Optare A..o 186 - ANABBO importante é que a Associação não se partidarize, mantendo...

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1 Ação ago2006

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Este espaço destina-se à opinião dos leitores. Por questão deespaço e estilo, as cartas podem ser resumidas e editadas. Se-rão publicadas apenas correspondências assinadas e que sejamselecionadas pelo Conselho Editorial da ANABB. As cartas quese referem a outras entidades, como Cassi e Previ, serão a elasencaminhadas.

ANABB - SCRS 507, bl. A, lj. 15 CEP: 70351-510 Brasília/DFAtendimento ao associado: (61) 3442.9696 Geral: (61) 3442.9600Site: www.anabb.org.br E-mail: [email protected]ção: Ana Cristina PadilhaE-mail: [email protected]ção e Editoração: Optare Comunicação Editora e jornalista resp.: Patri-cia Roedel Revisão: Júlia Luz Periodicidade: mensal Tiragem:160 mil Capa:Ablestock Impressão: Gráfica Positiva Fotolito: Colorpress

DIRETORIA-EXECUTIVAVALMIR CAMILOPresidente

WILLIAM JOSÉ ALVES BENTODiretor Administrativo e Financeiro

DENISE LOPES VIANNADiretora de Comunicação e Desenvolvimento

GRAÇA MACHADODiretora de Relações Funcionais, Aposentadoriae Previdência

EMÍLIO S. RIBAS RODRIGUESDiretor de Relações Externas e Parlamentares

CONSELHO DELIBERATIVOANTONIO GONÇALVES (Presidente)Ana Lúcia LandinAntilhon Saraiva dos SantosAugusto Silveira de CarvalhoCamillo Calazans de MagalhãesCecília Mendes Garcez SiqueiraCláudio José ZuccoDouglas José ScortegagnaÉlcio da Motta Silveira BuenoInácio da Silva MafraIsa Musa de NoronhaJosé Antônio Diniz de OliveiraJosé Bernardo de Medeiros NetoJosé BranissoJosé Sampaio de Lacerda JúniorLuiz Antonio CareliMércia Maria Nascimento PimentelNilton Brunelli de AzevedoRomildo Gouveia PintoTereza Cristina Godoy Moreira SantosVitor Paulo Camargo Gonçalves

CONSELHO FISCALHumberto Eudes Vieira Diniz (Presidente)Armando César Ferreira dos SantosSaul Mário MatteiAntônia Lopes dos SantosDorilene Moreira da CostaElaine Michel

DIRETORES ESTADUAISPaulo Crivano de Moraes (AC)Ivan Pita de Araújo (AL)Marlene Carvalho (AM)Franz Milhomem de Siqueira (AP)Olivan de Souza Faustino (BA)Francisco Henrique Ellery (CE)Elias Kury (DF)Pedro Vilaça Neto(ES)Saulo Sartre Ubaldino (GO)Joel Duarte de Oliveira (MA)Francisco Alves e Silva - Xixico (MG)Edson Trombine Leite (MS)José Humberto Paes Carvalho (MT)José Marcos de Lima Araújo (PA)Maria Aurinete Alves de Oliveira (PB)Carolina Maria de Godoy Matos (PE)Benedito Dias Simeão da Silva (PI)Moacir Finardi(PR)Antonio Paulo Ruzzi Pedroso (RJ)Heriberto Gadê de Vasconcelos (RN)Valdenice de Souza Nunes Fernandes (RO)Robert Dagon da Silva (RR)Edmundo Velho Brandão (RS)Carlos Francisco Pamplona (SC)Emanuel Messias B. Moura Júnior (SE)Walcinyr Bragatto (SP)Saulo Antônio de Matos (TO)

CAMPANHA UNIFICADAA campanha salarial aproxima-se e, comela, uma grande preocupação. Nos últi-mos anos, todas as campanhas têm gira-do em torno de discussões intermináveissobre a PLR, deixando de lado o aumentoreal de salário e o reestabelecimento dopoder aquisitivo. Vemos na pauta de rei-vindicações pedidos de auxílios, ajudas ecestas que transformam o dissídio coletivonuma verdadeira mendicância e os ban-cos em empresas filantrópicas. Ora, setemos salário digno não precisamos deajudas ou auxílios e muito menos de cesta-alimentação. Agora, os dirigentes sindi-cais tentam nos convencer de que a cam-panha unificada foi melhor para nós.Nossos salários se tornarão tão baixosquanto os dos bancos privados. Levantoessa discussão porque sei que a ANABBacompanha os dissídios e zela por nossosinteresses. A briga por salários indiretostraz prejuízos imensuráveis à categoria e,em particular, aos funcionários do BB que,depois de aposentados, não terão ondebuscar todos estes auxílios. A PLR é, junta-mente com os abonos e salários indiretos,lesiva aos trabalhadores. É um instrumentode espoliação muito utilizado pelas em-presas com o total apoio do Ministério doTrabalho, numa tentativa de transformar oPaís em uma grande senzala.Luiz Paiva Gomes FilhoGoiana - PE

