OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · alunos”(BRASIL,2012). Finalmente, em 1997,...

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  • Verso On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

    OS DESAFIOS DA ESCOLA PBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

    Artigos

  • SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAO SUPERINTENDNCIA DA EDUCAO-SUED

    PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL-PDE

    SUZANA MARIA HEIDA

    ARTIGO /PDE

    A DANA NA ESCOLA: movimento de criao, criao de movimento.

    Trabalho de concluso de atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional. PDE 2014. Orientadora: Ana Maria Alonso Krischke

    PITANGA - PARAN

    2014

  • A DANA NA ESCOLA: movimento de criao, criao de movimento.

    Suzana Maria Heida1 Ana Maria Alonso Krischke2

    Daiane Solange Stoeberl da Cunha3

    Resumo: Este artigo resultado da reflexo sobre o ensino da dana no contexto escolar. Temos identificado que a prtica pedaggica na escola, ainda percebida de forma limitada, vista como meras repeties das danas encontradas na mdia das comunicaes de massa ou nos repertrios j conhecidos da tradio popular (as danas de passo), coreografias prontas, onde os estudantes constituem o universo da dana por meio de uma metodologia pautada na repetio, mecanicamente. Na escola, poucas vezes, proporcionado aos alunos um estudo sobre a dana e as suas diferentes formas de manifestao em termos de sua histria, sua variedade de repertrios e tambm em termo de uma apropriao pelo vis da criao. Para tanto, a interveno pedaggica se deu em uma escola pblica, com alunos do ensino fundamental, 7 ano, no 1 semestre de 2014, em contra turno, no Colgio Estadual Vincius de Moraes no municpio de Nova Tebas, jurisdicionada ao NRE de Pitanga.

    Palavras-chave: Dana; Ensino de Arte; Processo de Criao.

    1 Introduo

    O Ensino de Dana constitui-se como objeto de estudo desta pesquisa.

    Ao analisar alguns procedimentos metodolgicos praticados na escola no que

    diz respeito rea de Dana, foram propostas estratgias de ao.

    Devemos pensar na dana no contexto escolar, no simplesmente

    pensando em aquisio de habilidades, mas sim, que esta poder contribuir

    para a aquisio de habilidades bsicas, de padres fundamentais do

    movimento, no desenvolvimento das potencialidades humanas e sua relao

    com o mundo. O uso da dana como prtica pedaggica favorece a

    criatividade, alm de favorecer no processo de construo de conhecimento.

    PEREIRA (2001) coloca que:

    [...] a dana um contedo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si prprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoo e da imaginao; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres [...]. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/ para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade.

    1 Formada em Artes Plsticas, atuando no C,E,Vinicius de Moraes, municpio de Nova Tebas, Professora PDE 2014. 2 Mestre PPGE/UFSC; professora do DEART/UNICENTRO. 3 Co-Orientadora: Mestre e Docente na rea de Educao Musical.

  • Para fundamentar teoricamente a implementao desta pesquisa na

    escola, este trabalho respaldou-se nas Diretrizes Curriculares de Arte para a

    Educao Bsica do Estado do Paran, que aponta a dana como expresso,

    compreender as realidades prximas e distantes, perceber o movimento

    corporal nos aspectos sociais, culturais e histricas (teorizar), so elementos

    fundamentais para alcanar os objetivos do ensino da dana na

    escola(PARAN, 2008, p.74). importante ressaltar que a escola onde o

    projeto foi desenvolvido possui uma proposta curricular baseada em tal

    documento, cujo encaminhamento metodolgico est direcionado a qualidade

    dos conhecimentos formais trabalhados.

    A Implementao do Projeto de Interveno Pedaggica na Escola,

    deu-se atravs da proposio de atividades descritos na produo didtico-

    pedaggica A dana e suas contribuies no ensino material elaborado

    com intuito de subsidiar o trabalho pedaggico do professor de arte, para

    ministrar os contedos de Dana.

    No contexto desta pesquisa, props-se um trabalho de investigao que

    vincula o que apontam as Diretrizes Curriculares de Arte, no que diz respeito

    aos contedos e conhecimentos especficos da Dana e o que sugere os

    princpios de Laban, sobre a arte do movimento humano por meio de

    improvisao de tcnicas, de composio, de apreciao etc. com objetivo

    de responder seguinte problematizao: Qual seria a importncia, bem

    como os desafios do ensino da dana criativa na formao dos alunos do

    7ano do Colgio Estadual Vincius de Moraes -EFM?

