OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · considerada a origem e a razão das diferenças...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

A EDUCAÇÃO DA MULHER: A PERSPECTIVA DE UMA

SOCIEDADE MAIS JUSTA

Professora: Angelita Stürmer Voelz

Orientadora: Profa Dra Sandra Salete de Camargo Silva

RESUMO Vivemos em uma época marcada pela transformação social dos papéis masculinos e femininos oriundos da relação de poder estabelecida entre homens e mulheres. Esta diferença, porém, tem privilegiado os homens, na medida em que a sociedade ainda não tem oferecido às mesmas oportunidades de inserção social e exercício de cidadania a todos/as. A escola além de ter a responsabilidade de não reforçar a discriminação e o preconceito contra as mulheres e contra o que não corresponde a um ideal de masculinidade e feminilidade dominante, deve ter a consciência de que sua atuação não é neutra.Esta pesquisa aborda diretamente a questão de gênero na escola, e tem como objetivo principal reconhecer a igualdade de gênero, identificando e buscando amenizar as práticas escolares que naturalizam a hierarquia de gênero. Especificamente, buscamos promover o estudo e o debate dentro da escola referente às questões de gênero; identificar e descrever as várias identidades e comportamentos referentes às diferenças de gênero, no que diz respeito à educação de meninos e meninas e criar ações que desvelem as questões de gênero na escola, que desnaturalizem diferenças culturais, e combatam a discriminação e o preconceito, compreendendo que a identidade de grupos são construções socioculturais e históricas. Quanto a abordagem metodológica para o registro do percurso de nossa formação no PDE utilizamo-nos do relato de experiência baseado na pesquisa bibliográfica à temática. A escola ocupa um espaço relevante em desvelar essas diferenças, constituindo um importante instrumento na construção de valores e atitudes, que permitam o enfrentamento crítico e reflexivo das questões que envolvem gênero, coibindo práticas de desigualdades e de produção de preconceitos e discriminações. Este trabalho reafirma que há um longo caminho a percorrer no que tange à igualdade de gênero e apresenta a relevância do espaço educacional nesse processo.

PALAVRAS-CHAVE: Educação da Mulher. Igualdade de Gênero. Práticas

Escolares. Transformação Social.

1 INTRODUÇÃO

Escolhemos esse assunto, visto que a época em que vivemos é

marcada pela transformação social dos papéis masculinos e femininos

decorrentes da relação de poder estabelecida entre homens e mulheres Nesse

sentido, é possível afirmar que não faltam exemplos demonstrativos de que a

hierarquia de gênero, em diferentes contextos sociais, favorece o masculino.

Elencamos como objetivo principal promover a igualdade de gênero,

identificando e buscando amenizar as práticas escolares que naturalizam a

hierarquia de gênero.

Especificamente, promover o estudo e o debate dentro da escola

referente às questões de gênero; identificar e descrever as várias identidades e

comportamentos referentes às diferenças de gênero, no que diz respeito à

educação de meninos e meninas e criar ações que desvelem as questões de

gênero na escola, que desnaturalizem diferenças culturais, e combatam a

discriminação e o preconceito, compreendendo que a identidade de grupos são

construções socioculturais e históricas.

Diante da problematização que a temática nos proporciona no decorrer

da trajetória pessoal e profissional questionamos o porquê de tantas

desigualdades entre homens e mulheres, expressas nas mais diversas

situações da sociedade contemporânea. É comum encontrarmos explicações

científicas baseadas no funcionamento de nosso cérebro ou dos hormônios

que seria distinto em cada sexo. Essas explicações desconsideram e

escondem o longo processo de socialização que divide os seres humanos em

gêneros diferentes.

Tendo em vista que em nossa cultura existe a tendência ao preconceito

e à discriminação contra os que não correspondem a um padrão de

masculinidade ou feminilidade, e, considerando que a mulher ainda é tratada

como submissa por grande parte da sociedade, como a escola pode contribuir

para a não perpetuação da hierarquia de gênero, visando uma sociedade mais

justa?

Dessa forma, como abordagem metodológica para o registro do

percurso de nossa formação no PDE utilizaremos do relato de experiência

baseado na pesquisa bibliográfica sobre a temática.

