ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

23
ORIGEM ANCESTRAL DA FAMÍLIA DUQUE ESTRADA Nenhum homem pode jamais ganhar o cálice a menos que seja conhecido no céu e que seja chamado pelo nome até o cálice. Wolfram von Eschenbach Os genealogistas afirmam que a família Duque Estrada descende de um Grimoaldo, sobrinho de Carlos Martel, que, por desavenças com este, procurou refúgio na Espanha depois vindo para o Brasil. Contudo, estes genealogistas estão equivocados. Ainda que os Duque Estrada sejam descendentes do mordomo mor dos palácios merovíngios, Pepin, o Gordo, de Herstal, por intermédio de Grimoaldo II, os motivos do equívoco estão expostos em seguida. Durante os últimos anos dedicados em tempo integral à busca pelo Santo Graal, descobri por intermédio de autores que se dedicam a este assunto, que o Santo Graal, segundo interpretação destes, seria, como cálice ou vaso, nada mais que uma metáfora para o útero de Maria Madalena. A suposição inequívoca destes autores é a de que Jesus Cristo teria se casado com Madalena e, como resultado, teria engendrado uma linhagem de sangue, a qual, por ser descendente do Graal como metáfora para o vaso, cálice ou útero de Madalena, teria, desde então, vindo a ser conhecida como LINHAGEM DO SANTO GRAAL. Durante estas pesquisas, dentre outras coisas, e por motivos que não cabem aqui serem explicados, necessitei fazer uma investigação minuciosa sobre a família Bush. Para isto, me vali, dentre outros livros, de um que versava sobre a biografia de George Herbert Walker Bush. Neste livro, intitulado George Bush: The Unauthorized Biography, os autores, Webster Griffin Tarpley e Anthon Chaikin, afirmam que George Herbert Walker Bush costumava comentar ser descendente de Henrique III Plantageneta. Neste contexto, o autores também afirmavam que Bush, por ser descendente daquele rei da Inglaterra, seria também primo, ainda que distante, de Sua Majestade, a rainha Elizabeth Alexandra Mary de Windsor, mais conhecida como rainha Elizabeth II.

Transcript of ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

Page 1: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

ORIGEM ANCESTRAL DA FAMÍLIA DUQUE ESTRADA

Nenhum homem pode jamais ganhar o cálice a menos que seja conhecido no céu e que seja chamado pelo nome até o cálice. Wolfram von Eschenbach

Os genealogistas afirmam que a família Duque Estrada descende de um Grimoaldo, sobrinho de Carlos Martel, que, por desavenças com este, procurou refúgio na Espanha depois vindo para o Brasil. Contudo, estes genealogistas estão equivocados. Ainda que os Duque Estrada sejam descendentes do mordomo mor dos palácios merovíngios, Pepin, o Gordo, de Herstal, por intermédio de Grimoaldo II, os motivos do equívoco estão expostos em seguida.

Durante os últimos anos dedicados em tempo integral à busca pelo Santo Graal, descobri por intermédio de autores que se dedicam a este assunto, que o Santo Graal, segundo interpretação destes, seria, como cálice ou vaso, nada mais que uma metáfora para o útero de Maria Madalena. A suposição inequívoca destes autores é a de que Jesus Cristo teria se casado com Madalena e, como resultado, teria engendrado uma linhagem de sangue, a qual, por ser descendente do Graal como metáfora para o vaso, cálice ou útero de Madalena, teria, desde então, vindo a ser conhecida como LINHAGEM DO SANTO GRAAL.

Durante estas pesquisas, dentre outras coisas, e por motivos que não cabem aqui serem explicados, necessitei fazer uma investigação minuciosa sobre a família Bush. Para isto, me vali, dentre outros livros, de um que versava sobre a biografia de George Herbert Walker Bush. Neste livro, intitulado George Bush: The Unauthorized Biography, os autores, Webster Griffin Tarpley e Anthon Chaikin, afirmam que George Herbert Walker Bush costumava comentar ser descendente de Henrique III Plantageneta. Neste contexto, o autores também afirmavam que Bush, por ser descendente daquele rei da Inglaterra, seria também primo, ainda que distante, de Sua Majestade, a rainha Elizabeth Alexandra Mary de Windsor, mais conhecida como rainha Elizabeth II.

Ora, Plantageneta é o nome da segunda dinastia da Inglaterra, logo depois da dinastia Anglo- normanda fundada por Guilherme, o Conquistador, depois de derrotar o rei inglês Harold na famosa batalha de Hastings em 1066. Daí por diante, este e seus descendentes se tornaram reis da Inglaterra. Eventualmente, uma descendente do rei Guilherme, sua neta Matilda, casaria-se com Geoffroi, conde de Anjou, da mais famosa e poderosa casa européia, a francesa Casa de Anjou tida em alta conta por Wolfram von Eschenbach em seu romance Parsifal depois musicado por Richard Wagner , que, por sua vez, era descendente do famoso Carlos Magno, rei da França e Imperador do Sacro Império Romano-germânico.

Foi durante esta investigação, sobre um possível parentesco entre os Bush e Sua Majestade, que, no ano de 2001, vim a tomar conhecimento de um outro livro que por versar sobre assunto tão intrigante tornou-se Best Seller, intitulado The Holy Blood and The Holy Grail, traduzido no Brasil pela Nova Fronteira com o título O Santo Graal e a Linhagem Sagrada. Neste livro os autores dão uma importância muito grande tanto a dinastia Plantageneta quanto a Casa de Anjou, sugerindo, para falar o mínimo, serem tanto esta Casa quanto aquela dinastia, descendentes de Jesus e Madalena.

