi-da da explosom de um explosivono lugar de Meá, em Mugardos.Apesar da desvinculaçom doscolectivos vicinais, e da difusommediática de um comunicadoreivindicativo, o presidente daCámara mugardesa, membro doBNG, implicou veladamente osvizinhos na acçom. A GuardaCivil destacou diante dos meiosde comunicaçom que os auto-res da sabotagem som indepen-dentistas, e guardam relaçomcom os passados ataques a inte-resses urbanísticos.

O comunicado anónimo, rece-bido também polo Novas daGaliza, ameaça os interesses eresponsáveis de Reganosa: ospresidentes do Conselho deAdministraçom, os elementosda comissom executiva daempresa, os directores económi-cos e técnicos, e os presidentesda autoridade portuária. Afirma-se também que os verdadeirosbeneficiários da regasificadoraserám FENOSA e ENDESA,máximos accionistas da empresae, aliás, os grandes consumido-res do gás que sai da empresa.Os comunicantes dizem queboa parte da energia que produ-za a central 'se esfumará paraEspanha' através das redes esta-tais de Red Eléctrica.

REDACÇOM / A associaçomecológico-cultural ‘SOSCourel’ optou por acudir à viajudicial para proteger o espaçonatural e cultural desta serrada regiom oriental do País. Nopassado dia 5 de Outubrodecidiu recorrer perante oTribunal Superior de Justiçada Galiza (TSJG) de umhaautorizaçom do Conselho daJunta com data de 21 deJunho de 2007 para a canteirada Campa-Santa Eufémia,situada no meio da bacia do rioLor. A este primeiro passoseguirá, já em Novembro, umnovo recurso contra a licençade actividade para a mesma

canteira e, se se lhe conceder,contra a de abertura.

O colectivo entende que aautorizaçom concedida a estacanteira, sacrificando o espa-ço natural, se enquadra dentroda intençom de declarar oFolgoso do Courel como ‘con-celho mineiro’ ao abrigo daLei de Promoçom da Minariada Galiza.

Devido à situaçom actual,SOS Courel nom descarta terde fazer frente a novos recur-sos judiciais para os que,porém, o colectivo asseguracarecer de fundos económi-cos, de maneira que, atravésdo seu web (http://soscourelsos.

blogspot.com/), facilitam umnúmero de conta em que aspessoas interessadas na con-servaçom deste espaço cultu-ral e natural podem fazer oseu contributo.

Paralelamente à luita nostribunais, SOS Courel acusa aJunta de utilizar «cortinas defumo» e de induzir à confu-som sobre dados e prazosenquanto a serra sofre a des-povoaçom e nom som esclare-cidos nem o futuro do parquenatural do Courel nem onúmero de concessons minei-ras e outras circunstánciasque afectam a conservaçomdeste espaço.

REDACÇOM / Num relatórioapresentado pola plataforma ‘ARia nom se Vende’ recolhem-seos principais focos poluentes ezonas de despejos que afectam olitoral sul. Para além das proble-máticas conhecidas na entradada ria – zona de Nigrám, recheiode Vigo e macrodepuradora – orelatório nom passa por alto ofundo da ria.

A depuradora nom funcionaem Redondela, de maneiraque a Plataforma em Defesada Enseada de Sam Simomtem apresentado por volta detrinta denúncias. As águasresiduais continuam infectan-do este espaço protegido polaRede Natura 2000. EmArcade, vila que sofre umhaprogressiva voragem constru-tiva, no mesmo nascimento daria está umha depuradorainútil e umha fábrica fechadaque envenenou o mar,Pontesa. A enseada de SamSimom é um paradigma depoluiçom por metais pesadosde procedência industrial.

A totalidade do litoral doconcelho de Vila Boa está pro-tegido pola Uniom Europeiacomo Lugar de InteresseComunitário (LIC). Perto daconhecida como Pedra dosCaralhetes, no lugar deAcunha, está situada a conser-veira CONNORSA desde1985. Neste lugar incineram-se periodicamente resíduossólidos lançados para o ar. Nadécada de noventa iniciou-se aconstruçom ilegal de umcaminho sobre recheio emdomínio público marítimo-terrestre com direcçom às ruí-nas das antigas salinas. A obrafoi paralisada definitivamentepola Administraçom, masnessa altura já tinha 50 metrosde recheio consolidados. Noextremo leste da mesma ense-

ada de Vila Boa, está a zona dasantigas salinas de Ulhó, comum entupido bosque autócto-ne de ribeira. Depois de umhaimportante zona de branhaslocaliza-se unha extensa zonade marisma de baixa-mar, quedesde há décadas sofre despe-jos poluentes incontrolados.Unidos às águas residuais e àscinzas e terras dos montesqueimados estám a provocarumha elevada poluiçom e sedi-mentaçom dos fundos marin-hos, com a conseqüente perdade biodiversidade e recursospesqueiro-marisqueiros pró-prios destes ecossistemas.

A zona tem um importantepatrimónio cultural e etnográficosumido no mais absoluto aban-dono e em ruínas. Tanto na zonado bosque de ribeira como debranhas coabitam umha extensavariedade de espécies de faunaterrestre e aquática. Na marismaformada pola desembocadura dorio Verdugo, e estendendo-se portoda a enseada de Sam Simom,dam-se as maiores concentraçonsde aves aquáticas e marinhas daria de Vigo.

Umha marcha percorre a ria deCangas a Monte FerroOrganizada em quatro jornadasdo dia 11 ao 14 de Outubro ‘ARia nom se Vende’ percorreutrajectos de Moanha a Cangas,de Vila Boa a Redondela edesde esta cidade até a Guia,para finalmente caminhar deBouças a Monte Ferro. Duranteo percurso as entidades convo-cantes valorizárom a riquezanatural das zonas que visitá-rom, ameaçadas por diferentesprojectos empresariais comoportos desportivos ou infraes-truturas lesivas com o ambien-te. As caminhadas complemen-tárom-se com diferentes activi-dades lúdicas e informativas.

A manifestaçom convocada polo Comité de Emergência da Ria de Ferrol mobilizou mais de 5000 pessoas / XAN VIÑAS

Milhares de pessoas exigem de novoa saída de Reganosa da ria de Ferrol

SOS Courel acode à Justiça paraproteger o espaço natural e cultural

Aumenta poluiçom nofundo da Ria de VigoRelatório apresentado pola plataforma“A Ria nom se Vende” recolhe os perigosque ameaçam tanto a costa quanto ofundo da Ria de Vigo

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2007 05NOTÍCIAS

REDACÇOM / A organizaçomindependentista NÓS-UPconcentrou os seus simpatizan-tes na Praça de Simom Bolívar,em Vigo, para homenagearcidadaos e cidadás galegas sig-nificadas polo seu compromis-so internacionalista. No qua-dragésimo aniversário da mortedo Che Guevara, os indepen-dentistas quigérom lembrardúzias de pessoas pouco con-hecidas na sua terra, apesar doseu importante papel em pro-cessos sociais e políticos nou-tras latitudes. É o caso dosgalegos e galegas implicados naindependência cubana e nainstauraçom do socialismo naAmérica Latina. No próprioacto, umha representante daorganizaçom juvenil Brigatomou a palavra, complemen-tando o discurso do represen-tante de NÓS-UP.

Umha semana mais tarde,membros da AMI deslocavam-se à paróquia de Eirom(Maçaricos). Acompanhavam-nos familiares do 'Che dePedro', um vizinho assassinadopola Guarda Civil na década de

60. Os factos acontecêrom nosmomentos mais álgidos da rei-vindicaçom em prol da proprie-dade comunal e contra a políti-ca reflorestadora do franquis-mo, cujos efeitos chegam aosdias de hoje. No lugar daBranha da Gatunheira, umrepresentante do colectivojuvenil remarcou a necessida-de de tecer 'laços de solidarie-dade' e conhecermos aquelasetapas onde o povo galegodemonstrou a viabilidade dotrabalho mancomunado e o

associativismo. O acto culmi-nava com umha oferta floral, efechava umha semana de con-ferências em diferentes cen-tros sociais da Galiza.

As pessoas assistentes aoacto aturárom um controlo deveículos da Guarda Civil, sendoidentificadas e revistas. O ins-tituto armado registou tam-bém os carros dos militantes.Os organizadores consideráromo controlo como “típica mano-bra de amedrontamento inútila que já estamos afeitos”.

11.09.07Ainda que nem o Porto nem aJunta tenhem constáncia de nen-gumha solicitude para o uso dosolo, Abel Caballero, presidentede Vigo, afirma ter ‘alternativas’ àplanta de biodiesel de IsoluxCorsán, que finalmente se cons-truirá em Ferrol.

12.09.07Junta da Galiza qualificou em1992 de “bom” o estado de con-servaçom do Paço de Meirás semsequer visitá-lo.

13.09.07Cinco guardas civis do porto deVigo detidos numha operaçomcontra o contrabando de tabaco.

14.09.07Estudo científico publicado nosEUA confirma problemas pneu-mológicos nas pessoas que trabal-három na limpeza do Prestige.

16.09.07Vice-PPresidenta da área da Saúde,María Xosé Vega, pensa que o hos-pital psiquiátrico de CastroRibeiras de Lea desrespeitou anormativa de higiene desde 2003,mas rejeita questionar o trata-mento oferecido.

17.09.07Anxo Quintana e FranciscoRodríguez apoiam as palavras deAntonio Losada sobre a perspecti-va de o BNG pactuar com o PP“menos antinacionalista”, masopinam que nom é possível porenquanto.

18.09.07Baldomero Sanmarco Castrománmorre esmagado por umha máqui-na na empresa de forjados quefundara em Valga.

19.09.07Trabalhadores e trabalhadoras daGaliza recebem 350 euros menosdo que a média estatal. Só os salá-rios da Estremadura espanholasom mais baixos no Estado.

20.09.07Conservas Bernardo Alfagemeanuncia mudança das suas quatroconserveiras por duas novas fábri-cas alimentares de produçommais diversificada. Plano recolhe aobtençom de 100 milhons deeuros em mais-valias imobiliárias.

CRONOLOGIA

Homenagens a luitadores popularesno Dia da Galiza Combatente

Umha antena de telefoniamóvel e a barraca que com-plementava a infraestruturaficárom inutilizadas porcausa de umha explosom pro-duzida durante a madrugadado dia 12 de Outubro no bai-rro viguês de Valadares. Avizinhança tinha manifesta-do em reiteradas ocasions asua oposiçom a esta instala-

çom que ainda estava pen-dente de legalizar.

Por outra parte, umha sabo-tagem provocada com umpequeno explosivo danava asucursal de Caixa Galicia nobairro compostelano dasFontinhas por volta das 2 damadrugada do dia 13 deOutubro, após ter recebido aPolícia Local um aviso prévio.

Assistentes ao acto de Eirom fôrom revistos pola Guarda Civil

Vizinhança e jovens independentistas perante o monólito de homenagem a “Che de Pedro”, em Eirom

Sabotagens contra a Caixa Galicia e umha instalaçom de telefonia móvel

REDACÇOM / O slogan ‘Afian-çando o nacionalismo juvenil’presidiu o encontro nacionalda Esquerda NacionalistaMocidade que tivo lugar nopassado dia 20 de Outubro nohotel compostelano Virgem daCerca. Paulo Carlos Lôpezsucede como porta-voz nacio-nal a Saul Santim da Branca,que fora durante seis anos orepresentante público da orga-nizaçom. A X AssembleiaNacional enfatizou o seu posi-cionamento independentistacom umha resoluçom em quedestaca a necessidade dedefender “sem complexos” aindependência da Galiza porparte das pessoas que compar-tilham esta reivindicaçomdentro do BNG.

Paulo C. Lôpez, eleito porunanimidade, denunciou noseu discurso o papel hegemo-nista da Uniom da MocidadeGalega (UMG) na direcçomde Galiza Nova ao nom contarcom “40% da filiaçom” entreas pessoas que componhem aexecutiva. Nom obstante,ratificou a sua lealdade com oprojecto comum do BNG.Para além das reivindicaçonsnacionais, reclamou comoguia do trabalho político os“referentes da esquerda e dautopia”. A assembleia recon-heceu o trabalho desenvolvi-do nestes anos polo porta-vozSantim da Branca, períodoem que o colectivo juvenilduplicou a filiaçom.

Entre as resoluçons aprova-das destaca também o apoio àcausa palestiniana e o seudireito à criaçom de umEstado, bem como a necessi-dade de denunciar o imperia-lismo em qualquer lugar, posi-çom que marca distáncias emrelaçom à postura de membrosdo mesmo partido como PedroGómez-Valadés, o presidenteda Associaçom Galega deAmizade com Israel. Ademaisapoiárom as mobilizaçons con-tra a actual localizaçom da cen-tral de gás de Reganosa emMugardos.

Juventudes daEN marcam oseu discursoindependentista

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200706 NOTÍCIAS

21.09.07Morre Javier Antelo Núñez eoutro trabalhador fica ferido nasobras do TAV à altura de Cerzeda.

22.09.07O governo asturiano afirma que adeclaraçom da zona Oscos-Eucomo reserva da biosfera "nominterferirá" a construçom de par-ques eólicos ali.

23.09.07Junta está a tramitar a construçomde 21 moinhos eólicos na Serra daGrova, a maior reserva de cavalosselvagens da Galiza.

24.09.07Antonia García Lamelas, perce-beira de 64 anos de Jove, morrearrastada por um golpe de mar.

25.09.07Julgado número 2 de Vigo eConselharia da Vivenda investi-gam sobrepreços na venda deapartamentos de proteçom oficialpor parte de Construcuatro,empresa de que Telmo Martín,porta-voz do PP em Ponte Vedra,possui 33%.

26.09.07Cámara de Meis propom a MeioAmbiente projecto de umha urba-nizaçom com 100 moradias pro-movida por Bioconsa, que requeri-ria a cessom de parte do montecomunal de Castrove.

27.09.07A família de Xosé HumbertoBaena Alonso, militante viguês doFRAP que se converteu no derra-deiro fusilado no franquismo,recorre à ONU para pedir a nuli-dade do julgamento depois deesgotarem todas as instánciasestatais.

28.09.07Anxo Quintana evita implicar-seno debate aberto no Estado emrelaçom ao Plano Ibarretxe aodefinir a autodeterminaçom comoum “facto dinámico” em busca de“maiores quotas de autogoverno”.

29.09.07Engenheiro Xosé Carlos Fernán-dez Díaz descobre que as contasdo TAV estám “inchadas” chegan-do a adjudicar-se só 50% do totalorçamentado.

30.09.07Milhares de pessoas pedem emFerrol a transferência da planta deReganosa para o porto exterior.

01.10.07Vizinhança de Sampaio impede oderrube da casa de ManuelDasilva e Charo Amorim, afectadapolo PGOM de Vigo.

