OS 100 MELHORES FUTEBOLISTAS DE TODOS OS...

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OS 100 MELHORES FUTEBOLISTAS DE TODOS OS TEMPOS J OÃO A LMEIDA M OREIRA

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OS 100 MELHORES FUTEBOLISTAS DE TODOS OS TEMPOS

J O Ã O A L M E I D A M O R E I R A

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Título original: Os 100 melhores futebolistas de todos os tempos

© 2011, João Almeida Moreira

e Oficina do Livro – Sociedade Editorial, Lda.

Editor: Francisco Camacho

Capa: Pedro Moreira

Fotografias: © GETTYIMAGES

Revisão: Elsa Gonçalves

Composição: Filipe Tavares

em caracteres Sabon, corpo 12

Impressão e acabamento: Eigal

1.ª edição: Junho de 2011

isbn 978 -989 -555 -730-1

Depósito legal n.º 327 153/1

Oficina do Livro

uma empresa do grupo LeYa

Rua Cidade de Córdova, 2

2610 -038 Alfragide

Tel.: 210 417 410, Fax: 214 717 737

E -mail: [email protected]

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Para a Lu

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INTRODUÇÃO

«Como é que o Peyroteo não está na lista dos 100 melho-res do mundo de todos os tempos?», queixou -se um amigo meu que teve acesso à lista antes de ser publicada.

Os livros ensinam sempre mais a quem os faz do que a quem os lê: este ensinou -me que na vida há coisas boas e coi-sas que parecem boas – e não me refiro a jogadores bons ou aparentemente bons. Refiro -me ao ato de escolher. Escolher parece uma coisa boa mas não é. Escolher custa, demora, dói, castiga, martiriza.

À partida, para quem gosta de futebol e o pesquisa com a avidez de um arqueólogo e a precisão de um cirurgião, esco-lher os 100 melhores do mundo de todos os tempos parecia uma tarefa de sonho. Não é. Porque um curioso não é um cientista, não tem método, não tem pá, não tem bisturi.

Primeira dificuldade: como começar. Pegar no lápis e es-crever Pelé, Maradona, Cruijff, Beckenb... Depois pensar: não, vamos ao início, ao primeiro Mundial, e a partir daí, ir adiante, do Uruguai à África do Sul, numa viagem de oitenta anos por nomes incontornáveis, imprescindíveis, inevitáveis, insubstituíveis, indispensáveis.

E o Best que nunca foi a mundiais? Começa -se então a escavar as provas internacionais de seleções, depois as de clubes, e assim sucessivamente.

E ainda há os africanos, os norte -americanos, os asiáticos.E aqueles que nunca participaram em provas internacionais

simplesmente porque elas ainda não tinham sido inventadas?

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INTRODUÇÃO

Por fim chega -se a um número. E por fim volta -se ao prin-cípio. 248? Será que a editora aceita publicar os 248 melho-res jogadores de todos os tempos? É um número arredon-dado, o dois, o quatro, o oito. Ou seja, depois de definido o critério de escolha, é que começa a escolha propriamente dita.

Quantos brasileiros? Mais holandeses do que franceses? Tantos húngaros como ingleses? Porque é que a década de sessenta tem menos do que a de noventa? Só estes guarda--redes? Em cem, deve haver pelo menos nove, como em onze há pelo menos um.

E de 248 passa -se a 143 e daí a 105 e a 104 e a 103 e é cada vez mais doloroso. Inventam -se limites: os ainda em ativi-dade não contam, os portugueses saem, os de bigode estão vetados. Passa -se a 93. Mas para os sete lugares em falta aparecem agora 18 candidatos com currículos iguaizinhos, os golos que um marcou aqui, o outro impediu ali, e se um marca é porque outro os cria, e se este os cria é porque al-guém roubou a bola e lha entregou e assim sucessivamente.

O certo é que no final apareceram 100 nomes pela única e exclusiva razão de que o livro tinha mesmo de sair para as bancas. No entanto, o martírio da escolha, que a esta altura já me parece uma coisa indisfarçadamente má, não acabou: chegou a hora da crítica.