2 EDUCAÇÃO DA MENINA E DA MULHER: CONCEPÇÕES E

CONTEXTUALIZAÇÃO

O reconhecimento da educação da menina e da mulher perpassa

questões que envolvem as características da sociedade em que encontram-se

inseridas. Nessa perspectiva de análise precisamos identificar e compreender

concepções, princípios e valores, contextualizando o lugar de construção do

conhecimento e desenvolvimento do senso crítico, onde se formam pessoas,

corpos e identidades. A escola é uma referência para o reconhecimento,

respeito, acolhimento, diálogo e convívio com a diversidade.

O espaço educativo representa um espaço de questionamento das

relações de poder, de análise dos processos sociais que produzem as

diferenças, desigualdades, bem como opressão e sofrimento.

Sendo a escola um espaço formal da educação, de meninas e mulheres

apresenta-se como transmissora e produtora do saber social e tem um grande

papel na construção da cidadania. Necessariamente, precisa contribuir para a

superação de preconceitos e desigualdades através da implementação de

ideias e valores que não reforcem a concepção de um mundo masculino

superior ao feminino, mas que estabeleça condições de igualdade para ambos

os sexos.

Cavalcanti (2003) defende que:

A escola ocupa [...] um importante papel como instituição social perpetuadora de discursos que mantém relações de poder entre grupos humanos, [...] acabam por generificar atributos que, a priori, podem privilegiar, indistintamente, qualquer indivíduo, seja ele homem ou mulher, pobre ou rico, preto ou branco. (CAVALCANTI, 2003, p. 184)

Com relação ao papel da escola na formação dos alunos, a mesma

precisa incorporar o debate das questões de gênero, fazer leituras críticas dos

livros didáticos, refletir sobre a prática escolar na perspectiva de gênero (como

por exemplo, eliminar as divisões por gênero, facilitar a interação de ambos os

sexos na hora do recreio), além de desenvolver trabalhos que abordem a

sexualidade, como também debater sobre conteúdos de textos sexistas e

preconceituosos.

No âmbito escolar e social precisamos ressaltar que atingir a igualdade

de gênero não significa que os homens e as mulheres são iguais, mas sim, que

os direitos e oportunidades de uma pessoa são independentes do sexo que

possui.

De acordo com Quinlan; Sharpe (1996):

Se já está mais que provado que o cérebro não tem sexo e que o indivíduo humano é um produto do meio e da educação,

como exigir mentalidade consciente de um ser cujo cérebro é imbecilizado paulatinamente, mercê de uma educação que obedece aos mais estúpidos preconceitos? Alegam a inferioridade da mulher. Esta inferioridade só poderia ser provada se a mulher fosse educada em condições de igualdade com o homem. Inferioridade na matéria dos tecidos que formam o corpo humano, não há nenhuma. A anatomia da mulher é perfeitamente igual à do homem. Nas escolas estuda-se anatomia humana e não anatomia masculina e feminina ou masculina, separadamente. A diferença única está no sexo. Mas ninguém pensa com o sexo! Pensa-se com o cérebro e este, está demonstrado à saciedade, é da mesma massa na mulher e no homem. (COBRA, Apud QUINLAN; SHARPE, 1996, p.116).

Enquanto aparelho ideológico a escola precisa questionar sobre sua

participação na construção da identidade e de valores desta e das próximas

gerações, pois é um local onde se proliferam as manifestações de relações de

gênero e onde se transforma ou mantém os papéis estereotipados sobre o que

significa ser homem e ou mulher na sociedade atual.

O presente estudo e sua posterior aplicação na escola, busca relacionar

gênero e educação, trazendo à tona a falta de igualdade entre mulheres e

homens. Igualmente objetiva promover a equidade de gênero, identificar e

amenizar as práticas escolares que naturalizam a hierarquia de gênero, a fim

de transformar paradigmas já internalizados e naturalizados.

Nesse sentido afirmamos que o ambiente escolar é o lugar que contribui

para a transformação social e no caso da temática aqui discutida, é campo

fecundo para incitar tal transformação.

3 MENINOS E MENINAS: DIFERENÇAS VÃO ALÉM DE

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E SEXUAIS

As diferenças entre meninos e meninas vão além de características

físicas e sexuais, envolvem também o cognitivo, social e emocional, sofrendo

influências biológicas e ambientais.

