OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Dropbox suas funções e possibilidades, que...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
WEBQUEST e DROPBOX: RECURSO METODOLÓGICO e POSSIBILIDADE DE TROCA DE INFORMAÇÕES ENTRE OS PROFESSORES.
Nivaldo Fontanella1
Francieli Agostinetto Antunes2
Resumo:
Em quase todas as profissões o uso de instrumentos tecnológicos é essencial e faz
muita diferença na qualidade do trabalho e também no tempo demandado para execução de tal atividade. Na educação não é diferente, precisamos em pouco tempo, possibilitar ao aluno a construção do conhecimento por meio de diferentes metodologias, que permitam e incentivam a interação com informações e o compartilhar das descobertas com colegas. Nesse artigo fazemos algumas reflexões oriundas de um grupo de estudos realizado com professores de matemática da rede pública estadual do Paraná, na cidade de Capitão Leônidas Marques, durante a participação no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) no período de 2013 e 2014. Nesse grupo de estudos objetivou-se instrumentar os professores sobre a metodologia da WebQuest como forma de incentivar o uso da internet na construção de conhecimentos e o programa Dropbox que permitiu a interação com informações e o compartilhar das descobertas com colegas, possibilitando uma formação continuada. Esta metodologia propiciou contextualizar os conteúdos de matemática, tornando-os mais estimulantes para a construção do conhecimento dos alunos.
Palavras Chave: Ensino de Matemática; Formação de Professores; Webquest; Dropbox.
1. INTRODUÇÃO
A sociedade está em constante transformação e quando menos
esperamos é criado um novo instrumento ou aprimorado tecnologicamente
instrumentos já existentes buscando facilitar o trabalho e a vida das pessoas
que compõe essa sociedade.
Em quase todas as profissões o uso de instrumentos tecnológicos é
essencial e faz muita diferença na qualidade do trabalho e também no tempo
demandado para execução de tal atividade. Na educação não é diferente,
precisamos em pouco tempo, possibilitar ao aluno a construção do
conhecimento por meio de diferentes metodologias, que permitam e incentivam
1 Professor da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, integrante do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, Paraná
2 Mestre em Ensino de Ciências e Educação Matemática pela UEL. Professora Assistente do Curso de
Licenciatura em Matemática da Unioeste Cascavel.
a interação com informações e o compartilhar das descobertas com colegas,
respeitando o seu ritmo, a sua individualidade, levando em consideração o seu
contexto social em que estão inseridos, os seus conhecimentos prévios, mas
tudo isso posto de uma forma atraente, motivadora, despertando o aluno para o
querer estudar.
Para atender ao mesmo tempo os objetivos individuais do aluno e
também os interesses do coletivo da sala de aula é oportuno utilizar diferentes
meios, como consta nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná de
Matemática (DCE), o “trabalho com as mídias tecnológicas insere diversas
formas de ensinar e aprender, e valoriza o processo de produção de
conhecimento” (DCE, pag.66), que podem ser por meio de instrumentos que
permitam ao professor realizar a explicação da atividade proposta, dar acesso
as informações necessárias para a execução da mesma, respeitar o ritmo de
aprendizagem de cada aluno, e observar se alguém não compreendeu e
precisa de uma nova orientação.
A escola também tem papel importante nessa busca, ela tem a função
de situar e possibilitar que paralelo ao conteúdo os alunos tenham acesso aos
meios tecnológicos, como, por exemplo, acesso a computador e a internet.
Para que isso se efetive, primeiramente se faz necessário que os professores
saibam trabalhar com as tecnologias já disponíveis aos alunos.
Tem sido feito alguns investimentos em tecnologias nas escolas públicas
tanto pelo governo federal como pelo governo do estado do Paraná, como:
envio de computadores ligados a internet, kit multimídia, e recentemente a tela
digital e tablets para alguns professores, principalmente os vinculados ao
ensino médio.
Com o envio destes equipamentos vem à necessidade do professor
buscar aperfeiçoar seus conhecimentos tecnológicos, conhecendo também
softwares disponíveis, para depois planejar e organizar a sua aula permitindo
que o aluno aprenda, crie e desenvolva o conhecimento conforme o objetivo
previsto.
Mas não basta ter domínio dos recursos tecnológicos, torna-se
necessário estudar também sobre outras metodologias para o ensino da
matemática, conforme orientações das DCEs “requer um professor interessado
em desenvolver-se intelectual e profissionalmente e em refletir sobre sua
prática para tornar-se um educador matemático e um pesquisador em contínua
formação” (DCE, 2008, p. 48), e na atuação deste profissional em sala de aula
possa fazer uso dos recursos tecnológicos disponíveis para melhorar a sua
ação pedagógica, criando ambientes onde o aluno possa reconstruir seu
aprendizado de uma forma diversificada.
