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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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Título: Implantação da Instância Colegiada do Grêmio Estudantil no Colégio Estadual do

Campo Cristo Rei de Barra Bonita em Prudentópolis.

Autor: Julia Bernadete Hauresko

Disciplina/Área: Gestão Escolar

Escola de Implementação do Projeto e

sua localização:

Colégio Estadual do Campo Cristo Rei de Barra Bonita

Município da escola: Prudentópolis- PR

Núcleo Regional de Educação: Irati

Professor Orientador: Jussara Isabel Stockmanns

Instituição de Ensino Superior: UNICENTRO

Resumo:

О presente caderno temático está dividido em três

partes com vistas a atingir três públicos distintos da

comunidade escolar do Colégio Estadual do Campo

Cristo Rei de Barra Bonita em Prudentópolis, em

diferentes momentos do primeiro semestre de 2014.

Este estudo, embasado teoricamente em movimentos

estudantis no Brasil e na participação dos jovens

estudantes na vida cidadã do país, tem como meta

principal implantar a Instância Colegiada do Grêmio

Estudantil na escola, para que a partir da participação

nesta os estudantes se politizem tornando-se cidadãos

críticos, éticos, responsáveis e conscientes de seu papel

na construção de uma sociedade mais justa e

igualitária. Os profissionais da Educação, os pais dos

alunos e os alunos da escola tomarão conhecimento e

participarão ativamente do processo de implantação da

Instância Colegiada do Grêmio Estudantil através de:

dinâmicas diferenciadas para cada público; explicação

sobre a gestão democrática da escola, o papel das

instâncias colegiadas escolares e a importância da

existência do Grêmio Estudantil na escola, embasada

nas referências bibliográficas utilizadas na elaboração

deste trabalho, nos documentos legais da Escola como

o PPP (Projeto Político Pedagógico) e o Regimento

Escolar; leitura de textos; questionamentos e debates

referentes ao tema; exibição de vídeos para reflexão;

elaboração do Estatuto do Grêmio Estudantil; escolha e

votação da primeira diretoria do Grêmio Estudantil da

escola.

Palavras-chave:

Gestão Democrática- Instâncias Colegiadas- Grêmio

Estudantil

Formato do Material Didático: PDF

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Público:

Direção, Professores, Agentes Educacionais I e II, Pais,

Alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO – OESTE

JULIA BERNADETE HAURESKO

UNIDADE TEMÁTICA

IMPLANTAÇÃO DA INSTÂNCIA COLEGIADA DO GRÊMIO ESTUDANTIL NO

COLÉGIO ESTADUAL DO CAMPO CRISTO REI DE BARRA BONITA EM

PRUDENTÓPOLIS.

IRATI

2013

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IMPLANTAÇÃO DA INSTÂNCIA COLEGIADA DO GRÊMIO ESTUDANTIL NO

COLÉGIO ESTADUAL CRISTO REI DE BARRA BONITA EM PRUDENTÓPOLIS

Produção Didático - Pedagógica elaborada como

parte do Programa de Desenvolvimento Educacional

PDE 2013, sob a orientação da Professora Jussara

Isabel Stockmanns.

IRATI

2013

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AGRADECIMENTOS

A Deus que iluminou meus passos nas minhas dificuldades no decorrer da pesquisa e

elaboração deste trabalho.

Ao meu pai (in memorian) e a minha mãe que me deram a vida a qual serve para

contribuir para o crescimento dos outros.

À professora mestra Jussara Isabel Stockmanns por me orientar durante todo o período

de estudo.

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“Todo bom desempenho começa

com objetivos bem definidos”.

(Ken Blanchard)

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................ 8

UNIDADE I – GESTÃO DEMOCRÁTICA NO MEIO ESCOLAR .................................. 11

1.IDENTIFICAÇÃO: ................................................................................................. 11

2. OBJETIVO: ......................................................................................................... 11

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: .......................................................................... 11

4. CRONOGRAMA: ................................................................................................. 25

5. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO: ........................................................... 26

6. MATERIAIS DE APOIO PEDAGÓGICO: ............................................................. 28

7. REFERÊNCIAS: .................................................................................................. 28

UNIDADE II - IMPLANTAÇÃO DA INSTÂNCIA COLEGIADA GRÊMIO ESTUDANTIL

................................................................................................................................... 32

1. IDENTIFICAÇÃO: ................................................................................................ 32

2. OBJETIVOS: ....................................................................................................... 32

2.1 GERAL: ............................................................................................................ 32

2.2 ESPECÍFICOS: ............................................................................................... 32

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: ......................................................................... 33

4. CRONOGRAMAS: .............................................................................................. 53

4.1 CRONOGRAMA DE TRABALHO COM TODAS AS TURMAS ......................... 53

4.2 CRONOGRAMA DE TRABALHO COM OS REPRESENTANTES DE TURMA

NO CONTRA TURNO ............................................................................................. 53

4.3 CRONOGRAMA DA ASSEMBLEIA GERAL NA ESCOLA ................................ 54

5. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO: ........................................................... 54

5.2 ATIVIDADES COM OS REPRESENTANTES DE TURMA NO CONTRA TURNO . 55

6. MATERIAL PEDAGÓGICO: ................................................................................ 56

7. REFERÊNCIAS: .................................................................................................. 56

UNIDADE III – PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NA ESCOLA .......................................... 60

1. IDENTIFICAÇÃO: ................................................................................................ 60

2. OBJETIVO: ......................................................................................................... 60

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: .......................................................................... 60

4. CRONOGRAMA GERAL DAS REUNIÕES COM OS PAIS ................................. 80

5. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO ............................................................ 80

6.MATERIAIS DE APOIO PEDAGÓGICO: .............................................................. 81

7. REFERÊNCIAS: .................................................................................................. 81

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O presente Caderno Temático intitulado “Implantação da Instância Colegiada do

Grêmio Estudantil no Colégio Estadual do Campo Cristo Rei de Barra Bonita em

Prudentópolis” tem por objetivo implantar o Grêmio Estudantil no Colégio Estadual do

Campo Cristo Rei de Barra Bonita, zona rural do município de Prudentópolis no Paraná,

a partir do projeto elaborado no PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional).

O estudo sobre o Grêmio Estudantil será feito em nível de toda a comunidade

escolar partindo da reflexão sobre os movimentos estudantis que ocorreram no país

desde o Brasil colônia até os tempos atuais a fim de despertar, e em especial, nos

estudantes, a compreensão do que vem a ser o cidadão ativo e crítico e entender o que é

uma gestão escolar democrática.

O Grêmio Estudantil é uma instância colegiada que representa os estudantes de

um estabelecimento de ensino com direito de voz e voto dentro dos órgãos colegiados

escolares. Sua existência é vital no ambiente escolar, pois tem como fim maior

movimentar e unir os estudantes na discussão de seus direitos e deveres bem, como

debater assuntos diversos sobre a escola, comunidade e sociedade.

Segundo dados publicados no site Dia a Dia Educação do Paraná, 900 das 2.148

escolas da rede estadual de Ensino do Estado do Paraná possuem Grêmios Estudantis

ativos. No entanto, visando aumentar a participação estudantil efetiva na escola, a

Secretaria da Educação do Paraná conta com a colaboração dos NREs (Núcleos

Regionais da Educação) para orientar as escolas quanto à criação dos Grêmios

Estudantis e sua importância na vida escolar.

O Grêmio Estudantil, colegiado formado por alunos, que será implantado em

2014 no Colégio Estadual do Campo Cristo Rei, visa incentivar a participação da

comunidade local estudantil naquilo que lhe é fundamental na vida social: a politização.

Através da participação ativa nos colegiados, da apropriação dos conteúdos

historicamente construídos e da aquisição de valores sociais, políticos e culturais dentro

de um ambiente escolar democrático, os alunos sentir-se-ão melhor preparados para o

exercício pleno da cidadania.

Espera-se que este processo de estudo e implantação do Grêmio Estudantil no

Colégio Estadual do Campo Cristo Rei de Barra Bonita, bem fundamentado

APRESENTAÇÃO

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teoricamente e acompanhado por toda a comunidade escolar, resulte em uma

consciência maior de todos envolvidos quanto à atuação de uma instância colegiada

estudantil tendo clareza das normas e regras do Estatuto a serem seguidas para que a

mesma não se transforme, com o passar do tempo, em um grupo isolado ou

desestimulado a prosseguir sua ação por causa dos desafios que aparecerem.

O estudo e a implantação da Instância Colegiada Grêmio Estudantil no Colégio

Estadual do Campo Cristo Rei de Barra Bonita terão início a partir de pressupostos

teóricos e práticos divididos em três unidades que atenderão a comunidade escolar em

diferentes momentos tendo por objetivos:

I – Refletir junto à direção, professores e agentes educacionais quanto à participação das

instâncias colegiadas dentro da perspectiva de gestão democrática da escola.

II – Estudar com os alunos sobre o movimento estudantil no Brasil, tendo por finalidade

a composição das chapas concorrentes ao Grêmio Estudantil, o processo da campanha

eleitoral, a eleição e o acompanhamento inicial dos representantes eleitos.

III - Socializar a implantação da Instância Colegiada dos Estudantes junto aos pais

desde o processo inicial de estudo até a eleição da primeira diretoria do Grêmio

Estudantil no Colégio Estadual do Campo Cristo Rei de Barra Bonita.

A implantação do Grêmio Estudantil no Colégio Estadual do Campo Cristo Rei

de Barra Bonita é um desafio válido para toda a comunidade escolar. Acredita-se, que

será realizado com sucesso, visto que parte de um embasamento teórico sólido,

resultado da leitura de inúmeras referências bibliográficas sobre gestão democrática;

estrutura educacional brasileira e instâncias colegiadas na escola; participação em

inserções acadêmicas referentes à educação; diálogo com pesquisadores da área,

orientação e apoio da professora orientadora do Departamento de Pedagogia da

UNICENTRO, Prof. Ms. Jussara Isabel Stockmanns.

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UNIDADE I

GESTÃO DEMOCRÁTICA NO MEIO ESCOLAR

“Liderança é a capacidade de

transformar a visão em realidade”

(Warren G. Bennis).

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2. OBJETIVO: Refletir sobre a gestão democrática, considerando-se a implantação

do Grêmio Estudantil no Colégio.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

Os saberes necessários para a educação do futuro, no contexto escolar,

fundamentam-se em: entender a condição humana; saber enfrentar as incertezas;

desenvolver o exercício do não julgamento; humanizar as relações; cuidar do que resta

do meio ambiente; saber definir, delegar, corresponsabilizar, incentivar e administrar

possíveis conflitos e frustrações dentro do ambiente escolar bem como planejar

conteúdos e determinar objetivos, valores, atitudes a partir do coletivo escolar.

A escola é um espaço tenso, contraditório e de disputas, onde coexistem

diferentes concepções de mundo, de homem, de educação e de sociedade. Diferente de

uma empresa que se utiliza de recursos financeiros para alcançar os fins determinados,

na escola são usados meios pedagógicos. Neste meio, a participação, a autonomia e

democracia devem resultar em equipes eficazes a partir de uma gestão escolar não

uniforme, mas aberta à discussões, visto que a função essencial da instituição escolar é

formar indivíduos críticos, participativos e criativos, proporcionando condições

elevadas cultural, intelectual, profissional e politicamente.

A Constituição que é a Lei suprema do país, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional 9394/96) e o PNE 2011-2020 (Plano Nacional da Educação), que

são leis peculiares da Educação descrevem a gestão democrática como um direito

fundamental da Educação. Ela aparece no art. 206 do Cap. III, na Seção I da

Constituição de 1988, no item VIII do artigo 3° do Título II da Lei de Diretrizes e Bases

UNIDADE I – GESTÃO DEMOCRÁTICA NO MEIO ESCOLAR

1. IDENTIFICAÇÃO:

a) Público: professores, gestão escolar, agentes educacionais I e II.

b) Duração: 4 horas

c) Período de realização: início do ano letivo de 2014.

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da Educação Nacional de 1996 e no PNE – Plano Nacional de Educação implantado em

2001.

A lei 9394/96 da LDB define as normas da gestão democrática escolar

conferindo-lhe autonomia, no entanto, preserva a dimensão nacional em relação a dois

princípios fundamentais da educação: a participação dos profissionais da educação na

elaboração do Projeto Político Pedagógico da Escola bem como da comunidade em

conselhos escolares a fim de garantir um princípio constitucional, como nos afirma

Oliveira:

Ora, se a fonte maior de nosso ordenamento jurídico colocou a gestão

democrática como princípio, se as leis infraconstitucionais a reforçaram, não

seria lógico que tal exigência, nascida do direito de uma nova cultura política

de cidadania, se fizesse ausente nas mediações dos sistemas públicos de ensino.

(OLIVEIRA, 2012, p. 19).

O termo gestão democrática assegura por si só a compreensão de que o mesmo

carrega consigo princípios como a transparência, a descentralização e a participação. Na

escola não existem subordinados e sim liderados. No ambiente escolar deve ser

priorizada a liderança delegada a qual proporciona espaço para uma participação ativa

dos profissionais da educação, alunos e pais através dos seus representantes nas

instâncias colegiadas e/ou através da presença dos membros da comunidade na escola.

Gestão democrática da educação só pode ser assim chamada se todos os

envolvidos direta ou indiretamente nela, se reúnem periodicamente a fim de discutir e

decidir quais rumos devem ser tomados na escola para que a mesma se torne um

ambiente de aprendizado produtivo, como descreve o Art. 14º da LDB 9394/96:

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino

público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme

os seguintes princípios:

I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto

pedagógico da escola;

II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou

equivalentes.

Estudos em diferentes escolas provaram que a motivação dos pais, dos

profissionais da educação e dos alunos se tornou maior quando houve o diálogo aberto,

a escuta, a discussão serena dos problemas, a perseverança nos objetivos estabelecidos e

cumprimento das decisões coletivas bem como um contínuo repensar do papel

educacional da escola. Por isso o papel da direção, dentro da visão de gestão

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democrática, é “abrir” a escola para que a comunidade participe de qualquer iniciativa

que parta de dentro do estabelecimento de ensino.

A escola atual apresenta uma cultura e modelo organizacional sob a ótica da

produção capitalista o que a torna pilar fundamental de sustentação e reprodução de

suas forças produtivas. Conforme CORRÊA e PIMENTA (in OLIVEIRA, 2012,) as

teorias educacionais, hoje, não conseguem convencer ou teorizar uma pedagogia da

educação, visto que a escola está inserida em um macrofator que é a sociedade desigual

e violenta a qual dificulta a ação educativa escolar porque a mesma se entrelaça com

microfatores como: despreparo dos professores, superlotação das salas de aula, carência

de materiais didáticos, analfabetismo dos pais, distanciamento dos alunos da cultura

letrada, impossibilidade do uso de tecnologias.

Segundo GADOTTI (2012), a ideologia presente nos meios de comunicação, na

família, nos partidos políticos, na religião, na escola, no direito, dificulta o ir além das

máscaras, das ilusões e das aparências, bem como pagar pelo preço da crítica, da luta,

da busca, da transgressão, da desobediência e da libertação. Então é na educação pública

gratuita e de qualidade que deve surgir a luta contra a educação dominante, que é o

aparelho ideológico de ocultação da consciência. Gadotti descreve um dos fortes

aparelhos ideológicos, a televisão, como segue:

... O controle da dominação é maior quando obtém a “neutralidade”. A

dominação vive da passividade e não da luta. A televisão é um exemplo típico;

ela não está formando uma sociedade violenta e muito menos gente revoltada.

Ela está formando gente passiva, gente que não pensa ou que pensa a realidade

que não é a sua realidade. Ela serve para ocultar a realidade. Enquanto o

telespectador “vive” os personagens de suas novelas preferidas, pensa como

esses personagens e acaba esquecendo de pensar na sua realidade, nos seus

problemas. ...(GADOTTI, 2012, p. 43)

A alienação é a diminuição da capacidade de um indivíduo refletir sobre o que

faz e por que o faz. O alienado não tem uma postura própria de ação e por isso aceita

tudo que acontece como normal e tenta enquadrar-se naquilo que está a sua volta sem

questionar e sem raciocinar. Age dessa maneira porque desconhece a ideologia

dominante por detrás daquilo que é transmitido. Dentro desse sistema de alienação os

educadores e os educandos são vítimas. (VASCONCELLOS, 1994)

Porém, assim como não se pode procurar culpados, também não se deve omitir e

‘cada um ficar na sua’ porque os problemas estão entrelaçados na sociedade, na família,

na escola, no professor e no aluno e não há como resolvê-los sem luta, resistência e

determinação contra a ditadura da ideologia e sistema dominantes. E tudo isso pode ser

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feito a partir da organização coletiva competente dos profissionais em torno de objetivos

comuns.

E ainda, no ver de VASCONCELLOS (1994), é preciso entender que se a

sociedade transformou-se e a escola faz parte dela, esta precisa ser mudada,

reconstruída, já que a relação pedagógica não está fora da vontade humana de avançar e

de transformar. Transformar e avançar na educação seria repensar e mudar as relações

de alienação que permanecem no ambiente escolar onde o aluno deve ficar quieto para

que o professor possa dar aula; para o aluno, a aula deve terminar logo e ter nota; a

administração não quer ter problemas, e os pais querem que o filho passe de ano por

causa da ascensão social.

Repensar o papel de cada cidadão no contexto da sociedade é um dever que a

escola, como órgão transmissor oficial do conhecimento historicamente construído,

precisa assumir. Fazer dos alunos cidadãos mais ativos e críticos que construam uma

sociedade mais justa, torná-los protagonistas conscientes de um processo de mudança,

não depende de uma hierarquia previamente constituída, mas do potencial de um

trabalho coletivo.

A escola é um espaço público que se encontra inclusive em lugares periféricos

por isso tem uma força enorme na formação de lideranças, e inclusive na pacificação

das relações sociais. O aluno deve estar na escola, mas o seu estar nela deve ter

significado e sentido. Educar não é criar pessoas obedientes, mas capazes de

problematizar o mundo em que vivem. A escola não pode se isolar dos problemas

nacionais porque sem ela a transformação da sociedade não vai se efetivar, em especial,

se os oprimidos não fizerem parte dela. A educação muda e transforma, é um ato de

desobediência por si só, uma decisão, ação, práxis, é algo que incomoda (GADOTTI,

2012).

A escola pode criar novas formas e comportamentos que fortaleçam o coletivo

para enfrentar a realidade, um desafio que se impõe partindo inclusive da utopia, como

disse o Papa Francisco na sua visita ao Brasil, em julho de 2013, na JMJ (Jornada

Mundial da Juventude):

[...] “o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia nem sempre é negativa. A

utopia é respirar e olhar adiante. O jovem é mais espontâneo, não tem tanta

experiência de vida, é verdade. Mas a experiência nos freia. Ele tem mais

energia para defender suas ideias. O jovem é essencialmente um inconformista.

E isso é muito lindo. E isso é algo comum a todos os jovens. Então eu diria,

que de uma forma geral, é preciso ouvir os jovens, dar-lhes meios de se

expressar e cuidar para que não sejam manipulados... Há pessoas que buscam a

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exploração dos jovens, manipulando essa ilusão, esse inconformismo que

existe e depois arruínam a vida dos jovens... Temos sempre que ouvi-los... e

defendê-los de manifestações de tipo ideológico, sociológico.” [...]

(PAPA FRANCISCO, 2013)

Nesta fala se percebe a clareza da necessidade de cuidar do jovem porque ele

carrega consigo características peculiares como a utopia, o inconformismo e a postura

questionadora. Por causa dessa sua peculiaridade é facilmente manipulado pela

ideologia veiculada através dos meios de comunicação e por meio de pessoas

persuasivas que por vezes se utilizam de sua atitude inconformista para fazê-lo tomar

atitudes que lhe trazem efeitos negativos.

No decorrer da História existiram indivíduos que conduziram os outros para

exterminar vidas, como fizeram os governantes políticos Adolf Hitler e Josef Stalin,

mas também existiram pessoas carismáticas que lideraram movimentos a fim de

resgatar a dignidade humana perante a marginalização social, como foi o caso do

pacifista indiano Mohandas Karamchand Ghandi e da brasileira Maria da Penha Maia,

exemplo atual de luta contra a violência doméstica no Brasil.