Page 2: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

Posteriormente, tomei conhecimento de outro livro Intitulado Bloodline of The Holy Grail (A Linhagem do Santo Graal) primeiramente publicado na Grã-Bretanha e em outros países e, depois no Brasil, pela Madras Editora , que também tornara-se Best Seller novamente pelo mesmo instigante tema abordado no livro. Neste, o autor vai tão longe quanto apresentar uma genealogia onde Meroveus, historicamente o fundador da primeira dinastia francesa, a dinastia merovíngia, era apresentado como descendente de Jesus e Santa Maria Madalena. Mais ainda, o autor deste livro, que fora prefaciado pelo HRH* príncipe Michael de Albany, menciona explicitamente que esta linhagem, a linhagem messiânica de Jesus e Maria Madalena, é uma linhagem soberana que existe até hoje no mundo.

Ora, neste contexto, tanto o presidente Bush como Sua Majestade, a Rainha, sendo descendentes tanto da dinastia Plantageneta, como também, por linha direta ascendente, da Casa de Anjou, da dinastia carolíngia, e através desta, descendente de Carlos Magno, são também descendentes da casa a qual Carlos Magno pertencia, a Casa de Pepim. Por sua vez, a Casa de Pepim, assumira a realeza francesa por uma usurpação do trono merovíngio, afirmam os historiadores. Contudo, a ancestralidade da casa de Pepim, ainda que esta casa fosse a dos prefeitos ou mordomos mor (Mayors) do palácio merovíngio antes da usurpação, era embora os acadêmicos não mencionem, até mesmo por desconhecimento também descendente dos reis merovíngios como Laurence Gardner autor do livro em questão apresenta nas genealogias do seu livro. Conferindo as genealogias de Gardner com as acadêmicas e históricas e confirmando-as, me levou a concluir que tanto os Bush como Sua Majestade teriam de ser descendentes de Jesus e Madalena, o que eu vim a confirmar e que está demonstrado no meu livro O Mito Jesus – A Linhagem.

Por que mencionei os fatos acima? O que tem os Bush, Sua Majestade e estas casas européias tão famosas a ver com a família Duque Estrada?

Ora, as minhas pesquisas apontavam inequivocamente a um padrão repetitivo de coincidências genealógicas e, diante da possibilidade de que estas personalidades pudessem ser descendentes de Jesus e Madalena, como eu provei que são, achei por bem estender minhas pesquisas a outras personalidades como a princesa Diana, duques, condes, príncipes, presidentes, banqueiros internacionais, etc. A minha dúvida era: seriam todos de uma mesma família descendente de Jesus e Madalena? Seriam estas famílias todas da LINHAGEM DO SANTO GRAAL? Minhas pesquisas confirmaram academicamente minhas suspeitas. Entretanto, durante estas pesquisas estendidas, não foi senão por um golpe de sorte que, investigando a genealogia de um tal duque na Internet, para minha total surpresa e espanto, ao digitar “duque fulano de tal” no Google, pulou na tela do monitor a origem genealógica da família Duque Estrada. O texto na tela afirmava, como já mencionei, ser a família Duque Estrada descendente de um tal de Grimaldo:

Segundo alguns autores, o Duque de Estrada procede de Grimaldo, Duque de Brabante e Estralen, o qual, sendo perseguido na França por Carlos Martel, seu tio, no sétimo século, foi para a Espanha onde lutou contra os mouros. Seus descendentes conservaram o título de Duque de Estralen, que se transformou em Duque de Estrada.

A se confirmar esta informação, não só a família Duque Estrada, como também todos os seus descendentes com outros sobrenomes familiares, seriam descendentes da Casa de Pepin que,

Page 3: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

dentre seus descendentes encontra-se Carlos Martel, um dos homens mais heróicos da França. Isto significaria dizer que a família Duque Estrada também seria uma das famílias descendentes de Jesus Cristo e Maria Madalena, ou seja, descendente do Santo Graal. Seria possível?

Procurando confirmar a informação acima, não encontrei, por mais que procurasse, em lugar algum, um ducado com o nome de Estralem. Também, ainda que a família da Casa de Pepin possua várias pessoas com o nome Grimoaldo, não encontrei nenhum Grimoaldo sobrinho de Carlos Martel. Continuando com a pesquisa, pude novamente encontrar menção aos duques de Brabante e Estralem no livro Maricá Meu Amor, de Paulo Batista Machado, no qual consta o seguinte texto:

A história de família de presença marcante não só em Maricá, como em todo o Rio de Janeiro, está intimamente ligada a Alexandre Álvares Duarte e Azevedo. Os seus filhos solidificaram os vários ramos de uma mesma árvore, descendentes do grande navegador Fernão de Magalhães e da não menos importante família espanhola Duque Estrada, oriunda dos Duques de Brabante e Estralen.

Em face da falta de informações sobre um tal ducado de Estralem, julguei natural que Paulo Batista Machado tenha bebido esta informação em algum livro armorial. Dirigi-me então ao livro Armorial Lusitano do membro da Academia Portuguesa de História, Antônio Machado de Faria, editado em Lisboa, Portugal, pela Editorial Enciclopédia Lda, em 1961. Lá encontrei a mesma e insuficiente informação que se encontra abaixo apresentada:

Page 4: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

Não satisfeito, me voltei para outro livro intitulado As Origens dos Apelidos das Famílias Portuguesas, de Manuel de Sousa que informa o que segue na cópia abaixo:

Em vista da dificuldade de informações precisas, passei a procurar a genealogia do Imortal Joaquim Osório Duque Estrada imortal não só pela autoria da letra do Hino Nacional Brasileiro,

Page 5: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

como também, e principalmente, pelo fato de ter ocupado a cadeira número 17 da Academia Brasileira de Letras. Eu supus que este Imortal, por ser uma personalidade famosa, talvez, pelo menos, sua genealogia pudesse ser encontrada com mais facilidade. Não deu outra, eu a encontrei, contudo, ainda não conseguira estabelecer uma ligação segura e confiável com a Casa de Pepin.