No entanto estes professores têm em média muitas aulas semanais,
destas, atualmente 30% em sala de aula com alunos e o restante em hora
atividade para a preparação de aulas, correção de atividades e estudos, este
período é integral na escola, sendo que os horários das aulas mudam
constantemente, devido a substituições de alguns professores, seja por licença
especial ou médica. E devido a essas mudanças no horário, e a maioria dos
professores trabalharem em mais de uma escola, tem-se a dificuldade de reunir
esses professores por área em hora atividade para a troca de experiências,
busca de ajuda, reflexão conjunta ou que se estimulem mutuamente a inovar
no processo de ensino da matemática.
Embora haja um grande esforço por parte dos professores de
matemática para aperfeiçoar-se e buscar alternativas diferenciadas para levar o
aluno à construção do conhecimento, é perceptível a falta de envolvimento dos
alunos nas atividades, eles classificam a matéria de matemática como difícil de
ser apreendida, e que as aulas são muito monótonas, onde o professor explica
e os alunos fazem atividades semelhantes, geralmente utilizando muito o
quadro e giz, e que estes profissionais, pouco dinamizam as suas aulas, não
utilizando recursos diferenciados. Infelizmente esses relatos dos alunos
ouvidos em conversas informais com eles apresentam formas com as quais
gostariam de trabalhar, porque o foco deles é o uso dos computadores e
softwares que permitam que eles possam ir aprendendo, mexendo, criando,
realizando simulações, interagindo com os colegas, porque isso chama a
atenção deles, é o que a maioria faz em seus momentos de lazer com seus
celulares, e/ou computador, mas raramente buscam conhecimento nesses
aparelhos e softwares, são utilizados apenas para diversão, entretenimento.
Com base nesses fatos surgiu a oportunidade de desenvolver um grupo
de estudos na implementação do Programa de Desenvolvimento Educacional
(PDE). Esse programa é ofertado pela Secretaria de Estado e Educação do
Paraná para a capacitação de docentes efetivos, a cada ano, desde 2007, são
ofertadas 2000 vagas entre as diferentes disciplinas, onde cada professor
selecionado participa de estudos nas Instituições de Ensino Superior (IES) que
participam do programa e que ofertam cursos da disciplina que o professor foi
selecionado, por um período de dois anos, onde o primeiro ano o professor é
afastado 100% da sala de aula e freqüenta cursos planejados especificamente
para professores vinculados ao PDE na IES, e sob orientação de um professor
da mesma instituição desenvolve um projeto para refletir sobre questões
relacionadas a sala de aula/escola em que ele atua. No segundo ano é
dispensado 25% da carga horária, para executar a implementação do projeto
prevista nos dois semestres anteriores e esse texto é a compilação de estudos
e reflexões realizadas no percurso desde a preparação, organização até a
execução do mesmo que objetivou a formação de um grupo de estudo para
oportunizar aos professores que conhecessem o programa Dropbox e a
metodologia de ensino Webquest, tanto como forma de armazenamento de
arquivos, troca de experiências entre os pares, como recurso metodológico no
ensino da Geometria do sexto ano, bem como a reflexão sobre a possibilidade
de inserir na sua prática pedagógica o uso dos computadores e da internet,
alternando as metodologias no ensino da matemática. Este grupo de estudos
foi dividido em 8 encontros de 4 horas cada, e as outras 32 horas eram de
leitura, exploração do programa Dropbox e da análise e criação da Webquest
para que nos momentos presenciais, fossem discutidos as dificuldades
encontradas e saná-las se estas fossem técnicas e apresentados os próximos
passos.
Esse grupo de estudos foi organizado e desenvolvido na cidade de
Capitão Leônidas Marques, estado do Paraná, no Colégio Estadual Carlos
Argemiro Camargo com os professores de matemática da rede pública
estadual do mesmo município, totalizando um estudo de 64 horas.
Paralelo a esse estudo que ocorreu no Colégio Estadual Carlos
Argemiro, também aconteceu à divulgação e análise do projeto, para outros 15
professores de matemática da rede pública estadual de diferentes cidades do
Paraná que se inscreveram online para participar de um Grupo de Trabalho em
Rede (GTR), que é parte integrante e obrigatória do PDE para conhecer o
projeto, no qual debateram sobre a relevância do mesmo e trocaram
informações e deram sugestões sobre a sua aplicabilidade e importância para
o ensino público de matemática no Paraná.
