oqueeintervencaoorientada_ed01 (1)

35

description

livro

Transcript of oqueeintervencaoorientada_ed01 (1)

Instituto IndependaCapivari SP Brasil+55 19 [email protected] 1 edio, revista Julho de 2015ISBN 978-85-69203-02-5Editor: Cristian FernandesReviso: Izabel BragheroProjeto grfico: Andr Stenico 2015 Paulo Campos DiasTexto elaborado pelo autor a partir de consulta a materiais do dr. Vernon E. Johnson e de Donald M. Lazo, com traduo de Uiara Zagolin. permitida a reproduo parcial ou total, apenaspara uso no-comercial, desde que citada a fonte, sendo vedada a criao de obras derivadas.#5[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]SUMRIOApresentao ......................................................... 6Definio .................................................................8Finalidade.............................................................. 10Por que funciona? .................................................11Eficcia ...................................................................13Assessoramento ................................................... 16Participantes ......................................................... 18Planejamento ....................................................... 20Preparao das cartas .......................................... 23A interveno ........................................................ 25Reunio ps-interveno ..................................... 27Advertncia ...........................................................28Concluso .............................................................29Mais informaes ..................................................31o autor .................................................................. 32#6[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]APRESENTAOInterveno orientada um processo por meio do qual a famlia e os amigos so capazes de confrontar a doena do dependente qumico, apresentando ocorrncias de incidentes com o lcool ou outras drogas, no intuito de mostrar como o uso da substncia altera seu comportamento, quebrando toda a sua iluso e os seus mecanismos de negao.o propsito desta literatura dar um entendimento sobre a interveno orientada e servir como um guia para quem est interessado em participar do processo.A interveno deve acontecer sob orientao, #7[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]superviso e suporte de um profissional especializado em dependncia qumica e capacitado para aplicar a tcnica com sucesso. Em nenhuma circunstncia essa literatura substitui a participao do profissional.PAULO CAMPOS DIAS#8[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]DEFINIOInterveno orientada uma maneira de dizer a um dependente qumico, com carinho e preocupao, como seu uso de lcool ou outras drogas est afetando a vida dele e dos demais, de forma a conscientiz-lo da gravidade de sua condio e da necessidade de se tratar.A interveno no um tratamento, mas uma forma de levar o dependente qumico a se tratar.A dependncia qumica verdadeiramente uma doena da famlia. Seus membros desenvolvem um transtorno emocional conhecido como codependncia, e tendem a atribuir todos os seus problemas ao dependente qumico, #9[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]no conseguindo enxergar que seu prprio comportamento tem sido alterado por suas reaes doentias dependncia do outro.Desta forma, a interveno orientada importante tanto para a famlia quanto para o dependente qumico.#10[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]FINALIDADEA finalidade da interveno orientada quebrar a muralha de negao do dependente qumico, colocar um fim na facilitao que recebe por parte dos familiares e amigos, o que perpetua a sua doena, e lev-lo a aceitar o tratamento do qual depende sua vida.#11[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]POR QUE FUNCIONA?Porque a famlia est sendo orientada por um profissional capacitado, que a ajudar a intervir de maneira eficiente, equilibrada e madura.Porque pautada em amor e preocupao, e no em crticas.Porque fatos e datas so incontestveis, ao passo que opinies pessoais so questionveis.Porque oferecer ajuda mais eficiente do que pedir para parar de beber ou de usar outras drogas.#12[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]Porque mais difcil manipular um grupo de pessoas do que apenas uma.Porque um grupo de pessoas tem uma maior viso do problema.Porque, ao procurar ajuda, o primeiro passo j foi dado.#13[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]EFICCIAPreparada com cuidado, apresentada sem julgamentos e de maneira amorosa, esta tcnica comumente resulta na aceitao de ajuda pelo dependente qumico.Aproximadamente 8 em cada 10 intervenes obtm sucesso, com o dependente qumico aceitando tratamento.Se o dependente qumico no aceita qualquer ajuda, essencial que os membros da famlia aprendam a mudar seu comportamento, pois sem essa mudana ele continuar com seu comportamento inaceitvel de beber ou usar outras drogas.#14[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]Se o empregador e/ou colegas de trabalho do dependente qumico puderem participar da interveno, a chance dele aceitar ajuda muito maior, pois usa-se o trabalho como alavanca. impossvel quebrar a negao e for-lo a enfrentar as consequncias do seu uso de lcool ou drogas, a no ser que todas as possibilidades lhe sejam tiradas.Talvez esse mtodo possa parecer duro, porm um ato de amor amor que exige.o dependente qumico aceitando ou no a ajuda, a interveno sempre traz um resultado positivo, pois quebrado o silncio e todos podem se posicionar perante o uso de lcool e/ou outras drogas do mesmo.A famlia vai apresentar em seus relatos os detalhes do jeito de agir do dependente qumico e ele no poder mais continuar seu jogo com #15[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]todos. Alm do que, sabendo que tudo o que era possvel foi feito, os familiares se livram da culpa e podem sentir que deram um passo certo em suas prprias recuperaes.