Pela genealogia de Joaquim Osório encontrada por mim, ele era filho de Luís de Azeredo Coutinho Duque Estrada e neto de Domingos de Azeredo Coutinho Duque Estrada. Em vista dos impasses, deixei esta pesquisa genealógica em banho-maria até que certa feita, qual foi a minha surpresa, quando, encontrei um livro da família Duque Estrada que fora distribuído pela família em virtude das comemorações do quarto centenário da cidade do Rio de Janeiro. Este livro fora impresso e distribuído para a família por uma pessoa que, na introdução do mesmo, identificava-se como L. C. M. Não me fora difícil identificar esse tal de L. C. M. como Luís Carneiro de Mendonça, marido de Zulma nascida Duque Estrada, irmã de Odette Duque Estrada e Álvaro Duque Estrada.

O dito Luis Carneiro de Mendonça escrevera na introdução daquele livro que o mesmo havia sido concluído pela matriarca da família, Carolina Duque Estrada, a “Tia Carola” como ele a chamava no ano de 1900, e que havia sido iniciado e legado pelo primeiro Domingos da genealogia, o avô do autor da letra do Hino Nacional Brasileiro.

Constam naquele Livro de Família várias genealogias, dentre elas, uma dos reis de França e outra dos Duques de Brabante, ambas, desde a destruição de Tróia. Estas duas genealogias são importantes por serem ambas descendentes do rei Príamo de Tróia; a dos reis de França apresenta a linhagem ancestral materna do rei franco, Faramund, cuja linhagem ancestral paterna é descendente de Jesus e Madalena, ambas, linhagens ancestrais do fundador da dinastia merovíngia, Meroveus; a dos duques de Brabante é a linhagem ancestral dos Mayors (Prefeitos ou Mordomos-mor) dos palácios merovíngios, ou seja, da Casa de Pepin, que usurpara o trono dos merovíngios redundando na dinastia carolíngia (Carlos Martel e Carlos Magno) que seria seguida pela dinastia capetíngia de Hugo Capeto e depois pelas Valois e Bourbon. A genealogia dos duques de Brabante, lá apresentada e intitulada Genealogia dos Duques de Bravancia ou Brabante, que traz o Padre Frei João de Penedo, religioso franciscano, prosseguida dos reis troianos até El- Rei Felippe de Castella em Monarchia Ecclesiastica, Parte 3a, Livro 17, Capítulo 31, Parágrafo 1o, Folha 53, que fora copiada de forma resumida da monumental obra, Monarchia Ecclesiastica, encontra-se no Apêndice V, cuja conclusão afirma:

Conclui o autor esta genealogia com estas palavras acreditadas como a dos autores que seguiu: Com a elevação da família dos Carolíngios, que é a dos Pepinos, ao trono da França,

Page 6: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

não se acabou no sangue a dos reis antecedentes, que gozavam a coroa deste grande Estado, porque o rei Clodoveu [Clóvis I] que foi o primeiro que se fez cristão e de Santa Clotilde sua mulher, foi filho o rei Clotário ou Lothário I; esse casou sua filha Bathildis [Blitildis] com o duque Anberto [Ansbert ou Ansbertus] de quem foi filho S. Arnaldo [Amoaldo], duque e mordomo mor dos mesmos reis de França, casado com Santa Ita [Ida] que foram os pais de Sto Arnalpho [Arnulpho] que depois de ser também mordomo mor e casado com Doda [Dobo da Saxônia] foi bispo de Metz em Lorena [Lorraine] e sua mulher se recolheu a um mosteiro. Destes foi filho Ansegiro ou Angegiro [Anseguis], conde Palatino, que casou com Sta Bega, duquesa de Bravancia [Brabante], de quem foi também filho o grande Pepino, o Grosso, por sobrenome Erstale, que foi pai de Dragon [Drogon] e Grimoaldo, legítimos filhos de sua mulher Plectruda [Plectrudes] e de Carlos Martel, filho de sua manceba Alpeida [Alpaida ou Alpais] de quem foi filho Pepino, o Menor, que foi rei de França por disposição do rei Childerico ao acabar de reinar e não ter filhos que herdassem o reino; e deste Pepino, o Menor, foi filho o imperador Carlos Magno. Toda esta notícia se pode verificar nos livros e histórias já citadas ou apontadas nesta mesma obra ou neste mesmo escrito, e quem mais longamente quiser conhecer que a família Duque Estrada descende dos nomeados nestas genealogias e que tem o seu solar nas Astúrias , leia D. José Flôres de Olares, Livro 1o, Folha 30, Parágrafo 3o. (Os negritos são meus)

Por outro lado, a genealogia dos reis de França, intitulada Genealogia dos Reis de França desde a destruição de Troya até Faramundo 1o, Rei dos Sicambros e Francos, reino de França que traz o Padre Frei João de Penedo na sua Monarchia Ecclesiástica, Parte 2, Cap. 25, Liv. 14, Parg. 1o, Fl. 194 e continua a mesma genealogia da Casa D’ Áustria donde vêm os Imperadores que há muitos séculos gosam o Império de Allemanha e segue a genealogia até Filippe 2 o, 1o Rey de Castella descendente destas mesmas casas, o que se vê com toda a clareza na 4a Parte, Tomo 4o, Livro 27, Cap. 1o, Parg. 1o, Fls. 194 é a que se encontra descrita abaixo e que confere no todo com a genealogia fornecida por Gardner em seu livro A Linhagem do Santo Graal que também é apresentada a seguir:

Principia o autor esta genealogia de Adão e vai continuando a sucçessão e governos, Ducados e Reinados até Cologion [Clodius] [2] filho 3o de Theodomiro [1] que foi 23o Rei dos Francos, Reino da França, e diz, que deste foi filho Heitor Deyembar de quem descendem os Duques de Bravancia. Teve Cologion mais outro filho que foi Marcomiro [3], que foi Rei dos Francos 24 annos, e pelo seu valor pessoal venceu os Romanos em Cabo Agripina, mas por confiar muito em si, foi ao depois vencido e morto, imperando Valentiniano. Com a sua morte ficaram os Francos derrotados e tributários aos Romanos, e elegeram para seu Vice Rei a Dagoberto [4], irmão de seu Santo Rei Marcomiro e por falecimento deste a seu filho Genebaldo [5]; morto este, ajuntaram os Francos os seus Duques e Grandes e com todos estes, à satisfação do povo, elegeram a Faramundo [6], Duque de Francônia e descendente por linha recta dos seus antigos Reis, para tomar posse do Reino, como o fez, e posto no throno lançou fóra os Romanos e ficou Senhor de toda a França catholica e Bélgica. Estabeleceu o nome de França e de Francezes aos seus nacionaes. Por seu fallecimento tomou posse e reinou seu filho Clodion, e por morte deste, seu filho Moroveu. Estes dois últimos constam do Cap. 27 do Livro 14o dito acima; e diz o Cap. 26 por último, que destes continuaram seus successores até a introdução de Hugo

Page 7: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

Capeto; e assim da fim e acaba esta notícia do Livro 14 supradito e continua a mesma genealogia no Tomo ou Parte 4a, Cap. 27, Parg. 1o, Fla. 196 que diz assim: Por fallecimento de Moroveu reinou seu filho Childerico, e por morte deste seu filho Clodoveo que se fez christão pelas diligências e instâncias de sua mulher Santa Clotilde e de S. Remigio, Bispo de Rems. Teve Clodoveu 4 filhos e a todos 4 corôou Reis, porém Clotário ou Lotário, um delles, se fez Senhor de todos os reinos e casou uma sua filha chamada Blatilde [Blitildes] com o Duque Amberto [Ansbert] ou Nicanor; deste descende a grande casa dos Carolíngios, que é a que vem dos Pepinos e de Ansegiro ou Angegiro de quem falla o Padre Antonio Carvalho da Costa que continuaremos na genealogia dos Duques de Bravancia.

Todas estas genealogias são absoluta e academicamente corretas pois já as conhecia de cor e salteado por serem as genealogias da família pepinida (dos Pepin), ancestral das famílias Bush, Windsor, dos banqueiros Morgan e Rockefeller, dos atores Brad Pitt, Richard Gere, John Waine, e de muitas outras celebridades internacionais cujas genealogias, depois de levantadas e compiladas por mim, as condensei no mapa genealógico anexo ao meu livro intitulado O Mito Jesus – A Linhagem. Mais ainda, a família pepinida foi uma das mais importantes famílias, senão a mais importante da Europa, por ter ela forjado a base do que resultou na Europa como a conhecemos hoje, e também, por ser ela a família fundadora do Ducado de Brabante o mais importante ducado da ancestral Gália-Bélgica ainda existente na atualidade , ducado este que é o palco do famoso conto Lohengrin de Wolfram von Eschenbah, depois musicado por Richard Wagner. Em Lohengrin, a personagem central é Elza, duquesa de Brabante segundo algumas narrativas, ou

Page 8: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

duquesa de Bouillon, segundo outras. Contudo, duquesa de Brabante é uma variante de duquesa de Bouillon porque, segundo nota número 32 da pág. 391 do livro O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, o título do ducado de Godffroi de Bouillon de sangue merovíngio e que fora o grande comandante da Primeira Cruzada que tomou Jerusalém dos muçulmanos em 1099 Bassa Lorraine, foi abandonado em 1190 e os suzeranos passaram a se chamar duques de Brabante.

Contudo, restavam-me ainda dúvidas sobre Grimoaldo. Ele é mencionado pelos genealogistas como tendo buscado refúgio na Espanha por motivo de desavenças com seu tio Carlos Martel e que seu título era duque de Brabante e Estralen; eu jamais encontrara um tal ducado de Estralen e isto a princípio me pareceu uma fabricação, contudo, esta dúvida se desfez por uma observação atenta quando percebi que Pepino, o Gordo, é sempre referido historicamente como Pepino, o Gordo de Herstal e, o padre Penedo, refere-se a Othon, filho de Grimoaldo, como duque de Estralen. O fato é que Estralen nada mais é que uma corrupção do original nome toponímico belga Herstal que alguns grafam Heristal ou Eristala.

