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1 Professora: Rachel Leão ORIGEM DA ESCRITA E SUA APROPRIAÇÃO PELA CRIANÇA A LEITURA INFANTIL E A PRODUÇÃO DE TEXTOS “O necessário é fazer da escola um âmbito onde leitura e escrita sejam práticas vivas e vitais, onde ler e escrever sejam instrumentos poderosos que permitem repensar o mundo e reorganizar o próprio pensamento, onde interpretar e produzir textos sejam direitos que é legítimo exercer e responsabilidades que é necessário assumir.” Delia Lerner Cultura escrita “Participar da cultura escrita supõe apropriar-se de uma tradição de leitura e escrita, supõe assumir uma herança cultural que envolve o exercício de diversas operações com os textos e a colocação em ação de conhecimentos sobre as relações entre os textos; entre eles e seus autores; entre os próprios autores; entre os autores, os textos e seu contexto...” Delia Lerner COMO TORNAR ISSO POSSÍVEL? Necessidade de se reconceitualizar o objeto de ensino – tomar como referência as práticas de leitura e escrita; Necessidade de fazer da escola uma comunidade de leitores que recorram aos textos para buscar informações, para se encantar com seu enredo, para conhecer mais sobre algo... Necessidade de fazer da escola uma comunidade de escritores que produzam seus próprios textos para expor suas idéias, para informar sobre fatos, para se comunicar com alguém... “Ensinar a ler e escrever - missão original e irrenunciável da escola – significa desenvolver práticas sociais que envolvam a escrita. Nosso objetivo final é contribuir para a formação de usuários competentes da língua escrita”. Não é mais possível pensar na alfabetização somente como um processo de apropriação de um código. Hoje já se sabe que aprender a ler e escrever envolve dois processos: • compreender a natureza do sistema alfabético de escrita – as relações entre som-grafia, a segmentação entre as palavras, as restrições ortográficas; • compreender o funcionamento da linguagem escrita – suas características específicas, suas diferentes formas, gêneros. • Esses dois processos devem ser trabalhados de forma concomitantes na escola. Isso quer dizer que não basta colocar os alunos diante dos textos para que aprendam o funcionamento do sistema alfabético e também que a aquisição do sistema alfabético por si só não garante a possibilidade de participar com sucesso das práticas sociais de leitura, escrita e comunicação oral. Reproduzir as condições que contextualizam a leitura e a escrita fora da escola dentro do âmbito escolar e planejar situações de aprendizagem específicas para que os alunos aprendam o sistema alfabético de escrita representam o nosso maior desafio. • Uma alfabetização que tenha como objetivo formar leitores e escritores plenos (ou seja, participantes da cultura escrita) pressupõe um trabalho didático que contemple: 1. Leitura feita pelo professor, situação didática que assegura ao aluno o acesso à diversidade de textos mesmo antes de lerem convencionalmente.

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Professora: Rachel Leão

ORIGEM DA ESCRITA E SUA APROPRIAÇÃO PELA CRIANÇA

A LEITURA INFANTIL E A PRODUÇÃO DE TEXTOS

“O necessário é fazer da escola um âmbito onde leitura e escrita sejam práticas vivas e vitais, onde ler e escrever sejam instrumentos poderosos que permitem repensar o mundo e reorganizar o próprio pensamento, onde interpretar e produzir textos sejam direitos que é legítimo exercer e responsabilidades que é necessário assumir.”

Delia Lerner

Cultura escrita

“Participar da cultura escrita supõe apropriar-se de uma tradição de leitura e escrita, supõe assumir uma herança cultural que envolve o exercício de diversas operações com os textos e a colocação em ação de conhecimentos sobre as relações entre os textos; entre eles e seus autores; entre os próprios autores; entre os autores, os textos e seu contexto...”

Delia Lerner

COMO TORNAR ISSO POSSÍVEL?

• Necessidade de se reconceitualizar o objeto de ensino – tomar como referência as práticas de leitura e escrita;

• Necessidade de fazer da escola uma comunidade de leitores que recorram aos textos para buscar informações, para se encantar com seu enredo, para conhecer mais sobre algo...

• Necessidade de fazer da escola uma comunidade de escritores que produzam seus próprios textos para expor suas idéias, para informar sobre fatos, para se comunicar com alguém...

“Ensinar a ler e escrever - missão original e irrenunciável da escola – significa desenvolver práticas sociais que envolvam a escrita. Nosso objetivo final é contribuir para a formação de usuários competentes da língua escrita”.

Não é mais possível pensar na alfabetização somente como um processo de apropriação de um código. Hoje já se sabe que aprender a ler e escrever envolve dois processos:

• compreender a natureza do sistema alfabético de escrita – as relações entre som-grafia, a segmentação entre as palavras, as restrições ortográficas;

• compreender o funcionamento da linguagem escrita – suas características específicas, suas diferentes formas, gêneros.

• Esses dois processos devem ser trabalhados de forma concomitantes na escola. Isso quer dizer que não basta colocar os alunos diante dos textos para que aprendam o funcionamento do sistema alfabético e também que a aquisição do sistema alfabético por si só não garante a possibilidade de participar com sucesso das práticas sociais de leitura, escrita e comunicação oral. Reproduzir as condições que contextualizam a leitura e a escrita fora da escola dentro do âmbito escolar e planejar situações de aprendizagem específicas para que os alunos aprendam o sistema alfabético de escrita representam o nosso maior desafio.

• Uma alfabetização que tenha como objetivo formar leitores e escritores plenos (ou seja, participantes da cultura escrita) pressupõe um trabalho didático que contemple:

1. Leitura feita pelo professor, situação didática que assegura ao aluno o acesso à diversidade de textos mesmo antes de lerem convencionalmente.

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Professora: Rachel Leão

2. Produção de textos, trabalho planejado para que os alunos produzam textos de diferentes tipos mesmo antes de escreverem convencionalmente, façam revisões coletivamente e tenham a oportunidade de discutir e analisar as características discursivas de um texto.

3. Situações de escrita e de leitura pela criança, que contextualizam a reflexão sobre o funcionamento do sistema alfabético de escrita e garantem aos alunos a oportunidade de pensar diariamente sobre como se faz para ler e escrever.

LEITURA FEITA PELO PROFESSOR

• O que a criança pode aprender?

• Ao ouvir diariamente uma boa leitura feita pelo professor, o aluno pode desenvolver comportamentos típicos de um leitor experiente tais como:

• reconhecer regularidades de um determinado tipo de texto (crônicas, contos etc);

• como os leitores reais atuam, quais são seus comportamentos;

a) ler do começo ao fim;

b) ler até uma parte, marcar onde parou e continuar em outro momento;

c) retomar alguns trechos;

d) conhecer as características predominantes da narrativa dos autores que mais gosta e se informar mais sobre ele;

• observar gravuras e antecipar significados de um texto a partir delas ou usá-las como apoio para a reprodução de trechos das histórias já conhecidas;

• relacionar uma história a outros textos lidos ou ouvidos;

• desenvolver suas preferências leitoras e indicar leituras para outros colegas;

Ao mesmo tempo, podem construir conhecimentos sobre a linguagem que se usa para escrever que, como sabemos, é muito diferente da linguagem que se usa para falar em situações mais informais. Isso ajuda os alunos a desenvolver sua competência linguística, o que será necessário acionar quando estiverem na situação de escritores.

Como deve ser o trabalho com textos?

