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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

O ESTUDO SOBRE OS GRUPOS ÉTNICOS PRESENTES NAS ESCOLAS DO CENTRO DO PARANÁ

Rosemeire Rother Góes1 Mariana A. Bologna Soares de Andrade2

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo analisar proporcionar a compreensão e o papel de discussões biológicas, sociais e históricas sobre grupos de Cor/Raça, como parte da pesquisa do Programa de Desenvolvimento Educacional, da Secretaria do Estado do Paraná, PDE/2014. A Constituição Federal/88 assegurou o direito à educação aos brasileiros e a lei nº. 12.711/12 instituiu as cotas raciais para acesso a educação superior, firmou ainda os “atos declarados” para escolha de cor/raça. Esse projeto surgiu da necessidade de disseminar a compreensão da questão genética, devendo fomentar a discussão das leis de acesso à educação brasileira. Os censos demográficos apontaram um crescimento populacional Brasileiro, em contrapartida uma queda na população branca. A discussão sobre cotas na educação superior iniciada por Munanga e Santos e Maio se fundamenta em superar as visões estereotipadas sobre as relações étnico-raciais, tendo como ênfase derrubar teorias como a da superioridade/inferioridade biológica/intelectual de determinados grupos étnico-raciais. Levantando assim a discussão sobre os temas atuais existentes na educação e assim preparando os educandos para uma vida ativa na sociedade atual. As estratégias de ações foram fundamentadas na pesquisa de campo, sendo realizados através da analise e discussão da formação da população brasileira, fomentando assim a discussão sobre as cotas sociais entre professores, por meio de palestras e visitas a faculdades locais. Como resultado fora visível a acentuação da diversidade de opiniões, onde a questão de merecimento ou direito fora muito discutido e assim, porém, ficou evidente a importância de políticas públicas para educação, sendo que as cotas raciais foram um início para um futuro igualitário no tocante acesso ao ensino superior.

Palavras-chaves: Ensino de Biologia. Cotas Sociais. Genética. Leis de Acesso a Educação. Políticas Públicas.

INTRODUÇÃO

A formação da população brasileira contou com a colaboração e participação

de todas as etnias existentes no mundo, a população brasileira era formada

inicialmente por indígenas que ao longo da história foram recebendo europeus,

africanos e asiáticos, ficando assim composta por representantes étnicos: amarelos,

1 Professora de Ciências do Ensino Fundamental e Biologia do Ensino Médio da rede pública do

Estado do Paraná. Graduada em Ciências Biológicas, habilitação em ciências e biologia pela Univale/PR. Especialista em Educação Especial pela Fafijan/PR e em Matemática pela Univale/PR. Aluna do Programa de Desenvolvimento Educacional, da Secretaria do Estado do Paraná, PDE/2014 2 Orientadora/ Professora Adjunta da Universidade Estadual de Londrina/UEL.

indígenas, brancos e negros. Silva (2012, p.6) afirma em seu artigo "Miscigenação e

Biopolítica no Brasil" que a miscigenação é uma prática comum na população

brasileira vindo a surgir os pardos, mamelucos e cafuzos, consequentemente a

população perdeu uma identificação clara de como responder quando é questionado

sobre sua raça ou cor, acentuado no relato de Santos e Maio (2004),

Ecoando a extensa literatura em genética de populações no Brasil (incluindo uma continuidade discursiva que coloca a composição da população brasileira como “ímpar e fascinante” devido ao alto grau de miscigenação), o intuito de Retrato Molecular do Brasil é destrinchar, do ponto de vista biológico, a história da formação do povo brasileiro, enfatizando a realidade sociodemográfica do país no tocante à mestiçagem. (SANTOS; MAIO, 2004, p.69)

A Constituição Federal de 1988 assegurou o direito à educação (em todos os

níveis) a todos os brasileiros, fundamentando-se na necessidade da oferta pelo

Estado e pela família. Mesmo com o direito assegurado em lei o acesso ao nível

superior ainda permaneceu sendo privilégios de poucos, questões sociais,

econômicas e étnicas interfeririam no acesso ao nível superior. Para garantir este

direito fora reivindicada por diversos anos pelas populações tidas como minorias

uma lei que se determina claramente como seria regulamentado este acesso à

educação superior, então o congresso brasileiro decidiu pela aprovação da lei nº.

12.711 do ano de 2012, onde se instituiu as cotas raciais para o acesso a educação

superior e assim garantido a inclusão de todas as cores/raças (denominação aferida

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - em suas pesquisas) da

comunidade brasileira a todos os níveis da educação.