    Toma-se como premissa, que a funo do professor a de viabilizar e

    mediar a percepo e a apropriao dos conhecimentos sobre arte, sem

    reduzir sua prtica a um mero fazer. Podemos tambm considerar que muitas

    vezes uma prtica pedaggica acometida por falhas, deve-se falta de

    formao especfica da maioria dos professores que ministra as aulas de Arte.

    A dinmica de anlise da presente pesquisa no se restringe somente

    aplicao direta com alunos do stimo ano do Colgio Estadual Vinicius de

    Moraes, do municpio de Nova Tebas. Foram considerados tambm,

    depoimentos de professores, que aplicaram as atividades da Unidade Didtica

    e relataram suas experincias, atravs da participao em fruns de discusso

    no Grupo de Trabalho em Rede, viabilizado pela Secretaria de Estado da

  • Educao do Paran. Alguns dos depoimentos sero apresentados no decorrer

    deste artigo.

    A metodologia a ser utilizada tem abordagem qualitativa, de cunho

    bibliogrfico e com pesquisa de campo por meio de observaes e relatos

    escritos em dirios de bordo, onde os alunos puderam expor seus

    pensamentos durante o processo de implementao e suas dvidas.

    2 Reviso de Literatura

    Os contedos das Diretrizes Curriculares de Arte nortearam a

    organizao da unidade didtica A dana e suas contribuies no ensino,

    cujas atividades foram aplicadas com a inteno de verificar se possvel

    responder a problemtica do projeto de interveno j apresentada neste

    artigo.

    A origem da temtica aqui suscitada deve-se preocupao com o

    esvaziamento de contedos/conhecimento em Arte que se deu no decorrer do

    ensino da arte no Brasil. Assim, destacam-se as atuais polticas educacionais

    referentes ao ensino pblico no estado do Paran. Estas indicam a

    necessidade de reformulao curricular, assunto que vem sendo discutido no

    mbito das escolas e sistematizado atravs da construo e implementao

    das Diretrizes Curriculares Estaduais das diferentes disciplinas da educao

    bsica. Tal reformulao aponta para a escolha de um currculo disciplinar,

    explicitando a opo pelo contedo escolar, que segundo estudos, foram

    secundarizados em conseqncia dos Parmetros Curriculares Nacionais. Os

    PCNs no definem claramente o papel das disciplinas escolares na

    organizao do trabalho pedaggico. Referem-se a uma concepo de

    currculo fundamentada nas necessidades de desenvolvimento pessoal do

    indivduo, em prejuzo da aprendizagem dos conhecimentos histrica e

    socialmente construdos (DCEs Arte, p.18, 2008).

    Vale ressaltar que ao elaborar um currculo educacional, fundamental

    considerar que a escola , muitas vezes, o nico lugar de acesso ao

    conhecimento sistematizado, produzido pela humanidade de diferentes culturas

    ao longo do tempo e que tais conhecimentos so difundidos por meio das

    disciplinas escolares contempladas na matriz curricular. As Diretrizes suscitam

  • algumas indagaes que se fazem pertinentes ao elaborar um projeto

    educativo: quem e de onde vm os sujeitos da escola pblica? Que

    influncias scio-culturais esto presentes em sua formao?

    Em seu texto referente disciplina de Arte, as diretrizes trazem

    abordagens sobre as diferentes formas de compreenso da arte no cotidiano

    escolar. Seus fundamentos terico-metodolgicos explicitam que algumas

    formas de conceituar arte foram incorporadas pelo senso comum, em prejuzo

    do conhecimento de suas razes histricas e de que sociedade e ser humano

    se pretendem formar.

    2.1 Dana na escola e o sistema Laban

    Mediante leituras realizadas percebe-se que os povos antigos cultivam

    formas expressivas como a danas, jogos e lutas. A dana uma das artes

    mais antigas praticadas pelo homem. Para Tavares,

    Existem indcios de que o homem dana desde os tempos mais remotos. Todos os povos, em todas as pocas e lugares danaram. Danaram para expressar revolta ou amor, reverenciar ou afastar deuses, mostrar fora ou arrependimento, rezar, conquistar, distrair, enfim, viver! (TAVARES, 2005, p.93).