TRABALHO RECONHECIDOA ANABB completa 20 anos e já é consi-derada a maior associação de funcioná-rios da América Latina. O resultado dasúltimas eleições demonstra que o trabalhorealizado pelos 21 integrantes do Conse-lho Deliberativo conta com o significativoapoio dos associados. Quase todos osconselheiros foram reeleitos. Destaco tam-bém a unanimidade na escolha dos dire-tores-executivos. O importante é que aAssociação não se partidarize, mantendoindependência em relação ao governo ededicando-se, sob o ponto de vista prag-mático, à luta em defesa da Cassi e Previ.Newton de MenezesJacarezinho - PR

ELEIÇÕES 2006Gostaria de me dirigir ao Sr. Carlos Au-gusto Cruz, que manifestou, na edição dejulho desse jornal, que não vota mais por-que pessoas que se diziam comprometi-das mentiram. Talvez o Sr. entenda queperspectiva de futuro é sofrer pressão paraaderir a um PDV, é ameaça de privatiza-ção, aumento zero, intervenção na Previ etodas as demais ações desumanas quelevaram muitos de nossos colegas ao de-sespero e à loucura. Não nos esqueçamosdisso, nunca. Eu vou votar sim e em quemsempre acreditei, em quem sempre lutoupela grandeza do BB. É por isso que eume orgulho da Previ, da ANABB, do Ban-co, do País e de seus dirigentes.Wilson Leite de OliveiraCampinas - SP

Sei que política, futebol e religião são temaspolêmicos. Mas fiquei surpreso com o re-sultado da enquete do site da ANABB sobrea eleição presidencial, tendo em vista que anossa tradição é contrária à corrupção. Po-de até ser que o presidente seja inocente,mas imaginem aquela tropa toda voltandoao poder. Temos que mudar até encontrarum governo que se preocupe com a digni-dade do trabalhador. Será que o pessoaltem memória curta? Será que devemoscontinuar arriscando? Bem que o ditadodiz: cada povo tem o governo que merece.Dilermando Germano da CostaDivinópolis - MG

NR:NR:NR:NR:NR: A enquete sobre as eleições foi reali-zada entre 7 e 16 de agosto e teve partici-pação recorde de 3605 internautas. A per-gunta foi “em qual candidato você vai votarpara presidente?”. 35% responderam quevão votar em Lula, 22% disseram que vo-tam em Heloísa Helena, 20% em GeraldoAlckimim e 5% em Cristovam Buarque. 6%afirmaram que vão votar nulo ou em bran-co e 4% não se decidiram. Os outros can-didatos não foram citados pelos eleitores.

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Valmir CamiloPresidente da ANABB

No dia 30 de maio, cumprio meu último dia como presi-dente do Conselho de Adminis-tração da Bombril. Como é doconhecimento de muitos, o

convite para tal cargo partiu do Tribunal de Justi-ça de São Paulo. Nesse dia, recebi a informaçãode que a empresa voltaria para o controle deRonaldo Ferreira Sampaio, filho do fundador destaempresa que tem quase 60 anos de existência. En-tendi que havia encerrado mais uma etapa da mi-nha vida profissional e estava na hora de facilitara chegada de novos dirigentes.

Foram vinte meses de trabalho. Uma tarefaque pude dividir com alguns colegas aposentadosdo Banco do Brasil, entre eles Élcio Bueno e LuizAntonio Careli. Recebi uma missão difícil: recuperaruma empresa à beira da falência, captando cercade 70 milhões mensais em factoring ou em bancosde terceira linha. Dívidas com fornecedores, muitosdeixando de fornecer as matérias-primas. Saláriosatrasados e longos períodos sem produção compu-nham a rotina dos trabalhadores.

Hoje, dia 18 de agosto, recebi a notícia deque a revista Época estará circulando, no próximofim de semana, com uma matéria que apresentaas 100 melhores empresas para se trabalhar noano de 2005. Então começo a me lembrar do mo-mento em que fiz o convite para o Careli – ex-dire-tor da ANABB, ex-vice-presidente da Fenabb, ex-presidente do Satélite Clube e aposentado do Ban-co do Brasil. O desembargador que me fez o con-vite para assumir a Bombril tinha feito um pedido:salve os empregos. E lá se foi o Careli ocupar aGerência Geral de Recursos Humanos da Bombril.Eu tinha uma preocupação especial com os funci-onários da empresa, muitos deles com mais de 30anos de serviço. Era tarefa para alguém de minhaconfiança pessoal.