A lei nº. 12.711/12 lei afirma que serão considerados os “atos declarados” de

uma determinada raça, sendo assim, a pessoa é responsável por determinar a qual

raça ele pertence, esta questão das cotas tem sido fonte de diversas discussões na

comunidade em geral, Brandão (2005) relatou esse momento em,

Ao ser publicado, em meados do mês de fevereiro de 2003, o resultado do vestibular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UFRJ) reacendeu a polêmica sobre a adoção ou não de cotas pelas universidades públicas brasileiras. (BRANDÃO, 2005, p.1)

Neste contexto, este artigo se justifica pela necessidade de promover no

ambiente escolar a disseminação da compreensão da questão genética, devendo

ainda fomentar a discussão da importância de leis que assegurem o acesso à

educação para todos os membros da sociedade brasileira, sendo indiferente a

origem que ela possua.

Na disciplina de biologia, a genética é ciência dos genes que estuda a

hereditariedade e assim busca compreender as relações genéticas de transmissão

de características de uma geração para outra.

O objetivo geral será compreender o papel de discussões sociais e históricas

sobre grupos de Cor/Raça para as atividades em sala de aula de Professores de

Biologia. Os objetivos específicos serão: fomentar a discussão sobre a declaração

de cor/raça pelos educandos e educadores; analisar a compreensão dos

professores da rede pública sobre a cor da pele; levantar os dados referentes à

declaração de cor/raça na população educacional; analisar a compreensão de

professores sobre os aspectos genéticos e sociais de sua região; propiciar a

discussão da lei nº. 12.711/12 que trata das cotas para acesso a educação superior;

analisar as dificuldades que o professor apresenta em discutir essa temática com os

alunos.

A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO E AS COTAS SOCIAIS

A Biologia está presente desde a pré-história da humanidade, no inicio o

homem observava o seu meio ambiente se atentando aos ciclos de produção das

frutas e então se alimentado deles, outro fator que começou a ser observado era a

questão da presença de veneno para assim definir o que deveria ser consumido e o

que evitar, iniciando assim a biologia, Loredo (2013) afirmou que,

A história da Biologia se dá desde a pré-história, quando o homem começou a observar e perceber no seu dia a dia que as plantas tinham uma época certa do ano para frutificação, quais plantas eram venenosas e quais não eram, quais frutos que podiam ser consumidos e os que não podiam. Nessa prática diária, o homem aprendeu muito sobre a biologia. (LOREDO, 2013, p.1)

A biologia contou com a contribuição de diversos estudiosos que

desenvolveram importantes teorias que são estudadas atualmente, dentre eles,

Charles Darwin é considerado o fundador da teoria da evolução sendo publica no

livro que tratou sobre a origem das espécies. Em 1866 um estudioso elabora por

meio de uma experiência com ervilhas a teoria da hereditariedade, esse cientista

fora Gregor Johan Mendel, o conhecido pai da genética. (CERQUEIRA, 2009)

Este trabalho desenvolveu uma análise das relações étnico-raciais com a

Biologia, sendo utilizadas revistas, jornais, livros e filmes como fonte para estudo

para que cada professor estabeleça a compreensão das relações sociais,

possibilitando uma formação de opinião fundamenta em conhecimentos científicos e

históricos.

O estudo sobre a formação do povo brasileiro tem sido fonte de pesquisa para

diversos estudiosos brasileiros. Destacamos os trabalhos de Darcy Ribeiro (1922-

1997) com sua obra "O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil" (1996),

Munanga (2001) e seu artigo "Políticas de ação afirmativa em benefício da

população negra no Brasil: Um ponto de vista em defesa de cotas" (2001) e Santos

e Maio (2004) e o artigo "Qual "retrato de Brasil"? Raça, Biologia, Identidades e

política na era de genômica", a constante discussão sobre as chamadas "cotas

sociais" tem colocado em evidencia a necessidade um maior aprofundamento sobre

o conhecimento de suas origens raciais por parte dos educandos e dos professores.

A ancestralidade do povo brasileiro é formada por população de todo o

mundo, historicamente é reconhecido que o Brasil teve como moradores nativos

pessoas que apresentavam a cor/raça indígena e no século XV com a chegada dos

europeus e africanos a população passa por uma transformação, neste momento o

Brasil passa a assumir seu papel no mundo como um país de todas as raças e

credos.