    Observa-se que todos os povos, desde a antiguidade, cultivam formas

    expressivas: O homem primitivo danava por inmeros significados: caa,

    colheita, alegria, tristeza, o homem danava para tudo que tinha significado

    (VERDERI, 2009, p.25)

    Ao longo da histria da dana, esta tambm foi associada com a

    educao. Em 1996, na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    - LDBEN 9394/96, institui o ensino obrigatrio de Arte em territrio nacional:

    [...] o ensino da arte constituir componente curricular obrigatrio, nos diversos

    nveis da educao bsica, de forma a promover o desenvolvimento cultural do

    alunos(BRASIL,2012).

    Finalmente, em 1997, foram publicados nos PCNs (Parmetros

    Curriculares Nacionais) que incluem a dana como contedo curricular

    obrigatrio. Hoje ela faz parte do currculo da escola. Marques (2007) fala da

    presena da dana nos Parmetros Curriculares Nacionais, explicitando-o

  • como momento to esperado por significar o reconhecimento da dana pela

    educao como contedo estruturante das reas de conhecimento de Arte e

    Educao Fsica. As Diretrizes Curriculares Nacionais (1998) e Estaduais do

    Paran (2008) tambm contemplam o ensino da dana oferecendo subsdios

    tericos aos professores.

    Ainda de acordo com PCNs, os principais objetivos da dana seriam

    Valorizar diversas escolhas de interpretao e criao, em sala de aula e na

    sociedade, situar e compreender as relaes entre corpo dana e sociedade.

    (BRASIL,1997)

    PEREIRA (2001, p.61) afirma que:

    [...] a dana um contedo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si prprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoo e da imaginao; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres [...]. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/ para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade.

    Tal afirmativa nos faz compreender que a Dana no contexto escolar vai

    muito alm de ensinar gestos e tcnicas aos alunos. O professor deve levar em

    conta que necessrio inovar e ousar e que os tempos de cpias j se

    afastaram juntamente com paradigmas que no se enquadram mais nas novas

    vises que preocupam com a formao integral do educando (VERDERI,

    2009).

    Sabemos que a dana enquanto contedo escolar est presente na

    educao, mas no como uma disciplina parte, e sim, inserida nos espaos

    escolares nas aulas de Arte e at mesmo nas aulas de Educao Fsica.

    A escola contempornea busca reconhecer-se como espao de

    conhecimento das diversas reas dentre elas a Arte, que vem abrir

    perspectivas para uma compreenso do mundo de forma mais flexvel, mais

    potica, mais sensvel e mais significativa. Assim a dana, considerada a mais

    antiga das linguagens artsticas, no pode ser ignorada por essa viso de

    educao. A arte do movimento faz parte da educao quando se compreende

    que dana a arte bsica do ser humano. (STRAZZACAPPA, 2006).

    Strazzacappa (2001) afirma que a Dana raramente est presente no

    ambiente escolar. Nessa perspectiva, a dana como recurso pedaggico ainda

    no tem sido compreendida em suas potencialidades para a formao

  • educacional, cultural e histrica de crianas e jovens dentro do espao escolar.

    Geralmente, encontrada como forma de espetculo, apresentao em datas

    comemorativas e no como um recurso pedaggico de grande valia para a

    aprendizagem, de auxilio no processo de construo do conhecimento.

    A Dana na escola no deve priorizar a execuo de movimentos

    corretos e perfeitos dentro de um padro tcnico imposto, gerando a

    competitividade entre os alunos. Mas objetivando tornar o aluno um cidado

    crtico e participativo, capaz de expressar-se e se adequar de variadas

    linguagens, desenvolvendo a sua auto-expresso e aprendendo a pensar em

    termos de movimento (MARQUES, 2003).

    Marques (2003) lembra da importncia de haverem processos criativos

    no ensino, pois a criao elemento fundamental da formao humana a

    aprendizagem no contexto escolar ainda enfatiza a repetio em detrimento da

    criao. Do mesmo modo em que deve ter referencias histricas e variadas das

    diferentes produes humanas em dana.

