OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Docente em Agricultura. Disciplina de...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Utilização de software aplicativo gratuitos para registro de dados

na horta.

Gainete Lordani 1

Marcos Augusto Moraes Arcoverde 2

Resumo: o presente artigo aborda a utilização de dispositivos móveis na disciplina de Horticultura. O objeto mais utilizado foi o aparelho celular móvel, dentro do contexto escolar, com viés pedagógico. O instrumento básico desse trabalho é uma ferramenta chamada QR-code, código alfanumérico que permite inserir informações para posterior leitura. Conjuntamente ao código, se fez necessário à utilização de aplicativos (software), sendo um para ler e outro para gerar, e assim transformar dispositivos móveis em instrumentos pedagógicos, possibilitando que os estudantes possam ter acesso a informações através dos códigos utilizando seus celulares. A ideia é codificar todas as atividades da horta da escola, espaço este utilizado para as aulas práticas na disciplina de Horticultura. Assim sendo, os estudantes por meio dos celulares com o aplicativo de leitura instalado puderam fazer levantamento de informações “in loco” na horta, simplesmente direcionando seu aparelho para o código, e, dessa forma, os dados apareceriam na tela. Apesar de todas as dificuldades de implementação do projeto na escola, ele permitiu possibilidades de utilização dos dispositivos móveis no ambiente escolar, dentro de um contexto pedagógico, pois nesse caso percebeu-se claramente a interação desses aparelhos com alguns objetivos da disciplina, e, principalmente, aguçando a percepção dos estudantes para a utilização da tecnologia na agricultura, objetivo básico deste projeto. Palavras-chave: horta, dispositivos móveis, códigos e aplicativos.

1. Introdução

O Centro Estadual de Educação Profissional Manoel Moreira Pena, conhecido

tradicionalmente como Colégio Agrícola, tem uma área destinada exclusivamente ao

cultivo de hortícolas, mais precisamente oleráceas3, cuja suas atividades têm cunho

pedagógico e também produtivo. No aspecto pedagógico, em consonância com a

disciplina de Horticultura, realizam-se diversas atividades práticas com os

estudantes, permitindo desta forma que eles aprendam fazendo, ou seja, que os

saberes teóricos possam ser colocados em prática.

A disciplina de Horticultura faz parte da grade curricular do curso

profissionalizante Técnico em Agropecuária e tem grande importância na formação

profissional dos estudantes, pois permite que estes tenham uma visão além do

agronegócio, ou seja, focar em outras áreas associadas ao meio rural, que não

1 Professor PDE. Graduação em Agronomia. Docente em Agricultura. Disciplina de Horticultura. E-

mail: [email protected] 2 Professor Orientador, Mestre. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Centro de Educação,

Letras e Saúde. E-mail: [email protected]. 3 Plantação racional e econômica de plantas oleráceas – hortaliças em geral (couve, alface, pimentão,

repolho, etc.).

sejam as culturas tradicionalmente ligadas ao mercado mundial, as famosas

commodities.

Comparando-se com as demais atividades agrícolas, a Horticultura talvez seja

mais benéfica ao desenvolvimento rural, pois proporciona aumento de renda,

geração de emprego e inclusão social, sendo desenvolvida normalmente em

pequenas propriedades, compatível com a agricultura familiar. Segundo Melo e

Vilela,

Outro aspecto peculiar é que, a maior parte da produção de hortaliças (60%) está concentrada em propriedades de exploração familiar com menos de 10 hectares intensivamente utilizadas, tanto no espaço quanto no tempo. Como atividade agroeconômica diferencia-se, ainda, por exigir altos investimentos, em contraste com outras atividades agrícolas extensivas. De outro lado, permite a obtenção de elevada produção física e de altos rendimentos por hectare cultivado e por hectare/ano dependendo do valor agregado do produto e da conjuntura de mercado (MELO e VILELA 2007, p. 2).

