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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2013

TÍTULO: A FORMAÇÃO DO CIDADÃO VISANDO SUA PROFISSIONALIZAÇÃ O E PARTICIPAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO LOCAL DE FORMA SUS TENTÁVEL

AUTOR ARNALDO JOSÉ FERRO

DISCIPLINA/ÁREA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO E SUA LOCALIZAÇÃO

COLÉGIO ESTADUAL CHATEAUBRIANDENSE – ENSINO MÉDIO, NORMAL E PROFISSIONAL – ASSIS CHATEAUBRIAND – PARANÁ

MUNICÍPIO DA ESCOLA ASSIS CHATEAUBRIAND - PARANÁ

NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO ASSIS CHATEAUBRIAND - PARANÁ

PROFESSOR ORIENTADOR PROF. JOÃO JORGE CORREA - PhD

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ - UNIOESTE

RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR

RESUMO

Este projeto procura trabalhar as dificuldades de alunos de cursos profissionais de pequenas cidades do interior, especificamente do curso técnico em administração, que sofrem ao concluir seus estudos, pois na sua grande maioria são filhos de pequenos agricultores, operários e comerciantes locais, que sem muitas expectativas de emprego e sequencia nos estudos universitários, rumam para as grandes cidades ou engrossam os bolsões de miséria dos grandes centros ou ainda se sujeitam a trabalhar nos abatedouros de aves da região em situações de trabalho fatigantes, e os demais disputam o pouco do trabalho que o comércio local oferece, a partir desse problema, a escola busca promover mudanças de conceitos na formação desses alunos para que haja mudanças em suas vidas e consequentemente na cidade, promovendo a formação do cidadão quer seja para sequencia de seus estudos, quer seja como empregado em uma empresa que lhe permita mudanças em sua carreira

quer seja como administrador nos negócios da família, ou como empresário, transformando assim sua realidade local, respeitando sua cultura, seus saberes, gerando o desenvolvimento de forma sustentável que é o que aqui é objetivado.

PALAVRAS-CHAVE Cursos técnicos; formação; trabalho; mudanças; desenvolvimento sustentável

FORMATO DO MATERIAL DIDÁTICO

CADERNO TEMÁTICO

PÚBLICO ALVO ALUNOS

APRESENTAÇÃO

“A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas”.

Karl Marx

A dualidade entre o ensino para as classes dominantes e classe

trabalhadora fez parte do cotidiano da população em quase toda sua maioria,

perpetuando que o filho de quem detinha o poder era preparado para exercer

as profissões de elite e os filhos da classe trabalhadora, que conseguiam

frequentar uma escola eram preparados para executar profissões que eram

consideradas inferiores.

Essa dualidade permanece ainda hoje, mas houve avanços

significativos, principalmente nos últimos anos, em que algumas ações

governamentais tentaram diminuir as diferenças sociais existentes.

Nessa perspectiva, o Curso Técnico em Administração, o Colégio

Estadual Chateaubriandense, trabalha na formação de seus alunos, que na

maioria são filhos de agricultores, comerciantes e operários, para que possam

competir de forma igualitária na sequência dos estudos no ensino superior.

Mas, ao mesmo tempo tendo formação técnica, para trabalhar, manter seus

estudos, manter a família e participar do desenvolvimento da cidade, não mais

oferecendo mão de obra barata, repetindo o sistema que está posto.

A maioria das cidades do interior, como no caso da cidade de Assis

Chateaubriand, vive, da monocultura soja/milho, dependendo o comércio e as

pequenas indústrias locais das oscilações do mercado do agronegócio,

tornando o agricultor refém das multinacionais e cooperativas, o pequeno

comerciante sem muitas perspectivas e o trabalhador urbano à oferta de

subempregos.

O agricultor, com tantas oscilações no modelo de agricultura que pratica,

não perde tempo em tentar retirar seus filhos de seu ramo preparando-o para

seguir outra profissão.

Já os trabalhadores urbanos por sua vez são poucos os que conseguem

prosseguir nos estudos, pois necessitam trabalhar. Alguns rumam para as

grandes cidades, tentar novas oportunidades, outros se sujeitam a trabalhar

nos abatedouros de aves da região em situações de trabalho fatigantes, e os

demais disputam o pouco do trabalho que o comercio local oferta.

Enfim, o problema levantado para estudo e intervenção é o seguinte:

Como trabalhar com esses alunos, para resgatar sua autoestima, valorizando

sua cidade, agindo como partícipes e promovendo as mudanças que irão gerar

desenvolvimento local e sustentável?