02.10.07Primeira jornada de greve da cons-

REDACÇOM / Numerosos colec-tivos vicinais e ambientalistasfigérom um chamamento paraparticipar numha mobilizaçomque terá lugar no próximo dia 4de Novembro às 12h00 no portode Corruvedo. Oponhem-se aoPlano Aqüícola elaborado polaConselharia de Pesca, que prevêpatrocinar com perto de 400 mil-hons de euros a instalaçom denovas centrais de processamentode peixe e denunciam a conivên-cia da instituiçom autonómicacom as transnacionais.Entre as causas que motivam aconvocatória, Manoel Santos, daPlataforma Meio-Ambiental deCorruvedo, assinala que se está a

pôr “o que é de todos e todas”nas maos de poderosas empre-sas. Julga que “se quigerem regu-lar o sector, terá que ser com agente do país sentada à mesatambém, e terám que dar-lhe aoportunidade de explorar sus-tentavelmente esses recursos”.Diferentes espaços protegidospola Rede Natura 2000 estám jáafectados pola irrupçom dasmacro-viveiros de pisciculturaenquanto muitos outros já seencontram no alvo destasempresas.O manifesto que serve comobase para a mobilizaçom destacaque a aqüicultura em terra “sórepresenta 1,8% da actividade do

sector na Galiza”. As entidadesassinantes consideram que“expropriar o povo para benefi-ciar empresas que em muitasocasions nem sequer estám notecido económico do País éumha atitude colonialista”.

Paralisaçom em Stolt Sea Farmpolos direitos laboraisA intransigência dos gestores danorueguesa Stolt Sea Farm nasnegociaçons do convénio colecti-vo levou o Comité de Empresa aconvocar paralisaçons de umhahora no passado 10 de Outubroem todas as fábricas que a trans-nacional tem na Galiza. Assim, asmobilizaçons desenvolvêrom-se

nas centrais de Lira e Quilmas(em Carnota), Couso e Palmeira(Ribeira), Mugia e Camarinhas.A empresa pretende aplicar oconvénio estatal, assim comosuprimir a antiguidade acumula-da e os direitos de promoçomque implica. Por parte doComité de Empresa consideramque estám a desprezar a “nego-ciaçom colectiva” e a aplicar comradicalidade o sistema de regimedisciplinar. Denunciam a suces-som de “despedimentos impro-cedentes” e o anúncio da empre-sa que ameaça com subcontratarfunçons que até o momentovinha desempenhando o pessoalassalariado nas fábricas.

O MpDC pom em causa legalidade daperseguiçom à queima de retratos do rei

Convocam manifestaçom para deteremPlano Aqüícola que patrocina mais viveiros

REDACÇOM / O Movimentopolos Direitos Civis (MpDC)soma-se às vozes críticas quedenunciam a perseguiçompolicial e judiciária da queimade retratos do rei espanhol. Oposicionamento da organiza-çom cívica parte da polémicasuscitada na Catalunha hávárias semanas, quando cida-daos e jornalistas fôrom obriga-dos a identificar jovens inde-pendentistas que protestavamdesta forma contra a monar-quia espanhola no dia nacionalda Catalunha.

Para o MpDC, incriminaresta forma de protesto “coarcta

direitos fundamentais e nomse ajusta a um Estado deDireito”. Aliás, a organizaçomcidadá entende que a repres-som só conseguirá que as mani-festaçons contrárias à monar-quia espanhola se estendampor todo o Estado. Seria, naopiniom dos responsáveis docolectivo, “a resposta lógica deumha sociedade que já nomaceita imposiçons de normascaducas”.

A plataforma cívica entendeque num sistema democrático“ninguém deve estar para lá dobem e do mal”, em alusom àinviolabilidade da figura do rei

estabelecida na Carta Magnaespanhola, que mesmo lhegarante impunidade absolutaperante a lei e consagra a perse-guiçom contra todas as formasde ofensa aos antecessores edescendentes do monarcaBourbon. Dá-se, pois, um para-doxo que o MpDC nom duvidaem condenar energicamente,pois percebem dificilmentecompatível com o sistemademocrático condenar pessoasà prissom simplesmente porexibirem a sua desconformida-de nom violenta com as insti-tuiçons do Estado, como é ocaso da monarquia.

Estes factos constituempara o MpDC a prova de queestamos perante umha “demo-cracia pobre e falta de carác-ter, com medo a enfrentar rep-tos e adaptar-se à sociedade”.Portanto, consideram “legíti-mo” o facto de os cidadaosdemonstrarem o seu mal-estarpor este tipo de repressons,que implicam “retrocessos nasnossas liberdades”, e vem“lógico” que os protestos per-seguidos na Catalunha podamser imitados noutros pontos doEstado como sintoma de rei-vindicaçom de direitos demo-cráticos fundamentais.

Encapuzados queimárom umha faixa de vários metros com o retrato do rei espanhol na Praça de Abastos de Compostela, no passado 12 de Outubro

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2007 07NOTÍCIAS

truçom em Ponte Vedra, com umhaincidência à volta de 100% demanhá e do 70% à tarde. A dia 3, ospiquetes pararám as obras do TAVem Lalim.

03.10.07Manuel Daponte Vila, de 41 anos,morto depois de lhe cair em cima aplataforma de carga de um camiomda empresa Autos Buenos Aires, deVila Garcia. Outros dous trabalhado-res feridos em Vigo e Teio.

04.10.07Corina Porro gastou 500.000 eurosna mudança da sede da casa da pre-feitura depois de afirmar que teria‘custo zero’. As facturas deixárom-separa pagar no seguinte exercício,quando já havia outros gestores naCámara municipal.

05.10.07Cámara de Eilao autoriza o projectoeólico da Serra das Gralhas.

06.10.07Vice-PPresidente da Argentina,Daniel Scioli, afirma a Touriñoque velará polos interesses dasempresas de capital galego e evi-tará que voltem a ser atacadaspolos trabalhadores.

07.10.07Touriñoafirmaque os netos de emi-grantes galegos poderám votar antesde Dezembro, a poucos meses daseleiçons estatais.

09.10.07Trabalhadores da construçom daprovíncia de Ponte Vedra voltam àgreve por dous dias mais. Os protes-tos acabam com quatro detidos.

10.10.07Dados da Real Academia Galegasituam apenas em 20,6% as crian-ças do país que tenhem como lín-gua habitual o galego, sendo de60,3% há 15 anos.

Os três do Eixo entrarám em prisom apesar da intensa campanha em prol do indultoREDACÇOM / A reclamaçom deindulgência que milhares decompostelanos, entre os quaisdirigentes municipais do BNGe do PSOE, figérom no domin-go dia 21 de Outubro emCompostela para ‘os três doEixo’ nom impedirá que estesentrem em prisom a 31 deOutubro. Independentementedo que decida o Conselho deMinistros, que terá de resolversobre o pedido de indulto queapoiárom com a sua assinatura

12.000 compostelanos, todoparece indicar que por enquan-to darám entrada no macrocár-cere de Teixeiro na data pre-vista. Esta circunstáncia,segundo o colectivo anti-repressivo Ceivar “enquadra-senum processo de exemplariza-çom repressiva que pretendetransmitir nitidamente a intan-gibilidade das FSE [Forças deSegurança do Estado].”Apesar de que a manifestaçomconvocada em Compostela

para apoiar os três vizinhos,que contou com 6.000 pessoas,se limitava a reclamar o indultodo Conselho de Ministros,fôrom várias as palavras deordem que os manifestantesdirigírom contra os corposrepressivos, perante a incomo-didade dos políticos que assis-tírom ao acto, do qual só sedesvinculou o PP.A defesa da segurança vial nafreguesia do Eixo provocara em1998 confrontos entre a polícia

espanhola e os moradores afec-tados pola construçom da ter-ceira faixa que Fomento deci-diu construir na estradaSantiago-Ourense à sua passa-gem polo Eixo. Os ferimentosocasionados a um polícia pro-vocárom a abertura de um pro-cesso judicial contra seis vizin-hos que acabou com a absolvi-çom de três deles e a condenade outros três a sete anos deprisom e umha multa de156.620 euros que já foi paga.

REDACÇOM / O colectivo daLímia Aguilhoar fechou a 29 deSetembro na bonita localidadede Vilar de Santos os festivaisque ao longo do período estivalorganizárom diferentes colecti-vos comprometidos com a cul-tura do País. Com um frio derachar, a assistência ao 2ºFestival da Mocidade foimodesta, vinda sobretodo doRibeiro, Ourense e a própriaLímia, mas mui implicada nasnumerosas actividades organi-zadas, que começárom comumha excursom de bicicleta demanhá por alguns locais deinteresse natural da comarca. Àtarde, umha das propostas maisassistidas foi o debate que tivopor título ‘A autodeterminaçom

é o que nos une’ em que parti-cipárom Carlos Taibo, AntomSantos, Xurxo Martínez eXabier Xil da parte daAguilhoar. Os participantesaproximárom posturas emtorno da necessidade de exer-cer a autodeterminaçom nodia-a-dia sem estar à esperados “igualmente necessáriosavanços legislativos”. Apósumha ceia popular, a noite foipara dançar, ao ritmo das músi-cas de Guezos (Ourense),Skárnio (Vigo) e KumpaniaAlgazarra (Lisboa). O objecti-vo central do festival foidenunciar as políticas agressi-vas com o meio que no últimoséculo transformárom a paisa-gem e a economia local.

REDACÇOM / Ideadas e organi-zadas pola fundaçom ViaGalego, vinculada à Mesa polaNormalizaçom Lingüística, asJornadas Galeguia inaugura-das nos dias 17, 18, 19 e 20de Outubro pretendem intro-duzir a populaçom galega noconhecimento da Lusofoniaatravés de cada país que con-forma este mundo cultural.As primeiras jornadas fôromdedicadas ao país insular deCabo Verde, nas cidades da

Corunha, Vigo e Compostela,e tivérom como convidada deluxo a comunidade cabo-ver-diana de Burela, um verda-deiro exemplo de integraçomcultural, como tivérom oca-siom de demonstrar váriasrepresentantes deste colec-tivo vindo da Marinha cantá-brica.No primeiro dia, na galeriaSargadelos de Compostela,umha mesa redonda modera-da por Bernardo Penabade

sobre a já referida comunida-de cabo-verdiana de Bureladeu passo a outra em quefôrom tratadas as possibilida-des oferecidas por um sectorturístico em alta nestas ilhasafricanas. No dia seguinte foia banda Batuko Tabanka, for-mado por cabo-verdianas resi-dentes em Burela, que aproxi-mou o público da sua culturaatravés da tradiçom oral e amúsica.As ligaçons económicas,

nomeadamente nas pescas,entre a Galiza e Cabo Verdetambém fôrom tratadas nesteevento, numha mesa redondarealizada em Vigo. Já naCorunha foi a vez da literatu-ra. Para além de umha mesaredonda em que estivérompresentes vultos da literaturagalega e cabo-verdiana comoGermano Almeida e CarlosQuiroga, vários poetas galegosrecitárom poemas de autorese autoras do país africano.

O sucesso de público foinotório em todas as jornadas,que acabárom no sábado dia20 em Compostela com umconcerto de Filipe Santo eBlick.O neologismo ‘galeguia’ tinhasido proposto como sinónimode Lusofonia polo escritorbrasileiro Luiz Ruffato, comotermo mais abrangente queaquele por marcar a origemgalega deste basto mundocultural.

Galeguia aproxima-nos ao mundo lusófonoAs Jornadas realizárom-se nos passados dias 17, 18, 19 e 20 de Outubro na Corunha, Vigo e Compostela

Aguilhoar fechou festivais do Verao

REDACÇOM / A petiçomfiscal de condena para opreso independentistaUgio Caamanho SamTisso e a presa GianaRodrigues Gomes eleva-se a 21 e 18 anos de pri-som respectivamente,conforme fontes às quaistivo acesso esta publica-çom. O cidadao e a cidadágalega estám acusados departiciparem na coloca-çom de um explosivo nasucursal de Caixa Galiciana compostelana Praça daGaliza a 23 de Julho de2005, data desde a qualestám em cadeias espan-holas à espera de seremjulgados.

A pena solicitada polaautoridade fiscal divide-se em 15 anos por supos-tos "estragos" e 3 por "uti-lizaçom de veículo rouba-do". No caso de Caa-

manho Sam Tisso a penade prisom elevaria-se 3anos polo presumívelemprego de documenta-çom falsa.

Pessoas chegadas aopreso e à presa assinalamque o delito de ‘estragos’nom se corresponde como acontecido por nom terposto em perigo vidashumanas ao ter-se produ-zido um aviso prévio quemotivou que a polícia pro-cedesse a despejar a zona.Assinalam ainda que opreso nom utilizou docu-mentaçom falsa para seidentificar como outrapessoa.

No sumário adverte-seque as pessoas presascoincidem com certosposicionamentos da AMImas nom as vinculam comnengumha organizaçompolítica.

Solicitam 18 anos de prisompara Giana Rodrigues e 21para Ugio Caamanho

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200708 INTERNACIONAL

INTERNACIONAL

ANDRÉ RODRIGUES

REDACÇOM / A 4 de Outubro, 23 pes-soas, 16 delas pertencentes à mesanacional da Batasuna fôrom detidaspor ordem do juiz Baltasar Garzón.No dia 7, Garzón ditou cadeia incon-dicional para 17 dos detidos por umsuposto delito de “pertença a organi-zaçom terrorista”. Os letrados e letra-das da defesa conheciam o auto polosmeios de comunicaçom, enquantoaguardavam que lhes fosse entregue aresoluçom do juiz.

No seu auto, Garzóm consideraque com a atitude dos dirigentesabertzales fica patente a sintonia daBatasuna com a ETA.

Esta argumentaçom para conside-rar agora delituoso o que nom era háuns meses nom tem explicaçomlegal. O que dá a entender que aordem partiu do Ministério doInterior, que todo estava em anda-mento há tempo à espera de quechegasse o momento oportuno paralho dar a assinar ao juiz.

Segundo o auto de BaltasarGarzón, esta detençom produz-seporque se detecta umha juntançaorgánica da Mesa Nacional da ile-gal Batasuna e portanto um fla-grante delito. Contodo, o autodetalha dez reunions clandestinasda cúpula da Batasuna e documen-ta que Joseba Permach assistira a33 juntanças “presumivelmente daMesa Nacional da Batasuna”.Depois de detectados até 35encontros, as detençons produ-zem-se agora, e isto demonstra quenom há razom judicial algumhapara actuar neste caso e nom tê-lofeito com anterioridade.

Estas detençons baseiam-senum sumário aberto polaAudiência Nacional no ano 2002sobre a presumível subordinaçomda Batasuna à ETA. Agora, unsmeses depois da ruptura da tréguapor parte da ETA, após o anúnciode Ibarretxe de convocar um refe-

rendo sobre o futuro do País Bascoe a poucos meses das eleiçons dá-se a detençom da direcçom daBatasuna.

As únicas razons som de decisome oportunidade política. Volta-se ademonstrar assim que é umha falá-cia a alegada separaçom de poderesno regime monárquico e a supostaindependência do poder judicial.

O PSOE, perante a proximidadeda campanha eleitoral, aposta noendurecimento do seu discursocentralista e negador dos direitoscolectivos dos povos. Deste modoo PSOE aproxima-se, mais umhavez, à ideologia do PP, para tentarganhar votos da direita. Zapateromostra-se agora como o máximodefensor da monarquia, da unida-de de Espanha, da entrega dogoverno de Navarra à sucursal doPP, do corte do Estatuto aprovadopolo Parlamento da Catalunha, dalimitaçom de transferências à

Galiza e da submissom à políticanorte-americana na agressom aoutros países.

Estas detençons som um saltoqualitativo na escalada repressivado Governo espanhol e o PoderJudicial contra a liberdade deexpressom, o direito à reuniom eassociaçom, e ainda contra a pró-pria liberdade ideológica. A deten-çom dos dirigentes abertzalessomasse aos registos nas sedes deEHAK, à repetida intençom de ile-galizar o partido ANV, à criminali-zaçom da esquerda independen-tista, às batidas policiais, aos pro-cessamentos em massa, às torturasaté a morte, às cadeias perpétuasem cárceres de extermínio, aos‘suicídios’ de presos, à dispersom, àguerra suja, aos pactos anti-terro-ristas, ao encerramento de jornais,rádios, herriko tabernas e gaztetxes, àsfianças milionárias, às leis espe-ciais, aos tribunais de excepçom....