• A comunicação por meio da linguagem escrita só se dá em textos. Por essa razão, tudo pode ser aprendido a partir de textos. Todo o trabalho escolar, em linguagem escrita, deve ser feito a partir de textos. Ao escrever e ler textos aprende-se a escrever e ler, a linguagem escrita e as características de cada tipo de texto. Cada texto possui características próprias, que constituem conteúdos específicos do saber (conceitos), do saber fazer (procedimentos, escrevê-los e lê-los) e do saber ser (atitudes) em relação a eles. No entanto, não podemos definir atividades específicas para aprender as características dos textos, distintas dos demais blocos de conteúdo. Por isso, o texto, trata-se de um “conteúdo transversal”, que percorre todos os outros conteúdos e organiza toda a atividade em linguagem escrita.

PRODUÇÃO DE TEXTO

• A produção de textos, quando bem planejada, cria todas as condições para que os alunos produzam textos de diferentes tipos mesmo antes de escreverem convencionalmente, é o que acontece, por exemplo, quando ele dita ao professor. Embora a grafia não seja propriamente do aluno, a elaboração textual, sim. Por isso dizemos que há muito o quê aprender nesse tipo de situação que envolve não apenas a formulação do texto, mas também o processo de revisão. Veja a seguir:

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O que a criança pode aprender?

• Ao ditar um texto ao professor ela está elaborando uma produção escrita utilizando para tanto todas as características e formalidades da linguagem que se usa para escrever. Com isso ela pode aprender:

• Características da linguagem escrita: como a língua se constitui; como transformar uma ideia em escrita

• Os “fazeres de escritor”, tais como:

a) Planejar os textos

b) Recorrer a materiais escritos para buscar informações sobre o conteúdo sobre o qual está escrevendo;

c) Reler durante a produção aquilo que já escreveu;

d) Escrever rascunhos e fazer modificações;

e) Submeter o texto à consideração de um ou mais leitores.

Podem, ainda, analisar textos e reconhecer que o procedimento de revisar é parte integrante do próprio ato de escrever, aprendendo:

• A identificar problemas do texto e aplicar conhecimentos sobre a língua para resolvê-los: acrescentando, retirando, deslocando palavras, expressões e frases

• Procedimentos específicos de revisão do próprio texto

• Procedimentos coletivos de revisão, tendo a oportunidade de discutir e analisar as características discursivas de um texto.

Que tipo de textos usar?

• É importante deixar bem claro que na escola não se deve apenas trabalhar com textos literários, mas também com textos que circulam socialmente em portadores como jornais, revistas, folhetos, livros de estudo, enciclopédias, cartazes, etc. Abaixo segue uma classificação que identifica os principais modelos de textos que existem na sociedade, sem ter de recorrer a longas listas de diferentes gêneros ou modelos.

Escrevemos e lemos para... Tipo de texto

Recordar, registrar, localizar, manipular, ordenar, etc. dados concretos, informações específicas.

Textos enumerativos

Informar e nos informar sobre temas gerais, acontecimentos e fatos.

Textos informativos

Ter prazer, expressar-nos pessoalmente, passar um bom momento, desenvolver a sensibilidade artística, etc.

Textos literários

Estudar, aprender, ensinar, demonstrar, comunicar conhecimentos, discutir idéias, etc.

Textos expositivos

Para ensinar e aprender a fazer coisas, comunicar instruções, regular o comportamento, etc.

Textos prescritivos

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QUAL A IMPORTÂNCIA DA DIVERSIDADE DE TEXTOS?

• Porque as demandas sociais exigem níveis de leitura e escrita cada vez mais crescentes. Portanto, cabe à escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Não podemos negar que são os textos que favorecem a reflexão crítica e imaginativa, bem como exercício de formas de pensamento mais elaboradas e abstratas, os mais vitais para a plena participação numa sociedade letrada.

Textos: um caminho para a prática e reflexão sobre a língua

• Refletir sobre a língua é fundamental para o desenvolvimento da capacidade de produzir e interpretar textos. Quando se pensa e se fala sobre a linguagem realiza-se uma atividade de natureza reflexiva, uma atividade de análise linguística.

• A análise linguística refere-se às atividades que se pode classificar em epilinguísticas e metalinguísticas. Ambas são atividades de reflexão sobre a língua, mas se diferenciam nos seus fins.

• Nas atividades epilinguísticas a reflexão está voltada para o uso, no próprio interior da atividade em que se realiza.

• Já as atividades metalinguísticas estão relacionadas a um tipo de análise voltada para a descrição, por meio da categorização e sistematização dos elementos linguísticos.

• Inicialmente, as atividades deverão se destinar às reflexões do tipo epilinguística e, posteriormente, avançar para as do tipo metalinguística. Isso se tratando de alunos que cursam a 3ª série em diante. Para os alunos até a 2ª série, as reflexões deverão restringir-se a abordagem epilinguística.

ESCRITA E LEITURA NA ALFABETIZAÇÃO INICIAL

• Infelizmente, o Brasil tem indicadores de avaliação muito ruins, nos mostrando alunos que não escrevem e não lêem convencionalmente numa idade em que já deveriam fazê-lo com competência. Os professores encontram dificuldades em ajudá-los a avançar a partir de hipóteses pré-silábicas e mesmo silábicas. Tais questões podem ser enfrentadas quando há muitas oportunidades em que os alunos lidam com a tarefa de ler e escrever por si mesmos, em situações reais de uso da escrita. No entanto, apenas deixá-los olharem para os textos ou mesmo escreverem como pensam não é o suficiente para que avancem nos seus conhecimentos sobre o sistema de escrita. Neste módulo os professores poderão refletir sobre como pensam as crianças para antecipar boas intervenções que coloquem os alunos a reformular suas hipóteses inicias. Veja o que as crianças podem aprender ao serem expostas a essas situações:

O QUE A CRIANÇA PODE APRENDER?

• Nas situações em que a criança lê ou produz por conta própria, ainda que não o faça convencionalmente, ela pode aprender:

• arriscar-se a fazê-lo por conta própria em todas as situações em que a leitura e a escrita estão presentes no cotidiano escolar;

• apropriar-se da escrita do próprio nome para usá-la como referência em outras situações de leitura e de escrita;

• a analisar o sistema de escrita, reconhecer suas regularidades;

• desenvolver hipóteses próprias sobre como se lê e se escreve;

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• pensar sobre suas próprias hipóteses, colocá-las em xeque e avançar em suas reflexões;

• As situações de leitura pelos alunos na alfabetização inicial, além do propósito próprio de toda atividade de leitura, obedecem à necessidade de cumprir um propósito didático bem específico: o de conseguir que as crianças avancem na aquisição do sistema de escrita, que possam cada vez melhor ler e escrever por si mesmas.

Hipóteses de escrita

• Emilia Ferreiro e Ana Teberosky partiram do pressuposto da teoria piagetiana – de que todo conhecimento possui uma origem – e, pelo método clínico de Piaget, observaram 108 crianças e seu funcionamento do sistema de escrita. Elas queriam entender como as crianças se apropriam da cultura escrita, criando a obra intitulada de Psicogênese da Língua Escrita, introduzida no Brasil por volta dos anos 1980 (Picolli; Camini, 2013).

• Nessa obra, as autoras criticam os métodos utilizados para alfabetização e afirmam que há uma “verdadeira escrita inibida pelos métodos tradicionais”, visto que estes utilizam a cópia como ferramenta fundamental. “A verdadeira escrita (…) seria a escrita espontânea: aquela que proporcionaria à criança pensar sobre as regras que constituem o sistema de escrita” (Picolli; Camini, 2013).

Hipótese pré-silábica

A criança ainda não sabe que a escrita representa a fala

a) Pode ainda não diferenciar desenhos de letras e números;

b) Acha que é necessário um mínimo de letras (entre 2 a 4) para escrever;

c) É preciso variar as letras para que se possa escrever;

d) Costuma utilizar-se das letras do seu nome ou de letras conhecidas para escrever;

HIPÓTESE SILÁBICA

A criança já sabe que a escrita representa a fala

a) No inicio, não utiliza-se do valor sonoro, atribuindo uma letra para cada sílaba;

TBL = CAVALO

b) Utiliza-se do valor sonoro, atribuindo uma letra para cada sílaba de acordo com o som;

CVL = CAVALO

AAO = CAVALO

ABO = CAVALO

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HIPÓTESE SILÁBICO-ALFABÉTICA

A criança começa a perceber que é preciso pelo menos duas letras para formar uma sílaba.

