OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Curso Formação de Docentes em nível médio...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Título: Reflexões sobre a alfabetização e letramento: um estudo com alunos do
Curso Formação de Docentes em nível médio do Colégio Estadual Cianorte -
Ensino Fundamental, Médio, Normal e Profissional.
Autor Clarice Conceição Bongiorno
Disciplina/Área (Ingresso no PDE)
Pedagogia
Escola de Implementação do Projeto e sua localização
Colégio Estadual Cianorte
Município da escola
Cianorte-Pr
Núcleo Regional de Educação
Cianorte-Pr
Professor Orientador
Dra Elsa Midori Shimazaki
Instituição de Ensino Superior
Universidade Estadual de Maringá
Resumo
De acordo com os dados do MEC
(Ministério da Educação) cerca de 700
mil crianças chegam anualmente no 6º
ano do Ensino Fundamental por ano
não alfabetizadas e um outro número
considerável de crianças com
dificuldades de leitura, escrita e
compreensão de texto, o que não
permite ou dificulta a aprendizagem
dos conteúdos escolares e,
consequentemente, a apropriação de
conhecimentos, comprometendo assim
a continuidade dos estudos. Diante
disso, este projeto tem por objetivo
refletir sobre o Pacto Nacional de
Alfabetização na Idade Certa (PNAIC)
no enfrentamento dos problemas de
alfabetização e letramento. O mundo
da escrita se dá simultaneamente por
dois processos: aquisição do sistema
convencional de escrita – a
alfabetização, e desenvolvimento de
habilidades de uso desse sistema em
atividades de leitura e escrita, nas
práticas sociais que envolvem a língua
escrita – o letramento. Para tanto,
oferecer-se-á um curso de extensão
aos estudantes do Curso Formação de
Docentes, abrangendo o estudo de
materiais do PNAIC e autores que
estudam o tema alfabetização e
letramento. E, assim contribuir com os
estudantes desse curso, por meio do
entendimento de que é fundamental
investir na formação inicial de
alfabetizadores, que melhor preparados
terão condições de realizar um trabalho
de alfabetização que oportuniza às
crianças o direito de aprender a ler e
escrever até os oito anos de idade.
Palavras-chave
Alfabetização; Letramento;
Aprendizagem.
Formato do Material Didático
Unidade Didática
Público Alvo
Alunos do curso Formação de
Docentes
APRESENTAÇÃO
A construção desse material didático se deu pela necessidade de efetivar a
implementação do Projeto de Intervenção na Escola, dando condições para refletir
sobre o Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), no enfrentamento
aos problemas de Alfabetização e Letramento. Essa reflexão realizar-se-á a partir
dos materiais disponibilizados pelo PNAIC e da leitura de autores que discutem o
tema.
Buscando atender as demandas do processo educativo, este material
pedagógico poderá contribuir para compreender os fundamentos teórico-
metodológicos da alfabetização e letramento, oferecendo subsídios para a
compreensão do papel da aprendizagem escolar e da formação dos conceitos
científicos na promoção da aprendizagem dos estudantes.
A nossa experiência profissional e pessoal em escola pública e os resultados
obtidos por meio dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(IDEB), o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) e o Índice de
Analfabetismo Funcional (Inaf), indicam que a apropriação da leitura e escrita não
tem sido suficiente aos alunos nos três primeiros anos do Ensino Fundamental.
Diante dessa constatação, buscamos compreender se a proposta de formação
destinada ao professor descritas no PNAIC, propicia condições para refletir a prática
pedagógica, assim como se os materiais didáticos disponibilizados pelo PNAIC, para
a organização do trabalho de alfabetização, contribuem para a melhoria do processo
de ensino e aprendizagem.
Essa discussão é necessária na formação inicial dos professores. Dessa
forma, esse material didático-pedagógico destina-se a discutir esses temas com os
estudantes do Curso Formação de Docentes do Colégio Estadual Cianorte - Ensino
Fundamental, Médio, Normal e Profissional.
UNIDADE I - JUSTIFICATIVA DO TEMA, APRESENTAÇÃO DO PNAIC (PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA) E AS PRINCIPAIS IDEIAS DE VYGOSKY
“Se a criança é levada a buscar seu material, a fazer sua elaboração, a se expressar argumentando, a buscar fundamentar o que diz, a fazer uma crítica ao que vê e lê, ela vai amanhecendo como sujeito capaz de uma proposta própria”.
Pedro Demo
Nesta Unidade serão apresentados os dados que justificam esse estudo e
que causam preocupação em relação às condições de alfabetização dos atuais
estudantes, os objetivos do PNAIC e algumas ideias de Vygotsky (1991)1 que é a
base teórica que fundamenta esse trabalho.
As avaliações externas no Brasil tiveram início na década de 1990. Era
necessário tomar decisões para melhorar o alto índice de analfabetismo no país.
Para tanto, precisava conhecer a situação da educação brasileira, para que as
políticas públicas atendessem efetivamente essa demanda.
Atualmente, contamos com vários instrumentos de avaliações oficiais, dentre
eles estão: IDEB, Pisa e o Inaf, que indicam que a apropriação da leitura e escrita
não tem sido suficiente em alunos nos três primeiros anos do Ensino Fundamental.
Em 2005 teve início a avaliação em larga escala, em que estudantes
matriculados na 4ª série e 8º série do Ensino Fundamental em escolas com mais de
20 alunos passaram a ser avaliados por meio de instrumentos de avaliação
elaborados pelo Ministério da Educação - MEC, a chamada Prova Brasil.
A Prova Brasil é uma avaliação educacional nacional que oferece o mais
completo e detalhado retrato da qualidade do aprendizado nas redes públicas de
ensino do Brasil. Ela faz parte do Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica (Saeb) e avalia duas competências dos alunos: a de leitura e interpretação
de textos (Língua Portuguesa) e a resolução de problemas matemáticos
(Matemática). Essa avaliação fornece resultados por escola, município, estado e
país. Seus resultados compõem o IDEB.
O IDEB é calculado a partir de dois componentes: taxa de rendimento escolar
(aprovação) e médias de desempenho nos exames padronizados aplicados pelo
Inep. Os índices de aprovação são obtidos a partir do Censo Escolar, realizado
1 Considerando as várias formas de grafar o nome de Vygotsky, esta é a grafia adotada neste estudo,
porém nas citações será apresentada a grafia da forma como os livros referenciados as trazem.
anualmente pelo Inep. As médias de desempenho utilizadas são as da Prova Brasil
e do Saeb.
A partir desse índice, viabiliza-se aos sistemas de educação proporem
políticas públicas e as Instituições de Ensino reverem suas práticas, assim esse
processo de avaliação mobiliza toda a sociedade para melhorar a educação pública
do país.
Em 2011 o IDEB apontou os seguintes números referentes ao Ensino
Fundamental - Anos Iniciais: Brasil 4,7 - Paraná 5,4 - Cianorte 6,0. Ainda há muito
que fazer para melhorar a aprendizagem das nossas crianças nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, especialmente no processo de alfabetização. De acordo com
Rojo (2004, p.1):
Se perguntarmos a nossos alunos o que é ler na escola, possivelmente estes dirão que é ler em voz alta, sozinho ou em jogral (para avaliação de fluência entendida com compreensão) e, em seguida, responder um questionário onde se deve localizar e copiar informações do texto (para avaliação de compreensão). Ou seja, somente poucas e as mais básicas das capacidades leitoras têm sido ensinadas, avaliadas e cobradas pela escola. Todas as outras são ignoradas. É o que mostram os resultados de leitura de nossos alunos em diversos exames, com o ENEM, ARESP, SAEB, PISA, tidos como altamente insuficientes para a leitura cidadã numa sociedade urbana e globalizada, altamente letrada, como a atual.
A partir desse ano as crianças que concluem o ciclo de alfabetização do 1º
ao 3º ano do ensino básico em escolas públicas farão a Avaliação Nacional da
Alfabetização (ANA). Esta Avaliação servirá para medir o conhecimento das crianças
e ajudará no cumprimento do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
(PNAIC), que estabelece que todas as crianças até os 8 anos de idade sejam
alfabetizadas. Servirá como ponto de partida para que se possa medir a evolução do
aprendizado das crianças nessa etapa do ensino. A ANA deverá produzir
informações sistemáticas sobre as unidades escolares, de forma que cada unidade
receba o resultado global. Será uma avaliação de larga escala e servirá para a
produção de índices sobre a alfabetização e letramento dos estudantes, também
fará parte do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Nos últimos 30 anos, as políticas públicas conseguiram melhorar o ingresso
dos brasileiros na escola, no entanto, tem-se ainda que superar é falta de qualidade
na aprendizagem. De acordo com os dados do MEC, cerca de 700 mil crianças
chegam anualmente no 6º ano do Ensino Fundamental sem estarem alfabetizadas
(MEC, 2013).
Propor uma discussão sobre alfabetização e letramento não é novidade no
meio acadêmico, porém ela continua sendo necessária para a superação dos
resultados insatisfatórios constatados por meio das avaliações internas e externas.
O que há de novo nesse processo e que nos propusemos a discutir por meio desse
projeto, é o PNAIC, é um “[...] acordo formal assumido pelo Governo Federal,
Estados, Municípios e entidades para firmar o compromisso de alfabetizar crianças
até, no máximo, 8 anos de idade, ao final do ciclo de alfabetização.” (Caderno de
apresentação do PNAIC, 2012, p. 5).
O Pacto se apoia em quatro eixos de atuação que demonstram a dimensão
da sua ação conforme descrito na Portaria MEC nº 867 art. 6º:
I- formação continuada presencial para os professores alfabetizadores e seus orientadores de estudo; II - materiais didáticos, obra literárias, obras de apoio pedagógico, jogos e tecnologias educacionais; III - avaliações sistemáticas e IV - Gestão, controle social e mobilização.
Ainda na Portaria nº 867 art. 5º fica expresso os objetivos do Pacto:
I - garantir que todos os estudantes dos sistemas públicos de ensino estejam alfabetizados, em Língua Portuguesa e em Matemática, até o final do 3° ano do ensino fundamental; II - reduzir a distorção idade-série na Educação Básica; III - melhorar ao índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB); IV - contribuir para o aperfeiçoamento da formação dos professores alfabetizadores; V - construir propostas para a definição dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças nos três primeiros
anos do ensino fundamental.
A partir do momento que a criança passou a ter um lugar de destaque na
sociedade, foram sendo criadas políticas públicas visando dar conta de suas
especificidades e garantindo-lhes direitos como, por exemplo, a LDBEN 9394/96 Art
2º:
A educação dever da família e do estado inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
O Art 3º da LDBEN trata de duas questões fundamentais: "VII - valorização
do profissional da educação escolar e IX - garantia de padrão de qualidade."
Ainda na LDBEN no Art. 32 esclarece que: "O ensino Fundamental
obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se
aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão,
mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)."