#16[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]ASSESSORAMENTOA entrevista inicial dever determinar se ou no aconselhvel uma interveno orientada. essencial demonstrar que o uso do lcool ou de outras drogas o principal problema, e que todas as demais alternativas para controlar a progresso da doena foram tentadas.Nunca force uma interveno. importante que todos os participantes se sintam confortveis em suas decises de participar.o papel do profissional especializado , sobretudo, informativo e de apoio. Ele est l para oferecer confiana e orquestrar o procedimento. A famlia e os amigos tm o poder do seu amor e seu interesse nas mudanas.#17[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]A presena de um profissional especializado ajuda na estrutura da sesso e reduz os riscos de argumentos e manifestaes de raiva.o ideal que a interveno profissional no esteja filiada a nenhum centro de tratamento, deixando o processo o mais isento possvel.#18[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]PARTICIPANTES de responsabilidade da pessoa que deu o primeiro passo para a interveno, e no do profissional especializado, contatar os demais participantes.Todos os motivos dos participantes devem ser cuidadosamente estudados para assegurar que a interveno esteja sendo feita exclusivamente por amor e interesse pelo dependente qumico.Algumas das caractersticas dos participantes:Pessoas que moram ou convivam com o dependente;Familiares e amigos que tenham contato frequente com o dependente;#19[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]Empregador e/ou colegas de trabalho;No sejam dependentes, ou sejam dependentes em recuperao;Sejam suficientemente equilibradas;Participaram de incidentes relevantes, provocados pelo dependente;Crianas podem participar, desde que estejam devidamente preparadas;Pessoas ausentes, mas importantes no processo, podem participar por meio de carta, vdeo etc.os participantes devem ser avisados para serem o mais honestos possvel com o dependente qumico, admitindo que esto tambm buscando ajuda para eles mesmos, porque o uso da substncia est afetando as suas vidas.#20[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]PLANEJAMENTOo tratamento adequado discutido e, se for decidido pela internao do dependente qumico, o local deve ser reservado antecipadamente para o dia da interveno, reservando se necessrio acomodaes, de forma que o intervalo entre a interveno orientada e a internao seja o menor possvel, podendo ser at no mesmo dia.Nesta etapa, necessrio:Decidir como e quem o levar ao centro de tratamento;Escolher dia, hora e local da interveno; #21[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]Reservar aproximadamente 3 horas e se programar para chegar 45 minutos antes do horrio previsto, estacionando os carros longe do local;Decidir quem levar o dependente, como e com qual desculpa, ao local da interveno;Preparar a mala do dependente para o dia e guard-la em outro ambiente;Eliminar possveis distraes (gua, caf, bolachas, lanches, animais de estimao, telefone, celulares, televiso, computador, aparelho de som etc.);Remanejar, cancelar ou adiar os compromissos do dependente (trabalho, estudos, consultas mdicas etc.), evidentemente sem o seu conhecimento.A interveno no deve acontecer na residncia do dependente. Um lugar neutro recomendado.#22[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ] prefervel marcar a interveno para o perodo da manh, quando a chance do dependente no ter usado nada maior. Beber ou usar d a falsa sensao de coragem ao dependente, e diminui as chances de sucesso. importante discutir com o profissional quais os ultimatos que so capazes de seguir, caso o dependente no aceite o tratamento.#23[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]PREPARAO DAS CARTASAos participantes pedido que registrem episdios especficos e, se possvel, recentes, sobre o uso de lcool ou outras drogas e os incidentes decorrentes dele, preferencialmente citando datas, em cartas que sero lidas no dia da interveno. Isto essencial, e papel do profissional especializado trabalhar essas informaes para que possam ser apresentadas sem julgamentos, sem raiva ou em vo.Nas cartas deve-se dizer o que se quer de forma objetiva, sendo sempre honesto sobre os prprios sentimentos. A raiva s vai aumentar as defesas #24[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]do dependente qumico e pode-se perd-lo. Amor, carinho e interesse so suas armas, e por isso o incio deve ser um pargrafo de carinho e o fechamento com a frase por favor, aceite ajuda. importante nunca rotular o dependente qumico com termos como bbado, alcolatra, viciado, drogado e maconheiro, e sim falar sobre a bebida ou outra droga, e como est afetando suas vidas e seus relacionamentos.#25[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]A INTERVENOo profissional deve se apresentar e, assim que o dependente for levado ao assento vazio, explicar o que vai acontecer, pedindo sua cooperao. Somente ele falar com o dependente nesse incio.As cartas so lidas na ordem que o profissional indicar, e se o dependente interromper, ningum dever falar nada. quando ele se calar, a pessoa continua lendo a carta de onde parou.quando todos os participantes tiverem lido suas cartas, haver normalmente um silncio profundo. desconfortvel para todos, mas principalmente para o dependente qumico. No quebre o silncio. Deixe para ele a iniciativa de fazer o primeiro movimento.