Movimentos juvenis, culturais,sociais, partidos políticos, funda-çons e todo um povo foi passadopolas esquadras, quartéis daGuarda Civil, a Audiência Nacionale finalmente o cárcere.

Com esta ‘justiça de excep-çom’ longe de procurar as viasde ‘diálogo’ e negociaçom tamapregoadas, intensificam arepressom contra o movimentopopular abertzale.

Com acusaçons claramenteinfundadas tentam torpedearqualquer soluçom política a umconflito de índole política, erejeitar qualquer possibilidadede diálogo. Estám a transformarem criminal umha actividadepolítica já que som perseguidosdirigentes da esquerda abertzalequando há cinco meses represen-tantes do PSOE e do Governo sereunírom com eles para falaremdo futuro político do País Basco.

CURTAS DE ALÉM MINHO

Continua a criminalizaçom da política no País Basco

Porque se protesta?NUNO GOMES / Mais demetade dos 800 alunosde Miranda do Douroestudam mirandês(variante da línguaasturo-leonesa), o quenão impede o declíniorápido do dialecto, jáque apenas 3% destesjovens o falam. A redu-ção de falantes dosúltimos vinte anos oco-rreu por o mirandês terdeixado de ser a ‘línguamaterna’, substituídopelo português, assimcomo por ter deixadode ser utilizado nas ins-tituições públicas. Omirandês é uma dasduas línguas oficiais doEstado Português.

Ma bibliothéque parleportugais. Será sob estetítulo que cinquentabibliotecas francesasirão disponibilizarlivros em português. AFundação CalousteGulbenkian e aAssociação de AutarcasPortugueses em Françaserão os dinamizadoresdesta iniciativa, queocorrerá em bibliotecassitas em zonas comgrande densidade deportugueses.

Foi descoberta noParque Biológico deGaia uma larva de sala-m a n d r a - l u s i t â n i c a(chioglossa lusitanica)por uma investigadorada Universidade doPorto. As populaçõesdesta salamandra,endémica quase exclu-siva do Norte dePortugal e da Galiza,estão em recessão ace-lerada, mas assim pro-vou-se que, pelomenos, há procriação.

O novo Plano DirectorMunicipal de Monçãoprevê a quase triplica-ção da sua área indus-trial, motivado pelapressão industrial cau-sada da construção dafutura PlataformaLogística e Industrialde Salvaterra de Minhoe das Neves.

Integrada no (En)cons-trução – FestivalInternacional deMarionetas do Porto,teve lugar o espectácu-lo Poetas Galegos. Leo,Lídia Teixeiro, LorenaSouto, Lúcia Aldao eMário Regueiro foramos protagonistas.

Um número significativo deportugueses, de norte a sul,expressou, de formas várias e

através de meios diversos a sua indig-nação perante a intromissão de agen-tes da polícia (PSP) numa delegaçãodo Sindicato dos Professores daRegião Centro, em vésperas de umamanifestação de protesto na Covilhãcontra a política do Governo, por oca-sião da visita do primeiro-ministroJosé Sócrates a uma escola da cidade.Por mais que uma razão, e porque ocaso não deve interpretar-se comoisolado, deixamos neste espaço algu-mas linhas de reflexão.

Salvo melhor opinião, importasobremaneira que nos debrucemossobre o que (e quem) pode motivara «visita» de dois agentes da PSP auma delegação sindical num paísdemocrático, e as reacções do pri-

meiro-ministro José Sócrates à refe-rida manifestação.

Sobre o primeiro ponto, aguarda-mos ainda os ‘esclarecimentos’ doministro da administração interna,entretanto chamado ao parlamento.Sabemos, no entanto, que não poderájustificar o ocorrido.

As reacções do primeiro-ministronão as lemos nem ouvimos contar,mas pudemos ouvir em directo natelevisão. Que isto faz parte doespectáculo da democracia, queenquanto uns protestam, outrosgovernam, etc. E que por trás detudo isto está – que a mais ninguémpoderia o caso interessar – o PartidoComunista Português. Há trintaanos, diz Sócrates, que o PCP pro-testa, e mesmo confunde protestocom crítica.

O ‘reparo’ toca vários pontos: rotu-

la de comunista todos os manifestan-tes, professores, sindicalistas (muitosdo PS) e populares que espontanea-mente aderiam ao protesto; resume aacção dos comunistas ao acto de pro-testar – e como se os protestos fossempor estes manipulados.

É óbvio que os protestos deixamSócrates, mais que embaraçado, enfu-recido. Mas nestas reacções não hánenhuma legitimidade, nem se vis-lumbra nenhum argumento plausível.Elas inscrevem-se antes num quadrode autêntico ataque à democracia. Éeste o mesmo governo que trata desilenciar as vozes discordantes e res-ponde todos os dias a jornalistas fre-quentemente amedrontados e dificil-mente capazes de contornar as «polí-ticas editoriais» vigentes que não háoutra forma de «ver os factos» ou de«fazer as coisas».

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2007 09PALESTRA

H omens e mulheres que amam aGaliza e trabalhárom, trabal-ham e trabalharám por e para

ela. Deste modo tam singelo, mas queabrange tantos campos diferentes, pode-riam resumir-se os 25 anos de históriado BNG. A secretária de Galiza Nova,Iria Aboi, resumiu-no bem no acto decomemoraçom das nossas bodas deprata: o BNG está no ADN da Galiza, eparece bem difícil rever a história daessência do povo galego.

A 25 e 26 de Setembro de 1982 o nacio-nalismo galego decidiu que era o momen-to de aproveitar um dos melhores expo-entes com que podíamos contar: a nossauniom. Havia muitas diferenças entreuns e outros, mas essa vontade de unida-de em prol da nossa naçom pudo comtodo. Eram momentos difíceis, de medoe tensom, com um Estado espanholexcludente - ao qual, infelizmente, cadavez se parece mais a situaçom actual -,que perseguia qualquer pessoa quedefendesse algo tam óbvio como que anaçom galega existe.

Já daquela, os homens e mulheres quese reunírom no Frontom de Riaçor, naCorunha, acreditavam e respeitavam oque hoje, depois de 25 anos de história,continuamos a acreditar e defender: queo povo e a naçom galega existem, que aspessoas pertencemos a um colectivo eque a nossa vida tem sentido em fun-çom desse colectivo, da defesa dos seusdireitos e do seu bem-estar.

Eles e elas sabiam que nom eram osprimeiros a pronunciarem palavrascomo nacionalismo ou direitos. Erameles, e somos nós, herdeiros de umharica tradiçom histórica, desde Rosáliade Castro, passando polas Irmandadesda Fala, o Partido Galeguista, a luita naclandestinidade da UPG e o PSG…Todos eles e elas acrescentárom umhaface mais a este poliédrica realidade donacionalismo e foi através do seu legado

como nós chegamos aqui.É verdade que, nestes mais de 9.100 dias

houvo ocasiom para todo. Cumpre nomcairmos no triunfalismo nem na tentaçomtam socorrida nos aniversários de lembrarsó os momentos formosos. Alguns compan-heiros e companheiras preferírom deixar aluta, alguns ficárom no caminho. Outrosvinhérom para se somarem a esta frente,apesar de que ninguém poderá nunca ocu-par o lugar dos que já nom estám. Houvobons e maus momentos, crises e êxitos, masde todos aprendemos algo.

Sem esses fracassos e esses triunfosnunca estaríamos onde estamos, sem otrabalho de todas e cada umha das pesso-as que em algum momento se chegáromao BNG, nom estaríamos aqui. Temosumha presença institucional sem compa-raçom possível com nengum outromomento histórico. Somos protagonistasda nossa própria história e levamos aGaliza às primeiras páginas de todas asagendas políticas: nas Cámaras munici-pais, nas Deputaçons, no ParlamentoGalego, nas Cortes do Estado, na UniomEuropeia, nos fóruns internacionais. Masisso sem abandonar nunca aquilo que é esempre foi o nosso principal activo: aspessoas. Nom em vao o BNG participou ese inspirou sempre nos fóruns e associa-çons, fomentando a luita polos direitospessoais e colectivos, defendendo as clas-ses operárias no sindicalismo, assumindocomo própria a luita feminista…

Som muitos os objectivos que aindaficam por alcançar - nom abandonamos otrabalho para conseguirmos um Estatutode naçom - e um mui longo o caminhopor andar, mas continuamos a ter fôlegospara o fazer, sempre de maos dadas comaqueles e aquelas que nos quigeremacompanhar. Lembremos as palavras domestre Daniel: "Nom ponhades chatas àobra, enquanto nom estiver rematada.O que pense que vai mal, que trabalhenela; há sítio para todos".

O ADN da GalizaCARLOS AYMERICH

PALESTRA

25 anos de BNG, o percurso em debate

NGZ / O Bloco Nacionalista Galego comomorava o seu vigésimo-qquinto aniversário afinais do passado mês de Setembro. Dos inícios na clandestinidade do Franquismo doque seria o gérmolo da frente até a realidade actual, com poder institucional, nom passá-rom apenas anos. Mudárom caras e discursos, reivindicaçons públicas e formas de inter-

vençom. Em Riaçor dava início a etapa protagonizada por Xosé Manuel Beiras, a quemsucedeu um Anxo Quintana que atingiu o rango de vice-ppresidente. Dous militantes comanos de experiência oferecem-nnos o seu olhar a respeito da evoluçom do projecto políti-co e os actuais resultados. Leitores e leitoras tirarám as suas conclusons.

MILITANTES DA FRENTE NACIONALISTA OFERECEM AS SUAS PERSPECTIVAS A RESPEITO DA EVOLUÇOM E PRESENTE

SOM MUITOS OS OBJECTIVOS QUE AINDA FICAM POR ALCANÇAR E UM MUI LONGO

O CAMINHO POR ANDAR, MAS CONTINUAMOS A TER FÔLEGOS PARA O FAZER,SEMPRE DE MAOS DADAS COM AQUELES E AQUELAS QUE NOS QUIGEREM ACOMPANHAR

C om a citaçom "Galiza comonaçom tem direito à sua autode-terminaçom e ao exercício da

soberania nacional" abriam-se os princí-pios fundacionais do Bloco NacionalistaGalego (BNG) lá polo ano 1982. Comefeito, o leitor ou a leitora repararámque, nem mais nem menos, o que sefazia com esta era plasmar sobre o papela ligaçom que mantinha o BNG, no seunascimento, com um movimento quevinha de longe e que fora truncado poloGolpe militar reaccionário de 1936.

Quando menos, com aquela frase presu-mia-se a vontade de ser herdeira, a nova orga-nizaçom, de umha vagagem histórica autode-terminista. E é que, aquele já fora assertomatricial do nacionalismo galego no primeiroterço do século XX e do renascimento domesmo no quadro da ditadura franquista.

Hoje, após vinte e cinco anos de camin-hada do BNG, podemos fazer balanço, aná-lise com perspectiva histórica e fazeralguns apontamentos.

Contextualizando no tempo a gestaçome nascimento do BNG, devemos dar contade que se bem que fosse devedora a orga-nizaçom de certos movimentos de liberta-çom nacional, nomeadamente dos dodenominado Terceiro Mundo e algunseuropeus, o certo é que tivo aquela grandesdoses de genuinidade.

Entrando em caracterizaçons, a 'frentepatriótica de libertaçom nacional' que nas-cia sob o acrónimo BNG, apresentou nasua plasmaçom e acçom prática um esforçopor ser verdadiramente umha organizaçom'autocentrada', como nos anos noventa secostumava dizer; eminentemente popularem chave patriótica e de classe. Isto, per se,já era revolucionário nos inícios dos anosoitenta, após meses de um pretendidoGolpe de Estado, umha forte repressompolicial espanholista, etc, etc. O BNG, como seu nascimento, representou a procura,como rezava o seu primeiro slogan assem-blear "por umha frente ampla de unidade

nacionalista", da concentraçom de forçassoberanistas. Porquanto a imensa maioriado nacionalismo existente naquela alturafijo parte desta organizaçom, podemosdizer que esse objectivo ficou cumprido.

Logo, em chave autodeterminista, a vali-dez da nova ferramenta criada foi, polomenos, produtiva. Ainda que impossível detratar amplamente no presente texto estetema, pode-se dizer genericamente que oBNG ergueu, com maior ou menor intensi-dade e produto, a bandeira azul e branca,com a estrela encarnada, sem complexoalgum ao mais alto nível institucional no quevai de história do nacionalismo galego. Isto é,na prática, o BNG fijo com que a Galizacomo naçom fosse visibilizada nas maisdiversas instituiçons e ámbitos. Podemosaqui incluir pequenos logros, simbolicamen-te de grande alcance, como a oficializaçomdas Selecçons Nacionais desportivas, quetenhem ajudado a aumentar o sentimentode pertença à nossa comunidade nacional.

Contodo, e como de lineal pouco tem ahistória e menos a do BNG, também pode-mos dizer que é altamente preocupante aacentuaçom eleitoralista da devandita for-maçom e a perda de peso social. Que oBNG seja a referência político-institucio-nal da imensa maioria do movimento sobe-ranista galego é umha cousa e que se redu-za este a aquela, na sua exclusividade elei-toralista, é um retrocesso que o País nomse pode permitir. Assim, pois, e no claroimpasse polo qual está a passar a Galiza,em que diversas e novas inicitivas cívicasse estám a ensaiar, paralelamente à renova-çom geracional do nacionalismo, o BNGterá que termar da sua responsabilidadehistórica. Isto é, assegurar o BNG comoumha realidade social viva, para além dasinstituiçons -campo, aínda que estratégico,complementar de actuaçom-, numha con-creçom de ética militante de esquerda, dehonestidade patriótica, de reconstruçomnacional... como ferramenta hegemónicapola emancipaçom nacional.

O BNG... após 25 anos! UXIO-BREOGÁN DIÉGUEZ CEQUIEL

É ALTAMENTE PREOCUPANTE A ACENTUAÇOM ELEITORALISTA DO BNG. QUE SEJA

A REFERÊNCIA DA MAIORIA DO MOVIMENTO SOBERANISTA É UMHA COUSA E QUE SE

REDUZA ESTE A AQUELA, NA SUA EXCLUSIVIDADE ELEITORALISTA, É UM RETROCESSO

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200710 REPORTAGEM

A construçom de estradas de alta capacidadefomenta a penetraçom e a especulaçom urbanísticaNom é nada novo que a costa galega é alvo cobiçado pola indústria imobiliária e da cons-truçom, para a sua transformaçom numha nova grande área onde expandir os negóciosturísticos. Estes negócios passam por urbanizaçons, campos de golfe, peiraos de embar-caçons desportivas, centros comerciais, parques empresariais, etc., e confluem todos nonecessário impulso a vias de penetraçom de alta capacidade, precisas para facilitar o

acesso aos novos centros expansivos de milheiros de pessoas, a maior parte delasprocedentes de fora do país. Analisamos aqui três exemplos deste tipo de estradas,as auto-vvias de Briom e do Barbança e a auto-vvia do Cantábrico, que seguem a pautado acontecido com a via rápida do Morraço, estrada cuja construçom disparou o urba-nismo especulativo em toda esta península.