Mohandas Karamchand Ghandi (1869-1948), que passou a ser chamado

Mahatma, (“grande alma”, na linguagem indiana), destacou-se na luta pela

independência da Índia do jugo inglês através do princípio da resistência pacífica,

manifestada por meio de greves, passeatas, jejum e marchas (a marcha mais conhecida

foi a Marcha do Sal de 1930). A luta de Gandhi, sem armas e sem qualquer tipo de

violência, foi exemplo concreto de que uma reivindicação não necessita de força física e

armas, mas de coragem e perseverança nos ideais definidos.

Maria da Penha Maia, brasileira nascida em 1945, no município de Fortaleza no

Ceará, foi vítima de violência doméstica do marido e ficou paraplégica. Depois de 20

anos de luta conseguiu que o agressor fosse preso e ela, por sua vez, tornou-se líder e

defensora do rigor legal em favor das mulheres vítimas de agressões no âmbito

doméstico.

A Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher foi sancionada pelo

presidente Lula, no dia 7 de agosto de 2006, e recebeu o nome de Lei Maria da Penha

Maia. Maria da Penha tornou-se símbolo de luta contra a violência doméstica e

coordenadora de Estudos, Pesquisas e Publicações da Associação de Parentes e Amigos

de Vítimas de Violência (APAVV).

Em se tratando da fala sobre lideranças civis, políticas, culturais ou religiosas,

percebe-se que as mulheres ainda ocupam espaços secundários dentro de uma sociedade

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predominantemente machista. Nela ainda se mantém o pensamento tradicional, afetado

por uma variedade de estruturas sociais, que dá um maior poder e controle dos homens

em relação às mulheres, em cargos de maior dimensão pública na vida social, pública,

política, profissional e econômica.

No ver de Márcia Campos Andrade, professora da Universidade Estadual de

Maringá, no Paraná, autora do livro Dinâmicas para a convivência humana, as relações

na escola refletem as relações de uma sociedade patriarcal, onde o pai, ou na sua

ausência, o irmão mais velho assumia o papel de autoridade dentro da família. Apesar

de estas formas de convivência ainda estarem muito presentes, as relações de

desenvolvimento humano já mudaram tornando-se mais espontâneas e criativas.

Segundo ela, assim como na sociedade existe a procura de estar junto de alguém

que tenha características específicas, como a de enfrentar situações, ser corajoso,

chamar a atenção, na escola, o aluno também procura um líder popular carismático, que

se expresse melhor e até que se confronte com os professores, a direção e com a lei

vigente na escola. O que não se pode perder, no entanto, é o referencial da autoridade a

partir do poder legítimo, e não do autoritarismo, de pais e educadores, em especial da

autoridade como responsabilidade no espaço onde o processo de educação é gerenciado,

porque o papel dos educadores, pais e professores, é justamente em mostrar que na vida

existem os limites para que todos possam circular livremente sem se machucarem

mutuamente.

A sociedade ideal, perfeita não existe, mas a luta por ela não cessará enquanto

houver moradores no planeta terra, em especial os mais jovens. Eles são os construtores

de um mundo que parte de uma visão diferenciada do adulto, o qual aceita com mais

naturalidade o que acontece a sua volta e não vê motivos para indignar-se contra aquilo

que ajudou a construir. Já o jovem anseia resolver o problema real da vida dele e

também do adulto por isso, muitas vezes, se insere de maneira ativa nos projetos da

comunidade.

Os problemas como o desemprego, a discriminação de gênero e de cor, a

violência, a exclusão social, o problema ambiental são questões que fazem o jovem

sofrer muito. Não é possível que quem sofre torne-se apático. No Brasil durante a

ditadura militar, por exemplo, quem se manifestasse e de alguma maneira atingisse o

governo era perseguido diretamente. Hoje em dia, a legislação vigente dá direito à

liberdade de expressão, mas os problemas não são menores. No ver da estudante a

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Internet é um importante instrumento de informação, mas ela afirma que nada substitui

o espaço do debate e a construção coletiva presencial, como a mesma relata:

[...] a escola nos impõe uma condição apenas de aprendiz, sem possibilidade de

intervir. Somos considerados objetos da educação e não sujeitos dela, por mais

que existam estudantes que se movimentem contrariamente a isso... Talvez nos

últimos anos as escolas tenham dado alguns passos. Mas ainda não se promove

o encontro, a partilha do saber... as coisas legais que gostaríamos de saber e de

ser... Porque o jovem é criativo, tem uma capacidade fantástica de inventar e

surpreender [...]O adulto deve romper com estes muros de achar que só ele

detém o lado certo das coisas, e oportunizar ao jovem a sua capacidade de criar

(Mundo Jovem. 08/ 2011, p. 12).

O Estado, por sua vez, representa a forma máxima de organização humana com

leis que regulamentam a vida em sociedade, promovem a equidade, o bem-estar social e

econômico da população dentro de um território definido. Teóricos marxistas, como

Antonio Gramsci e Louis Althusser sustentam que as organizações como a Igreja, as

escolas e os sindicatos são parte de um aparato estatal ideológico que dependem do

apoio do Estado o qual coloca em prática, nesse espaço, as ações que lhe são viáveis.

Para alguns teóricos, o Estado estaria minimizando a sua responsabilidade pela

educação, como descreve Oliveira:

[...] autonomia financeira, administrativa e pedagógica da escola; eleição direta

de diretores; criação dos Colegiados Escolares são algumas das bandeiras

populares que passaram a integrar o discurso oficial. Na verdade, alguns

autores entendem que o propósito governamental subliminar é outorgar à

escola a responsabilidade de sua sobrevivência. [...] (OLIVEIRA, M.A.M. et

al., 2013, p. 93).

No entanto, indivíduos pensantes em diferentes espaços e contextos históricos

irão reclamar de suas condições. Enquanto muitos tenderão alienar-se ao que já existe,

outros insatisfeitos com aquilo que está a sua volta, tentarão a todo custo mudar o

percurso histórico. No processo educacional não foi, não é, e não será diferente.

Chegou o momento de repensar se a escola estruturada do jeito que se apresenta

na atualidade está dando conta do recado de repassar o conhecimento como há 100

anos. Sabe-se que, no início do século XX, foi muito difícil para professores e diretoras

das séries iniciais do Ensino Fundamental aceitar atuar em turmas seriadas. Enfrentar

desafios e resistências como foi no tempo de mudar dos grupos escolares para turmas

seriadas, ressignificar o lugar do gestor na atualidade, exige estudo, persistência e

solidez de rumo em tempos tão diferentes como os de hoje.

Então, a primeira pergunta que vem à mente é como conciliar democracia e

autoridade se, no campo da linguística, gestão e administração são termos tidos como

sinônimos? Entretanto, OLIVEIRA (2002) diferencia gestão de administração no

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sentido de que a palavra administração vem da ação de administrar, dirigir negócios,

empresas, um sentido mais técnico. Já o termo gestão é mais amplo, aberto e que

implica em participação, marca política da escola atual. Os alunos, segundo os

escolanovistas Dewey e Piaget, jamais entenderiam o que é uma democracia se na

escola fossem tratados com punição e autoritarismo.

O problema deste século é que todos querem participar, mas ninguém se

considera capaz de solucionar os problemas que existem. Gerir democraticamente uma

escola não é jogar para a comunidade o processo do planejamento, mas deixar claro

como será feito, bem como abrir espaços para que os participantes construam novas

maneiras de atuar.

Ser gestor escolar na atualidade é estar disposto a usar a sua liderança para

conduzir o processo de planejamento estratégico, participativo e de qualidade total com

base em um método científico que esteja a serviço dos participantes da escola. Construir

em conjunto atitudes e regras, analisar práticas, satisfazer as necessidades verificadas

propor e escolher ações, mesmo porque não basta fazer bem as coisas, mas fazer as

coisas certas.

Não é colocando o aluno ou o conteúdo como centro da escola que os

problemas se resolvem, pelo contrário, partir-se-á para o autoritarismo. O que se

defende hoje, pela maioria dos teóricos é que o PPP (Projeto Político Pedagógico) da

instituição, construído a partir de um planejamento participativo dentro da dinâmica de

ação-reflexão pela qual se aprende fazendo, é a garantia de um processo educativo de

qualidade (GANDIN in Fetzner e Menezes, 2012).

O PPP (Projeto Político Pedagógico) é o documento principal da escola sobre o

qual toda a comunidade escolar deve ter conhecimento porque ele é a expressão da

cultura local que tem características peculiares, próprias da região na qual a escola está

inserida. É o reflexo do potencial humano que ali se encontra, por isso mesmo flexível e

aberto às mudanças necessárias. Na verdade, é uma sistematização do que se quer na

prática escolar cotidiana, mas que se reorganiza com o tempo, muda ou se aperfeiçoa

porque é um planejamento construído a partir de escolhas, opções assumidas

coletivamente e que exige condições concretas para a sua efetivação no ambiente

escolar.

Eis o que expressa o PPP da Escola Estadual do Campo Cristo Rei de Barra

Bonita sobre a filosofia e os princípios didáticos pedagógicos desta instituição de

ensino:

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Os aspectos didático-pedagógicos do processo ensino-aprendizagem deverão

ser caracterizados em um resgate dos sujeitos do campo que historicamente

tiveram negado o direito a uma educação de qualidade, uma vez que os

modelos pedagógicos ora marginalizavam os sujeitos do campo, ora

vinculavam-se ao mundo urbano, ignorando a diversidade sociocultural do

povo brasileiro, especialmente aquela expressa na prática social dos diversos

sujeitos do campo. Estes sujeitos do campo têm direito a uma educação

pensada, desde o seu lugar e com a sua participação, vinculada à sua cultura e

as suas necessidades humanas e sociais. Sendo assim, o presente Projeto

Político Pedagógico denota um importante instrumento para a construção de

uma educação pública e gratuita de qualidade, presente e que respeite e

valorize a diversidade humana, contribuindo assim para a construção de uma

sociedade cada vez mais justa e solidária (PPP, 2012, p.5-6).

Não existe uma sociedade desenvolvida se a educação não for. Por isso é preciso

organizar democraticamente e de maneira urgente o coletivo escolar para desafiá-lo a

agir contra a ideologia imposta através da educação, proporcionando à sociedade, desde

o Ensino Fundamental até o Ensino Superior, respostas comprometidas com a formação

humana e cidadã, a fim de fortalecer o desenvolvimento moral, afetivo, cognitivo, social

e físico de todo o ser em formação, tornando-o assim independente e preparado para

assumir novos papeis no futuro.

A partir do início do século XX, duas formas de organização do sistema fabril

tornaram-se significativas: o taylorismo e o fordismo. Dentro do princípio

taylorista/fordista, as ações de planejamento e de produção industrial eram separadas.

Enquanto a gerência planejava, o operário executava as ordens e tarefas que lhe eram

determinadas. Princípios administrativos estes adotados a partir de estudos científicos

minuciosos que incluíam planejamento, preparação, execução, controle e exploração

dos trabalhadores, objetivando tão somente a produção em massa e a colocação do

produto no mercado a custo menor e em menor tempo para obter maior lucro através do

consumo em massa. No processo da produção desse período havia uma rígida divisão

técnica do trabalho, padronização e atividades repetitivas dentro de uma tarefa

específica.

A sociedade atual, deixando para trás o velho princípio da produção industrial

taylorista/fordista, que vigorou no século XX, encontra-se em um novo paradigma

tecnológico completamente globalizado, diferenciado e apoiado na microeletrônica, cuja

característica principal é a flexibilidade e as palavras de ordem são qualidade e

competitividade. Exige-se do trabalhador a incorporação da capacidade de decifrar

códigos e linguagens, o domínio de uma língua estrangeira, o aperfeiçoamento

contínuo, um posicionamento ético e criativo, comprometimento e responsabilidade.

Um mercado de trabalho onde só entra o altamente qualificado o que gera uma grande

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massa de excluídos. Sobre a necessidade da democratização do saber socialmente

produzido, Ferreira argumenta:

Parece haver contradição quando se verifica que os trabalhadores dos setores

menos automatizados têm que se utilizar de conhecimentos e destrezas

específicas, tendo o primeiro grau completo como requisito, enquanto os que

trabalham nos setores mais automatizados e apenas alimentam, vigiam as

máquinas, controlando a existência de problemas por meio de mensagens

emitidas na tela do computador, para o que se exige apenas a memorização das

teclas a serem acionadas sempre que tal situação ocorre, exige-se como

requisito, segundo grau completo (FERREIRA,2013, p. 55).

As tendências e os desafios da educação passam pelas profundas modificações

do sistema de produção que vigora no país, onde as novas relações entre trabalho,

cultura, ciência e tecnologia exige outro projeto pedagógico para formar intelectuais/

trabalhadores, cidadãos/ produtores a fim de atender as novas demandas da economia

global.

No entanto, hoje em pleno século XXI, depois de tantas descobertas e ampliação

de horizontes, possibilidades de exploração e dominação dos seres humanos, grandes

revoluções eletrônicas como a automação e robotização e científicas como as

microbiológicas, o homem e a mulher sentem-se perdidos. A dificuldade em organizar-

se por causa da descentralização do processo produtivo diminui a consciência dos

direitos sociais dos trabalhadores.

Todavia, a aposta na educação básica de qualidade para todos é a

democratização possível, onde os conteúdos tradicionalmente ensinados para uma

camada restrita da população passem a ser requisitos mínimos para a maioria dos

estudantes brasileiros. Por isso na escola é necessário existir um coletivo preocupado

em defender as relações humanas bem como a qualidade dessas relações, haja vista que

isso irá determinar a qualidade do que será ensinado.

Politizar não quer dizer reduzir tudo ao político, mas não se pode ignorar a

função política de todo processo pedagógico. Existem muitas escolas no Paraná que têm

Grêmios implantados e ativos, outras lutam para implantar a referida instância e ainda

outras tantas irão reativá-los porque a existência dos Grêmios é hoje uma política

educacional que visa completar o grupo que compõe as instâncias colegiadas de uma

escola que são quatro: APMF, Conselho de Classe, Grêmio Estudantil e Conselho

Escolar.

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APMF

Fonte: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=60

A Associação de Pais, Mestres e Funcionários é constituída na escola por prazo

indeterminado, sem fins lucrativos, sem caráter político-partidário, religioso, racial, que

possui Estatuto próprio e seus representantes não são remunerados. Busca soluções para

os problemas do coletivo escolar zelando pela qualidade da educação da escola pública

e presta contas à comunidade dos recursos financeiros que administra.

Para receber recursos financeiros dos órgãos municipais, estaduais e até

internacionais, a APMF de um estabelecimento escolar deve apresentar os seguintes

documentos: Estatuto registrado em cartório de títulos e documentos – Registro Civil de

Pessoas Jurídicas; Ata da Eleição da Diretoria Atual, registrado em Cartório; Cartão de

Inscrição do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNPJ; Certidão Liberatória do

Tribunal de Contas do Estado; Lei de Utilidade Pública; Certidão Negativa de Débito do

INSS; Declaração de Imposto de Renda; DCTF – Declaração de Débitos e Créditos

Financeiros. A APMF também pode arrecadar fundos através de atividades como festas,

gincanas e doações.

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Conselho de Classe

Fonte: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=60

O Conselho de Classe é composto por professores, professores pedagogos,

supervisores, alunos e/ou seus representantes que se reúnem periodicamente para

realizar uma discussão pedagógica que, segundo Dalben (2004), é parte integrante do

processo de avaliação desenvolvido pela escola.

Na escola onde a gestão democrática é real, o Conselho de Classe desempenha o

papel de autoavaliação, avaliação dos alunos e das práticas escolares com o objetivo de

diagnosticar a razão das dificuldades dos alunos, da própria instituição de ensino na

figura de seus professores e da organização escolar.

Feito o diagnóstico dos problemas existentes no âmbito escolar cabe à direção da

escola garantir à equipe pedagógica e aos professores o direito de estabelecer princípios,

finalidades e objetivos para apontar encaminhamentos pedagógicos a fim de superar as

dificuldades encontradas.

Grêmio Estudantil

Fonte: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=60

O Grêmio Estudantil é a representação legal dos estudantes democraticamente

instituída pela comunidade escolar que tem a função principal integrar os alunos entre

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si, defender seus interesses e necessidades dentro da Unidade Escolar. É um espaço

aberto a todos os alunos para a troca de ideias, opiniões, anseios, reivindicações, luta

pela aprendizagem de qualidade, cidadania, direitos, responsabilidades.

É uma instância que possui normas próprias definidas de forma clara e

consistente respaldada no Estatuto do Grêmio Estudantil, proposto pela SEED

(Secretaria da Educação do Paraná) e que desenvolve atividades através de um plano

anual aprovado pelo Conselho de representantes de turma e do Conselho Escolar.

Como órgão colegiado, o Grêmio Estudantil tem o direito de organizar diversas

atividades recreativas, culturais e sociais na escola, com a ressalva de não utilizar o

espaço das aulas para realizar promoções sem aval de outros órgãos colegiados e afetar

com suas promoções a quantidade de dias letivos.

Depois de implantada em uma escola, a Instância Colegiada dos Estudantes,

pode promover eventos culturais e esportivos como festivais de música, dança,

campeonatos nas diversas modalidades esportivas, teatro, gincanas, palestras,

campanhas de alimentos, agasalhos, debates sobre a indisciplina discente ou falta de

interesse na aprendizagem escolar, organizar jornais ou fazer programas na rádio local

sobre temas que interessem aos adolescentes e jovens.

A instância colegiada estudantil, através de sua participação ativa na gestão

escolar, fortalece a educação, a ética e a democracia. Um Grêmio Estudantil,

conhecedor do seu papel politizador no meio escolar, torna-se atuante dentro da sua

realidade promovendo atividades que amenizam as dificuldades e desafios enfrentados

pelos alunos da comunidade local.

Espera-se que com a implantação do Grêmio Estudantil no Colégio Cristo Rei de

Barra Bonita não aconteça como descreve VASCONCELLOS (1994) em seu livro: de

início as organizações discentes como representantes de classe, grêmios, assembleias de

classe são até incentivadas na escola, mas a partir do momento que questionam questões

que mexem com a estrutura, começam a ser desprezadas ou reprimidas. Sua atuação na

escola deve ser incentivada como meio de formação para a cidadania e espaço de

desenvolvimento social.

Para bem educar é preciso sensibilidade, isto é, capacidade de se perceber, se

analisar, se autoconhecer, de modo a não transferir para os alunos nossas

carências e pendências emocionais, exigindo deles algo que não conseguimos

quando éramos alunos ou mesmo impedindo-os de chegar aonde nunca

chegamos (WAJNSZTEJN, A. et al, 2010, p.31).

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O Colégio Estadual Cristo Rei de Barra Bonita terá pela primeira vez o Grêmio

Estudantil implantado na escola. Depois de muito trabalho de leitura, diálogo e

conscientização espera-se que a Instância Colegiada Estudantil uma vez implantada seja

uma força politizada e ativa, sem medo de enfrentar os desafios como representação

estudantil do referido colégio.

Conselho Escolar

Fonte: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=60

O Conselho Escolar é o órgão máximo de direção de um estabelecimento de

ensino, composto por no máximo trinta pessoas e no mínimo dez, sendo que destas,

50% são pais, alunos e membros de movimentos sociais organizados da comunidade e

50% são professores e funcionários. Um dos objetivos do Conselho Escolar é ampliar a

participação da comunidade na construção de uma escola pública, laica, de qualidade,

gratuita e universal.

É a instância colegiada responsável pela aprovação e acompanhamento da

efetivação do Projeto Político Pedagógico da escola e pela tomada de decisões. Suas

reuniões devem ser periódicas e seu papel é de elaborar, normatizar, aconselhar e

fiscalizar as ações da escola no âmbito pedagógico, administrativo e financeiro.

