OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · 2016-06-10 · colaborativa entre os...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
“PROFESSORES CONECTADOS PARA UMA COMUNICAÇÃO COMPARTILHADA E COLABORATIVA”
Autor: Mithue Yoshioka¹
Orientadora:Profa Dra Ettiène Cordeiro Guérios²
RESUMO
O artigo trata da importância em promover a comunicação compartilhada e
colaborativa entre os profissionais da Educação Básica. Espera-se que com o uso
do espaço virtual e das ferramentas da web novos caminhos sejam abertos para o
diálogo, interação e publicação de ideias dentro da comunidade virtual. Acredita-se
que trabalhando de forma colaborativa, dentro de um grupo, professores possam
obter melhores resultados de aprendizagem do que se atuassem isoladamente,
visando à melhoria qualitativa da prática docente.
Palavras-chave: Tecnologias, Internet, Comunidades Virtuais
_______________
¹ Professora de Ciências e Matemática da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná. Especialista em Educação.
² Doutora em Educação Matemática pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Professora Titular da Universidade
Federal do Paraná, atuando no Departamento de Teoria e Prática de Ensino e no Programa de Pós Graduação em Educação.
INTRODUÇÃO
No início do ano letivo, normalmente é previsto que os professores se
encontrem nas escolas durante a semana pedagógica e, em um determinado
momento, reúnam-se por disciplinas para elaborar o planejamento anual, como
também, o plano de trabalho docente.
Como alguns professores lecionam em duas ou mais escolas ou são
professores contratados ao longo do ano letivo por Processo de Seleção
Simplificado (PSS), não generalizando, há dificuldade de se reunir todos os
professores de uma mesma disciplina para a troca de ideias e organização do plano
de aula durante a semana de planejamento. Esta dificuldade se verifica também nos
decorrer do ano letivo em outros dias de aulas ou na hora atividade. Tal ocorrência,
em muitos casos, acarreta falta de comunicação entre os professores que não
discutem a própria prática, não comentam seus acertos, não buscam soluções
compartilhadas para suas dificuldades e acabam por não implementar mudanças
didáticas em suas aulas.
Simultaneamente percebemos que o avanço de novas tecnologias implica
em exigência cada vez maior de mudanças no que se refere à prática pedagógica
dos professores, visto que os alunos desenvolvem um pensar ágil em função da vida
tecnológica que levam desde pequenos. Essas mudanças preconizam que a
criatividade seja a tônica da produção de aulas diferenciadas das que temos, e por
assim ser, que sejam inovadoras e atrativas aos alunos.
A fim de poder acompanhar o ritmo em que os educandos se encontram na
atualidade, é necessária uma transformação na organização da prática escolar. Esta
transformação pode ser incentivada pela comunicação inter pares no interior da
escola tendo na tecnologia sua promotora. Os professores têm a oportunidade de se
comunicar, com maior frequência, com seus pares, aproveitando as possibilidades
disponíveis que estão ao alcance de todos, como as possibilitadas pela internet,
pelas comunidades virtuais e pelas redes sociais. Por elas pode-se vislumbrar uma
comunicação que potencialize um processo de formação que proporcione a melhoria
qualitativa na prática docente.
Segundo Brito (2008, p.24):
[...] a educação, como as demais organizações, está sendo muito pressionada por mudanças. No momento atual, todos devemos (re) aprender a conhecer, a comunicar, a ensinar, a integrar o humano e o
tecnológico; a integrar o individual, o grupo e o social.
No entanto, os professores encontram muitas dificuldades para realizar isso
no seu cotidiano, pois além do reduzido tempo para uma aula diferenciada, ainda
enfrentam dificuldades na utilização e entendimento de muitas tecnologias que estão
disponíveis e que podem apoiá-lo em sua prática de sala de aula e na dinâmica de
investigação de suas práticas, para que, com isso, possam encontrar caminhos para
a valorização de suas experiências. Assim, em parceria com outros professores,
poderão desenvolver metodologias de ensino diferenciadas, discutir a utilização de
ferramentas pedagógicas, estabelecer possíveis relações entre os saberes
profissionais, sanar dúvidas, compartilhar sugestões, além de desenvolver a
criatividade sendo motivados pelo diálogo permanente entre eles.