MARCOS SALGUEIRO / A agrupa-çom local de Ames do PSdeG-PSOE, ao qual pertence o actualPresidente da Cámara, vertia afir-maçons na sua publicaçom corres-pondente ao primeiro trimestre de2007 como que a nova auto-via deBriom "vertebrará um novo modelode ordenamento territorial do con-celho em Bertamiráns", no qual seinseria a promoçom de uma novazona industrial de 1.200.000 metrosquadrados entre os lugares dePortangil e Pegarinhos, ocupados naactualidade por superfície agrícola eflorestal e situados a menos de 300metros dum acesso à mencionadaauto-via. Nessa mesma publicaçomanunciava-se a construçom de umnovo grande centro comercial naárea industrial do Milhadoiro e oinício do estudo informativo daestrada de circunvalaçom destenúcleo do concelho de Ames.

Em Lousame, mui perto doAlto de Sam Justo, começarám asobras de outro "parque empresa-rial", que estará localizado a muipouca distáncia de um dos acessosà via rápida de Briom-Noia.

No caso da conversom da funestavia rápida do Barbança em auto-via, oprojecto inicia a sua andaina com oPP ainda no governo da Junta, noano 2005. A licitaçom definitiva dasobras já é cousa do bipartido. Nesseperíodo, agromam projectos de urba-nizaçons em toda a costa barbançã,salientando os casos dos concelhosde Rianjo e Ribeira. No primeiro,governado polo socialista PedroPiñeiro, existem fundamentos parapensar em irregularidades na con-cessom de licença a várias promoto-ras, entre elas a da urbanizaçomVirgem de Guadalupe (GrupoMahía, agora denominado Maexpa).Em Ribeira, destacam-se as mais de200 vivendas que se estám a cons-truir em Aguinho, na zona da PontaCovasa, e a urbanizaçom que logoiniciará as obras em Palmeira, commais de cem vivendas.

Se temos em conta que estaauto-via rematará em Ribeira e quemui provavelmente o Plano deEstradas de Galiza 2006-2018, naactualidade em fase de estudo, con-temple o desdobramento em auto-via da via rápida Briom-Noia e acontinuaçom como via rápida desdea vila medieval até ao Som e desdeaqui até Ribeira, podemos imaginarumha completa circunvalaçom doBarbança em estradas de alta capa-cidade. E o urbanismo anda desdehá tempo descontrolado nom só emRibeira, também é conhecido o des-medido afám do Presidente daCámara Municipal do Porto do Somem promover urbanizaçons.

Outro dos ingredientes do cres-cimento urbanístico que os gover-nos municipais "cozinharám" paraos seus concelhos aguarda poloPlano Director de NáuticaDesportiva, que pretende incre-mentar o número de portos despor-tivos e pontos de amarraçom paraembarcaçons desportivas e que tra-mita na actualidade a Conselhariade Política Territorial. Para o con-junto da Galiza, o objectivo é quede 2007 a 2020 se triplique o

número de postos de atracaçom,alcançando um total de 31.000. Oplano prevê que nos próximos trêsanos (2007-11) serám instalados6.115 novos pontos de amarraçom,um 50% mais dos que há na actua-lidade. Entre 2010 e 2015 serámconstruídos 5.115 e entre 2015 e2020 serám feitas outros 6.431 pos-tos de atracaçom. O plano contem-pla a construçom de novos portosdesportivos em Vigo, na Ria deArousa e na Costa da Morte.

Igualmente, os campos de golfe,geralmente unidos a projectos deurbanizaçons, já estám a ver massiva-mente a luz pola costa galega e come-çam a anunciar-se as promoçons imo-biliárias dotadas destes "serviços".

No relativo à Marinha luguesa, ocaso dos concelhos de Ribadeu,Barreiros, Foz e Cervo, situados aescassos quilómetros da auto-via doCantábrico, é paradigmático. Asprevisons de crescimento da viven-da nos seus respectivos planos deordenamento situam-nos entre osque maior crescimento podem che-gar a ter e, agora mesmo já, numero-sas empresas imobiliárias e constru-toras se disputam o liderado espe-

culador (entre elas ACS, da famíliaMarch e Florentino Pérez). Viveiroe Ortigueira, que poderiam estarunidos aos anteriores e à auto-viapor meio dumha via de alta capaci-dade, evoluem da mesma forma,cifrando o concelho de Ortigueira oincremento da edificabilidade pre-visto em 1.230%.

O Plano de Estradas da Galiza,elo final da exploraçom do litoralCom as vias rápidas do Salnês e doMorraço, a auto-via do Barbança, avia de alta capacidade de Carvalho-Cée, a auto-via do Cantábrico, aauto-via das Pontes e a via aOrtigueira, só resta um desenhoajeitado no novo Plano de Estradasda Galiza 2006-2018 para completardefinitivamente a rede de penetra-çom em toda a costa galega. Se esteplano prevê a conversom em auto-via da via de alta capacidade Briom-Noia e a planificaçom desde Noiade sendas vias rápidas a Ribeira,polo Som, e a Muros, teríamos umpercurso completo em vias de altacapacidade em todas as rias e naCosta da Morte (Vigo-Ribeira emauto-estrada, auto-via e via rápidae Muros-Carnota-Cée-Carvalhoem vias de alta capacidade). Semdúvida, estes projectos estimula-rám a construçom imobiliária e o

negócio turístico, sempre a costados aproveitamentos tradicionaisdos recursos naturais que efec-tuam os sectores produtivos bási-cos da nossa economia.

Alargando as praias e os passeiosmarítimos para o turismoO Ministério do Ambiente, atravésda Demarcaçom de Costas daGaliza, licitou um concurso para oestudo de impacto ambiental eseguimento dos trabalhos de extrac-çom de mais de 1.800.000 m.3 deareia dos baixios próximos de váriaspraias de Rianjo. O objectivo é a"regeneraçom" de cinco praias, isto é,o incremento da superfície de areal ea sua fixaçom mediante a constru-çom de peiraos protectores para queo mar nom leve a areia, por um totalde quase dez milhons de euros. Asuspeita e o interrogante é ondefarám o porto desportivo. Tal comose acometeu no decénio de sessentanas praias mediterráneas. Só queagora a areia será extraída dumhazona de baixios areosos situados naria de Arousa, a priori de grandeimportáncia para a alevinagem deespécies comerciais. Através doincremento da superfície de areais edo número de pontos de amarraçomde embarcaçons desportivas, assimcomo com a promoçom de novasurbanizaçons, o governo socialista deRianjo quer promover o sector turís-tico, de maneira que no PGOMmaneja umha cifra populacional de40.000 habitantes para um concelhoque actualmente tem 11.000.

Outra das preocupaçons daDemarcaçom de Costas da Galiza éa acessibilidade das praias e da costagalega. A construçom de passeiosmarítimos vem sendo habitual emtodo o litoral e no ano 2007 oMinistério do Ambiente gastarámais de 20 milhons de euros só emcomprar prédios para fazer passeiosem 19 concelhos. O acomodamentoe transformaçom de áreas de grandevalor natural estám servidos.

AS AUTO-VIAS DO BARBANÇA E DE BRIOM VENHEM ACOMPANHADAS DE NOVOS PROJECTOS DE URBANIZAÇONS E TURISTIFICAÇOM

Com as auto-vias e vias de alta capacidade previstas só resta um desenhoajeitado no Plano de Estradas 2006-2018 para completar a penetraçom na costa

Estimula-se osector imobiliárioe o turístico,a custa dosaproveitamentostradicionais dosrecursos queefectuam ossectores produtivosbásicos da economia

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2007 11A FUNDO

HILDA CARVALHO / O Plano Geralde Ordenamento Municipal apro-vado por unanimidade em 1993 é abase do actual caos urbanístico queprovocou que mais de mil e quin-hentas habitaçons estejam afecta-das por sentenças judiciais na cida-de de Vigo. Aguardam a aprovaçomde um laborioso novo planeamentoque poda dar saída legal à meadade irregularidades provocadas polanefasta gestom dos responsáveismunicipais, que poderia fazer falireconomicamente a CámaraMunicipal. Este PGOM tinha sidoaprovado polo governo de CarlosPríncipe (PSOE), tendo comovereadora de Gestom a DoloresVillarino e como vereador deUrbanismo a Jesus Costas(Esquerda Galega), e recebera oapoio de todas as forças políticasda vereaçom municipal no deno-minado ‘plano de consenso’, quesó foi votado em contra polo dísco-lo do PP Abelardo Pardo Rdguez.

A operaçom imobiliária polaqual estám em jogo um maiornúmero de habitaçons, mais de600, corresponde-se com os pré-dios da rua Rosália de Castro, ondedestaca a quase impossível legali-zaçom do seu parque de estaciona-mento. Este fora entregue irregu-larmente pola actual presidenta doParlamento autonómico em poderde Ramón Manuel Martínez Cid e'Construcciones Crespo SA',mesmo antes da constituiçom daJunta de Compensaçom, segundoconsta num documento a queNOVAS DA GALIZA tivo acesso, cer-tificado polo notário AlfredoArturo Lorenzo Otero com onúmero de protocolo 2.567. Assucessivas sentenças do TribunalSuperior de Justiça da Galiza(TSJG) ratificadas polo Supremoestabelecem que o parque de esta-cionamento deve passar a serpúblico e os seus actuais gestoressolicitam dos cofres municipaisindemnizaçons que superam os 30milhons de euros, umha vez queboa parte das mais de seiscentoslugares de estacionamento fôromvendidos a particulares e empre-sas. As instalaçons continuam afuncionar apesar da dureza dassentenças. A fraude ascende aquantias elevadíssimas, pois

Villarino, em representaçom ilícitada Cámara municipal, tinha cedidomesmo o subsolo das vias públicas,e entregando 75.000.000 de pese-tas para a exploraçom privada.

Com Dolores Villarino na área deGestom Urbanística fôrom aprova-das operaçons ilegais de envergadu-ra como as Torres Ifer de GarciaBarbom, onde está localizado oClube Financeiro de Vigo, o PlanoEspecial de Jacinto Benavente ou aurbanizaçom da Pastora, entreoutras construçons que tivérom emfrente sentenças contrárias até che-gar a um total de 27 intervençons,as principais da sua época.

Sócia de Ubaldino Rguez. BelloEntre os empresários que caminhá-rom de maos dadas com a ex-mili-tante do Partido ComunistaDolores Villarino destaca-se o pro-motor do controvertido projecto deurbanizaçom dos terrenos da con-serveira Massó em Cangas,Ubaldino Rodríguez Bello, o admi-nistrador de 'Atlántico Construc-ciones y Promociones SL'. Foi sóciacom o empresário já em 1989 naconstruçom da urbanizaçom luxuo-sa As Cubichas na Ramalhosa,Baiona, onde dispom de umha

vivenda. E assessorou a anteditaempresa de Rodríguez Bello, quetambém se encarregou da constru-çom dos prédios da urbanizaçom aPastora durante os seus anos comovereadora, edificaçons que víromanuladas polo Supremo a sua unida-de de execuçom e a totalidade daslicenças entregues em duas senten-ças consecutivas. A sua íntima rela-çom com Rodríguez Bello atingetambém a segunda fase de urbani-zaçom da rua Rosália de Castro, naqual Villarino contou com TomásRamón Rodríguez Díaz (MTConsultores SL) e que, seguindo alinha das anteriores, também mere-ceu a reprovaçom dos tribunais poloaproveitamento irregular de 30.000metros quadrados gerados ilicita-mente a base de incluir viais públi-cos existentes no seu momento, demaneira que os terrenos deveriamreverter à propriedade municipal.

Entre as suas tarefas vinculadasao negócio imobiliário, contribuiu àfundaçom da empresa Oreco SL,beneficiada polo PSOE, da qual foiauditora de contas, e assessorou oex-presidente da Cámara Muni-cipal de Santiago Gerardo Estévez,bem como outras empresas vincula-das ao tijolo. A sua demonstrada

experiência no ámbito contrastacom as suas declaraçons quandoestava a ser processada poloTribunal Supremo, onde declaroudesconhecer legislaçom urbanísticacomo a Lei de Bases de RegimeLocal ou a Lei do Solo. Aduzia saberpouco deste ámbito, ainda tendosido responsável por esta área namaior cidade da Galiza.

Em 1997 começava o seu trabal-ho como deputada autonómica, eportanto protegida ao ter a condi-çom de 'aforada', e em 2001 aban-donava umha vereaçom municipalna qual era problemática. Nom obs-tante, no ano seguinte, o Julgadode Instruçom número 2 de Vigosolicitava retirar o seu aforamento,como também o do já senadorCarlos Príncipe, por se advertiremclaros indícios de prevaricaçom emalversaçom de fundos públicosem relaçom às operaçons de Rosáliade Castro em que "nom só votáromafirmativamente", pois entendia-seque participaram em "negociaçonsou acordos nom plasmados noexpediente". Movimentos e deci-sons difíceis de expor à luz públicapermitírom a sua completa impuni-dade e mesmo o actual prémio depresidir o Parlamento autonómico.

Nos sentenciadosprédios de Rosáliade Castro destacaa quase impossívellegalizaçom doseu ‘parking’, quefora entregue emmaos privadas porDolores Villarino.Aprovou actuaçonsurbanísticas ilegaiscomo as torres doClube Financeiro,o Plano Especial deJacinto Benaventeou a urbanizaçomda Pastora

Dolores Villarino foi premiada com a presidência do Parlamento apesar de protagonizar umha das maiores fraudes que gerou importantíssimos benefícios privados

Dolores Villarino destaca na rede delituosa queameaça o futuro financeiro do governo viguês

O desenvolvimento urbanístico da maior cidade foi afinal um cobiçado prato para políticos eempresários. Da época de Manuel Soto até o actual governo de Abel Caballero as sucessivasvereaçons estivérom envolvidas em escándalos imobiliários que sempre contárom com a suaresponsabilidade necessária. 26 vereadores e vereadoras chegárom a estar imputadas poloSupremo num processo penal por prevaricaçom e malversaçom de fundos que mantivo a

impunidade para toda a classe política. Neste intrincado litígio sobressai o nome da actual pre-sidenta do Parlamento autonómico, Mª Dolores Villarino Santiago, umha das responsáveispolo anulado Plano Geral de 1993 e a mesma que entregou em maos privadas o parque deestacionamento de Rosália de Castro. Mediadores urbanísticos, empresários sem escrúpulose políticos corruptos componhem umha rede em que participam os três principais partidos.

A FUNDO

FOI SÓCIA DO PROMOTOR DO COMPLEXO DE MASSÓ EM CANGAS E BENEFICIOU ILEGALMENTE EMPRESAS EM DETRIMENTO DA CÁMARA

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200712 A FUNDO

Sentenças contundentes nom executadasA seqüência de ditames judiciaisratificados polo Supremo contraboa parte das grandes construçonsefectuadas em Vigo nom impediuo seu desenvolvimento polo bene-plácito das autoridades munici-pais, as mesmas que se mostráromintransigentes com pequenasobras de vizinhos e vizinhas dasparóquias dos arrabaldes vigueses.Se se tivessem executado as sen-tenças que poriam em questom aedificaçom de centenas de habi-taçons poderiam perder o seudomicílio milhares de famíliasalheias às irregularidades consen-tidas pola Cámara Municipal, eainda um importante número deimóveis comerciais. Neste supos-to, o governo viguês deveria satis-fazer milionárias indemnizaçonsque situariam a Cámara Municipalna falência técnica. As decisons

tomadas, que beneficiárom inte-resses privados em vez de cumpri-rem a legislaçom que permitiriaengrossar os fundos públicos, apre-sentam-se pois como irreversíveise pretendem encontrar soluçomno novo Plano Geral que desen-volve a empresa ConsultoraGalega, com o objectivo de propor-cionar saídas legais ao controverti-do panorama. Com base em fontesconsultadas do sector, o facto deque os representantes municipaisresponsáveis continuem com totalimpunidade só pode entender-sepor "um grande pacto entre asdirecçons estatais do PP e doPSOE, surpreendidas pola gravi-dade das ilegalidades urbanísticasconsumadas em Vigo", que teriampressionado ao Supremo por esta-rem os dous grandes partidosenvolvidos na trama criminal.