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV – o fortalecimento de vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
A partir das fundamentações até aqui descritas e os objetivos a que se
propõe o PACTO, o trabalho será concretizado, buscando a necessária relação da
teoria com a prática, contribuindo com a melhora do trabalho do professor
alfabetizador em formação.
Diante da situação descrita faz-se necessário aprofundar os estudos sobre
alfabetização e letramento.
As formas de comunicação com o mundo se dão por meio da fala, audição,
leitura e escrita sendo elas as manifestações do uso criativo e produtivo da língua. A
aprendizagem da leitura e escrita, objeto de estudo neste projeto, não acontece de
forma espontânea e natural, mas sim por meio da relação com o outro. De acordo
com Vygotsky (1991, p.99) "[...] o aprendizado humano pressupõe uma natureza
social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida
intelectual daquelas que as cercam". Destaca-se aqui a importância do outro na
aprendizagem da criança.
Em se propondo a discutir a aprendizagem da leitura e da escrita, torna-se
fundamental falar sobre a linguagem:
[...] a capacitação especificamente humana para a linguagem habilita as crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superar a ação impulsiva, a planejar uma solução para um problema antes de sua execução e a controlar seu próprio comportamento. Signos e palavras constituem para as crianças, primeiro e acima de tudo, um meio de contato social com outras pessoas. As funções cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se, então, a base de uma forma nova e superior de atividade nas crianças, distinguindo-as dos animais (VYGOTSKY, 1991, p. 31).
A linguagem está relacionada a fenômenos comunicativos, onde há
comunicação há linguagem. É a capacidade que os seres humanos possuem de
expressar os pensamentos, as ideias, as opiniões e os sentimentos.
A comunicação se dá por inúmeros tipos de linguagens tais como: sinais,
sons, símbolos e gestos. Enfim, a linguagem pode ser classificada como qualquer
sistema de sinais que se valem os indivíduos para comunicar-se.
Ainda para Vygotsky (1991), o aprendizado e o desenvolvimento estão inter-
relacionados, desde o primeiro dia de vida da criança.
Se a criança aprende desde o dia que nasce, então não se pode
desconsiderar o que ela já aprendeu antes de iniciar sua vida escolar.
O ponto de partida dessa discussão é o fato de que o aprendizado das crianças começa muito antes delas frequentarem a escola. Qualquer situação de aprendizado com a qual a criança se defronta na escola tem sempre uma história prévia. Por exemplo, as crianças começam a estudar aritmética na escola, mas muito antes elas tiveram que lidar com operações de divisão, adição, subtração e determinação de tamanho. Consequentemente, as crianças têm a sua própria aritmética pré-escolar, que somente psicólogos míopes podem ignorar. (VYGOTSKY, 1991, p. 94)
Nesta perspectiva da psicologia sócio-histórica até aqui descrita, a escola
tem um papel fundamental no processo de aprendizagem das crianças, é sua tarefa
organizar e sistematizar os conteúdos de modo que a crianças aprendam desde
cedo fazer as necessárias relações com o meio social em que vive, nesse processo
o professor tem o papel essencial de mediador entre o que a criança já aprendeu e o
que ela ainda não compreendeu, a esse momento Vygotsky (1991, p.95) dá o nome
de Zona de Desenvolvimento Proximal: "[...] Para elaborar as dimensões do
aprendizado escolar, descreveremos um conceito novo e de excepcional
importância, sem o qual esse assunto não pode ser resolvido: a zona de
desenvolvimento proximal."
O autor afirma também que:
[...] Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VYGOTSKY, 1991 p. 96)
Assim, fica evidente que a criança aprende a partir do que já sabe, da sua
leitura de mundo, sendo este mundo o meio social em que vive e na relação com o
outro que esse processo se dá, no caso específico da escola os mediadores desse
processo é o professor e os colegas com quem estabelece uma convivência.
ATIVIDADES
Exposição da justificativa do estudo sobre alfabetização e letramento
contextualizando a realidade nacional.
Apresentação do PNAIC, destacando seus objetivos e encaminhamentos
propostos.
Apresentação de uma síntese das ideias de Vygotsky destacando: psicologia
sócio-histórica, zona de desenvolvimento proximal e funções psicológicas
superiores a partir do texto elaborado nesta Unidade.
História de Amala e Kamala com enfoque na "construção social do sujeito".
Vídeo: Marta Khol Oliveira - sobre História e Teoria de Vygotsky: disponível
em: <http://www.youtube.com/watch?v=pZFu_ygccOo>. Acesso em: 29/10/13
REFERÊNCIAS
BRASIL - Ministério da Educação. Reunião com os coordenadores do PNAIC: Brasília, 2013. ______. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Brasília, 2012. ______. Ministério da Educação. Institui o Pacto Nacional pela Alfabetização da Idade Certa e as Ações do Pacto e define suas diretrizes gerais. Portaria n. 867 de 4 de Julho de 2012, Brasília, 2012. ______.Presidência da República. Ministério da Educação. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília: MEC, 1996. ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE: CENP, 2004. Texto apresentado em Congresso realizado em maio de 2004. VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. Livraria Martins Fontes. Ed. LTDA, 4ª Edição, São Paulo, 1991.
UNIDADE II - PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA: POSSIBILIDADES E LIMITES “O trabalho educativo é o ato de produzir direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade produzida pelo conjunto dos homens”.
Dermeval Saviani
Saviani (1982), educador brasileiro criou a pedagogia histórico-crítica que
através de um método específico orienta como deve ser o trabalho do professor,
para isso aponta um caminho organizado em cinco passos: "[...] prática social,
problematização, instrumentalização, catarse e prática social." (p.61). A seguir será
explicitado como é explicado por Saviani cada passo desse processo.
O primeiro passo: prática social é entendida como inicial, "[...] que é comum
a professor e alunos. Entretanto, em relação a essa prática comum, o professor
assim como os alunos podem se posicionar diferentemente enquanto agentes
sociais diferenciados." (SAVIANI, 1982, p.61). Significa que nesse processo, o
fundamental, ou seja, o ponto de partida do professor ao organizar e planejar a aula
respalde-se no que o estudante já sabe sobre o conteúdo, mesmo que seja um
conhecimento do senso comum e confuso, pois quando o professor tem uma melhor
compreensão e uma visão mais ampla dos conhecimentos prévios do estudante,
fará então o papel de "mediador" nesse processo com maior êxito. É nesse
momento do trabalho que o professor deve situar o conteúdo num contexto mais
amplo, dando significado e se sentindo mais seguro do trabalho que está realizando.
O segundo passo: problematização "[...] trata-se de detectar que questões
precisam ser resolvidas no âmbito da Prática Social e, em consequência, que
conhecimento é necessário dominar." (SAVIANI, 1982 p. 61)
É o momento de levantar os problemas do cotidiano, para que o conteúdo a
ser trabalhado vá ao encontro à necessidade percebida e que o significado esteja
contextualizado, entendendo que o espaço de resolução desses problemas é no
espaço da sociedade, ou seja, não atribuindo esta tarefa ao indivíduo ou a um
pequeno grupo. São essas questões que orientarão o planejamento do professor
para a prática contextualizada e significativa tão desejada e discutida nos espaços
de formação.
O terceiro passo: instrumentalização, segundo Saviani (1982) "[...] trata-se
da apropriação pelas camadas populares das ferramentas culturais necessárias à
luta social que travam diuturnamente para se libertar das condições de exploração
em que vivem". (SAVIANI, 1982, p. 61)
Esse é o momento em que o professor disponibilizará aos estudantes o
acesso aos conteúdos por meio de metodologias diferenciadas, visando responder
ou resolver as questões problematizadas da "prática social". Assim, os estudantes
serão instrumentalizados a compreender a sua realidade, é o momento em que o
trabalho com os conteúdos é concretizado por meio da organização didático-
pedagógica.
A concretização desse trabalho exige que o professor crie um ambiente em
sala de aula que leve o estudante a questionar, participar, criticar, descordar,
demonstrar dúvidas e comparar. Enfim, superando uma prática onde só professor
fala e o estudante copia.
O quarto passo: é a catarse, este é o momento em que o estudante
demonstrará por meio do processo de avaliação o que aprendeu e, se esse
aprendizado contribuiu para a solução dos problemas levantados inicialmente.
[...] é chegado o momento da expressão elaborada da nova forma de entendimento da prática social a que se ascendeu [...] Trata-se da efetiva incorporação dos instrumentos culturais, transformados agora em elementos ativos de transformação social. ( SAVIANI, 1982, p. 61)
Nesse momento o professor tem condição de perceber até onde o
estudante conseguiu avançar, servindo de ponto de partida para a reorganização de
seu trabalho, ou seja, sua organização didático-pedagógica.
O quinto e último passo: prática social, entendida como a final, pois é o
momento em que o estudante é orientado a voltar para as questões problematizadas
inicialmente a partir da realidade analisada. Nesse processo, professor e aprendiz
estão modificados, ambos cada um em seu papel passou por uma transformação na
maneira de ver e compreender o mundo, conforme afirma Saviani (1982):
[...] a compreensão da prática social passa por uma alteração qualitativa. Consequentemente a prática social referida no ponto de partida (primeiro passo) e no ponto de chegada (quinto passo) é e não é a mesma. É a mesma, uma vez que é ela própria que constitui ao mesmo tempo o suporte e o contexto, o pressuposto e o alvo, o fundamento e a finalidade da prática pedagógica. E não é a mesma se considerarmos que o modo de nos situarmos em seu interior se alterou qualitativamente pela mediação da ação pedagógica. (SAVIANI, 1982, p. 61)
A partir dos apontamentos feitos até aqui sobre a psicologia histórico-
cultural, destacando o papel do professor como mediador entre o que o estudante já
sabe e o que ainda não sabe e a pedagogia histórico-crítica, focando a importância
da realização de um trabalho contextualizado que parte do cotidiano, para que o
estudante uma vez instrumentalizado tenha condições de modificar essa realidade,
far-se-á uma análise sobre a alfabetização e letramento. Este é o ponto de partida
da discussão sobre a qualidade do ensino nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Ler e escrever não são atividades passivas e reprodutoras se trabalhadas
numa perspectiva reflexiva. Para tanto, é importante rever o conceito de
alfabetização. Até muito recentemente, considerava-se que a entrada da criança no
mundo da escrita se fazia apenas pela alfabetização, pelo aprendizado das
“primeiras letras”, pelo desenvolvimento das habilidades de codificação e de
decodificação feito pela educação escolar. O uso da língua escrita, em práticas
sociais de leitura e produção de textos, seria uma etapa posterior à alfabetização,
devendo ser desenvolvido nas séries seguintes.