A tecnologia pode potencializar o trabalho colaborativo, levar informações a
seus pares e disseminar essas informações a outras pessoas.
O que diferencia a internet de outras invenções humanas é a alta velocidade
do fluxo de informações que instalou na vida da população. Segundo Kenski (2012,
p.26):
Na era da informação, comportamentos, práticas, informações e saberes se alteram com extrema velocidade. Um saber ampliado e mutante caracteriza o atual estágio do conhecimento na atualidade. Essas alterações refletem-se sobre as tradicionais formas de pensar e fazer educação.[...]
O aprender pode ser construído coletivamente e ferramentas tecnológicas são
no contexto atual, imprescindíveis para essa construção. De acordo com Moran
(2013,p.42):
Atualmente, com a web 2.0, temos muitas tecnologias simples, baratas e colaborativas, como o blog, o wiki ou o google docs, o twiter, o facebook e o podcast. Essas tecnologias permitem que professores e alunos sejam produtores e divulgadores de suas pesquisas e projetos de formas muito ricas e estimulantes.
O espaço virtual é um elemento muito importante dentro da concepção Web
2.0; pode-se considerá-la um novo caminho com diferentes funcionalidades e
inúmeras possibilidades, ou seja, uma ferramenta de autoria colaborativa, através da
própria internet.
Atualmente, existe a possibilidade de trabalhar a ferramenta da internet, onde
se espera um amadurecimento coletivo que pode ocorrer através desse espaço
virtual, trabalhando dentro da perspectiva de autorias colaborativas, sendo um fator
de grande importância para o processo de ensino e aprendizagem.
As ferramentas disponíveis na internet para compartilhamento e colaboração,
têm se propagado às comunidades virtuais que consistem em ambientes virtuais
onde se tornam possíveis que as pessoas de áreas afins possam interagir
conhecimentos sobre suas práticas e compartilhar assuntos de seus interesses.
Segundo Moran, (2013, p.44):
A internet tem hoje inúmeros recursos que combinam publicação e interação por meio de listas, fóruns, chats, blogs, wikis. O Wiki ou Google Docs permite que várias pessoas, mesmo que geograficamente distantes, trabalhem em um mesmo texto, criando e editando conjuntamente conteúdos na internet. Não há uma hierarquia preestabelecida entre autores: qualquer usuário pode adicionar conteúdos e também editar os conteúdos inseridos por outras pessoas. [...] são importantes para a construção de ideias e para a escrita colaborativa, objetivando melhorar o que os outros colegas fizeram.
Associado ao dizer de Moran, Bolzan e Isaias (2011) observa que à “medida
que os professores propõem-se a discutir sobre suas práticas pedagógicas
explicitando suas concepções acerca de ensinar e de aprender, deixam evidente que
buscam um caminho de questionamento, demonstram a direção escolhida e,
consequentemente, desenvolvem uma postura reflexiva acerca de seus saberes e
fazeres pedagógicos”. Afirma, ainda, que a reflexão sobre a prática ganha
importância se for realizada de maneira sucessiva e compartilhada:
Refletir sobre a prática pedagógica parece ser um dos pontos de partida, pois compreender o processo de construção de conhecimento pedagógico de forma compartilhada implica compreender como se constitui esse processo no cotidiano da escola, local de produção cultural, espaço de encontros e desencontros, de possibilidades e limites, de sonhos e desejos, de encantos e desencantos, de atividade e reflexão, de interação e de mediação nessa construção que não é unilateral, mas acontece à medida que compartilhamos experiências, vivências, crenças, saberes, etc.,numa ciranda que não se esgota, ao contrário, se desdobra, se modifica, se multiplica, revela conflitos e se amplia. (BOLZAN 2009, p.27).