Pedro Costas Gil, o necessário papel do ‘conseguidor’Em qualquer cidade em que sedem oportunidades de negócioimobiliário surgem personagensque operam no anonimato e seencarregam de abrir portas àsempresas para conseguirem peda-ços do bolo mediando nas opera-çons. Som os conhecidos provedo-res de oportunidades ou 'consegui-dores', papel que exerce de formanotória em Vigo Pedro Costas Gil,quem véu à luz pública a partir deumha série de reportagens publica-das polo rotativo espanhol El País.

Aludiam à sua actividade duranteo governo de Corina Porro, nomea-damente pola sua relaçom com atransnacional holandesa ING RealState e o patrocínio para a VolvoOcean Race em contrapartida, pres-supom-se, pola concessom de licen-ça para o polémico CentroComercial Gram Via e as torres resi-denciais localizadas na Finca doConde. No entanto, nom transcen-dia na altura a iniciaçom de CostasGil nesta actividade durante aépoca do governo de Manuel Soto(ex-PSOE), apadrinhando já naaltura a Maria Pilar 'Mapi' Egea, quefora chefa de gabinete de CorinaPorro. O seu papel de mediaçomatravés do tráfico de influênciascontinuava durante os mandatos deManuel Pérez (PP), Carlos

Príncipe (PSOE) e Lois PérezCastrillo (BNG), segundo fontesconsultadas relacionadas com ainvestigaçom urbanística.

Do dinheiro para o campeonatode vela patrocinado pola Volvo,1.500.000 euros com base num con-vénio oculto assinado com a ex-pre-sidenta da Cámara, mais de meiomilhom ia parar a empresas admi-nistradas por Pedro Costas Gil, res-ponsável através de Abano do gabi-nete de comunicaçom do ilegalCentro Gram Via. As três empresasdesvendadas polo antedito diário(com as denominaçons comerciaisAbano, Mega e Significantia), dedi-cadas à publicidade, comunicaçome assessoramento, multiplicavam asua facturaçom em 2005, em rela-çom a 2003, e recebiam as enco-mendas municipais sem serem res-peitados os princípios de igualdade,publicidade e e concorrência nas

contrataçons. Como mostra doesbanjamento continuado,Significantia facturava aos cofresmunicipais 40.606,46 euros porlabores publicitários, ediçons, arqui-vamento e documentaçom nos trêsprimeiros meses de 2007. E nomesmo mês de Janeiro, a empresaCatro Pés Soluciones EmpresarialesSL recebia da mesma procedência11.832 euros por "recompilaçom ecatalogaçom de documentaçom daPresidência da Cámara". Todo istocontando a própria Corina Porrocom pessoal assalariado para acome-ter tais funçons e dando-se a cir-cunstáncia de que 'Catro Pés' estáadministrada por Carlos DomonteOtero, apoderado da empresa'Asesores de Servicios Integrales dePublicidad SL', isto é, Significantia.

Um bom exemplo do seu papelde mediador materializou-se na suaparticipaçom como administradorda empresa 'Residencial Plaza deEspaña-Vigo SL', controlada poloGrupo Bruesa, que desenvolveráumha importante operaçom imobi-liária na conhecida popularmentecomo Praça do Couto, o principalponto de entrada à cidade. CostasGil abria as portas à irrupçom daagrupaçom empresarial de AntonioPinal, que foi abordada no número56 do NOVAS DA GALIZA.

Dolores Villarino acompanhada polo fiscal-chefe do TSJG Carlos Varela

Corina Porro beneficiou empresas de Costas Gil aproveitando o governo viguês

Pedro Costas iniciou os seus labores de ‘conseguidor’ durante a época de Soto

O ‘provedor deoportunidades’

abre portas àsempresas para

entrarem nonegócio urbanístico

A impunidade políticasó pode entender-secom base num pacto

entre as cúpulas doPP e do PSOE,

surpreendidas polasgraves ilegalidades

consumadas emVigo, que teriam

pressionado aoSupremo por estar

os dous grandespartidos envolvidos

na trama criminal

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2007 13A FUNDO

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Finca do Conde, dinheiroholandês para fraude municipal

Conspirando para as torresilegais do Clube Financeiro

O aproveitamento urbanístico daFinca do Conde, ao pé da GramVia, já estava contemplado noPGOM de 1993. Depois dosesforços para permitir a constru-çom por parte de Manuel Pérez,foi na época de Corina Porroquando a holandesa ING RealState, com a ajuda de PedroCostas, conseguiu autorizaçonsda Cámara Municipal para o pro-jecto. O Centro Comercial queabria em Junho de 2006 violava oPlano Geral que reservava a áreapara usos residenciais. O espaçoque ocupa a maior área comer-cial da Galiza supera o destinadoàs duas torres de vivendas edifi-cadas, umha das quais foi com-prada polo BBVA para o aluguer.

A terceira transnacional imo-biliária do Mundo, ING RealState, explorava um espaço quealberga 150 lojas, várias salas decinema, um hipermercado deCarrefour e um parque de esta-

cionamento que conta comquase dous mil lugares. Noentanto, e como era previsívelpolos relatórios dos técnicosmunicipais, a sentença que oTribunal Supremo emitia em 27de Dezembro do passado anoanulava o conjunto do projectourbanístico por ignorar as nor-mas estabelecidas no planea-mento urbanístico da cidade.Abel Caballero aproveita agora obarulho para pedir responsabili-dades ao PP, enquanto ultima asmodificaçons necessárias nonovo Plano Geral para dar saídaàs infracçons consumadas. Semembargo está a impedir a execu-çom da sentença que o PSOEpromovera através de um recur-so com o ex-responsável deUrbanismo, Mauricio Ruiz. Emlugar de executar, recorre aoSupremo para que a sentençanom seja firme e aduz que sóqueriam provar as ilegalidades.

As chamadas Torres Ifer quesobressaem com 24 alturas na ruaGarcia Barbom alojam nos 3primeiros andares o ClubeFinanceiro de Vigo (CFV).Iniciárom a sua tramitaçom comDolores Villarino como vereadorade Gestom Urbanística ainda quehoje em dia nom contem com licen-ça de primeira ocupaçom nem tive-ra o CFV no seu momento a pre-ceptiva licença de obras. Agoraenfrentam umha ordem de demoli-çom ratificada polo Supremo, o quenom impediu que os Príncipes deAstúrias o visitassem junto a repre-sentantes do governo autonómicoe de diferentes cámaras municipaisno passado dia 18 de Setembro.

O poder empresarial represen-tado no CFV conseguiu que em1997 os gestores do PP figessemtodo o possível por garantir a con-tinuidade desta construçom.Umha reuniom no conhecido res-taurante Las Bridas em que esti-vérom presentes Manuel Pérez,Julio Pedrosa e José Cuiña pro-punha como rocambolesca solu-çom modificar pontualmente oplaneamento para permitir emtoda a cidade edificar 24 alturas.Conseqüentemente, o arranjo foitombado polo Supremo em 2002.A mesma foi ratificada polo altotribunal em Fevereiro de 2006,ficando desta maneira sem cober-tura legal no Plano Geral.

No ámbito do patronato viguêscomenta-se que o capital paralevantar as duas moles partira dostodo-poderosos irmaos VázquezRaña, empresários mexicanos pro-cedentes de Aviom que possuem omaior número de cabeçalhos deimprensa editados em espanhol,como também um importante hol-ding hoteleiro, de sanidade priva-da, grandes armazéns ou gestomde aeroportos através do Grupo

Empresarial Ángeles. Teriam comotestas-de-ferro na cidade RicardoIglesias e Pedro Fernández, de'Promociones Ifer SL', e contáromcomo arquitecto com Enrique

Acuña, que na altura era o subdi-rector geral de Urbanismo naJunta, que nom tinha declarado aincompatibilidade. No recursocontencioso-administrativo queenfrentou o projecto, os promoto-res servírom-se da ajuda do entomdirector provincial de Urbanismo,Luis Cadarso, que posteriormen-te seria inabilitado por outra actua-çom. E nas pressons efectuadaspara impedir a paralisaçom admi-nistrativa mesmo interveu ummagistrado do Tribunal Supremo.

No entanto, a magnitude dasilegalidades cometidas provocouumha dura sentença do TSJG quefoi ratificada polo Supremo, apesarde que os promotores se jactassemde contarem com "os melhoresassessores técnicos e jurídicos daGaliza", asseguram fontes às quaisNOVAS DA GALIZA tivo acesso.

Os votos do PP e a abstençom do BNG abrírom as portas a ING Real State

O poder do empresariado viguês manifesta-se na permanência das moles

Os promotorescontárom com osubdirector deUrbanismo daJunta e com odirector provincialda mesma área.Jactavam-se decontar com osmelhores assessores

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200714 A FUNDO

CENTROS SOCIAISAguilhoarSanta Marinha · Ginzo de Límia

Alto MinhoCatassol, 15 · Lugo

ArrincadeiraZona Velha · Ribadávia

ArtábriaTrav. Batalhons · Ferrol

Atreu!S. José, 8 · Corunha

Baiuca VermelhaPonte Areias

Casa EncantadaBetanços · Compostela

A Casa da TrigaP. Maior · Ponte Areias

A Cova dos RatosRomil, 3 · Vigo

A Fouce de OuroBertamiráns · Ames

A FormigaRedondela

O FrescoP. Abastos · Ponte Areias

Henriqueta OuteiroQuiroga Palacios, 42Compostela

O PichelSanta Clara, 21Compostela

A ReviraArcebispo Malvar, 33Ponte Vedra

A RevoltaReal, 32 · Vigo

Roi SogaRua Travessa, 3 · Noia

A TiradouraReboredo · Cangas

Pérez Castrillo, a portodas com Carrefour

Ubaldino Rodríguez, por detrás domacro-projecto de Massó en Cangas

O Centro Comercial Carrefour,localizado na Travessa de Vigo, leva-va anos a tentar materializar-se atéque o conseguiu com o mandato e adecisom de Lois Pérez Castrillo.Em Maio de 2001 e perante a opo-siçom do conselho da Gerência deUrbanismo, o presidente daCámara fixo uso do poder com quecontava para retirar as competên-cias deste organismo e entregarlicenças tanto para Carrefour comopara a reforma que converteria oantigo Paço de Sensat em hotel deluxo. Esta última foi anulada porumha sentença do TSJG que estápendente de ser ratificada em cas-saçom polo Supremo.

O facto de forçar a concessom delicença com tanta pressa provocouque esquecesse dotar a área dosespaços verdes acordados na com-pra dos terrenos e também resol-ver os problemas de tránsito quegera um projecto de tal envergadu-ra, o que seria resolvido posterior-mente com um túnel por baixo daTravessa, que aprovariam tambémcom polémica em Outubro de2002. Castrillo defendia que aGerência de Urbanismo devia ser"ágil" e evocava a "autoridade queme outorga a legalidade", aludin-do à importáncia dos postos detrabalho. No entanto, entre aspessoas que apresentavam alega-çons encontrava-se o presidenteda Associaçom de Comerciantesdo Calvário, Guillermo GonzálezCostal, que consequentementese opunha à construçom do gran-de espaço comercial.

O projecto conseguiu avançar

em virtude de controversos movi-mentos da judicatura, que assina-lárom como fora de prazo umrecurso que foi apresentado den-tro dos tempos previstos, confor-me está certificado documental-mente e como pudo comprovarNOVAS DA GALIZA.

O BNG viguês manifestava noprograma eleitoral de 1999 a sua"oposiçom à autorizaçom de nen-gumha grande superfície mais nacidade", com o conseguinte apoioaos pequenos comerciantes dacidade. A declaraçom de inten-çons entrou em contradiçom comos factos produzidos durante apresidência de Cámara de LoisPérez Castrillo, que deu licençaspara duas novas grandes áreas, e oBloco consentiu posteriormentecom a sua abstençom conscientea abertura do Centro ComercialGram Via. Agora, SantiagoDomínguez pressiona junto ao PPa Abel Caballero pola sua legaliza-çom imediata, que de umha ououtra forma conseguirá produzir-se, polo menos por parte das auto-ridades municipais.

SALVADOR ROSA / O projectomais ambicioso do empresárioleonês afincado em VigoUbaldino Rodríguez Bello é oque está a promover junto aCaixanova e Puentes y Calzadasem Cangas do Morraço. A pro-motora que administra -AtlánticoConstrucciones y Promociones-apresentou há um ano o queos seus responsáveis qualificá-rom como "fito urbanístico mun-dial", e que nom é outra cousaque um macro-complexo resi-dencial na zona do Salgueirom,em terrenos da antiga fábricaconserveira da família Massó.

O projecto, desenhado poloarquitecto Norman Foster, abar-ca umha superfície de cerca de200.000 metros quadrados e con-templa a construçom de entre7.000 e 1.000 vivendas, um hotelde luxo com um museu anexo eum centro comercial na antigaconserveira, ademais de um portodesportivo com capacidade para500 embarcaçons. A sua materiali-zaçom, segundo os promotores,ascende a 150 milhons de euros.

Mas a pressom popular conse-guiu que vissem troncadas as suasexpectativas. As agressons aoentorno e a apropriaçom de espa-ços municipais, terreios de ces-som e vias motivou que umhagrande parte dos vizinhos se orga-nizassem no Foro Social pola

Defesa do Povo de Cangas e mos-trassem a sua oposiçom. De facto,conseguírom impedir que o portodesportivo se materializasse.Semanas atrás celebrava-se comumha festa polo segundo aniver-sário da paralisaçom das obras.

A tramitaçom do macro-projec-to parte agora de zero umha vezque o Partido Popular (PP) per-deu a presidência da Cámara. Oactual Pelouro de Urbanismo, quedirige o vereador da AlternativaCanguesa de Esquerdas (ACE) esecretário geral da FrentePopular Galega (FPG), MarianoAbalo, encomendou umha assis-tência técnica para definir umplano de usos para a zona.

Barreiro entra no cenárioA trama económica sofreu altera-çons nos últimos tempos com aentrada de um terceiro sócio capi-talista: a empresa 'Puentes yCalzadas'. Responsáveis da com-panhia tentavam desbloquear asua tramitaçom semanas atrás naCámara Municipal de Cangas,numha reuniom que tivo ummediador de 'luxo': o ex-vice-presi-dente da Junta da Galiza José LuisBarreiro Rivas. As explicaçons ofe-recidas polo político aos meios decomunicaçom sobre a sua presençalimitárom-se a que é da mesmavila (Forcarei) que o responsávelpola companhia, José M. Otero.

Seja como for, o certo é nemBNG nem PSOE (os sócios degoverno de ACE nesse concelho)pretendem deitar abaixo o projec-to. Existem demasiados interes-ses económicos por detrás comopara os partidos políticos renun-ciarem a umha actuaçom que comcerteza deixará elevados rendi-mentos para todos os implicados.