    O mtodo sistematizado por Laban aponta possibilidades mltiplas do

    movimento no processo educativo, oferecendo uma movimentao menos

    restrita, mais criativa e de acordo com o desenvolvimento global da pessoa:

    O movimento [...] revela evidentemente muitas coisas diferentes. o resultado, ou da busca de um objeto dotado de valor, ou de uma condio mental. Suas formas e ritmos mostram a atitude da pessoa que se move numa determinada situao. Pode tanto caracterizar um estado de esprito e uma reao, como atributos mais constantes da personalidade. O movimento pode ser influenciado pelo meio ambiente do ser que se move. (LABAN,1978, p.20-21)

    Segundo Jorosky (2012), o mtodo de Laban se institui na base do

    autoconhecimento, tornando-se uma fonte de criao de experincias vivas e

    significativas, por meio das quais, o aluno ser capaz de se perceber no

    mundo. Os estudos e propostas de Laban rejeitam o estilo de pedagogia

    voltada ao aperfeioamento das habilidades natas e consideram o processo

    educativo como ininterrupto aberto novas conexes e criaes promovem ao

    mesmo tempo a auto-expresso, a subjetividade, o ntimo e tambm o

    universal.

    Podemos perceber que os mtodos criados por Laban preocupam-se

    com o ensino da Dana no contexto escolar, utilizando-se do cotidiano do

  • aluno, suas referencias de movimento, tornando-as material de explorao

    artstico e levando-o em direo s artes do movimento, desvinculado de

    apresentaes ou espetculos como nico fim.

    Na proposta de Laban (1990) a Dana no considera apenas a

    graciosidade, beleza das linhas e leveza dos movimentos, mas a liberdade que

    possibilita ao homem se expor por seus movimentos e encontrar a auto-

    suficincia no prprio corpo. Pode-se dizer, ento, que a Dana enquanto

    processo educacional no se resume apenas em uma simples aquisio de

    habilidades, mas que ela pode contribuir na relao do aluno com o mundo.

    Para Laban, a criana tem o impulso inato de realizar movimentos

    similares aos da dana. Cabe escola lev-la a adquirir conscincia dos

    princpios do movimento, preservando sua espontaneidade e desenvolvendo a

    expresso criativa.

    3 Metodologia

    Para que o projeto se realizasse, ele foi executado por meio de uma

    unidade didtica, para que o mesmo fosse implementado, com o objetivo de

    conscientizar o educando da importncia da dana no contexto escolar e do

    movimento artstico, no simplesmente pensando nela como diverso, mas sim

    como aquisio de habilidades bsicas, de padres fundamentais do

    movimento, no desenvolvimento das potencialidades humanas e sua relao

    com o mundo.

    As aulas foram desenvolvidas com alunos do 7 ano do Ensino

    Fundamental, as quais foram divididas em oito encontros. Cada encontro tinha

    como eixo principal experimentar o movimento corporal de forma terica e / ou

    prtica para ampliao do repertrio dos alunos e entendimento para a

    construo de coreografia/dana. As atividades sugeridas contemplam os

    contedos curriculares de Dana, possibilitando aos alunos o acesso e a

    compreenso dos mesmos.

    Para introduzir a dana nas aulas foi sugerido que os alunos realizassem

    primeiramente uma escuta de seu prprio corpo, conhecendo seus limites e

    possibilidades corporais. Portanto, foi necessrio um perodo, mesmo que

    breve, de escuta do corpo e busca pela percepo corporal de cada aluno.

  • Investigando diferentes possibilidades de se expressar por meio dele,

    compreendendo o uso de movimentos do cotidiano no momento da

    alfabetizao em dana, para que os envolvidos neste ensino possam

    reconhecer e qualificar os movimentos presentes no seu dia-a-dia,

    apropriando-se dos mesmos para compor seus processos criativos e mais

    tarde identificar as variaes nos movimentos em diferentes estilos de dana.

    Pois como declara Strazzacappa:

    Partindo-se do princpio de que h movimento em todo lugar, pois o movimento a base de toda e qualquer ao humana e ciente de que a matria prima da dana o prprio movimento, podemos inferir que todos os indivduos so capazes de compreender dana, pois realizar leituras de movimentos faz parte de seu dia-a-dia. (STRAZZACAPPA, 2007, p.06).

    A Histria da dana foi trabalhada de forma sucinta, explicando desde o

    perodo clssico at o contemporneo, seguindo com uma breve introduo

    dos elementos formais da dana segundo Laban: nveis, espao, fluncia,

    tempo, entendendo que esses contedos so bsicos para o ensino desta

    manifestao na escola.

    4 Resultados e discusso

    Na implementao Pedaggica foram trabalhadas as seguintes

    atividades:

    Unidade 1: conceitos de dana; corpo; movimento corporal, espao e tempo.

    Atividades: Explorando espao; movimentando meu nome e criaes em

    grupos e apresentao e jogo das articulaes.