O exposto até o momento instigou a pensar na implementação de um projeto
de intervenção pedagógica na escola com vistas à integração de tecnologia, ação
didática e ensino, com foco nas múltiplas possibilidades geradas pelo espaço virtual
para o aprimoramento da prática pedagógica dos professores da Educação Básica.E
assim foi feito.
O Projeto de Intervenção Pedagógica na escola, objeto deste artigo,
promoveu a comunicação compartilhada e colaborativa entre os professores e a
equipe pedagógica. Com a utilização do espaço virtual (Google Drive)
compartilharam experiências pedagógicas, planos de aulas, projetos e pesquisas
discutiram estratégias de ensino e instrumentos de avaliação, sanaram dúvidas,
entre outras possibilidades de compartilhamento. Os conceitos adotados de
ambiente virtual e ambiente virtual de aprendizagem estão em acordo com os
expostos por Guérios e Sausen, (2012, p.562) que assim expressam:
“[…] ambientes virtuais, entendidos aqui como os espaços desenvolvidos através de recursos computacionais que propiciem processos de ensino e aprendizagem por meio do uso das TIC via web e por Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), o que permite “ [...] integrar múltiplas mídias, linguagem e recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir determinados objetivos” ( ALMEIDA, 2003).
O ambiente virtual de aprendizagem (AVA) proporciona a possibilidade de que
a experiência individual do professor no espaço da sala de aula pode ser
compartilhada, e com a colaboração dos seus pares, convertendo em experiência ou
em produção coletiva.
COMUNIDADES VIRTUAIS
As comunidades virtuais são grupos que estabelecem relações entre si na
internet e onde existe uma grande colaboração e partilha entre os membros
participantes. Segundo Lévy (1999, p.126), a cultura das redes, ou cibercultura, se
dá exatamente na articulação entre os “princípios de interconexão, as comunidades
virtuais e a inteligência coletiva”.
“Partilha, colaboração, interação e autonomia são palavras presentes na
dinâmica das comunidades virtuais de aprendizagem colaborativas. A colaboração
não é o mesmo que cooperação, por não ser apenas uma ajuda ao colega na
realização de alguma tarefa” (KENSKI, 2010, p.112) ou uma orientação de como
acessar determinada informação. Ela pressupõe a produção de tarefas de forma
coletiva, complementando o trabalho de outros. Cria-se uma interdependência que
exige uma aprendizagem de interação permanente, respeito ao pensamento do
colega e busca de resultados positivos a todos. Para Lévy (1999, p.127):
[…] Uma comunidade virtual é construída sobre as afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, tudo isso independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais.
Observa-se no espaço virtual o surgimento de inúmeros grupos ou
comunidades que, por meio da tecnologia, reúnem pessoas com interesses comuns,
que encontram espaço na internet para se manifestar e debater suas ideias.
Mediante esse processo de interação, os conhecimentos de cada um são revistos,
construídos e reconstruídos coletivamente, a partir das intervenções que ocorrem
dentro destas comunidades.
Kenski (2013) menciona sobre Paloff e Pratt (1999) que há especificidades na
constituição de comunidades virtuais de aprendizagem e citam as seguintes
constitutivas:
a) “objetivos comuns a todos os participantes; b) centralização dos resultados a serem alcançados; c) igualdade de direitos e de participação para todos os colaboradores; d) definição em comum de normas, valores e comportamentos na
comunidade; e) trabalho em equipe; f) atuação dos participantes como orientadores e motivadores da
comunidade; g) aprendizagem colaborativa; h) criação ativa de conhecimentos e significados de acordo com o tema de
interesse da comunidade; i) interação permanente;” (KENSKI, 2013, p.108)
No interior de comunidades virtuais constituídas, há relatos de profissionais
da educação que descrevem dificuldades e angústias decorrentes da inexperiência
com a utilização de tecnologias no processo ensino e aprendizagem. Naturalmente,
há insegurança nos professores frente aos recursos tecnológicos devido as
mudanças que ocorrem na sociedade resultantes do rápido desenvolvimento dos
recursos tecnológicos quanto à estafante rotina da escola que não libera tempo para
uma formação tecnológica suficiente. Sobre tal fato Kenski (2013, p.50 e 51) diz
que:
“aos professores é necessária uma reorientação da sua carga horária de trabalho, para incluir o tempo em que pesquisam as melhores formas interativas de desenvolver as atividades fazendo uso dos recursos multimidiáticos disponíveis; incluir um outro tempo para discussão de novos caminhos e possibilidades de exploração desses recursos com os demais professores e os técnicos e para refletir sobre todos os encaminhamentos realizados, partilhar experiências e assumir a fragmentação das informações, como um momento didático significativo para a recriação e a emancipação dos saberes.”