Como consequência desse trabalho desenvolvido de forma
descontextualizada e descolada da realidade, um número expressivo de estudantes
não aprende a ler na escola brasileira, visto que a escola produz um grande
contingente de analfabetos ou de analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que,
embora dominem as habilidades básicas do ler e do escrever, não são capazes de
utilizar a escrita na leitura e na produção de textos na vida cotidiana ou na escola,
para satisfazer às exigências do aprendizado.
Ressalta-se que alfabetizar de fato, não se reduz ao domínio das letras do
alfabeto e formação de frases e palavras. Envolve também saber utilizar a língua
escrita nas situações em que esta é necessária, lendo e produzindo textos. É para
essa dimensão da entrada no mundo da escrita que se apresenta um novo conceito:
letramento. Ele serve para designar o conjunto de conhecimentos, de atitudes e de
capacidades necessários para usar a língua em práticas sociais. Mas, fazer com que
as crianças usem e explorem a língua, cada vez mais e melhor, com disposição e
curiosidade, tanto na modalidade oral como escrita, continua sendo um desafio para
os alfabetizadores.
ATIVIDADES
Estudo da síntese da proposta do Dermeval Saviani destacando os cinco
passos propostos por ele, para a organização do trabalho pedagógico.
Vídeo do Pesquisador Newton Duarte: Teorias Pedagógicas e o
conhecimento. Por meio dessa fala destacar a importância do conhecimento
teórico para o trabalho do professor. (relação teoria e prática).Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=uCHSUjiQjPQ>. Acesso em: 29 out. 2013.
Discutir as possibilidades e limites de aplicação dos cinco passos propostos
por Saviani na elaboração na organização do trabalho pedagógico, a partir do
texto descrito nesta Unidade.
REFERÊNCIAS
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: para além da curvatura da vara. Revista da Associação Nacional de Educação (ANDE). Ano 1, N° 3, 1982.
UNIDADE III - ESTUDO SOBRE ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E CURRÍCULO A PARTIR DOS AUTORES CITADOS NO PROJETO E DOS MATERIAIS DISPONOBILIZADOS PELO PNAIC
“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”.
Paulo Freire
A partir dos apontamentos feitos até aqui sobre a psicologia histórico-
cultural, destacando o papel do professor como mediador entre o que o estudante já
sabe e o que ainda não sabe e a pedagogia histórico-crítica, focando a importância
da realização de um trabalho contextualizado que parte do cotidiano para que o
estudante uma vez instrumentalizado, tenha condições de compreender melhor a
realidade em que vive para nela interferir promovendo mudanças na sua vida, far-se-
á uma análise sobre a alfabetização e letramento. Este é o ponto de partida da
discussão sobre a qualidade do ensino nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Ler e escrever não são atividades passivas e reprodutoras se trabalhadas
numa perspectiva reflexiva. Para tanto é importante rever o conceito de
alfabetização. Até muito recentemente, considerava-se que a entrada da criança no
mundo da escrita se fazia apenas pela alfabetização, pelo aprendizado das
“primeiras letras”, pelo desenvolvimento das habilidades de codificação e de
decodificação feito pela educação escolar. O uso da língua escrita, em práticas
sociais de leitura e produção de textos, seria uma etapa posterior à alfabetização,
devendo ser desenvolvido nas séries seguintes.
Como consequência desse trabalho desenvolvido de forma
descontextualizada e descolada da realidade, um número expressivo de estudantes
não aprende a ler na escola brasileira, visto que a escola produz um grande
contingente de analfabetos ou de analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que,
embora dominem as habilidades básicas do ler e do escrever, não são capazes de
utilizar a escrita na leitura e na produção de textos na vida cotidiana ou na escola,
para satisfazer às exigências do aprendizado.
Ressalta-se que alfabetizar de fato não se reduz ao domínio das letras do
alfabeto e formação de frases e palavras. Envolve também saber utilizar a língua
escrita nas situações em que esta é necessária, lendo e produzindo textos. É para
essa dimensão da entrada no mundo da escrita que se apresenta um novo conceito:
letramento. Ele serve para designar o conjunto de conhecimentos, de atitudes e de
capacidades necessários para usar a língua em práticas sociais. Mas, fazer com que
as crianças usem e explorem a língua, cada vez mais e melhor, com disposição e
curiosidade, tanto na modalidade oral como escrita, continua sendo um desafio para
os alfabetizadores.
Neste sentido, faz-se necessário o estudo e discussão acerca dos
problemas envolvidos na alfabetização e no letramento, conceito elaborado
recentemente no campo educacional, com ênfase na importância da leitura, ação
indispensável para fazer com que cada criança brasileira tenha assegurado o seu
direito a aprender a ler e a escrever e, assim, a participar do mundo da escrita. A
partir do ponto de vistas de conceituados autores, que se apresentarão de forma
descritiva é possível ter acesso às ideias que elucidam os conceitos.
Durante muito tempo, o ato de ler era concebido como a decodificação de
letras em sons. Freire (1984, p.12), chama a atenção para a importância desse
trabalho a partir do contexto em que vive o estudante, afirmando que a “[...]
compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção
das relações entre o texto e o contexto.” Assim, compreende-se que a partir do meio
social ao qual o indivíduo pertence é fundamental para que se estabeleça a
interação durante a leitura.
Apesar de causar estranheza, boa parte dos professores não traz consigo o
hábito de ler. É provável que isso contribua para formação de poucos leitores na
escola. Então, o ensino de leitura ocorre por imitação de processos uniformizados
suscitando um círculo vicioso e induzindo ao esquema de transferência de
responsabilidades sobre o assunto de um professor para o outro, de um nível de
ensino para o outro e nada é feito para mudar a situação (SILVA, 1991).
As experiências individuais do professor como leitor é o ponto de partida do
trabalho com a leitura, que levando em consideração o que o estudante já sabe e
em um constante diálogo entre colegas de profissão, o trabalho avança num sentido
mais elaborado e significativo. A história de leitura de cada um deve ser levada em
consideração, mesmo sendo nos anos iniciais do ensino fundamental, pois todos
têm sua leitura de mundo mesmo antes de começar a frequentar a escola.
Os primeiros professores tornam-se responsável por levar o estudante a
tomar gosto pelo aprender, entendendo que o processo de alfabetização é muito
complexo para o aluno. Para que os objetivos a que se propõe o alfabetizador sejam
atingidos, faz-se necessário que o professor tenha clareza do seu papel nos
primeiros anos da criança na escola: "[...] o primeiro professor de uma criança tem
grande importância na atitude futura desse educando, não só durante a sua fase de
aprendizagem, mas na sua relação com os sucessivos professores”. (HILLAL, 1985,
p. 19)
Denomina-se alfabetização o processo pelo qual se adquire o domínio de
um código e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja: o domínio da
tecnologia – do conjunto de técnicas – para exercer a arte e ciência da escrita. Ao
exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-se Letramento que
implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir
diferentes objetivos. (SOUZA, apud, RIBEIRO, 2003, p. 91)
Nas questões de métodos de alfabetização, Kato (1985) coloca a
preocupação que os alfabetizadores têm por métodos de alfabetização como um
instrumento seguro para ensinar a ler e a escrever. Salienta que para a grande
maioria dos professores o método "[...] é definido meramente como um conjunto de
materiais, técnicas e procedimentos para se atingir um fim, isto é, um conjunto
programado de atividades para o professor e o aluno”. (KATO, 1985, p.3-4)
Não se quer com essa fala desconsiderar a importância de o professor
alfabetizador dominar os métodos de alfabetização, mas destacar a necessidade de
não ficar preso a uma só forma de ensinar a ler e escrever como verdades
absolutas, faz-se necessário buscar outras forma de ensinar, especialmente quando
algumas crianças demonstram dificuldades para aprender a partir da prática
adotada.
As atividades voltadas à leitura objetivam levar o aluno a construir um
sentido para o que lê, mesmo que para isso se tenha que reler o texto diversas
vezes até atingir a compreensão. Para tanto, deve ser uma leitura e escrita reflexiva
e contextualiza, onde as tentativas e erros são valorizados, de acordo com Klein
(2002):
O resultado disso é que a aprendizagem acaba por caracterizar-se, predominantemente, por um processo de ensaio e erro, visto que se enfatiza a descoberta individual, em detrimento de processos de efetiva interação com o professor, no qual este coloca à disposição do aprendiz, na forma de explicações, produção e reestruturação de textos, atos de leitura e escrita etc., o conhecimento que a sociedade, ao produzir a escrita, simultaneamente produziu. (KLEIN, 2002, p. 125)
Entendendo que as aprendizagens se dão de forma processual e na relação
que o estudante estabelece com o professor, há que se resgatar o papel do "ensino",
conforme descreve Klein (2002, p. 121):
Evidentemente, em se tratando de processos, o ensino e aprendizagem não guardam identidade; um não é o mero reflexo do outro; o aprendido não é, mecanicamente o ensinado, na sua forma pura. Contudo, ensino e aprendizagem estão em relação, constituem uma relação necessariamente articulada, sim. O aprendiz pode não aprender exatamente o que foi ensinado e como foi ensinado, mas, evidentemente, o que aprendeu foi aprendido a partir do que foi ensinado. Para a devida apreensão do conteúdo dessa afirmação é preciso, no entanto, devolver à palavra "ensino" a amplitude que lhe cabe. [...].
Evidencia-se que o ato de ensinar, seja entendido em seu mais restrito
sentido, o de marcar, deixar sinal e de forma consciente promover a aprendizagem,
indo além da decodificação e adentrando ao entendimento de letramento.
Tfouni explicita que “[...] a necessidade de se começar a falar em letramento
surgiu, creio eu, da tomada de consciência que se deu, principalmente entre os
linguistas, de que havia alguma coisa além da alfabetização, que era mais ampla, e
até determinante desta.” (TFOUNI, 2010, p. 32)
A autora distingue assim os termos alfabetização e letramento: “Enquanto a
alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de
indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um
sistema escrito por uma sociedade.” (TFOUNI, 1995, p. 20)
Soares (2003) defende a complementaridade e o equilíbrio entre
alfabetização e o letramento e chama a atenção para o valor da distinção
terminológica:
Porque alfabetização e letramento são conceitos freqüentemente confundidos ou sobrepostos, é importante distingui-los, ao mesmo tempo em que é importante também aproximá-los: a distinção é necessária porque a introdução, no campo da educação, do conceito de letramento tem ameaçado perigosamente a especificidade do processo de alfabetização; por outro lado, a aproximação é necessária porque não só o processo de alfabetização, embora distinto e específico, altera-se e reconfigura-se no quadro do conceito de letramento, como também este é dependente daquele. (SOARES, 2003, p. 90)
O conceito de alfabetização ampliou-se de mera capacidade de firmar ou de
ler uma mensagem simples, para leitura de novo material e recopilação de novas
informações a partir de um material. Esse novo conceito denomina-se letramento. A
alfabetização, como processo de aquisição do sistema convencional de uma escrita
alfabética e ortográfica, foi, assim, de certa forma obscurecida pelo letramento,
porque este acabou por freqüentemente prevalecer sobre aquela, que, como
consequência, perde sua especificidade. (SOARES, 2003).
