Oração do filósofo

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In this prayer, we present a moment of doubt that a philosopher live when his ideas are not studied even when they are new theories, when his life is uncertain, when he lacks of hope

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Oração do filósofo (autoria de Antonio Jaques de Matos, 9 de maio de 2009)

Óh onipotente cosmos que me fizeste a partir de sua própria destruição. Eu, este pedaço diminuto de ti como bem disse Santo Agostinho. Sinto-me angustiado por não ter respostas que completem estes aparentes vazios no meu corpo e no meu pensamento. Por que ti destruíste, não entendo-te, a tua vida não se submete à razão, as causas e efeitos dos empiristas não te explicam? Sou, como dizem, apenas um invólucro de moléculas e elas dos átomos e os átomos dos prótons? E os prótons em uma série sem fim, nem começo? Como vou conhecer a ti, se nem conheço a mim? Por que não me fizeste transparente para que, pelo menos, minhas entranhas fossem por mim conhecidas! Por que quando faço algo pelos outros não recebo nada em troca? É injusto pedir que reconheçam meu esforço? Esforço-me para que este mundo tenha um bom fim e um novo recomeço. Por que silencias diante desta pergunta e de tantas outras? Na ausência de Ti, busco eu mesmo as respostas e com freqüência eu as descubro ainda que saiba que são provisórias, enquanto muitos outros homens pensam que elas são definitivas Depois de um dia de muito trabalho e dedicação aos outros, uma borboleta pousou em meu braço. Há quanto misticismo carregamos, sr. Nietzsche! Ela era o sinal do teu reconhecimento? Se, sim, agradeço-te, porque nunca esperei ouro e prata. Como poderia eu ser feliz com tanto enquanto milhões não têm nada? E, afinal, o que é ter, se nem mesmo tenho a mim, se divido o corpo com bactérias e vírus? E se não entro duas vezes no mesmo rio de Heráclito, porque já não sou eu mesmo? Entendo teu silêncio, és socrático antes de Sócrates, quem silencia, pergunta e porque não tens uma boca e ao mesmo tempo, tens milhões delas. Amém.

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