A prática da atividade em grupos de aprendizagem em ambientes virtuais tem
uma característica muito interessante que é a de possibilitar a formação contínua
para professores que há tempos atuam em sala de aula ou em espaços pedagógicos
da escola, como também, podem se constituir em possibilidade de integração e de
apoio á professores que iniciam a atividade na escola. A esse respeito Gama e
Fiorntini (2009, p.458) dizem que:
Os professores iniciantes, mesmo com participação periférica nos grupos, refletem e aprendem a enfrentar as situações desafiadoras e complexas da prática pedagógica e docente nas escolas. Entretanto, a aprendizagem profissional dos professores iniciantes que participam dos grupos de estudo ganha sentido e importância quando adquirem confiança para compartilhar com os colegas suas angústias e suas dificuldades em sala de aula. [...] Ao participarem de grupos de estudo, dos quais também participam professores experientes, têm a oportunidade de perceber que todos têm problemas na prática pedagógica, mesmo os mais experientes, e que a própria diversidade de membros do grupo pode potencializar a ajuda mútua.
GTR – Grupo de Trabalho em Rede
A integração de tecnologia, ação didática e ensino, para o aprimoramento da
prática pedagógica dos professores da Educação Básica, objetivo do Projeto de
Intervenção Pedagógica em pauta, ocorreram experimentalmente por meio do
Grupo de Trabalho em Rede (GTR). Trata-se de um curso de formação continuada a
distância na plataforma Moodle, no Ambiente Virtual de Aprendizagem da Secretaria
de Estado da Educação do Paraná, conhecido como e-escola (http://www.e-
escola.pr.gov.br) ofertada a todos os professores da Rede Estadual do Paraná.
O Grupo de Trabalho em Rede (GTR) ao iniciar em 2007, passa a ser a
primeira experiência envolvendo a educação a distância da Secretaria de Estado da
Educação do Paraná (SANTOS et. Al, 2011). Dessa forma, passou a oportunizar ao
professor do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE a divulgação e a
socialização do projeto de intervenção pedagógica, do material didático pedagógico
por intermédio da interação destes com os demais professores da Rede Estadual de
Ensino. Proporciona aos professores, distantes geograficamente, o diálogo, a
discussão e o compartilhamento de experiências sobre estudos e propostas
pedagógicas realizadas, em desenvolvimento e/ou possíveis de serem realizadas no
espaço escolar. Os professores inscritos em cada GTR têm a oportunidade de
conhecer a maneira sobre como se fará a implementação do projeto na instituição
de ensino contribuindo com questões referentes à concepção do material didático e
sobre como intervir no próprio desenvolvimento e utilização dessa produção.
O GTR está formatado em três temáticas do projeto PDE: Projeto; Produção
Didático-Pedagógica e Implementação Pedagógica do Projeto, cada temática
abrangem atividades como: Fórum e Diário.
A cada temática, o professor PDE realiza interações no Fórum e no Diário,
promove a discussão e troca de ideias entre os participantes sobre o tema proposto
em cada atividade, com a função de compartilhar e ampliar ideias relacionadas ao
Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola.
O Projeto de Intervenção Pedagógica
O Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola foi apresentado aos
professores na Semana Pedagógica, no início do ano letivo de 2014. Os que
consideraram o projeto pertinente às necessidades da escola, aderiram ao GTR.