O estudo pretende contribuir em sua aplicação na escola nos sentidos

contextos:

• Promover mudança de conceito na formação dos alunos e que haja

transformação em suas vidas e cidade.

• Resgatar a valorização do aluno agricultor e sua família, para que tenha

orgulho do que faz e possa melhorar sua condição de vida, de

agregação de renda, não sendo mais tão dependente da monocultura,

multinacionais e cooperativas.

• Incentivar o empreendedorismo na iniciativa de pequenas agroindústrias

familiares e microempresas.

• Promover palestras em que se possam demonstrar outras formas de

diversificação na agricultura, envolvendo EMATER, Secretaria de

Agricultura, Sindicatos e SENAR.

• Apresentar os resultados do projeto para os envolvidos e a comunidade.

MATERIAL DIDÁTICO

Trabalhar na formação dos alunos do 4º ano do curso técnico em

administração para que haja mudanças em seu modo de pensar, resgatando

sua dignidade e despertando-os para um mundo que possa ser olhado por uma

nova ótica, como nos diz Gramsci:

Somos criadores de nós mesmos, da nossa vida, do nosso destino e nós queremos saber isto hoje, nas condições de hoje, da vida de hoje e não de uma vida qualquer e de um homem qualquer. (GRAMSCI, 1968)

Assim o material elaborado para trabalhar com os alunos estará dividido

em atividades, em momentos distintos divididos em, a saber:

• Com os alunos será dividido em equivalente a 16 aulas de 04 horas

perfazendo um total de 64 horas a serem divididos em vários temas a

serem trabalhados:

AULA ATIVIDADE TEMPO

01/ 02 MAPEAMENTO DO PERFIL DOS ALUNOS: AUTOESTIMA X EXPECTATIVA DE FUTURO

08 horas

Nesta etapa será efetuado levantamento da real situação em que se encontram esses alunos, apontamento de seus pontos fortes e pontos fracos, suas expectativas para o futuro, se há desejo de mudanças, valores, para enfim ser traçado um perfil para o grupo e poder ser trabalhado conceitos de mudanças.

03 PALESTRA MOTIVACIONAL COM PROFISSIONAL NA ÁREA DE EMPREENDEDORISMO

04 horas

Palestra a ser realizada com um profissional da área de gestão a ser trabalhado com o tema empreendedorismo, para esclarecer sobre os pontos fortes e fracos de qualquer investimento, levantamento de recursos financeiros, mercado, concorrência, oportunidades, de forma a desmistificar esse tema para os alunos.

04/05/06 LEVANTAMENTO DE POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL DE FORMA SUSTENTÁVEL

12 horas

Nesta etapa buscam-se as informações necessárias para se iniciar os trabalhos, como: levantamento das possibilidades de desenvolvimento local, mercado local, suas potencialidades, pesquisa de mercado para saber da demanda de mais um produto e/ou empresa no ramo, na cidade, na região, perfil de seu consumidor,

quantitativamente e geograficamente, poder de compra, etc. Buscar outras formas de diversificação na agricultura e comércio, envolvendo Emater, Secretaria de Agricultura, Sindicatos, SENAR, Associação Comercial, SEBRAE.

07/08 MONTAGEM DAS EQUIPES NA DISCIPLINA DE ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS E DEFINIÇÃO DOS RAMOS DE ATIVIDADES A SEREM TRABALHADOS

08 horas

Dentro da disciplina de Elaboração e Análise de Projetos, que faz parte da matriz curricular do 4º ano do Curso de Administração, os alunos trabalham na perspectiva da montagem de uma empresa Junior, na qual fazem pesquisa de mercado, composto mercadológico para um produto, aspectos legais como documentação legal para abertura de uma empresa, questão ambiental, vigilância sanitária, embalagem, rótulo e por fim produzem e comercializam o produto para no final do ano fazerem a apresentação de balancete com os resultados obtidos no período podendo apurar se o negócio em questão é viável ou não. No caso especifico desse 4º ano será trabalhado os projetos em função de novas oportunidades de desenvolvimento local.

09/10 PESQUISA DE MATERIAL SOBRE AS POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO

08 horas

Com as equipes de alunos montadas, definem-se as linhas de pesquisa para posteriormente serem feito o tratamento do resultado e escolha dos ramos que comporão os projetos e as possibilidades a serem apresentadas no seminário.

11/12 VISITA TÉCNICA A UMA EMPRESA, INDÚSTRIA OU PROPRIEDADE

08 horas

Nesta etapa será efetuada visita técnica em uma empresa, indústria, propriedade rural na cidade e/ou região. Após a visita será discutido com os alunos os diferenciais, a gestão, o que deu certo ou não, enfim uma análise do negócio.