Sartori (2008, p.32) adverte que:

É importante analisar a articulação entre o biológico e o social, ou seja, não negar as diferenças entre mulheres e homens, mas há que se reconhecer que o gênero marca a diferença fundamental entre os sexos e que a biologia não pode ser

considerada a origem e a razão das diferenças entre os sexos (principalmente a subordinação).

É inviável definir padrões motores adequados para meninos e meninas,

sem considerarmos a influência de valores, ideais e conceitos de cada

sociedade. Nem todos os indivíduos têm a mesma capacidade para incorporar

a padronização dos papéis do sexo, gênero e comportamento motor.

O conceito de gênero se coloca em contraposição às concepções

simplistas, presas a distinções de caráter biológico, que obscurecem as razões

sociais e históricas das diferenças e desigualdades entre homens e mulheres.

Em outras palavras, expressa ―uma rejeição a um determinismo biológico

implícito no uso de termos como sexo ou diferença sexual‖, ao trazer à tona o

caráter fundamentalmente social das distinções baseadas em tais conceitos

(SCOTT, 1995:72 e DE LAURETIS:1986:12).

Assim, gênero significa que homens e mulheres são produtos da

realidade social em que estão inseridos e não decorrência da anatomia de seus

corpos. Beauvoir (1949), diz que ―não se nasce mulher, torna-se mulher‖.

Sobre a mesma questão Barbosa (1998), afirma que gênero não quer dizer que

quando o indivíduo nasce ele se torna homem ou mulher, mas que eles se

constroem com divergentes comportamentos, poderes e até mesmo diferentes

sentimentos.

O comportamento de homens e mulheres em sociedade corresponde a

um intenso aprendizado sociocultural que nos diz como agir conforme cada

gênero. Existe uma expectativa social com respeito à maneira como homens e

mulheres devem andar, falar, sentar, mostrar seu corpo, brincar, namorar,

cuidar do outro, amar dentre outros aspectos. De acordo com estudos sobre o

gênero, há também modos estabelecidos de trabalhar, gerenciar outras

pessoas, ensinar, dirigir o carro, gastar o dinheiro, ingerir bebidas e muitas

outras atividades.

Nesse sentido, Saffioti (1987, p. 11) afirma que:

[...] a identidade social da mulher, assim como a do homem, é construída através da atribuição de distintos papéis que a sociedade espera ver cumpridos pelas diferentes categorias de sexo. A sociedade delimita, com bastante precisão, os campos em que pode operar a mulher, da mesma forma como escolhe os terrenos em que pode atuar o homem.

Sobre gênero Silva e Daolio discute que, ―para além de concepções

generalizantes e universais em relação ao ser homem e ao ser mulher, cada

cultura constrói um conjunto de significados em torno dessas categorias que

variam historicamente e se liga a um determinado contexto social específico.‖

(2007, p.16). Assim as diferenças de gênero são construídas socialmente e

variam de acordo com cada cultura.

O ambiente escolar pode reproduzir imagens negativas e

preconceituosas quando relaciona o rendimento das alunas ao esforço e bom

comportamento e os alunos quando correspondem a um modelo masculino

predeterminado.

De acordo com Guacira Louro (2007, p.86):

[...] se reconhecemos que essas identidades estão sendo produzidas através de relações de desigualdade; se admitirmos que a escola está intrinsecamente comprometida com a manutenção de uma sociedade dividida e que faz isso cotidianamente, com nossa participação ou omissão [...] e por fim, se não nos sentimos conformes com essas divisões sociais, então certamente, encontramos justificativas não apenas para observar, mas especialmente, para tentar interferir na continuidade dessas desigualdades.

Louro (1997) sugere que o (a) educador (a) utilize diferentes formas de

dividir grupos, promova debates sobre representações encontradas nos livros

didáticos, revistas e filmes, recriando posteriormente os textos numa

perspectiva não-sexista.

A escola tem um papel fundamental no sentido de desvelar essas

diferenças, além de ser um importante instrumento na construção de valores e

atitudes, que permitam um olhar mais crítico e reflexivo sobre as identidades de

gênero, ao invés de ser um lugar de práticas de desigualdades e de produção

de preconceitos e discriminações como destaca Louro (1997, p. 57):

Diferenças, distinções, desigualdades... A escola entende disso. Na verdade, a escola produz isso. Desde seus inícios, a instituição escolar exerceu uma ação distintiva. Ela se incumbiu de separar os sujeitos — tornando aqueles que nela entravam distintos dos outros, os que a ela não tinham acesso. Ela dividiu também, internamente, os que lá estavam, através de múltiplos mecanismos de classificação, ordenamento, hierarquização.