A implementação ocorreu em encontros presenciais com a equipe
pedagógica e a direção da instituição de ensino (Colégio Estadual Barão do Rio
Branco Ensino Fundamental e Médio, município de Curitiba) para esclarecer as
etapas da implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica e convidando-os a
colaborar na mediação com os professores e estabelecendo a organização,
procedimentos da aplicação do projeto.
Em seguida, ocorreram encontros individuais com as professoras da
disciplina de Ciências da instituição de ensino para apresentação do projeto e do
material didático pedagógico a fim de informar e orientar de como ocorre o processo
de compartilhamento, da comunicação colaborativa e construção do conhecimento
com o uso das ferramentas no espaço virtual e convidando-as a participar do grupo
de aprendizagem.
Participaram deste projeto professoras da disciplina de ciências de uma
instituição de ensino fundamental e médio de Curitiba – PR e professores cursistas,
da rede pública do Estado do Paraná, participantes no Grupo de Trabalho em Rede
– GTR.
As atividades implementadas, foram desenvolvidas e realizadas juntamente
com as professoras por meio de encontros presenciais na instituição de ensino, a
distância pela internet e com a utilização do material didático realizou-se uma rica
discussão no Grupo de Trabalho em Rede – GTR, contando com a participação de
profissionais da área de Ciências(18), de Geografia (1) e de Arte (1) de diversas
Instituições de Ensino dos municípios do estado do Paraná.
A Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola
transcorreu de forma participativa, colaborativa, tranquila e receptiva por parte dos
professores, equipe pedagógica e direção.
Foi observada a pertinência da problemática do projeto por ser uma
realidade dentro da escola. Nesse sentido, o professor C, participante do GTR -2014
(20/03/2014), relatou:
“[...]Tenho que concordar, não generalizando, nós professores nos reunimos no início do ano e fazemos o planejamento isoladamente. Os relacionamentos ficam restritos apenas aos laços de amizade e só. Não ocorre a interação desejada para discussão de planos de aulas, estratégias didáticas, novas ideias, melhores práticas, etc. As experiências, a bagagem de conhecimentos, os erros e acertos não são compartilhados...”
Também, o professor D (21/03/2014) comentou:
“Diante da situação problema relatada no projeto em questão, podemos afirmar que essa realidade também é vivenciada em um grande número de escolas. Para tentar solucionar tal situação devemos primeiramente repensar juntamente com os professores, por isso exige-se uma nova postura da escola, do professor, do aluno e da comunidade escolar, onde todos devem estar comprometidos com esta nova fase da educação, que não se trata de optar ou não por ela, pois já é fato, resta saber como tirar proveito pedagógico disso. Buscar uma aprendizagem colaborativa é primar pela ação de ensinar, tendo consciência que neste processo, a reversibilidade ocorre como a ação de também aprender.”
Com a implementação do projeto os professores da instituição de ensino
investigaram alguns tipos de espaços virtuais, identificando e escolhendo o mais
adequado para ser utilizado. Com o espaço virtual Google Drive os professores
compartilharam vídeos pedagógicos com conteúdos contemporâneos, sugestões de
provas e atividades. E divulgaram eventos e sites interessantes, como simuladores
da PhET que apresenta muitas simulações referentes aos conteúdos de Ciências e
como elaborar histórias em quadrinhos, promovendo maior comunicação, interação
e colaboração entre os professores participantes.
A seguir, são apresentados alguns tipos de espaços virtuais para que o leitor
aproprie-se das principais características de cada um e perceba a potencialidade do
respectivo uso pedagógico para a promoção de comunicação compartilhada e
colaborativa entre profissionais da Educação Básica.
GOOGLE DRIVE:
Um dos sistemas de colaboração on-line é o pacote google docs ou drive,
serviço gratuito oferecido pela empresa Google. Através dos aplicativos, é possível
criar ou importar documentos de texto, apresentações de slides e planilhas, além de
armazenar os arquivos na rede. Os usuários iniciam sua participação ao serem
convidados por e-mail pelo dono do documento, que pode autorizar ao grupo a
remessa de mais convites se desejar ampliar a rede. As informações são
visualizadas e alteradas através de ferramentas disponíveis na área de trabalho do
próprio sistema. O histórico de revisões presente no sistema exibe os responsáveis
para cada edição, bem como os dados modificados a cada ajuste do arquivo.