O Conselho Escolar tem como objetivo deliberar sobre as normas internas e o

funcionamento da escola, analisar as questões encaminhadas pelos diversos segmentos

da escola, propor sugestões, acompanhar a execução das ações pedagógicas,

administrativas e financeiras da escola e mobilizar a comunidade escolar e local para a

participação em atividades em prol da melhoria da qualidade da educação.

A ação transformadora, segundo Gadotti (2012), só pode ser eficiente se vier da

teoria e da prática, embebida em uma postura crítica. E quem deve tomar esta atitude

são todos os agentes e parceiros da educação se informando sobre a filosofia da

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educação que deverá, através da reflexão, ajudar na solução dos problemas

educacionais.

Papel das Instâncias Colegiadas na Escola

A existência das Instâncias Colegiadas na Escola é um sinal evidente de que a

escola atual não é a mesma instituição escolar das décadas passadas. A escola, de forma

lenta e gradual, tornou-se um ambiente aberto para a participação ativa da comunidade,

através de representantes nos colegiados escolares.

Espera-se que as Instâncias Colegiadas como um todo atuem na escola através

da escuta, informação, reflexão crítica sobre as ideologias presentes na educação,

métodos, conteúdos, estruturas, recursos, afronta às questões, opiniões e ideologias e

consigam instaurar um diálogo fecundo entre o passado e o presente dentro de uma

linha de ação na práxis educativa da escola e assim executem muito bem o que é de sua

competência.

4. CRONOGRAMA:

MOMENTO ATIVIDADE DURAÇÃO

1º Acolhida e Dinâmica: Casamento em Alto Mar 15 min

2º Exposição sobre a gestão democrática, Projeto

Político Pedagógico, Instâncias Colegiadas da

Escola.

45 min

3º Formação de grupos para a leitura e discussão do

material disponível sobre Grêmio Estudantil no site

Dia a Dia Educação, com apresentações em forma

de seminário.

1h20min

4º Leitura e discussão, em grupos de três pessoas, de

textos sobre diversos temas referentes à educação.

30 minutos

5º Seção de vídeos como reforço dos conteúdos

trabalhados. Breve reflexão sobre cada um deles.

50 minutos

6º Avaliação do evento: aspectos positivos e

negativos.

20 minutos

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5. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO:

1º Momento: Breve introdução ao tema e dinâmica: Casamento em Alto Mar

Entregar o texto a cada participante, pedindo que, após a leitura, classifique os

personagens conforme orientado ao final do texto.

Conforme a história, um casal de noivos marcou seu casamento e decidiu

realizar a cerimônia em alto mar. Eles tomaram um barco conduzido por um experiente

marinheiro, uma senhora e um amigo do noivo. Durante a viagem, veio uma tempestade

muito forte, e o noivo foi tragado pela água, perdendo-se no mar. A noiva procurou o

marinheiro e implorou para que ele resgatasse seu noivo. O marinheiro propôs, levando

em conta que ela não tinha dinheiro suficiente para pagar por um serviço tão perigoso,

que pelo menos cortasse um dedo de sua mão esquerda como prova de amor. A noiva,

sem saber que decisão tomar, pensou que a velha senhora pudesse ajudá-la com sua

sabedoria. A senhora disse: Faça o que quiser, não posso decidir por você. Depois de

pensar muito, decidiu aceitar a proposta do marinheiro, pedindo ao amigo de seu noivo

que a ajudasse a cortar o dedo. O marinheiro então, cumprindo sua promessa, resgatou o

jovem noivo do mar. Logo que recobrou os sentidos e soube do acontecido, virou-se

para a noiva e disse que não casaria mais com ela, pois não conseguiria vê-la sem um

dos dedos da mão. O amigo do noivo, ao ouvir sua decisão, imediatamente propôs à

jovem casar-se com ela. A jovem não só aceitou a proposta como pediu ao marinheiro

que jogasse novamente seu antigo noivo ao mar. Individualmente, classifique os

personagens da história de 01 a 05, sendo:

1 = Pior

5 = Melhor

( ) Noiva

( ) Noivo

( ) Amigo do noivo

( ) Marinheiro

( ) Velha senhora

Após todos completarem a resposta, pedir que o grupo chegue a um consenso,

observando durante a discussão as atitudes de liderança, comunicação, flexibilidade e

consenso. Concordo/Discordo.

2º Momento: Exposição oral dialogada sobre a gestão democrática (slides em

Datashow) e espaço livre para possíveis complementações e questionamentos.

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3º Momento:

Dividir os participantes em grupos de três componentes, através de um quebra-

cabeça de figuras, referentes à educação, como imagens de sala de aula, prédio escolar,

biblioteca, quadra de esportes, livro didático, etc., para a montagem e formação dos

grupos. Em seguida distribuir para cada grupo formado um a dois itens referentes ao

Grêmio Estudantil disponíveis no site Dia a Dia Educação. (Obs.: Levar cópias dos

mesmos textos para eventuais contratempos em relação ao acesso à Internet).

Distribuição dos temas conforme site http://www.alunos.diaadia.pr.gov.br/index.php, a

serem estudados pelos diferentes grupos formados em relação à organização do Grêmio

Estudantil na escola.

Grupo Amarelo: ‘O que é? Ações do Grêmio’;

Grupo Marrom: ‘Leis’;

Grupo Vermelho: ‘Como formar’ (p.1-11) e Cap. I a III disponíveis nas p.13 a

18;

Grupo Branco: ‘Como formar’ (p.1-11) e Cap. IV a VIII disponíveis nas p.18 a

21;

Grupo Verde: ‘Modelos de documentos’;

Grupo azul: ‘Links interessantes e contato’;

4º Momento: Ler os textos abaixo e socializar em dupla, fazendo rodízio de

forma linear (colocam-se as carteiras ou cadeiras em duas fileiras uma em frente

da outra a fim de acontecer a troca contínua de parceria para a fala e a escuta

sobre o texto lido, com o tempo cronometrado).

a) SOBREIRA, L. N. A luta por uma educação no campo. Mundo Jovem,

Porto Alegre, RS, n. 437, p. 4, jun. 2013.

b) TROMBETA, S. Educar para a autonomia. Mundo Jovem, Porto

Alegre, RS, n. 431, p. 5, out. 2012.

c) BENINCÁ, D. Para fortalecer a democracia. Mundo Jovem, Porto

Alegre, RS, n. 419, p. 15, ago. 2011.

d) PIES, N.A. Custo da indiferença. Mundo Jovem, Porto Alegre, RS, n.

403, p. 15, fev. 2010.

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e) SEVILLANO, D. C. Grêmio Estudantil e participação política. Mundo

Jovem, Porto Alegre, RS, n. 425, p. 10, abr. 2012.

f) Jovens, movimentos e conquistas sociais. Mundo Jovem, Porto Alegre,

RS, n. 425, p. 11, abr .2012.

g) DEMO, P. Temos que reinventar a educação brasileira. Mundo Jovem,

Porto Alegre, RS, n. 441, p. 12-13, out. 2013.

5º Momento: Assistir os vídeos:

Aprendizagem significativa - O Segredo de Beethoven (12 min);

Comentário: 3 a 5 min.

De onde vêm as boas ideias (5 min).

Comentário: 3 a 5 min.

Mensagem do líder religioso Papa Francisco sobre jovens e crianças (10 min)

Comentário: 3 a 5 min.

6° momento: Avaliar o evento em grupos de três pessoas sobre os aspectos

negativos e positivos das atividades do dia.

6. MATERIAIS DE APOIO PEDAGÓGICO: Datashow, folhas de papel sulfite, pincel atômico, cópias dos textos e do Projeto

Político Pedagógico da Escola, canetas ou lápis, notebook, cartolina, recortes de

revistas.

7. REFERÊNCIAS:

A convivência humana pode ser melhor http://www.mundojovem.com.br/entrevistas/edicao-345-entrevista-a-convivencia-

humana-pode-ser-melhor. Mundo Jovem, Ed. 345, 04/2004. Acesso em 11 de novembro

de 2013.

Aprendizagem Significativa. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=PGoau28tSWU Acesso em 06 de setembro de 2013.

Conversa com o papa Francisco. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=DO9HnYLYVqE. Acesso em 06 de setembro de

2013.

Curso Experimental 02 - profa. Edméia. Disponível em :

http://www.moodle.ufba.br/course/view.php?id=1854. Acesso em 31 de outubro de

2013.

De onde vêm as boas ideias? Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=a1KyeQYit1 Acesso em 06 de setembro de 2013.

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FORACCHI, M.M. O Estudante e a Transformação da Sociedade Brasileira. São

Paulo: Cia Ed. Nacional. V.17, 1965, 313 p.

GADOTTI, Moacir. Educação e Poder: Introdução à Pedagogia do Conflito. 16 ed.

São Paulo: Cortez, 2012, 190 p.

GALINA, Irene de Fátima. Instâncias colegiadas: espaços de participação na gestão

Democrática da escola pública. Maringá, 2008.

GAZETA DO POVO. Pão e Circo. 18 e 19 de julho de 2013.

Gestão democrática na Educação: Princípios.

http://www.teresiano.g12.br/teresiano/artigos/docs/0014.pdf. Acesso em 03 de julho de

2013.

Grêmio Estudantil. http://www.alunos.diaadia.pr.gov.br/index.php. Acesso em 03 de

novembro de 2013.

GRÊMIO LIVRE ESTUDANTIL DO CEFET-MG - Gestão 2001/2002. Estudo aos

Grêmios. Janeiro de 2003. 27 p. Disponível em:

http://pt.scribd.com/doc/91030579/Estudo-aos-Gremios-Estudantis/ Acesso em 27 de

maio de 2013.

HISTÓRIA DA UNE. Depoimentos de ex-dirigentes. Vol.1 São Paulo: Livramento,

1980, 120 p.

HOPKINS, David. Liderança sistêmica na escolar. Ed. Moderna, 2007, 30 p.

INSTÂNCIAS COLEGIADAS.

http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=

60. Acesso em 27 de maio 2013.

ISTO É. Reportagem Especial: A voz das ruas se impõe, assusta os políticos,

conquista vitórias e mostra que veio para ficar. N° 2275, Ano 37, 26/06/2013.

JORNAL MUNDO JOVEM. Um jornal de ideias. n° 403. 02/2010; n°419. 08/2011;

n°425.04 e 12/2012. n° 437,07/2013;

LÜCK, H. Ação integrada: Administração, Supervisão e Orientação Educacional.

11 ed. Ed. Vozes, Petrópolis, 1994.

LÜCK, H.et al. A Escola Participativa: O trabalho do gestor escolar. Petrópolis, RJ:

Vozes, 2005, 159 p.

OLIVEIRA. M. A. M. (Org.). Gestão Educacional: novos olhares, novas

abordagens. 9ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012, 119 p.

PARO, V. Educação Como Exercício do Poder: Crítica ao Senso Comum Em

Educação. 2ª ed. Cortez, 2010.

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO. Colégio Estadual do Campo Cristo Rei.

Secretaria da Educação do Estado do Paraná, 2012.

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30

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ. 900 escolas contam

com grêmios estudantis.

http://www.educacao.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=4292. Acesso em

03 de novembro de 2013.

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ. Consulta Escolas.

http://www.consultaescolas.pr.gov.br/consultaescolas. Acesso em 03 de novembro de

2013.

TAVARES, M. Reflexões sobre a escola. Curitiba: Juruá, 2009, 160 p.

Todo o poder a elas: o reconhecimento da liderança feminina como uma medida para

garantir direitos e algumas notas sobre o seu empoderamento.

http://relacoesinternacionais.com.br/direitos-humanos/todo-poder-elas-reconhecimento-

da-lideranca-feminina-como-uma-medida-para-garantir-direitos-algumas-notas-sobre-

seu-empoderamento/ Acesso em 10 de novembro de 2013.

VASCONCELLOS. C.S. Disciplina: construção da Disciplina Consciente e

Interativa em Sala de Aula e na Escola. São Paulo: Libertad, v.4, 1994, 112 p.

Violência contra as mulheres: A Lei Maria da Penha já está em vigor.

http://www.contee.org.br/secretarias/etnia/materia_23.htm Acesso em 11 de novembro

de 2013.

WAJNSZTEJN, A. et al. Desenvolvimento Cognitivo e a Aprendizagem Escolar: O

que o professor deve saber para ensinar bem? Curitiba: Ed. Melo, 2010, 128 p.

Page 32: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · são leis peculiares da Educação descrevem a gestão democrática como um direito fundamental da Educação. Ela aparece no art.

31

UNIDADE II

IMPLANTAÇÃO DA INSTÂNCIA COLEGIADA GRÊMIO ESTUDANTIL

“Gente simples fazendo coisas pequenas,

em lugares pouco importantes, realiza

mudanças extraordinárias”. (provérbio

africano).

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32

2. OBJETIVOS:

2.1 GERAL: Implantar a instância colegiada Grêmio Estudantil no Colégio Estadual

do Campo Cristo Rei de Barra Bonita.

2.2 ESPECÍFICOS:

2.2.1 Refletir sobre a participação histórica de jovens estudantes nos

movimentos sociais e políticos do país.

2.2.2 Entender o que são as Instâncias Colegiadas dentro da gestão

democrática educacional.

2.2.3 Conhecer as normas legais do colegiado discente previsto no Estatuto do

Grêmio Estudantil.

2.2.4 Formar uma comissão estudantil, a partir da eleição direta dos alunos da

escola, para que ela elabore o Estatuto preliminar do Grêmio Estudantil, organize a

Assembleia Geral dos Alunos para a sua aprovação e preparar o processo eleitoral.

2.2.5 Aprovar em Assembleia representativa o Estatuto do Grêmio Estudantil do

Colégio Estadual do Campo Cristo Rei de Barra Bonita.

2.2.6 Informar à comunidade local sobre a implantação do Grêmio Estudantil

na escola.

2.2.7 Realizar, por meio do voto secreto, a eleição da chapa representante do

Grêmio Estudantil.

2.2.8 Orientar a implantação do Grêmio Estudantil e auxiliar inicialmente a

chapa eleita na implementação do seu plano de ação.

UNIDADE II - IMPLANTAÇÃO DA INSTÂNCIA

COLEGIADA GRÊMIO ESTUDANTIL

1. IDENTIFICAÇÃO:

a) Público-alvo: Alunos do Ensino Fundamental e Médio do Colégio

Estadual do Campo Cristo Rei de Barra Bonita.

b) Duração: 3 horas/aula para cada turma (11 turmas) e 15 horas/aula no

contra turno para alunos representantes das turmas.

c) Total de horas/aula: 51 hora/aula.

d) Período de realização: Fevereiro a junho de 2014.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

3.1 Grêmio estudantil como um dos meios de politização do estudante

Poucos cidadãos reivindicam junto ao Estado os direitos que a cidadania lhes

fornece num determinado espaço geográfico. O mais interessante e assustador é que

todo cidadão paga altos impostos quando adquire qualquer produto, porém grande

maioria da população acha que o Estado lhe concede educação, saúde, assistência por

caridade. O que muitos não entendem claramente é que o Estado não doa, somente

administra, bem ou mal, os bens e os serviços dentro de um território legalmente

definido.

O Brasil, por exemplo, possui a maior biodiversidade do planeta e maior

detenção de bacias de água doce do mundo, e é uma potência econômica na produção de

alimentos. Porém, enfrenta, há séculos, altíssimos índices de desigualdade social por

causa da má distribuição de renda causadora da fome, da falta de moradia, desemprego,

êxodo rural em massa, em nível nacional, por causa da falta de assistência efetiva do

Estado ao pequeno agricultor.

Entender o que é ser cidadão, desfrutar dos direitos e ser cumpridor dos deveres

cabíveis depende de politização. A escola é um ambiente favorável para que isso

aconteça, visto que é o lugar frequentado por uma faixa etária desvinculada, na sua

maioria, das ideologias político-partidárias. Ela é o espaço onde se encontra a elite

pensante do país que tem como meta principal a formação integral do ser humano e o

seu preparo para o exercício pleno da cidadania.

Para que consiga formar cidadãos conscientes do seu papel social, a escola deve

oferecer um ensino de qualidade que torne os educandos seres autônomos, pensantes e

questionadores. Enfim, capazes de se enxergar não somente como vítimas de um

sistema econômico-social alienante, mas transformadores de sua realidade e dos que

estão ao seu redor, favorecendo assim toda a sociedade.

As metas estabelecidas no PNE devem ser cumpridas até 2020. Uma das

diretrizes do art. 2º do PNE 2011/2020 é a difusão dos princípios da equidade, do

respeito à diversidade e a gestão democrática da educação. Uma das estratégias para

atingir a meta sete que estabelece as médias nacionais para o IDEB é a seguinte:

Apoiar técnica e financeiramente a gestão escolar mediante transferência direta

de recursos financeiros à escola, com vistas à ampliação da participação da

comunidade escolar no planejamento e na aplicação dos recursos e o

desenvolvimento da gestão democrática efetiva (BRASIL. PNE, 7.8).

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Segundo a filosofia e os princípios didático-pedagógicos do PPP (Projeto

Político Pedagógico) do Colégio Estadual do Campo Cristo Rei, o educando que

frequentar o referido colégio será formado para o exercício da cidadania e qualificação

para o trabalho. Um dos objetivos gerais do Colégio é propiciar um ambiente educativo

voltado para a autonomia e participação do estudante.

A comunidade escolar do Colégio Estadual Cristo Rei – Ensino Fundamental e

Médio acredita que a educação é fundamental na transformação da realidade

que está posta. É através da educação que a sociedade poderá reverter seu

quadro de dificuldades, tendo cidadãos atuantes garantindo, assim, seu

progresso real. Deseja-se uma educação que forme cidadãos participativos,

capazes de tomar decisões, que sejam críticos, profissionais competentes que

acreditem em valores e os busquem, que sejam humanos e solidários uns com

os outros, mas que tenham o conhecimento e os ensinamentos da escola como

base para tudo isso e que estejam buscando sempre mais, em constante

aprendizado, adaptando-se num mundo em permanente mudança [...] (PPP,

2012, p.18).

O estabelecimento de ensino Colégio Estadual do Campo Cristo Rei almeja

construir uma sociedade mais justa, pautada em valores humanos onde a

individualidade da pessoa seja respeitada. Entretanto é necessário também conquistar

forças no coletivo para transformar a sociedade, e o início dessa mudança acontece a

partir no meio em que se vive. Através da implantação da instância colegiada do

Grêmio Estudantil, o Colégio contribuirá para o crescimento da consciência política

dos cidadãos da comunidade local.

Dantas e Caruso (2011) analisaram três experiências de educação política feitas

por diferentes órgãos em escolas públicas e privadas de São Paulo quanto à relevância

da politização aos jovens, participação política, organização de grêmios estudantis e

iniciação política dos estudantes. Para eles “a politização de uma sociedade é

pressuposto essencial ao bom funcionamento da democracia”.

A primeira ação analisada foi feita pelo Instituto Valores, no ano de 2005, e

atingiu mais de seis mil alunos em doze escolas públicas paulistanas. 1.091 alunos

responderam questionários sobre politização. Cerca de 80% do total dos jovens

entrevistados, entre 16 e 18 anos, declararam não se ter cadastrado no Tribunal Superior

Eleitoral, não atuar em ONGs, associações de bairro, sindicatos, partidos políticos e

outras esferas participativas e afirmaram buscar informações a respeito da política, em

porcentagem maior, na televisão.

Os dados coletados na pesquisa demonstraram que a vida pessoal dos jovens está

acima de qualquer realidade pública e que dependendo do valor oferecido venderiam

seu voto, contudo reconheciam como relevante o seu papel de cidadãos bem como a

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importância da educação política nas escolas e boa parte dos entrevistados não via todos

os representantes políticos como corruptos.

A segunda ação foi realizada em 2011 pelo parlamentar Vinicius Caruso, na

época com 17 anos. A ação se deu através de palestras sobre a importância da

participação política para 1.171 alunos, maioria entre 13 e 15 anos, em 13 escolas

públicas paulistanas, sobretudo do Ensino Fundamental, onde os estudantes

responderam a um questionário, no final da palestra. Dados obtidos demonstraram que

os estudantes não têm interesse e desconhecem programas de formação política no

Brasil como o Parlamento Jovem, mas sabem o que são grêmios estudantis e a

necessidade desta agremiação para o estudante. Declararam também a vontade em

participar da vida comunitária.