Como as identidades estão sendo construídas e transformadas é

necessário que a escola tenha um olhar social crítico diante dessas diferenças

de gênero. O debate precisa se disseminar no meio acadêmico e educacional

para que a questão de gênero seja efetivada nos currículos escolares, onde

professores(as) de diferentes disciplinas poderão trabalhar o tema em

inúmeras situações.

A escola tem contribuído para a propagação de pensamentos que

reduzem a raça humana ao termo homem e de submissão da mulher através

de mecanismos ideológicos de gênero em que valoriza os padrões de

comportamentos masculinos em detrimento dos comportamentos femininos,

delimitando o lugar ocupado pelas mulheres na sociedade, impregnando-os de

desigualdades e opressões com o objetivo de garantir a manutenção da

sociedade patriarcal.

Apresenta assim, um modelo de pessoa. Este modelo de pessoa está

pautado em um padrão, que é masculino, branco e heterossexual. Tudo que

não se encaixa nesse modelo é tratado como inferior, estranho e diferente. É

este olhar que institui a desigualdade, e não as diferenças em si. A

desigualdade é produzida pela forma como encaramos as diferenças. Quando

a escola tenta encaixar um aluno ou uma aluna a um padrão ―normal‖, está

produzindo desigualdades e para romper com isto é preciso estar atento/a,

olhar de outras formas, questionar o que parece ―natural‖, inquestionável e

refletir sobre toda prática pedagógica da escola.

Se o gênero é construído socialmente por nós nas relações familiares,

escolares, na rua, na mídia, então se pressupõem que essas normas sociais

possam ser transformadas, discutidas, criticadas, questionadas, modificadas

buscando a igualdade social entre homens e mulheres no que diz respeito ao

acesso aos direitos sociais, políticos e civis. E a escola pode reforçar

preconceitos e estereótipos de gênero caso tenha pouca reflexão sobre as

classificações morais entre o que é atribuído ao homem e a mulher. Esta

instituição tem a responsabilidade na garantia do direito de cada pessoa de ter

uma imagem justa de si e de ser tratada com dignidade, bem como contribuir

para a igualdade de direitos e oportunidades.

Assim, percebemos que há um longo caminho a percorrer no que tange

a igualdade de gênero. Por outro lado, não se pode negar que as conquistas

vêm sendo alcançadas gradativamente ao longo da história. Dentro do

percurso da formação docente realizamos etapas do processo continuo até

culminar com este registro. Passaremos a relatar uma síntese relevante desse

trajeto.

4 PERCURSO DA FORMAÇÃO DOCENTE: RELATANDO UMA

INTERVENÇÃO

No intuito de materializar os estudos realizados no decorrer do Programa

de Desenvolvimento Educacional – PDE realizamos uma intervenção

pedagógica por meio de um Curso de Aperfeiçoamento - Formação Continuada

para Professores/as, no Colégio Estadual Astolpho Macedo de Souza, Ensino

Fundamental, Médio e EJA, de União da Vitória. Como tema centralizador do

trabalho apresentamos discussões sobre Gênero na Escola. O público alvo da

formação contou com professores/as do Ensino Fundamental e Médio, com

carga horária: 32 horas, sendo 8 encontros de 4 horas.

Por meio de uma unidade didática que norteou toda as etapas da

intervenção pedagógica, o curso de aperfeiçoamento foi uma grande

oportunidade de promover a reflexão sobre o tema dentro da escola. O

encaminhamento metodológico dos encontros, apresentou estratégias e

recursos didáticos-pedagógicos variados, através de estudos de textos, análise

das relações de gênero na música, vídeos que abordam o tema, cine fórum,

debates, reportagens de revistas, palestra e pesquisas das relações dentro da

escola. Procuramos diversificar as atividades para assim tornar mais atraente e

dinâmico os trabalhos, visto que esta formação ocorreu em horário extra

classe.