Para Magda Soares (2003), dissociar alfabetização e letramento é um
equívoco porque, no quadro das atuais concepções psicológicas, linguísticas e
psicolinguísticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também do adulto
analfabeto) no mundo da escrita se dá simultaneamente por esses dois processos:
pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização, e pelo
desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e
escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento. Não são
processos independentes, mas interdependentes, e indissociáveis: a alfabetização
se desenvolve no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita,
isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só pode
desenvolver-se no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema-
grafema, isto é, em dependência da alfabetização.
Com isso entende-se que as atividades de alfabetização são aquelas de
descoberta e automação do sistema alfabético de escrita, relacionadas à aquisição
da base alfabética. Já as atividades de letramento vão além, são aquelas onde
existe uma interação com o material escrito, lendo e escrevendo diferentes gêneros
em variados suportes, para diferentes interlocutores, isto é, uma preocupação com
os usos sociais da leitura e da escrita.
Dessa forma, alfabetização e letramento são práticas indissociáveis. A
criança deve entrar no mundo letrado fazendo uso tanto da alfabetização como do
letramento, ou seja, precisa apropriar-se da tecnologia da escrita, pelo processo de
alfabetização, e precisa identificar os diferentes usos e funções da escrita e vivenciar
diferentes práticas de leitura e de escrita, pelo processo de letramento.
A criança já conhece algumas regras básicas da linguagem, que a
constituem como sujeito e como participante de relações com outros sujeitos,
portanto traz para o ambiente escolar uma comunicação e interação com os demais
membros da comunidade em que se insere. Já domina uma série de normas e
procedimentos linguísticos que auxiliarão na aprendizagem da leitura e escrita.
É no mundo letrado que a criança já se encontra inserido, que se dará sua
iniciação na representação escrita. Embora esteja ligada ao oral, a escrita
apresenta-se com leis próprias, que devem ser exercidas e exercitadas por meio do
trabalho escolar, para que a aprendizagem ocorra.
A alfabetização levará em conta, portanto, a variedade da língua oral e
escrita como princípio básico da aprendizagem e desempenho, além do mais, o
falante de uma modalidade de língua, seja ela qual for, tanto será mais competente
quanto mais habilidoso em distinguir onde, quando e de que maneira poderá servi-
se dessa ou de outra qualquer modalidade.
Para refletir sobre a língua, e a partir dela, é preciso compreender que o
conceito de texto vai além da linguagem escrita; abarca enunciados orais, escritos e
a conexão da linguagem verbal com outras linguagens. O texto abrange todo o
processo de produção e elaboração, efetivação do discurso e a resposta ativa. Não
pode ser reduzido à simples materialidade linguística. Texto é linguagem em uso e
só ocorre por meio da interação. (BAKHTIN, 1999).
Dessa forma, a palavra, não deve ser compreendida como forma neutra ou
ingênua, pois está revestida de conteúdo ideológico resultante da visão de mundo
dos envolvidos no processo verbal.
[...] Toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que procede de alguém, como pelo fato de que se dirige a alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um em relação ao outro. (...) A palavra é território comum do locutor e do interlocutor. (BAKHTIN / VOLOCHINOV, 1999, p. 113)
Ao promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por
meio de trabalho com a linguagem oral e escrita, propiciam-se ao aluno espaços de
ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo
letrado. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das
capacidades, associado às quatro competências linguísticas básicas: falar, escutar,
ler e escrever.
Adquirir o hábito de leitura deve ser uma preocupação de todos, não
somente de quem trabalha com educação, ela é um dos meios mais importantes
para a aquisição do conhecimento. A leitura não deve ficar só no estritamente
necessário, é fundamental ampliar este conceito para uma melhor percepção de
mundo.
O domínio da linguagem oral e escrita é imprescindível, para o homem se
comunicar no mundo em que vive. É função da escola ensinar o estudante a ler, a
escrever e expressar-se oralmente em todas as situações do seu convívio social.
É função primordial da leitura a formação do homem, porque, por meio dela,
ele acumula experiências advindas de fontes escritas que o capacita a interagir de
forma, mais crítica com o mundo. Pois, a leitura é um processo pelo qual o leitor
realiza um trabalho ativo de construção de significado do texto, a partir de seus
objetivos e de seus conhecimentos. Assim, sendo tem como finalidade a formação
de leitores competentes e consequentemente a formação de escritores.
Discutidos os conceitos de alfabetização e letramento e os objetivos do
PNAIC, faz-se necessário uma reflexão sobre currículo no contexto de alfabetização
e letramento. Este tema é amplamente discutido na Unidade 1 Ano 1 (Brasil, 2012)
do material de formação para professores alfabetizadores disponibilizado no material
do PNAIC.
Esse estudo propõe a superação de um currículo fragmentado, sem relação
com o cotidiano da criança. Moreira e Candau (2007, p. 31) esclarece como deve ser
essa nova visão de currículo:
“Insistimos, inicialmente, na necessidade de uma nova postura, por parte professorado e dos gestores, no esforço por construir currículos culturalmente orientados. Propomos, a seguir, que se reescrevam os conhecimentos escolares, que se evidencie a ancoragem social desses conhecimentos, bem como que se transforme a escola e o currículo em espaços de crítica cultural, de diálogo e de desenvolvimento de pesquisas. Esperamos que nossos princípios possam nortear a escolha de novos conteúdos, a adoção de novos procedimentos e o estabelecimento de novas relações na escola e na sala de aula.”
O currículo não pode ser linear, nem tão pouco estático, de acordo com a
Unidade 1 Ano 1 ( Brasil, 2012, p. 7) do caderno de formação do PNAIC: "Currículo
refere-se, nessa perspectiva, a criação, recriação, contestação e transgressão."
Diante disso a proposta é a superação do uso engessado de materiais como
livros didáticos e apostilas. Faz-se necessário fazer o uso reflexivo desses materiais,
avançando quando o estudante der conta, recuando quando preciso e
reorganizando a prática na tentativa de atender a todos, garantindo o direito à
aprendizagem.
Ainda refletindo sobre currículo, não se pode desconsiderar que escola tem
uma função social que é "[...] de transmissão-assimilação do saber sistematizado,
que é a atividade nuclear da escola.” (SAVIANI, 2005, p. 15)
De acordo com esse autor a preocupação dos profissionais da escola deve
ser com o ensinar e o aprender os conhecimentos científicos acumulados
historicamente, para ele deve ser o "[...] cerne de uma prática pedagógica
compromissada com a socialização do conhecimento escolar para todos os sujeitos
da escola" (SAVIANI, 2005, p. 15). Interessante ressaltar que esse pesquisador da
área da educação afirma que o conhecimento é para todos, ou seja, todos têm
direito à aprendizagem.
Saviani (1991) destaca que ao se conceber o saber sistematizado e
elaborado de currículo, então é preciso que a organização dos conteúdos se dê, a
partir desse saber, focado no conhecimento elaborado e não no conhecimento
espontâneo, no saber sistematizado e não no saber fragmentado, na cultura erudita
e não na cultura popular. Faz uma complementação esclarecedora:
Daí que a primeira exigência para o acesso a esse tipo de saber é aprender a ler e escrever. Alem disso, é preciso também aprender a linguagem dos números, a linguagem da natureza e a linguagem da sociedade. Está aí o conteúdo fundamental da escola elementar: ler, escrever, contar, os rudimentos das ciências naturais e das ciências sociais (historia e geografia humanas). (SAVIANI,1991, p. 32)
Saviani não deixa dúvida sobre qual é o papel da escola e em que deve
consistir seu currículo. Nesse mesmo material explicita ainda a necessidade da
escola priorizar sua tarefa principal em detrimento a eventos que nela ocorre, como,
por exemplo, a ênfase às datas comemorativas, que se não houver clareza e
organização ocupa o papel principal da escola restando pouco tempo para a efetiva
aprendizagem dos conhecimentos científicos.
ATIVIDADES
Pesquisa oral junto aos participantes sobre o que sabem sobre alfabetização
e letramento.
Explorar os conceitos de Alfabetização e Letramento discutidos no projeto.
Promover um debate sobre a definição de Currículo a partir do caderno de
formação dos alfabetizadores proposto pelo PNAIC e autores discutidos neste
material.
REFERÊNCIAS BAKHTIN, M.(Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. de Michel Lahud e Yara Frateschi. 9 ed. São Paulo: Hucitec, 1999. ______.Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: currículo na alfabetização: concepções e princípios: ano 1 : unidade 1 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília: MEC, SEB, 2012
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1984. HILLAL, Josephina. Relação professor-aluno: formação do homem consciente. São Paulo, Ed. Paulinas, 1985.
HILLAL, Josephina. Relação professor-aluno: formação do homem consciente. São Paulo, Ed. Paulinas, 1985. KATO, M. A. O Aprendizado da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1985. KLEIN, Lígia Regina. Alfabetização: Quem tem medo de Ensinar? 4ª ed. - São Paulo: Cortez, 2002.
MOREIRA, Antonio Flávio B. CANDAU, Vera M. Currículo, conhecimento e cultura. In: BEAUCHAMP, Jeanete. PAGEL Sandra D; NASCIMENTO, Aricélia R. do. Indagações sobre currículo. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. Disponível em: <http://portal.mec. gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag3.pdf.>. Acesso em: 25 out. 2013. SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 2ª edição. São Paulo. Ed. Cortez: Autores Associados, 1991. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo; v.40) __________. Escola e Democracia. 37. ed. São Paulo: Cortez, 2005. SILVA, E.T. da. De olhos abertos – reflexões sobre o desenvolvimento da leitura no Brasil.São Paulo: Ática. 1991. SOARES, M. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. 26ª Reunião Anual da ANPED – GT Alfabetização, Leitura e Escrita. Poços de Caldas, 7 de outubro de 2003.
TFOUNI, L.V. Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995. _______, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2010.
UNIDADE IV - MATERIAL PROPOSTO PELO PNAIC PARA FORMAÇÃO DOS ALFABETIZADORES: A APRENDIZAGEM DO SISTEMA DE ESCRITA ALFABÉTICA
“Todo conhecimento [...] deve conter um mínimo de contrassenso, como os antigos padrões de tapete ou de frisos ornamentais, onde sempre se pode descobrir nalgum ponto, um desvio insignificante de seu curso normal. Em outras palavras: o decisivo não é o prosseguimento de conhecimento em conhecimento, mas o salto que se dá em cada um deles”.
Walter Benjamin
A questão central a ser discutida aqui, trata-se procurar entender como a
criança se apropria da escrita alfabética. Conforme a concepção tradicional de
alfabetização, a criança chega na escola desprovida de qualquer informação que
possa contribuir com seu processo de alfabetização e desta forma, vai aprendendo
aos poucos como que em "doses homeopáticas”.