A terceira ação, desenvolvida por cientistas políticos nos Centros de Integração

da Cidadania (CIC) da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São

Paulo, foi um curso de Iniciação Política com 12 horas/aula, distribuído em três

encontros para as escolas do Ensino Médio mais próximas dos postos do CIC. As três

unidades escolares atingidas no primeiro semestre com alunos do Ensino Médio, os

quais responderam formulários ao final do curso, revelaram que os alunos buscam

informação política em vários meios de comunicação. Apesar do bom resultado em

relação à obtenção do título de eleitor, a maioria dos alunos não votou em 2010 e alguns

afirmam ter esquecido.

Ao serem questionados porque se interessaram pelo Curso de Iniciação Política,

a metade dos participantes apontou motivos pessoais, profissionais e educacionais e não

políticos. O resultado positivo demonstrado pelos alunos do Ensino Médio, no final do

curso, ficou em relação à procura por formação mais sólida acerca da política, dado que

demonstrou a preocupação do jovem em informar-se a respeito do assunto.

As três ações acima citadas, como exemplo de trabalho de pesquisa em escolas

paulistanas, revelam um público carente de ações quanto aos conteúdos de cidadania e

política. Esses dados apontam índices potenciais para que adquiram relevância na

educação tanto é que se chegou à conclusão de que escolarizar não é politizar e que

alunos do Ensino Médio levaram mais a sério as discussões a respeito da democracia e

da política por causa da maturidade.

O artigo disponível na Internet, denominado Estudo aos Grêmios, postado por

um representante do Grêmio do Cefet de Minas Gerais, fala dos desafios que em geral

são enfrentados durante a gestão de qualquer Grêmio Estudantil . Na visão do estudante,

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a rotatividade dos componentes faz com que os erros sejam repetidos por falta de

experiência dos novos membros e a existência das agremiações estudantis dominadas

por partidos políticos é um grande problema em boa parte das escolas.

O estudante argumentou que os Grêmios Estudantis, muitas vezes, atuam em

defesa de si e não representam o conjunto dos estudantes. Situou a escola como uma

parte do sistema capitalista que tem mentalidade consumista e individualista e isso

explica porque define desta maneira o rumo dos conteúdos educacionais.

Saiu em defesa da participação livre de qualquer estudante da escola no Grêmio

Estudantil, independentemente de fazer parte da chapa eleita ou não, e alertou os

leitores sobre a fala enganadora de chapas concorrentes que convencem com discursos

alienatórios os estudantes despolitizados e afirmou existir ajuda da direção da escola na

vitória de uma determinada chapa. Argumentou que os alunos mais velhos tem mais

coragem de entrar na instância estudantil, já os mais novos se sentem intimidados. Disse

também que muitos membros depois de eleitos não aguentam as pressões e fracassos

constantes e se afastam. Outros, para permanecerem, tornam-se cínicos ou frios.

3.2 Sociedade consumista x alienação

A sociedade capitalista prioriza a manutenção do mercado produtivo através do

consumo desenfreado o que faz com que as pessoas não tenham mais tempo para nada

além do trabalho, a fim de sobreviver em um sistema monopolista e alienador. O

mercado competitivo investe no estudante seja para formá-lo, desfrutar de seu trabalho

ou tê-lo como consumidor.

A mídia, em geral, faz da criança, do adolescente e do jovem os principais

consumidores de seus produtos, na maioria das vezes, supérfluos, tornando-os assim

alvo principal da indústria de produção dos bens como vestuário, comida, apostilas,

livros, cursos, concursos, testes de emprego e vocacionais, guias, enciclopédias,

atualidades, tudo isso facilitado pelo crédito fácil, quer das empresas quer do sistema

financeiro, próprio de uma sociedade consumista.

Segundo OLIVEIRA (2012), a produção capitalista formou um modelo de

cultura organizacional que se reflete na escola. Os valores humanos bem como as ações

humanas têm motivações econômicas, em que a lógica e o ritmo monótono têm o seu

espaço privilegiado, deixando forçosamente de lado a criatividade pessoal e subjetiva,

aspecto inerente a todo ser humano.

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[...] A ciência é ideologizada em função da produção que, em sua lógica,

subordina a educação, a política e mesmo o próprio lazer. Se, de um lado,

pressupõe-se a subjetividade, por outro a racionalidade com respeito aos fins

define cursos de ação de uma civilização voltada para o consumo, para o

ganho, para as vantagens individuais e para o poder. É o reino da mercadoria e

de sua administração (OLIVEIRA, 2012, p.36-37).

O que importa hoje, no mercado de trabalho, é ter conhecimentos e habilidades

para melhorar a qualidade e a competitividade que geram maior produtividade e

consequentemente a superexploração. Na fábrica, por exemplo, o trabalho é coletivo e

tem metas a cumprir por unidade onde uns substituem os outros sem problema. Mas

mesmo assim, com o trabalho empresarial coletivo, o individualismo está sendo

reforçado. O que se percebe é que quando a fábrica realizar o pleno domínio da lógica

capitalista construirá consigo uma sociedade violenta, miserável, destruidora e

desumana. Tudo isso porque na atualidade se tem uma sociedade bastante flexível em

relação à liberdade de escolha e rumo, mas com uma ideologia extremamente

alienadora, onde a disciplina e a ordem até parecem não existir mais.

A alienação decorrente do sistema produtivo e a carência da participação na vida

cidadã torna a política pública juvenil urgente já que o adolescente e o jovem estão

ainda bastante despolitizados e egoístas, atentos para os padrões de consumo, ditados

pela mídia dominante e passivos frente a um sistema capitalista explorador, que junto ao

Estado visa suprir o mercado produtivo preparando a mão de obra barata que atinge

consideravelmente a faixa etária mais jovem.

Porém, assim como o estudante precisa entender que ele tem como tarefa

transformar a ordem social, a sociedade por sua vez, deve lhe permitir conhecer o

conteúdo dos mecanismos que fragmentam a sua ação política. Ser estudante é uma

condição transitória, mas que não deve ser desprovida da base sólida de conhecimentos

dentro das perspectivas de futuro em que as experiências do presente serão redefinidas.

Por isso mesmo, é necessário que o movimento estudantil, como categoria

transitória ‘revolucionária’ com sentido transformador, se assente em unidade e

coerência de propósitos para ter seus objetivos de luta transmitidos e revigorados

sempre, a fim de que essa ação tenha continuidade ao longo das novas gerações

(FORACCHI, 1965).

O aluno, que faz parte do segmento mais numeroso da escola e que menos

participa da gestão escolar, hoje, em especial, é convidado a repensar o seu papel de

cidadão dentro da escola e contribuir na solução de problemas como sujeito ativo a fim

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de se preparar para a autonomia e cidadania. É necessário que esteja motivado a adquirir

conhecimentos suficientes para lutar contra a alienação de um sistema político,

econômico e social a partir da politização do ambiente escolar.

A educação de qualidade e a formação política não são somente tarefas da

unidade escolar e sim de toda a comunidade. Para que estas possam ser efetivadas é

preciso repensar o espaço que ocupam na escola. Aí entra o papel da gestão democrática

que deve, por sua vez, proporcionar oportunidades para que, em especial, as instâncias

colegiadas das quais fazem parte o Conselho Escolar, o Grêmio Estudantil, o Conselho

de Classe e a APMF adquiram cada vez mais voz na participação do processo de gerir a

escola e assim ter influência positiva no ensino escolar de qualidade.

3. 3 Histórico do movimento estudantil no Brasil

Desde o início do século XVIII, os estudantes brasileiros cumpriram papel

relevante na construção do país. Participantes ativos e corajosos nos acontecimentos e

lutas, organizados e engajados a seu modo e em diferentes momentos históricos do

país, contribuíram para as mudanças e melhorias de vida do povo brasileiro.

A partir de 1937, já organizados em nível nacional, através da UNE (União

Nacional dos Estudantes) e por meio de outras organizações estudantis, em nível

estadual ou municipal, lutaram contra a repressão do governo de Getúlio Vargas, da

ditadura militar e se mostraram fortes em prol da Reforma Universitária. Participaram

do movimento pelas eleições diretas, as chamadas “ Diretas-Já’’ em 1984 e do processo

de “impeachment” do presidente da República Fernando Collor de Mello em 1992. No

ano de 2013, mostraram mais uma vez que fazem a diferença na luta contra a injustiça e

a corrupção política do país.

A História nos conta que durante o Brasil colônia, quando a armada francesa

constituída por seis navios e uma média de 1.200 homens, liderada pelo comandante

Jean-François Duclerc, invadiu a Baía de Guanabara, em fins de agosto de 1710, para

atacar o porto da cidade do Rio de Janeiro, por onde era escoado o ouro das Minas

Gerais, os estudantes do Colégio Jesuítico comandados pelo sertanista Bento Amaral

Coutinho, que faleceu no combate, junto com os habitantes do local, enfrentaram o

exército francês, inclusive prendendo o comandante Duclerc.

É notória a participação dos jovens em movimentos anteriores à independência

do Brasil, que embebidos das ideias liberais iluministas propagavam-nas em clubes e

sociedades secretas. Exemplo disso aconteceu durante a Inconfidência Mineira (1789),

quando jovens estudantes que voltaram do exterior apoiaram os líderes deste

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Movimento, pois os admiravam como defensores do Iluminismo, da Independência do

Brasil, da criação de Universidades, do desenvolvimento de indústrias e da criação do

serviço militar obrigatório no país.

No ano de 1827, acadêmicos da Faculdade de Direito do Largo de São

Francisco, em São Paulo, organizaram um movimento em favor da proclamação da

República e abolição da escravatura. E em 1897, os estudantes da Faculdade de Direito,

do estado da Bahia, divulgaram através de um documento escrito as atrocidades

cometidas por militares em Canudos (BA) entre 1896-1897, onde uma média de 20 mil

sertanejos foi morta por não aceitar a forma de governo republicana recém-instaurada.

Castro Alves, poeta romântico brasileiro, nascido na Bahia em 1847 e falecido

em 1871, aos 24 anos, foi um jovem estudante, admirado por homens e, em especial,

pelas mulheres, destacou-se pela defesa dos ideais abolicionistas e republicanos.

Através de suas produções literárias, debates públicos e conferências mobilizou a

sociedade brasileira da época, em prol de duas causas principais: a abolição da

escravatura e a proclamação da república no Brasil.

A entidade estudantil pioneira que iniciou o processo de organização dos

estudantes em entidades representativas, mas que permaneceu praticamente sem atuar

até 1910, quando foi realizado o I Congresso Nacional de Estudantes em São Paulo, foi

a Federação de Estudantes Brasileiros, criada em 1901. Segundo estudiosos dos

movimentos estudantis, a falta de unidade nacional na organização dos movimentos e a

ausência de programas de luta da época contribuíram para que esses, nesse período,

fossem transitórios e regionais.

Nas primeiras décadas do século XX, por causa do intenso processo imigratório

de estrangeiros europeus para o Brasil, que junto às bagagens trouxeram para o país sua

cultura e seus valores, o patriotismo no país precisava ser resgatado, pois muitos o

consideravam ameaçado pelos estrangeirismos. Tanto é que as primeiras lutas estudantis

mais organizadas ocorreram no Brasil entre 1900 e 1930.

Os jovens estudantes brasileiros desse período lutaram lado a lado dos

intelectuais em movimentos nacionalistas como durante a Campanha Civilista de Rui

Barbosa em 1910, defendendo um presidente civil no poder e na Campanha

Nacionalista de 1915, liderada pelo persuasivo poeta Olavo Bilac, que tinha como

objetivo maior “defender a Pátria”, ou em outras palavras, fazer de tudo pelo futuro do

país, em especial, pela instrução escolar, como dever urgente de formação patriótica,

profissional, militar e cívica do povo brasileiro.

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A Revolução Constitucionalista de 1932, conhecida com iniciais dos nomes de

quatro estudantes mortos no movimento, MMDC, mobilizou centenas de estudantes na

luta por uma Assembleia Constituinte que elaboraria a Constituição do país. A partir de

então houve maior engajamento dos jovens na formação de organizações como:

Juventude Comunista, a Juventude Integralista, a União Democrática Estudantil, a

Federação Vermelha dos Estudantes e a Frente Democrática da Mocidade.

Depois da fundação da UNE, em 1937, nasceram outras organizações estudantis

como as UEEs (Uniões Estaduais de Estudantes), CAs (Centros Acadêmicos), DCEs

(Diretórios Centrais de Estudantes), UBES (União Brasileira dos Estudantes

Secundaristas), fundada em 1948, e as UMES (União Municipal dos Estudantes

Secundaristas).

A primeira presidente da UNE foi a poetisa, tradutora e feminista carioca Ana

Amélia Queirós Carneiro de Mendonça, cofundadora da Casa do Estudante, em 1929.

Hoje a praça em frente à Esplanada do Castelo no Rio de Janeiro leva o seu nome.

Porém a fundação oficial da UNE (União Nacional dos Estudantes) foi realizada a partir

do II Congresso Nacional dos Estudantes, em 22 de dezembro de 1938, cujo patrono do

Congresso, foi o presidente Getúlio Vargas e quem coordenou os trabalhos foi o então

ministro da educação Gustavo Capanema.

Segundo Memória (2006), a participação dos estudantes na História do Brasil

coincide e apoia-se durante toda sua existência, nos direitos republicanos do

cidadão. Fundada em 1901, a Federação dos Estudantes Brasileiros em pouco

tempo estabeleceu caminhos e propostas que foram abraçadas como causa por

toda uma geração jovem. Encabeçando campanhas assistenciais e sociais,

tomando partido em discussões políticas, o Movimento Estudantil foi atuante

antes mesmo da criação da UNE (União Nacional dos Estudantes) em 1937 e

de sua legalização em 1942, pelo então presidente Getúlio Vargas (SOUZA;

LEMOS, 2008).

No período do Estado Novo, entre os anos de 1937 e 1945, a UNE organizou as

primeiras reuniões no salão com a participação de universitários e a presença de

renomados políticos de grandes partidos nacionais como a União Democrática Nacional

e o Partido Socialista Brasileiro. O mundo estava em guerra e muitos países europeus

tinham governos ditatoriais. O presidente Getúlio Vargas era aliado da Alemanha, Itália

e Japão e outros países que possuíam regimes totalitários, por isso havia mobilizações,

com a participação estudantil, contra o seu governo, na época.

No dia 10 de novembro de 1943, a UNE organizou a Passeata do Silêncio, dia

em que deveria ocorrer a eleição presidencial por determinação da Constituição

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Brasileira. A passeata ,como forma de protesto pelo não cumprimento da lei e pela volta

do governo democrático no país, acabou em violenta repressão policial que causou a

morte do estudante Jaime da Silva Teles.

A greve estudantil universitária de 1962 não somente exigia a participação dos

estudantes nos colegiados nas Universidades, mas pretendia uma Reforma Universitária

bem mais ampla, redefinindo a natureza das relações interpessoais entre alunos,

professores e administradores. Os estudantes perceberam que de nada adiantaria

reivindicar sem ampliar as bases de participação nos órgãos administrativos da

Universidade (FORACCHI, 1965).

Na década de 60, o movimento estudantil nacional chegou ao seu auge com as

reivindicações em favor do ensino público gratuito nacional e a luta pela reforma

universitária em toda a sua estrutura. O I SNRU (Seminário Nacional da Reforma

Universitária) ocorreu em Salvador, na Bahia, entre 20 a 27 de maio de 1961, e resultou

no documento chamado Declaração da Bahia. O II SNRU aconteceu em Curitiba, no

Paraná, entre 17 e 24 de março de 1962, do qual resultou a Carta do Paraná. Os

estudantes universitários reivindicaram, através destes documentos, ampla reforma

estrutural da universidade, a participação de um terço dos estudantes nos colegiados da

universidade e mudanças na LDB (Lei de Diretrizes e Bases).

Em 1962, o movimento estudantil iniciou em vários estados do país a

reivindicação do terço, conforme disposição da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da

Educação) de 20 de dezembro de 1961. Através da participação de um terço, o estudante

universitário teria direito a voz e voto nos órgãos colegiados de administração da

Universidade, definida no II SNRU, através da Carta do Paraná, mas essa participação

necessitava ser regulamentada pelos estatutos das Faculdades e Universidades. Na

época, os órgãos colegiados das universidades eram compostos pela Congregação,

Conselho Universitário e Conselhos Técnicos.

A Carta do Paraná propunha uma reforma humanizada de ensino; reivindicava a

divulgação das ciências e da técnica em nível popular; defendia reformas em toda a

estrutura universitária do país para atender a população das diferentes regiões do Brasil

bem como suas necessidades locais; declarava-se favorável à erradicação de qualquer

tipo de discriminação na seleção de alunos para adentrar o ensino universitário;

denunciava o uso incorreto dos recursos financeiros destinados à educação; reivindicava

novos estatutos para a Universidade e a mudança na Constituição brasileira que

estabelecia a cátedra vitalícia para os professores; considerava a LDB arcaica e cheia de

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ambiguidades e ecletismos; defendia o um terço da representação estudantil nos órgãos

colegiados da Universidade.

A partir do II SNRU, a UNE- Volante, uma caravana dos diretores da UNE e do

Centro Popular de Cultura (CPC) que reunia artistas de teatro, música, artes plásticas,

cinema, percorreu durante três meses, quase todas as capitais brasileiras realizando

assembleias, reuniões, defendendo a participação estudantil de um terço nos órgãos

colegiados e apresentando o tema da Reforma Universitária em peças teatrais como

meio de divulgar as análises e propostas dos seminários.

Art. 78. O corpo discente terá representação, com direito a voto, nos conselhos

universitários, nas congregações, e nos conselhos departamentais das

universidades e escolas superiores isoladas, na forma dos estatutos das

referidas entidades (BRASIL. LDB, 1961).

Esgotado o prazo da regulamentação do terço, o Conselho Nacional da UNE

decidiu promover Greve Nacional para o dia 1º de junho de 1962. A greve teve adesão

da maior parte das 40 universidades brasileiras da época (23 federais, 14 particulares e

três estaduais), que durou 3 meses. Entretanto o movimento não logrou grandes êxitos

porque enfrentou forte oposição, no interior do próprio movimento, de grupos de

universitários, em especial da FJD (Frente da Juventude Democrática), que articulou o

seu discurso junto ao contexto das reformas de base do governo do presidente João

Goulart e mostrou-se contrária às influências da esquerda dentro da UNE. A FJD

firmou-se na imprensa como a defensora da democracia e dos estudantes brasileiros

contra o perigo do comunismo da minoria da UNE.

O eixo da luta da UNE em 1962 foi a Reforma Universitária, mas nos

Seminários Nacionais de Reforma Universitária (SNRU), que ocorreram entre 1961 e

1963, onde havia estudantes de todas as regiões brasileiras, líderes sindicais e políticos

também se discutia sobre minérios, Amazônia, lutas anti-imperialistas capital

estrangeiro, reforma agrária, verbas para a educação, ensino público e gratuito para

todos.

No interior dos movimentos estudantis havia muitos representantes de esquerda.

Além das disputas estudantis, Carlos Lacerda, Governador de Guanabara (estado

brasileiro de 1960 a 1975, no território do atual município do Rio de Janeiro) e o reitor

da Universidade do Paraná, Flávio Suplicy de Lacerda, iniciaram uma forte campanha

contra a greve universitária por um terço. As divisões internas da UNE e a acusação da

entidade ser o principal intrumento do comunismo internacional fizeram com que em

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muitas universidades os estudantes paralisassem a greve e retornassem às aulas,

encerrando assim o movimento grevista em agosto de 1962.

A luta dos estudantes, na época, se fundia com a luta de todo o povo pela

transformação da sociedade brasileira. O ensino superior, por exemplo, era considerado

pelo governo, reitores de universidades, professores e pelos movimentos sociais,

superado para a realidade em que o Brasil se encontrava. O crescimento dos

movimentos de esquerda na política incomodava. O país necessitava adequar o ensino

às mudanças estruturais que ocorreram com a industrialização para dar continuidade às

reformas na economia rural e urbana.