FASE ALFABÉTICA

1) Produz escritas alfabéticas, mesmo não observando as convenções ortográficas.

2) Produz escritas alfabéticas observando algumas convenções ortográficas.

Hipóteses de leitura

• Hoje é possível saber que, assim como as hipóteses sobre como se escreve são construções originais das crianças, a distinção entre o que está escrito e o que se pode ler também resulta de uma elaboração do aprendiz. A compreensão de que se escreve cada segmento do que se fala, na ordem em que se fala, por exemplo, não é passível de transmissão direta nem é, como se pensava, evidente por si mesma.

• As informações sobre as “hipóteses de leitura” indicam que:

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Algumas situações de aprendizagem:

• Promover variadas situações de leitura para que os alunos participem de forma ativa e testemunhe atos de leitura e escrita, isso favorece a conquista da correspondência exaustiva entre os segmentos do enunciado oral e os segmentos gráficos.

• Oportunizar situações de reflexão sobre o que deve estar escrito em cada “pedaço” dos textos. Para esse exercício de reflexão é indicado oferecer os textos que os alunos sabem de cor (parlendas, canções, quadrinhas, etc.).

• Propor a leitura de uma lista de brinquedos, por exemplo, onde os alunos deverão antecipar o significado de cada item.

ATENÇÃO!

• O conhecimento sobre as “hipóteses de leitura” não se deve transformar em um recurso para categorizar os alunos, mas sim estar a serviço de um planejamento de atividades que considere as representações dos alunos e atenda suas necessidades de aprendizagem.

• É preciso cuidado para não confundir hipóteses de leitura com estratégias de leitura: são coisas bem diferentes.

• As ideias que as crianças têm a respeito do que está escrito e do que se pode ler, isto é, as hipóteses de leitura, são de natureza conceitual. Já as estratégias de leitura – seleção, antecipação, inferência, decodificação e verificação – são recursos que os leitores – todos, tanto os iniciantes como os competentes – usam para produzir sentido enquanto lêem um texto. São estratégias de natureza procedimental, o que significa que são constituídas e desenvolvidas em situações de uso.

Estratégias de Leitura

SELEÇÃO ANTECIPAÇÃO INFERÊNCIA DECODIFICAÇÃO VERIFICAÇÃO

Despreza o que não é essencial. Atem-se aos índices úteis.

Prevê o que pode estar escrito. Antecipa o sentido. Pistas sobre títulos, autor, assunto formam o conhecimento sobre a língua.

Inclui dados ao texto que estão implícitos. “Adivinhação”.

Identificação da relação fonema-grafema.

Checa a eficácia das demais estratégias.

• Lembre-se:

• Hipóteses: ideias a respeito do que/como se pensa sobre o que está escrito.

• Estratégias: meios que se utiliza para ler.

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QUESTÕES PARA ESTUDO

1. Para Vygotsky e Piaget, desenvolvimento e aprendizado são aspectos complementares e fundamentais. Embora suas pesquisas não tenham um caráter eminentemente educacional, elas contribuem ricamente para que o professor compreenda aspectos ligados ao desenvolvimento psicomotor, à importância dos jogos no contexto educativo, dentre outros elementos indispensáveis a uma educação comprometida com todas as crianças. Mas, para que os conceitos de aprendizado e desenvolvimento tenham materialidade no contexto escolar é preciso que a criança:

A) interaja com os colegas e obedeça às determinações do professor.

B) participe de atividades de psicomotricidade, leitura e escrita, a fim de preparar-se para o ingresso exitoso no Ensino Fundamental.

C) tenha a oportunidade de interagir permanentemente com outros pares, esteja imersa em uma sociedade letrada, participando de um mundo que utiliza com frequência a palavra escrita.

D) execute atividades mimeografadas de desenho e escrita, tais como: cobrir pontilhados, pintar figuras reproduzidas.

E) participe de rodinhas de novidades e de atividades espontâneas.

2. Segundo Áries (1978), as visões sobre a infância são construídas social e historicamente. A inserção concreta das crianças em seus papéis variam com as formas de organização da sociedade. Assim, a ideia de infância não existiu sempre da mesma maneira. Para este autor, o conceito de infância surgiu com a sociedade capitalista urbano-industrial, na medida em que mudavam a inserção e o papel social na sua comunidade. Atualmente, este conceito continua em permanente mudança. Se tomarmos as orientações previstas na Lei n° 9.394/96 e os Referenciais Curriculares para os professores em relação à Educação Infantil, veremos que algumas orientações apresentam-se com elevada importância para esta etapa de Educação Básica, a saber:

I. cuidar, brincar e educar são princípios fundamentais para o trabalho pedagógico a ser desenvolvido pelo professor da Educação Infantil.

II. a avaliação, na Educação Infantil, possui caráter seletivo para acesso ao Ensino Fundamental.

III. a Educação Infantil destina-se a crianças de 0 a 5 anos de idade e será oferecida em creches e pré-escolas.

IV. o professor tem como tarefas relevantes na Educação Infantil: contribuir para formação social das crianças, incentivar a construção de conhecimentos científicos, culturais e sociais variados, preocupando-se sempre com o aspecto lúdico que deve permear tais processos.

Marque a alternativa correta.

A) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.

B) Somente as afirmativas II e IV estão corretas.

C) Somente as afirmativas I e III estão corretas.

D) Todas as afirmativas estão corretas.

E) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.

3. Um dos desafios para o trabalho do professor no contexto atual é assumir e trabalhar com a diversidade na sala de aula. Articular questões de gênero, raça, sexualidade, sustentabilidade humana e ambiental são desafios a serem incorporados ao trabalho cotidiano a partir de uma lógica curricular que se pauta em uma ação multidisciplinar para integrar conhecimentos consagrados pela tradição educacional àqueles que visam à consolidação de direitos civis, sociais, políticos e econômicos em favor das classes menos favorecidas e dos

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demais brasileiros. Nesse sentido, a Lei n° 11.645/08, que alterou a Lei n° 9.394/96 incluiu nos currículos escolares a obrigatoriedade do ensino de cultura afro-brasileira e indígena, evidenciando que:

A) somos todos iguais e a lei vem retificar essa premissa.

B) os conteúdos ligados à história e cultura afro-brasileira e indígena serão trabalhados, exclusivamente, nas disciplinas de Artes, História e Literatura.

C) preconceitos e desigualdades não fazem parte da realidade brasileira.

D) indígenas e afrodescendentes são tratados de forma respeitosa e seus direitos estão garantidos na sociedade brasileira, independente de amparo legal.

E) é imprescindível o resgate, valorização e reconhecimento da diversidade cultural brasileira, garantindo que estes grupos étnicos sejam respeitados em seus direitos como cidadãos que são.

4. A avaliação da aprendizagem se configura no contexto atual como uma demanda para os educadores brasileiros; formas diferenciadas de organização escolar (séries/ciclos), notas, conceitos, uso de instrumentos mais formais como provas e testes confrontam-se com propostas que envolvem o diagnóstico, os processos de avaliação formativa e o uso de relatórios. Estes são alguns dos aspectos que fomentam um intenso e controvertido debate sobre o tema. Enfrentar tais desafios exige então, que o professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental:

I. envolva-se constantemente em práticas de planejamento das situações didáticas, reflita sobre a identidade dos educandos, considerando suas características, histórias de vida e fases de desenvolvimento, modos de interação e os saberes que trazem da vida fora da escola.