( https://support.google.com)
Segundo Moran (2011, p.44), o Google Docs é importante para a construção
de ideias e para a escrita colaborativa, objetivando melhorar os que os outros
colegas fizeram.
O Google Drive armazena arquivos nos servidores do Google (ou seja, na
nuvem) para que fiquem disponíveis em qualquer lugar com acesso à internet.
Podem-se colocar fotos, documentos e outros tipos de arquivo nele. Também, é
possível armazenar pastas inteiras no drive virtual. Um aplicativo pode ser instalado
no computador pessoal (Windows ou Mac) para que uma cópia desses arquivos seja
mantida no computador. O acesso também é possível por meio de um smartphone
ou tablet.
FACEBOOK:
Grupos compartilhados do facebook são páginas para um círculo social
específico, ou seja, um espaço destinado a pessoas que possuem assuntos e
interesses em comum, tornando assim, mais fácil a publicação de algo, a
comunicação e colaboração a determinado grupo.
Há algumas maneiras com que educadores podem usar o Facebook:
Ajudar a desenvolver e seguir a política da escola sobre o Facebook.
Incentivar os alunos a seguir as diretrizes do Facebook.
Permanecer atualizado sobre as configurações de segurança e privacidade no Facebook.
Promover a boa cidadania no mundo digital.
Usar as páginas e os recursos de grupos do Facebook para se comunicar com alunos e pais.
Adotar os estilos de aprendizagem digital, social, móvel e “sempre ligado” dos alunos do século 21.
Usar o Facebook como recurso de desenvolvimento profissional (Facebook para
Educadores disponível em http://pt.scribd.com/doc/59919812/Untitled.
DROPBOX:
O Dropbox é um serviço gratuito que permite:
Compartilhar pasta: Convidar amigos, colegas e familiares para compartilhar uma
pasta no seu Dropbox. É como se estivesse salvando a pasta direto no computador
deles.
Compartilhar link: Criar um link para qualquer arquivo ou pasta no seu Dropbox e
depois enviar o link para que veja o arquivo ou a pasta, mesmo se essas pessoas
não tiverem o Dropbox.
Visualizar versões anteriores: Ver um registro das alterações feitas em um arquivo
e, se quiser, restaurar uma versão anterior.
Navegar pelo site do Dropbox: Visualizar um arquivo no site do Dropbox.
Qualquer arquivo salvo no seu Dropbox será gravado automaticamente em todos os
seus computadores, celulares e até mesmo no site do Dropbox. Pode-se começar
um trabalho na escola e terminá-lo no seu computador em casa, não sendo mais
necessário o envio de e-mails com arquivo.
PROCEDIMENTOS
Através do tutorial do material didático pedagógico, demonstrando o passo a
passo para criação e organização de um grupo de aprendizagem nas comunidades
virtuais, o Google Drive foi o ambiente virtual escolhido pelas professoras da
instituição de ensino, criando-se o grupo: [email protected].
Abaixo, algumas orientações do material didático referente ao acesso no
Google Drive.
O Google Drive armazena arquivos nos servidores do Google (ou seja, na
nuvem) para que fiquem disponíveis em qualquer lugar com acesso à internet.
Podem-se colocar fotos, documentos e outros tipos de arquivo nele. Também, é
possível armazenar pastas inteiras no drive virtual. Um aplicativo pode ser instalado
no computador pessoal (Windows ou Mac) para que uma cópia desses arquivos seja
mantida no computador. O acesso também é possível por meio de um smartphone.
Ou tablet.
Para acessar o GOOGLE DRIVE é necessário ter uma conta de Gmail:
Para criar uma conta no Google basta acessar o endereço www.google.com.br e
clicar em: Gmail.