Existe um movimento midiático onde ocorre o determinismo reducionista

biológico do comportamento social, cabe ao professor de Biologia buscar nas mídias

as reportagens que façam uso de um conhecimento frágil sobre a biologia evolutiva

e que afirmem informações dúbias, onde por muitas vezes o papel do

desenvolvimento cultural e de aprendizado das pessoas é desconsiderado.

(VERRANGIA, 2008). Muitas vezes estas reportagens podem ocasionar e incentivar

a formação de opiniões que se baseiam em dados ou aspectos biológicos do

comportamento social, causando consequentemente o desenvolvimento do

preconceito contra determinados grupos sociais e não respeitando situações que

apenas são simplesmente comuns em determinadas culturas.

No ano de 2004 o governo brasileiro aprovou o Parecer CNE/CP 003/04

(BRASIL, 2004), este documento estabeleceu as "Diretrizes Curriculares Nacionais

para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura

Afro-Brasileira e Africana", sendo uma medida para assegurar o cumprimento da Lei

10.639/03 que instituiu como obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-

Brasileira e Africana no sistema educacional brasileiro em todos os níveis, esta ação

incentivou a inserção dos temas relacionados a cor/raça em todas as disciplinas da

educação básica.

O estudo sobre as relações sociais e étnico-raciais brasileira é fundamental

para o processo de desenvolvimento educacional de cada cidadão, buscando

desenvolver o conhecimento de sua carga genética e de sua real denominação de

cor/raça. SILVIA, ARAÚJO-OLIVEIRA (2004) afirmam que:

[...] cidadãos são mulheres e homens que tomando a história dos grupos a que pertencem nas mãos, empreendem luta para que todos, nas suas particularidades sejam reconhecidos, aceitos e respeitados, busquem garantias para participar das decisões que encaminharão os destinos da sua comunidade, da nação onde exercem sua cidadania, do continente onde vivem. (SILVA, ARAÚJO-OLIVEIRA, 2004, p. 6)

O ensino de Biologia tem como um dos seus objetivos contribuir com a

formação de cidadãos críticos e participativos, isso requer o desenvolvimento de

novas tecnologias, assim como a crescente inclusão de temas atuais. A população

brasileira vive um momento memorável onde o combate à discriminação racial e

social, onde o ato de discutir as tensas relações étnico-racias passou a fazer parte

de nosso cotidiano, este momento se acentua na afirmação de Verrangia (2008)

onde "no contexto atual, cerca de vinte anos após o fim de uma ditadura militar, as

práticas democráticas se consolidam e a noção de cidadania perpassa políticas

públicas de educação e discursos sobre a sociedade" (VERRANGIA, 2008. p.708).

Esta alteração dos percentuais da cor/raça dos brasileiros se acentuou após o

Censo Demográfico 2010 (IBGE) apontar um fato que nós brasileiros já

presenciamos nos últimos censos demográficos, a composição da população

brasileira nunca chegou a ser de maioria branca. Darcy Ribeiro afirmou em sua obra

"O Povo Brasileiro" (1996) que a população brasileira fora formada inicialmente por

diversas matrizes, destacando-se as matrizes africanas, européias e indígenas, o

relacionamento constante entre estas matrizes fundamentaram a miscigenação

entre elas, no decorrer dos séculos a Censo Demográfico tem apontado diversas

alterações na composição da população brasileira, no ano de 2010 constatou-se as

seguintes informações presentes na tabela a seguir.

Tabela 1 - Composição da População Brasileira

Cor/raça Habitantes

1991 2000 2010

Branca 75.704.923 91.298.043 91.051.646

Preta 7.335.139 10.554.336 14.517.961

Pardos 62.316.060 65.318.092 82.277.333

Amarela 630.659 761.583 2.084.288

Indígena 294.131 734.131 817.963

Recusarem-se a

declarar 636.547 924.508 6.608

Total 146.917.459 169.590.693 190.755.799

Fonte: elaborado pelo autor, baseando nas informações do Censo 1991, 2000 e 2010 (IBGE).

Ao compararmos as informações dos censos demográficos de anos

anteriores, considerando o crescimento populacional Brasileiro é correto afirmar que

os dados oficiais dispõem de uma composição racial brasileira distante da realidade.

Constatou-se de maneira clara o aumento das populações amarela, indígena, preta

e parda e uma pequena redução da população branca, dados estes que

fundamentaram decisões governamentais sobre questões sociais.