A Horticultura é uma das atividades agrícolas que mais abarca tecnologia,

pois apresenta grande rotatividade de culturas em forma intensiva, praticada na

maioria dos casos em áreas reduzidas e ao longo de todo o ano. Diante dessa

particularidade, é comum a adoção de cultivo em ambiente protegido (estufas,

túneis, telados, etc..), sistemas hidropônicos ou cultivo sem solo, irrigação por

gotejamento (fertirrigação)4, biotecnologia entre outros sistemas de produção. De

acordo com Vilela e Henz:

A biotecnologia poderá ter um grande impacto sobre vários aspectos do sistema produtivo de hortaliças, tais como viabilização da produção em novas áreas, redução dos custos de produção e melhoria da qualidade do produto. Nesse contexto, as hortaliças oferecem perspectivas econômicas bastante favoráveis para os produtores, na medida em que poderão obter maior produtividade, agregar maior valor aos produtos e, consequentemente, obter a maximização de lucros (VILELA e HENZ 2000, p. 85).

Assim sendo, a disciplina de Horticultura, devido a sua relevância e

importância no contexto agrícola, econômico e social, propicia espaços para

atividades práticas dos estudantes, pois estes não conseguem se apoderar de um

conhecimento eficaz quando se apropria apenas de aulas ministradas com base na

transmissão e memorização de conteúdo.

4 A fertirrigação é uma técnica de adubação que utiliza a água de irrigação para levar nutrientes ao

solo cultivado.

Aulas práticas são de extrema importância para o desenvolvimento do

estudante, pois como se sabe potencializam a fixação do conhecimento e efetiva a

teoria aprendida em sala de aula, construindo um aprendizado significativo. Segundo

Freire (1996), a teoria sem a prática vira verbalismo, assim como a prática sem

teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a

práxis, a ação criadora e modificadora da realidade.

Dentro do ambiente escolar existe uma área específica para ministrar aulas

práticas de Horticultura, e este aspecto é extremamente importante para

complementação dos saberes teóricos e práticos, pois tal espaço permite, na

maioria dos casos, praticar o exposto na teoria. De acordo com Bordenave e

Pereira:

A prática de campo no ensino agrícola é essencial, porque situa o aluno diretamente em contato com a realidade e ensina-o a conhecer e resolver os múltiplos e variados problemas que se apresentam diariamente nos trabalhos de campo. Não é possível, nem recomendável, o ensino puramente teórico, em que a parte prática é limitada aos laboratórios. É indispensável, ainda, que o aluno veja no campo todos os diferentes aspectos da cultura (BORDENAVE e PREIRA, 1986, p. 229).

Diante dessa importância do espaço que permite colocar em prática o que foi

discutido na teoria e aproveitando essa dinâmica, surgiu a ideia de utilizar

dispositivos móveis dentro desse contexto, pois sabemos que esses aparelhos

midiáticos já estão presentes no “chão” escolar, mesmo sendo objetos de grandes

discussões sobre sua utilização pedagógica no ambiente escolar.

Este desafio foi o tema desse trabalho no PDE, centralizando-se

principalmente na possibilidade de conseguir utilizar os dispositivos móveis em

alguns momentos na disciplina de Horticultura, principalmente nas atividades

práticas.

Deste modo, o presente artigo propõe encontrar alternativas para a utilização

dos dispositivos móveis numa perspectiva pedagógica, e fundamentalmente que os

estudantes possam vislumbrar essa possibilidade.

Para colocar em prática essa de utilização dos celulares como instrumento

pedagógico, buscou-se a implementação dos códigos QR-code, juntamente com

softwares aplicativos gratuitos instalados nos dispositivos móveis. Pelo exposto, o

objetivo deste artigo é relatar a utilização de dispositivos móveis em atividade

pedagógica de aulas práticas na disciplina “Horticultura”.

2 Fundamentação teórica

O aparecimento do computador foi sem dúvida um divisor de águas que

revolucionou o mundo, trazendo muitas facilidades ao homem, bem como

automatizando rotinas em todas as áreas do saber. Com ele, tudo ficou mais fácil,

ágil e preciso, propiciando o surgimento de novas áreas, bem como, obrigou o

homem a se especializar criando inclusive novas profissões como é o caso do

analista de sistema, o técnico em informática, o digitador, o engenheiro da

computação até mesmo o professor de informática. Neste contexto, Soares e

Machado citam que:

Nessa era da informação, o computador, ao ser inserido na economia e na sociedade, mais do que todas as outras inovações tecnológicas, provocou uma avalanche de mudanças como nunca se viu na história das civilizações. Em nenhuma outra época houve tantas inovações em tão pouco tempo. Muitas invenções causaram impacto em relação ao passado. [...]. Em todas as áreas onde aconteceu um salto tecnológico, em evidência ou na retaguarda, estava o seu uso [o computador] (SOARES e MACHADO, 2004, s. p.).