Exemplo disto constituem aspressons recebidas por estas for-maçons procedentes das suascúpulas dirigentes quando Abalopropujo como assessor urbanísti-co do seu departamento aEduardo Canabal, conhecido emVigo por ser o responsável daparalisaçom do anterior PGOMcom as suas denúncias.

O BNG mentia no programa eleitoral de 1999 em relaçom aos centros comerciais

Momento da apresentaçom do projecto de Atlántico Construcciones y Promociones em Cangas no ano passado

A pressom popularconseguiu quevissem troncadasas expectativas:conseguíromimpedir que oporto desportivose materializasse.Barreiro Rivasestá a mediar emdefesa das empresas

Castrillo retirouas competênciasda Gerência paradar licença directaao centro comercialde Carrefour naTravessia de Vigo

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ALONSO VIDAL / A raiz do problemahá que procurá-la no nível de inte-rinidade do Estado espanhol, que édos mais altos da Europa. Daí vema consigna de reduzir esse número.O Ministério espanhol daEducaçom acordou com as centraissindicais estatais em Outubro de2005 a incorporaçom no entomprojecto da LOE de umha men-çom expressa ao "fomento demedidas que reduzam as percenta-gens de professores interinos noscentros educativos para que numprazo de quatro anos nom ultrapas-se 8%". Deverám ser oferecidasassim suficientes vagas para serempreenchidas. Perante este consen-so sindical a Lei contemplará comefeito, em 2006, o acesso à funçompública mediante um procedimen-to "em que se valorizará preferen-temente a experiência docente atéos limites legais permitidos".

O período para enfrentar estareduçom de interinos situa-se nos5 anos, mas polas palavras da vice-presidenta espanhola "em nengumcaso se fecharám as portas à gentenova que ainda nom tenha expe-riência". Ora bem, os exercícios dasoposiçons deixam de ter caráctereliminatório (podendo compensarqualificaçons baixas do 1º exercíciocom outras posteriores) porque,segundo ela, "até agora, bons can-didatos desapareciam antes detempo e ficavam fora de jogo mui-tos professores com umha acumu-lada experiência docente". Paraalém disso permitia-se aos interi-nos apresentarem um "relatórioque acreditasse a sua experiência ecompetência docente" substituin-do a prova prática que os oposito-res no desemprego devem realizar.

Descartavam-se as reclamadasoposiçons restritas para o acesso dosinterinos, (nas quais sempre haveriavagas a que poderiam optar oposito-res livres ou desempregados), eassentavam-se assim as bases paraumha polémica cheia de suspeitasde fraude e discriminaçom.

Na Galiza também se optou poreste modelo do relatório dos interi-nos. A oferta de emprego públicomais numerosa da história foi vendi-da eleitoralmente polo bipartidocomo umha prova do seu compro-misso com a qualidade do ensino e oincremento dos investimentos nestecampo. Mas a própria conselheira

reconhecia que o número de vagas aoferecer estava em funçom do"número de interinos existentes edas hipóteses que estes tivessem deaprovar". Percebia-se assim um certocheirinho eleitoral, diria alguém.

Com este vimes a farsa ficavamontada: no procedimento garantia-se inutilmente o anonimato do opo-sitor na única prova que realizava.Inutilmente, porque a nota desseexercício nom eliminatório nom seriafeita pública em nenhum momen-to. Mas o tribunal, após essa prova,poderia conhecer a identidade emodificar a qualificaçom em funçomde este ser interino ou nom.Podemos acreditar na honestidadede um tribunal para que isto nomaconteça, mas após as consignas de"favorecer o acesso aos interinos"emitidas pola própria administra-çom, a dúvida ou a suspeita podeproduzir-se. Em todo o caso, a lei e asnormas da oposiçom nom deveriamdeixar resquícios para a indefensome a arbitrariedade. Objectivamenteperde transparência o processo senom se fam públicas as qualificaçonsde cada prova. Que razons houvo,perguntam-se muitas pessoas, paraeliminar essa prática, até agora habi-tual nos processos selectivos?

Favorecidos na fase de concursoA convocatória estabelecia que "anota final da fase de oposiçomdeverá expressar-se em números

de 1 ao 10 e será necessário terobtido, polo menos, 5 pontospara poder aceder à fase de con-curso". Mas exigindo um 5, lem-brando que em todo o processode oposiçom nom som conheci-das até o final as qualificaçonsdos concorrentes e que aos inte-

rinos e substitutos com mais decinco meses de trabalho bastavaentregar o relatório para teremum 3 assegurado, é fácil deduzirque mais de 90% dos opositoresinterinos acede à fase de concur-so. Com estas medidas, a fase deconcurso deriva numha simplesordenaçom dos opositores segun-do a sua antiguidade. Os anos tra-balhados serám os que definiti-vamente marquem as diferençasna pontuaçom final e nas vagasobtidas. Os resultados assim odemonstram. Opositores com8.5, 9 e mesmo algum 10 ficamsem vaga. Em média, mais de85% das vagas fôrom para interi-nos em todas as especialidades.Nalguns casos, esta proporçomchegou quase a 95%.

Os opositores nom interinosqueixam-sse de abandonoDestacam principalmente a, na suaopiniom, injustiça de que um inte-rino poda optar a umha pontuaçomde 10 na fase de concurso, frente aum máximo de 6 de um desempre-gado. Mas consideram-se tambémassediados, nessa consigna de favo-recer os interinos, ao comprovaremque nom som admitidos pola pri-meira vez os méritos por cursosorganizados pola Conselharia doTrabalho directamente ligadoscom a sua profissom. Também seestám tomando medidas para que

os opositores nom interinos nompodam fazer cursos dos CEFORES(Centros de Formaçom dosProfessorado), reservando-os parainterinos e funcionários.

Manifestam-se totalmenteabandonados polos sindicatos queagora restringem os cursos queorganizam a "professores em exer-cício" ou chegam a sugerir a "con-veniência de estar sindicado aí parater hipóteses certas de ser admiti-do num curso". Este abandono sin-dical contrastava com o eficazapoio que se brindou ao colectivode interinos durante a "crise dasprogramaçons", que alguns tribu-nais rejeitavam por defeitos deforma. Os sindicatos actuáromrapidamente conseguindo que fos-sem readmitidas e que em todo ocaso a eliminaçom nom supugessea "saída" dos afectados das listas deinterinidade nos próximos anos.

Tribunais sentem-sse utilizadosAssim o manifestou publicamentenum artigo de opiniom numsemanário o professor e escritor X.M. Álvarez Cáccamo, que partici-pou nestas provas como membrode um tribunal de Secundária.Nas sua palavras, "o modelo queimpulsionou a Junta prejudicoumuitos aspirantes perfeitamentecapacitados, desprezando o seuesforço" (ANT-nº1282) "Eramlicenciados sem méritos por anosde docência obrigados a concorre-rem em desmesurada desigualda-de com o professorado interino".Nesse artigo o escritor manifestatambém a surpresa e incomodi-dade de muitos membros dos tri-bunais quando se vírom envolvi-dos nestes acontecimentos, res-saltando que "[os interinos],todos eles, sem excepçom, conta-vam com a máxima qualificaçom,um 10, outorgada através de umrelatório procedente da inspec-çom educativa". Como membrodo tribunal manifesta o escritortambém a "irritaçom e desassos-sego provocado por um procedi-mento de selecçom arranjadoentre os sindicatos e a Junta queconverte os opositores livres emcomparsas de umha estranhacomédia, e a nós, membros dotribunal por sorte de bombo, emcúmplices involuntários de umhainjustiça descomunal".

NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2007 15ANÁLISE

No procedimentogarantia-se oanonimato doopositor na únicaprova que realizava.Inutilmente, porquea nota desse exercícionom eliminatórionom seria feitapública em nenhummomento. Mas otribunal, após essaprova, poderiaconhecer a identidadee modificar aqualificaçom emfunçom de este serinterino ou nom

Oposiçons ao ensino: umha farsa comos aspirantes livres como comparsaCalcula-sse que em todo o Estado espanhol há entre 80.000 e 100.000 professores interinos.Muitos deles levam mais de cinco anos nessa situaçom. Este colectivo tem demandado histori-camente o acesso definitivo à funçom pública que acabe com a sua situaçom irregular.Normalmente esta demanda centrava-sse na solicitude de oposiçons diferenciadas para interinos,

de modo similar a muitos acessos via "promoçom interna". Mas quando por fim a Administraçomdecidiu pôr as bases para a abordar esta questom, decide tomar outro caminho e fai-nno, na opiniomde muitos opositores e membros de tribunais, de umha forma trapaceira, arbitrária e discrimina-tória, contando com a cumplicidade das centrais sindicais do sector.

Opositores com 8.5, 9 e mesmo algum 10 ficam sem vaga. Mais de 85% em média das vagas som para interinos em todasas especialidades. Nalguns casos, esta proporçom chegou quase a 95%. Os resultados assim o demonstram

ANÁLISE

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200716 CULTURA

CULTURA

JACOBE PINTOR / O negóciofecha-se sobre um terreno órfaode possibilidades para aparticipaçom cultural activa damocidade galega, carente demeios públicos e penalizada noexercício da autonomia, masinsistentemente reclamadapara o consumo maciço deídolos e ícones.

A promotora e editora musicalde Vigo, Sinsal, desde há anosoferece umha alternativa atravésde múltiplas actividades,implicada no desenvolvimentodumha cultura musicalindependente na cidade de Vigo,e promove actuaçons ao vivo debandas internacionais à margemdos ditados estéticos dasgrandes multinacionais. Acelebraçom em Vigo do quinzeaniversário do selo discográficoalojado em Chicago ThrillJockey, inserida na programaçomdo festival de Outono de Sinsal,com a actuaçom ao vivo da bandaSea and the Cake, exemplificaperfeitamente a clara vocaçomalternativa da iniciativa músicalem Vigo. O selo estadounidensesurgido por iniciativa de BettinaRichards, tem jogado um papelfundamental na evoluçom damúsica popular contemporánea,contribuindo para ela com umecléctico catálago de rock comreferências que abrangemdiferentes géneros da música

contemporánea americana,desde o folk e avant-jazz até aelectrónica minimalista; mascomprometida com aexperimentaçom e aberta aexplorar novas possibilidadespara a música popular. Ostrabalhos de algumhas bandas doselo como Gian Sand, Radian,Mouse on Mars ou sobretodoTortoise, alargárom apopularidade do selo quemantém, quinze anos depois,intacta a sua vontade deindependência, alheia aosgrandes benefícios empresariaisque gera a indústria discográfica.A relaçom do selo com as bandasestabelece-se a partir da basedumha total liberdade criativados grupos, comprometendo-seestes a controlarem todo oprocesso de elaboraçom dodisco. Nom existem contratos,e o grupo escolhe ficar ou nom,após ter editado o disco. O selodefine-se, em definitivo, comoumha comunidade formadapolos seus grupos.

Como repressentante do selocriado pola americana BettinaRichards, Sea and the Cake poráem cena o dia 28 de Outubrodentro da programaçom dofestival de Outono de Sinsal, oseu pop elegante, conduzidopor bases jazzísticascontagiosas tranquilamentepara a surpresa.

REDACÇOM / No verao, esteperiódico apresentou o 'Guia deCentros Sociais da Galiza.Espaços abertos para umha novacultura'. A obra colectiva foicolocada muito aginha comoreferente para situar e localizarestes entornos alternativos,emergentes nalguns casos eoutros já com longa trajectória econsolidados.

Este guia, primeiro recompi-latório dos centros sociais dopaís e o único impresso, serviutambém como material orienta-tivo para umha outra iniciativa,o Mapa dos Centros Sociais daGaliza. Trata-se de umha ferra-menta em linha que utiliza oconhecido sistema de mapas doGoogle para situar sobre um

mapa da Galiza a localizaçomfísica dos 21 centros sociais quefiguram no Guia, acrescentandotambém o seu endereço e outrasinformaçons adicionais.

A ferramenta, que visa serinteractiva e actualizar-se namedida em que se receberemdados sobre outros centrossociais, está impulsada porEugénio Outeiro -gestor do sis-tema de blogues do PortalGalego da Língua, entre os quese contam os sítios web devários centros sociais- e MiguelR. Penas -membro activo daAGAL e ligado a vários projectosde comunicaçom-.

A direcçom provisória deste'guia em linha' é http://centros-sociais.gzpt.info.

Thrill Jockey comemora aniversário em Vigo

Centros sociais galegoscom projecçom mundial

Duns anos para cá multiplicam-sse osmacrofestivais musicais e os concertosmultitudinários no nosso País, que trazem àGaliza as estrelas do pop e o rock mundial; as

administraçons municipais investem quantidadesingentes de massa, e as marcas mais competitivasdo mercado oferecem-sse para generosos patronatos,sabedores do êxito seguro do espectáculo.

‘The Homens’ pola culturalivre com o seu último discoREDACÇOM / Num momento noque as discográficas mundiais,através das sociedades autodeno-minadas de 'gestoras dos direitosde autoria', procuram vias paracoarctar a livre difusom da cultu-ra, ainda resistem iniciativas'transgressoras' com essa dinámi-ca. Sem irmos mais longe, naGaliza há um grupo de música -ámbito que, junto ao cinemato-gráfico, está no cerne da polémi-ca- que aposta no derrubamentodas fronteiras à distribuiçom dacultura. Trata-se do grupo com-postelano 'The Homens'.

A formaçom de 'power-pop'que integram Martin Wu -guita-rra e voz-, Roi -no baixo- e Xocas-à frente da bateria- era descon-hecida para o público galego até

há bem pouco. Apenas tinhampublicado alguma maquete narede, mas adquirírom grandesucesso após a primeira ediçomdo concurso A Polo Ghit, organi-zado no verao de 2006.

Agora, como naquela altura,'The Homens' continuam apos-tando na cultura livre, polo queo seu último trabalho, 'Três' -editado por Falcatruada-, podeser descarregado de graça desdeo site oficial do grupo (www.the-homens.com). As pessoas nostálgi-cas do analógico também podemfazer-se a um preço económicocom umha ediçom especial quese compom de um vinilo dedoce polegadas, CD com ostemas em formato mp3 e umcartaz do grupo.

'Sea and the Cake' porá em cena o dia 28 de Outubro dentro da programaçom do festival de Outono de Sinsal, o seupop elegante, conduzido por bases jazzísticas contagiosas tranquilamente para a surpresa

A RELAÇOM DO

SELO E AS BANDAS

ESTABELECE-SE

A PARTIR DA

BASE DUMHA

TOTAL LIBERDADE

CRIATIVADOSGRUPOS,COMPROMETENDO-SE

ESTESACONTROLAREM

TODO O PROCESSO

DE ELABORAÇOM

DO DISCO. NOM

EXISTEMCONTRATOS,E O GRUPO ESCOLHE

FICAR OU NOM,APÓS TER EDITADO

O DISCO. O SELO

DEFINE-SE,EM DEFINITIVO,COMO UMHA

COMUNIDADE

FORMADA POLOS

SEUS GRUPOS

O seu último trabalho, ‘Três’, pode ser descarregado de graça

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2007 17CULTURA

HELENA IRÍMIA / Nas últimassemanas constituiu-se emCompostela umha iniciativa singu-lar, o 'Komando antiSGAE/Acçom:Cultura Livre', com o intuito de"medir forças, achegar ideias e pos-turas, e iniciar um caminho" commotivo da construçom na cidadeda sede da 'Sociedad General deAutores y Editores', entidadeespanhola comummente conheci-da polas siglas SGAE. Desde o seuweb, http://antisgae.blogaliza.org,declaram-se contrários à presençadeste organismo na capital nacio-nal, e do Novas da Galiza quige-mos falar com eles para conhecerde primeira mao as suas inquieta-çons e motivaçons.