O processo de levantamento do Censo realizado pelo IBGE sofreu grande

alteração no de 2010, a questão sobre a definição de cor/raça passou a compor

todos os questionários e não somente aqueles formulários completos que eram

realizados em domicílios por amostragem, sendo assim as informações passaram a

ser mais completas.

Ao considerarmos a definição de raça/cor algo a ser auto atribuído, é provável

que exista um trabalho de fortalecimento da identidade de raça/cor de cada

brasileiro visto que somente 6.608 habitantes se recusaram ou não declaram sua

raça/cor. CANIELLO (2011) afirma que,

O fortalecimento identitário dos afrodescendentes e a consequente elevação da auto-estima da população negra brasileira estejam

relacionados com as políticas afirmativas empreendidas pelo governo Lula e com o debate acerca delas na sociedade civil. Ponto para o movimento negro, tanto em virtude dessa conquista – digamos - moral, quanto pelo próprio fortalecimento de sua agenda, agora voltada oficialmente para a maioria do povo brasileiro. (CANIELLO. 2011, p.1).

O conhecimento adquirido por meio do conhecimento biológico promove a

compreensão e o início da superação de estereótipos de inferioridade e promove a

valorização da diversidade étnico-racial presente na sociedade brasileira. Sendo

necessário desenvolver atividades que contribuam para os educandos uma análise

critica da história do conceito biológico de raças humanas. (SANTOS; MAIO, 2004)

A discussão sobre cotas na educação superior iniciada por Munanga (2004) e

Santos e Maio (2004) se fundamenta em superar as visões estereotipadas sobre as

relações étnico-raciais, tendo como ênfase derrubar teorias como a da

superioridade/inferioridade biológica/intelectual de determinados grupos étnico-

raciais. Levantando assim a discussão sobre os temas atuais existentes na

educação e assim preparando os educandos para uma vida ativa na sociedade

atual.

METODOLOGIAS PARA SE TRABALHAR EM SALA DE AULA

A pesquisa de campo possibilita a todo pesquisador a oportunidade conhecer

a realidade de um determinado local, sendo uma fonte confiável de informação,

elabora condições para um conhecimento baseado na realidade local, propiciando

aos professores um instrumento de trabalho viável para auxiliar no processo de

tomada de decisão dos educandos e por isso é o instrumento metodológico a ser

utilizado nesse projeto. (LAKATOS e MARCONI, 1991)

A intervenção pedagógica e o estudo de caso foram realizados através das

seguintes etapas: análise e discussão da formação atual da população brasileira;

realização de uma pesquisa para comparar informações do Censo Demográfico

2010 (IBGE) com a realidade no Colégio Estadual Barão do Cerro Azul Ensino

Fundamental e Médio; fomentar a discussão sobre as cotas sociais entre

professores da rede pública paranaense; palestras que trabalhem a questão das

cotas sociais nas universidades públicas brasileiras; promover visitação a faculdades

que adotem ou não à inserção de cotas como mecanismo de ingresso.

A primeira atividade desenvolvida fora a apresentação do projeto junto aos

professores e funcionários do Colégio Estadual Barão do Cerro Azul Ensino

Fundamental e Médio, inicialmente fora apresentado o clipe "Dilma sanciona a lei de

cotas raciais e sociais"3, neste vídeo a sanção da lei nº 12.711 é explicada de

maneira simplificada como ocorre as cotas a serem adotadas nos acessos a

universidades públicas, sendo repassado que o prazo para adaptação a lei será de 4

anos por parte das universidades. Neste momento, buscou-se proporcionar aos

educadores a discussão sobre a questão das cotas sociais e raciais no acesso ao

ensino superior, sendo então apresentado a eles o projeto de intervenção

pedagógica a ser desenvolvido como parte das atividades do Programa de

Desenvolvimento Educacional “O estudo sobre os Grupos Étnicos presentes nas

Escolas do Centro do Paraná", expondo que esse tema surgiu da necessidade de

compreensão por parte dos educandos de compreender as reais possibilidades de

acesso a universidades públicas a entrarem em total aplicação da lei a partir do ano

de 2016. Ao adentrar na questão legal fora apresentada a "Lei 12.711"4 de 29 de

agosto de 2012 DOU 30/08/2012, sendo então explanado a questão legal das cotas

raciais para acesso ao ensino superior, para finalização de atividade fora proposto

aos participantes a exposição de suas opiniões referente as cotas sociais e raciais,

assim como quais seriam os possíveis impactos para o futuro da educação. Onde

fora apontado por R.R.C. "Sou a favor, pois elas representam uma reparação

histórica, uma vez que os afrodescentes não tiveram as mesmas oportunidades que

os brancos no decorrer da história, temos que entender que o Brasil sempre teve

cotas, mas para brancos, exemplo: cotas para colégio militar, colégio agrícola e o

PDE não deixa de ser uma cota.", neste apontamento é realizada uma comparação

clara entre as cotas e os planos de incentivo, fundamentalmente defende-se que

somente por meio de uma medida como esta é possível incentivar um equilíbrio em

determinada situação de desfavorecimento social ou racial.