De acordo com essa visão, para aprender a ler e a escrever, seria preciso apenas ter habilidades perceptivas e motoras (discriminação visual, discriminação auditiva, coordenação motora fina etc.) e receber, em doses homeopáticas, informações sobre as letras e sobre o seu valor sonoro. Todo o trabalho mental do aprendiz seria reduzido a memorizar o nome e o traçado das letras e a decorar os sons que elas substituiriam. É por isso que, de acordo com aqueles métodos, os Professores esperavam que o aluno fosse se alfabetizando, na medida em que era treinado a repetir as correspondências som-grafia que a cartilha lhe apresentava, seja pela memorização das famílias silábicas (BA, BE, BI, BO, BU; LA, LE, LI, LO, LU) seja pela leitura repetitiva de palavras que começam com uma mesma relação fonema-grafema. (BRASIL, 2012, UNIDADE 3, ANO 1, 2, p. 6)
De acordo com as teorias estudadas anteriormente, a psicologia sócio-
histórica e pedagogia histórico-crítica, a criança não chega na escola vazia, traz
consigo experiências que tornarão o seu processo de alfabetização mais
significativo. Esta é a concepção que está posta na Unidade 3 - Ano 1 (Brasil, 2012)
do caderno de formação:
É em função de tais evidências que precisamos recriar as metodologias de alfabetização, garantindo um ensino sistemático que, através de atividades reflexivas, desafiem o aprendiz a compreender como a escrita alfabética funciona, para poder dominar suas convenções letra-som. (BRASIL, 2012, p. 7)
Destacam-se duas questões fundamentais a partir desta citação que é a
necessidade de recriar metodologias de alfabetização e atividades reflexivas. Um
trabalho de alfabetização nesta perspectiva está focado na aprendizagem de todas
as crianças com qualidade, pois recriar metodologias significa realizar um trabalho
de alfabetização voltado para diferentes possibilidades, vendo e revendo outros
jeitos de ensinar sempre com preocupação de que todos aprendam.
Trabalhar com atividades reflexivas exige do alfabetizador uma visão ampla
de mundo, preocupado em ensinar o que tem significado para ele e desta forma
torne o processo também significativo para o estudante, para tanto há que se
trabalhar com diferentes gêneros textuais dando subsídios para uma leitura de
mundo mais ampla e possibilidades de escrita com mais argumentos e consistência.
Quando é mencionada a defesa a um trabalho reflexivo, com significado e
que o uso de diferentes gêneros textuais, não está sendo ignorado que a criança se
alfabetiza num processo e que esse processo se dá por fases, portanto não basta
disponibilizar para a criança diferentes textos, é necessário partir destes textos sim,
mas respeitando as hipóteses de escrita e leitura levantadas por ela.
De acordo com o exposto no Unidade 3 - Ano 1 (Brasil, 2012) do PNAIC:
Quando acompanhamos, cuidadosamente, a evolução da escrita espontânea das crianças, vemos que elas elaboram hipóteses semelhantes, descobertas por Ferreiro e Teberosky (1986). Sim, é preciso deixar as crianças escreverem como sabem (e não só copiarem palavras escritas corretamente pela professora), para podermos detectar em que nível de compreensão de nosso sistema alfabético o menino ou a menina se encontram. (BRASIL, 2010, p. 11)
A teoria da psicogênese da escrita criada por Ferreiro e Teberosky, nos
ensina que as crianças passam por quatro períodos no seu processo de
alfabetização demonstrados por "hipóteses" de como a escrita alfabética se constitui
sendo essas fases: pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético.
Na primeira fase o pré-silábico, é uma longa fase em que a criança cria
hipóteses sozinha, momento em que começa a distinguir desenho de escrita, o faz
por meio de rabiscos e "garatujas" que não podem ser consideradas letras, nessa
fase a crianças ainda não faz relação das suas tentativas de escrita com os
"pedaços sonoros" das palavras.
Destaca-se aqui a importância de disponibilizar para a criança além do
alfabeto também palavras, conforme descrito no material do PNAIC:
À medida que vai observando as palavras ao seu redor (e aprendendo a reproduzir seu nome próprio ou outras palavras), ela passa a usar letras, mas sem estabelecer relação entre elas e as partes orais da palavra que
quer escrever. Pode, inclusive, apresentar o que alguns estudiosos chamaram de realismo nominal, que a leva a pensar que coisas grandes (casa, carro) seriam escritas com muitas letras, ao passo que coisas pequenas (formiguinha, por exemplo) seriam escritas com poucas letras. (UNIDADE 3 - ANO 1, BRASIL, 2012, p.12)
A próxima fase que o silábico a criança mostra um avanço considerável que
precisa ser observado e servir de ponto de partida para a continuidade do trabalho
do professor. Este é o momento que a criança percebe que o que escreve tem
relação com o que fala, ou seja, a pronúncia das palavras, porém, acha que uma
letra dá conta de expressar uma sílaba pronunciada: "[...] As escritas silábicas
estritas, que aparecem depois, seguem uma regra exigente: uma letra para cada
sílaba pronunciada”. (UNIDADE 3, ANO 1, BRASIL, 2012 p.13)
Esta é uma fase que a criança pode entrar em conflito por perceber que a
palavra dela tem menos letras que de sua professora e de seus colegas que já estão
alfabetizados, destaca-se aqui a importância da mediação do outro nesse processo,
no sentido de mostrar para ela que sua tentativa de escrita de uma palavra, ainda
que representada por somente um letra, tem sentido e serve de ponto de partida
para a escrita correta.
Na fase silábico-alfabética, a criança começa a perceber que o que escreve
no papel está relacionado às sílabas, então oscila entre escrever uma letra para
cada sílaba e mais de uma letra para sílaba. Segundo descrito na Unidade 3 - Ano 1,
(Brasil, 2012) do material do PNAIC:
[...] a criança começa a entender que o que a escrita nota ou registra no papel tem a ver com os pedaços sonoros das palavras, mas que é preciso “observar os sonzinhos no interior das sílabas”. Alguns estudiosos consideram que tal etapa de transição não constitui em si um novo nível ou nova hipótese, mas uma clara fase “de transição”. (p. 14)
Na fase alfabética, última etapa do processo de apropriação do sistema
alfabético, a criança escreve, porém ainda apresenta erros ortográficos que serão
aprendidos no decorrer do processo com a mediação do professor. Segundo
descrito na Unidade 3, Ano1, (Brasil, 2012, p. 16):
É preciso compreendermos que a criança ainda não pensa em “fonemas solados”, tal como o faz um linguista. Ela sabe, por exemplo, que cavalo e cofre começam parecido, mas não precisa ser capaz de pronunciar o fonema /k/ isolado, para ter tal conhecimento e escrever com uma convencionalidade mínima, que nos permite ler e entender o que ela notou.
Faz-se necessário ter clareza que o fato de que a criança chegou na
hipótese alfabética não significa que ela está alfabetizada, que compreendeu todo o
sistema de escrita, o trabalho continua no sentido de levá-la a dominar as
convenções som-grafia de nossa língua, num processo de repetição da leitura e
escrita e interferência do professor na correção, a criança vai avançando e
adquirindo autonomia para escrever textos e se integrar no mundo letrado em que
vive.
ATIVIDADES
Exploração oral sobre a aprendizagem da escrita alfabética.
Exemplos de escritas de crianças com hipóteses pré-silábicas, silábicas,
silábico-alfabéticas e alfabéticas.
Debate promovendo a relação entre o tema discutido nesta Unidade com a
psicologia sócio-histórica, destacando o papel do professor no processo de
alfabetização.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: a aprendizagem do sistema de escrita alfabética: ano 1: unidade 3 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. - Brasília: MEC, SEB, 2012.
UNIDADE V - LUDICIDADE NA SALA DE AULA “Brincar com a criança não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver menino sem escola,
mais triste ainda é vê-los sentados, tolhidos e enfileirados em uma sala de aula sem ar, com
atividades mecanizadas, exercícios estéreis, sem valor para a formação dos homens críticos
e transformadores de uma sociedade”.
Carlos Drummond de Andrade
A palavra jogo é um substantivo masculino de origem latina que significa
gracejo, provém de jocu significa brincadeira e diversão têm regras que precisam ser
respeitadas. Jogo remete à ideia de ludicidade e “[...] quando desenvolvido
livremente pela criança, o jogo tem efeitos positivos na esfera cognitiva, social e
moral” (Kishimoto, 1998, p.102), contribuindo para o desenvolvimento intelectual do
sujeito que ocorre na interação social sujeito à regras que são respeitadas durante o
jogo.
Ao buscar entender o significado de jogo, é importante refletir sobre o
conceito que é apresentado por Nhary (2006): “compreender o jogo como um
sistema, uma unidade que faz parte da complexidade da realidade escolar”, partindo
desse conceito o argumento é que o jogo deveria então fazer parte das atividades
escolares. Ainda para esta autora:
No ato de jogar está envolvido a ordem (obediência às regras estabelecidas pelos participantes), a desordem (tática e adaptações técnicas dependentes de uma situação do próprio jogo), a interação entre os participantes (quanto maior, melhor o resultado do jogo) e a reorganização (jogo nunca é igual ao outro, ele tem tempo e espaços próprios exigindo a cada instante um novo modo de agir). (NHARY, 2006, p.34)
A ludicidade aqui descrita está associada a exploração de situações de
brincadeiras e jogos, valorizando a criatividade e espontaneidade da criança,
elementos fundamentais para que ocorra a aprendizagem e desenvolvimento.
Brincadeiras e jogos estão relacionados à diversão e alegria, além disso,
essas atividades no processo de alfabetização contribuem para o aumento da
motivação e interesse da criança.
As atividades lúdicas possibilitam que as crianças percebam o outro e seu
papel no grupo, permite que interprete a realidade atendendo suas necessidades e
desejos. As relações estabelecidas favorece o amadurecimento emocional e
intelectual, pois precisa respeitar também as necessidades e desejos do outro.
As brincadeiras trazem benefícios físicos, cognitivos e sociais além de
benefícios na aprendizagem dos conteúdos curriculares, motivando-as cada vez
mais a enfrentar os desafios que o processo de ensino e aprendizagem lhes impõe,
à medida que os jogos e as brincadeiras vão lhe dando condições de aprendizagem
e desenvolvimento.