Nas minhas pesquisas genealógicas identifiquei muitas vezes mudanças de nome desta natureza, por corrupção, devido a fonéticas e grafias diferentes em locais diferentes. Citando alguns poucos, mas bons e emblemáticos exemplos deste tipo de mudança, temos as famílas Delano, Roosevelt, Pierpont e Cabot. Os Delano, descendentes da família hugenote de nome La Noy, tornaram-se Delanoy nos Estados Unidos e por último tiraram o “Y” final tornando-se Delano. Estes, viriam a se unir por casamento com os Rosenvelt holandeses que converteram-se nos Roosevelt quando de sua mudança para Nova Amsterdam, hoje Nova York, nos Estados Unidos. Os Pierrepont se tornaram Pierpont depois de se unirem por casamento com os Morgan tornando-se os Pierpont Morgan do famoso banqueiro internacional John Pierpont Morgan, proprietário do J. P. Morgan Bank que, eventualmente se uniria como o Chase Manhattan Bank que já era uma união entre o Chase Bank e Manhattan Bank formando o atual e famoso Morgan Chase Bank, o qual, esteve envolvido com a quebra da Enron nos Estados Unidos. O embaixador de JFK no Vietnã do Sul, Henry Cabot Lodge, um dos grandes responsáveis pelo forjado incidente do golfo de Tonkin que lançou os Estados Unidos na Guerra do Vietnã, como um presente bem lucrativo para os bancos de Morgan, era descendente da família genovesa Caboto.

Retornando ao tema principal, eu já sabia por estudos decorrentes destas pesquisas, que tanto os merovíngios como os pepinidas, consequentemente também os carolíngios, eram descendentes dos francos e que os francos eram descendentes dos sicambros que, por sua vez, eram ainda que o ensino acadêmico não admita, a não ser como mitologia* descendentes do rei Príamo de Tróia.

Page 9: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

Agora, de posse do Livro de Família da família Duque Estrada, passei a investigar a genealogia contida naquele livro fornecida pelo padre João de Penedo, iniciada no rei Príamo de Tróia, que menciona uma história sobre Grimoaldo diferente daquela apontada pelos genealogistas.

Lá, o padre Penedo nos remete a dois Grimoaldos, entretanto, é o Grimoaldo II que nos interessa; como podemos ver na genealogia (ver Apêndice), o sobrinho que por desavenças com Carlos

Page 10: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

Martel fugiu para Espanha foi Othon, e não, como os genealogistas afirmam, Grimoaldo II que fora assassinado em circunstâncias suspeitas.

Ainda que o padre Penedo aponte como causa da morte de Grimoaldo II o descontentamento do pai de sua legítima esposa Teodosinda, o rei Rabodo da Frigia, que mandou assassiná-lo por seu relacionamento ilícito com uma dama que o padre deixa em silêncio, é fácil suspeitarmos que o real motivo pode muito bem ter sido outro, pois a manceba de Grimoaldo II, que o padre deixa em silêncio, era a própria segunda esposa de Carlos Martel, Rotrude de Trèves, o que poderia explicar de forma muito mais satisfatória o real motivo do assassinato de Grimoaldo II pelo pai de sua esposa em conluio com o próprio Martel, por ser Grimoaldo II o legítimo herdeiro ao trono da França, ao contrário do dito descontentamento. De qualquer forma explica o motivo pelo qual Othon, como legítimo herdeiro ao trono na falta de seu pai, e por ser neto de Pepin de Herstal com sua legítima esposa Plectrudes, se viu em apuros, ameaçado pelo ilegítimo filho do mesmo Pepin de Herstal e sua manceba Alpais, seu tio Carlos Martel, que usurpara o trono para si. Isto explica também o fato de Theobaldo, ao contrário do costume da época, ter sido mantido vivo, não por graça de Martel, mas sim, por diligências de Rotrude de Trèves que, além de esposa de Martel, era também, como manceba de Grimoaldo II, a mãe de Theobaldo. É claro que a condição principal dentre as diligências de Rotrude em favor de seu filho Theobaldo era a de que este não reclamasse para si o trono francês competindo com seu padrasto Martel, condição que por este foi honrada até sua morte quando Theobaldo foi assassinado*.

Por que toda esta pesquisa em torno da família Duque Estrada?

Ora, se todas as pessoas encontradas por mim no mapa genealógico A Vinha do Senhor são descendentes de Jesus e, sendo Jesus filho de Deus pela teologia cristã, eu me perguntei: Seriam todas estas pessoas descendentes de Deus? É lógico, isto me deixou espantado. A teologia cristã afirma que todos somos filhos de Deus. Contudo, esta mesma teologia nos remete a um modelo de Deus imaginário ideal, perfeito, inefável, incognoscível e distante que não combina com o quadro encontrado por mim, que leva em conta, nada mais nada menos, que uma descendência sanguínea desse Deus por intermédio de Jesus, o que me deixou com duas opções: Jesus não era filho de Deus ou Deus não é o imaginário ideal que as pessoas tanto necessitam. Assim saí a procurar pelos dois, por um Jesus humano compatível com o quadro por mim levantado, ou seja, compatível com a imperfeição daquela descendência sanguínea, ou por um Deus muito bem dizível, cognoscível, próximo e, mais ainda, com sangue correndo em suas veias, do qual Jesus, e os outros Vinha do Senhor e toda a humanidade pudesse descender, o que o distanciaria de forma irreconciliável da teologia cristã. Se assim o for, bem que esse Deus poderia não ser, afinal de contas, um Deus no sentido teológico da palavra, e sim, um deus com letra minúscula, simplesmente, uma entidade alienígena à nossa pseudo cultura, que dirigiu, dirige e continuará dirigindo com mão de ferro e uma agenda muitas vezes até mesmo predatória tipificada por pessoas como os Bush, Morgan, Rockefeller e outros , nossos destinos, nosso planeta e a nossa humanidade sem que saibamos, afinal, se fomos criados a imagem e semelhança dele, poderiam nosso sangue e o nosso genoma serem o dele? Se for assim, poderíamos criar uma nova teologia, realista, paupável e pragmática, se conseguirmos encontrar a identidade desse deus? E haveria mesmo a necessidade de alguma teologia? Qual seria a relação entre a humanidade e esse deus? Haveria a necessidade de religiões intermediárias entre os dois?