Na segunda atividade fora aplicada um Questionário de Pesquisa Inicial com

o objetivo de conhecer a realidade econômica e racial da comunidade escolar a ser

desenvolvido o projeto e levantar o conhecimento sobre a lei n.º 12.711 que dispões

3 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sLqH0D5vEJI.

4 Disponível em: http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/1032851/lei-12711-12.

sobre as Cotas Raciais e Sociais de acesso às universidades públicas. Este

questionário fora entregue após a apresentação do projeto e recolhido pela equipe

pedagógica da escola. De posse dos questionários preenchidos fora realizada a

tabulação das informações levantadas por meio da composição de uma tabela,

procedimento este que contou com auxílio de agentes educacionais da secretaria, e

com base nas informações comporem um gráfico de barras.

Os questionários foram respondidos por cinco alunos, um pai e sete

professores, sendo que destes dez eram de cor branca, dois negros e um pardo. A

renda familiar fora enquadrada em quatro pessoas que recebem até um salário

mínimo, cinco que recebem entre um e cinco salários mínimos e quatro que recebem

entre cinco e dez salários mínimos. Sobre o questionamento referente ao

conhecimento da Lei nº 12.711, fora espantoso que somente oito dos treze conhecia

lei, sendo destes quatro contra a referida lei. Quanto o tocante é sobre o fato de

concorrer ou não uma vaga por cota somente oito afirmaram que realmente

concorreriam a uma vaga de direito. A finalização da atividade fora concretizada por

meio de uma exposição em Mural dos dados levantados na atividade com o intuito

de levantar o questionamento sobre as Cotas Sociais e Raciais na sala de aula,

inserindo a questão no cotidiano dos professores e alunos.

A terceira atividade "Seminário de Políticas Públicas: Cotas Sociais e

Raciais", fora idealizado com o intuito de trabalhar as questões referentes às

"Políticas públicas: cotas sociais e raciais” fora realizado por meio de palestras com

profissionais da educação e membros da comunidade local que tenham

conhecimento sobre a questão das Cotas Sociais e Raciais a lei n.º12.711. As

temáticas abordadas foram políticas públicas e as cotas raciais e o acesso a

educação superior: facilidades e possibilidades. Ao final das palestras fora solicitado

aos participantes que expusessem suas opiniões referentes aos temas abordados, a

seguinte afirmação fora admirável de C. S. M. que afirma que "Vamos dar saltos e

não rastejar, aproveitar as oportunidades que são propostas, por que somos frutos

dos meios, e se inserirmos eles em um ambiente de cultura iremos produzir bons

frutos.".

Na quarta e quinta atividades foram realizadas visitas na Universidade

Estadual de Maringá e nas Faculdades Integradas do Vale do Ivaí, ambas situadas

na cidade de Ivaiporã estado do Paraná. A visitação se iniciou no período matutino

no pólo regional de Universidade Estadual de Maringá, onde cada educador teve a

oportunidade de conhecer todos os espaços educacionais existente na universidade,

acompanhando em especial as inovações tecnológicas que lá estão presentes.

Durante esta visitação foi incentivado o questionamento referente às cotas raciais e

sociais, onde fora apresentado os sistemas de cotas sociais que são oferecidos pela

universidade, sendo atenuado a ausência de uma política específica de cota racial

para tal entidade. Na quinta atividade a visita fora nas Faculdades Integradas do

Vale do Ivaí, sendo realizado o mesmo processo de questionamento e observações

realizados na Universidade Estadual de Maringá, sendo observado por todos as

diferenças entre ambas, sendo que nas Faculdades Integradas do Vale do Ivaí não

apresenta nenhum tipo de cota para acesso a sua entidade, sendo afirmado que nos

últimos anos suas vagas disponibilizadas atendem a todo sua demanda, não sendo

necessária a adoção de alguma medida para atender algum público específico.