    Unidade 2: Elementos estruturantes da dana; movimento corporal: kinesfera

    ou espao pessoal, a partir do Icosaedro; Dimenses espaciais.

    Atividades: Atravessando caminho; perfurando espaos e explorando

    movimentos utilizando adereos.

    Unidade 3: Elementos estruturantes da dana; movimento corporal: fluncia ou

    fluxo: fluxo livre, fluxo conduzido ou controlado e fluxo interrompido.

    Atividades: Jogo desconstruindo o movimento e Pausas; brincando com

    esttuas.

    Unidade 4: Elementos estruturantes da dana; movimento corporal: Peso,

    giros/rotao, eixo e saltos.

  • Atividades: Deslocamento aleatrio, peso leve, peso/tempo, contraste

    leve/forte; Explorando movimentos com sons corporais e Saltos e rotaes na

    dana; Contato corporal/peso.

    Unidade 5: Elementos estruturantes da dana; atitudes em relao ao espao.

    Atividades: Figuras com imagens de movimentos diferenciados; Explorando o

    nvel alto, mdio e baixo; Completar a imagem com observao a obra;

    Caminhando sobre as linhas e explorando nveis; O elstico e o meu corpo e

    Obras de Arte e o movimento em meu corpo.

    Unidade 6: Elementos estruturantes da dana; movimento corporal: Tempo

    (ritmo), Rpido, Moderado e Lento.

    Atividades: Qualidades do movimento rpido, lento e moderado; Percusso

    corporal; Frase musical e expresso corporal; Explorando espao com

    bambols.

    Unidade 7: Histria da Dana

    Atividades: Os pintores e a dana em suas obras e Poesia e dana.

    Unidade 8: Coreografia

    Atividades: Analise de vdeo; Escala dimensional e Produes de frases

    coreogrficas, explorando os fatores de movimentos (peso, espao, fluxo e

    tempo).

    Na sequncia das aulas foi realizado um levantamento em forma de

    questionrio para perceber o que os alunos entendem como Dana, conforme

    indica as diretrizes curriculares ao selecionar os contedos de Dana que

    pretende desenvolver com seus alunos, o professor precisa considerar o

    contexto social e cultural, ou seja, o repertrio de Dana dos alunos, seus

    conhecimentos e suas escolhas de ritmos e estilos. (PARAN, 2008, p.74-

    75).

    Em conversa com o grupo os alunos foram estimulados a falar sobre o

    que pensavam sobre Dana. Eles comearam com definies de palavras

    como arte, movimento, expresso, ritmo, cultura entre outras. Os alunos

    opinaram mais quando um dos alunos fala que a msica determina a dana, ao

    serem questionados se seria somente desta forma que se dava a dana eles

    concluram que nem sempre a msica se faz presente, mas a dana sem

    msica triste, sem graa e ruim, deve se danar no ritmo seno no dana,

    outro relata que s danamos em bailes, quem faz a dana a msica1. A

    relao que eles fazem com a msica tem um contexto cultural, pois por muitos

  • sculos a Dana estava ligada a msica pode observar nas composies de

    ballett clssico a qual s acontece com msica, ou algo que esta mais prxima

    deles as composies que esto na mdia est relacionada msica.

    No decorrer do dilogo os alunos comearam a relatar os movimentos

    que fazem parte da dana, dizendo que andar se tiverem no ritmo, rebolar,

    balanar, movimentar partes do corpo como braos, pernas, ps, sobrancelhas,

    mas alguns alunos colocaram que discordaram, dizendo que todo corpo pode

    danar, um deles cita,

    Aluno A4: o movimento se torna dana se eu quiser que ele seja dana; usar ele para uma coreografia que o movimento se torna

    dana a partir do momento que esta em uma coreografia.

    Para eles coreografia um conjunto de movimentos ensaiados, um

    padro para que as outras pessoas possam seguir que os alunos

    predominantemente entendem a dana como seqncias fechadas realizadas

    e determinadas por um ritmo musical.

    Proposta de explorao de sua kinesfera pessoal e grupal, sem

    deslocamento, com vrios comandos de deslocamento e utilizao de

    adereos.

    Os educandos apresentaram bastante resistncia a qualquer tipo de

    expresso corporal ao relatar experincias anteriores que lhe desagradaram e

    constrangeram.