No dia seguinte após o golpe militar de 31 de março de 1964, que destituiu o

presidente Goulart, a UNE foi extinta e sua sede incendiada. Em seu lugar foi criado o

Diretório Nacional dos Estudantes. Naquele momento, a UNE iniciava um longo

período de clandestinidade. Durante os 20 anos de ditadura militar no Brasil (1964-

1984), os jovens militantes se expressaram por meio de jornais clandestinos, músicas e

manifestações, apesar da intensa repressão, prisões e mortes por militares.

Em 1968, os estudantes participaram da passeata dos Cem Mil contra o abuso de

poder da Ditadura Militar. Este período político do Brasil contribuiu para a extinção dos

Grêmios Estudantis que foram substituídos pelos Centros Cívicos - os chamados

Centros do Cidadão, através do Decreto AI-5. Na década de 70, praticamente, não

houve manifestações devido às perseguições políticas e ilegalidade das organizações

estudantis no país.

Em 1984, os jovens estudantes tiveram uma participação fundamental junto aos

políticos progressistas quando saíram às ruas para reivindicar o fim da eleição indireta

do presidente da República, movimento conhecido como Diretas Já!, com o lema: “1, 2,

3, 4,5 mil. Queremos eleger o presidente do Brasil”. E o último episódio conhecido do

século XX que teve uma participação maior de jovens estudantes foi a manifestação dos

Caras Pintadas exigindo o “impeachment” do presidente Collor.

Em 1985, os esforços dos estudantes Universitários e Secundaristas foram

decisivos para a aprovação da Lei Federal nº 7398/85 que garante a

organização autônoma dos estudantes de primeiro e segundo graus, trazendo

mais uma vez para a legalidade o movimento estudantil (PESCUMA, 1990).

Assim, o processo de desenvolvimento da cidadania nas unidades escolares,

favorecendo que grupos sejam esclarecidos quanto a seus direitos e deveres,

alunos sintam-se motivados e curiosos em descobrir talentos dentro das

diversas linguagens, e sobretudo, possibilitando que a Escola se fortaleça como

origem da formação acadêmica do futuro cidadão atuante na sociedade, requer

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a conscientização do corpo discente no que se refere à sua importância para a

existência das organizações estudantis nesse espaço”(SOUZA; LEMOS, 2008).

Os estudantes da década de 60, através dos Centros Populares de Cultura de

1961, criados no Rio de Janeiro por intelectuais de esquerda, divulgaram a arte popular

revolucionária como o cinema, o teatro, a música, a literatura, as artes plásticas,

defenderam o caráter coletivo e didático da obra de arte e o engajamento político do

artista para politizar os trabalhadores da sociedade em geral.

A partir da década de 90 se instalou uma certa apatia dentro dos movimentos

tanto sociais quanto estudantis que partiram para a privacidade e para o individualismo

como reflexo de uma crise típica do mundo contemporâneo. A luta pela sobrevivência

tornou-se o fator de preocupação constante. Alguns autores afirmam que os movimentos

estudantis estariam sofrendo uma crise de divergências políticas internas e isso distancia

as lideranças da massa estudantil.

A UNE apostou na cultura dentro do movimento e desde 1999 é realizada a

Bienal de Arte, Ciência e Cultura da União Nacional dos Estudantes a cada dois anos e

tem caráter diferenciado dos Centros Populares de Cultura. A Bienal tem como objetivo

principal divulgar a produção artística realizada nas universidades, como cinema,

dança, teatro, literatura, poesia, vídeo e discutir temáticas que envolvem a Educação,

Tecnologia e Ciência.

Uma pesquisa de campo realizada por Marcos Ribeiro Mesquita no ano de 1999

visava enxergar a problemática do movimento estudantil em relação aos estudantes,

partidos políticos, o próprio movimento estudantil e seus ideários bem como ao

surgimento de novas linguagens e práticas emergentes no movimento. O pesquisador

coletou informações através de entrevistas com 17 jovens de diferentes grupos e

orientações políticas, durante o 46.º Congresso da União Nacional dos Estudantes

(CONUNE), em Belo Horizonte (MG), que aconteceu em julho e o Congresso Nacional

dos Estudantes de Agronomia (CONEA), realizado na cidade de Pelotas (RS), em

setembro.

A fala dos participantes do CONUNE e do CONEA demonstrou que o

movimento estudantil perdeu a sua característica revolucionária, quando com o passar

do tempo, tornou-se burocratizado, hierarquizado, centralizador, ultrapassado e

partidarizado pela esquerda. A crise no movimento também é vista como resultado da

crise dos movimentos sociais, da concorrência no mercado de trabalho, do

individualismo egoísta e da crise de valores na sociedade.

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Apesar de ter incorporado mecanismos como a proporcionalidade qualificada –

que garante a representatividade das variadas tendências em sua diretoria – e a

formação de secretarias temáticas que correspondem às demandas atuais e

gerais (secretaria de mulheres, antirracismo, cultura, meio-ambiente, etc.), o

formato fortemente institucionalizado da entidade enrijece a dinâmica própria

do movimento, bloqueando as possíveis experiências positivas que poderiam

advir desta nova estrutura[.. .](MESQUITA, M.R. 2003, p.124).

A justificativa que os estudantes dão hoje para não aderir à UNE é o descrédito

para com a entidade nacional que os representa. A União da Juventude Socialista

(UJS), grupo majoritário da direção da UNE, que atua na entidade desde 1991 até hoje,

está desacreditado. Segundo a fala de alguns militantes, a UJS manipula as decisões,

não leva em conta os anseios gerais dos estudantes e com seu discurso fechado e ações

político-partidárias, reforça o distanciamento. Como existem outros grupos de oposição

no movimento, não se chega ao consenso durante os Congressos atuais. Quando

acontecem eventos em que a UNE está envolvida, muitos estudantes não participam

porque sabem que não terão espaço.

O movimento passa assim, por uma crise de representatividade e

organicidade que se manifesta na sua intervenção fragmentada e na

pouca expressividade entre os estudantes. Existem momentos em que

esta crise se põe mais em evidência que outros. Entre os poucos

momentos de maior fluxo de participação dos estudantes nos últimos

anos, destacamos o Impeachment (MESQUITA, M.R. 2003, p.121).

O Estado totalitário no Brasil foi o responsável pela desestruturação das

organizações estudantis nas décadas passadas. Agora se tornou o incentivador da

organização. O artigo 1º da Lei Federal nº 7398, de 04 de novembro de 1985, assegura

aos estudantes do Ensino Fundamental e Médio o direito de se organizarem para

defender os interesses estudantis, e a Lei Estadual nº 11.057, de 17 de janeiro de 1995,

do Paraná, assegura a livre organização dos Grêmios Estudantis e inclusive proíbe

intervenções que venham prejudicar as atividades ou o livre funcionamento da Instância

Estudantil.

No ano de 2013, a pauta das reivindicações do 53º Congresso da UNE priorizou

a reivindicação pela assistência ao estudante, a não privatização do petróleo, a revisão

da lei da anistia, a punição dos criminosos da ditadura. Também apresentou à presidente

Dilma o pedido da desocupação do Haiti pelo exército brasileiro que faz parte da missão

de paz, criada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 30 de abril de 2004.

Hoje existe uma nova tentativa de reorganização da UNE. O movimento

estudantil está entre os novos movimentos sociais bem diferenciados do modelo

tradicional. Não inclui partidos, governos ou sindicatos, somente visa atingir interesses

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e pautas locais em determinado momento da realidade. Por isso, as atuais entidades

existentes com estrutura centralizada e hierárquica não conseguem contemplar as novas

características e demandas dos jovens, prejudicando assim a sua participação.

Segundo alguns estudantes não há comunicação entre os estudantes e as

entidades que os representam. Isso acontece, porque não há uma pauta real, uma

agenda clara dos elementos de luta estudantis. No entanto, existe a preocupação de

alguns militantes em conscientizar-se politicamente para então se comunicar, intervir

através da solidariedade, participação e ética, sem levar para interior do movimento

estudantil discussões de diferentes tendências políticas que automaticamente

discriminam e impõem sua ideologia, tornando o movimento um transmissor do

pensamento político-partidário.

A participação política estudantil no Brasil caracterizou-se pela memória de

lutas e conquistas, pela historiografia composta de fatos relevantes ao país que nasceu

das ligas, alianças, congressos, federações, centros e grêmios estudantis. Ter uma

entidade estudantil, no Brasil, reconhecida nacional e internacionalmente como a UNE,

é poder considerá-la o fruto da tomada de consciência da necessidade de organização

estudantil nacional e de caráter permanente.

As ideias que surgem para melhorar a participação são de reestruturar a entidade,

ampliar as temáticas no interior do movimento, lutar em prol da educação e contra o

neoliberalismo, em especial, lutar em prol do ensino superior público, gratuito de

qualidade e democrático, porque as IES (Universidades de Ensino Superior) privadas

cresceram no Brasil em níveis alarmantes.

Se nos anos 60 a ascensão social via um diploma universitário era uma

expectativa da classe média da qual basicamente o movimento estudantil

universitário era proveniente, no início do novo século, o trabalho e a

qualificação são as reivindicações realistas contra a exclusão de jovens

inseridos num sistema de ensino democratizado nas últimas décadas, mas que

não responde à falta de uma mobilidade social cada vez mais dificultada pelas

políticas neoliberais (MESQUITA, M.R. 2003, p.132).

No ano de 2013, a mobilização dos jovens foi através da tecnologia digital.

Resultou em um movimento de milhares de pessoas que protestaram nas ruas contra a

política corrupta, o investimento superfaturado nos estádios para a Copa de 2014 e

reivindicaram investimentos maiores e de qualidade nas áreas de saúde, educação, bem

como a redução das tarifas do transporte coletivo. Esta última reivindicação foi atendida

imediatamente pelos órgãos governamentais.

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Atualmente na América Latina e, em especial, no Brasil temos muitas

organizações estudantis atuantes. As mais conhecidas são:

Organização Continental Latino- Americana e Caribenha (OCLAE) que tem

sua sede em Cuba e realiza seus congressos a cada dois anos.

A União Nacional de Estudantes (UNE) realiza o Congresso Nacional de

Estudantes (CONUNE) a cada dois anos, quando também elege a diretoria.

Promove as Bienais, o Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA) e outras

atividades.

A União Estadual dos Estudantes (UEE) realiza os congressos a cada dois

anos para definir os rumos de atuação dos universitários no seu estado e eleger a

diretoria da entidade.

Diretório Central dos Estudantes (DCE) - representa o conjunto dos

estudantes de uma universidade que possui mais que quatro cursos. Realiza

eleições anuais ou bienais e promove debates, atividades culturais entre os

estudantes universitários.

O Diretório Acadêmico (DA) ou Centro Acadêmico (CA) representa os

estudantes de um curso da universidade. Atua junto ao DCE ( Diretório Central

dos Estudantes).

AS EXECUTIVAS DE CURSO - entidade que representa uma determinada

área de estudo da Universidade. Promove encontros nacionais de área.

ATLÉTICAS são associações esportivas de uma universidade. Atuam na

organização de campeonatos dentro das diversas modalidades.

UNIÃO BRASILEIRA DOS ESTUDANTES SECUNDARISTAS (UBES)-

representa os estudantes secundaristas do país, defende seus interesses, em

especial, relacionados à educação. Realiza seu congresso a cada dois anos para

rever o plano de ação e eleger a nova diretoria.

UNIÕES ESTADUAIS SECUNDARISTAS - representam os estudantes do

Ensino Fundamental, Médio e Técnico de cada estado. Os congressos bienais da

entidade elegem a diretoria e os delegados de cada instituição de ensino para os

Congressos da UBES.

A União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) representa os

estudantes do Ensino Fundamental, Médio e Técnico de um mesmo município.

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É ligada às Uniões Estaduais e à UBES e em seus congressos anuais ou bienais

elege os rumos da entidade e a nova diretoria.

Grêmio Estudantil entidade que representa o conjunto dos estudantes de uma

escola do ensino Fundamental, Médio ou Técnico. Possibilita a discussão sobre

os problemas gerais ou específicos da instituição de ensino, desenvolvendo e

promovendo a interação dos estudantes por meio de atividades culturais e

acadêmicas. Representa os estudantes da cada escola nos fóruns gerais do

movimento estudantil secundarista e promove o diálogo com as entidades gerais

(Uniões Estaduais e UBES). Realiza eleições anuais e também assembleias

gerais.

Associação de Pós-graduandos (APG) - entidade existente em cada

universidade para representar os estudantes de pós-graduação. Debate os

problemas e soluções locais para a área da pesquisa e pós-graduação. Atua junto

aos departamentos de cada instituição, promovendo encontros científicos,

seminários, atividades culturais e reivindicando os direitos dos estudantes.

Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) - entidade representativa

dos pós-graduandos brasileiros, estudantes de mestrado, doutorado, ou de outros

programas. Atende às demandas dos estudantes, como reajustes nas bolsas de

ensino e melhores condições para a realização da pesquisa no país. Defende a

ciência mais humanista e comprometida com as resoluções dos problemas

sociais do Brasil, aliando suas pautas às do movimento estudantil universitário e

secundarista.

O Grêmio Estudantil teve sua base fortalecida nos anos 60, mas não teve suporte

e maturidade para prosseguir como um movimento forte e estável. Tornou-se uma

organização frágil que não consegue concretizar os seus objetivos. Pode-se considerar

como causa dessa fragilidade o conhecimento precário dos movimentos dos estudantis

que adquire durante a escolarização básica.

Por ser um espaço de discussão aberto e democrático, o grêmio precisa, antes

de qualquer coisa, de gente. Não se trata de um clube para poucos, mas de um

local cujas portas devem estar abertas para a participação de qualquer aluno

que queira se manifestar. Portanto, antes de começar a discutir temas que

interessam ao corpo estudantil, é necessário mobilizar todos os alunos para que

eles possam se articular e participar das discussões futuras (Mundo Jovem, 04/

2012, p.10).

O jovem estudante deve conscientizar-se da importância em associar suas forças

às já existentes, e junto com estas contribuir para a modificação do meio social em que

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vive, inspirando-se na história da participação dos estudantes do nosso país. Há provas

contundentes que desmascaram a visão errônea de que o jovem é alienado. Ele sempre

agiu imprimindo conteúdo e direção aos movimentos. Esse mérito de força

transformadora ninguém lhe pode tirar.

O processo educativo desenvolvido com a agremiação estudantil pode ser uma

das maneiras de vencer as distâncias e restrições entre a escola e a realidade do

estudante, oferecendo aos discentes a oportunidade de envolver-se com os

componentes curriculares tornando-os significativos, postura pedagógica que,

segundo Lowenfeld e Brittain (1977), busca aproximar assuntos de interesse

dos alunos ao seu desenvolvimento escolar (SOUZA; LEMOS, 2012).

Durante a pesquisa nos livros e arquivos da web sobre a organização de

estudantes em movimentos nacionais, percebeu-se que os estudantes lutaram

concomitantemente aos problemas que a sociedade enfrentava no período. Engajavam-

se facilmente nos movimentos sociais e políticos iniciados por associações ou grupos

que saíam em defesa ou acusação de algo que estava ocorrendo no país. Então se

conclui que a sociedade brasileira na segunda década do século XX estava mais

empenhada na luta e o jovem a acompanhava.

O relato das iniciativas estudantis nos movimentos sociais do Brasil no decorrer

dos anos de sua história é um meio para mostrar aos alunos da Educação Básica que é

possível construir um país melhor, lutar por uma vida mais digna para todos, através da

participação, deixando de lado o comodismo e o individualismo.

Atualmente, o consumismo e o individualismo levam as pessoas a não olharem

pelo coletivo; a exploração é sutil e o caos econômico e político é camuflado pelo

assistencialismo das entidades governamentais; a ideologia do comodismo tomou conta

da maioria do povo. Torna-se necessário rever o porquê do descaso em relação à

politização e quem são as pessoas beneficiadas com o analfabetismo político, social e

econômico do povo. Os mais jovens não se engajam porque sentem a carência de

referenciais partidários e ideológicos consistentes.

No entanto o estudante tem que ter em mente que a vida humana é repleta de

desafios; entender que a partir do momento que se conquista direito a algo, também é

necessário assumir os deveres decorrentes dos direitos. Quando se tem acesso à escola e

pode-se frequentá-la livremente, por exemplo, adquire-se o dever de cumprir com a

função que ela exige de cada um. Se existe o direito de participar de uma instância

colegiada na escola, torna-se necessário comprometer-se em contribuir para que esse

direito se torne concreto. A partir da participação ativa dentro da instância colegiada

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Grêmio Estudantil, o estudante deverá desenvolver autonomamente uma postura cidadã

consciente.

Participar do Grêmio Estudantil, segundo a visão de muitos alunos, é discordar

das atitudes dos adultos, e discordar do adulto é perder espaço, é ultrapassar a

dependência benéfica, quebrar o vínculo emocional, perder a sensatez de respeito para

com os profissionais que atuam na instituição e por outra “perder tempo” quando a ideia

é formar-se e levar os sonhos adiante.

A existência do Grêmio Estudantil não é para insubordinar-se contra o adulto,

expulsar um determinado professor, contestar a direção, promover abaixo-assinados,

mas é para promover eventos que mobilizem a escola, inclusive para reivindicações ou

para diálogo com a direção ou instâncias superiores, para a troca de ideias sobre a

escola. No ano de 2013, foram visitadas todas as turmas do Ensino Fundamental e do

Ensino Médio do Colégio Estadual do Campo Cristo Rei para a divulgação do projeto

Implantação da Instância Colegiada Grêmio Estudantil com o objetivo maior de

despertar nos educandos a curiosidade em pesquisar sobre a Instância, trocar ideias com

os colegas professores e direção para que o trabalho de Implantação do Grêmio

Estudantil fosse amplamente divulgado e discutido anteriormente, visando uma solidez

posterior à implantação, que será no primeiro semestre do ano de 2014.

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Fonte: a autora. (2013) Turma do 9º ano do Colégio Estadual do Campo Cristo Rei.

Na história da educação brasileira a representação estudantil aparece junto com o

início do ensino secundário no país, no Colégio D. Pedro II, em 1837. Nessa ápoca,

mesmo sendo esse colégio destinado somente para os filhos da elite, pode-se afirmar

que a partir do surgimento de outros estabelecimentos de Ensino secundário no Brasil,

nasceram também os Grêmios Estudantis, que tiveram um importante papel na

formação da juventude brasileira.

Em 1946, os estudantes organizaram também o 1º Congresso Paulista dos

Estudantes Secundaristas para lutar em favor do reconhecimento da sua cidadania.

Atualmente, este movimento dos estudantes secundaristas luta pela implantação dos

grêmios estudantis nas escolas de ensino básico em São Paulo.

A luta dos estudantes durante todo o processo histórico é constituída de

interferências constantes dos órgãos governamentais até pelo fato do estado, por

exemplo, estimular a formação dos grêmios estudantis na escola e estabelecer as leis e o

estatuto que o rege. Mesmo com todo este aparato legal que por si só provavelmente

não seria criado, caberá aos estudantes politizar-se a partir de sua livre iniciativa, por

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meio de leituras referentes às entidades estudantis e participação nos encontros voltados

aos interesses estudantis.

A implantação do Grêmio Estudantil no Colégio Estadual Cristo Rei será um

processo de estudo, inquietações e novidades. Em primeiro lugar, os alunos serão

conscientizados de que a partir de junho de 2014 a escola terá as quatro instâncias

colegiadas e que podem conjuntamente propor mudanças na escola. Os alunos terão nas

aulas a fundamentação teórica necessária para entender os movimentos sociais do país,

a organização e a contribuição dos estudantes nesses movimentos, farão a eleição dos

representantes de turmas que no contra turno aprofundarão as normas legais do Grêmio

Estudantil e redigirão o Estatuto que será aprovado em Assembleia Geral dos

Estudantes.

Após a composição das chapas e o processo de campanha eleitoral feito na

escola e na comunidade local será realizada a eleição para o Grêmio Estudantil. A chapa

eleita será acompanhada por no mínimo dois meses para que sejam sanadas eventuais

dificuldades de consenso entre seus integrantes e para fins de maior amadurecimento do

grupo.