Na sexta atividade fora apresentado o texto de Kabengele Munanga "Política

de ação afirmativa em benefício da população negra no Brasil: Um ponto de vista em

defesa de cotas" que aborda de maneira sucinta as questões referentes às políticas

de ações afirmativas, sendo trabalhados os seguintes temas: Políticas de ações

afirmativas e a população negra; Cotas raciais e o acesso às universidades públicas

federais; Incentivar a declaração de sua cor/raça e a valorização dos direitos

conquistados. A leitura do texto fora realizada em grupos, sendo no final iniciada

uma berlinda onde cada leitor apresentou seus apontamentos referentes aos temas.

Em suma, pode-se afirma que a atividade fora de grande valia para todas, visto que

apresentou uma justificativa para a inserção de cotar sociais e raciais, as afirmações

de Munanga seguem a linha de abordagem que trata a cota social como uma

necessidade de reparação de maus anteriores, ou seja, somente podemos

prosseguir de maneira justa se reparar erros de um passado sombrio. No final das

atividades foram coletadas opiniões referentes aos temas abordas onde destacou-se

a opinião de R.R.C que afirmou que "Aproveitar oportunidade e crescer, buscar na

Educação o direito de todo o indivíduo, mesmo que seja através da lei que vem

aumentar as oportunidades da Educação.", em contrapartida, K.S.B.B. afirmou que

"Acredito que não esteja nem a favor e nem contra, visto que ao conceder uma

conta estamos praticando uma injustiça com os demais que não possuem este

direito.", realizou um apontamento de muita discussão entre todos os estudiosos das

cotas que como uma cota racial pode ser justa para quem o beneficia e injusta para

quem se depara com a exclusão motivada pela mesma cota.

A sétima e ultima atividade fora a composição da "Cartilha sobre as políticas

públicas: cotas sociais e raciais", a cartilha fora desenvolvida por meio da inserção

das atividades desenvolvidas durante as atividades, dentre elas, as opiniões

expressadas pelos educadores referentes às cotas raciais e sociais dadas no

momento em que iniciou-se as atividades, a lei nº 12.711 de Agosto de 2012 DOU

30/08/2012, os resultados do Levantamento de dados, assim como, o gráfico de

barras produzidos com as informações levantadas, os dados referentes às Visitas de

Campo, o gráfico sobre a "População Censitária segundo Cor/raça - 2010", referente

ao município de Ivaiporã, os depoimentos colhidos referentes às palestras do

Seminário das Políticas Públicas: cotas sociais e raciais, as fotos e relatos dos locais

visitados, as impressões e observações obtidas durante a leitura do texto de

Munanga e por fim as frases dos educadores suas opiniões referentes às cotas

sociais e raciais, após todo um processo discussão sobre a temática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O preconceito racial ou social esta enraizada na sociedade brasileira, sendo

fundamental um trabalho coletivo entre sociedade e governos para a minimização e

futura eliminação de tal situação. De modo excludente, pode-se afirmar a educação

superior pode ser considerado um forte elemento segregador da sociedade

brasileira, visto que a população negra ainda não possui total acesso as entidades

de ensino superior.

A adesão das cotas raciais e sociais nas universidades públicas brasileira,

tem se tornado uma importante fonte de discussão na educação atual, enquanto uns

acreditam ser uma medida que passa a oferecer um caminho mais fácil para aqueles

que por algum motivo não conseguem alcançar o ensino superior, em contrapartida,

existe a defesa de que no momento em que se aferi uma cota passamos a

descriminar as pessoas que por méritos próprios adquiriam o direito para inserir no

ensino superior. Sendo assim, decidir qual o melhor caminho é algo difícil e que

somente o futuro poderá determinar, porém uma iniciativa como as cotas sociais e

raciais, pode ser considerada por todos como sendo uma medida governamental

que vislumbra atender uma grande porção da sociedade que não possui acesso ao

ensino superior.

Melhorar significativamente o ensino da Biologia exige um esforço coletivo

entre professores e educandos que focalizem o desenvolvimento de seu

conhecimento, onde discutir sobre a formação da população brasileira e questão

genética em si, pode levar ao desenvolvimento do respeito a diversidade, sendo que

a questão da cota não pode ser considerado uma simples medida governamental,

mais sim deve ser analisada de acordo com todas as informações disponíveis, ou

seja, um conhecimento deve ser embasado de conhecimento em si, e não somente

de um conceito, senão, isso é somente um preconceito e não uma opinião.

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