A rejeiçom do colectivo obecedetanto à própria concepçom dasociedade de autores, umha "enti-dade privada que se lucra emnome da defesa dos direitos dasartistas", como às irregularidadesna edificaçom das instalaçons,umha situaçom cujas repercussonsnos ámbitos local e galego aindaestám por ver, asseguram-nos.

E é que desde há anos tem havi-do em Compostela, um grandenúmero de litígios nos quais aSGAE aparecia como voz acusado-ra, nom diferenciando nem sequeras associaçons sem ánimo de lucrodas cadeias de hotelaria. Comoexemplo, há apenas um ano che-gou-se a um 'pacto' entre a socieda-de espanhola e a Associaçom deEmpresários da Hotelaria deCompostela (AEHC) que punhafim a mais de umha década de con-flitos e denúncias entre os grandeshoteleiros e a SGAE. No entanto,optárom por ficar fora do acordomuitos particulares, gerentes ouproprietários de negócios familia-res, para os quais resulta mais ren-dível 'arriscar-se', por exemplo, aligar o TV sem pagar umha quotado que sistematicamente pagarpor umha acçom cuja ilegalidade aSGAE nom conseguiu demonstrar.

Curiosamente, a sede da socie-dade espanhola de autores e edi-tores localiza-se enfrente do'quartel geral' da AEHC, no bairrode Vista Alegre. O custo das ins-talaçons, como denunciam noKomando, é próximo dos 10 mil-hons de euros, sem que fiquemuito claro até que ponto ospagariam a SGAE... ou a cidada-nia. Por exemplo, a Universidadede Santiago de Compostela(USC) cedeu à sociedade osterrenos nos quais constrói o edi-fício, ao tempo que a Cámaramunicipal realizou inúmeras con-cessons -a última das conhecidas,permitir que a SGAE ocupe deforma ilegal parte da calçada-.

Do Komando entendem queestamos perante umha reprodu-çom -a escala diferente, é claro-do que acontece com a Casa daCultura, sem que obtivesse,porém, a mesma repercussom.Para lá das irregularidades consta-tadas e dos privilégios que rece-beu e recebe por parte das insti-tuiçons do país, a plataforma cívi-ca também observa com receiosque a edificaçom se está a realizar"no que é qualificado como 'zonaprivilegiada' do eixo norte da cida-de", justo acarom de outros edifí-cios qualificados como "de luxo"muito perto da residência oficialdo presidente da Junta e tambémao pé do edifício histórico do hos-pital compostelano.

Contrários ao ‘lobby’Dizíamos que a rejeiçom doKomando à presença da SGAEobedecia à "atitude servil e inte-ressada em favor de umha empresaprivada por parte das duas institui-çons senlheiras da cidade: oConcelho e a USC", mas sobretudo àprópria concepçom da sociedadeespanhola de gestom dos direitos deautoria. "Estamos a falar da SGAEpara o noroeste do Estado espanhol,entidade privada que se lucra em

nome da defesa dos direitos dasartistas", recalca o Komando no seumanifesto fundacional.

Tal "defesa" materializa-se "atra-vés de métodos de 'lobby' e com aplena submissom do Governo[espanhol], com exemplos comoaprovaçom da Lei de PropriedadeIntelectual", utilizada em ocasionspara anular o direito de expressomde muitos meios de comunicaçomou iniciativas de contrainforma-çom "que pretendem amosar anossa perspectiva da realidadeafastada que se vê na ditadura dosmass-media.

E se, como já se apontou, a suapressom podia resultar abafanteagindo 'desde a distáncia', para doKomando reconhecem-se preocu-pados sobre as conseqüências quepoda trazer a sua actuaçom nasesferas local ou nacional. "Aindanom podemos estabelecer os 'efei-tos secundários' que implicará ter asede da SGAE tam perto de nós,mas nom é mui difícil adivinharque nom vai beneficiar em absolu-to iniciativas como a do Cineclube[de Compostela] ou qualqueroutra que defender umha difusomgratuita e livre do saber".

Fórmula assemblearO Komando antiSGAE organiza-see debate as suas propostas eordens do dia seguindo a fórmulaassemblear. Desde o seu web ani-mam as pessoas conscienciadas einteressadas em participar nas suasactividades em acudir a algumhadas suas reunions, que tenhemlugar todas as quartas-feiras polas20h no centro social CasaEncantada (rua de Betanços n.º35, baixo). Também estudamoutras formas de comunicaçompola via electrónica para quepodam participar aquelas pessoasque por questons pessoais, de tra-balho ou simplesmente da distán-cia, tenham dificuldades parapoder contribuir nesta iniciativa.

Provavelmente seja na ricaprosa e na sua mais descon-hecida poesia onde Ramon

Otero Pedrayo nos deixou as maisdoces e saudosas sensações demelancolia: a paisagem e a históriana chegada do Outono.

A sensação de passado profun-do e húmido sempre me sacodeem chegando a são Miguel seleio Otero. A Outonia é castanhae húmida amanhã, prenhe nasua luz dourada de sol-pôr.Tristeira de recordações pelosfactos, os amigos ausentes e aslembranças dos mortos. Amemória podente da Galiza quese revela desde a paisagem e quenos invade desde a leitura.

Na visão imaginada de lameirose carvalheiras, de outeiros, mâmo-as e castros, no recender da carriçanos muros de orvalho, nesse silên-cio que se resolve em chuva, nasbrétemas que chegam, há comoum peso do passado, uma impres-são da presença constante de umahistória que não ficou escrita masque está lá. Indefinida, vagarosa,porém atinge o nosso peito atéquebrar em saudades.

O mar muda as suas cores deverão e enceta o seu bruar grisal-ho, volve-se tamanho e mui

velho. O Nordês volta para sau-dar-nos com força e deita finíssi-ma água nos rostos.

Com a Outonia em Otero umsente a comunicação plena com ofôlego imóvel da história, com apaisagem mensageira da Galiza.Devela-se clara impressão de quena nossa terra as sensações, asideias, os factos que determinamcaminhos e práticas são mui anti-gos. Os ecos remotos.

Por isso é sem dúvida que medesajeita o corpo ler os nossosmais discretos e notáveis opina-dores e opinadoras, gazetilhei-ros, filólogos, linguistas, artistase pensadores teimar em presen-te e voz alheia. Apenas em pre-sente, e com modelos outros.Como se só este presente, deestação única, mais uma vez,fosse sem ser futuro.

Mas, qual é a história do pre-sente? Qual o futuro? Presenteabsurdo de tradições coutadasnuma terra onde os seus maisimportantes filhos escreveramancorados no passado, maspara futuro. Um apenas podedeixar se misturar com estaOutonia relativista, romântica,erudita, ironista e, por quenão? esperançada.

LÍNGUA NACIONAL

A Compostela nom oficialcontra o mercantilismoO Novas da Galiza quijo conhecer de perto as inquietaçons do Komando AntiSGAE,contrário à presença na cidade da sede da sociedade para a Galiza e as Astúrias

ADiana é umha moça gale-ga que trabalhou numhaTelepizza em Vigo.

Umha das suas funçons eraatender os pedidos telefonica-mente, tarefa com poucas hipó-teses de complicaçom.

Na categoria de sobressaltosfigurava, e ainda figura, "No teentiendo". Explico-me, a Diana écomo já disse umha moça galega,a trabalhar em Vigo, aliás Galiza,e atendia o telefone na sua lín-gua, enfim, em galego. Estecúmulo de circunstáncias provo-cava, às vezes, que doutro ladoda linha alguém enuncia-se estastrês palavras: No - Te - Entiendo.

Ora, é interessante ressaltar umfacto. Comentava a Diana que àsvezes recebia telefonemas deturistas de Madrid que a maioriadas vezes pediam amavelmente

para ela mudar de língua. O actode nom compreensom era, diga-mos assim, estritamente linguísti-co. Até aqui nada de particular.

Ora, e eis o interessante, àsvezes as pessoas que afirmavamnom entenderem eram de Teisou de Valadares, bairros periféri-cos da cidade da Oliveira. Ealguém pode exclamar, até comira, "nom iam entender, claroque entendiam"!!!"

Mas é certo que nom enten-dem. Porém, a sua falta de com-preensom nom tem a ver com asfrases que a Diana enunciou. Oque nom entendem realmente éque o galego invada espaços quenom lhe correspondem. Talvezseja, até, que essas pessoas fos-sem educadas para esquecer eque as frases da Diana as obrigas-sem a lembrar. Talvez.

VALENTIM R. FAGIM

“No te entiendo”

OPINIOM

ERNESTO VÁZQUEZ SOUZA

Sensações da Outonia

Estado das obras na futura sede da SGAE em Compostela, na rua das Salvadas

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 200718 CULTURA

IVÁN CUEVAS / Além de outraspossíveis diferenças, a situaçomda Fouce de Ouro impomactuaçons diferentes ao restodos Centros Sociais. Asredondezas da capital,exponentes outrora da Galizarururbana, viram cada vez maisnumha extensom do 'ensanche'compostelano. Nem urbananem rural, nem centro nemperiferia, a Fouce escolhe umámbito menor que a comarca. Eo seu boletim afasta-se doesquema de outros colectivos.Nom se pode tirar importánciaao facto de 'A Folha da Fouce'aparecer nas baiucas deQuistiláns. O seu objectivo nomé apenas propagandístico. 'AFolha' é estratégia para aactuaçom no possível lugar doacto: o Vale da Amaía.

Polas páginas do 'periódicoalternativo do Vale' aparecemnotícias da Amaía e do País,artigos de opiniom, entrevistascom a vizinhança, o catálogo dadistribuidora Em Luita e a

criaçom literária da secçom'Laios do Sar', todo com umhaperiodicidade que quijo sertrimestral e agora é variável. Nonúmero cinco, de Julho de2007, a Opiniom gira ao redorda involuçom democrática naEuropa, a contaminaçomoceánica e a história dosocialismo na Galiza. Nas novasrecolhem-se os conflitoslaborais da Amaía (Froiz,Limpezas Ames, Pizza Móvil,Mercadona) ou os protestoscontra imobiliárias e aconstruçom da autovia, paraalém de dar conta dasactividades da Fouce e de umhaselecçom da actualidade doPaís. Fecham a publicaçom asimagens do III Torneio deFutebol de Salão e umhaentrevista com os rapeiros locais'Os de Quistiláns'. Informaçomademais da simples actividadedo centro, feita desde e para azona, que se pode conseguir emtodo o Vale, ademais de na netem folhadafouce.blogspot.com.

Ingredientes :- 100gr de feijom frade seco, 1/2cebola, 3 cenouras, 4 fatias gran-des de pao, azeite, vinagre, sal.

PREPARAÇOM: pôr o feijom fradede molho de um dia para o outro.Mudar a água e por numhapanela juntamente com acenoura cortada às rodelas, umpouco de azeite e uma pitada desal. Quando estiver todo cozido,

escorre os legumes e pom numprato e tempera ao teu gosto jun-tando o azeite, vinagre, mais umpouco de sal, se achares que precisa,a salsa e a cebola picada por cima.Mexe bem, muito bem. Lembra-teque o segredo para uma salada deli-ciosa e desde que esteja temperada,é mexer o melhor que puderes. Fazdo tempero umha parte da tuareceita. Acompanhar com um paosaboroso cortado em fatias.

ARROZ COM CHÍCHAROS

Salada de feijom frade com cebola,salsa e cenoura cozida com pao

ENTRELINHAS

Odocumentário televisivo'Fronteiras', realizado porRubén Pardiñas e há

pouco estreado na Galega, pre-tende atingir o conflito linguísti-co, identitário e mesmo territo-rial de aquelas comarcas que,ficando fora da Galiza adminis-trativa, encontram no galego oseu idioma de uso comum. Onosso autor, visível perante acámara, viaja por terras deSanabria, da Raia Seca, do Berzoe, ainda, do Eu-Návia, entrevis-tando a vizinhança e filólogosque oferecem visons muito dife-rentes acerca do tema. Ao tempo,Pardiñas procura voces expertasdo interior que vám desde adefensa da oficialidade linguísti-ca de X. L. Méndez Ferrín, até areivindicaçom reintegracionistade Maurício Castro passandopolo pensamento um pouco maisdiletante de Xosé Manuel Beiras.

Desta maneira pode parecer,desde a distáncia, que o filmechega a esse grau de pluralidade eobjectividade tam pretendidopola ciência jornalística. Mas ocinematógrafo desconhece mira-das neutras; na simples escolha de

declaraçons ou na ordem em queestas se disponhem no relatoassoma um ponto de vista queatinge de um modo directo o seuautor, mesmo quando este parta

do real para construir o filme.Assim, em 'Fronteiras', nomeada-mente na sua primeira parte, asopinions dos 'expertos' solapárom-se de tal maneira que, por exem-plo, aos membros da Academia daLíngua Asturiana responderá deum modo tam imediato comoimplacável Méndez Ferrín, aquem se atribui no filme o direitoda última palavra. Assim, a estru-tura do documentário perde a suacondiçom dialéctica para tornar-se diálogo fechado em que apenasmudarám os postulados iniciais,por outra parte já conhecidos, decada um dos entrevistados, fazen-do inútil a longa duraçom -quaseumha hora- da fita.

Mesmo assim, 'Fronteiras'emerge como documento fílmicoda diglossia e a perda de identida-de dos galego-falantes, tanto den-tro como fora da Galiza oficial.Intervençons como a de um labre-go de Sanabria quem, num perfei-to galego, expom "isto nom éGaliza nem o caralho...", aproxi-ma-nos à origem do problema demaneira muito mais viva e directaque os sucessivos debates filológi-cos sem saída à vista.

CINEMA

‘Fronteiras’ do país e da língua

Hildegart LeocadiaRodriguez Carballeira,(Madrid, 1914-1933),

brilhante intelectual, militante daesquerda (P. Socialista e P. Federal),foi figura mui destacada da sexolo-gia europeia do século XX. Criativajornalista e advogada será umha daspessoas mais activas no movimentopola reforma sexual no seu tempotendente a umha focagem positivae despatologizadora da sexualidade.Publicou em revistas científicaseuropeias e foi reconhecida inter-nacionalmente. Conectada com avanguarda mantém correspondên-cia con Havelock Ellis, quem a bap-tizou como "A virgem vermelha" ede quem era tradutora.

Escreve os seus primeiros artigoscom 11 anos para a secçom "higienesexual" da revista Sexualidade.Defensora a ultrança da igualdadejurídica da mulher com o homem eda completa libertaçom do sexofeminino de toda classe de tabus eproibiçons eróticas, tratou o temada anticoncepçom como direito e a

maternidade como opçom, critican-do a hipocrisia da igreja católica.

No ámbito da educaçom defen-deu a escola laica e lançou propostaspara a melhora das condiçonshumanas através da educaçomsexual, que deveria fazer-se a partirda Sociologia e impartir-se massi-vamente nas escolas com um méto-do pedagógico mais alá do biológico.

Teorizou sobre os ciúmes e aobrigatoriedade do matrimónio.Defendeu a liberdade no amor comvistas à melhora do prazer e a felici-dade desde a responsabilidade.

Defendeu o conhecimento dosexual desde umha área total-

mente científica. A sua derradei-ra conferência intitulou-se preci-samente "Sexologia".