Buscamos aqui apresentar algumas reflexões, contribuições e
dificuldades encontradas para se utilizar a metodologia da Webquest como
recurso para o ensino de matemática, aqui refletimos mais especificamente
sobre o ensino de geometria, bem como no uso do programa Dropbox como
forma de trocar e complementar atividades e trabalhos criados pelos docentes
na realização desse grupo de estudos da área de matemática da rede pública e
dos estudos e reflexões que ocorreram durante a participação da sexta turma
do PDE (2013-2014).
2. A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES
Para a realização dessa proposta vários livros e artigos foram
analisados, da mesma forma foi explorado sites relacionados a construção de
webquest, bem como algumas Webquest disponibilizadas online e o programa
Dropbox suas funções e possibilidades, que ocorreram durante toda a
participação do PDE 2013-2014.
No segundo semestre de 2013, foi organizado a produção didática, na
qual constava o que seria trabalhado nos grupos de estudos com os
professores de matemática, ambos ocorridos no primeiro semestre de 2014,
sendo um deles totalmente online (GTR) e outro semipresencial, ambos com os
professores de matemática da rede pública estadual do Paraná.
As discussões e reflexões feitas durante os grupos de estudos
contribuíram para confecção desse texto, elas aparecem em alguns momentos.
Nas discussões de ambos os grupos, foi unanime a posição de que o ensino da
matemática precisa sofrer alterações, entre elas, a forma como é trabalhada
em sala de aula:
Tradicionalmente, a prática mais frequente no ensino de Matemática tem sido aquela em que o professor apresenta o conteúdo oralmente, partindo de definições, exemplos, demonstrações de propriedades, seguidos de exercícios de aprendizagem, fixação e aplicação, e pressupõe que o aluno aprenda pela reprodução. Assim, considera-se que uma
reprodução correta é evidência de que ocorreu a aprendizagem. (BRASIL, 1998, p. 37).
Ainda muito tradicional, onde o professor é o detentor do conhecimento
e o aluno nada sabe, e apenas segue os exemplos anteriores. Surgiram nestas
conversas com os professores a várias justificativas para a não utilização de
diferentes metodologias em sala, tais como: o número excessivo de alunos por
sala, a falta de interesse na construção da própria aprendizagem, falta de
capacitação dos professores, falta de conhecimentos dos professores para lidar
com a tecnologia e não há um profissional específico para auxiliar o professor
no laboratório de informática, partes deste cenário já foi denunciado pelas
professoras Moraes e Lira ao trabalharem com formação de professores no uso
da informática:
[...] “os maiores empecilhos para o aperfeiçoamento da educação estão nos métodos de ensino ultrapassados, modelos de aprendizagem que não prestigiam a construção, superlotação das salas de aula, professores que não se adaptam aos métodos modernos, com parcos salários que os obrigam a correrem de um lado para o outro para garantir a sua sobrevivência, não lhes sobrando tempo para aperfeiçoamento.” (Moraes e Lira, 2002, pag.93)
No entanto, essas e outras desculpas já não são mais aceitas pelos
alunos, pais e equipe pedagógica que pedem para que nas aulas de
matemáticas sejam usadas novas metodologias e recursos, principalmente que
sejam inseridas o uso dos computadores, elas existem, mas é preciso que
estes profissionais modifiquem sua forma de ensinar e aprender
O professor deve organizar e planejar a sua aula com objetivos claros e
buscar a melhor metodologia disponível para levar os alunos à construção do
conhecimento, instigando o pensar do aluno, dar possibilidade para que ele crie
estratégias de resolução, permitindo a construção mas também a reconstrução
de seus conhecimentos. Uma das maneiras para o professor atingir esses
objetivos é a utilização da informática, mas para isso, precisa estar
constantemente se aperfeiçoando, como afirma Costa e Pinheiro (2009):
Isto significa que os profissionais da educação precisam redirecionar sua formação pedagógica, não apenas aprendendo a utilizar novas ferramentas, mas também, e, sobretudo, mudando suas atitudes e posturas diante do mundo, do conhecimento e do processo de ensino: estando abertos às mudanças, readaptando o seu saber à nova realidade, enfrentado desafios, atendendo à diversidade que o novo cenário educacional exige deles (COSTA e PINHEIRO, 2009, p.40).
Somente a inserção de computadores e internet em sala de aula não
irão alterar muito a aprendizagem, é necessário que os professores modifiquem
a sua postura e utilizem metodologias apropriadas para orientar o aluno na
busca de informações e conduza-o por caminhos que eles possam construir o
seu conhecimento, reestruturando e acrescentando novos aprendizados.