Page 11: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

__________________* Esquecendo-se do fato de que Schilieman transferiu a “lendária” Tróia para o domínio da história através de uma leitura atenta da Iíada de Homero que o levou a decobrí-la arqueologicamente. Por outro lado, a capital da França, Paris, tem como origem o nome do “lendário” personagem Páris, que roubou Helena dos gregos ocasionando a Guerra de Tróia, assim como também, na França cujo nome deriva de um chefe sicambro descendente de Tróia de nome Franco que deu origem à tribo dos Francos que, por sua vez, originou o nome França existe uma cidade com o nome de Troyes, cujo nome deriva de Tróia, onde se deu o Concílio de Troyes, no qual São Bernardo de Clairvaux incorporou oficialmente os Templários como Ordem Monástica e de Cavalaria e que também deu origem ao nome do autor do romance medieval Le Conte del Graal (O Conto do Graal), Chrétien de Troyes.

APÊNDICE

Genealogia dos Duques de Bravancia ou Brabante, que traz o Padre Frei João de Penedo, religioso Franciscano, prosseguida dos Reis Troyanos até El-Rey Felippe de Castella. Historia Ecclesiástica Parte 3a, Liv. 17, Cap. 31, Parg, 1o, Fl. 53.

De Pryamo, último Rey dos Troyanos, foi filho Heitor e neto Franco que deu o nome a França; deste foi filho Pryamo 2o que foi pae de Heitor 2o e Polidomo e Brabon ou Bravon de quem veremos se originou o nome de Brabante ou Bravancia e continuaram outros descendentes por linha recta até Godofredo chamado Carlos na língua nacional, que quer dizer melancólico, e deste princípio se fez conhecer ao mundo o nome de tanta fama Carlos. Deste Carlos foi filho Carlos Inaco, que por forçar uma donzella, temendo a recta justiça de seu pae, fugiu para os Romanos e os acompanhou na guerra contra Mithridates, Rey do Ponto, aonde continuando nas suas travessuras furtou a Germana filha do Proconsul da Arcádia chamado Julio, e voltando fugido para Bruxellas do Ducado de Brabante, teve notícia do fallecimento de seu pae, que era Rey dos Túngaros [Turíngia], foi tomar posse do Reino e mudou o nome da mulher roubada que se chamava Germana em Zavana, como sua mãe. Essa donzella casou com Bravon Silvio na cidade de Loivana, assistindo ao casamento Julio César, que lhe deu toda a terra desde o mar da Noruega até Tornai, e o rio Escalda e a Panônia e a Selva Carbonária com o título de Ducado de Bravancia em memória de Bravon, e depois que Bravon matou a Druon que em Anvers tiranyzava cruelmente aquelles povos, lhe deu César o Marquezado de Anvers e a seu cunhado Octavio, filho também de Carlos Inaco e Zavana deu o Reino de Agripina Celonia. Este Octavio depois que seu pae faleceu, morreu elle também, e por não deixar successores, passou o Reino de Agripina Celonia a seu sobrinho Carlos Bravon, filho de Bravon Silvio e Zavana e reinou em Agripina Celonia e Ducado de Bravancia 50 annos. Casou com a primeira filha do Duque de Turingia de quem teve a Carlos Julio. Este reinou durante 40 annos e foi governador da Gália Bélgica pelo Imperador Trajano ou Vespasiano. No seu tempo se fizeram christãos os Túngaros e Colonocensses pela missão de São Materno; a este succedeu seu filho Carlos Gofredo, e a este seu filho Uberico que gosou dos estados de seu pae com liberdade por ter elle antes de morrer expulsado os Romanos dos seus domínios; e destes se seguiram outros por linha recta até Carlos Formozo que casou com uma irmã do Imperador dos Romanos, Valentiniano, e della nasceu Landon (ver nota no final da genealogia) a quem deixou o Reino. Teve mais outro filho que se

Page 12: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

chamou Austracio, que deu nome de Austracia que é a França Bélgica ou Oriental, e tendo reinado 41 annos em Austracia e Borgonha, terras que lhe deu seu pae sem sujeição ou reserva. Seu irmão Landon falleceu deixando estes Estados ao seu filho Carlos Nazon, que os gosou 12 annos; foi casado com Uvalberga única herdeira do Duque de Turingia e teve della Carlos Ardanio; reinou este em tempo do Imperador Justiniano e de Childerico e de Clotario da França 50 annos; e seu filho Carlomano, como traz o Padre Pinenele no apêndice de sua grande obra Fl. 13; foi casado com Emegarda de quem teve a Pepino o antigo que foi Duque de Bravancia e outros Estados, Mordomo Mor dos Reis de Austracia e a quem Clotario fez Príncipe de Palácio de França, lugar de tanta grandeza e dependência, que sendo tão grande Senhor ainda que por suas terras dependesse do Rei de França ambiciosamente se sujeitou a elle. Deste Pepino descenderam os que ao depois foram Reis de França.