Como a escola nunca teve a Instância Colegiada Estudantil, todos os alunos

matriculados no Colégio Estadual do Campo Cristo Rei de Barra Bonita deverão

entender do que se trata e o que vem a ser a sua atuação na escola, segundo as normas

do Estatuto do Grêmio Estudantil. Em se tratando de alunos de colégio público, terão

que cumprir os objetivos estabelecidos no PPP do estabelecimento bem como as normas

do Regimento Escolar. Dentro do colegiado estudantil serão membros autônomos para

prosseguir com as suas atividades previstas no seu plano de ação, no referido

estabelecimento de ensino, como potencial de formação para a emancipação. Ficará a

cargo da consciência da instância representativa dos alunos da escola ser um mero

grupo hierárquico ou um grupo para reivindicar e propor mudanças no âmbito escolar

com um plano de ação bem elaborado, atas das reuniões em dia e calendário das ações

previstas.

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53

4. CRONOGRAMAS:

4.1 CRONOGRAMA DE TRABALHO COM TODAS AS TURMAS

A

T

I

V

I

D

A

D

E

S

PERÍODO CONTEÚDO CARGA

HORÁRIA

1ª AULA Dinâmica e introdução ao projeto de

implantação do Grêmio Estudantil.

50 MIN.

2ª AULA Explanação sobre o histórico do

Grêmio Estudantil.

50 MIN.

3ª AULA

Votação e escolha de três

representantes por turma.

50 MIN.

4.2 CRONOGRAMA DE TRABALHO COM OS

REPRESENTANTES DE TURMA NO CONTRA TURNO

A

T

I

V

I

D

A

D

E

S

E

N

C

O

N

T

R

O

CONTEÚDOS

Conhecer a regulamentação do

Estatuto do Grêmio Estudantil

do Estado Paraná;

Construir o Estatuto do

Grêmio Estudantil da Escola;

CARGA

HORÁRIA

5h/a

E

N

C

O

N

T

R

O

Aprovar o Estatuto do Grêmio

Estudantil.

Organizar as chapas concorrentes.

5h/a

CONTEÚDOS

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4.3 CRONOGRAMA DA ASSEMBLEIA GERAL NA ESCOLA

5. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO:

5.1 ATIVIDADES COM TODAS AS TURMAS

a) 1ª aula:

1º Momento: Apresentação geral do projeto de Implantação da Instância

Colegiada do Grêmio Estudantil no Colégio do Campo Cristo Rei de Barra

Bonita.

2º Momento: Dinâmica “A construção de torres”

Desenvolvimento: 8 a 32 participantes

O facilitador informa o fundo de cena dizendo: "Somos construtores de torres.

Nossa missão é construir torres. Torres de qualidade, quanto mais altas, melhor.”

Formam-se grupos de quatro pessoas. Cada grupo se compõe de um operário,

um supervisor e dois observadores. A tarefa consiste em o operário, com os olhos

vendados e sob a orientação do supervisor, montar a torre, feita de palitos de

fósforos colocados em paralelo, formando um quadrado, dois sobre dois. Os

observadores estarão tomando nota do que forem observando, tanto na relação entre

operário e o supervisor, quanto nos resultados atingidos. Cada dupla terá 3 minutos

E

N

C

O

N

T

R

O

Elaborar o plano de ação das

chapas.

Apresentar o plano de ação

das chapas para todos os

representantes de alunos,

pedagogos e direção.

5h/a

CONTEÚDO CARGA HORÁRIA

Aprovação do Estatuto do Grêmio

Estudantil. 1h/a

Apresentação do plano de ação das chapas

concorrentes à diretoria do Grêmio

Estudantil.

1h/a

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para construir sua torre. Em seguida, trocam-se os papéis. Num segundo momento

os observadores passam a viver a experiência de operário e supervisor, com os

outros dois colegas como observadores. Ao final o facilitador conduz uma discussão

dirigida indagando, por exemplo:

“Como vocês se sentiram enquanto operários?”

“E como se sentiram como supervisores?”

Na medida em que o grupo for expressando os seus sentimentos, o facilitador

começa a explorar o desenvolvimento do jogo:

“Quando observadores como vocês perceberam o andamento do processo?"

“Observaram alguma relação entre a forma de liderança e os resultados

alcançados”?

b) 2ª aula: Apresentação em slides e explicação sobre a história do movimento

estudantil e o Estatuto do Grêmio Estudantil.

c) 3ª aula:

1º Momento: Explanação sobre o perfil e características de um bom líder.

2º Momento: Votação e escolha de três representantes por sala de aula para

aprofundar (em contra turno) a temática do Grêmio Estudantil e organizar o

processo eleitoral.

5.2 ATIVIDADES COM OS REPRESENTANTES DE TURMA NO CONTRA

TURNO

a) 1º Encontro:

Conscientização da responsabilidade do grupo na continuidade do

processo da implantação do Grêmio Estudantil na escola;

Pesquisa sobre o Grêmio Estudantil e a sua legislação do site Dia a

dia Educação em grupos de 3 a 4 alunos e para cada grupo será

sorteado um tema para pesquisa na Internet sobre:

GRÊMIO ESTUDANTIL

Grupo 1: O que é?

Grupo 2: Como formar?

Grupo 3: Ações do Grêmio

Grupo 4: Documentos

Grupo 5: Modelo de Documentos

Grupo 6: Leis

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Grupo 7: Links Interessantes

Grupo 8: Vídeo

Vídeo: Sete dicas para ter boas ideias (3 minutos).

Comentário: 3 a 5 minutos.

Estudo e elaboração do Estatuto do Grêmio Estudantil;

b) 2º Encontro:

Aprovação do Estatuto do Grêmio Estudantil;

Constituição das chapas concorrentes para a eleição da diretoria do

Grêmio Estudantil;

c) 3º Encontro:

Elaboração do plano de ação das chapas.

5.3 ASSEMBLEIA GERAL DOS ESTUDANTES:

Votação do Estatuto do Grêmio Estudantil.

Apresentação do plano de ação das chapas concorrentes à diretoria do

Grêmio Estudantil.

6. MATERIAL PEDAGÓGICO: palitos de fósforo, vendas para os olhos

(dinâmica), quadro de giz, giz, caneta, caderno, Datashow, computador, papel sulfite,

cartolina, xérox de textos, tirinhas com frases sobre liderança.

7. REFERÊNCIAS: BLANCHARD, Ken. O Coração de um Líder: reflexões sobre a arte de influenciar

pessoas. Tradução de Maria Emília de Oliveira. Campinas, SP: Editora United Press,

1998, 158 p.

BOTO, C. Nacionalidade, escola e voto: a Liga Nacionalista de São Paulo.

Disponível em http://seer.fclar.unesp.br/perspectivas/article/view/1982. Acesso em

16 de novembro de 2013.

BRASIL. LDB (1996). Lei de Diretrizes e Bases da Educação: promulgada em 20 de

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http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3280. Acesso em 18

de novembro de 2013.

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de novembro de 2013.

CHAGAS, M. História da organização estudantil e os grêmios na atualidade.

Disponível em:

http://www.uel.br/grupoestudo/gaes/pages/arquivos/MARCOS%20artigo%20GT%2006

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%20JOVENS%20E%20ADULTOS%20NO%20BRASIL/JUVENTUDE%20E%20ESC

OLA%20NOVA%20DURANTE%20A%20ERA%20VARGAS.pdf Acesso em 18 de

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compreendem esta demanda. Disponível em:

http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/7445/politizacao_escolas_dantas

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DIA- A- DIA- EDUCAÇÃO. Grêmio Estudantil. [2011]

http://www.alunos.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=144

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UNIDADE III

PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NA ESCOLA

“Se os pais não participam,

a escola não vai para frente.”

(Cleuza Ramos).

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2. OBJETIVO: Compreender a importância dos pais no acompanhamento dos filhos

e da escola no processo de implantação do Grêmio Estudantil no Colégio Estadual do

Campo Cristo Rei de Barra Bonita.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

3. 1. SOCIEDADE DEMOCRÁTICA

A sociedade brasileira encontra-se organizada politicamente dentro do princípio

de governo democrático. O filósofo grego Aristóteles (384 – 322 a. C.) traz a seguinte

definição para Democracia: ‘O governo do povo e pelo povo’. Abraham Lincoln (1809-

1865), presidente dos Estados Unidos entre 1961 e 1965, acrescentou ao conceito

aristotélico o termo ‘para o povo’, ficando assim a expressão: ‘O governo do povo, pelo

povo e para o povo’. Existem outras definições de democracia como: ‘forma de governo

em que a soberania é exercida pelo povo’; ‘regime de governo em que o poder de tomar

importantes decisões políticas está com os cidadãos, de forma direta ou indiretamente,

isto é, por meio de representantes eleitos’.

No mundo existem diferentes formas de governo, como república, monarquia e

ditadura militar. Dentro destas há diferentes sistemas de governo como o

presidencialismo, parlamentarismo, absolutismo, ditadura. Depois da Segunda Guerra

Mundial, a democracia, como modo de governar, ganhou grande aceitação na maioria

dos países do mundo que implantaram esta forma de governo republicana com sistema

presidencialista.

UNIDADE III – PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NA ESCOLA

1. IDENTIFICAÇÃO:

a) Público-alvo: Pais e membros da comunidade escolar;

b) Duração: 4 horas, subdivididas em duas reuniões de 2 horas

cada;

c) Período de realização:

a) 1ª quinzena de março (reunião com os pais embasada teoricamente sobre

a implantação do Grêmio Estudantil);

b) 2ª quinzena de junho (presença dos pais nas eleições e nas propostas da

chapa eleita).

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Direito democrático não é algo particular, mas geral, universal, válido para

todos. Ao lado dos direitos individuais que são o direito à vida e à liberdade, a

democracia é uma forma de governo que defende os direitos sociais à educação, à saúde

e ao trabalho. Portanto, os valores e as práticas de uma sociedade democrática estão na

liberdade, na autonomia, na cooperação e iniciativa própria, no espírito crítico, na

responsabilidade, solidariedade e tolerância.

Segundo os argumentos de THEOBALDO MIRANDA SANTOS (1963) é

necessário exercer a maioridade civil, em relação ao voto universal, isto é, levar em

conta que dentro da forma de governo democrática está o governo da maioria de uma

sociedade, mas que deve preservar os direitos e liberdades da minoria para que não

ocorra a ditadura da maioria sobre a minoria, mas sim a soberania da maioria em favor

do bem público, fiscalizada pela minoria, argumentos reforçados no livro de

CARVALHO (2013):

[...] Democracia não é concórdia: é uma maneira inteligente de administrar a

discórdia. E o clamor universal por “mais democracia”, na medida mesma em

que se afirma como um consenso, já dá sinais de não poder suportar nenhuma

voz discordante. Assim, há razões para temer que, se o século XX começou

pedindo ditaduras e terminou por exigir a democracia, o novo século acabe por

seguir o trajeto precisamente inverso. Afinal, dizia Bernanos, a democracia não

é o oposto da ditadura: é a causa dela (CARVALHO, 2013, p.104).

Uma das formas de se evitar a tirania, por parte de parcelas majoritárias é criar

cláusulas constitucionais claras sobre o assunto, visto que o principal problema dentro

de regimes democráticos sempre foi o desrespeito às minorias e opiniões discordantes,

requisitos considerados essenciais para o exercício pleno da democracia.

O poder absoluto da maioria na Alemanha, por exemplo, durante o regime

nazista, a partir de 1933, quando o presidente da Alemanha, Paul von Hindenburg,

nomeou Adolf Hitler como chanceler do seu governo, deu início a uma tirania que com

amplo apoio popular suprimiu muitos direitos individuais, perseguiu abertamente as

minorias religiosas, raciais e de diferente orientação sexual bem como pessoas com

deficiências físicas e mentais.

Dentro de uma democracia, seja ela exercida de forma direta, indireta ou

semidireta, as liberdades individuais aparecem na livre iniciativa, na competição dos

diferentes partidos políticos, no poder governamental dividido em Executivo,

Legislativo e Judiciário, na existência de eleições e leis que limitam o poder político e

garantem a escolha dos governantes através do voto.

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A democracia direta, também chamada de democracia pura, vem de

representação individual ou coletiva em espaços de tomada de decisão coletiva sobre

questões públicas, isto é, a forma de governo em que os cidadãos que atingiram a

maioridade dentro da lei, têm o direito de manifestar suas ideias e decidir, em

assembleia geral ou através do voto, o que desejam ou o que reprovam, a exemplo de

Atenas, na Grécia Antiga. Atualmente, em alguns lugares no mundo, em nível local, é

adotada a democracia direta, onde os habitantes reunidos em assembleia geral tomam

decisões, como por exemplo, em alguns estados (denominados cantões) da Suíça,

também na Itália, França, Suécia, Canadá. Tudo é feito ainda em caráter de democracia

experimental, com propostas de participação e votações inclusive através da tecnologia

digital.

Na América Latina, a democracia direta mostrou-se bastante esporádica,

descaracterizada e em muitos casos perversa. Uruguai é o país latino-americano que tem

a maior e mais antiga experiência com a democracia direta, chamado por isso de a

‘Suíça da América Latina’, tendo incorporado pela primeira vez em 1934 este modo de

governar.O país ampliou e melhorou os mecanismos de participação do povo e a partir

da ordem constitucional de 1967 é reconhecida no Uruguai a existência de dois

instrumentos de democracia direta: a iniciativa popular e o referendo.

A democracia indireta predomina na maior parte dos países do mundo onde os

cidadãos eleitores, em época de eleições, escolhem os representantes e estes assumindo

seus cargos no governo tomam as decisões cabíveis às necessidades de toda a população

do país. A democracia indireta ou representativa está sendo muito questionada por estar

estagnada e ultrapassada para a sociedade atual.

Existem países que mesclam as duas formas de democracia: a direta e a indireta,

portanto têm como governo uma democracia semidireta. Nesse sistema além da

existência de representantes eleitos que tomam a maior parte das decisões, os cidadãos,

por sua vez, têm a oportunidade de influenciá-las através de plebiscitos (os cidadãos são

convocados antes da criação da norma, por meio do voto, e aprovam ou não a questão a

eles submetida) e referendos (os cidadãos, através do sufrágio direto e secreto,

pronunciam-se sobre determinados assuntos relevantes à nação).

Segundo VASCONCELLOS (1994), a sociedade mudou muito a forma de

pensar nas últimas décadas por causa do processo produtivo acelerado pela

industrialização. Por um lado, a maioria da população rural passou a ser urbana e

desvinculou-se das suas raízes econômicas, culturais, afetivas e religiosas, e por outro

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lado, o consumismo desenfreado, incentivado pela mídia, através de uma publicidade

enganosa e abusiva, infantilizou a sociedade e assim fez aumentar dentro dela a

agressividade e a violência.

Repensar o papel de cada cidadão no contexto da sociedade é um dever que a

escola, órgão transmissor oficial do conhecimento historicamente construído, precisa

assumir. Fazer uma integração e aproximação com a comunidade para conseguir junto

ao Estado, em nível de exigência coletivo, uma escola de qualidade, para formar a partir

do conhecimento e do trabalho coletivo, cidadãos conscientes, construtores de uma

sociedade melhor.

Se existem direitos é porque o Estado os determinou e assegura. Por isso é

preciso lutar para que a legalidade democrática se transforme em legitimidade, uma

coisa concreta e não somente formal e ideológica.

A escola é o reflexo da sociedade capitalista em crise, mas ao invés de assumir o

papel administrativo de uma sociedade competitiva, a escola, através da gestão

democrática, deve optar pela participação responsável. Participação esta que se

caracteriza por relações mais igualitárias no ambiente escolar, incentivo ao crescimento

pessoal, intelectual e técnico de cada aluno e profissional da educação, baseado nos

ideais educativos de importantes pesquisadores da área educacional.

A educação formal da escola é uma continuidade da educação informal que vem

da família e da sociedade. Por isso entre a educação escolar e familiar deve haver o

diálogo paritário para que através dele se estabeleça uma unidade pedagógica. Para

PARO (1996) a ação educativa jamais deveria ser um aspecto conflitante entre família e

escola, mas uma formação complementar e continuada de ambas as partes na educação

de crianças, adolescentes e jovens.

Assim como as relações na sociedade capitalista estão baseadas na produção e

distribuição de mercadorias e nas regras de compra e venda que perpassam todas as

instâncias da sociedade, os pais, por exemplo, muitas vezes veem a educação escolar

dos filhos como mercadoria a ser adquirida, seja pelo pagamento direto, em escolas

particulares, ou como um direito social, em escolas públicas. O direito à educação está

sendo confundido com direito à vaga na escola; direito à merenda escolar e,

ultimamente, ao material didático.

[...] Numa sociedade em que o autoritarismo se faz presente, das mais variadas

formas, em todas as instâncias do corpo social, é de se esperar que haja

dificuldades em levar as pessoas a perceberem os espaços que podem ocupar

com sua participação [...] (PARO, 1996, p. 326).

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Todos os cidadãos pagam impostos e esperam vê-los convertidos em serviços e

por consequência consideram que educação escolar pública é obrigação e

responsabilidade do Estado. Muitos pais, estando envolvidos no seu trabalho

profissional e sem tempo para apoiar os filhos nos estudos, assumem uma postura

omissa e equivocada em relação à vida escolar dos filhos. Pensando desse modo, os

pais exercem influência negativa na relação que os filhos, como estudantes,

estabelecem com o mundo formal, neste caso, o ambiente escolar, onde se dá a

transmissão do conhecimento histórico-científico, determinante na formação integral

das crianças, adolescentes e jovens.

Interessante observar que nas últimas décadas, técnicos executivos e diretores de

organismos internacionais foram chamados ao Brasil para ressignificar a educação. As

propostas que surgiram dessas reuniões foram a descentralização, a autonomia e a

participação. Então é a partir desses pressupostos que se pode indagar: se o direito ao

ensino de qualidade não aconteceu; se a política do Estado quanto à educação foi

adequá-la à economia internacional e nacional e se a vida está sendo conduzida em nível

de organização mundial, então é a partir desse caráter contraditório da democracia

representativa que se deve ocupar espaços em defesa do direito à educação de qualidade

e à participação cidadã junto ao Estado.

Todos os brasileiros têm conhecimento das leis que descrevem os direitos da

criança e do adolescente no ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente (1990)].

Quanto à garantia desses direitos existe um órgão municipal que zela por isso: o

Conselho Tutelar, órgão que dá apoio aos menores, em especial, no quesito da formação

familiar, dignidade e acesso à educação escolar. O ECA nas suas disposições

preliminares dos artigos 4º e 5º do Título I está muito claro, no que diz respeito à

formação e proteção dos menores de 18 anos:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público

assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida,

à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à

cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e

comunitária (BRASIL. ECA, art. 4º).

Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência,

discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da

lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais

(BRASIL. ECA, art. 5º).

O ECA define como dever da família, da sociedade e do Estado assegurar com

prioridade à criança e ao adolescente os direitos básicos de uma vida digna em

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sociedade que são o respeito, a educação, a saúde, o lazer, a liberdade, a proteção. O

direito da criança é brincar, estudar e ter uma convivência sadia na família e na

sociedade e do adolescente é trabalhar e estudar até terminar o Ensino Médio, previsto

em lei nos itens I e II, do Art. 208 do Capítulo III, da Constituição do Brasil de 1988:

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não

tiveram acesso na idade própria;

II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade a ensino médio

(BRASIL, 1988, p.34).

No entanto, direitos não existem sem deveres. Um direito sempre corresponde a

algum dever. A liberdade não é um direito absoluto. Ela está limitada pelas leis que

regulamentam a vida em sociedade. Por exemplo: Se no ECA (Estatuto da Criança e do

Adolescente) fala que a criança e o adolescente têm o direito de ir e vir, liberdade de

expressão, o que se deve entender que não é exclusivo a alguns. Portanto, o dever de

respeitar este direito permanece e é comum a todos sem exceção.