O processo de formação contou também com discussões e

questionamentos da comunidade de profissionais da educação do Estado do

Paraná por meio de Grupo de Trabalho em Rede – GTR. Os Grupos de

Trabalho em Rede – GTR constituem uma atividade do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, que se caracteriza pela interação virtual

entre os/as Professores/as PDE e os demais professores/as da Rede Pública

Estadual. Tem como objetivos possibilitar novas alternativas de formação

continuada para professores/as da Rede Pública Estadual; viabilizar mais um

espaço de estudo e discussão sobre as especificidades da realidade escolar;

incentivar o aprofundamento teórico-metodológico nas áreas de conhecimento,

através da troca de ideias e experiências sobre as áreas curriculares; socializar

o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola elaborado pelo/a Professor/a

PDE com os/as demais professores/as da Rede; e também promover a

inclusão virtual do/a Professores/as como forma democratizar o acesso da

Educação Básica aos conhecimentos teórico-práticos específicos das

áreas/disciplinas trabalhados no Programa.

Como resultado da intervenção percebemos que para o grupo de

professores/as trabalhados destacamos como relevante a conscientização do

estudo e debate referente às questões de gênero, a identificação e a busca por

amenizar as práticas escolares que naturalizam a hierarquia de gênero dentro

da escola, bem como na sociedade. Porém percebemos que na prática ainda

temos muito a avançar neste sentido da igualdade de gênero.

Destacamos que as conclusões acima refletem a importância de

procurarmos a formação profissional adequada às nossas demandas

educacionais e questionamentos próprios de cada docente, nas condições

concretas e reais da comunidade escolar em que se encontra. Assim

precisamos reconhecer o papel do PDE na implementação de possibilidades

de formação docente.

6 PDE E A CONTRIBUIÇÃO NA FORMAÇÃO CONTÍNUA

O PDE é uma política pública de Estado regulamentado pela Lei

Complementar nº 130, de 14 de julho de 2010 que estabelece o diálogo entre

os/as professores/as do ensino superior e os da educação básica, através de

atividades teórico-práticas orientadas, tendo como resultado a produção de

conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública

paranaense.

O objetivo do PDE é proporcionar aos/as professores/as da rede pública

estadual subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações

educacionais sistematizadas, e que resultem em redimensionamento de sua

prática. O PDE se destina aos/as professores/as do quadro próprio do

magistério (QPM), que se encontram no nível II, classe 8 a 11, da tabela de

vencimentos do plano de carreira. O professor que ingressa no PDE tem

garantido o direito a afastamento remunerado de 100% de sua carga horária

efetiva no primeiro ano e de 25% no segundo ano do programa.

Acreditamos que o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE é

uma oportunidade única de aperfeiçoamento profissional do professor/a e

oportunidade de reflexão sobre a prática pedagógica escolar.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizarmos este estudo, consideramos que meninos e meninas são

diferentes e estas diferenças vão além de características físicas e sexuais,

envolvendo também o cognitivo, social e emocional, sofrendo influências

biológicas e ambientais.

Considerar que gênero significa que homens e mulheres são produtos

da realidade social em que estão inseridos e não decorrência da anatomia de

seus corpos é fato. Contudo, o comportamento de homens e mulheres em

sociedade corresponde a um intenso aprendizado sociocultural que nos diz

como agir conforme cada gênero. Neste sentido as diferenças de gênero são

construídas socialmente e variam de acordo com cada cultura. Tendo a escola

tem um papel fundamental no sentido de desvelar essas diferenças, além de

ser um importante instrumento na construção de valores e atitudes, que

permitam um olhar mais crítico e reflexivo sobre as identidades de gênero, ao

invés de ser um lugar de práticas de desigualdades e de produção de

preconceitos e discriminações. É necessário que a escola tenha um olhar

social crítico diante dessas diferenças de gênero e apresenta-se como espaço

de responsabilidade na garantia do direito de cada pessoa de ter uma imagem

justa de si e de ser tratado com dignidade, bem como contribuir para a

igualdade de direitos e oportunidades.

Assim sendo, ante o percurso do trabalho realizado percebemos que há

um longo caminho a percorrer no que tange a igualdade de gênero. Por outro

lado, não se pode negar a relevância do espaço educacional e ainda, que

conquistas vêm sendo alcançadas e explicitadas gradativamente, ao longo da

história.

REFERENCIAS

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