Foi casado com Santa Ita irmã do Santo Bispo de Nodoaldo e della teve a Grimaldo que gosou todas as honras de seu pae, mas acabou infelizmente com seu filho Ildeberto a quem El-Rey Sigisberto por não ter filhos tinha perfilhado para herdar o Reino, e como teve ao depois filhos, a preferência destes, que injustamente quizeram impugnar, foi a causa da morte de ambos. Teve Pepino mais duas filhas de sua mulher que foram Santa Ursula, que se recolheu a um Mosteiro de Monjas e a quem depois por morte do mesmo Pepino acompanhou Santa Ita sua mãe e acabaram Santas, cujas vidas escreve Surio; e a Santa Bega, Duqueza de Bravancia que casou com Ansegiro, ou Angegiro filho de Arnulpho, Mordomo Mór do Reino de Austracia, neto de Arnaldo Duque Mordomo Mór dos Reis de França e descendente delles, bisneto do Duque Amberto que foi casado com a Princeza Batilde [Blitildes] filha de El-Rey Clotario [Lotário] 1o de França, 3o neto de Clodoveo [Covis] e de Santa Clotilde. Esse Clodoveo [Clóvis] foi o primeiro Rei christão de França, como tereis visto na genealogia antecedente, e aqui, diz o autor, neste casamento se ajuntou a grande Casa de Bravancia com a que fundou Austracio, hoje Lorena [Lorraine], com título de Ducado, e de presente sujeito ao Reino de França. Arnulpho, pae de Ansegiro ao depois foi Bispo de Metz, em Lorena, e sua mulher Doda se recolheu a um convento e acabaram Santos. De Ansegiro e Santa Bega, foi filho Pepino 2o por sobre-nome Estrala, Duque de Bravancia, Conde Palatino, Márquez do Sacro Império Romano, Conde Namurcense e Príncipe de Palácio de França, que então era o Rei que existia Senhor de todos os Estados que compunham a grande Monarchia de França, porem de seu governo e disposição nada sabiam e os Mordomos e Príncipes de Palácio ou Grandes Generaes, que tudo era o mesmo, governavam inteiramente o Rei e o Reino e por isso diz a chronica, que reinou este Pepino, chamado o grosso, por sobre-nome Estrala por 24 annos. Foi casado com Peletruda [Peletrude ou Plectrudes] de quem teve dois filhos, Dragon e Grimoaldo 2o a quem chamam Menor, e como Pepino estivesse muitos annos com essa grandeza e poder, foi o seu filho Dragon governador da Província de Campânia, e por fallecimento deste ao filho, seu neto, com todos os poderes de honras de seu pae; e a Grimaldo por fallecimento de seu grande amigo Norberto a quem tinha posto junto ao Rei fazendo as suas vezes, porque elle actualmente se ocupava na Campanha aonde alcançou o nome de Grande General, e se fez general de França com todos os poderes e honras. Estava casado Grimaldo com a Princeza Teodocinda filha de Rabodo, Rei da Phigia, e porque elle o afligia muito por continuar na amizade ilícita de uma Dama, que o autor põe em silêncio o nome, e della tinha um filho com o nome Theobaldo, indo Grimaldo visitar a seu pae que se achava enfermo, o Rei da Phrigia, seu sogro, o mandou matar na viagem por Narnari seu confidente. Soube o grande Pepino a morte de seu filho e esta grande mágoa deve-se crer, foi a causa de se esquecer dos netos filhos de seu filho Grimaldo e de

Page 13: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

Teodocinda por serem também netos do Rei da Phigia e nomeou a Teobaldo filho natural,como já disse, de seu filho, General de França com todas as honras de seu pae; e a Carlos Martelo [Martel], que era filho natural do mesmo Pepino e de Alpeida [Alpaida ou Alpais], sua manceba, fez Governador de Austracia sem attender a opposição que fez a essa eleição sua mulher Peletruda que procurou desfazê-la já com rogos e já por meio de São Sudibert, que nada pôde vencer. Muito bem antevia ella o que depois succedeu, conhecendo o elevado espírito de seu enteado e por isso o temia. Morto o grande Pepino, ficou sua mulher Peletruda riquíssima e postos seus netos nos lugares maiores e de maior dependência não só em Austracia, mas em toda a Casa Real de França e em todo Reino tinha a maior autoridade e por seu parecer se regia tudo, e o Rei que era Dagoberto estava por tudo que ella obrava, fez ella prender a Carlos Martelo [Martel], seu enteado, de quem se temia e o teve assim até que morreu Dagoberto com quatro annos de reinado; e tomando posse do Reino seu filho Daniel, Monge e Sacerdote, que se chamou depois Chilperico 2o

Rei-manfredo, poderoso oppositor e pretendente dos lugares e honras do Reino, venceu a Theobaldo, filho bastardo de Grimaldo, privou do Generalato e mais títulos e honras e se fez Senhor e Governador de França ou de seu Governo, e querendo acabar com a família de Pepin, unindo a vontade do Rei à sua, entraram por Austracia onde estava Peletrude por Senhora, e causaram os maiores prejuízos de tal sorte, que para o acommodar foi preciso que ella prommetesse e desse muito dinheiro; Carlos Martel que já tinha achado meios de sahir da prizão e estava em Soissons, cidade sua em Austracia ajuntou os Austracianos que pôde e na retirada que elles fizeram lhes sahiu ao encontro, combate-os, vence-os, e toma-lhes grande parte de dinheiro e armas, voltando à sua terra vitorioso. Por esta obra, e suas boas qualidades e outros merecimentos pessoaes, era amado e seguido de todos; e sendo chamado ao throno por fallecimento de Chilperico, Theodorico, filho 2o de Dagoberto, este conhecendo os merecimentos de Carlos Martelo admetiu na sua companhia, e elle depois de fazer com que Reimanfredo renunciasse ao Generalato com a mais honras que tinha injustamente uzurpado aos filhos de Dragon e Grimaldo, netos do grande Pepino, seu pae, querendo melhoras e reformar o Governo do Reino, ajuntou todos os grandes, e por elles e pelo Rei foi nomeado Príncipe de França, cousa nunca praticada senão com filhos de Rei; e como se também incluía nessa eleição o governo da Austracia, Peletrude sua madrasta, vendo as prosperidades com que cada dia mais se engrandeciam seus netos auzentes, levando consigo sua neta Sichilda, se encaminhou para as margens do Danúbio, e lamentando-se entre aquelles povos, queixando-se que sendo ella mulher legítima do grande Pepino e Sichilda sua legítima neta, fossem desattendidas, e que Carlos Martelo sendo Bastardo, fosse só attendido e gozasse do Principado da Austracia. Tendo notícia Carlos Martelo do procedimento de sua madrasta e que trabalhava em revoltar aquelles povos contra elle, passou o rio Rheno com a sua gente e atacou os Allemães e Suecos, venceu os Bavegerences e os não deixou em paz sem que primeiro lhes entregassem a madrasta e a prima, e recebendo-as as tratou com a honra que devia, e se recolheu vitorioso e rico a gozar dos lugares e honras de seu grande pae, sendo bastardo, e excluídos os legítimos filhos de Dragon e Grimaldo, que diz o Padre Antonio Carvalho da Costa na sua genealogia, foi pae de Othon Duque de Estralem ou Austracia e que por causa da rebelião dos Austracianos a favor da França ou dos Francezes, se retirou para Hespanha, ajudou D. Pelayo contra os Mouros em muitas batalhas, e no principado de Astúrias fundou a illustre casa e solar do appellido de Duque Estrada, ou Duque de Estrada como deve ser, e esta é a causa porque , diz o mesmo Padre Carvalho, que Othon era primo do Imperador Carlos Magno, por ser Carlos Martelo meio irmão de Grimaldo por seu pae, e elle pae de Pepino, o menor, que foi Rei de França e de quem foi filho o grande e famoso Carlos Magno, que também