Acessando o Google drive
Depois de criar a sua conta no gmail, entre no endereço do Google:
www.google.com.br. Clique em “Aplicativos”.
Na nova tela, clique em “Drive”
Observação: Dependendo do seu navegador ou a versão do google, o “Drive” pode estar em “Mais”, “Ainda mais” e “Google docs”).
Na nova tela, digite seu endereço do Gmail e senha, depois clique no botão
“Fazer login”.
Informe, na janela “Convidar pessoas”, para e-mails das pessoas (separados
por vírgula) ou grupo de compartilhamento e ao lado indique o tipo de
intervenção (editar, comentar ou apenas visualizar). Finalmente clique em
“Compartilhar e salvar”. Agora o arquivo já está compartilhado.
Segundo os professores a produção didático pedagógico com o tutorial
apresenta fácil compreensão para o leitor, não encontrando dificuldades em aplicá-
lo. Como relata o professor B (GTR-2014, 03/04/2014): “... a explicação sobre o uso
das ferramentas virtuais está muito clara, a maioria dos professores entende a
orientação, gostei muito de saber como acessar alguns recursos que não sabia.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este artigo pretende-se contribuir para a comunicação compartilhada e
colaborativa sobre ações diárias entre os profissionais da Educação Básica. Mesmo
com a ampliação da hora atividade, como alguns professores trabalham em mais de
uma instituição de ensino, em turnos, dias e horários diferentes, a dificuldade de
comunicação entre eles é patente.
Espera-se que com os indicadores aqui apresentados para uso do espaço
virtual e das ferramentas da web, novos caminhos sejam abertos para diálogo,
interação e publicização de ideias dentro da comunidade virtual. Acredita-se que
trabalhando de forma colaborativa, dentro de um grupo, professores possam obter
melhores resultados de aprendizagem do que se atuassem isoladamente, visando a
melhoria qualitativa da prática docente. Conforme Bolzan (2009,p.62) a:
[...] construção compartilhada de conhecimento favorece a autonomia dos participantes, possibilitando a eles irem além do que seria possível, se estivessem trabalhando individualmente.
O contato com essas tecnologias amplia horizontes e acena para novas
possibilidades de aprendizagem, tanto para os professores quanto para os alunos.
Os recursos tecnológicos existentes e os que ainda surgirão, servirão como
ferramentas para a construção do conhecimento dos envolvidos no processo
educativo. Segundo Moran (2013, p.14): “Estamos caminhando para uma nova fase
de convergência e integração das mídias, tudo começa a integrar-se com tudo, a
falar com tudo e com todos [...]”.
Para Fiorentini (2007, p.446) “a prática pedagógica numa visão de Vygostsk
pode levar o indivíduo à realização de atividades com mais autonomia, devido ao
fato de ter participado de uma atividade colaborativa ou de ter recebido apoio ou
estímulo externo”. Por sua vez, as reflexões e estudos teóricos desenvolvidos por
Guérios e Sausen, (2012, p.561) acerca da integração de ambientes virtuais na
formação de professores os levaram a afirmar que tais ambientes “são
indispensáveis numa realidade educativa em que espaço e tempo não
necessariamente são contíguos”. A realização da prática da atividade colaborativa e
em um tempo possibilitado pelo espaço virtual é constatada por manifestações dos
professores que vivenciaram este projeto de Intervenção Pedagógica, tal como
durante o processo de implementação em que, os professores participantes do
(GTR- 2014, 28 abril 2014) contribuíram com sugestões.
O professor D, por exemplo, enviou a seguinte sugestão:
“...Uma outra sugestão de atividade é organizar um curso para se criar histórias em quadrinhos que abordem conteúdos de Ciências e que possam ser trabalhadas em sala de aula, enriquecendo as aulas. No endereço eletrônico http://www.historiadigital.org/tutoriais/como-fazer-historia-em-quadrinhos/, há dicas para se fazer histórias em quadrinhos.”