II. defina com clareza os objetivos do trabalho pedagógico e as finalidades relevantes a considerar na avaliação.

III. crie condições variadas de aprendizagem, tomando a avaliação como parte de um processo contínuo, lembrando-se da diversidade humana presente na sala de aula.

IV. avalie sua própria ação docente e educativa em relação ao trabalho que realiza/realizou, tendo clareza de que ensino e pesquisa são conceitos indissociáveis.

Qual das alternativas abaixo é a correta?

A) Somente a afirmativa IV está correta.

B) Somente as afirmativas I e III estão corretas.

C) Todas as afirmativas estão corretas.

D) Somente as afirmativas I e IV estão corretas.

E) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.

5. Para Smolka (1996), o processo de alfabetização pode ser analisado a partir de três pontos de vista: o tradicional, o construtivista e o sociointeracionista. Qual das alternativas abaixo, contrariando as discussões da autora, NÃO está correta?

A) A abordagem sociointeracionista leva em consideração a troca entre pares, os aspectos históricos e culturais e a interação no processo de construção de conhecimentos.

B) Todas as abordagens evidenciam as concepções de alfabetização e educação presentes na prática educativa dos professores.

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C) A memorização e a repetição de conteúdos, marcas da educação bancária, são aspectos de valor na prática educativa tradicional.

D) A abordagem construtivista parte do pressuposto de que existe um sujeito universal que constrói conhecimentos na sua interação com o objeto.

E) A abordagem tradicional valoriza o diálogo e a interação entre os sujeitos do conhecimento (alunos-alunos e alunos-professores).

6. Em sua obra Pedagogia da Autonomia (1996), Paulo Freire nos alerta para o fato de “que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos, e nem formar é a ação pela qual um sujeito criado dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso, acomodado.” Esta afirmação procura destacar que:

A) o professor em sua condição de educador, está, hierarquicamente acima de seus alunos que lhe devem obediência total.

B) não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.

C) a docência deve ser marcada por uma espontaneidade e liberdade onde os alunos possam escolher e decidir o que devem aprender e o professor seguir esta dinâmica.

D) ensinar é tarefa simples em que o professor é o protagonista da ação e que os alunos são meros coadjuvantes desse processo.

E) os alunos são como tábulas rasas e que cabe ao educador formá-los.

7. De acordo com o Parâmetro Curricular de Língua Portuguesa (1998:43), “A linguagem verbal, atividade discursiva que é, tem como resultado textos orais e escritos. Textos para serem compreendidos.” Diante desta afirmação, é importante considerar que:

A) os processos de compreensão se desdobram em atividades de fala e escrita, leitura e escuta. Assume-se assim, que as capacidades a serem desenvolvidas estão relacionadas a quatro habilidades linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever.

B) a linguagem oral tem como conteúdos a leitura de textos escolares e a linguagem escrita, a sua interpretação.

C) a finalidade do ensino de Língua Portuguesa é o domínio das regras gramaticais e sua aplicação em provas e testes.

D) a linguagem verbal compreende apenas o trabalho com atividades de leitura e escrita.

E) os textos selecionados para esta finalidade devem estar relacionados apenas ao desenvolvimento da linguagem oral e escrita a fim de que os alunos possam se tornar bons escritores.

8. “Um professor competente se preocupa em dirigir e orientar a atividade mental dos alunos, de modo que cada um deles seja um sujeito consciente, ativo e autônomo. A disciplina da classe depende do conjunto dessas características do professor que lhe permitam organizar o processo de ensino. Apenas um dos itens abaixo NÃO apresenta requisitos para uma boa organização do ensino. Aponte-o.

A) Um plano de aula adequado, em que estejam determinados os objetivos, os conteúdos, os métodos e procedimentos de condução da aula.

B) A estimulação para a aprendizagem que suscite a motivação dos alunos.

C) O controle da aprendizagem, incluindo a avaliação do rendimento escolar.

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D) O conjunto de normas e exigências que irão assegurar o ambiente de trabalho escolar favorável ao ensino.

E) O estabelecimento de regras rígidas que indiquem a superioridade autoritária do professor na condução da aprendizagem.

9. Segundo a LDB - Lei nº 9.394/96, a educação básica tem por finalidades:

A) desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores;

B) envolver a família do educando no processo educativo, além de assegurar a transmissão de conhecimentos técnicos;

C) estabelecer currículos escolares que possibilitem a formação técnica do educando e assegurar-lhe ingresso no mercado de trabalho;

D) desenvolver as potencialidades do educando por meio de um currículo rígido e organizado; e proporcionar, por meio de leis, seu ingresso em programas de graduação;

E) inserir o educando no mercado de trabalho por meio de conteúdos técnicos e priorizar o conteúdo escolar em detrimento da formação da cidadania.

10. São propostos nos PCNs temas transversais a serem explorados na prática pedagógica. Assinale o item que apresenta apenas temas que foram contemplados como temas transversais nos PCN’s.

A) Orientação sexual, saúde, justiça social, preconceito e pluralidade cultural;

B) Saúde, meio ambiente, pluralidade cultural, discriminação e justiça social;

C) Ética, cidadania, meio ambiente, orientação sexual e preconceito;

D) Meio ambiente, saúde, justiça social, cidadania e discriminação;

E) Pluralidade cultural, saúde, meio ambiente, orientação sexual e ética.

11. O texto exemplifica um conteúdo da língua portuguesa que aparece no tópico dos PCNs intitulado “Aprender e ensinar língua portuguesa na escola”. Está de acordo com esse conteúdo:

A) É necessário organizar situações de aprendizagem que possibilitem a discussão e reflexão da escrita alfabética, voltada apenas para a norma culta da língua, tanto na modalidade oral, quanto na modalidade escrita.

B) É preciso que os alunos leiam diferentes textos que circulam socialmente para que aprendam que há somente uma maneira certa de falar e escrever que serve para todas as situações comunicativas.

C) O primeiro ciclo do ensino fundamental deve favorecer o aprofundamento e a ampliação dos conhecimentos que os alunos possuem sobre linguagem e língua, selecionando apenas a variação de prestígio social.

D) A escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma “certa” de falar – a que se parece com a escrita – e o de que a escrita é o espelho da fala; ou seja, cabe à escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral nas diversas situações comunicativas.

E) Deve-se apresentar somente a variedade linguística de prestígio social ao aluno, logo no primeiro ciclo do ensino fundamental, pois as demais variações devem ser consideradas erros grosseiros.

12. “O objetivo mais geral do ensino do português para todas as séries da escola é mostrar como funciona a linguagem humana e, de modo particular, o português; quais os usos que tem, e como os alunos devem fazer para estenderem ao máximo, ou abrangendo metas específicas, estes usos nas suas modalidades escrita e

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Professora: Rachel Leão

oral, em diferentes situações de vida.” (CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Scipione, 2003, p.28)

Sobre a construção da leitura e da escrita, são feitas as seguintes afirmações:

I. Antes de ensinar a escrever, é preciso saber o que os alunos esperam da escrita, qual julgam ser sua utilidade e, a partir daí, programar as atividades adequadamente.

II. Ler é uma atividade extremamente complexa e envolve problemas não só semânticos, culturais, ideológicos, filosóficos, mas inclusive fonéticos.

III. Para falantes de uma mesma língua, ler um mesmo texto não deve gerar interpretações diferentes, pois se a língua é a mesma, a interpretação deve ser única.

IV. A leitura é uma atividade ligada essencialmente à escrita e, como há vários tipos de escrita, assim também haverá os correspondentes tipos de leitura.

São corretas:

A) somente I, II e IV;

B) somente II, III e IV;

C) somente I, II e III;

D) somente I e II;

E) I, II, III e IV.