Sempre se ouve que o Brasil é um país onde quase nada dá certo,

principalmente, quando se trata do cumprimento de leis. Porém, nem todos se dão conta

de que querer mudar algo para melhor requer não somente vontade, mas competência

técnica. Competência técnica do governo, do empresariado, dos pais, do juiz, do

promotor, do Conselho Tutelar. Se uma criança ou adolescente, por exemplo, não

comparece à escola, tem muitas faltas não justificadas ou desistiu, a direção da escola

deve comunicar o Conselho Tutelar para que tome providências junto à família do

aluno, consciente de que deve resolver os conflitos com base na lei.

Na escola existe um regimento interno que contém descritas as providências que

serão tomadas em caso de infrações cometidas pelos alunos, como sanções e

advertências. Se a escola esgotar todos os recursos previstos e não obtiver resultados

positivos para com a conduta do aluno ou da aluna terá o direito de expulsar o estudante

daquela escola.

Inúmeras vezes, o Conselho Tutelar, criado para receber as crianças e os

adolescentes ameaçados de violação em seus direitos, é chamado para resolver

problemas que não lhe competem, e sim ao poder judicial ou à polícia. Por exemplo,

quando um adolescente se envolve em coisas proibidas por lei ou usa de violência para

com o professor, bate ou empunha uma arma contra o docente ou aluno ou quando está

depredando a escola, o correto é chamar a polícia e não o Conselho Escolar.

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A escola terá que optar em tomar conhecimento do problema e buscar solução

no que tange àquilo que precisa enfrentar no seu cotidiano. Deve esclarecer às famílias a

partir do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e da LDB (Leis de Diretrizes e

Bases da Educação) sobre os direitos e deveres das crianças e dos adolescentes em

relação ao sistema de ensino brasileiro.

Segundo Vasconcellos( 1994) se toda a indisciplina da sala de aula for

comparada com o que acontece na sociedade como, por exemplo, a fome, a droga, a

mortalidade infantil, o desemprego, o desrespeito ao sinal vermelho, à faixa de

pedestres, à danificação dos equipamentos públicos, o troco por bala ou chiclete, a não

emissão da nota fiscal e o não pagamento de impostos, a indisciplina escolar não passa

de um reflexo da realidade e é preciso então construir uma teoria que ajude a enfrentar o

problema. E se depois de esgotadas as medidas legais, todos se derem conta de que

nada disso adiantou para se ter disciplina em sala de aula, então o método está sendo

ineficiente e é preciso modificá-lo.

A disciplina, na escola, deve vir do envolvimento de pais e alunos, da construção

coletiva com objetivos comuns, para que tenha sentido como uma forma de

crescimento. As normas da escola, seus objetivos e diretrizes devem expressar com

muita clareza o método de atuação da instituição em relação às diferentes transgressões.

O que deve ficar claro quanto à participação da comunidade na escola é que esta

deve ser no sentido de tomada de decisões e não apenas na execução das tarefas.

Quando se recomenda ou se reivindica a participação da comunidade na escola pública

básica, não se está adotando um conceito estreito de participação que o identifica à

simples ajuda dos pais ou responsáveis na manutenção da escola, mas sim como uma

luta pelo ensino de qualidade que é um direito constitucional, porém ainda não real.

A globalização, através da revolução científica e tecnológica, abriu as fronteiras

dos países para a economia transnacional, superou as distâncias, facilitou o trabalho e a

comunicação. Trouxe avanços enormes na área da saúde, o que aumentou a expectativa

de vida, inovações na educação, facilitou a migração de pessoas de um espaço para

outro, ampliou as relações culturais e através das invenções tecnológicas integrou o

planeta inteiro em uma aldeia comum, onde há inclusive uma língua oficial (o inglês),

universal pela qual todas as pessoas podem se comunicar.

Entretanto, a globalização também trouxe consigo a explosão demográfica, que

desafia os sistemas políticos e econômicos do planeta inteiro, gerando prejuízo enorme

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ao meio ambiente, agravou a urbanização, acirrou a luta pela sobrevivência, ampliou a

taxa de desemprego, a exploração, a violência, o tráfico, a exclusão e a desigualdade

social. Todos esses fatores contribuíram para o crescimento do individualismo, do

medo do outro, para a perda da identidade cultural local, do mal-estar social, para a

redução da comunicação local e a grande possibilidade de novos regimes totalitaristas

ou nacionalistas.

Como se percebe, a globalização resultou em benefícios, mas também em

inúmeros malefícios, chegando ao ponto de carecer da reinvenção do ideal democrático,

do espírito de participação, da formação do sujeito solidário, ético e interdependente que

supere todas as formas de exclusão e respeite o pluralismo cultural.

Brasil, um país de todos! A intenção globalizada é fazer acreditar que há uma

nivelação de oportunidades: Escola para todos, Universidade para Todos,

Escola de Período Integral, Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos,

Fome Zero, Bolsa Família. Mas sabemos que, enquanto a minoria dos filhos

brasileiros frequentam o inglês, a natação, leem bons livros, usam a internet,

assistem bons programas de TV, andam bem calçados e bem vestidos, recebem

tratamento médico, odontológico, psicológico, andam de carro, conhecem o

shopping, o cinema, o playground e acreditam que vão ser “doutores”, os filhos

da maioria ouvem funk, assistem coisas não propícias à sua idade, andam a pé

no sol quente, cuidam dos irmãos, têm poucos brinquedos, poucas roupas, leem

revistas velhas ou coleções de clássicos baratos compradas no camelô e têm

sonhos ilusórios influenciados pela ascensão ilógica exposta pela mídia de

serem jogadores de futebol e artistas globais. Poucos acabam atingindo esta

sorte alienada, pela falta de abertura para experimentar outros horizontes,

menos fúteis e mais transformadores. A grande parte, porém, acaba

domesticada pelo trabalho reprodutivo, gerador de um salário mínimo para o

sustento e a realização das atividades básicas e enfrentando os sérios

preconceitos a eles atribuídos... ] (SILVA, R., 2007, p.275).

Segundo GADOTTI (2012), não se quer filosofia e nem as ciências sociais na

escola porque o sistema capitalista precisa de pessoas alienadas. Infelizmente, existem

filósofos atuais, baseados nos grandes filósofos, repassam uma filosofia ‘perene’ que

serve à tecnocracia e ao consumismo, e por isso não atinge o sistema capitalista. Deste

modo estes filósofos-profissionais vão determinando seu fim, sendo, em tempos

passados, escravos da teologia e hoje, da tecnocracia, ficando com o privilégio de

filosofar e não estendendo este direito aos outros.

O desafio é amplo. Não se visa somente repensar a visão sobre a sociedade

democrática, mas sobre a globalização democrática e o desenvolvimento mundial

sustentável que não poderá ser construído em curto prazo. A preocupação em formar

para o trabalho colocou o conhecimento científico construído em uma dimensão

secundária. A educação que sempre foi voltada para a formação da mão de obra

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qualificada e para o desenvolvimento econômico terá que partir para a formação do

desenvolvimento humano que por ficar no plano de segunda ordem minou as relações

entre as pessoas em geral.

E ainda, na visão de GADOTTI (2012), a ação transformadora só pode ser

eficiente se vir da teoria e da prática. O homem só opera transformação no coletivo,

assim que não é um homem que faz a história e que a transforma, mas a massa de

homens. A luta de classes visa à destruição de classes na esperança de construir uma

sociedade sem privilégios.

Para o autor, cada um deve ser consciente de que vive em uma sociedade

capitalista e que para cada grupo social existe uma escola, então a escola para os pobres,

marginalizados e do campo deve ter prioridade absoluta. Cabe aos educadores refazer a

educação, reinventá-la e torná-la mais democrática.

3. 2. GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA

A lei 9394/96 da LDB define as normas da gestão democrática escolar

conferindo-lhe autonomia, porém preserva a dimensão nacional em relação a dois

princípios fundamentais da educação: a participação dos profissionais da educação na

elaboração do Projeto Político Pedagógico da Escola e a participação da comunidade em

conselhos escolares a fim de garantir um princípio constitucional, como nos afirma

Oliveira:

Ora, se a fonte maior de nosso ordenamento jurídico colocou a gestão

democrática como princípio, se as leis infraconstitucionais a reforçaram, não

seria lógico que tal exigência, nascida do direito de uma nova cultura política

de cidadania, se fizesse ausente nas mediações dos sistemas públicos de ensino

(OLIVEIRA, 2012 p. 19).

O termo gestão democrática assegura por si só o entendimento de que o

mesmo carrega consigo princípios como a transparência, a descentralização e a

participação. Suscita debates e reflexões porque não é bem entendido na prática, mas se

há escolas no Brasil onde a gestão participativa funcionou é porque ela é possível de ser

efetivada. Para isso é necessário muito diálogo, cooperação, compromisso, respeito e,

em especial, confiança e interação de todos os que atuam na escola: professores,

funcionários, pais, alunos e representantes da comunidade interessados na melhoria do

processo de ensino-aprendizagem.

A escola é por si só um espaço tenso e contraditório onde há diferentes

concepções de mundo, de homem, de sociedade e de disputas. Por isso, a gestão nela

nunca poderá ser uniforme e sim aberta a discussões sobre o cotidiano escolar, mesmo

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porque a função essencial da escola é formar indivíduos críticos, participativos e

criativos, bem formados cultural, intelectual, profissional e politicamente.

No ver de GADOTTI (2012), a pedagogia do conflito é revolucionária

porque não esconde o papel ideológico e político da educação. Não existe uma educação

neutra. Ela se insere numa sociedade de diferentes classes e visa atender a classe

dominante. Não podendo exercer o papel de transformar a sociedade, ela a reproduz. A

tarefa revolucionária da educação passa então a ser a de construir uma nova cultura e

não somente transmitir a já existente.

A Constituição que é a lei suprema do país, a LDB (Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional) e o PNE (Plano Nacional da Educação), que são leis

peculiares da Educação descrevem a gestão democrática como um direito fundamental

da Educação. Ela aparece no art. 206, do Cap. III, na Seção I, da Constituição de 1988,

no item VIII do artigo 3°, do Título II, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional de 1996 e no PNE – Plano Nacional de Educação, criado em 1996, implantado

em 2001, que tem em suas diretrizes o princípio da gestão democrática.

A gestão democrática como princípio da educação nacional, presença

obrigatória em instituições escolares, é a forma não violenta que faz com que a

comunidade educacional se capacite para levar a termo um projeto pedagógico

de qualidade e possa também gerar “cidadãos ativos” que participem da

sociedade como profissionais compromissados e não se ausentem de ações

organizadas que questionam a invisibilidade do poder (OLIVEIRA, M.A.M. (Org.), 2012, p.17).

Gestão democrática da educação só pode ser assim chamada se todos os

envolvidos nela, direta ou indiretamente, podem se reunir periodicamente a fim de

discutir e decidir quais rumos devem ser tomados para que a escola se torne um

ambiente de aprendizado produtivo, previsto no Projeto Político Pedagógico da escola e

na grade curricular, como descreve o Art. 14 da LDB:

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino

público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme

os seguintes princípios:

I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto

pedagógico da escola;

II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou

equivalentes (LDB, 1996).

Como ninguém mais abrirá mão da Escola Democrática, onde existe a educação

inclusiva, a pedagogia diferenciada, a avaliação formativa, o Projeto Político

Pedagógico construído coletivamente e a presença dos colegiados escolares, então se

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deve beber na fonte dos teóricos que escrevem sobre o que vem a ser uma educação

democrática, fecundando assim a prática escolar com ideias e pesquisas sobre o assunto.

Conseguir participação ativa dos alunos, dos pais, dos profissionais da

educação na escola é um desafio do qual não se pode prescindir. A escola é o reflexo da

sociedade capitalista em crise, entretanto ao invés de assumir o papel administrativo de

uma sociedade competitiva em que a coação resolve os problemas de ordem pessoal, a

gestão democrática deve optar pela participação responsável, pelo amadurecimento

moral e o autoconhecimento que se caracteriza por relações mais justas e igualitárias e

pelo incentivo ao crescimento pessoal, intelectual e técnico de cada membro para

garantir na autonomia de ação a eficiência do coletivo escolar.

Segundo HOPKINS (2007), atualmente se enfrenta um desafio adaptativo

da mudança do sistema, e isso não requer somente gestão para resolver problemas

técnicos, mas liderança para solucionar conflitos adaptativos que vão muito além do

conhecimento. As pessoas são o problema e é necessário mobilizá-las e habilitá-las para

responder satisfatoriamente aos desafios e isso exige do líder aprendizagem contínua,

exemplos, experiência e reciprocidade.

O autor, vendo a dificuldade no entendimento da gestão escolar, aborda a

questão da liderança sistêmica, a qual se utilizaria de todo um potencial das escolas e

programaria conjuntamente atividades sustentáveis a fim de construir uma escola de

qualidade, contrastando com a ética atual de competitividade de direção nas escolas.

Essa atitude tornaria mais amplo o propósito moral de liderança, que em poucas

palavras vem a ser comprometimento, empenho, entendimento do que é importante para

todas as escolas de um sistema. Por exemplo, as escolas bem-sucedidas atuariam em

parceria com as escolas em dificuldade e através de um trabalho conjunto, com os

líderes comunitários, melhoraria a qualidade escolar geral.

O desafio atual da escola torna-se então a gestão democrática. É através dela

que as instâncias colegiadas devem ter espaço para discutir, avaliar e opinar sobre os

aspectos positivos e a problemática escolar. Com a implantação da instância estudantil,

os alunos participarão da gestão democrática como o fazem as outras instâncias

colegiadas - o Conselho Escolar, a APMF e o Conselho de Classe. Esse método de

trabalho, certamente, exigirá das partes esforço, diálogo e apoio mútuo na

implementação de atividades, bem como a participação ampla nas discussões, nos

planejamentos e na tomada coletiva de decisões.

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3.3 PPP (Projeto Político Pedagógico)

O Projeto Político Pedagógico de uma unidade escolar pode ser definido como

‘a cabeça’ da escola. Qualquer projeto busca um rumo e carrega dentro de si uma ação

intencional a partir de um compromisso assumido coletivamente. Projeto porque parte

de um plano, Pedagógico porque tem definidas as ações pedagógicas dentro da escola

com intencionalidade educativa a fim de suprir os interesses reais e coletivos da

população como um todo e Político porque visa à formação do cidadão participativo,

crítico, responsável, compromissado e criativo dentro de sua atuação.

Ele é o guia cotidiano para o gestor, pais, professores, alunos e agentes

educacionais I e II no qual estão reunidas as propostas concretas de ação da escola de

curto, médio e longo prazo. Atividades estas, definidas e organizadas em prol de uma

aprendizagem de qualidade através do planejamento e avaliação contínua. Por isso o

PPP deve ser elaborado com a participação de toda a comunidade escolar,

constantemente revisado e adequado às mudanças necessárias e às novas necessidades

dos alunos para decidir com precisão o tipo de cidadão que se quer formar e quais serão

os meios utilizados para atingir os fins almejados.

As pessoas mudam constantemente de postura, de partido, de ideias. Ninguém

permanece igual por um longo tempo, portanto é preciso replanejar o que está à volta

para que se provoque menos sofrimento. O PPP está embasado em duas características

atitudinais bem concretas, que são: a igualdade de direitos e a participação, analisadas

as condições do conjunto da comunidade escolar como carências existentes do tipo

alimentar, afetivas, culturais, etc.

A educação do campo deve ter como fundamento o interesse por um modelo,

cujo foco seja o desenvolvimento humano. [...] Trata-se, de uma valorização

que deve se dar pelos próprios povos do campo, numa atitude de recriação da

história. Em síntese, o campo retrata uma diversidade sóciocultural, que se dá a

partir dos povos que nele habitam. São diferentes gerações, etnias, gêneros,

crenças e diferentes modos de trabalhar, de viver, de se organizar, de resolver

os problemas, de lutar, de ver o mundo e de resistir onde vivem (PPP, 2010,

p.6).

No Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual do Campo Cristo Rei da

Barra Bonita está clara a preocupação com o processo didático-pedagógico da escola no

repasse dos conteúdos, visto que a unidade escolar é carente de espaço físico, e os

alunos são filhos de pequenos agricultores, em especial, de fumicultores que ainda se

mantêm no campo. Os profissionais da Educação, como revela o PPP da escola, querem

transformar esta unidade escolar em uma escola do campo de qualidade, através do

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trabalho pedagógico fundamentado no diálogo e direcionado para atender a necessidade

local.

Em muitas escolas do Brasil, pais e alunos formaram associações para

acompanhar mais de perto as ações escolares porque conquistaram essa oportunidade e,

consequentemente, perceberam o quanto cresceram com isso e ao mesmo tempo se

conscientizaram da sua responsabilidade de cidadãos. Reconheceram que hoje a escola

é mais interativa, nítida, integrada, preocupada com o lado humano do aluno e que a

interdependência da família e da escola deve ser levada a sério. Muitos pais também

perceberam que a escola atualmente está sobrecarregada e precisa além de ensinar,

impor limites e incutir valores, coisas que a família deixou de fazer. Porém, o mais

positivo de tudo isso é que a relação entre pais e professores tornou-se mais aberta.

A escola existe para atender as necessidades do aluno. Este deve ser o foco de

ações voltadas para o seu sucesso escolar. No entanto, é necessário ousar para pôr em

prática alternativas pedagógicas que realmente funcionem no processo ensino-

aprendizagem. A gestão democrática deve ser priorizada para que atitudes

conservadoras sejam revistas e modificadas, bem como seja garantida a efetiva

representatividade dos profissionais da educação, pais e alunos dentro da escola.

3.4 INSTÂNCIAS COLEGIADAS NA ESCOLA

Na escola existem setores que desempenham funções diferenciadas dentro de

uma estrutura organizada. Cada setor exerce as suas funções com princípios e

fundamentos comuns que norteiam a atuação específica de cada um. A articulação entre

eles na tomada de decisões deve ser garantida, num ambiente de cooperação e

reciprocidade, para que somados e integrados atendam as necessidades do aluno, um ser

em desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor e que deve ter seu desempenho

escolar garantido.

Os pais, os alunos, os profissionais da educação que desejam fazer parte dos

Colegiados Escolares devem estar preparados para assumir as funções dentro de um

Conselho Escolar, APMF, Conselho de Classe e Grêmio Estudantil. Carecem tomar

conhecimento dos dispositivos legais que estão no regimento escolar para

posteriormente discutir, por exemplo, questões referentes ao direito educacional de

qualidade e necessidades materiais da escola e opinar sobre a resolução dos problemas

internos da escola com base na lei.

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As instâncias colegiadas na escola são em número de quatro:

• APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários): constituída na

escola por prazo indeterminado, sem fins lucrativos e sem caráter político-partidário,

religioso ou racial. Possui Estatuto próprio e seus representantes não são remunerados.

A APMF busca soluções para os problemas do coletivo escolar, zelando pela qualidade

da educação da escola pública e presta contas à comunidade dos recursos financeiros

que administra.

• Conselho de Classe - órgão composto por professores, professores

pedagogos, supervisores, alunos e/ou seus representantes que se reúnem periodicamente

para realizar uma discussão pedagógica que, segundo Dalben (2004), é parte integrante

do processo de avaliação desenvolvido pela escola. Desempenha o papel de avaliação

dos alunos e das práticas escolares a fim de diagnosticar a razão das dificuldades dos

alunos e da própria instituição de ensino. Feito o diagnóstico, estabelece princípios,

finalidades e objetivos para superar as dificuldades encontradas.

• Grêmio Estudantil - Órgão de representação legal dos estudantes da

escola democraticamente instituído pela comunidade escolar. O Grêmio Estudantil tem

normas definidas em Estatuto próprio e a sua função principal é integrar os alunos entre

si, defender seus interesses e necessidades dentro da unidade escolar. É um espaço

aberto a todos os alunos para a troca de ideias, opiniões, anseios, reivindicações, luta

pela aprendizagem de qualidade, cidadania, direitos, responsabilidades. A instância

colegiada estudantil pode promover na escola, através de um plano anual, festivais de

música, dança, campeonatos nas diversas modalidades esportivas, teatro, gincanas,

palestras, campanhas de alimentos, agasalhos, realizar debates sobre a educação de

qualidade, a indisciplina discente ou falta de interesse na aprendizagem escolar,

organizar jornais ou fazer programas na rádio local.