    Em seguida foram apresentados fragmentos vdeos de dana

    contempornea dos grupos DV8, Grupo Corpo e outros, discutimos os

    elementos especficos presentes nesta forma de expresso. Aps esse

    primeiro contato de apreciao com a dana os alunos foram para a prtica na

    qual foi proposto experimentar alguns princpios de Laban, e atividades com

    objetivos de experimentar e ampliar seus repertrios de movimento. Nestas

    atividades a msica no foi utilizada, entendendo que era necessrio explorar

    as movimentaes sem interferncia musical possibilitando aos alunos

    perceber seu ritmo interno e a dana sem msica.

    Outros encontros foram dedicados a conhecer e experimentar

    movimentos no determinados e que seria de criao dos prprios alunos.

    Para os alunos a proposta foi diferente como relato da aluna B '' disse que ele

    4 A identidade dos alunos so preservadas, para tanto utilizaremos a identificao alfabtica.

  • nunca tinha feito uma coisa dessas '', mais o que se percebe em alguns alunos

    a insistncia em determinar se esta ou no danando, na anlise do aluno C

    ele mencionou que procurou realizar os movimentos como o do vdeo, eles

    aproximam suas experincias com os vdeos exibidos em aula, e para o aluno

    D, ele relatou que no pareceu dana, eram movimentos diferentes,

    interessantes e complicados, e que gostaria de fazer uma dana especifica.

    Em alguns momentos os alunos mostraram a necessidade de realizarem

    coreografias prontas que sejam determinadas e ensaiadas.

    A msica foi utilizada somente em alguns exerccios, neste momento

    houve uma maior experimentao, observando que realizaram com mais

    vontade.

    No relato da aluna C quando se refere ao momento com msica, esta

    diz que foi boa a parte da msica, como o aluno F, que achou interessante por

    que foi com msica. As relaes com a msica se mostram presentes e

    marcantes nos comentrios dos alunos como mais interessantes.

    As experincias em grupo tambm foram relatadas como melhores e

    mais proveitosas, o aluno exps que, aprendeu novos movimentos com o

    colega, realizando uma grande experincia.

    Neste momento que se percebe que a busca de relao entre si e o

    outro est acontecendo, onde os alunos esto emergindo a possibilidade de se

    relacionar e criar no coletivo.

    Nesta etapa, a abordagem se deu nos fatores desenvolvidos por Laban

    (tempo, peso, espao e fluncia), estes fatores foram vivenciados por meio de

    movimentos cotidianos. Nesta proposta, foram realizados vrios experimentos

    corporais partindo dos conceitos de tempo, peso, espao e fluncia e da

    relao do corpo com esses fatores.

    Nesta fase de desenvolvimento da Implementao procurei estabelecer

    relao entre movimento no espao e as Artes Visuais, os quais foram

    trabalhados baseados na apostila A linguagem Artstica da Dana,Paran

    (2007) da professora Ana Paula Formiguiere, os alunos aceitaram muito bem,

    pois partem de sua vivncia maior na disciplina de arte, utilizei pinturas de

    diferentes estilos, houve um momento de observao e contextualizao das

    imagens e eles partiram para a produo de movimentos, dando nfase nas

    caractersticas presentes em cada obra. Algumas situaes observadas foram:

    movimentos mais bruscos e rpidos, movimentos mais conduzidos,

  • desenhados, circulares e lentos e num terceiro momento, movimentos mais

    quebrados, interrompidos e bem marcados.

    As atividades que utilizaram objetos (lenos, elsticos, fitas, bolas,

    bexigas, objetos imaginrios com pesos e tamanhos diferentes, dentre outros),

    possibilitaram aos grupos criatividade e interao, fazendo com que outras

    sugestes de expresso corporal aparecessem. Foi uma atividade bem aceita,

    observou-se que o desenvolvimento das atividades teve as expectativas

    realizadas, pois quando existe um ponto de partida, neutraliza o fato de que

    muitos alunos no saberem por onde comear, alguns ficam sem participar e

    esta foi um mtodo que facilitou a participao e interao com os colegas.

    Ao finalizar esta implementao fiquei satisfeita, pois os alunos

    romperam com a resistncia que tinham, realizaram a proposta de ensino em

    dana. Estes desenvolveram composies realizadas em grupo com

    movimento do cotidiano, desconstruo destes movimentos e unio de todos

    os movimentos, assim eles compuseram frases coreogrficas. Quando o grupo

    passa a refletir sobre a realidade da dana, o antes e o depois possibilitam um

    novo olhar para a dana, pois compuseram coreografias dentro de um contexto

    que o grupo se identifica.