Alguns órgãos de imprensa, incentivados

por um presidente que demiti por incompetência,resolveram criticar minhas escolhas para o quadrode dirigentes e funcionários da empresa. Falar daBombril dá manchete e falar mal de alguém queparou de gastar com propaganda, para equilibraras contas, é mais fácil ainda. Minha vida foi cons-truída com grandes desafios e este foi mais um.Em muitos momentos, fui criticado, e sempre sou-be dar tempo para a verdade aparecer.

Depois de mais de noventa dias com a novadireção, as pessoas que coloquei na empresa ain-da estão lá, protegidas pelos critérios de compe-tência que foram adotados na contratação e pelagenerosidade do novo administrador, mais preo-cupado em cuidar da empresa do que em promo-ver injustiças. Quem não está é o Careli e o Élcio,pois saíram junto comigo.

Mas quero render uma homenagem especialao Careli, que realizou um trabalho maravilhosona área de Recursos Humanos da Bombril. Esteprêmio – Bombril: uma das 100 melhores empre-sas para se trabalhar em 2005 – é o reconheci-mento por um trabalho feito com amor, dedicaçãoe competência. Mas é, principalmente, a prova vi-va da capacidade do funcionalismo do Banco doBrasil.

Eu sempre estive certo de confiar nos meuscolegas de Banco, e o tempo se encarregou deprovar. Esta é mesmo uma grande família que meenche de orgulho. Obrigado a todos aqueles queaceitaram o desafio e me ajudaram a tirar uma em-presa da UTI, sem perder a ternura com os seus em-pregados e colaboradores.

Bombril: razão de sobra paranão me arrepender

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CAMPANHA SALARIAL

UNIFICADA 2006

Estabilidade econômica e

lucratividade do setor

financeiro oferecem condições

favoráveis para ganhos

salariais e melhoria de benefícios

Pela primeira vez desde a redemocratizaçãodo País, o principal mote da campanha salarialdos bancários não é a reposição das perdas infla-cionárias. Neste ano, a pauta unificada apresentacomo principais reivindicações: aumento real desalário, ampliação da participação nos lucros e re-sultados (PLR) e melhoria dos benefícios indiretos(vale-refeição, vale-alimentação, auxílio-creche etc.).

A Confederação Nacional dos Trabalhadoresdo Ramo Financeiro (Contraf), ligada à CentralÚnica dos Trabalhadores (CUT), reivindica um au-mento real de 7,05% e a distribuição de 5% do lu-cro líquido dos bancos entre os seus empregados,de forma linear. Pede, ainda, a título de PLR, queos bancos garantam o pagamento de um salárioextra, acrescido de valor fixo de R$ 1.500,00. Pelaproposta, os benefícios indiretos serão corrigidospelo mesmo índice de reajuste salarial. Para o va-le-alimentação, é reivindicado um aumento maior:o valor passaria dos atuais R$ 280,00 para R$350,00.

Estas são as principais cláusulas econômicasda pauta unificada de reivindicações entreguepela Contraf aos representantes da Fe-deração Brasileira de Bancos(Febraban) no último dia 10 de agosto.Pautas complementares foram entre-gues ao Banco do Brasil (BB) e à CaixaEconômica Federal (CEF) no dia 17 deagosto.

A pauta de reivindicação apresen-tada pela Confederação Nacional dos

Trabalhadores nas Empresas de Crédito (Contec) éainda mais ambiciosa. Além da reposição das per-das salariais acumuladas no período de setembrode 1994 a agosto de 2003 – que implicaria um re-ajuste de 48,1% para os funcionários do BB e de57,8% para os funcionários da CEF – a Contec rei-vindica que os dois bancos oficiais apliquem aossalários dos seus empregados o mesmo índice decorreção do salário mínimo, que foi de 16,67%, oque resultaria num expressivo aumento real de cer-ca de 13%.

Em relação à PLR, a proposta da Contec prevêa distribuição de 10% do lucro líquido do exercíciode 2006. Inclui, ainda, uma cláusula que obriga osbancos a garantir aos empregados o equivalente a,no mínimo, dois salários, acrescidos do valor fixode R$ 3.000,00. O pagamento seria feito em duasparcelas, a primeira em setembro e a segunda emmarço de 2007.

DIVIDIR OS LUCROSEmbora divirjam nas suas reivindicações e es-

tratégias, a Contraf e a Contec convergem num

No período de 2001 a 2005, enquanto a

participação do lucro líquido dos acionistas

cresceu de 27,2% para 37,1% nos resultados do

setor bancário, o peso da folha de pagamento

caiu de 39,6% para 21%.

CAMPANHA SALARIAL

UNIFICADA 2006

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ponto essencial: uma parcela bem maior dos lu-cros exuberantes obtidos pelos bancos deveria serdividida com os seus empregados. No ano passa-do, o BB distribuiu 4% do lucro líquido. De acordocom dados oficiais da Febraban, em 2005 os ban-cos distribuíram aos seus empregados R$ 1,6 bi-lhão. Esta quantia apreciável representa uma mo-desta fração do lucro realizado pelo setor, que re-gistrou um crescimento de 44,1% em relação aoano anterior.