13. Analise as seguintes afirmativas sobre as avaliações sistêmicas, assinalando com V as verdadeiras e com F as falsas.

( ) A Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) são avaliações para diagnóstico, em larga escala, com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos.

( ) O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da educação básica, buscando contribuir para a melhoria da qualidade desse nível de escolaridade e, depois, passou a ser utilizado também como mecanismo de seleção para o ingresso no ensino superior.

( ) O IDEB sintetiza dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: aprovação e média de desempenho dos estudantes em todas as áreas do currículo. O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no censo escolar e médias de desempenho nas avaliações do INEP, no SAEB e na Prova Brasil.

( ) A Provinha Brasil é uma avaliação diagnóstica do nível de alfabetização das crianças matriculadas no segundo ano de escolarização das escolas públicas brasileiras e acontece em duas etapas, uma no início e a outra ao término do ano letivo.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

A) V V V V.

B) F F F F.

C) V V F V.

D) F F V F.

14. Em relação à consciência fonológica, assinale a alternativa INCORRETA.

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Professora: Rachel Leão

A) A consciência fonológica é a consciência dos indivíduos de que as palavras são formadas por diferentes sons ou grupos de sons e podem ser segmentadas em unidades menores.

B) A consciência fonológica é a habilidade de perceber a estrutura sonora de palavras ou de partes de palavras.

C) A consciência fonológica é a percepção, pela criança, de que a língua é o som.

D) A consciência fonológica é sinônimo de consciência fonêmica e de método fônico.

15. Numere a COLUNA II de acordo com a COLUNA I, identificando as características de cada uma das hipóteses da escrita no processo de apropriação do sistema de escrita.

(1) Hipótese Pré-silábica

(2) Hipótese silábica

(3) Hipótese silábico-alfabética

(4) Hipótese Alfabética

( ) Hipótese de que a escrita representa a fala. Registro de cada sílaba por uma única letra. Registro de cada sílaba por uma vogal ou consoante que expressa o seu som correspondente.

( ) Período de transição entre duas hipóteses. Hipótese de que cada sílaba pode ter mais de uma letra. Escrita silábica e alfabética na mesma produção ou em produções diferentes.

( ) Surgimento das questões ortográficas. Correspondência sistemática entre letras e fonemas. Escrita com erros ortográficos seguindo o princípio de que a escrita nota a pauta sonora das palavras.

( ) Uso de desenhos, garatujas e rabiscos para escrever. A escrita representa os objetos e não seus nomes. Uso de letras do próprio nome ou letras e números nas palavras.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

A) 1 3 4 2.

B) 2 3 4 1.

C) 3 2 1 4.

D) 4 1 2 3.

16. Analise as seguintes afirmativas concernentes às concepções de gênero textual, suporte textual e tipologia textual.

I. Gêneros textuais são textos orais ou escritos materializados em situações comunicativas recorrentes. São textos que encontramos em nossa vida diária com padrões sociocomunicativos característicos definidos por sua composição, objetivos enunciativos e estilo concretamente realizados por forças históricas, sociais, institucionais e tecnológicas. São exemplos de gêneros textuais: jornais, revistas e livros.

II. Tipologia textual designa muito mais modalidades discursivas do que um texto em sua materialidade. O tipo textual define-se pela natureza linguística de sua composição. Em geral, os tipos textuais abrangem um número limitado de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção.

III. Suporte de um gênero é um locus físico ou virtual com formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto. Numa definição sumária, pode-se dizer que suporte de um gênero é uma superfície física em formato específico que suporta, fixa e mostra um texto.

A partir da análise, conclui-se que estão CORRETAS.

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A) I e II apenas.

B) I e III apenas.

C) II e III apenas.

D) I, II e III.

17. Em relação à leitura, é INCORRETO afirmar que

A) a compreensão linear do texto diz respeito à capacidade de reconhecer informações visíveis no corpo do texto e construir, com elas, o fio da meada que unifica e inter-relaciona os conteúdos lidos.

B) a leitura é uma prática social que envolve atitudes, gestos e habilidades que são mobilizados pelo leitor, tanto no ato de leitura propriamente dito, quanto no que antecede a leitura e no que decorre dela.

C) o trabalho com a compreensão de textos não pode e não deve ser começado antes que as crianças tenham aprendido a decodificar e a reconhecer globalmente as palavras. Essas duas capacidades fazem parte da capacidade mais importante, que é ler com compreensão, e são pré-requisitos para se chegar a ela.

D) produzir inferências implica ler nas entrelinhas, compreender os subentendidos, os não-ditos, realizando operações como associar elementos diversos, presentes no texto ou que fazem parte das vivências do leitor, para compreender informações ou inter-relações entre informações que não estejam explicitadas no texto.

18. As orientações didáticas apresentadas nos PCNs, sobre meio ambiente e saúde, afirmam que é necessário proporcionar uma “[...] grande diversidade de experiências e ensinar aos alunos formas de participação, para que possam ampliar a consciência sobre questões relativas ao meio ambiente e assumir de forma independente e autônoma atitudes e valores voltados à sua proteção e melhoria.” (PNC, vol. 9, adaptado.)

De acordo as orientações didáticas apresentadas nos PCNs para proporcionar as ações acima, é preciso:

A) O exame das principais questões ambientais do local de moradia.

B) A consideração do meio ambiente nos aspectos natural e construído.

C) A aplicação do enfoque interdisciplinar para que se consiga identificar a questão ambiental.

D) A constituição de um processo permanente durante todas as fases do ensino infantil e básico.

19. A matemática permite um amplo campo de relações que contribui para o desenvolvimento da capacidade de generalizar, projetar, prever e abstrair conforme afirmam os PCNs (1997, vol. 3).

Para que a matemática desempenhe o seu papel deve procurar, na formação do aluno, contemplar os seguintes itens, EXCETO:

A) A formação de capacidades intelectuais.

B) A estruturação do pensamento.

C) A construção do conhecimento apenas em uma área específica.

D) A agilização do raciocínio dedutivo.

20. De acordo com o PCN, a importância dada aos conteúdos revela um compromisso da instituição escolar em garantir o acesso aos saberes elaborados socialmente, pois estes se constituem como instrumentos para os seguintes aspectos, EXCETO:

A) Atuação no sentido de refutar ou reformular as deformações dos conhecimentos.

B) Inserção do aluno no dia a dia das questões sociais marcantes e em um universo cultural maior.

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C) Desenvolvimento e socialização.

D) Exercício da cidadania opressiva.

21. “As diversas concepções de tempo são produtos culturais que só são compreendidas, ao longo de uma variedade de estudos e acesso a conhecimentos pelos alunos, durante sua escolaridade”. (PCN, 1997, p. 84). Nesse sentido, não deve existir uma preocupação especial do professor em ensinar formalmente uma conceituação ou outra, mas trabalhar atividades didáticas que envolvam essas diferentes perspectivas de tempo.

Assinale a alternativa que apresenta uma ação do professor que NÃO condiz com o trecho anteriormente apresentado.

A) Criar situações pedagógicas que permitam revelar as dimensões históricas dos acontecimentos passados e presentes, expondo suas complexidades e sua presença na realidade e na história.

B) Trabalhar a concepção de cotidiano que se apresente como motivação para estudo do passado focando as experiências de pessoas comuns ou famosas desligadas de seus contextos sociais.

C) Propor o estudo de medições de tempo e calendários de diferentes culturas.

D) Planejar atividade que envolva a habilidade de relacionar um acontecimento com outros acontecimentos de tempos distintos.