Após o surgimento do computador, outra grande revolução foi o aparecimento

da Internet, que nos primeiros anos era um simples mecanismo de troca de dados

entre bases militares e mais adiante entre pesquisadores e Universidades. Com o

passar do tempo, transformou-se na mais importante ferramenta de troca de

informações jamais vista em todo o mundo. De acordo com Borges:

Internet é uma nova forma de realizar o trabalho pedagógico e, portanto, estará cada vez mais influenciando o processo educacional. [...] e atribuindo novos usos e novas finalidades à Internet, o homem poderá estar redefinindo sua própria identidade, capacitando-se para uma nova ordem global das relações humanas, e assim, estará gerando uma nova transformação da realidade sócio-histórico-cultural (BORGES 2000, p. 62-63).

Pode-se afirmar que o processo de comunicação foi um dos mais

beneficiados, pois todos os tipos de mídias (texto, som e imagens) passaram a ser

transmitidos com rapidez e qualidade inclusive em tempo real. Com isso mudaram-

se completamente os paradigmas, pois não se enviam mais cartas e sim e-mails,

não se manda mais fax e sim documentos anexados via Internet, não se utiliza mais

o telefone fixo, faz-se ligações via ip (voip), entre outras inovações que alteraram o

modelo de comunicação humana.

O caminho entre a sociedade e tecnologia é irreversível, não há como fugir

desta realidade. É necessário que a escola, juntamente com os professores reflita

sobre este novo viés que a tecnologia trouxe à vida do homem. Dentro desse

processo, é importante estar claro da sua importância no contexto escolar, pois se

for utilizada com um objetivo pedagógico, pode vir a agregar conhecimentos tanto

aos educadores quanto aos estudantes.

Devemos ressaltar que as tecnologias inseridas na sociedade e sua evolução

não podem suplantar as relações existentes entre as pessoas, pois, se por um lado

à interação do homem com a tecnologia faz-se necessária, por outro, essa

fascinação está tornando nossos jovens alienados computacionais e isso respinga

no espaço escolar.

Então, buscar estratégias para utilizar esses aparelhos com fim pedagógico

torna o processo mais desafiante dentro da escola, porém se faz necessário que

esse enfrentamento aconteça de forma mais enfática. Neste contexto, para Bazzo:

É inegável a contribuição que a ciência e a tecnologia trouxeram nos últimos anos. Porém, apesar desta constatação, não podemos confiar excessivamente nelas, tornando-nos cegos pelo conforto que nos proporcionam cotidianamente seus aparatos e dispositivos técnicos. Isso pode resultar perigoso porque, nesta anestesia que o deslumbramento da modernidade tecnológica nos oferece, podemos nos esquecer de que a ciência e a tecnologia incorporam questões sociais, éticas e políticas (BAZZO 1998, p. 72).

Diante desse desafio, como professor, é necessário compreender que com a

evolução tecnológica cada vez mais rápida, ela possibilita ao homem quase todas as

atividades de forma móvel através de computadores portáteis (notebooks,

netebooks, palmtop) e celulares mais modernos e inteligentes (smartphones).

Ultimamente o computador tradicional (computador de mesa) tem perdido espaço

para os dispositivos móveis.

Estes dispositivos móveis apresentam como característica serem leves, ágeis,

com baixo custo e principalmente permitem a mobilidade das pessoas ao utilizar

estes aparelhos. Esta última característica tem atraído cada vez mais o homem que

agora possui uma necessidade constante de informação, bem como de estar

conectada a alguma rede virtual, seja a de amizade, de relacionamento ou até

mesmo de trabalho.