O desempenho dos maiores bancos do Paísno primeiro semestre de 2006 foi ainda melhor. OBB registrou um lucro líquido de R$ 3,888 bilhõesno período – um salto olímpico de 96,5% em rela-ção aos R$ 2 bilhões amealhados no primeiro se-mestre de 2005. Esta reluzente performance incor-pora o lucro extraordinário de R$ 899 milhões ob-tido graças à redução da contribuiçãocom o Fundo de Paridade da Previ. Alucratividade dos bancos privados man-tém a exuberância: o Bradesco lucrouR$ 3,132 bilhões e o Itaú, R$ 2,958 bi-lhões no semestre, registrando um cres-cimento idêntico de 19,5% em relaçãoao mesmo período do ano passado. OUnibanco teve um ganho ainda maisexpressivo, que resultou num lucro deR$ 1,068 bilhão – valor 25% maior do que o resul-tado do primeiro semestre de 2005.

Diante de números tão positivos, parece acer-tada a estratégia do movimento sindical de centrara campanha salarial no tripé “aumento real, PLR ebenefícios indiretos”. A reposição da inflação édada como líquida e certa pelas lideranças sindi-cais, que adotam um novo discurso para mobilizara categoria. “A construção de uma campanha sa-larial numa conjuntura de inflação baixa requermais inteligência do movimento sindical. A lutapela reposição de uma inflação anual de 3% nãoé suficiente para mobilizar o trabalhador. Precisa-mos de uma nova pauta para enfrentar essa novarealidade”, reconhece Vagner Freitas, presidenteda Contraf.

Ao contrário da pauta da Contec, que cobraa reposição das perdas salariais passadas, aContraf prefere discutir aumento real e apostar emoutras reivindicações para mobilizar a categoria.“Nosso pedido não é modesto. É realista. Os ban-

cários estão se acostumando a fazer campanhasalarial num contexto de estabilidade econômica einflação baixa. Um aumento real de 3 a 4% repre-senta um reajuste 50% acima da inflação. Aindaestamos presos à mentalidade do período de infla-ção alta, em que os reajustes salariais eram de doisdígitos, mas sempre ficavam abaixo da alta dos pre-ços. Era um ganho ilusório”, declarou Freitas.

CONJUNTURA FAVORÁVELLevantamento realizado pelo Departamento

Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconô-micos (Dieese), divulgado na terceira semana deagosto, indica claramente que o cenário econômi-co atual é favorável a acordos salariais que ga-rantam aos trabalhadores reajustes acima da in-flação. Das 271 negociações salariais monitora-

das pelo Dieese no primeiro semestre deste ano,82% resultaram em reajustes acima do Índice Na-cional de Preços ao Consumidor (INPC), calculadopelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), acumulado nos últimos doze meses, tendocomo referência a data-base de cada categoria.

O Dieese constatou, ainda, que 96% das ne-gociações salariais garantiram ao menos a reposi-ção integral da inflação. Este é o melhor resultadoconquistado pelos trabalhadores desde o primeirosemestre de 1996, quando o acompanhamentocomeçou a ser feito. O Dieese atribuiu o bom de-sempenho das negociações aos baixos índices deinflação. O INPC acumulado recuou de poucomais de 5% em janeiro deste ano para algo como2,75% no período encerrado em junho. Segundo oDieese, os ganhos salariais obtidos pelos traba-lhadores refletem, também, os esforços do movi-mento sindical e o crescimento da economia na-cional.

Esta conjuntura favorável não garante de an-

Em 2005, o BB obteve o maior lucro da sua his-

tória: R$ 4,154 bilhões – um crescimento de

37,4% sobre o resultado do ano anterior. A título

de PLR, o Banco distribuiu R$ 530,9 milhões

para seus funcionários.

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temão que os bancários vão obter um acordo van-tajoso. “Não tem conquista sem mobilização”,alerta Freitas. Ele acredita que será possível garan-tir, na mesa de negociação com a Febraban, au-mento real pelo terceiro ano consecutivo, mas ad-verte que os ganhos serão proporcionais ao nívelde mobilização da categoria.

Na opinião do presidente da Contraf, a cam-panha salarial unificada só traz vantagens, forta-lecendo a posição dos trabalhadores. “Até 2002,as negociações com os bancos oficiais e privadoseram separadas. O que tivemos foi um arrochosalarial prolongado nos bancos públicos. De 2003para cá, com a unificação da campanha, conse-guimos avançar na recomposição do poder decompra dos empregados de bancos oficiais. Nãotem sentido, portanto, abandonar uma estratégiaque vem dando certo e fracionar a campanha”,pregou Vagner Freitas.