O professor E (30/março/2014),enviou uma sugestão ao grupo:
“[...] citou em seu projeto a utilização de ferramentas como o Google Docs, redes sociais e outros, também tenho como sugestão para nós professores de Ciências os simuladores da PhET: http://phet.colorado.edu/pt_BR/simulations/category/new que apresenta muitas simulações referentes aos conteúdos de Ciências que podem ser levados aos alunos como uma forma de visualizar o que nós quando alunos apenas fazíamos uma ideia do que era, isto facilitará a aprendizagem e o entendimento de conceitos importantes[...].”
No ambiente virtual, Google Drive, as professoras do estabelecimento de
ensino, postaram algumas atividades, com o objetivo de receber sugestões nas
questões de avaliação para os alunos do Ensino Fundamental.
Ocorreram outras contribuições que foram compartilhadas, ocorrendo a
comunicação colaborativa entre todos os envolvidos, permitindo disseminar o
conhecimento e a troca de ideias de maneira rápida e eficiente.
O Parecer Conclusivo da Equipe Pedagógica da Escola sobre a
Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica no estabelecimento de ensino
relata que: “...os trabalhos realizados durante a implementação contribuíram com as
práticas dos professores envolvidos, uma vez que demonstraram metodologias
variadas. Tais práticas foram importantes, pois devido a diversidade de situações
que a instituição de ensino possui, não é possível utilizar uma mesma metodologia a
sujeitos que pensam e tem experiências diferentes.”
Realizar a reflexão sobre sua prática pedagógica através da atividade de
estudo, resulta num instrumento para avaliar as ações, os conhecimentos e a
compreensão das interações que se realizam com os outros indivíduos durante o
período escolar. Segundo Bolzan (2009, p.68):
[…] é possível afirmar que a escola tem que ser um campo de ensino e de aprendizagem capaz de favorecer, não apenas a construção do conhecimento, mas a construção dos indivíduos, envolvidos de forma cooperativa nos processos de ensinar e de aprender. Os elementos apresentados remetem à dinâmica da sala de aula, um dos horizontes fundamentais para a reflexão dos professores, capaz de impulsioná-los a desenvolver conhecimentos pedagógicos compartilhados. Quando os professores trabalham junto a partir de problemas comuns, negociando ideais e preocupações sobre o fazer pedagógico, avançam nessa construção.
Percebe-se o interesse dos profissionais da educação na utilização das
novas tecnologias, sendo assim, há necessidade de investir numa formação
continuada para que possam ter um conhecimento tecnológico a fim de proporcionar
o compartilhamento de experiências e a produção do conhecimento que demanda
práticas pedagógicas com postura de reflexão e investigação.
REFERÊNCIAS
BOLZAN, D.P.V., Formação de Professores: Compartilhando e reconstruindo conhecimentos, 2.ed., Porto Alegre: Mediação, 2009. ________ ,D.P.V., ISAIA S.M.de A.,MACIEL, A.M.da R., Formação de Professores: a construção da docência e da atividade pedagógica na Educação Superior,p.59, 2011, disponível em www2.pucpr.br/reol/index.php/dialogo?dd99=pdf&dd1=7625> Acesso em 12/06/2013. BRITO, G. da S.,PURIFICAÇÂO, I., Educação e novas tecnologias: um repensar. 2.ed.rev.,atual e ampl.- Curitiba:Ibpex, 2008. Como criar um grupo no facebook, disponível em http://www.configurarfacebook.com/como-criar-um-grupo-no-facebook. Acesso em 07/10/2013. GUÉRIOS, E.C., SAUSEN S. Ambiente virtual de aprendizagem e educação presencial: uma integração possível na formação de professores, Práxis Educativa, Ponta Grossa, v.7, n.2, p.559-584,jul/dez.2012, disponível em http//revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/3542/3222> Acesso em 12/06/2013.
GAMA, R.P., FIORENTINI.D.,Formação continuada em grupos colaborativos: professores de matemática iniciantes e as aprendizagens da prática profissional, Educação Matemática Pesquisa, v.11, p.441-461, 2009, disponível em http//revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/viw/2827. Acesso em 12/06/2013.
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