«Zizinho? Quem é este Zizinho? Porque não o Peyro-teo?». Bom, se o Zizinho era o ídolo do Pelé, provavelmente não haveria Pelé se não tivesse havido Zizinho, como não haveria Bill Gates se não tivesse havido Thomas Edison.

Para me consolar, penso que antes de mim já outros pas-saram pelo mesmo. Se calhar, só quando for o Pelé himself a escolher os 100 melhores todos concordem. O Pelé? Mas o Pelé já escolheu os seus 100 melhores do século XX e acabou por nomear 125 (uma versão maquilhada dos meus 248) in-cluindo duas senhoras jogadoras. Mais: passou pela humi-lhação de ver Gerson, companheiro no México -70, a rasgar a lista em direto na TV por não estar incluído.

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Então e os ingleses, ao menos esses, com a autoridade de serem os pais do jogo e a objetividade cultivada durante séculos, saberão fazer uma lista unânime? Os ingleses? Mas a revista World Soccer já escolheu os seus 100 e incluiu 24 cidadãos britânicos, um contingente superior ao do Brasil e Alemanha juntos.

Na lista deste livro, pelo menos, há de tudo, como num cozido à portuguesa, em que o apagado nabo e a agressiva farinheira têm um casamento tão feliz. Da pré -história do futebol, que teve em Steve Bloomer o principal goleador da viragem do século, à infância do jogo marcada pela força da escola uruguaia dos anos vinte e trinta. Da Itália e da Hun-gria conduzidas pelos primeiros grandes mestres da tática ao descobrimento do solto e alegre Brasil. Dos loucos anos sessenta e setenta que acolheram a maioria das principais re-ferências do futebol, aos anos oitenta, marcados pela explo-são de números 10 geniais – Maradona, Platini, Zico... Dos anos noventa, em que um jogador passou a ser chamado de «Fenómeno», à actualidade em que só os fenómenos físicos, técnicos e mediáticos cabem nesta galeria.

Há mais brasileiros do que quaisquer outros – mas para eles faltará sempre alguém –, há alemães, muitos alemães – mas devia haver apenas um, porque para eles só a Mannschaft no seu todo conta –, há italianos – com mais guarda -redes e defesas do que os outros, claro – há argentinos geniais – e nem todos jogaram pelo país natal. Há três portugueses elementares. Há africanos, há um asiático.

E há ainda uma lista de mais 100 suplentes para tentar agradar a todos. Onde não consta, por uma unha negra, o notável Peyroteo. Porque escolher, sejam 100, 200 ou 1000 não é mesmo nada bom.

João Almeida Moreira

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AndradeUruguaiMédio-defensivo

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Pode ter sido apenas por capricho do alfabeto, mas que Andrade merecia ser o primeiro desta lista merecia. Ele foi um pioneiro: precedeu ilustres como Pelé ao ser a primeira estrela negra do futebol; inspirou com décadas de avanço Becken-bauer e outros, distinguindo -se numa região recuada do relva-do; e anunciou Garrincha ou Best como o primeiro de tantos futebolistas talentosos vítimas dos altos e baixos da vida.

Nasceu no início do século XX no sítio certo: no Uruguai, potência original do futebol. Filho de mãe argentina e de pai brasileiro (um negro de 98 anos à data do seu nascimento, fugido à escravatura e especialista em magia africana), José Leandro Andrade parece uma personagem saída de um ro-mance fantástico latino -americano.

Antes da glória, foi engraxador de sapatos, vendedor de jor-nais e, acima de tudo, carnavalesco aclamado, exímio tocador de bateria, de violino e de pandeireta no bairro de Palermo, em Montevideu, onde vivia com uma tia. Em paralelo, o futebol.