Por meio das leituras, discussões e reflexões realizadas no grupo de
estudos com os professores no Colégio Carlos Argemiro foi consenso entre os
professores, sobre a importância de continuar se aperfeiçoando e buscar
alternativas diferenciadas para a formação tecnológica, já que este é o grande
entrave que causa insegurança nos professores, até por acreditar que o aluno
tem mais facilidade de lidar com os computadores do que eles próprios.
Como não dispomos de cursos presenciais ofertados dela SEED e pelos
núcleos regionais de educação, uma das alternativas propostas no grupo de
estudos e aceita por todos foi à utilização do programa Dropbox, o qual após
apresentado foi executado a abertura das contas dos participantes e de
explorações de suas funções. Este programa veio de encontro com nossas
necessidades, porque favoreceu a troca de experiências e o engajamento de
todos para aprender e inovar no processo de ensino e aprendizagem, porque
nesse programa permite-se que sejam anexados documentos, que podem ser
compartilhados com quantas pessoas for necessário e estas podem
trabalharam juntas complementando, auxiliando e alterando o conteúdo sem
que estejam reunidos presencialmente.
Portanto exige-se uma nova postura dos professores de matemática,
onde o aperfeiçoamento deve ser rotineiro, onde apenas o quadro e o giz não
são mais suficientes para motivar os alunos a construção do conhecimento,
como afirma Luís Paulo Leopoldo Mercado em seu artigo sobre a Formação de
Docente e as Novas Tecnologias, “[...] a educação exige uma abordagem
diferente em que o componente tecnológico não pode mais ser ignorado”
(MERCADO, 2002, pag.10), ele afirma ainda que é necessário partir dos
professores a busca de metodologias que contribuam nas aulas de
matemática, tornando-as mais dinâmicas e interativas, e hoje se tem disponível
alguns recursos tecnológicos para favorecer essa mudança no ensinar e
aprender.
É preciso que os professores encontrem alternativas, maneiras
diferenciadas, concomitante a sua docência, para se aperfeiçoar e planejar
aulas com o auxílio desses recursos.
O papel do professor tem mudado no decorrer dos anos, há tempos ele
não é visto como o detentor do conhecimento, no entanto a maioria dos
professores não alterou sua forma de trabalho em sala de aula, poucas
mudanças ocorreram ao longo do tempo. As aulas seguem, em sua maioria,
aquele esquema padrão, onde é explicado o conteúdo na lousa e os alunos
desenvolvem atividades ou problemas de fixação e de aplicação do conteúdo
abordado. Esse é um dos exemplos que reforçam a fama da disciplina de
matemática de ser a mais temida da escola, onde apenas poucos realmente a
compreendem e se identificam com ela, reforçando o indicado pelas DCEs, que
é a necessidade de abordar o conteúdo matemática utilizando diferente
metodologia, diferentes tendências. Dentre as seis diferentes tendências
trazidas pelas DCEs chamamos atenção aqui para o uso das tecnologias, eis o
que dizem as diretrizes:
“As ferramentas tecnológicas são interfaces importantes no desenvolvimento de ações em Educação Matemática. Abordar atividades matemáticas com os recursos tecnológicos enfatiza um aspecto fundamental da disciplina, que é a experimentação.” (DCEs. pag. 66).
Quando o aluno tem a oportunidade de experimentar, testar, investigar,
ele se envolve e aprende melhor, porque não é algo pronto que lhe foi ofertado,
é uma possibilidade que o aluno tem de incrementar, reorganizar o seu
conhecimento e fazer relações com outros conhecimentos.
3. O CURSO
3.1. O PROGRAMA DROPBOX
O programa Dropbox é um serviço gratuito que deixa você acessar fotos,
documentos e vídeos para qualquer lugar e compartilhar tudo de maneira muito
fácil, ao se cadastrar recebe-se gratuitamente 2 GB de espaço inicial, pode ser
utilizado para trocar arquivos entre os membros com pasta compartilhada,
anexando pastas com documentos como planejamentos, vídeos, textos, sites,
jogos, aulas em slides e outros, que podem ser compartilhados com quantas
pessoas forem necessário, e estes poderão abrir e complementar, modificar
esses documentos ou sugerir acréscimos, criando uma conexão entre os
profissionais. A empresa foi fundada em 2007 por Drew Houston e Arash
Ferdowsi, segundo o site oficial do Dropbox. Ele foi desenvolvido para o
armazenamento e sincronização de arquivos em nuvem. Nele podem ser
criadas pastas e compartilhá-las com segurança, ele pode ser instalado em
computadores, smartphones e tablets.