13/14 MONTAGEM DE SEMINÁRIO 08 horas

Aqui será trabalhado os aspectos técnicos para a montagem do seminário, como: palestrante a ser convidado, atração cultural, organização do evento, local, lanche, convites, tarefas de cada um, mediação do evento.

15/16 SEMINÁRIO SOBRE DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL

08 horas

TEMA: DESENVOLVIMENTO LOCAL DE FORMA SUSTENTÁVEL PÚBLICO ENVOLVIDO : Alunos do Curso Técnico em Administração do Colégio Chateaubriandense, Professores do Curso, Representantes da Sociedade Organizada FORMA: Participação de todos os alunos da turma (4º ano) na organização do evento, participação dos demais alunos do curso (1º, 2º e 3º anos) e professores, sociedade organizada da seguinte forma: 02 (dois) participantes de cada entidade representativa, sendo convidados: poder público (executivo, legislativo e judiciário), entidades religiosas, sindicatos de empregadores e empregados (urbanos e rurais) clubes de serviços e afins (Lions, Rotary, Câmara Junior, Observatório Social), associações, conselhos, imprensa (rádio, tv, jornal), NRE, faculdade UNIMEO, escolas particulares, cooperativas,

comércio em geral, SEBRAE e instituições financeiras, . DESENVOLVIMENTO: Em 02 dias com carga horária de 04 horas cada, sendo no primeiro feita abertura cívica, compondo a mesa dos mediadores de trabalhos, apresentação cultural, palestra sobre o tema e em seguida passando a discussão sobre novas possibilidades de desenvolvimento e oportunidades. No segundo dia sequência dos trabalhos, apresentação dos resultados e encerramento com palestra. LOCAL : Auditório do Sindicato Rural INVESTIMENTO: Para ajudar custear as despesas dos palestrantes e cafezinho, serão cobrados dos participantes menos alunos e professores a contribuição de R$ 10,00, sendo as despesas excedentes custeadas por entidades participantes. DATA PROVÁVEL : 14 e 15 de maio de 2014.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

Vivemos num momento histórico em nosso mundo globalizado, em que

a cada dia nos deparamos com a condição de que precisamos trabalhar mais,

produzir mais, consumir mais, numa correria desenfreada, não percebendo as

manobras do sistema em que estamos inseridos:

O mercado imbeciliza a população quando vende como regras de mercado o que é apenas acerto das elites, vilipendia o Estado para que sirva apenas aos interesses do capital, privatiza o bem comum, privilegia as instituições financeiras como se fossem fim da sociedade, prega a livre iniciativa apenas para o capital, apregoa a globalização como cassino totalmente livre para o capital. A noção de pobreza política realça que os pobres são menos carentes do que mantidos na ignorância. São principalmente massa de manobra. Não conseguem assumir o destino em suas mãos. Não tomam consciência de sua condição de expulsão, não são capazes de se organizar, não alcançam introduzir na história práxis alternativa. (DEMO, 2001, p. 89)

Constantemente nas conversas com os alunos, quando questionados

sobre seu futuro, no imaginário de muitos, expressam o enorme vão que os

separa daquilo que realmente gostariam de ser, outros rebatem dizendo que a

profissão que escolherão é aquela que proporcionará resultados financeiros,

assim o mundo vai vivendo das ilusões propostas por aqueles que se utilizam

do poder para manipular através de uma bonita embalagem, a vida e o futuro

de nossos jovens.

O momento econômico que se vive em nível mundial, alavancado pela

crise econômica que se iniciou nos Estados Unidos em 2008 e se espalhou nos

anos seguintes no mundo todo, prevalecendo até os dias de hoje, tem causado

uma enormidade de desemprego pelo mundo.

A crise financeira por que o mundo passa e que carrega consigo a crise

do emprego não é novidade, pois o mundo já teria passado por crises

semelhantes, como a de 1929.

O emprego formal, já há algum tempo vem tomando formas diferentes:

De acordo com o último cálculo, um jovem americano com nível médio de educação espera mudar de emprego 11 vezes durante sua vida de trabalho – e o ritmo e a frequência da mudança deverão continuar crescendo antes que a vida de trabalho dessa geração acabe. “Flexibilidade” é o novo slogan do dia, e quando aplicado ao mercado de trabalho augura um fim do “emprego como o conhecemos”, anunciando em seu lugar o advento do trabalho por contratos de curto prazo, ou sem contratos, posições sem cobertura previdenciária, mas com cláusulas “até nova ordem”. A vida de trabalho está saturada de incertezas. (BAUMAN, 2000, p. 169)

A flexibilização de horas, banco de horas, compensação das horas

extraordinárias, empregabilidade, funcionário polivalente, são termos

moderníssimos nos dias atuais.