Conselho Escolar - Órgão máximo da escola composto por no máximo

trinta pessoas e no mínimo dez, sendo que destas, 50% são pais, alunos e membros de

movimentos sociais organizados da comunidade e 50% são professores e agentes

educacionais. É a Instância Colegiada responsável em fiscalizar as ações da escola nos

âmbitos pedagógico, administrativo e financeiro, acompanhar a execução destas ações,

propor sugestões e mobilizar a comunidade escolar e local para a participação em

atividades em prol da melhoria da qualidade da educação.

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A representação da comunidade escolar se dá através das instâncias colegiadas

dentro da escola: Conselho Escolar, Conselho de Classe, APMF (Associação de Pais,

Mestres e Funcionários) e Grêmio Estudantil. As instâncias colegiadas foram

estimuladas a se constituir a partir da década de 90. Há um longo caminho já

percorrido, no entanto ainda há muito por fazer a fim de efetivar concretamente o

exercício do direito de participação.

3.5 INSTÂNCIA COLEGIADA DO GRÊMIO ESTUDANTIL

Desde o início do século XVIII, jovens estudantes do Brasil cumpriram papel

relevante na construção da sociedade, transformando-a e contribuindo ativamente na

melhoria de vida do país. Participaram ativamente nos acontecimentos, como: a

expulsão dos franceses, no movimento da Inconfidência Mineira, Abolição da

Escravatura, Proclamação da República, Revolta de Canudos.

Durante a Inconfidência Mineira (1789), jovens estudantes brasileiros que

voltaram do exterior apoiaram os líderes desse Movimento, pois os admiravam por

serem defensores do Iluminismo, da Independência do Brasil, da criação de

Universidades, do desenvolvimento de indústrias e da criação do serviço militar

obrigatório.

Também nas primeiras décadas do século XX, jovens estudantes lutaram ao lado

de intelectuais em vários movimentos do Brasil, como na Campanha Civilista de Rui

Barbosa (1910), defendendo um civil no poder Executivo do país, e durante a

Campanha Nacionalista do escritor e jornalista Olavo Bilac (1915-1916), promovida

durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A campanha de Bilac pregava o

patriotismo como a antítese ao individualismo, e uma postura dos brasileiros em defesa

da sua Pátria, através do serviço militar, da instrução primária e da educação cívica.

A partir de 1937, como integrantes da UNE (União Nacional dos Estudantes)

lutaram contra a repressão do governo de Getúlio Vargas, contra a ditadura militar,

participaram do processo de “impeachment” do presidente da República, Fernando

Collor de Mello e em 2013 mostraram mais uma vez que podem fazer a diferença na

luta contra as injustiças e a corrupção política do país.

Durante o governo do presidente Getúlio Vargas, que iniciou com a Revolução

de 1930 e foi até 1954, interrompido pela presidência de Eurico Gaspar Dutra, entre

1946-1951, os estudantes lutaram durante a Campanha Constitucionalista (1932),

exigindo uma constituição para o Brasil, conhecida também pelas iniciais dos nomes de

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quatro estudantes mortos: MMDC e em 1948 em favor do monopólio estatal do petróleo

que tinha como lema: “O petróleo é nosso.”

O Brasil do início do século XXI tem em média 53 milhões de jovens, vistos

pelos adultos, muitas vezes, como um problema social. Mas o que é preciso entender e

aceitar é de que o jovem é o protagonista da história, a nova linguagem do mundo e não

vê o mundo como o adulto vê, mas de um jeito novo. No jovem residem os desafios e

sonhos futuros de uma sociedade mais justa.

No ano de 2013, a organização dos jovens aconteceu através da tecnologia

digital. Resultou em um movimento de milhares de jovens que protestaram nas ruas

contra a política corrupta, o investimento superfaturado nos estádios para a Copa de

2014 e reivindicaram investimentos maiores e de qualidade nas áreas da saúde,

educação, bem como a redução das tarifas do transporte coletivo.

Quando se fala em escola democrática, hoje, mais do que nunca, tem-se em vista

o fortalecimento da representação estudantil dentro dela. O Grêmio Estudantil é uma

das organizações escolares tradicionais do Brasil, cujo surgimento aconteceu

juntamente com a implantação do ensino secundário nas escolas do país.

Sabe-se que os estudantes têm um papel fundamental dentro do ambiente escolar

para que o mesmo se torne mais eficaz. Participar de todo um processo de campanha e

de eleição de um Grêmio Estudantil para os alunos é um direito de cidadania que

contribuirá para que politizados desde cedo se tornem cidadãos políticos responsáveis,

capazes de se educar ativamente para autonomia, como relata o jornalista e educador

Alexandre Le Voci Sayad, no Jornal Mundo Jovem:

Trazer o estudante para perto da escola significa potencializar o que ele faz de

melhor em prol da sua educação (seus interesses, sobretudo); significa fazer do

ambiente escolar algo acolhedor; é por fim, dar a voz a ele, inovando na

maneira de educar (Mundo Jovem, 10/ 2012, p. 6).

Hoje, a formação do Grêmio Estudantil na escola é incentivada pela Secretaria

da Educação do Paraná. Segundo o texto sobre o Grêmio Estudantil disponível no site

Dia a dia Educação, o motivo para ter um Grêmio Estudantil constituído é para que os

alunos atuem na escola e na comunidade e para que desenvolvam a liderança ao

aprender, na prática, a fazer política:

As atividades dos Grêmios Estudantis representam para muitos jovens os

primeiros passos na vida social, cultural e política. Assim, os Grêmios

contribuem, decisivamente, para a formação e o enriquecimento educacional de

grande parcela da nossa juventude, sendo em 1985, por ato do Poder

Legislativo, assegurado o funcionamento dos Grêmios Estudantis pela Lei

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76

7398, como entidades autônomas de representação dos alunos (Dia a dia

Educação, 2013).

O Grêmio Estudantil é a instância colegiada e deliberativa, a partir da qual os

estudantes se organizam de modo mais sistemático, considerando os fundamentos

históricos e políticos da constituição do movimento estudantil e sua participação no

processo de redemocratização do Brasil. Este trabalho consiste em afirmar a

importância da formação dos representantes da e na comunidade escolar. Neste sentido,

é fundamental que os alunos se apropriem, a partir de situações reais, do conceito de

representação dos seus pares em diferentes espaços, com vistas a assegurar a defesa dos

interesses e das necessidades do segmento dos alunos.

O Grêmio Estudantil é o órgão máximo de representação dos estudantes da

escola, instância colegiada eleita em Assembleia Geral com estatuto a ser seguido, em

que os alunos têm direito de agir como cidadãos ativos e com direito de voz e voto.

Atuando nele o aluno defende seus direitos e interesses e aprende ética e cidadania na

prática.

A instância colegiada estudantil permite aos alunos discutir, criar e fortalecer

inúmeras possibilidades de ação tanto no próprio ambiente escolar como na

comunidade. É também um importante espaço de aprendizagem, cidadania,

convivência, responsabilidade e de luta por direitos. O Grêmio Estudantil também tem a

função de expor as ideias, opiniões e reivindicações dos alunos para a esfera

administrativa da instituição de ensino.

É importante lembrar que o Grêmio Estudantil como instância colegiada de uma

escola não pode ter caráter político-partidário, religioso, racial, bem como visar fins

lucrativos. Entretanto a formação política é um dos seus pilares básicos que visa

impulsionar o estudante a ser um agente ativo capaz de transformar, com experiências

individuais e únicas, através de opiniões e conflitos de ideias, o que está mais próximo e

possível para chegar a mudanças mais amplas em todo um sistema social.

Torna-se importante ter na escola grupos políticos preocupados em defender as

relações humanas, bem como a qualidade dessas relações o que irá consequentemente

determinar a qualidade do que será ensinado dentro dela. Por isso, o projeto de

implantação do Grêmio Estudantil na escola vem refletir sobre o papel do aluno nela. O

ponto de partida será responder a seguinte questão: Por que os alunos, em geral, não

levam a sério o estudo e a produção de conhecimento?

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A problemática aqui levantada é a de que o aluno não leva a sério a escola

porque não se sente sujeito ativo na construção deste espaço de apreensão do

conhecimento. A escola contribui para a sua alienação política quando não oferece

espaço para que o mesmo seja um sujeito ativo no ambiente escolar, no sentido de

atender seus anseios e suas angústias bem como de seus familiares que têm um papel

fundamental na boa formação dos filhos.

O Grêmio Estudantil como um grupo de direito legal instituído na escola deve

ser a ‘escola inicial’ de política. Participar de um Grêmio Estudantil em primeiro lugar é

decidir dar os passos iniciais no entendimento da sociedade, contribuir para a verdadeira

democratização do ensino da escola e aprender a colocar em prática a política, que pode

ser definida como a arte da organização social.

A ação estudantil dentro da instância colegiada do Grêmio deverá assentar-se em

unidade e coerência de propósitos. Ter seus objetivos de luta transmitidos e revigorados

para que a ação iniciada tenha continuidade ao longo de gerações subsequentes. Ser

estudante é uma condição transitória, mas que não deve ser desprovida de conteúdo

dentro das perspectivas de futuro onde as experiências do presente serão redefinidas.

Ela deve ser uma força permanente de reação e renovação (FORACCHI, 1965).

A participação dos alunos através de representações próprias são conquistas

históricas de estudantes que com o tempo foram declinando e hoje se visa resgatar o que

já definhou por motivos ideológicos e políticos no Brasil. Incentivar a representação

estudantil é um grande passo para democratizar a escola, porque é no chão da escola que

os alunos dão os primeiros passos em direção a uma maior atuação na vida social,

cultural e política do país.

O estudante politizado, que atua politicamente dentro e fora da escola, é um

estudante que tem motivação pela qualidade, pela relevância social e teórica do

que é ensinado. Passa a exigir explicações, motiva o professor, tem interesse

pelas relações humanas estabelecidas no interior da escola (GADOTTI, 2012,

p. 95).

Na escola não existem subordinados e sim liderados. É um espaço de formação,

informação e de discussão, não só do que os professores ensinam, mas do que interessa

aos estudantes na construção de sua personalidade. Em se tratando de gestão

democrática prioriza-se em especial a liderança delegada, a qual dá espaço para os

profissionais da educação bem como para os alunos e pais a uma participação ativa

dentro da escola. Eis uma ideia que a escritora Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira

oferece para reflexão:

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Uma escola democrática não é aquela em que todos fazem o que querem, mas

sim aquela em que todos fazem o que é bom para todos, na concepção kantiana

de liberdade. Gerir democraticamente uma sala de aula é criar condições de

respeito mútuo, é criar condições de aprendizagem para todos os alunos,

respeitando-lhes as diferenças e trabalhando-as em benefício deles mesmos

(OLIVEIRA, 2012, p. 98).

É importante lembrar que o Grêmio Estudantil é um dos colegiados da escola e

haverá nele diferentes membros, em diferentes épocas que o representarão. Como em

todo órgão colegiado de uma unidade escolar, seus componentes deverão estas

conscientes de que só poderão tomar decisões de acordo com o Regimento Escolar do

Estabelecimento e do estatuto próprio.

3.6. ESTATUTO DO GRÊMIO ESTUDANTIL

O Estatuto é um documento que contém as normas, as quais, uma vez,

elaboradas, aperfeiçoadas e definidas na Implantação da Instância Colegiada Estudantil

devem ser seguidas pelas chapas que virão a partir da data da implantação e não

poderão ser mudadas sem convocação e aprovação da Assembleia Geral dos Estudantes

a qual deverá ser convocada com antecedência mínima de 48 horas através de Edital.

O Estatuto do Grêmio Estudantil, disponibilizado pela SEED (Secretaria

Estadual da Educação) do Paraná é constituído por oito capítulos com o conteúdo

organizado da seguinte maneira:

Capítulo I – fala da denominação, local de atuação e objetivos dessa instância;

Capítulo II – reza sobre o patrimônio da instância colegiada estudantil, bem

como sobre a responsabilidade com os bens e uso adequado deles;

Capítulo III – fala sobre a Organização do Grêmio Estudantil em Instâncias

deliberativas que são: Assembleia Geral dos Estudantes; Conselho de

Representantes de Turmas (CRT) e Diretoria;

Capítulo IV – descreve a composição do Conselho Fiscal e seus deveres;

Capítulo V- relaciona os direitos e deveres dos associados;

Capítulo VI – fala do regime disciplinar;

Capítulo VII – descreve como realizar o processo eleitoral;

Capítulo VIII- regula as disposições gerais e transitórias - o que pode ou não

ser mudado.

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O Estatuto do Grêmio Estudantil tem como objetivos gerais normatizar a ação

estudantil para que a mesma possa defender os interesses dos estudantes, promover

eventos culturais e esportivos, cooperar com a escola, realizar intercâmbio com outras

representações estudantis existentes no país e lutar pela democracia na escola. Por isso

cada turma terá também seus representantes eleitos anualmente que irão discutir e votar

as propostas do Grêmio Estudantil bem como zelar pelo cumprimento das normas do

Estatuto pela Diretoria.

A Diretoria do Grêmio é composta por onze cargos oficiais:

I - Presidente

II - Vice-Presidente

III - Secretário-Geral

IV - 1° Secretário

V - Tesoureiro-Geral

VI - l ° Tesoureiro

VII - Diretor Social

VIII- Diretor de Imprensa

IX - Diretor de Esportes

X - Diretor de Cultura

XI - Diretor de Saúde e Meio Ambiente.

As funções que cada membro da diretoria assume são muito semelhantes às

funções dos órgãos públicos administrativos em nível de município, estado e país. Basta

observar o nome de cada função. O objetivo é realmente politizar a partir da escola.

Existe também o Conselho Fiscal que se compõe de 03 membros efetivos e 03

suplentes, escolhidos na reunião do CRT (Conselho dos Representantes de Turma) entre

seus membros.

Dentre as normas do Estatuto, está o Regime Disciplinar que proíbe se utilizar

do Grêmio Estudantil para interesses particulares, expor ao ridículo os sócios do

colegiado, descumprir o Estatuto, coibir qualquer aluno, pais e outros membros da

comunidade que queiram se inteirar. Todos os alunos matriculados e frequentadores da

escola são sócios do Grêmio Estudantil e como sócios têm direitos e deveres para com a

instância colegiada. Os alunos que quiserem candidatar-se e compor chapa para

concorrer à Diretoria do Grêmio Estudantil terão que ler sobre as atribuições que lhes

compete dentro da função que irão assumir.

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4. CRONOGRAMA GERAL DAS REUNIÕES COM OS PAIS

REUNIÃO

PERÍODO/HORÁRIO

OBJETIVO

1ª 2ª quinzena de março de

2014.

Duração: 2 horas

Apresentar, aos pais e membros da

comunidade local, o processo de implantação

do Grêmio Estudantil, como princípio de

gestão democrática na escola.

2ª 2ª quinzena de junho de

2014.

Duração: 2 horas

Socializar os sucessos e as dificuldades

encontradas durante o período da

implantação do Grêmio Estudantil.

5. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

PRIMEIRA REUNIÃO:

1º Momento: breve introdução ao tema explicando sobre o porquê do encontro e

início ao trabalho com a Dinâmica do Desafio.

Objetivo: Reconhecer o quanto se tem medo de desafios, entretanto é importante tomar

coragem e enfrentá-los, pois, por mais difíceis que eles sejam, no final se pode ter uma

surpresa feliz.

Procedimento: Formar um círculo com os participantes, colocar uma música animada e

fazer passar de mão em mão uma caixa. Explica-se aos participantes que não é apenas

uma brincadeira e que dentro da caixa há uma tarefa a ser cumprida por quem ficar com

a caixa quando a música parar. A pessoa que vai ligar ou desligar o som deverá estar

de costas para o grupo, para que não veja quem está com a caixa ao parar a música. O

coordenador fará um pequeno suspense, com perguntas do tipo: está preparado? Você

vai ter que pagar o mico, seja lá qual for a tarefa, você terá que cumprir; quer abrir? Ou,

vamos continuar? Inicia a música novamente e passa a caixa. Pode-se permitir que

quem ficou com a caixa, opte em não abri-la. Proceder assim algumas vezes, entretanto

finalmente avisar que esta é a última rodada e quem ficar com a caixa necessariamente

terá que abri-la. Quando o felizardo o fizer terá a feliz surpresa, pois encontrará um

chocolate sonho de valsa com a ordem 'coma o chocolate'.

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(Pequena pausa para reflexão e contribuições espontâneas em torno de 5 minutos)

Segundo momento: Exposição oral esquematizada através de slides em

Datashow sobre:

Sociedade Democrática;

Gestão Democrática;

PPP (Projeto Político Pedagógico da Escola);

Instâncias Colegiadas;

Grêmio Estudantil e Estatuto do Grêmio Estudantil.

Terceiro momento: Espaço livre para questionamentos a respeito do tema

abordado.

Quarto Momento: Finalização da reunião com o vídeo: Adolescência – uma

fase de mudanças.

SEGUNDA REUNIÃO:

Primeiro momento: palavras de acolhida e breve explanação sobre os objetivos

do encontro.

Segundo momento: explicação sobre como foi o processo do estudo,

composição de chapas e eleição da diretoria do Grêmio Estudantil.

Terceiro momento: apresentar à comunidade local todas as chapas que

participaram da eleição e a chapa eleita.

Quarto Momento: apresentação do plano de trabalho da chapa eleita.

2. Quinto Momento: mensagem final com o vídeo: O Ganso (lição de

liderança).

6. MATERIAIS DE APOIO PEDAGÓGICO: Caixa de bombom enrolada

para presente, bombons, aparelho de som e CD de músicas, Datashow.

7. REFERÊNCIAS:

Adolescência – uma fase de mudanças e oportunidades. Disponível em

http://www.youtube.com/watch?v=IGMaGOvE_68 Acesso em 13 de novembro de

2013.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:

promulgada em 05 de outubro de 1988.

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BRASIL. ECA (1990). Estatuto da Criança e do Adolescente: promulgado em 13 de

julho de 1990. Brasília: 7ª ed., 2010.

BRASIL. LDB (1996). Lei de Diretrizes e Bases da Educação: promulgada em 20 de

dezembro de 1961.

CARVALHO, O. O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. 3ª ed.

RJ: Record, 2013, 615 p.

CHAUÍ, M. Sociedade Democrática Disponível em:

http://www.slideshare.net/LucasPacheco2/sociedade-democrtica-8316428. Acesso em

05 de novembro de 2013.

COSTA, A. ECA na escola. Disponível em:

http://www.promenino.org.br/Ferramentas/Conteudo/tabid/77/ConteudoId/4eacc7b3-

35dd-4a57-9a2e-50e20db6583b/Default.aspx. Acesso em 06 de novembro de 2013.

DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. 8ª Ed. São Paulo: Cortez; Brasília,

DF: MEC: UNESCO, 2003.

DIA- A- DIA- EDUCAÇÃO. Grêmio Estudantil. [2011]

http://www.alunos.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=144

Acesso em 2013. FETZNER, A. R e MENEZES, Janaina S. da Silva (org.) et al. A quem interessa a

democratização da Escola? : reflexões sobre a formação de gestores. RJ: Outras

Letras, 2012, 132 p.

GADOTTI, Moacir. Educação e poder: introdução à pedagogia do conflito. 16 ed.

São Paulo: Cortez, 2012. 186 p.

GALINA, I. Instâncias Colegiadas: espaços de participação na gestão democrática

da escola pública. Disponível em:

http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_irene_f

atima_galina.pdf. Acesso em 21de outubro de 2013.

LOPES, N. O que é o projeto político-pedagógico (PPP). Disponível em: http://gestaoescolar.abril.com.br/aprendizagem/projeto-politico-pedagogico-ppp-

pratica-610995.shtml. Acesso em 21 de outubro de 2013.

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2013.

OLIVEIRA. M. A. M. (org.). Gestão Educacional: novos olhares, novas abordagens.

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