#26[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]Se o dependente qumico aceitar a ajuda, cabe ao profissional explicar qual ajuda est sendo oferecida. Em caso de internao, a pessoa designada anteriormente deve imediatamente acompanh-lo ao centro de tratamento.Se o dependente recusar todo e qualquer tipo de ajuda, a famlia pode discutir os ultimatos e deve deix-lo sair sozinho. importante no receber de nenhuma forma, caso cheguem, visitas inesperadas, e nada do que foi combinado pode ser mudado na hora.#27[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]REUNIO PS-INTERVENO muito importante que o profissional especializado fique mais um tempo com os participantes, dando apoio e mostrando os aspectos positivos da interveno.Ele deve reforar que os participantes fizeram o correto e deixar claro que no so traidores.Um apoio contnuo para a famlia recomendado, por meio de frequncia a grupos de apoio, terapia etc., e deve ser providenciado, pois isso possibilitar uma nova forma de vida.#28[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]ADVERTNCIAEmbora parea uma tcnica simples de ser aplicada, no convm tentar fazer uma interveno orientada sem a presena de um profissional especializado em dependncia qumica e que a conhea, pois ele ter o papel de coordenar e orientar os familiares e amigos, eliminando falhas, controlando as emoes e aumentando as chances de sucesso.#29[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]CONCLUSOA interveno orientada, mesmo quando o dependente qumico no aceita ajuda, no deve ser considerada como um fracasso. Ao contrrio. A interveno quebra o pacto surdo do silncio que, possivelmente, fazia parte da famlia, e pode ser o caminho para toda ela obter ajuda apropriada.Se o dependente no quiser, seu beber ou uso contnuo de outra droga no dever ocorrer da mesma forma, uma vez que ele perde o privilgio do desconhecimento.A famlia e os outros participantes tm a satisfao de saber que fizeram todo o possvel, removendo qualquer sentimento de culpa. Esse o primeiro passo na sua recuperao.#30[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]Deve-se usar informao e educao com todos os participantes da interveno, independente da idade ou do grau de instruo dos mesmos, fazendo as pessoas se conscientizarem sobre a dependncia qumica e a codependncia.Usualmente necessria a interveno para quebrar os mecanismos de defesa, e a iluso de controle que o dependente tem. Somente revendo os episdios assustadores causados pelo seu consumo de lcool ou outras drogas, que ele pode realmente imaginar que precisa de ajuda.Usar as crises e apresent-las com amor, de uma maneira firme e com uma atmosfera adequada, parece ser a melhor maneira de quebrar a negao e levar a famlia e o dependente qumico a aceitarem a ajuda necessria.#31[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]MAIS INFORMAESConhea mais sobre a dependncia qumica por meio da srie de e-books gratuitos O que dependncia qumica, da psicloga Maria Heloisa Bernardo:www.oqueedependenciaquimica.com.brE para entender melhor a codependncia, conhea o e-book gratuito O que codependncia, da terapeuta familiar e pesquisadora Romina Miranda:www.oqueecodependencia.com.br#32[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]O AUTORPaulo Campos Dias formado em economia e administrao de empresas, com ps-graduao pela FGV-EPB.Psicoterapeuta, com especializao para atendimento a dependentes qumicos e familiares pelo GREA, Programa Interdisciplinar de Estudos #33[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]de lcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da USP Universidade de So Paulo.Publicou pela USP trabalho de pesquisa sobre o uso da cannabis e sintomas psicticos.Com experincia em altos cargos em multinacionais como Hoechst e Chase Manhattan Bank, desde 1995 atua na rea de dependncia qumica, tendo iniciado seu contato com a metodologia da interveno orientada com Donald M. Lazo, cofundador da Chcara Reindal, primeira clnica especializada em tratamento de dependncia qumica do Brasil.Trabalhou em unidades de tratamento para dependentes qumicos e familiares, como Centro de Tratamento Reviva, Clnica So Francisco, Ambulatrio Vitria e Clnica Alvorada.Capacitou e supervisionou equipes do Tribunal#34[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ]Regional Eleitoral de So Paulo e da Superinten-dncia da Polcia Federal de So Paulo.Foi colaborador da campanha Pela Vida, Contra as Drogas da Rdio Joven Pan e do programa Recuperao da Rede Boa Nova de Rdio. palestrante e professor em cursos, capacitaes e eventos de empresas, rgos pblicos, instituies do terceiro setor e de ensino.Atende em consultrio na cidade de Macei, Alagoas, e presta consultoria para empresas e famlias.Atua constantemente com a tcnica da interveno orientada, tendo atendido mais de 300 casos at o ano de 2015.#35[ o qUE INTERVENo oRIENTADA ][O QUE INTERVENO ORIENTADA]Este e-book de Paulo Campos Dias objetiva ampliar o conhecimento sobre o tema, alm de conscientizar e mobilizar para uma mudanade valores e atitudes todos aqueles que desejam ajudar umdependente qumico que no quer ajuda.Esta a primeira edio. Para ter acesso edio atualizada, entre agora em www.oqueeintervencao.com.br o Instituto Independa acredita que a educao pode efetivamente transformar vidas, e est empenhado em apresentar o melhor contedo e tcnicas inovadoras, eficazes e eficientes, incentivando as pessoas a despertarem para uma nova conscincia, superando seus desafios e encontrando seus caminhos de liberdade e felicidade.Acompanhe o melhor contedo sobre dependncia qumica:www.paraentender.com.br