    4.1 O Grupo de Trabalho em Rede (GTR)

    Por meio do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), no qual foram

    socializados todos os materiais produzidos no Programa de Desenvolvimento

    Educacional 2014 (PDE), os professores cursistas discutiram e interagiram

    atravs de fruns e dirios, sobre o projeto DANA: UMA PRTICA

    PEDAGGICA NAS AULAS DE ARTE, a Unidade Didtica, bem como a

    Implementao das aes na escola.

    O depoimento dos profissionais que participaram do Grupo de Trabalho em

    Rede contriburam muita na implementao do Projeto.

    Constata-se pelas contribuies feitas, que so diversas as experincias

    com o ensino de Dana na escola, como possvel perceber nas declaraes

    dos professores.

    Vejamos o que est professora1 fala sobre a produo didtica pedaggica

    no dirio:

  • A sua produo didtica pedaggica, nos faz refletir sobre a dana dentro do ambiente escolar e levar os nossos alunos a refletirem que a dana dentro da disciplina de arte um contedo a ser estudado e no apenas uma recreao. Busca-se a reflexo, valorizao e a implementao dos estudos de dana dentro da escola contribuindo para a conscientizao corporal, intelectual e crtica dos alunos. As atividades propostas iniciando com uma investigao do conhecimento dos alunos sobre a dana, anlise de obras, histria da dana, a interferncia da msica nos movimentos, chegando a coreografia, atividades de percusso corporal, sempre realizando uma reflexo. Existe hoje uma grande carncia do trabalho com a dana, nas escolas, na maioria dos casos, professores no sabem exatamente o que, como ou at mesmo porque ensinar a dana na escola. A dana tem o compromisso de descobrir caminhos que incluam o corpo no somente como objeto plstico, mas tambm como um sujeito de um pensamento que dana e de uma necessidade expressiva que produza desejo de mudana, transformao. 5

    A professora2 expressa sua opinio acerca da anlise do projeto

    colocando sua perspectiva em relao realidade de sua escola sobre a

    dana.

    comum perceber no meio escolar, a dificuldade que muitos alunos tem em lidar com o prprio corpo, s coloc-los em evidncia para perceber a timidez e a dificuldade em se expressar. Eles tem facilidade em conversar entre si, mas surgem os bloqueios quando precisam se apresentar para a turma. A dana pode ajudar o aluno a se relacionar melhor com o seu corpo, desenvolver a expressividade e valorizar as suas caractersticas fsicas e emocionais. um trabalho contnuo e de investigao, estar sempre atento aos estmulos e interesses dos alunos. Nossa misso em transmitir uma nova maneira de pensar sobre a dana desafiadora, estamos competindo com a mdia, que muitas vezes define os padres a serem seguidos, mas faz parte do nosso trabalho desenvolver nos nossos alunos o senso crtico, e pode vir atravs desses questionamentos s mudanas que queremos. Precisamos fazer os enfrentamentos para atingir as nossas metas6.

    Nota-se que as experincias com o ensino de dana na escola so

    divergentes. Alguns profissionais so conscientes de que h realmente um

    desconhecimento por parte dos professores acerca dos contedos e

    encaminhamento metodolgico desta rea artstica; outros reconhecem que a

    dana lembrada na escola somente em ocasies festivas; h ainda os que

    preferem trabalhar com um grupo pequeno de alunos realmente interessados

    em participar de programas especficos de dana. A colocao da professora 3

    seguinte confirma esta afirmao:

    5 (Diria por professora1 ltima edio: quarta, 9 abril 2014, 08:14) 6 ( Frum de discusso - analisando a realidade de sua escola por professora 2 - tera, 25 maro 2014, 10:46)

  • importante que se tenha um projeto voltado para a dana nas escolas. No colgio onde trabalho, existe um projeto de dana e teatro que os alunos fazem em contra turno (os que se mostram interessado), porm alheio a esse trabalho tento trabalhar dana com os alunos, no somente em apresentaes de algumas datas comemorativas, mas tambm no seu cotidiano. Tento trabalhar de uma forma que proporciona aos alunos se conhecer como seres humanos, desenvolvendo a linguagem e conhecendo o seu corpo, esse como veiculo de expresso, estimulando a sensibilizao, a criatividade e a auto-estima . A escola atravs da dana torna-se um ambiente agradvel, atrativo, onde os alunos se descobrem e compreendem que ela um instrumento transformador. Tenho bastantes dificuldades em trabalhar danas, por no ser a minha rea de formao, mas tento pesquisar bastante para fazer o meu melhor e com esse projeto apresentado no GTR, ir contribuir bastante para a melhora das minhas aulas7.