22. “O geógrafo Milton Santos (1985) afirma que o mais pequeno lugar, na mais distante fração do território tem, hoje, relações diretas ou indiretas com outros lugares de onde lhe vêm matérias-primas, capital, mão de obra, recursos diversos e ordens [...]. Em nossos dias, o espaço é apropriado, ou ao menos, comandado, segundo leis municipais.” (CASTRO GIOVANNI, 2008, p.17)

É INCORRETO afirmar que estudar e compreender o lugar em geografia significa que

A) a ideia de lugar está associada à imagem da significação, do sentimento, da representação para o aluno.

B) o estudo da apreensão do espaço pela criança deve apresentar as três etapas essenciais e respeitar a seguinte sequência: a etapa do espaço concebido, a do espaço percebido e a do espaço vivido.

C) cada lugar é sempre uma fração do espaço totalidade e dos diferentes tempos.

D) o lugar é formado por uma identidade, portanto, o estudo dos lugares deve contemplar a compreensão das estruturas, das ideias, dos sentimentos e das paisagens que ali existem.

23. O ato de ensinar pressupõe o de aprender. “Ninguém educa ninguém, os homens se educam mediatizados por seu trabalho diário”, no dizer de Paulo Freire. Todas as alternativas sobre o processo de ensino-aprendizagem estão corretas, EXCETO :

a) O processo ensino-aprendizagem: o ensinar e o aprender devem ser trabalhados em conjunto, isto é, professor e aluno trabalhando para alcançar os resultados esperados.

b) A aprendizagem é um processo pessoal e interno, as pessoas aprendem, não apenas pelas explicações que recebem, mas principalmente pelas oportunidades que lhes são oferecidas para praticar o que lhes está sendo ensinado.

c) A flexibilização do processo de ensino e aprendizagem promove a autonomia do aluno, desenvolvendo nele a capacidade de saber pensar de modo sistemático e flexível, o que assegura formação básica sólida.

d) Na concepção da educação tradicional o aluno escolhe o conteúdo dos programas a serem aprendidos, permitindo uma integração constante com o educador, o que garantirá uma aprendizagem significativa.

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24. A avaliação tradicional empobrece a aprendizagem e propicia aos professores utilizarem didáticas conservadoras, segundo Perrenoud. Assim, entre diferentes atividades estratégicas, a prática que atende a uma concepção de avaliação baseada no respeito às diferenças é:

a) Aplicação de provas individuais mensais, elaboradas segundo um padrão avaliatório.

b) A realização de autoavaliação pelo aluno, com atribuição de notas a aspectos específicos do desempenho;

c) A realização de exercícios individuais com muitas questões sobre o mesmo assunto para fixação do conteúdo;

d) A organização do portfólio de aprendizagem com participação de professores e alunos.

25. A respeito dos Parâmetros Curriculares Nacionais, é correto afirmar que:

a) devem ser utilizados como um guia para o trabalho dos professores em sala de aula, substituindo os livros didáticos, que propõe um modelo curricular homogêneo e que garanta a qualidade do ensino, independente da diversidade e das particularidades apresentadas nos estados e municípios brasileiros;

b) indicam, como um dos objetivos do Ensino Fundamental, que os alunos sejam capazes de posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;

c) propõem que a avaliação seja realizada, exclusivamente, pelo professor, em atividades pontuais, com o objetivo de verificar os conteúdos aprendidos ao final do processo de ensino e aprendizagem;

d) apresentam os conteúdos em três grandes categorias (conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais), considerando que estes conteúdos não podem ser centrais no processo de ensino e aprendizagem, visto que a formação para a cidadania deve ser o eixo norteador do trabalho pedagógico;

e) adotam a proposta de estruturação por ciclos, que favorecem uma apresentação mais parcelada do conhecimento pelo reconhecimento de que os alunos necessitam de mais tempo para a aprendizagem dos conteúdos básicos como leitura, escrita e cálculo.

26. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, é incorreto afirmar que:

I. as instituições de educação infantil devem incorporar, de maneira integrada, as funções de educar e cuidar, conduzindo, dentre outros fatores, à valorização dos profissionais que atuam com crianças pequenas;

II. o ato de brincar deve ser valorizado, uma vez que contribui com o desenvolvimento da criança, possibilitando uma articulação entre a imaginação e a imitação da realidade, a expressão de emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;

III. a prática da educação infantil, dentre outros objetivos, deve possibilitar que as crianças desenvolvam a capacidade de estabelecer e ampliar as relações sociais, para que aprendam a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;

IV. os profissionais que atuam nas instituições de educação infantil das diferentes regiões brasileiras possuem formação adequada, embora recebam baixa remuneração.

De acordo com as afirmativas acima, está incorreta a alternativa:

a) somente as alternativas I e II estão incorretas;

b) somente as alternativas I e III estão incorretas;

c) somente as alternativas I, II e III estão incorretas;

d) somente as alternativas II e IV estão incorretas;

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e) somente a alternativa IV está incorreta.

27. A aprendizagem não está, apenas, em chegar a uma resposta correta para cada problema, mas que as ações que encaminham sua resolução – como questionar, interpretar, pesquisar, obter e selecionar informações, esquematizar soluções, saber lidar com as diferentes opiniões – são tão importantes no processo de ensino e de aprendizagem quanto obter uma resposta adequada para o problema proposto. A problematização...

(A) possibilita a aprendizagem de conteúdos motivacionais por memorização, levando os alunos a uma verdadeira apreensão do conhecimento.

(B) apresenta temas geradores por meio de um problema existente na realidade concreta do aluno para que este, em conjunto com seus colegas, tome a iniciativa de resolvê-lo.

(C) permite a construção da autonomia do educando, na medida em que ele próprio procure os caminhos de estudo para adquirir o aprendizado necessário à sua vida.

(D) estimula os alunos a pensarem por hipóteses, a apresentarem razões ou dúvidas; faz com que se adquira o hábito de propor problemas e de investigá-los como forma de aprender.

(E) promove o conflito cognitivo diante do conhecimento do senso comum que os alunos trazem para a escola, auxiliando na aceitação dos conhecimentos verdadeiros a serem assimilados.

28. Em ciências humanas ou naturais, que constituem a área de ensino sobre a Natureza e Sociedade, as respostas não são sempre exatas, principalmente para problemas mais abrangentes e complexos (...) O conhecimento é construído historicamente e de forma não-linear, com conceitos que são discutíveis, se superam, podendo em outra época serem recuperados e reelaborados. Portanto,

(A) sistematizar os conhecimentos ensinados favorece a organização do pensamento do aluno e ajuda a estruturar o caminho de como se deve aprender de forma correta.

(B) o ensino de conceitos prepara o aluno a discernir o certo do errado, preparando-o para não ter dúvidas ou cometer equívocos.

(C) relativizar o que se conseguiu como a melhor resposta ou a mais completa é importante para não se educarem os alunos na falsa ideia de que verdades científicas são absolutas e imutáveis.

(D) ensinar um caminho seguro para se construir o conhecimento possibilita que o aluno se torne sujeito no seu processo de ensino/ aprendizagem.

(E) a compreensão de conceitos e conhecimentos abstratos exige etapas anteriores de aprendizagem; é preciso partir do simples para poder se chegar ao saber mais complexo.

29. Estamos diante de uma das metas mais complexas vivenciadas pela pedagogia nos últimos tempos: aliar o processo de democratização quantitativa ao processo de qualificação da escola pública.

Por meio desta constatação pode-se afirmar que a grande meta da educação brasileira é

(A) permitir que todas as crianças e adolescentes brasileiros tenham respeitados os seus direitos de acolhimento e aprendizagem, num processo de emancipação política e intelectual, na conquista de sua autonomia de pensamento e ação.

(B) garantir o acesso à escola, ou seja: permitir que todas as crianças, jovens e adultos - deficientes ou não - possam entrar na escola e sejam incluídas na rede regular de ensino.