Jogava ainda no modesto Bella Vista de Montevideu quando começou a encantar o mundo. Na iluminada Paris conquistou os Jogos Olímpicos ao serviço da excitante sele-ção uruguaia – terá também conquistado um pedaço do co-ração de Josephine Baker, com quem dançou um tango apai-xonado num salão parisiense durante o evento. Em 1928, desta vez em Amesterdão, novo ouro olímpico conquistado após uma terrível meia -final com a Itália, na qual feriu gra-vemente um olho ao bater contra um poste.

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Já no poderoso Nacional de Montevideu, o seu clube des-de 1925, participou, entre os dois Jogos Olímpicos, na maior tournée da história do futebol: de fevereiro a agosto desse ano viajou em 190 dias por 23 cidades de nove países euro-peus, percorrendo 15 mil quilómetros e vinte milhas náuti-cas. Dos 38 jogos, três foram realizados em Portugal – duas vitórias sobre um combinado da cidade do Porto e uma so-bre o Sporting. Na equipa, Andrade, já denominado «Mara-vilha Negra» ou, no original, «La Merveille Noire», porque foi batizado durante os Jogos de Paris, era a referência. Joga-va com honestidade e fleuma: dificilmente constestava uma decisão do árbitro, jamais festejava um golo.

Em 1930, precocemente cansado de uma vida de sacrifí-cios e boémia, ainda liderou o Uruguai na conquista do pri-meiro Mundial da história. O apogeu aos 29 anos. Depois, foi consumido pelo alcoolismo. Pela miséria. Pela tubercu-lose. E pela cegueira, na sequência do acidente dos Jogos de 1928 na Holanda. Morreu num asilo na capital uruguaia, aos 56 anos. O Estádio Centenário de Montevideu tem uma placa em sua homenagem. É tudo o que resta.

BaggioItáliaMédio-ofensivo

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Um momento divino, um momento diabólico. Um amor mal resolvido, um ódio de estimação. Um penteado especial,

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JOÃO ALMEIDA MOREIRA

uma religião exótica. Eis Roberto Baggio, uma personagem rica de mais para ser apenas rotulada de craque do futebol.

Nascido em Caldogno, uma cidade italiana de dez mil ha-bitantes, destacou -se no Vicenza e seguiu para a Fiorentina, pela qual assinaria em 1985, aos 18 anos. Com a maglia viola ganhou uma projeção que já não cabia nas românti-cas ambições do clube. A toda poderosa Juventus, menos romântica e mais pragmática, perdeu a cabeça e pagou para o ter o equivalente a dez milhões de euros, recorde mundial em 1990. O que poderia ter sido uma mera transferência impactante, resultou em distúrbios por Florença com cerca de cinquenta feridos.

Os incidentes serviram como um sino de igreja a avisar que qualquer coisa de extraordinário acabara de acontecer. Essa coisa extraordinária era ele, Baggio, para a maioria o melhor jogador da história do futebol italiano, da história do segundo país com mais títulos mundiais, da história de uma das pátrias oficiais do futebol. Do calcio, aliás.

Um dia, Juventus e Fiorentina teriam de se encontrar. Nes-se dia, Baggio, ao sair do campo, recebeu um cachecol viola. Mesmo com a camisola do rival vestida, beijou o cachecol, já depois de se ter recusado a marcar um penálti contra o ex -clube. Mas nem assim obteve o perdão em Florença. Um caso de amor eternamente mal resolvido.

A fama do il divino codino – o «divino rabo de cava-lo», o penteado estranho que o distingue – não foi ganha apenas com camisolas de clubes. Pelo contrário, Baggio sentiu -se sempre melhor de azul, na seleção. Em 1990, com 23 anos e ainda suplente de luxo no Mundial italiano, as-sinou o mais extraordinário momento da prova, ao descer do meio -campo à baliza, desviando -se dos obstáculos che-coslovacos que foram aparecendo, com elegância e destre-za. Parecia o compatriota Alberto Tomba, a pique, em Val d’Isère. Mas quatro anos depois parecia saído de um filme de Ettore Scola quando, no Mundial americano, já líder absoluto da squadra azzurra, a conduziu à final até falhar

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JOÃO ALMEIDA MOREIRA

um dramático penálti que ofereceu o título ao Brasil. Um momento divino e um momento diabólico. «Só falha penál-tis quem tem a coragem de os marcar», disse solene, após a fatalidade.