MOVIMENTO DIVIDIDOO discurso da campanha salarial unificada

esbarra na divisão do movimento sindical bancá-rio. A Contraf e a Contec apresentaram pautaspróprias à Febraban e aos bancosoficiais e estão encaminhando ne-gociações separadamente. No en-tanto, os presidentes das duasconfederações se dizem dispostosa deixar de lado as diferenças e atrabalhar em conjunto. O proble-ma é como conciliar as queixas eexigências que cada entidade faz.

“Aceitamos qualquer discus-são de comando unificado de ne-gociação, desde que respeitado oprincípio de proporcionalidade”,posicionou-se Vagner Freitas,

enfatizando que a Contraf congrega150 sindicatos, que representam cercade 90% da base da categoria. Ele de-fende a pluralidade sindical, contra oprincípio da unicidade ao qual seagarra a Contec para sustentar a suaposição. O presidente da entidade,Lourenço Ferreira do Prado, argumen-ta que só pode existir uma entidadesindical dentro da mesma base. Ele se

apóia em súmula do Tribunal Superior do Trabalho(TST) para negar o direito de existência da Contraf.

“Temos o reconhecimento do Ministério doTrabalho, que já emitiu o registro sindical pleitea-do pela Contraf” rebate Freitas. Ele reconhece, noentanto, que há uma disputa jurídica com a Con-tec. A solução, na sua opinião, seria a confedera-ção oficial representar apenas os sindicatos filia-dos a ela. “A súmula do TST dá à Contec uma re-presentação acima dos sindicatos. É uma leituraequivocada e inconstitucional que está sendo con-testada na Justiça. No nosso entendimento, a re-presentação dos trabalhadores é do sindicato,não da confederação”, afirmou Freitas.

Enquanto esta disputa não se resolve, a cam-panha unificada fica apenas no discurso. “Há dis-posição, mas até agora não houve diálogo entreas duas entidades. Por isso, a Contec vai negociardiretamente com a Febraban, com o BB e a CEF”,declarou Prado. O presidente da Contraf admiteque a falta de entendimento entre as duas entida-des é prejudicial aos interesses da categoria. “Nãoqueremos alimentar disputa com a Contec. Nossoembate é com os patrões”, conclui Freitas.

Disputa pela representação dos bancários na

mesa de negociação pode atrapalhar a

categoria, que conta com uma conjuntura

favorável para obter ganhos salariais e maior

participação nos lucros e resultados.

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Depois da onda de privatizações dos anos 90,que dizimou os bancos estaduais e chegou a des-pertar a cobiça de grupos privados sobre os ativosdos bancos federais, as duas principais instituiçõesfinanceiras públicas do País – a CEF e o BB – vivemuma fase de ouro, batendo sucessivos recordes delucratividade e aumentando sua participação nomercado. Líderes absolutos em ativos, os dois ban-cos oficiais têm resistido bem à competição cadavez mais acirrada dos bancos comerciais.

Em 2005, o BB registrou um lucro líquido deR$ 4,154 bilhões – o maior da sua história. Este de-sempenho representou um crescimento de 37,4%sobre resultado do ano anterior (R$ 3,024 bilhões).A CEF também atingiu uma marca histórica, obten-do um lucro de R$ 2,073 bilhões, um salto de 46%em relação a 2004 (R$ 1,420 bilhão). O cenáriopara este ano é ainda mais promissor: o BB fechouo primeiro semestre com um lucro líquido de R$3,888 bilhões – uma alta de 96,5% sobre o resulta-do de igual período de 2005. A CEF, que só divul-gou o balanço do primeiro trimestre do ano, regis-trou um lucro de R$ 700 milhões, cifra 47,3% supe-rior à obtida no primeiro trimestre de 2005.

Mas se os lucros dos bancos oficiais já seaproximam e até superam os lucros dos bancos pri-vados, quando o assunto é salários e benefícios, acomparação sugere que a tendência é o nivelamen-to por baixo. A chamada “política de mercado” pra-ticada pelo BB e pela CEF há cerca de dez anos temsignificado, na prática, rebaixamentos dos saláriose achatamento dos benefícios indiretos.

Entre 1996 e 2002, enquanto os dois bancosoficiais deixaram seus funcionários praticamentesem reajustes, os bancos privados deram 50,31%de reposição salarial aos seus empregados. Comoconseqüência, a CEF e o BB acumularam perdas de57,8% e 48,1%, respectivamente. No mesmo perío-do, os salários dos empregados dos bancos priva-dos ficaram apenas 1,6% atrás da inflação.

Esta situação começou a mudar quando teveinício a campanha salarial unificada, em 2003. Delá para cá, o BB e a CEF acompanharam os reajus-tes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).Os salários dos bancários foram reajustados em29,6%, no período de 2003 a 2005. Todavia, asperdas anteriores dos empregados dos bancos ofi-ciais permanecem em aberto. Nos últimos dez anos,os reajustes dos bancos privados alcançaram94,66%, contra apenas 41,5% do BB.