Co-fundadora com GregorioMarañón da 'Liga para a reformasexual' (seçom da 'Liga Mundialpara a Reforma Sexual sobre BasesCientíficas' com sede em Berlim)foi responsável da elaboraçom dosseus estatutos e organizou os pri-meiros números da revista Sexus,na que participou com artigos pró-prios e traduçons dos mais presti-giosos sexólogos da época (H.Ellis, Hirschfeld...).

Com 18 anos umha morte trági-ca, mui frequentemente esconde-dora da sua ideologia e obra, fulmi-na o seu percurso intelectual. Entreo seu legado destacam: 'Venus anteo direito', 'A rebeldia sexual daMocidade', 'O problema eugênico:ponto de vista dumha mulhermoderna', 'Educaçom Sexual,Profilaxe anticoncepcional', 'Méto-dos para evitar a gravidez: materni-dade voluntária', 'Malthusismoe neomalthusismo'.

A CONJUGAR O VERBO SEXUAR

BEATRIZ SANTOS

A virgem vermelha

O Vale da Amaía, um lugarpara A Folha da Fouce

Soluçons: 1. Inglaterra 2. A Cova das Choias 3. Celso Emílio Ferreiro 4. Franciscanos 5. 1348 6. 24 Fevereiro

DESCOBRE O QUE SABES...

1.OndenascemosLudics, trabalhadorese trabalhadoras que nom permitem comacçons directas a sobre-eexploraçom e osobredesenvolvimento, no séc. XIX?

- Inglaterra- EUA- França

2. No ano 1973 cria-sse a primeira revistagalega de banda desenhada. De distri-buiçom clandestina e impressa emGenevra. Qual era o seu nome?

- O Castro- A Cova das Choias- A Cova dos Celtas

3. Suso Vaamonde musicou infinidadede escritores e escritoras galegas Ferrim,Neira Vilas, Rosalia, Novoneira, CelsoEmílio... A qual deles dedicou um disco?

- Celso Emílio Ferreiro- Neira Vilas

- Uxio Novoneira

4. Qual foi a orde religiosa com maisimplantaçom na Galiza nas épocasmedieval e moderna?

- Cistercienses- Dominicos- Fransciscanos

5. Más colheitas e epidemas minguam apopulaçom galega nos séc. XIII e XIV.Quando se dá na Galiza a peste negra?

- 1348- 1368- 1388

6. Qual é considerado o dia de Rosalía deCastro, poetisa galega de vanguarda ereferente para muitos e muitas?

- 2 de Fevereiro- 14 de Fevereiro- 2 de Fevereiro

A ESTRUTURA DO

DOCUMENTÁRIO

PERDE A CONDIÇOM

DIALÉCTICA PARA

TORNAR-SE DIÁLOGO

FECHADO. MESMO

ASSIM, EMERGE

COMO DOCUMENTO

FÍLMICO DA

DIGLOSSIA E A PERDA

DE IDENTIDADE

GALEGO-FALANTE,TANTO DENTRO

COMO FORA DA

GALIZA OFICIAL

Hildegart Rodríguez

XAN GÓMEZ VIÑAS

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NOVAS DA GALIZA15 de Outubro a 15 de Novembro de 2007 19DESPORTOS

XERMÁN VILUBA / Comoçom abso-luta no desporto galego de essên-cia tradicional, arrancou na pistapolideportiva da Anguieira(Barreiros) a SUPERLIGA GALE-GA da Bilharda formada na confe-rência Norleste por mais de 50palanadores e palanadoras englo-bados em 9 franquias que luitaramcomo cans doentes na mais com-petida das 3 ediçons da melhor ligade bilharda do mundo. Botou aandar a serpente-LNB e comonom podia ser de outro modo, cen-tos de claques deste desporte, quese estende como o lume na ervaseca por terras galegas, asturianas eportuguesas, acudírom para apoiarde maneira entusiasta as suasequipas na pista. Ferviam as ban-cadas, sobresaindo os siaeiros dosdebutantes Bilhardeiros Musicaisque, entusiastas, apoiavam cadaacçom do italo-galego Franco, doportuguês de origem francesaLourenço ou do galego Hugo.Mais comedidos e concentrados,mostrárom-se as outras cinzentasda competiçom, os Remurelle-Bulls chegárom à Anguieira dispos-tos a assimilar o mais depressa pos-sível, sistemas de jogo de estacompetiçom que rompe moldes e,pouco a pouco, ir subindo na cabe-ça da classificaçom. Mas, para alémdas novas franquias, as já existen-tes luzírom as suas novas incorpo-raçons, a desbandada sofrida polaEkipA foi paliada polas incorpara-çons do eléctrico Josinho, o Messi

da Bilharda que, junto o Edelmiro,de certeza conseguem fazer renas-cer das cinzas esta histórica fran-quia, como as reforçadas FanecasBravas que, com a Luísa e com aaquisiçom da urugaia Pamela, vanver fortalecido o seu poder anota-dor. Mas todo o que se diga épouco para exprimir o grandeimpacto produzido pola chamada'CARREIRA DA JORNADA', umformato que a LNB pujo em anda-mento para enfrentar os dous pala-nadores ou palanadoras mais des-tacados de cada assalto, O Zidaneda Bilharda e um debutante,Chema, dos Bilhardeiros musicaistivêrom a sorte de serem os escol-hidos pola glória para esta primeirae histórica carreira retransmitidaem exclusiva mundial pola TELE-VARAL em que o comentaristaestrela de este canal, Juan Pico,contou com os espectacularescomentários de Sak, membro daconferência Noroeste com epicen-tro na cidade da Corunha, que sedesprazou até as trincheiras doNorleste para assistir e apoiar oinício de época. E como traca ini-cial desta loucura soou o temaAchicando as poças, B.S.O cons-truida em exclusiva para a LNBpor ZIMMER103 como trepidan-te psicofonia alienígena para o des-porte da bilharda, este tema e astáboas classificatórias da competi-çom já as podedes descargar napágina oficial da LNB[http://www.ovaral.blogspot.com].

ZIDANE VS CHEMA: PRIMEIRACARREIRA DA JORNADA

DESPORTOS

SUPERLIGA GALEGA DA BILHARDA

O ‘Zidane’ da bilharda e o debutante Chema

Jogadores de rugby criticam o desatendimento institucional em relaçom a este desporto em auge

DAVID CALLES, MEMBRO DA SELECÇOM GALEGA DE RUGBY

“Para mim é tanto umha honra como umharesponsabilidade representar a Galiza”NGZ / David Calles é ourensano,tem dezassete anos, e joga na selec-çom galega de rugby. Defende umdesporto onde 'o único que contanom é ganhar', e critica o desaten-dimento institucional por esta dis-ciplina. Também fala das dificul-dades da gente nova para praticardesporto, ou para combinar o seuócio com a participaçom nos movi-mentos sociais.

Como começa a tuaimplicaçom no rugby?Em Ourense começamos como umgrupo de amigos que se juntam, elogo foi-se 'profissionalizando'. Hátrês anos, começou umha fortecampanha, com um treinadorargentino, que difundiu este des-porto polas caregorias base, fazen-do campanha de promoçom nasescolas e liceus. E daí vimos nós.

Como animarias alguém a jogar?É um desporto diferente, o únicoque se joga realmente em equipa.Aqui nom há 'grandes estrelas'como no futebol; nom pode fal-har ninguém, porque é um des-porto de honra e de combate na

cancha. As regras cumprem-sesempre e nom costuma haverqueixas. Aqui nom valem as escu-sas, há que sofrer muito nos trei-nos para desfrutar nos jogos.

Qual é a situaçom deste desportoem Ourense e na Galiza?Aqui na cidade estamos a come-çar, com resultados aceitáveis.Na Galiza, acho que está estan-cado, nom tem a difusom quemerece, e os clubes colaborammui pouco para coordenarem-see lançar iniciativas conjuntas.

E que che parece o papeldas instituiçons?Olha, nós treinamos num campo deterra, a partir das 9 da noite, quandoacabarem os de futebol. Nós leva-mos por diante o nome de Ourensee da Galiza, e temos 400 euros aoano, enquanto umha equipa qual-quer de futebol leva mais de 6.000.

Gostarias da oficialidade daselecçom galega?Sim, para mim é um honor eumha responsabilidade repre-sentar a Galiza. Ora, há que ter

em conta umha cousa, que é opouco nível que ainda temos.Para que te fagas umha ideia,se é a selecçom espanholaa que joga contra umha equipafrancesa (olho, nom contraa selecçom francesa), o resulta-do andaria por 50-0. Nocaso concreto da Galiza, restamuito por andar.

De quem andades polos dezasseteou dezoito anos, di-sse quefazedes parte da 'geraçom docentro comercial'. Tu, semembargo, jogas rugby, fazes tea-tro, e participas dos movimentossociais. Como ves a tua geraçom?Em poucas palavras: mui fascis-ta e mui ignorante. Nota-se emOurense, que é umha cidadeburguesa. Aqui todos se consi-deram de classe média, aindaque vivam afogados polas hipo-tecas; dim-che que 'se sientengallegos', e nem sequer usam onosso idioma. A cousa está difí-cil, porque fomos educados poloconsumismo e a televisom, querepete as mentiras mil vezes atéfazê-las verdades.

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APARTADO 39 (15701) COMPOSTELA - GALIZA / TEL: 630 775 820 / PUBLICIDADE: 692 060 607 / [email protected]

OPINIOM 2EDITORIAL 3NOTÍCIAS 4ANÁLISE 15

A FUNDO 11REPORTAGEM 10CULTURA 16DESPORTOS 19

Estám no cimo cheios de misé-rias. Vivem como sempre dixê-rom que nom viviriam. Se outros

figessem o que eles fazem converti-riam-nos em inimigos do povo. Osmeios de comunicaçom compram-secom publicidade institucional e convé-nios de colaboraçom. Os intelectuaissom calados com congressos interna-cionais, prémios, medalhas ou campan-has de promoçom. A militáncia aplaca-se com salários públicos em gabinetes,fundaçons e consórcios privados comcargo aos orçamentos autonómicos. Ese fai falta bota-se mao dumha viageminstitucional ao Japom, a Cuba ou aFinlándia, com os gastos pagos eregresso no fim do jornada laboral. Eainda ficam por repartir as seis ou setedireccións dos seis ou sete edifícios daCidade da Cultura, as viagens do queresta de legislatura e falamos de centosde miles de quilómetros, os presentesde Natal das empresas amigas e con-cessionárias de serviços, as ajudas decusto dos incontáveis almoços de tra-balho que ficam por compartir e tam-pouco som para desperdiçar as entra-das VIP em concertos, óperas e zarzue-las a organizar de aqui ao Jacobeu quese aproxima e que também se celebra-rá como manda a Santa Madre Igreja.

Francisco Rodríguez defende comgarbo e chuleria a instalaçom e situa-çom da planta de gás de Reganosa. Dezmil votos perdidos e serám mais, nomlho perdoam. González Mariñas, osten-toso colaborador e cúmplice necessá-rio do Plus dos 15.000 euros, foi oponente do BNG que outorgou e calouna comissom que pactuou unanimenteo sobressoldo dos altos cargos. Foi con-denado polo santom Aymerich ao ostra-cismo dos recusados. María XoséPorteiro flamante embaixadora paraconseguir votos na Argentina e maeorgulhosa com filha de prominente nogabinete dum conselheiro amigo, vaiter que aplicar-se muito perante osresidentes ausentes que levam anos aenterar-se do que acontece na Galizapolo Luar e com cheque assistencialgrampado com a papeleta eleitoral.

Situaçons menores comparadas com oque está a sofrer o VicepresidenteQuíntana. Dimitido Antonio Losada,nom tem quem lhe faça os discursos.Privado de frases para titulares de pri-meira, carente de ideias força, ignorantede insultos ocorrentes, sem saber estarperante as cámaras nem que dizer nastertúlias, o valor do Quin cotiza à baixa.Sim, vai cobrar o sobressoldo dos altoscargos, mas que significa o dinheiro seum já nom tem ao seu lado quem fezpossível que o nacionalismo institucio-nal chegasse à independência via auto-carro rotulado e assessoramento dumgabinete de advogados madrilenho.

“Rompemos com as dinámicas precedentesem melhorias sociais e salariais no convénio”

XOÁN XOSÉ MELÓN SECRETÁRIO NACIONAL DA CIG CONSTRUÇOM

XAN CARLOS ÁNSIA

Poderososdesgraçados

- CComo começou este conflito?- No início deste ano, quandoà CIG se lhe passam dados deque supera o 50% no processode eleiçons sindicais.Tínhamos adquirido o com-promisso com os trabalhado-res de que no tempo em queisso acontecer íamos passar amobilizar. O primeiro quefigemos foi apresentar umanteprojecto pola nossaconta, com as reivindicaçonsque recolhemos do própriosector, e que nom foi bemvisto nem pola patronal nempolos outros sindicatos, quetratam de prolongar o proces-so negociador até que se assi-ne o convénio estatal. Há

apenas duas reunions, eperante essa parálise, a CIGem solitário convoca grevegeral para o 23 e 24 de Maio,que passado o tempo com-provamos como este passoanterior foi definitivo para oresultado final do conflito.

- EEm Setembro rompem asnegociaçons do convénio provin-cial, que se pretendia alcançarcom a convocatória desta greve?- Un melhor convénio e as con-sequências que disso derivam,tanto no aspecto salarial comonas melhorias sociais. Noaspecto salarial, sempre ano aano, limitavam-se as partes aassinar um convénio umha

décima ou duas por cima doque marcavam a nível estatal, epara nós isso nom valia; e anível social, contavam-se comos dedos das maos as melhorassociais alcançadas. Queríamosromper essa dinámica.

- FFinalmente, que se obtivodepois do processo mobilizador?- Em matéria salarial, é evi-dente que do 5% que vai con-seguir a categoria mais baixa,até um 6,30% que vai receberum oficial de primeira somquantidades mui superioresao que se vinha assinando emconvénios anteriores. Emaspectos sociais conseguírom-se toda umha cadeia de mel-horas que eram todas muisentidas polos trabalhadorescomo a reforma parcial, aslicenças, melhorias nas dietas,a questom do ascenso auto-mático, ou que exista umsuplemento de posto segun-do a categoria que desenvolva

cada trabalhador. Também seestabelece que deve existirumha estabilidade no empre-go dum 35%.

- PPor que crês que se está adar esta vaga mobilizadora(em Maio no metal, agora aconstruçom) nas comarcas deVigo e Ponte Vedra?- Recolhe dinámicas de muitosanos de trabalho, de insistir, deandar muita obra, de ter muitoscontactos com trabalhadores.Nós, entre afiliados e contac-tos que vamos fazendo no pro-cesso de eleiçons sindicais,temos contactadas de maosobre umhas 2.300 pessoas nacomarca de Vigo. Som muitosanos de sementar um trabalhode base muito importante emelhor que noutros lados, maisao pé da obra, de maior intensi-dade. Todo esse trabalhoreflicte-se na mobilizaçom enas consequências positivasque terá este convénio.

ZÉLIA GARCIA / Mais de 45.000 trabalhadores vírom-sse afectados polagreve da Construçom, que desde o 2 de Outubro paralisou a imensamaioria das obras e infra-eestruturas da província de Ponte Vedra. Aprecariedade deste sector é mui assinalada, suportando horários de até12 horas e um 90% de trabalhos temporários. A greve acabou, masficam muitos temas pendentes como a sinistralidade, a subcontrata-çom generalizada ou as condiçons de trabalho da migraçom.