De um lado empresas verticalizadas que perpetuam o modelo

fordista/taylorista em que o funcionário precisa de pouco conhecimento técnico,

mas sim de executar tarefas sequenciais, com alto índice de rotatividade e um

aumento estrondoso de doenças funcionais por excesso de repetição, em

condições insalubres.

De outro, empresas altamente tecnificadas ligadas num mundo virtual

onde não há mais barreiras, facilitadas pelos meios de comunicação,

globalização, celular, tablets, internet, eliminando os meios, cortando gastos,

diminuindo funções, empregos, enfim:

A presença de bolsões de pobreza no coração do “Primeiro Mundo”, através da brutal exclusão social, das explosivas taxas de desemprego estrutural, da eliminação de inúmeras profissões no interior do mundo do trabalho em decorrência do incremento tecnológico voltado centralmente para a criação de valores de troca, as formas intensificadas de precarização do trabalho, são apenas alguns dos exemplos mais gritantes das barreiras sociais que obstam, sob o capitalismo, a busca de uma vida cheia de sentido e emancipada, para o ser social que trabalha. Isso para não falar do Terceiro Mundo, onde se encontra 2/3 da força humana que trabalha em condições ainda muito mais precarizadas. (ANTUNES, 2011, p. 203)

O mundo do trabalho evoluiu, passou por várias transformações desde a

revolução industrial. A população mundial saiu de menos de um bilhão para os

mais de sete bilhões atuais, houve aumento da demanda por comida, bens de

consumo, tecnologias, conceitos.

O consumo aumentou de forma vertiginosa, entramos numa ciranda de

produção contínua – ‘tudo que se produz se consome’ – aumentamos nossos

índices de doenças, como cânceres, diabetes, obesidade e tantas outras novas

que aparecem a cada dia. Não temos mais tempo para vivermos em

comunidades, temos pressa... Que qualidade de vida estamos preparando para

nosso futuro e de nossos jovens? Será possível que não poderemos conciliar

desenvolvimento com questões que sejam sustentáveis? Viver de uma forma

melhor?

A produção já não depende da terra e da natureza. Quando os bezerros são levados para a invernada, para sem engordados, jamais vêem pastos verdes. Milhares de cabeças de gado são amontoadas nuns poucos metros quadrados, onde são alimentados com rações programadas por computadores. Para estimular a engorda e eliminar doenças, doses maciças de antibióticos e hormônios artificiais são colocadas nas rações ou injetadas nos animais. Milhares de bois passam diariamente por currais especiais que funcionam com a eficiência de uma linha de montagem. A produção avícola é hoje ainda mais semelhante a uma operação fabril... Algumas das grandes empresas de alimentos, como Ralston Purina, a Cargill e a Allied Mills, são responsáveis por gigantescas instalações aviárias que processam dezenas de milhares de galinhas por dia. Como na organização fabril, as chaves desta produção são a procriação especial, a alimentação intensiva enriquecida, os estímulos químicos (hormônios) e o controle de doenças... O alimento passa na frente das galinhas imóveis numa correia transportadora, enquanto os ovos e excrementos são removidos em outras correias. A iluminação artificial supera o ciclo diário natural e mantém as galinhas em postura constante... Também os lacticínios estão sob a influência da industrialização... Até mesmo a biologia da vaca leiteira foi alterada. Procriação especial combinada com fórmula de rações – hoje entregues por computadores em doses ‘personalizadas’ aos estábulos – levaram ao aparecimento de vacas que produzem mais 75% de leite que há trinta anos. (IANNI, 1982, p.30-31).

Entende-se que há necessidade de se pensar num futuro para o planeta

e para as gerações futuras, com qualidade de vida, desenvolvimento de forma

mais sustentável, num momento em que o mundo passa por transformações

estruturais, de ordem econômica, social, religiosa e tecnológica. Manter alunos

em suas cidades de origem, talvez seja uma das formas de que possa mudar a

realidade futura, promovendo o desenvolvimento regional, local, de forma

sustentável, criando as condições para uma transformação.