Com 82.879 funcionários na ativa, o BB de-sembolsa mensalmente R$ 285,5 milhões em salári-os, o que representa um custo médio por funcioná-rio de R$ 3.444,36 – sem computar os encargos so-ciais. Em 2005, o montante global da folha de pa-gamento foi de R$ 3,4 bilhões, cifra que não incluio pagamento de benefícios indiretos (R$ 834,8 mi-lhões) nem o pagamento de Participação nos Lucrose Resultados (R$ 530,9 milhões). O salário de in-gresso é hoje de R$ 827,40 – acrescido de umagratificação semestral de 25%, paga mensalmente,o que eleva a remuneração inicial para cerca de R$1.050,00, à qual se somam os benefícios indiretos.Depois de perder terreno em comparação com osdireitos conquistados pelos empregados dos ban-cos privados, o funcionalismo do BB se mobilizapara reconquistar direitos e benefícios comprimidosao longo dos anos. Líder absoluto em ativos, depó-sitos totais, carteira de crédito, segmento comercialde câmbio exportação e base de clientes correntis-tas (23,7% milhões), o BB tem contado com a dedi-cação de um quadro de funcionários altamentequalificados para consolidar essas posições de lide-rança no mercado financeiro nacional.

Salários decentes e benefícios crescentes: oatendimento a esta expectativa dos funcionáriosserá determinante para que o BB mantenha a posi-ção de maior banco do país e seu papel estratégicopara o seu desenvolvimento. Esta é a principal ban-deira da ANABB na Campanha Salarial de 2006.

BB e CEF ganham mercado,aumentam lucros e reduzemsalários e benefícios paracompetir com bancos privados

BANCOS OFICIAISBANCOS OFICIAIS

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AMIGO QUE ME INDICOU PARA SER SÓCIO DA ANABB*Nome do Associado da ANABB: * Matrícula:

*Assinatura Data (dia/mês/ano)

*Concordo com o valor da mensalidade de R$ 12,72 debitado em conta corrente no Banco do Brasil.

* Matrícula:

* Nome:

*Sexo: Masculino Feminino

*Logradouro *Complemento *Bairro

*Cidade *UF: *CEP:

*CPF *RG

*Data de nascimento (dia/mês/ano) *Data da posse no BB (dia/mês/ano)

E-mail (profissional) E-mail (pessoal)

*Telefone residencial: Telefone comercial:

*FORMA DE PAGAMENTO: DÉBITO EM CONTA DO BB FOPAG (somente aposentados)Ag. Trabalho: Ag. pagamento: Conta corrente:

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Um estudo sobre assédio moral feito pelo Sin-dicato dos Bancários de Pernambuco em parceriacom a ONG canadense Fundo para a Igualdadede Gêneros – FIG – está esclarecendo patrões eempregados sobre um problema que já afeta 40%dos bancários. O projeto “Assédio Moral na Cate-goria Bancária - Uma experiência no Brasil”, alémde ampla pesquisa, inclui palestras e cartilha queestá sendo distribuída para os trabalhadores dosbancos em todo o País.

Os números obtidos na pesquisa ilustramesse tipo de conflito nas relações detrabalho. A maior reclamação refere-se à carga de trabalho. 19,66% dosentrevistados reclamam da quantida-de de tarefas impostas pelo chefe.12,73% dizem que o chefe prejudica asaúde. E 10,35% afirmam que o chefepassa instruções confusas e impreci-sas. As queixas são inúmeras e nem sempre é fácilidentificar o assédio moral. O projeto tem justa-mente a função de elucidar as dúvidas.

O estudo identifica assédio moral como “aexposição dos trabalhadores a situações humi-lhantes e constrangedoras”. Também mostra que oproblema é mais comum “nas relações hierárqui-

cas e autoritárias”. O assédio pode ser caracteri-zado por atos, palavras e gestos que contrariem adignidade física e psíquica, ou seja, a auto-estimados funcionários.

O problema é tão grave que pode causar do-enças como gastrite, depressão e LER. Segundo apesquisa, 60% dos trabalhadores entrevistadossentem-se constantemente preocupados, tensosou nervosos. Dores de cabeça acometem 37% dosbancários e 42% dormem mal. A psicóloga socialAndréa da Hora explica que se costuma confundir

os sintomas do assédio com estresse. “A tensão écomum no dia-a-dia de trabalho, mas na situaçãode assédio moral esse quadro é intensificado”,afirma. “O estresse é uma resposta do organismoaos excessos e pode ser resolvido tirando-se umasférias. Mas o assédio moral é uma violência quecausa doenças psicossomáticas.”