No que diz respeito aos benefícios cognitivos, brincar contribui para a desinibição, produzindo uma excitação intelectual altamente estimulante, desenvolve habilidades perceptuais, como atenção, desenvolve habilidades de memória, dentre outras. Em relação aos benefícios sociais, a criança, por meio do lúdico, representa situações que simbolizam uma realidade que ainda não pode alcançar e aprendem a interagir com as pessoas, compartilhando, cedendo às vontades dos colegas, recebendo e dispensando atenção aos seus pares. Aprendem, ainda, a respeitar e a serem respeitadas. (PNAIC UNIDADE 4, ANO 1, BRASIL, 2012)
Destaca-se aqui que o importante é que o professor alfabetizador acredite
no potencial das crianças e lance mão de todos os recursos que puder para garantir
o direito de aprender a todas elas.
Nesse sentido, jogos e brincadeiras podem ser um recurso dinâmico que
favorece o processo de aprendizagem das crianças, além de promover situações
desafiadoras, como lidar com regras e direito do outro.
Em seus estudos Vygotsky aborda o jogo, que segundo ele pode contribuir
para o desenvolvimento de funções cognitivas.
No, jogo a criança está sempre mais além do que sua média de idade, mais além do que seu comportamento cotidiano [...] O jogo contém, de uma forma condensada, como se estivesse sob o foco de uma lente poderosa, todas as tendências do desenvolvimento; a criança, no jogo, é como se se esforçasse para realizar um salto acima do nível do seu comportamento habitual. (VIGOTSKY, 2007, p. 122)
Vygotsky acredita que as brincadeiras de faz-de-conta contribui para o
desenvolvimento das "funções psicológicas superiores".
Portanto, é inegável que os jogos e a brincadeiras podem contribuir muito
para o processo de alfabetização, não podendo ser ignorado pelo professor
alfabetizador.
ATIVIDADES
Apresentar uma síntese sobre o tema a partir do texto dessa Unidade.
Discutir a importância do uso de jogos e brincadeiras no processo de
apropriação do Sistema de Escrita Alfabética (SEA), analisando os jogos e
possibilidades de sua inclusão como recursos didáticos.
Conhecer e explorar os jogos disponibilizados pelo MEC.
REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: ludicidade na sala de aula: ano 01, unidade 04 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília : MEC, SEB, 2012. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos infantis: o jogo,a criança e a educação. Petrópolis: Vozes, 1998. NHARY, Tânia Marta Costa. O que está em jogo no jogo: cultura, imagens e simbolismo na formação de professores. Dissertação (Mestrado em Educação). RJ, Universidade Federal Fluminense, 2006. VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 2007.
UNIDADE VI - TRABALHANDO COM DIFERENTES GÊNEROS TEXTUAIS NA ALFABETIZAÇÃO “Aprender a ler e escrever se faz assim uma oportunidade para que mulheres e homens percebam o que realmente significa dizer a palavra: um comportamento humano que exige ação e reflexão. Dizer a palavra em sentido verdadeiro, é o direito de expressar-se e expressar o mundo, de criar e recriar, de decidir, de optar”.
Paulo Freire
O ponto de partida desta unidade é que embora esteja claro que a
apropriação do sistema alfabético seja o foco do trabalho a ser desenvolvido com
crianças no processo de alfabetização, o trabalho com textos em sala de aula é
fundamental. Assim, pretende-se refletir sobre leitura, produção de textos e
oralidade. Alfabetizar letrando dentre outros, tem por objetivo aplicar uma prática
pedagógica preocupada em desenvolver na criança a capacidade de produção e
compreensão de textos gêneros textual oral e escrita.
Para tanto, destaca-se a importância do trabalho com diferentes textos na
sala de aula, um trabalho nesta perspectiva além de favorecer a integração entre os
componentes curriculares, discutido na Unidade III deste material, contribui para o
desenvolvimento da autonomia de escrita e interpretação da criança, inserida em um
contexto mais amplo e mais prazeroso.
Um livro didático de qualidade tem a função de organizar os conteúdos por
área, pontuando qual o objeto de estudo de cada disciplina, mas é preciso
considerar a importância da literatura no ensino da língua escrita que possibilita a
vivência com livros, a prática de leitura, o significado de textos e desenvolvimento do
prazer de ler.
Atrelada a esta compreensão, veio também a de que é por meio da interação com os usos e funções da língua escrita que a aprendizagem ocorre. Assim, fica claro não mais haver sentido em se trabalhar com os alunos os textos “artificiais” encontrados em cartilhas. (UNIDADE 5, ANO 1, Brasil, 2012 p.7)
Outro questão fundamental que faz-se necessário discutir nesse espaço, é
o conhecimento que a criança traz quando chega na escola, que adquiriu no seu
cotidiano, na vivência social por meio da linguagem, o que lhe dá subsídios para
compreender os textos que lhe são apresentados na escola, esse se constitui em
mais um argumento a favor de um trabalho de alfabetização que vai além da
repetição mecânica sem sentido pra criança.
De acordo com Kramer (2010, p. 98):
[...] Entendendo que alfabetizar-se é conhecer o mundo, comunicando-se e expressando-se. Isso significa que uma criança começa a ler quando descobre que o mundo é feito de coisas que pode pegar, cheirar, apertar, morder etc., e que pode ser imitado, dramatizado, expresso na música, na dança no desenho, na fotografia, na colagem, na montagem, na palavra falada, na palavra escrita. (KRAMER, 2010, p. 98)
A proposta de alfabetização apresentada no material de formação
disponibilizado pelo PNAIC é de que a leitura e a produção de textos escritos e orais
sejam exploradas pelas crianças partindo do seu cotidiano, levando em
consideração as vivências das mesmas. Para tanto, há que se usarem os diferentes
gêneros textuais, ou seja:
Ensinar por meio dos usos dos gêneros textuais significa promover um ensino voltado para a vida, que propicie verdadeiramente a formação do cidadão participativo das práticas sociais que envolvem a cultura escrita. É um direito de nossos alunos e cabe aos professores garantir este direito de aprendizagem a cada um. (UNIDADE 2, ANO 1, BRASIL, 2012 p. 8)
Nesta direção, é levantada aqui uma questão muito séria que é a garantia de
direito de aprendizagem para todos os estudantes, cabendo ao professor essa
responsabilidade, isso nos remete a real necessidade de discutir alfabetização com
professores em formação.
O trabalho com diferentes gêneros textuais, precisa ser planejado e ter a
intenção clara de contribuir para a aprendizagem da leitura e da escrita, bem como
desenvolver hábito da leitura, possibilitando a expressão de ideias e o movimento de
tempo e espaço.
Alfabetização e letramento devem ser desenvolvidos "simultaneamente e
indissociavelmente", porém, cada um tem sua especificidade como afirma Magda
Soares (2010, p. 27):
[...] na área de alfabetização, a aquisição do sistema alfabético e ortográfico da escrita, que envolve a compreensão e apropriação das relações fonema-grafema e as técnicas e convenções para seu uso; na área do letramento, o desenvolvimento das diversas competências necessárias para participação adequada e eficiente nas diferentes práticas sociais de que a língua escrita faz parte integrante, entre outras: aprender a reconhecer, ler e compreender diferentes gêneros de textos, com diferentes objetivos, para diferentes interlocutores, em diferentes situações; da mesma forma, aprender a escrever diferentes gêneros de textos, com diferentes objetivos [...].
Como bem explicitado na citação acima, o trabalho com diferentes gêneros
textuais é que possibilita um trabalho na perspectiva do letramento, pois ele vai além
da relação fonema-grafema, permitindo ao estudante uma leitura de mundo mais
elaborada e contextualizada, percebendo assim, a real função de aprender a ler e
escrever.
ATIVIDADES
Destacar as possibilidades de leitura tanto para o deleite, quanto para
organização do trabalho pedagógico.
Conhecer os recursos didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação, por
meio do PNAIC, para planejamento de situações didáticas, a partir dos
gêneros textuais.
Refletir com os participantes sobre a experiência particular de alfabetização.
Discutir possibilidades de projetos didáticos para turmas de alfabetização,
integrando diferentes componentes curriculares e atividades voltadas para o
desenvolvimento da oralidade, leitura e escrita, a partir de diferentes gêneros
textuais.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: planejamento escolar: alfabetização e ensino da língua portuguesa: ano 1: unidade 2 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília: MEC, SEB, 2012.
________.Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: o trabalho com gêneros textuais na sala de aula : ano 02, unidade 05 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. - Brasília : MEC, SEB, 2012. KRAMER, Sônia. Alfabetização, leitura e escrita: formação de professores em curso. São Paulo, Ática, 2010. PARANÁ. Ensino fundamental de nove anos: orientações pedagógicas para os anos iniciais/autores: Angela Mari Gusso... [et al.] / organizadores: Aleandra Cristina Talin do Amaral, Roseli Correia de Barros Casagrande, Viviane Chulek. - Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação 2010.
UNIDADE VII - OFICINA - ELABORAÇÃO DE PLANOS DE AULA/DEBATE SOBRE POSSIBILIDADES E LIMITES DESSA AÇÃO “Quando a gente não sabe para aonde vai, qualquer caminho serve”.
Trecho extraído da história de Alice no País das Maravilhas
“O caminho se faz caminhando”. Paulo Freire
Nesta Unidade será proposto aos participantes a elaboração de planos de
aula a partir de livros do PNLD e literaturas disponibilizadas pelo PNAIC. Esses
planos deverão conter os seguintes elementos: Tema, Disciplina(s), Ano/nível de
ensino, tempo de desenvolvimento, justificativa, objetivos, recursos,
desenvolvimento, avaliação e referências.
Planejar deve fazer parte do cotidiano do professor, pois essa ação garante
que ele organize sua prática de forma intencional, reconhecendo como ponto de
partida a realidade dos estudantes. A respeito disso Vasconcellos afirma:
Conhecer a realidade dos educandos implica em fazer um mapeamento, um levantamento das representações do conhecimento dos alunos sobre o tema de estudo. A mobilização é o momento de solicitar a visão/concepção que os alunos têm a respeito do objeto (senso comum, “síncrese”). (VASCONCELLOS,1993,p. 48)
Ao organizar o trabalho pedagógico é essencial partir desta realidade
concreta que dará subsídios para planejar as ações. Na Unidade I deste material,
foram abordadas questões sobre o pensamento de Vygotsky que na sua teoria, este
estágio é o nível de desenvolvimento real, no qual o estudante atua com autonomia,
resolvendo as tarefa sozinho. Afirma Vygotsky:
Essa essência a escola nunca começa no vazio. Toda a aprendizagem com que a criança depara na escola sempre tem uma pré-história. Por exemplo, a criança começa a estudar aritmética na escola. Entretanto, muito antes de ingressar na escola ela já tem certa experiência no que se refere à quantidade: já teve oportunidade de realizar essa ou aquela operação, de dividir, de determinar a grandeza, de soma e diminuir [...] a aprendizagem escolar nunca começa no vazio, mas sempre se baseia em determinado estágio de desenvolvimento, percorrido pela criança antes de ingressar na escola [...] (VIGOTSKI, 2001, p.476).