A partir daí, jogou ainda em Milão, comprando uma guer-ra com o então treinador do Inter, Marcello Lippi, o ódio de estimação, baseada nos egos de ambos. Logo ele, um budista pacifista que foge quando pode do fumegante futebol do seu país. O futebol de que foi o mais sublime intérprete.

BanksInglaterra Guarda-redes

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Gordon Banks pode ter sido campeão do mundo pela In-glaterra em 1966, mas foi no Mundial seguinte que alcan-çou a eternidade. Num jogo só. Num lance único. Numa defesa extraordinária a cabeceamento de Pelé. «As pessoas que me querem entrevistar falam -me da defesa e nada mais, esquecem -se do título mundial que ganhei», lamenta o guarda -redes inglês. Banks não pode contrariar o inevitável: no futebol, um milésimo de segundo às vezes vale mais do que uma carreira inteira.

E a carreira de Banks foi inteira. Quando era ainda um jovem mineiro de Sheffield foi o destaque da seleção local.

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Enquanto cumpriu o serviço militar na Alemanha ganhou a Taça do Reno pelo seu regimento. Regressado a Inglaterra, tornou -se titular do modesto Chesterfield, aos 19 anos, e, três anos depois, foi contratado pelo Leicester City, onde, passo a passo, foi subindo a escada do futebol inglês até se tornar no incontestado número um do país, em 1966. No Mundial inglês, resistiu os primeiros quatro jogos sem so-frer golos. Nas meias -finais Eusébio bateu -o finalmente de penálti, mas em vão. Banks e a Inglaterra sagrar -se -iam dias depois campeões do mundo frente à RFA.

Entretanto, em Leicester, um miúdo de 17 anos começava a crescer na sombra do mito: era Peter Shilton, considerado o segundo melhor guarda -redes inglês de sempre. Banks in-tuiu ali o momento para se mudar para o Stoke City: Banks seguiu o seu caminho, Shilton também.

Em 1970, a Inglaterra chegou como campeã mundial ao México. Na partida com o Brasil, provavelmente a melhor seleção da história, aos dez minutos já Jairzinho arrancava um cruzamento espantoso para Pelé, que saltou enquanto gritava «gol!»; Banks seguiu o lance com os olhos e apoiado nos calcanhares caiu ao mesmo tempo para a direita e para

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trás, tocando a bola. Só quando Bobby Moore se aproximou dele a felicitá -lo é que o guardião se apercebeu de que tinha evitado o «gol!» de Pelé. «A melhor defesa de sempre», sen-tenciou o rei. Banks, indisposto, não jogou dias depois os quartos -de -final com a RFA: os ingleses perderiam por 3 -2.

Em 1972, num trágico acidente de viação, Banks perdeu uma vista e, contrariado, acabou a carreira prematuramente – Shilton substituiu -o: no Stoke City e na seleção.

Para a posteridade «a defesa» e uma frase em sua home-nagem: «Seguro como os bancos de Inglaterra», traduzido para inglês, safe as the Banks of England.

BaresiItáliaDefesa-central

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Se é daquelas pessoas que acha que só os golos são o fundamento do futebol, não leia este texto porque é sobre a outra metade do jogo, a menos encantadora mas igual-mente fundamental. Este texto é sobre Franco Baresi, o homem que nasceu para evitar a mínima ameaça de golo e que conseguiu fazer da inexistência deles uma arte. Baresi conviveu com Van Basten ou Gullit no Milan e com Ro-berto Baggio ou Vieri na seleção italiana, e por isso nunca foi a estrela, nem no super -Milan dos anos noventa, nem na squadra azzurra, mas foi um defesa capaz de competir