(C) envolver todos educadores na tarefa de transformar a escola pública num espaço democrático, por meio de um processo de qualificação profissional, para se construir um projeto de escola inclusiva.

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(D) gestar uma escola inclusiva por meio de um projeto pedagógico elaborado em parceria entre a comunidade e os profissionais da escola com o objetivo de construir um ensino sem preconceito, discriminação e exclusão.

(E) oferecer uma educação de qualidade a todos, sem diferenciar ou excluir qualquer aluno, para que efetivamente possa se oferecer, democraticamente, um ensino igual e padronizado a todos.

30. Se é verdade que a quantidade de informação disponível, principalmente em funções das telecomunicações é enorme e diversificada, não é verdade que por causa disso as pessoas tenham imediatamente melhor compreensão do mundo em que vivem. (...) A simples posse de uma informação não significa aprendizagem nem maior capacidade de compreensão do mundo.

Portanto,

(A) para que se aprenda um conhecimento é preciso que a pessoa acumule suas próprias informações, por meio de estudos coletivos ou individuais.

(B) as informações não estão dadas, elas foram construídas por uma pessoa ou um grupo, por isso podem ser assimiladas e apreendidas por qualquer aluno.

(C) os atos de ensinar e aprender devem ser concebidos como uma troca de informações, para que aluno e professor se tornem sujeitos desse processo.

(D) estudar é uma ação reflexiva, pressupondo finalidade e compromisso dos participantes; trata-se de buscar saber, de poder conhecer e explicar fatos do mundo material, da vida humana.

(E) conhecer é diferente de se informar, pois uma pessoa precisa conhecer um assunto para poder informar à outra.

31. Priscila Monteiro afirma que, atualmente, pesquisas preocupadas com a aprendizagem de matemática pelas crianças pré-escolares têm revelado as seguintes questões sobre o processo de aprendizagem de meninos e meninas:

I. Crianças prescindem dos conhecimentos de classificação e seriação como condições obrigatórias para o trabalho posterior com números.

II. Crianças aprendem sozinhas, não havendo interferências do meio social e cultural em que vivem.

III. É absolutamente necessário que a criança domine a escrita dos primeiros números para realizar um trabalho que amplie seus conhecimentos.

IV. As crianças da educação infantil não têm condições de resolver problemas simples de adição, subtração, multiplicação e divisão, sem que antes dominem as formas convencionais dessas operações.

Estão corretas APENAS as afirmativas

(A) I.

(B) I e IV.

(C) II e III.

(D) III e IV.

(E) I, II e III.

32. Segundo Delia Lerner, a versão escolar da leitura e da escrita parece atentar contra o senso comum. Por que e para que ensinar algo tão diferente do que as crianças terão que usar depois, fora da escola?

Reverter esse quadro implica:

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I. Analisar o abismo que separa a prática escolar da prática social de leitura e escrita.

II. Transformar as práticas sociais que se tenta comunicar na escola em objeto de ensino.

III. Considerar que a fragmentação dos objetos de ensino é necessária porque alimenta duas ilusões muito arraigadas na tradição escolar: contornar a complexidade dos objetos de conhecimento reduzindo-o a seus elementos mais simples e exercer um controle estrito sobre a aprendizagem.

IV. Levar em conta que o objetivo final do ensino é que o aluno possa fazer funcionar o aprendido fora da escola, em situações que já não serão didáticas e, para isso será necessário manter uma vigilância epistemológica que garanta uma semelhança fundamental entre o que se ensina e o objeto ou prática social que se pretende que os alunos aprendam.

V. Fazer uso intensivo de modelos para que os alunos, através do treino numa variedade de exercícios, se apropriem daquelas habilidades que serão exigidas fora da escola.

Estão corretas APENAS as afirmativas

(A) I, III e IV.

(B) I, III e V.

(C) II, IV e V.

(D) I, II e IV.

(E) III, IV e V.

33. Construir o objeto de ensino à imagem e semelhança das práticas sociais de leitura e escrita implica, para Delia Lerner, em considerar que estas práticas

(A) sejam explicitadas como conteúdos obrigatórios nas propostas curriculares, porque o domínio da norma culta da nossa língua é o objetivo primeiro da escola.

(B) sejam definidas como conteúdos inseridos nas práticas de sala de aula quando lê e se escreve.

(C) ao serem clareadas, façam supor que os comportamentos do leitor e do escritor sejam concebidos como conteúdos fundamentais e não apenas tarefas escolares.

(D) devem ser selecionadas e organizadas de forma a garantir uma certa sistematização do conhecimento.

(E) sejam organizadas pelo valor sociocultural que tem na sociedade.

34. Tenho um grande respeito e, principalmente um grande carinho, pelo ofício de professor e por isso mesmo me reconforta saber que eles também são vítimas de um sistema de ensino que os induz a dizer besteiras. Uma das pessoas inesquecíveis em minha vida é a professora que me ensinou a ler, aos cinco anos. Era uma moça bonita e sábia, que não pretendia saber mais do que podia, e era tão jovem que com o tempo acabou sendo mais jovem que eu. Era ela que nos lia, em classe, os primeiros poemas. Lembro com a mesma gratidão o professor de literatura do colégio, um homem modesto e prudente que nos conduzia pelo labirinto dos bons livros sem interpretações rebuscadas. Esse método possibilitava a seus alunos uma participação mais pessoal e livre no milagre da poesia. Em síntese, um curso de literatura não deveria ser mais do que um bom guia de leituras. Qualquer outra pretensão só serve para assustar as crianças. Cá pra nós, é o que penso.

(Gabriel Garcia Márquez)

Este pequeno texto, dentro da temática “É possível ler na escola?”, discute a questão da interpretação de textos na prática das escolas. A esse respeito, de acordo com Delia Lerner, a interpretação deve ser vista como

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(A) um enfoque no reconhecimento e aceitação de uma única forma de interpretação para cada texto no trabalho com os alunos.

(B) uma exigência de oralizar com exatidão o que está escrito como forma de controle minucioso da aprendizagem.

(C) exercício rigoroso de análise e compreensão de um texto para identificar estilo, para levantamento de hipóteses sobre personagens, destaque de ideias principais, etc.

(D) divagação em torno das ideias do autor, pois a criança precisa aprender com competência.

(E) uma forma de utilizar a leitura para abrir todas as portas possíveis, inaugurando um caminho onde todos podem percorrer para chegar a ser cidadãos da cultura escrita.

35. A partir de apresentação dos conteúdos e a organização das atividades visando uma mudança qualitativa na utilização do tempo didático, pode-se desenvolver situações didáticas que favorecem a apresentação da leitura escolar como uma prática social complexa e a apropriação progressiva desta prática por parte dos alunos. Para isso, Delia Lerner sugere escolher:

I. Realização de projetos que, além de criar contextos nos quais a leitura ganha sentido, permitem uma organização muito flexível do tempo.

II. Atividades habituais que se reiteram de forma sistemática e previsível uma vez por semana ou por quinzena, durante vários meses ou ao longo do ano escolar, oferecem a oportunidade de interagir intensamente com um gênero determinado.

III. Situações específicas para o desenvolvimento da habilidade de leitura oral.

IV. Sequências de atividades direcionadas para se ler com as crianças diferentes exemplares de um mesmo gênero ou subgênero, diferentes obras de um mesmo autor ou diferentes textos sobre um mesmo tema.

V. Situações de sistematização que irão possibilitar a sistematização dos conhecimentos linguísticos construídos através de outras modalidades organizativas.

Estão corretas as afirmativas

(A) I, II e IV, apenas.

(B) II, III e IV, apenas.

(C) II e V, apenas.

(D) I, II, IV e V, apenas.

(E) I, II, III, IV e V.