Ainda segundo o site oficial, o programa está disponível para Windows,
Mac, Linux e Chrome, além de aplicativos para Android, iOS e Blackberry, e
para usufruir desses benefícios basta, criar uma conta e ter acesso a internet.
3.2. A WEBQUEST
A metodologia WebQuest, que na concepção de Abar “é uma atividade
didática, estruturada de forma que os alunos se envolvem no desenvolvimento de uma
tarefa de investigação usando principalmente recursos da internet” (ABAR e
BARBOSA, 2008, pag.11). Ela foi proposta por Dodge em 1995, com a finalidade
de que a maioria ou todas as informações que os alunos necessitariam para
desenvolver as atividades fossem oriundas da internet. Ela é estruturada por
seis componentes básicos: introdução, tarefa(s), processo, avaliação,
conclusão e créditos.
As webQuests podem ser classificadas em curtas ou longas: as curtas,
são propostas para serem resolvidas em até três aulas e as longas podem
levar até alguns meses, depende do objetivo que o professor queira atingir.
Sugere-se que inicie tanto para a formulação de uma WebQuest pelo
professor, quanto para o início dos educando resolverem webQuest curtas.
Ela não é apenas uma sequencia de atividades, mas deve ser elaborada
de forma a propor um desafio ao aluno, de maneira que ele seja instigado a
buscar informações para construir seus conhecimentos, e assim tenha
condições de executar a atividade proposta.
Segundo as autoras ABAR e BARBOSA (2008) os passos da WebQuest
tem as seguintes finalidades:
- Introdução: deve apresentar o assunto de maneira breve e propor questões
que irão fundamentar o processo investigativo.
- Tarefa: evoca uma ação, o que é para fazer e, deve propor de uma forma
clara a elaboração de um produto criativo que entusiasme, motive e desafie os
alunos.
- Processo: descreve passo a passo a dinâmica para resolução da atividade.
Para isso pode ser utilizado diferentes recursos.
- Avaliação: deve apresentar aos alunos, com clareza, como a tarefa será
avaliada e que fatores serão considerados indicativos de que ela foi concluída
com sucesso.
- Conclusão: resume o propósito geral do que foi aprendido e sinaliza como o
aluno poderá continuar a estudar o assunto.
- Créditos: apontam todo o material utilizado pelos autores para a preparação e
construção da WebQuest, como fontes, textos e imagens.
Nesta visão, cabe ao professor ser o arquiteto da mesma, construindo-a
de forma que chame a atenção do aluno, encante-o a querer resolvê-la e
busque os conhecimentos sugeridos pelo professor. É preciso refletir e traçar
os objetivos a serem alcançados: que desafios serão propostos, como e onde
os alunos buscarão as informações suficientes para desenvolvê-las. “O desafio
é criar um ambiente em que ele possa descobrir potencialidades, adquirir
autonomia, responsabilidade, disciplina, respeito aos outros e autoconfiança”
(ABAR e BARBOSA, 2008, pag.12-13).
A webquest é uma metodologia que se for bem elaborada pelo
professor, tem a finalidade de proporcionar:
“[...] uma aprendizagem colaborativa e cooperativa, incentivar a investigação e o pensamento crítico, estimular uma área cognitiva de nível mais elevado, exigindo reflexão, análise, síntese, e avaliação, além de aumentar as competências
sociais e a auto-estima do aluno” (ABAR e BARBOSA, 2008, pag.13).
Através dela, o professor organiza sua aula utilizando recursos da
internet, colocando os links das informações necessárias, para que o aluno
tenha um estudo dirigido e progrida na sua aprendizagem, tais recursos podem
ser simuladores, textos informativos, jogos ou outros recursos, nos quais eles
executam cada um no seu ritmo e o professor é um mediador nesse processo
de aprendizagem possibilitando processos de aquisição de conhecimento,
como afirma Mercado “o professor, nesse contexto de mudança, precisa saber
orientar os educando sobre onde colher informações, como tratá-la e como
utilizá-la”(MERCADO, 2002, pag.12). Da mesma forma as DCEs de
matemática afirma que “ação do professor é articular o processo pedagógico, a
visão de mundo do aluno, suas opções diante da vida, da história e do
cotidiano” (DCE, 2008, p. 45), permitindo que ele faça as suas conjecturas, e
tire suas conclusões, tornando-o independente, crítico e capaz de compreender
e agir, construindo o seu conhecimento.