Page 14: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

foi Rei de França e ao depois Imperador e Duque de Bravancia e mais Estados dos Pepinos que todos reinaram nelles.

Conclui o autor esta genealogia com estas palavras acreditadas como a dos autores que seguiu: Com a elevação da família dos Carolíngios, que é a dos Pepinos, ao trono da França, não se acabou no sangue a dos reis antecedentes, que gozavam a coroa deste grande Estado, porque o rei Clodoveu [Clóvis I] que foi o primeiro que se fez cristão e de Santa Clotilde sua mulher, foi filho o rei Clotário ou Lothário I; esse casou sua filha Bathildis [Blitildis] com o duque Anberto [Ansbert] de quem foi filho S. Arnaldo, duque e mordomo mor dos mesmos reis de França, casado com Santa Ita [Ida] que foram os pais de Sto Arnalpho [Arnulpho] que depois de ser também mordomo mor e casado com Doda [Dobo da Saxônia] foi bispo de Metz em Lorena [Lorraine] e sua mulher se recolheu a um mosteiro. Destes foi filho Ansegiro ou Angegiro [Anseguis], conde Palatino, que casou com Sta Bega, duquesa de Bravancia [Brabante], de quem foi também filho o grande Pepino, o Grosso, por sobrenome Erstala, que foi pai de Dragon [Drogon] e Grimoaldo, legítimos filhos de sua mulher Plectruda [Plectrudes] e de Carlos Martel, filho de sua manceba Alpeida [Alpaida] de quem foi filho Pepino, o Menor, que foi rei de França por disposição do rei Childerico ao acabar de reinar e não ter filhos que herdassem o reino; e deste Pepino, o Menor, foi filho o imperador Carlos Magno. Toda esta notícia se pode verificar nos livros e histórias já citadas ou apontadas nesta mesma obra ou neste mesmo escrito, e quem mais longamente quiser conhecer que a família Duque Estrada descende dos nomeados nestas genealogias e que tem o seu solar nas Astúrias, leia D. José Flôres de Olares, Livro 1o, Folha 30, Parágrafo 3o.

Nota: Notem que Pepin I, o Velho, Senhor de Brabante, prefeito (mordomo mor) do palácio de Austrácia era também conhecido toponímicamente como Pepin de Landen, o que quer dizer que este Pepin era de um lugar chamado Landen. Da mesma forma que o filho de Carlos Formoso, Austrácio, deu origem ao local chamado Austrácia, que era a França Bélgica, o filho Landon deu origem ao local chamado Landon na província de Brabante Flamengo, região de Flandres, de onde originou o nome toponímico de Pepin I, de Landen, o Velho. A diferença entre Landon e Landen deve-se apenas a uma pequena corrupção (ver abaixo).

Page 15: ORIGEM ANCESTRAL DUQUE ESTRADA

CONCLUSÃO

Concluindo, não foi Grimoaldo – que fora assassinado – quem fugiu de Carlos Martel refugiando-se no principado de Astúrias que depois se tornou reino posteriormente tornando-se Espanha. Quem fugiu de Carlos Martel foi o filho de Grimoaldo, Othon, duque de Estralen que, por corrupção viria a se tornar no sobrenome Duque Estrada, da família Duque Estrada que é descendente de Othon, filho de Grimoaldo II, que era filho de Pepin, o Gordo, de Herstal (Eristala ou Estralen) que também foi pai de Carlos Martel por intermédio de sua concubina Alpais ou Alpaida. Assim sendo, Grimoaldo era meio irmão de Carlos Martel e não sobrinho como afirmam os genealogistas.

Lembremo-nos também que, fora da mitologia graças a Schilieman, e indo mais longe, todas as famílias mencionadas acima incluindo os Duque Estrada e seus descendentes, são descendentes do Rei Príamo de Tróia que, depois da destruição desta cidade na famosa guerra causada pelo príncipe Páris (origem do nome da capital da França) e sua amada, a grega Helena, esposa do Rei Menelau de Esparta, fugiram e fixaram residência no território que atualmente é a França.