Na Unidade II deste material o foco de estudo foi sobre a pedagogia
histórico-crítica, criada por Dermeval Saviani e para pô-la em prática indica-se
alguns passos a serem seguidos, o primeiro passo: prática social é entendida como
inicial, "[...] que é comum a professor e alunos. Entretanto, em relação a essa prática
comum, o professor assim como os alunos podem se posicionar diferentemente
enquanto agentes sociais diferenciados." (SAVIANI, 1982, p.61).
Significa que é fundamental nesse processo, que o ponto de partida do
professor ao organizar e planejar a aula seja o que o aluno já sabe sobre o
conteúdo, mesmo que seja um conhecimento do senso comum e confuso,
entendendo que o professor tem uma melhor compreensão e uma visão mais ampla
fará então o papel de "mediador" nesse processo. É nesse momento do trabalho que
o professor deve situar o conteúdo num contexto mais amplo, dando significado e se
sentindo mais seguro do trabalho que está realizando.
Tendo claro que é fundamental partir da realidade do estudante e das
vivências que ele já tem, é importante destacar a importância de planejar o trabalho,
para tanto é preciso refletir sobre esta temática para dela apropriar-se e promover a
valorização de uma prática organizada e planejada.
O professor Celso Vasconcellos elaborou o seguinte conceito: "[...] planejar
é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto;
é buscar fazer algo incrível, essencialmente humano: o real ser comandado pelo
ideal." (VASCONCELLOS, 2010, p. 35)
Este conceito provoca uma reflexão sobre a importância do planejamento,
por meio dele é possível explicitar a intenção do trabalho e desta forma traçar o
caminho a ser seguido.
Faz parte da organização do trabalho pedagógico da escola a elaboração
de documentos que explicitam a concepção de conhecimento e de currículo
expressando o projeto de educação defendido pelo seu coletivo. Esses documentos
são: Projeto Político Pedagógico (PPP), Proposta Pedagógica (PP), Regimento
escolar e Plano de Trabalho Docente (PTD).
O PPP expressa a totalidade da escola, enquanto que o PTD corresponde
ao que o professor pretende efetivamente trabalhar em sala de aula, no entanto o
PTD deve estar vinculado e ter como ponto de partida o PPP e o PP, onde estão
expressas as concepções que norteiam o trabalho da escola e os conteúdos que
devem ser ensinados.
Plano não é o mesmo que planejamento, Vasconcellos faz uma distinção
pontual: "Planejamento é o processo, contínuo e dinâmico, de reflexão, tomada de
decisão, colocação em prática e acompanhamento. Plano é o produto desta reflexão
e tomada de decisão, que como tal pode ser explicitado em forma de registro, de
documento ou não." (VASCONCELLOS, 2010, p. 80)
Nesta definição fica claro que planejamento é mais amplo, é o projeto de
escola, que entendido como processo, é permanente e plano está relacionado a
ação individual, sendo provisório, pois é constantemente reelaborado pelo exercício
da ação-reflexão-ação, no entanto, ambos estão interligados, possibilitando que o
trabalho pedagógico seja desenvolvido com uma intencionalidade clara e objetiva
dando a visão de começo, meio e fim, dentro de um determinado espaço e tempo.
O educando deve ser desafiado, sensibilizado e mobilizado; deve
estabelecer relação entre conteúdo e sua vida cotidiana, suas necessidades,
interesses e problemas. Torna-se necessário criar um clima favorável à
aprendizagem.
Nesse sentido, afirma Cortella (2009):
Não há conhecimento que possa ser aprendido e recriado se não se mexer, inicialmente, nas preocupações que as pessoas detêm; é um contrassenso supor que se possa ensinar crianças e jovens, principalmente, sem partir das preocupações que eles tem, pois do contrário, só se conseguirá que decorem (constrangidos e sem interesse) aos conhecimentos que deveriam ser apropriados (tornados próprios). (CORTELLA, 2009, p.95)
Com a certeza de que é necessário continuar a reflexão sobre planejamento
e tomar consciência das possibilidades e limites da ação pedagógica, concluem-se
esses apontamentos com este pensamento: “Entender os limites existentes para a
organização do trabalho pedagógico ajuda-nos a lutar contra eles; desconsiderá-los
conduz à ingenuidade e ao romantismo” (FREITAS, 1995, p. 99).
A proposta de planejamento apontada pelo PNAIC na Unidade 6 do material
de formação é a de um trabalho com sequência didática, abaixo segue a definição
dada neste documento:
Em síntese, a sequência didática consiste em um procedimento de ensino, em que um conteúdo específico é focalizado em passos ou etapas encadeadas, tornando mais eficiente o processo de aprendizagem. Ao mesmo tempo, a sequência didática permite o estudo nas várias áreas de conhecimento do ensino, de forma interdisciplinar. (UNIDADE 6, ANO 1, BRASIL, 2012, p. 27)
O trabalho com sequência didática implica na organização do trabalho por
parte do professor, esta organização é feita de forma sequencial, para um tempo
determinado, parte-se de um tema e todo conteúdo é relacionado a este tema,
podendo ser um gênero textual, uma brincadeira ou um jogo.
ATIVIDADES
Apresentação de uma síntese a partir dos autores descritos nesse material.
Elaboração em dupla de planos de aula na perspectiva discutida.
Apresentação dos planos para o grupo discutindo possibilidades e limites de
pô-lo em prática.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: planejando a alfabetização; integrando diferentes áreas do conhecimento: projetos didáticos e sequências didáticas: ano 01, unidade 06 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília: MEC, SEB, 2012. CORTELLA, Mario Sergio. A Escola e o Conhecimento. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2009. FREITAS, L. C. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. Campinas: Papirus, 1995. SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: para além da curvatura da vara. Revista da Associação Nacional de Educação (ANDE). Ano 1, N° 3, 1982. VASCONCELLLOS, C. S. Planejamento: Projeto de Ensino-aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico - elementos metodológicos para elaboração e realização. 21ª ed. São Paulo Libertad Editora, 2010.
____________________. Construção do conhecimento em sala de aula. São Paulo, Salesiana Dom Bosco (Cadernos Pedagógicos do Libertad-2) 1993. VIGOTSKI, L. S. A Psicologia pedagógica. São Paulo, Martins Fontes, 2001.
UNIDADE VIII - APONTAMENTOS SOBRE AVALIAÇÃO NA ALFABETIZAÇÃO “De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção uma caminho novo, fazer da queda, um passo de dança, do medo, uma escada, do sonho, uma ponte, da procura, um encontro”.
Fernando Pessoa
Esta Unidade se destina a discutir avaliação no processo de alfabetização.
Algumas questões serão levantadas aos participantes como ponto de partida para
discussão sobre avaliação: Por que sou ou pretendo ser alfabetizador? O que é ser
alfabetizador? Para que alfabetizar?
A tentar responder a estas questões iniciamos uma reflexão de como a
avaliação faz parte de nossa vida, seja para fazer escolhas ou para avaliar as que já
foram feitas.
Da mesma forma que está presente em nosso cotidiano, a avaliação é parte
integrante do trabalho pedagógico nas Instituições escolares, para tanto, a LDB - Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 em seu artigo 24, inciso V
determina:
V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; [...].
Este texto da LDB levanta questões sérias que ainda precisam ser discutidas
nos espaços de formação de professores. A primeira delas é quando afirma que
deve ser contínua, isso significa que deve acontecer sempre e que deve-se levar em
consideração os resultados ao longo do período de estudo e não atribuir somente
um resultado ao final desse período. Essa fala nos remete a ideia de processo,
então não se deve levar em consideração somente o resultado, mas a caminhada
feita pelo estudante até chegar a este resultado.
Outra questão importante que merece destaque é a questão da qualidade
em detrimento a quantidade, ou seja, de nada adianta oferecer vários instrumentos
de avaliação se neles não estiverem claros os critérios e objetivos a que se destina,
qualidade do que se ensina, como ensina e como se avalia.
Neste sentido, observa-se que os temas estudados anteriormente: currículo
e planejamento estão interligados a avaliação, aqui separados por uma questão de
organização do trabalho. O professor tem que saber o que ensinar (currículo), como
ensinar (planejamento e metodologias) e finalmente como avaliar esse processo,
questões estas que seguem sendo refletidas nesta Unidade.
Conforme abordado na Unidade I deste material, Vygotsky (1991) propõe
que o professor atue na Zona de Desenvolvimento Proximal no estudante, assim
enquanto mediador consegue agir a partir do que o estudante sabe e fornecendo
pistas, orientando, corrigindo consegue ajudar o estudante a avançar em seu
conhecimento e desenvolvimento.
Por meio de uma metáfora Vygotsky consegue explicitar como a avaliação
pode partir da condição atual do sujeito e de sua capacidade, sendo valorizado seu
processo de aprendizagem:
[...] um jardineiro que, para definir, todo o estado do jardim, não pode resolver avaliá-lo apenas pelas macieiras que já amadureceram e deram frutos, mas deve considerar também as árvores em maturação, o psicólogo [também o professor] que avalia o estado de desenvolvimento também deve levar em conta não só as funções já maduras, mas aquelas em maturação, não só o nível atual, mas também a função de desenvolvimento proximal. (VIGOTSKI, 2001a, p.326, 327)
Nos últimos anos observa-se uma desqualificação do papel do professor na
sua tarefa de ensinar, os estudiosos destacados nas Unidades anteriores defendem
o papel do professor como essencial no processo ensino aprendizagem. Vygotsky
coloca que o professor atua na aprendizagem dos estudantes, Saviani ressalta sua
importância atuando nos passos por ele propostos para um trabalho desenvolvido
numa perspectiva histórico-crítica e Vasconcellos chama o professor de coordenador
do processo ensino-aprendizagem:
[...] o professor é o coordenador do processo ensino-aprendizagem. Deve assumir seu papel de sujeito histórico de transformação da realidade escolar, articulado a realidade social mais ampla. (VASCONCELLOS, 1998, p. 105)
Ainda na perspectiva de destacar a importância do papel do professor no
processo ensino aprendizagem, enquanto sujeito de decisão nesse processo,
ressalta-se a sua função mediadora na avaliação para Hoffmann (1995, p. 117):
[...] avaliação mediadora é aquela que leva o professor a analisar teoricamente as várias manifestações dos alunos em situação de aprendizagem (verbais ou escritos ou outras produções), para acompanhar as hipóteses que vem formulando a respeito de determinados assuntos, em diferentes áreas do conhecimento, de forma a exercer uma ação educativa
que lhes favoreça a descoberta das melhores soluções ou a confirmação de hipóteses preliminarmente formuladas.
Apesar de ser uma tarefa complexa e exigir conhecimento do professor,
avaliar numa perspectiva mediadora permite que o processo avaliativo seja mais
fidedigno ao que a criança realmente sabe, dando condições ao professor de
reorganizar o trabalho pedagógico a partir do que as crianças ainda não
aprenderam. Avaliando por meio das "várias manifestações do aluno", aumenta a
possibilidade de acerto por parte do professor, pois se a criança tem dificuldades de
se manifestar por meio de um determinado instrumento seu nível de compreensão
poderá ser verificado por outro.