Violência por trás do caixaASSÉDIO MORALASSÉDIO MORAL

Assédio Moral: exposição dos traba-

lhadores a situações humilhantes e

constrangedoras

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Uma das responsáveis pelo projeto,Suzineide Rodrigues de Medeiros, aponta afalta de comunicação no ambiente de tra-balho como um dos fatores que favorece oassédio. Funcionária do Bradesco e mestreem Sociologia, Gênero e Sindicalismo, elaafirma que em alguns bancos privados si-tuações constrangedoras chegam a ocor-rer até três vezes por semana. “As empre-sas devem ter uma política de recursos hu-manos que iniba esse tipo de atitude”, criti-ca. Apesar de a pesquisa apontar que osfuncionários de bancos privados são osmais insatisfeitos, é do Banco do Brasil quevem a maior parte das reclamações recebi-das pelo sindicato.

O projeto coordenado pela socióloga,por psicólogos e médicos do trabalho foimotivado pela demanda. “Recebíamos mui-tas denúncias e decidimos tentar entendero fenômeno”, conta a socióloga. Mas foium caso específico o pontapé inicial. Umafuncionária do BB do interior de Pernam-buco foi assediada sexualmente pelo ge-rente da agência. Não cedendo às inves-tidas do chefe, ela passou a sofrer o assé-dio moral. “O gerente tirou-a da função decaixa e transferiu-a para o auto-atendi-mento. Ele pedia para ela servir cafezinhoaos clientes e ela chegou até a limpar ochão”, conta Suzineide. A bancária come-çou a ter problemas de auto-estima, de-pressão e um retrocesso emocional a pon-to de só se sentir segura para trabalhar se amãe estivesse presente na agência. Tantapressão desencadeou uma síndrome do pâ-nico e a moça pediu demissão. A bancáriachegou a ser reinserida no BB depois que osindicato abriu uma ação contra o banco,mas continua sem trabalhar, à espera de seaposentar por invalidez. O gerente respon-sável pelo assédio foi transferido.

A PRESSÃO DAS METASNem todo caso de assédio moral é tão

explícito. Para Carlos*, funcionário do Ban-co do Brasil, a pressão para cumprir metase as insinuações de incompetência por par-

Quais as implicaçõesjurídicas que umaempresa acusada deassédio moral podesofrer? Ao contrário doassédio sexual, que éprevisto no Código Pe-nal, o assédio moral temcomo fundamento jurídi-co o próprio direito à dignidade humana. Ele tem umacaracterística multidisciplinar. O direito à dignidadehumana combinado com o direito à saúde mental e àhonra asseguram o direito da vítima de não ser asse-diada. Não existe ainda disciplina legal para o assédiomoral. Mas a Constituição assegura indenização pordano material, moral ou à imagem. Há um artigo noCódigo Civil que justifica propor a ação contra o em-pregador e não contra o colega de serviço. É o artigo938, inciso 3, que diz “são também responsáveis pelareparação civil o empregador ou comitente com seusempregados no exercício do trabalho que lhes compe-tir ou em razão dele”. Depois, o empregador pode atépunir o empregado que praticou o ato faltoso. Cabe,também, um pedido de rescisão indireta do contratode trabalho, mas, na maioria das vezes, não interessaao empregado perder o emprego.

Existe uma forma de garantir o emprego ao en-trar com uma ação contra a empresa? O funcio-nário poderá justificar que a demissão foi discrimina-tória por ter ajuizado a ação objetivando a indeniza-ção, só que isso depende de uma prova. Mas não hádispositivo legal específico que garanta a manutençãodo emprego.

Que tipo de provas podem ser usadas num pro-cesso de assédio moral? As provas não são fáceisde obter. Em geral, a prova é testemunhal, mas grava-ções telefônicas e de conversas têm sido muito usa-das. Hoje em dia, o e-mail também pode servir de pro-va, já que a prova escrita é mais imparcial. Um diárioé unilateral, mas o juiz vai avaliar, sim.* Maria Cristina Peduzzi é ministra do Tribunal Superior do Trabalho.

ENTREVISTA

MARIA CRISTINA

PEDUZZI

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Evite ficar sozinho com o agressor. Tenha testemunhas.

Peça que ordens e instruções sejam passadas por escrito.

Se as agressões forem mais graves, faça um diário anotando o

que acontece.

Não se intimide. O medo reforça o poder do agressor.

Procure familiares e amigos para desabafar. O apoio deles irá

reforçar sua auto-estima.

Procure o sindicato ou a associação de funcionários e a delegacia

do trabalho.

O QUE FAZER EM CASO DE AGRESSÃO

te do gerente-geral da agência onde trabalha temlevado muitos funcionários a entrar em licença-médica. “O clima está péssimo. Hoje, dos 45 fun-cionários há nove pessoas com atestado. Isso éum reflexo do estresse que ele está provocando”,desabafa. Carlos conta que opiniões e críticas, es-pecialmente em relação às metas, são sempre re-taliadas. “Os funcionários que fazem alguma críti-ca ficam marcados. Aí, mudam de setor. Um delesaté perdeu a comissão.”