36. ...os dados disponíveis parecem apontar para a mesma direção: os professores leem pouco, escrevem menos e estão mal alfabetizados para abordar a diversidade de estilos da língua escrita. Na realidade, eles são o produto das más concepções de alfabetização ainda em uso. Parece indispensável que os programas de capacitação incluam, como um dos objetivos, o de “realfabetizar” os professores alfabetizadores. É muito difícil que alguém, que não lê mais do que o absolutamente indispensável, possa transmitir “prazer pela leitura"; que alguém que evite escrever, possa transmitir o interesse pela construção da língua

escrita; que alguém que nunca se perguntou sobre as condições específicas das diferentes situações de produção de textos possa informar seus alunos a respeito. Se eles têm medo de enfrentar os estilos da escrita que desconhecem, evitarão introduzi-los na sala de aula. Há que estimulá-los a descobrir, junto com os seus alunos, o que não tiveram ocasião de descobrir quando eles mesmos eram alunos.

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Professora: Rachel Leão

(Emilia Ferreiro)

A análise da autora nos permite pressupor que:

I. Não se pode permitir à criança que entre em contato com um objeto antes de ter as condições de maturidade. Os exercícios de desenvolvimento da maturidade são ótimos para treinar as capacidades motoras das crianças.

II. A alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é, na maioria dos casos, anterior à escola e que não termina ao finalizar o Ciclo do Ensino Fundamental.

III. A alfabetização passa a ser uma tarefa interessante que dá lugar a muita reflexão e a muita discussão em grupo. A língua escrita se converte num objeto de ação e não de contemplação, é possível aproximar-se dela sem medo, porque se pode agir sobre ela, transformá-la e recriá-la.

IV. O processo de capacitação deveria começar por algo que chamaria de “experiências críticas”, ou seja, experiências que ajudem a por em crise as concepções anteriores.

V. Há que se alfabetizar para ler o que outros produzem ou produziram, mas também para que a capacidade de “dizer por escrito” esteja mais democraticamente distribuída. Alguém que pode colocar no papel suas próprias palavras é alguém que não tem medo de falar em voz alta.

Estão corretas APENAS as afirmativas

(A) II, III e V.

(B) I, II, IV e V.

(C) II, III, IV e V.

(D) I, III e V.

(E) III e IV.

37. Se a leitura pode ser considerada como um processo constante de elaboração e verificação de previsões que levam à construção de uma interpretação, este processo embora seja interno deve ser ensinado e aprendido e este é um papel por excelência da escola, via ação dos professores. Sendo assim, para Isabel Solé, o problema do ensino da leitura

(A) situa-se basicamente no nível do método utilizado pelo professor.

(B) reside essencialmente em garantir que o sujeito que está construindo o processo de aprender a ler, compreenda o que lê pois a compreensão é um requisito essencial para ler eficazmente.

(C) deve estar centrado na realização de um conjunto de atividades tendo em vista determinados resultados que através dos dados da avaliação se poderá constatar se os alunos aprenderam ou não a ler.

(D) está centrado na escolha de bons materiais de leitura e na garantia das condições básicas para um ensino eficiente.

(E) está centrado na competência do professor para motivar o aluno.

38. Em geral, o trabalho rotineiro com a linguagem segue esta sequência: leitura em voz alta pelos alunos de um determinado texto

− cada um deles lê um fragmento, enquanto os outros “acompanham” em seu próprio livro; se o leitor cometer algum erro, este costuma ser corrigido diretamente pelo professor ou, a pedido deste, por outro aluno. Depois da leitura elaboram-se diversas perguntas relacionadas ao conteúdo do texto, formuladas pelo professor. A seguir, se preenche uma ficha de trabalho mais ou menos relacionada ao texto lido e que pode abranger aspectos de sintaxe morfológica, ortografia, vocabulário e, eventualmente, a compreensão da leitura.

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Professora: Rachel Leão

Para ultrapassar esta forma usual de trabalhar com a linguagem na escola, Isabel Solé defende que

I. a leitura precisa estar orientada por objetivos, ou seja, o fato de sabermos porque fazemos alguma coisa é o que nos permite atribuir sentido ao que fazemos.

II. para que uma criança ou qualquer outro sujeito possa se envolver numa atividade de leitura é necessário que se sinta capaz de ler, de compreender o texto que tem em mãos.

III. a maior parte dos alunos alfabetizados consegue posteriormente resolver, com significado, as tarefas de leitura mesmo quando não conseguem compreender o que estão lendo.

IV. as atividades de leitura para serem motivadoras em si mesmas é necessário que o conteúdo do texto esteja ligado aos interesses da pessoa que tem que ler.

V. a organização do trabalho não se apresente como uma rotina repetitiva mas, pelo contrário, vá incorporando outras dinâmicas e outras formas de participação dos alunos de forma a se adequar às alterações decorrentes do próprio movimento da aprendizagem dos alunos.

Estão corretas APENAS as afirmativas:

(A) I, II, IV e V.

(B) II e V.

(C) I, III e V.

(D) II, III, IV e V.

(E) I, III e IV.

39. Ler é um procedimento e se consegue ter acesso ao domínio dos procedimentos através da sua exercitação compreensiva. Por este motivo, é interessante que os alunos, além de assistir ao professor quando lhes mostra como constrói suas previsões, como as verifica, em que indicadores do texto se baseia para fazer isso e aquilo, possam participar mais ativamente, selecionando marcas e indicadores, formulando hipóteses para eles próprios verificarem e construÍrem interpretações. Uma das formas de propiciar esta dinâmica, conforme Isabel Solé, pode ser a leitura compartilhada por

(A) estar baseada em uma conceitualização das situações de ensino e aprendizagem como situações conjuntas destinadas a compartilhar o conhecimento, em que se aprende a utilizar toda uma série de estratégias que deverão fazer parte da bagagem dos alunos, para que possam utilizá-la de maneira autônoma.

(B) pressupor que existe uma determinada sequência temporal e que até os alunos serem totalmente competentes em cada uma das fases não se pode passar para a seguinte.

(C) constituir-se numa atividade interessante porque facilita o desenvolvimento da habilidade de fazer previsões.

(D) permitir que os alunos assumam a responsabilidade de organizar a tarefa de leitura e de envolver todos na mesma.

(E) motivar toda classe se for desenvolvida de vez em quando para a aula não ficar monótona e possibilitar a associação entre teorias e práticas, incentivando a imaginação e a curiosidade dos alunos na leitura de textos cada vez mais longos, complexos e diferentes em sua complexidade.

40. Se quiser trabalhar com uma concepção construtivista da aprendizagem, segundo Telma Weisz, é importante que o professor desenvolva uma sensibilidade e uma espécie de escuta para a reflexão sobre o que as crianças fazem e falam, supondo que atrás daquilo que pensam há coisas que têm sentido e que não são apenas ignorância. Por isso,

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Professora: Rachel Leão

I. o fato de acreditar que os alunos pensam que são capazes é fundamental para que eles progridam, pois nos leva a respeitá-los e apoiá-los.

II. o professor descobre que a prática pedagógica, qualquer que seja o conteúdo, em qualquer área, pode ser analisada a partir do trio conteúdo/aprendizagem/ensino.

III. diante da informação de que quem constrói o conhecimento é o sujeito, o professor entende que sua intervenção no processo de aprender do aluno é desnecessária.

IV. quando se acredita que o motor da aprendizagem é o esforço do sujeito para dar sentido à informação que está disponível, quando percebe a confiança do professor em sua capacidade de pensar e se expressar, tem-se uma situação bastante diferente daquela em que o aprendiz teria de permanecer tranquilo e com os sentidos abertos para introjetar a informação que lhe é oferecida.

Estão corretas APENAS as afirmativas:

(A) I, II e III.

(B) I, III e IV.

(C) I e IV.

(D) II e IV.

(E) II e III.