3.3. OS GRUPOS DE ESTUDOS
Como parte integrante do PDE é necessário realizar uma implementação
de atividade que foi elaborada e organizada pelo próprio professor que está
cursando o programa, para buscar alternativas para solucionar um problema
que ocorre na escola de atuação onde este professor trabalha. Esta proposta
pode ser desenvolvida com alunos ou com professores, funcionários ou
comunidade escolar em que a escola esteja inserida.
Como em nossa escola enfrentamos a dificuldade de inserir os
computadores como recurso para o ensino da matemática pela maioria dos
professores que ali trabalham, foi pensado este projeto. Ele foi elaborado no
primeiro semestre de 2013, quando ingressei no PDE, no segundo semestre do
mesmo ano realizei a unidade didática, que somente foi executada no primeiro
semestre de 2014, da seguinte forma: primeiramente apresentei o projeto em
uma reunião pedagógica no inicio de 2014 e convidei os professores de
matemática para compor esse grupo de estudo com os objetivos já citados
anteriormente, os quais aceitaram prontamente e após marcarmos as datas,
que foram aos sábados pela manhã, num total de 32 horas presenciais e 32
horas de atividades à distância, de abril a junho de 2014.
Os estudos foram iniciados com base nos textos das DCEs sobre os
encaminhamentos metodológicos no ensino de matemática, no Projeto Político
Pedagógico da Escola e os Planos de trabalho Docente que são os planos de
aulas a serem desenvolvidos durante o ano em cada turma, onde foi analisado
e discutido a forma atual que trabalhamos a matemática.
Da mesma forma, realizamos reflexões sobre o texto: Informática e
Educação Matemática (Marcelo de Carvalho Borba e Miriam Godoy Penteado),
onde refletimos sobre a necessidade de trabalhar metodologias diferenciadas
para o ensino da matemática, principalmente utilizar as mídias disponíveis.
No segundo encontro já apresentei o programa Dropbox e realizamos as
aberturas de contas e exploração do programa. Alguns professores
apresentaram grandes dificuldades ao trabalhar com os computadores e até
apresentavam certa resistência em tentar lidar sozinhos, enquanto outros
estavam ansiosos para iniciar as atividades práticas, alguns foram auxiliados
por outros colegas que já utilizam o computador, principalmente para preparar
as aulas e atividades da sala de aula.
Como afirmam as autoras Borba e Penteado “[...] alguns professores
são mais engajados que outros e estimulam o trabalho do grupo de sua escola”
(BORBA e PENTEADO, 2010, pag. 69), e comprovou-se a fala do autor, os que
possuíam mais facilidade, auxiliaram outros, que logo começaram a
contribuindo com o grupo. Este programa permitiu que os professores
pudessem acessar conteúdos, fazer pesquisas e discutir virtualmente com os
colegas a qualquer hora e local, libertando da rigidez de encontros presenciais,
tendo apenas alguns recursos como internet. Isso abriu um canal de conexão,
onde o tempo e o espaço não foram mais empecilhos, pois cada um pode
acessar no momento que lhe foi conveniente, possibilitando uma formação
continuada e um grande estímulo para buscar conhecimentos novos. Como
afirma Mercado “permitindo trabalhos em parceria com diferentes escolas;
conexão com alunos e professores a qualquer hora e local, favorecendo o
desenvolvimento de trabalhos com troca de informações” (MERCADO, 2002,
pag.13).
Em reuniões do grupo de estudos seguintes foi apresentada a
metodologia WebQuest, e possibilitei que os colegas executassem uma delas
sobre a estrutura da Webquest, para conhecer a estrutura e organização da
mesma, para que pudessem conhecer um pouco mais sobre o assunto, na qual
eles ficaram surpresos e elogiaram a nova proposta, afirmando que é viável a
aplicabilidade aos conteúdos de matemática. Na sequencia exploramos
algumas WebQuest prontas e disponibilizadas na internet, bem como a
reflexão sobre a organização estrutural e visual das mesmas.
Para estes grupos de estudos de professores foi apresentada uma nova
forma de desenvolver uma aula, onde o aluno pode ser desafiado a pesquisar
online em sites direcionados pelo professor e a ele propor desafios com os
conhecimentos ali adquiridos, essa metodologia que a grande maioria dos
educadores não conhecia, a WebQuest, que articula sites da internet
selecionados pelo professor como forma de pesquisa para os alunos buscar
informação para desenvolver a atividade proposta pelo professor, promovendo
a interação entre os alunos e o professor como afirmou Barros, “nesse
processo tanto alunos como professores são atores e aprendizes,
desenvolvendo a autonomia, através da prática interdisciplinar, onde a intuição,
a imaginação e prazer são possibilidades construídas pelos desafios”
(BARROS 2005, p.8).