Segundo a diretora de Relação com Funcio-nários e Responsabilidade Socioambiental do Ban-co do Brasil, Isabela Campos, o ambiente bancá-rio é mesmo muito competitivo e acaba gerandoestresse. “Temos buscado fazer com que o nível dedebate sobre metas seja sempre ampliado”. A dire-

tora acredita que questões culturais dificultam aseparação do que é ou não assédio moral e reco-nhece que o BB não tem nenhum programa volta-do para o problema. Mas garante que o Bancofaz seu papel para evitar o assédio moral. “A prin-cipal ação é o processo educacional e seletivo deescolha dos gestores, observando se eles estãopreparados para liderar uma equipe”, justifica.

Ainda não há no Brasil uma lei que tipifique oassédio moral, embora existam atualmente 11 pro-jetos tramitando no Congresso. Mas isso não im-pede que os agressores sejam punidos. Segundo aministra Maria Cristina Peduzzi, do Tribunal Superi-or do Trabalho, o empregado deve ter seu direito àdignidade, à honra e à saúde mental assegurado.“O assédio moral é uma violência pessoal, moral epsicológica”, afirma.

Maria Cristina recomenda que as vítimas mo-vam ações de indenização por danos morais con-tra a empresa e não contra o colega de serviço.Além disso, quem sofre esse tipo de violência tam-bém pode pedir rescisão indireta do contrato detrabalho. Neste caso, o funcionário tem direito atodas as verbas indenizatórias que cabem à de-missão sem justa causa. “Não há como impedirque o empregado seja demitido quando ele entrana Justiça, mas, posteriormente, ele pode justifi-car que a demissão foi discriminatória”, afirma.O importante é que o agressor seja denunciadoà empresa e ao sindicato ou a outro órgão prote-tor dos direitos do empregado, a exemplo daANABB.(*) A pedido do entrevistado, o nome foi trocado.

SUZINEIDE RODRIGUES: inibir o assédio moral é dever daempresa

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Plano deSaúde

Solidário

Durante esses 19 anos em que trabalhei no Banco,sempre ouvi um ou outro funcionário discorrer e questio-nar sobre o porquê de não pagar a Cassi na proporçãodo número de seus dependentes. Eu mesma, às vezes,me perguntava por que a Cassi não implantava esse mo-delo de contribuição. Quando o assunto vinha à tona, oque ouvíamos dos diretores eleitos da Cassi, representan-tes das entidades e do sindicato, era “que o plano dosassociados tinha que ser solidário”.

Hoje, faço parte do Conselho Deliberativo da Cassi etive a oportunidade de conhecer de perto como funcionaessa empresa. Tive acesso aos números, estudosatuariais e comprovei que a melhor forma é mesmo a tãofalada e defendida solidariedade.

O plano de Associados da Cassi é formado por dife-rentes grupos, e mensurar o custo de cada um deles seriaum contra-senso. Separá-los apenas pelo número de de-pendentes na hora de cobrar a contribuição é uma solu-ção simplista demais. Seria trocar a solidariedade pela in-justiça.

Se fôssemos olhar apenas pelo lado do custo, tería-mos que identificar não somente o grupo de associadoscom dependentes, mas o daqueles associados que sãocasados também com funcionários e pagam duas vezespelo mesmo benefício. Existe também o grupo com maisde 60 anos de idade, que utiliza mais a Cassi do que osassociados com mais de um dependente. O grupo deobesos, fumantes e hipertensos às vezes é mais caro àCassi do que o grupo com mais de 60 anos de idade.Isso, sem falar naqueles que têm apenas um filho, maseste, por ter nascido com problemas físicos ou mentais,necessita de tratamento durante toda a vida e gasta maisdo que aqueles que possuem dois ou três dependentescom saúde perfeita.

Se nós começarmos a flexibilizar o princípio da soli-dariedade, passando a cobrar pelo número de depen-dentes, amanhã estaremos discutindo também a possibili-dade de majorar a contribuição daqueles que têm doen-ças graves ou possuem dependentes com problemas físi-cos ou mentais. Seria o fim do nosso plano de saúde. Se-ria melhor pagar pela utilização pura e simples.

O princípio da solidariedade deve ser encaradocomo a garantia de atendimento diferenciado, de acordocom a necessidade de cada um, mediante a contribuiçãode todos, proporcional ao salário recebido.

* Denise Vianna é diretora de Comunicação e Desenvolvimento da ANABB

O princípio da solidariedade

deve ser encarado como garantia

de atendimento diferenciado,

de acordo com a necessidade

de cada um, com a

contribuição de todos.