No ato mesmo da reprodução não se modificam apenas as condições objetivas – por exemplo, uma vila torna-se uma cidade, um deserto torna-se cultivável; modificam-se os próprios produtores, enquanto extraem novas qualidades de si mesmos, desenvolvem-se na produção e se transformam, criam novas forças e novas representações, novos modos de relações, novas exigências e uma nova linguagem. (MARX apud KOSIK, 2011, p.190)

Ainda segundo Kosik (2011),

A práxis na sua essência e universalidade é a revelação do segredo do homem como ser ontocriativo, como ser que cria a realidade (humano-social) e que, portanto, compreende a realidade (humana e não humana, a realidade na sua totalidade). A práxis do homem não é atividade prática contraposta à teoria; é determinação da existência humana como elaboração da realidade. A práxis é ativa, é atividade que se produz historicamente – quer dizer, que se renova continuamente e se constitui praticamente – unidade do homem e do mundo, da matéria e do espírito, de sujeito e objeto, do produto e da produtividade. (KOSIK, 2011, p. 222)

É nessa direção que os fundamentos apontam, e esperam-se alunos

trabalhadores, dos quais muitos, que não tem perspectivas de melhorias em

suas condições de vida, possam usufruir de iguais condições para irem além

de um emprego formal, que é uma das condições, mas que também possam

sonhar e vislumbrar melhores horizontes.

No Brasil com o crescimento do setor terciário, ou “nova domesticidade”, há uma mudança no papel do estado e dos setores organizados do empresariado que influi na “construção/reconstrução da categoria trabalho”, bem como na valorização das atividades manuais. Trata-se do “trabalho por conta própria” e do “pequeno empresário”: o trabalhador não vende sua força de trabalho diretamente ao capital, mas, como indivíduo empreendedor, por meio de uma empresa, vende serviços a outras empresas, ou presta serviços variados. (...) (FRIGOTTO; CIAVATTA; CORRÊA, 2006, p. 253)

Por fim, Gramsci nos ensina que “[...] a escola de cultura geral deveria

propor a tarefa de inserir os jovens na atividade social, depois de tê-los levado

a certo grau de maturidade e capacidade, à criação intelectual e prática e a

certa autonomia na orientação e na iniciativa”. (GRAMSCI, 1968, p. 36).

A educação profissional do Paraná está firmada nos pilares: educação,

ciência, tecnologia e cultura, e visam à formação de um cidadão para além do

“mercado de trabalho”, que se insira no mundo do trabalho, entendendo e

promovendo as mudanças necessárias à sua realidade local.

Nesse viés o curso técnico em administração, em sua matriz curricular,

traz algumas disciplinas como: comportamento organizacional, legislação social

do trabalho, psicologia organizacional, teoria geral de administração,

administração de marketing e vendas, elaboração e análise de projetos,

administração de finanças e orçamento, metodologia cientifica, que vão ao

encontro dessa mudança de comportamento, através de projetos de pequenas

empresas que são montados durante o curso, das pesquisas de mercado,

comportamento de consumidores, empreendedorismo, educação financeira,

relações humanas entre patrões e empregados e legislação.

Pretende-se que ao final do curso o aluno possua conhecimentos que

possam auxiliá-lo na tomada de decisão para seu futuro, quer seja a

sequência nos estudos rumo à universidade, quer seja como funcionários de

uma empresa, mas com o conhecimento e a formação que lhe permita

mudanças em sua carreira, quer seja como administrador nos negócios da

família, ou como empresário, transformando assim sua realidade local,

valorizando sua cultura, seus saberes e promovendo o desenvolvimento

objetivado.

ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

• Desenvolver estudos sobre os temas pertinentes ao projeto, buscando

identificar as vocações da cidade, região, suas potencialidades.

• Utilizar a disciplina de elaboração e análise de projetos como forma de

alavancar idéias a serem aplicadas em negócios familiares, empresas

que trabalham, pequenos comércios, agroindústrias familiares.

• Levantamento das condições dos alunos trabalhadores agricultores e

suas famílias.

• Promover ações voltadas para o incentivo do empreendedorismo local.

• Promover ações que demonstrem a importância da criação de

associações e cooperativas.

• Promover palestras e atividades em parceria com entidades locais a fim

de demonstrar a diversificação na agricultura.

• Apresentar os resultados do projeto para os envolvidos e a comunidade.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho? Ensaio sobre as Metamorfoses e a Centralidade do Mundo do Trabalho. São Paulo: Cortez, 2011. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida . Rio de Janeiro: Zahar, 2000. DEMO, Pedro. Cidadania Pequena , Campinas, São Paulo, Autores Associados, 2001. FRIGOTTO, CIAVATTA (orgs.). A Formação do Cidadão Produtivo, A Cultura de Mercado no Ensino Médio Técnico, Brasília, INEP, MEC, 2006. GRAMSCI. A. Os intelectuais e a organização da cultura . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. IANNI, Octávio. A Era do Globalismo. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2001. KOSIK, Karel, A Dialética do Concreto . São Paulo: Paz e Terra, 2011.