Em outro momento apresentei alguns sites que possibilitam criar
WebQuest. E enfatizamos essa metodologia onde o professor cria sua aula
orientada com o auxílio do computador e internet, este aplicativo é apresentado
com algumas partes principais, existem algumas variações, a por nós utilizada
continha: a introdução, a tarefa, o processo, a avaliação, a conclusão e os
créditos, podendo- se acrescentar outras partes, se o professor achar
necessário.
Como forma de incentivo aos colegas que aventurarem-se nessa
metodologia, primeiramente apresentei uma WebQuest de autoria própria
sobre os fundamentos da WebQuest, a qual eles executaram e demonstraram
interesse em construir e utilizar essa metodologia em suas aulas, na
sequencia, separados em três grupos, cada um desses grupos pesquisaram e
criaram uma WeQquest sobre geometria que poderá ser aplicada ao sexto
ano, o qual eles realizaram as atividades propostas em grupos e trocaram
informações e complementos com o programa Dropbox, e como era de se
esperar foi apresentado ao grande grupo algumas WebQuests.
Ao utilizar o laboratório de informática que dispõe de 20 computadores
para realizar as pesquisas com acesso a internet, encontramos vários
problemas, entre eles a lentidão do sistema ocasionando certo desanimo, e
quando dois ou mais grupos acessavam a mesma página caia o sistema ou
travava a ilha de computadores, sendo que é formada por três computadores e
estes deveriam ser reiniciados, e se alguém se esqueceu de salvar os últimos
dados estes eram perdidos. A saída encontrada pelo grupo de professores foi
trazer o seu notbook de casa para construir a WebQuest e cada grupo utilizaria
apenas um computador do laboratório para realizar as pesquisas desejadas.
A que mais se destacou foi uma que envolvia um terreno para realizar
uma horta, na qual foi proposto o calculo da área geral e dos canteiros em
forma de figuras geometrias, onde também era preciso calcular a quantidade
de mudas a serem plantadas e o lucro do produtor após vender a produção, e
para que fosse possível desenvolvê-la, havia os links para serem pesquisados;
outra que também teve uma ótima repercussão envolvia a planificação de uma
casa, onde foi estipulado critérios para a construção e também muito bem
elaborada, onde constavam todos os dados para serem pesquisados.
O grupo ficou muito satisfeito com as construções que eles realizaram e
perceberam–se capazes de serem autores de atividades motivadoras e
inovadoras para os alunos, e acreditam que atividades como estas podem ser
estimulantes para os alunos, de forma que eles possam desenvolvê-las cada
grupo ao seu ritmo e aprenderem a trabalhar melhor em conjunto.
O programa Dropbox foi bem aceito pelos colegas envolvidos no estudo
como forma de guardar e compartilhar documentos e favorecendo a troca de
experiência e ajudas mutuas, e essa prática ocorreu no grupo e a WebQuest
como uma metodologia que utiliza os computadores e a internet, e segundo os
colegas que participaram dos encontros presenciais, as WebQuest possibilitam
ao aluno um aprendizado mais autônomo, dinâmico, colaborativo e
investigativo, onde o professor é o arquiteto e o mediador do conhecimento, se
permitindo estar num segundo plano e numa zona de risco, elucidando as
possíveis dificuldades encontradas pelos alunos, como afirmam os autores do
livro Informática e Educação Matemática, Borba e Penteado:
“[...] é o pensar e agir coletivo que poderão impulsionar e manter o professor numa zona de risco de forma que ele possa usufruir o seu potencial de desenvolvimento... e provocar mudanças na educação escolar” (BORBA e PENTEADO, 2010, pag.70).
Ao utilizar recursos tecnológicos, de forma a permitir que uns incentivem
os outros a inserir no seu cotidiano novas formas de aprender e ensinar. Foi
com esse intuito que desenvolvemos e aplicamos o projeto com professores de
matemática sobre Dropbox (auxílio na formação) e Webquest (metodologia de
ensino) e obtive ótimos resultados, tanto dos educadores que participaram do
grupo de estudos presenciais quanto do grupo de trabalho em rede (GTR), que
afirmaram ser o programa Dropbox uma boa alternativa para auxiliar na
formação e no estímulo entre colegas de área para preparar atividades
diferenciadas, onde estas podem ser compartilhadas e incrementadas entre os
que compartilham a pasta, como também foi muito gratificante presenciar a
motivação dos colegas ao conhecer, desenvolver e elaborar a WebQuest
proposta.
4. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Sabemos que com a evolução da sociedade e dos instrumentos
tecnológicos por ela utilizados, faz-se necessário que os professores busquem
aperfeiçoar sua prática, buscando novas formas de ensinar e aprender,
percebendo as suas dificuldades, tendo clareza dos seus interesses e
objetivos, e identificando o quanto a tecnologia pode ser útil para a sua prática
pedagógica.
Para isso deve ser constante a reflexão sobre a sua prática,
repensando-a, analisando-a e utilizando diferentes metodologias e recursos
para alcançar os objetivos propostos, entre eles sugere-se a metodologia da
webquest como forma do professor fazer uso da internet, contextualizar os
conteúdos, utilizar diferentes recursos como imagens, sons, textos
informativos, simuladores, jogos, permitindo uma maior autonomia e
responsabilidade dos alunos quanto ao seu aprendizado.
Com a Webquest permite-se que os alunos possam pesquisar
diferentes fontes, organizar-se com as informações disponibilizadas, traçar
linhas de pensamento para buscar soluções, trabalhar em equipe, cooperação
mútua, aprender a respeitar as sugestões dos outros participantes, dividirem
tarefas, desenvolver responsabilidades no cumprimento das atividades
propostas, desenvolver a autonomia e tornar os alunos mais críticos.
Para a criação das WebQuests, várias barreiras foram rompidas entre os
professores, principalmente ligadas a desculpas de não buscar
aperfeiçoamento por falta de tempo, e de não ter cursos próprios para a
disciplina de matemática, que não devemos esperar aulas prontas, mas que
somos capazes de planejar, organizar e criar aulas utilizando a metodologia
Webquest com recursos da internet, tornando as aulas mais instigantes,
desafiadoras, interessantes, proporcionando a construção dos conhecimentos
matemáticos. Para que isso se tornasse possível foi fundamental a cooperação
entre os professores e a troca de ajuda e incentivo que foi alcançada com o
uso do programa Dropbox, onde o tempo e o espaço foram superados para a
criação em conjunta das atividades desenvolvidas, com pastas compartilhadas
permitiu que grupos de professores desenvolvessem e trocassem informações
e construíssem juntos a WebQuest sem que estivessem ao mesmo tempo e no
mesmo local, como uma forma de formação continuada já que os que sabiam o
que e como proceder sobre algum assunto auxiliavam quem apresentava
dificuldades.
Nesse cenário foi propicio para a construção de conhecimentos onde a
relação entre os professores ocorreu de forma agradável, estimulando ambos a
debater ideias, buscarem soluções, trocar conhecimentos e criar Webquest.
Da mesma forma o grupo demonstrou interesse em aperfeiçoar as
WebQuests elaboradas e manter uma relação de aperfeiçoamento constante
utilizando para isso o programa Dropbox, pois constantemente se faz
necessário repensarmos nossa prática pedagógica.
A participação no programa PDE foi uma oportunidade ímpar e muito
interessante, a mais inovadora em formação de docentes. O simples fato de
oportunizar a reflexão sobre a nossa prática docente e voltar aos bancos de
uma universidade para buscarmos fundamentação teórica e propor soluções
para um determinado problema que enfrentamos na sala de aula, já seria o
suficiente para melhorarmos a nossa prática. No entanto, a execução desse
projeto, possibilitou uma metodologia aos professores para serem autores de
suas aulas, onde estes se comprometeram na proposta, dedicaram-se e
mostraram-se criativos e capazes de contextualizar os conteúdos de
matemática, tornando-os mais estimulantes para a construção do
conhecimento dos alunos.
5. REFERÊNCIAS ABAR, Celina A. A. P.; BARBOSA, Lisbete M. Webquest um desafio para o professor: Uma solução inteligente para o uso da internet. S.P: Avercamp,
2008. Barros, Gílian Cristina. Webquest: metodologia que ultrapassa os limites do ciberespaço 2005. Disponível em: WWW.gilian.escolabr.com/textos/wequestgilian.pdf. Acesso em: 14 outubro de 2014. BORBA, Marcelo de Carvalho. Informática e Educação Matemática. Marcelo
de Carvalho Borba,,Miriam Godoy Penteado. 4ª edição – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010. BRASIL, Ministério da educação, Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais: Matemática; 1998. COSTA, Wilse Arena da PINHEIRO, Mariza Inês da Silva. O Bibliotecário escolar incentivando o uso da Webquest. Perspectivas em ciência da
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