    Algumas prticas artsticas realizadas nas escolas restringem-se

    somente a atividades voltadas para apenas uma das linguagens artsticas

    (artes visuais), desconsiderando que a sala de aula espao privilegiado para

    atividades de dana e para o ensino do teatro e da msica. Essas prticas

    demonstram a no democratizao do ensino da arte.

    5 Consideraes finais

    Os resultados apresentados neste artigo comprovam tais afirmaes e

    demonstram que existe sim a possibilidade de ensinar arte na escola, sem ter

    que recorrer a mtodos que no levem em considerao o conhecimento

    formal e as referncias culturais de seu tempo. possvel, por meio do ensino

    da arte, fazer com que o aluno perceba-se enquanto sujeito atuante em sua

    sociedade de modo a participar na sua construo e transform-la.

    So necessrias aes para que o ensino da arte deixe de ser

    coadjuvante no sistema educacional. Neste contexto, inevitvel e

    fundamental que em todo projeto de ensino de Dana na escola, estejam

    presentes os saberes/contedos curriculares especficos desta rea.

    fundamental ressaltar que o ensino da Arte nem sempre ministrado por

    professores habilitados nas linguagens artsticas especficas, tornando-se

    necessria a elaborao de um plano de interveno que oferea subsdios

    terico-prticos que os auxiliem metodologicamente, tendo em vista o direito do

    7 (Dirio por professora 3 ltima edio: quarta, 16 abril 2014, 21:11)

  • aluno a ter acesso aos conhecimentos e saberes das diferentes reas artsticas

    e reconhecendo que a escola na maioria das vezes o nico local onde tal

    acesso possibilitado.

    Para que os alunos realmente apropriem-se dos conhecimentos,

    necessrio que ao planejar, o professor considere alguns aspectos

    fundamentais: quem so os alunos da escola pblica.

    Deve antes de tudo, pautar-se na idia de que a escola constitui-se

    como lugar de oportunidades para estudantes de diferentes classes e muitas

    vezes o nico local onde o conhecimento cientfico e o contato com a arte so

    proporcionados.

    6 Referncias

    A. MARQUES, Isabel. Danando na escola. 4 So Paulo: Cortez, 2007. p.206. ______. Ensino de dana hoje: textos e contextos. 4 So Paulo: Cortez, 2007. p. 126. BARRETO, Dbora. Dana: ensino, sentidos e possibilidades na escola. Campinas: Autores Associados, 2004. JOROSKY, Narda Helena. Dana Educativa no Ambiente Escolar: A luz da Proposta de Rudolf Laban. Revista Hrus Volume 4, nmero 1: Paran. Acesso em 25 de julho de 2014. LABAN, Rudolf. Dana Educativa Moderna. So Paulo: cone, 1990. Governo do Estado do Paran. Diretrizes curriculares de artes para a Educao Bsica. Curitiba, 2008 MRCIA MARIA STRAZZACAPPA. Entre a arte e a docncia: A formao do artista da dana. 2. ed. Campinas: Papirus, 2006. p. 125. ______. A Educao e a fbrica de corpos: a dana na escola. Caderno Cedes,2001. p. 69-83. Ministrio da Educao (2001). Currculo Nacional do Ensino Bsico Competncias Essenciais. Lisboa. PEREIRA, SRC et all. Dana na escola: desenvolvendo a emoo e o pensamento. Revista Kinesis. Porto Alegre, n. 25, 2001. RANGEL. N. B. C. Dana, educao, educao fsica: proposta de ensino da dana e o universo da educao fsica. Jundia: Fontoura, 2002. TAVARES, Isis Moura. Educao, corpo e arte. Curitiba: IESDE, 2005.

  • SBORQUIA, Silvia Pavesi; GALLARDO, Jorge Srgio P. As danas na mdia e as danas na escola. Revista Brasileira de Cincias do Esporte, Campinas, v. 23, n. 2, p. 105-118, jan. 2002.

    SCARPATO, Marta Thiago . Dana educativa: um fato em escolas de So Paulo disponvel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622001000100004. Acesso 08 maio 2013.

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622001000100004http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622001000100004