De acordo com a Unidade 8, Ano 1 do material do PNAIC, a avaliação é uma
forma de entender todo o processo pedagógico contribuindo para melhorá-lo. Não
apenas os estudantes são avaliados, mas também o professor, a escola, o sistema,
a avaliação dá subsídios para reorganizar a prática pedagógica. A avaliação só tem
sentido de existir se permitir diagnosticar as dificuldades e os avanços dos alunos
melhorando a prática. Desse modo, não se pode mais pensar em avaliação se não
for para ajudar a redimensionar os resultados e contribuir para o professor buscar
outras possibilidades de ação que favoreça a aprendizagem de todos.
Na Unidade 8, Ano1, (Brasil, 2012) do material do PNAIC destinado a
formação de professores destaca ainda duas questões fundamentais: condições e
instrumentos adequados de avaliação e o cuidado com a comparação entre as
crianças:
Além da preocupação com o favorecimento de boas condições de avaliação, com uso de instrumentos adequados, é importante também que a análise não seja feita por meio da comparação entre a criança e seus colegas e sim entre o que a criança é capaz de fazer naquele momento e o que ela era capaz de fazer no início do processo, tomando-se em consideração o que se pretendia ensinar e o que está sendo avaliado. (p 17)
Além das questões já destacadas outra merece reflexão nesta citação, que é
a necessidade de estabelecer relação entre o que foi ensinado e o que está sendo
avaliado. Isso é muito sério, pois é comum observar incoerência nesse processo em
que muitas vezes é cobrado o que não foi ensinado, ou fragilidades o instrumento
colabora pra comprometer essa relação.
No que se refere a comparar uma criança à outra, faz-se necessário ter esse
cuidado e respeito, pois isso pode causar uma insegurança na criança que foi
comparada com outra, podendo comprometer seu desenvolvimento. Por isso é justo
que a criança seja comparada com ela mesma, para tanto o professor precisa
priorizar formas de registros do que cada uma delas produz para que tenha material
que dê condições para uma avaliação nesta perspectiva.
Ainda na Unidade 8, Ano 1 (Brasil, 2012, p. 16) do PNAIC no material
destinado a formação de professores é sugerido formas de realizar esses registros:
Para que sejamos capazes de analisar os avanços das crianças, precisamos criar boas situações de avaliação e boas estratégias de registro. Os quadros de acompanhamento da aprendizagem favorecem tais análises. Outras formas de registro também podem ser utilizadas, como o portfólio, o diário de classe ampliado, o caderno de registro dos alunos (com uma página para cada estudante, onde são registradas informações sobre a as aprendizagens realizadas dentre outras).
Os pareceres descritivos sobre cada estudante, também propostos pelo
PNAIC, podem ser muito úteis, pois neles devem ser registrados todo o processo do
estudante, ao descrever neles detalhes sobre processo de aprendizagem oferece à
escola elementos que permitem conhecer o aprendiz, buscando garantir a
continuidade do trabalho que estava sendo feito, além de por meio deles ser
possível a família acompanhar a escolarização dos filhos.
Portanto, os registros garantem que as crianças sejam avaliadas de modo
mais seguro e processual, assegurando clareza e foco, tornando possível ao
professor planejar seu trabalho a partir das reais condições de aprendizagem dos
seus alunos, oferecendo-lhes a oportunidade de aprender no ano seguinte o que
ainda não aprendeu.
A partir desse ano de 2013, as crianças que concluem o ciclo de
alfabetização do 1º ao 3º ano do ensino básico em escolas públicas farão a
Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA). Esta Avaliação servirá para medir o
conhecimento das crianças e ajudará no cumprimento do Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), que estabelece que todas as crianças até os
8 anos de idade sejam alfabetizadas. Servirá como ponto de partida para que se
possa medir a evolução do aprendizado das crianças nessa etapa do ensino. ANA
deverá produzir informações sistemáticas sobre as unidades escolares, de forma
que cada unidade receba o resultado global. Será uma avaliação de larga escala e
servirá para a produção de índices sobre a alfabetização e letramento dos
estudantes, também fará parte do Sistema de Avaliação da Educação Básica
(Saeb).
ATIVIDADES
Apresentar uma síntese sobre o tema a partir do texto dessa Unidade.
Promover um debate sobre as experiências particulares de avaliação.
Destacar a necessidade do uso de diferentes instrumentos de avaliação.
Refletir sobre a importância do acompanhamento da aprendizagem dos
estudantes por meio dos registros.
REFERÊNCIAS ______.Presidência da República. Ministério da Educação. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília: MEC, 1996. BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: organização do trabalho docente para promoção da aprendizagem : ano 01, unidade 08 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília : MEC, SEB, 2012 - acessado em: 21/10/2013. HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora. Educação e Realidade. Porto Alegre: 1995. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito de transformação, São Paulo: Libertad, 1998. VIGOTSKI, L.S. A construção do pensamento e linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 2001.
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Os estudos acontecerão como descrito neste material por meio de oito
encontros presenciais de quatro horas, com o público alvo (estudantes do Curso
Formação de Docentes), numa prática de leitura e reflexão de materiais previamente
selecionados a partir dos autores apresentados em cada Unidade desta produção,
bem como os materiais disponibilizados pelo MEC para a implementação do PNAIC,
que darão subsídios para os estudos, buscando estabelecer relação entre teoria e
prática.
Cada encontro terá início com a leitura de um conto ou de uma poesia de
diferentes escritores, demonstrando a importância de incorporar esses gêneros no
trabalho pedagógico.
Pretende-se com essa forma de encaminhamento contribuir com a formação
dos professores, destacando especialmente a valorização da teoria como suporte
para a organização da prática do professor alfabetizador, estudando especialmente
os teóricos que elaboraram a psicologia histórico-cultural, pedagogia histórico-crítica,
conceitos de alfabetização e letramento e a proposta de formação do PNAIC.
Também será proposta a elaboração de planos de aula a partir dos materiais
disponibilizados pelo PNAIC, como forma de experimentar possibilidades reais de
trabalho de alfabetização a partir do suporte teórico discutido.
REFERÊNCIAS BAKHTIN, M.(Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. de Michel Lahud e Yara Frateschi. 9 ed. São Paulo: Hucitec, 1999. BRASIL. Presidência da República. Ministério da Educação. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília: MEC, 1996. ______. Ministério da Educação. Reunião com os coordenadores do PNAIC: Brasília, 2013. ______. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Brasília, 2012. ______. Ministério da Educação. Institui o Pacto Nacional pela Alfabetização da Idade Certa e as Ações do Pacto e define suas diretrizes gerais. Portaria n. 867 de 4 de Julho de 2012, Brasília, 2012. ______. Presidência da República. Ministério da Educação. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília: MEC, 1996. _______. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: a aprendizagem do sistema de escrita alfabética: ano 1: unidade 3 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília: MEC, SEB, 2012. _______. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: ludicidade na sala de aula: ano 01, unidade 04 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. - Brasília: MEC, SEB, 2012. ________. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: planejando a alfabetização; integrando diferentes áreas do conhecimento: projetos didáticos e sequências didáticas: ano 01, unidade 06 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. - Brasília: MEC, SEB, 2012. ______.Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: currículo na alfabetização: concepções e princípios: ano 1 : unidade 1 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília: MEC, SEB, 2012. ________. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: organização do trabalho docente para promoção da aprendizagem: ano 01, unidade 08 / Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. - Brasília: MEC, SEB, 2012 - acessado em: 21/10/2013 ________ - Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: o trabalho com gêneros textuais na sala de aula: ano 02, unidade 05 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. - Brasília: MEC, SEB, 2012. CORTELLA, Mario Sergio. A Escola e o Conhecimento. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2009. FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1984. HILLAL, Josephina. Relação professor-aluno: formação do homem consciente. São Paulo, Ed. Paulinas, 1985. FREITAS, L. C. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. Campinas: Papirus, 1995. HILLAL, Josephina. Relação professor-aluno: formação do homem consciente. São Paulo, Ed. Paulinas, 1985. HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora. Educação e Realidade. Porto Alegre: 1995. KRAMER, Sônia. Alfabetização, leitura e escrita: formação de professores em curso. São Paulo, Ática, 2010. KATO, M. A. O Aprendizado da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1985. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos infantis: o jogo,a criança e a educação. Petrópolis: Vozes, 1998. KLEIN, Lígia Regina. Alfabetização: Quem tem medo de Ensinar? 4ª ed. - São Paulo: Cortez, 2002. MOREIRA, Antonio Flávio B. CANDAU, Vera M. Currículo, conhecimento e cultura. In: BEAUCHAMP, Jeanete. PAGEL Sandra D; NASCIMENTO, Aricélia R. do. Indagações sobre currículo. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. Disponível em: <http://portal.mec. gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag3.pdf.>. Acesso em: Acesso em: 25 out. 2013. NHARY, Tânia Marta Costa. O que está em jogo no jogo: cultura, imagens e simbolismo na formação de professores. Dissertação (Mestrado em Educação). RJ, Universidade Federal Fluminense, 2006. PARANÁ. Ensino fundamental de nove anos: orientações pedagógicas para os anos iniciais/autores: Angela Mari Gusso... [et al.] / organizadores: Aleandra Cristina Talin do Amaral, Roseli Correia de Barros Casagrande, Viviane Chulek. - Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação 2010.
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__________. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 2ª edição. São Paulo. Ed. Cortez: Autores Associados, 1991. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo; v.40) __________. Escola e Democracia. 37. ed. São Paulo: Cortez, 2005 SILVA, E.T. da. De olhos abertos – reflexões sobre o desenvolvimento da leitura no Brasil.São Paulo: Ática. 1991. SOARES, M. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. 26ª Reunião Anual da ANPED – GT Alfabetização, Leitura e Escrita. Poços de Caldas, 7 de outubro de 2003. TFOUNI, L. V. Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995. __________. Letramento e Alfabetização. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2010. VASCONCELLLOS, C. S. Planejamento: Projeto de Ensino-aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico - elementos metodológicos para elaboração e realização. 21ª ed. São Paulo Libertad Editora, 2010. ___________________. Construção do conhecimento em sala de aula. São Paulo, Salesiana Dom Bosco (Cadernos Pedagógicos do Libertad-2) 1993. ___________________. Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito de transformação, São Paulo: Libertad, 1998. VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. Livraria Martins Fontes. Ed. LTDA, 4ª Edição, São Paulo, 1991. _____________. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 2007. _____________. A Psicologia pedagógica. São Paulo, Martins Fontes, 2001. _____________. A construção do pensamento e linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 2001.