Nos dias atuais, já é uma realidade a presença dos dispositivos móveis no

ambiente escolar e principalmente a sua utilização pelos estudantes. Escuta-se,

inclusive, que na grande maioria dos casos esses aparelhos são um apêndice dos

membros superiores dos adolescentes, ou seja, um prolongamento, tal é a atração

exercida por esses aparelhos. Neste contexto, é necessário entender que:

A entrada das tecnologias móveis na escola torna o ambiente educacional prenhe de novas formas de produção do conhecimento, de compartilhamento de conteúdos e de distribuição de informação, pois os espaços físicos ganham novas configurações e potencialidades que ultrapassam os muros da escola. Desta forma, tanto a sala de aula como os corredores, a quadra, auditórios ou a cantina continuarão sendo espaços de aprendizagem, porém com possibilidades de conexão com outros espaços e outras pessoas (LUCENA, LINHARES e RAMOS 2012, p. 380-381).

Diante disso, podemos dizer que utilizar os dispositivos móveis de forma

pedagógica na escola é um novo paradigma? Segundo Antonio:

Há duas décadas vem se tratando do problema de adaptar a escola a um modelo que incorpore as novas tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC). Esse tempo acabou: a escola já incorporou as TDIC no seu cotidiano, muito embora professores, gestores locais e gestores de políticas públicas ainda tenham muita dificuldade em encarar essa nova realidade do ponto de vista de seus velhos paradigmas (ANTONIO, 2014, s. p.).

Dentro desse contexto, de teorias, práticas e tecnologias no ambiente escolar,

decidiu-se por adotar uma ferramenta denominada QR-code, conjuntamente com

software aplicativos, procurando assim, introduzir formas na qual os estudantes

possam utilizar os dispositivos moveis com viés pedagógico, na disciplina de

Horticultura. Okada e Souza (2011) definem essa tecnologia como:

o processo de fornecimento de dados em dispositivos móveis, geralmente por meio do uso de dados em um código de barras bidimensional, concebido para ser lido e introduzido por intermédio de um celular com câmera. Para a leitura desse tipo de comunicação, é necessário apenas que o celular possua câmera fotográfica integrada e um aplicativo que pode ser baixado por meio da internet móvel. O uso desses códigos tem um mecanismo semelhante à leitura do código de barras, que é realizado por intermédio de um scanner. Um aplicativo para celular permite ao usuário focalizar a câmera para uma figura, que é, na verdade, um código de barras 2D, o programa scanneia e traduz o código em uma informação específica que pode ser: propaganda, mensagem de texto, links para sites, informações sobre o produto, imagens, entre outros. [...] possui como principal objetivo a praticidade em transmitir informações codificadas em alta velocidade, mesmo com imagens de baixa resolução. (OKADA e SOUZA 2011, p. 60).

Figura 1 – Exemplo de código QR-Code

Fonte: Revista Info (http://migre.me/n7Dcg)

Apesar de terem se popularizado somente nos últimos anos, os QR Code

surgiram há 20 anos, em 1994. Eles foram criados pela Denso Wave, uma empresa

do grupo Toyota, e apareceram com a finalidade de facilitar a identificação das

partes de carros nas fábricas e também o processo de logística como um todo No

site Tecmundo, KARASINSKI expressa a seguinte definição:

“QR Code” quer dizer, em inglês, “Quick Response Code” (algo como Código de Resposta Rápida). Trata-se de uma espécie de código de série que é a evolução dos códigos de barras tradicionais (barras), ordenando as informações em uma matriz de duas dimensões. Com isso, eles são capazes de armazenar até 100 vezes mais dados e caracteres do que os tradicionais códigos de barras de apenas um 1D, aproximadamente 7.000 caracteres numéricos e 4.300 para caracteres alfanuméricos (KARASINKI, 2013, s. p.).

Já os softwares aplicativos são programas que proporcionam o

desenvolvimento de atividades práticas, portanto, podem ser utilizadas como

ferramentas para apoio educacional, quando associados com os dispositivos

móveis, contribuindo no processo de ensino aprendizagem.

Estes softwares aplicativos se vislumbram com potencial para estudantes e

professores, pois proporcionam aos mesmos, uma maior interação com as

tecnologias educacionais que estão sendo disponibilizadas para todos. No contexto

escolar existe a proposta dos softwares educacionais, que para Morais (2003) foram

criados em diferentes níveis e classes com diversas utilidades educacionais, sendo

que recebem essa nomenclatura os softwares que foram inseridos no contexto de

ensino aprendizagem.

Tais ferramentas possibilitam que os estudantes adquiram um melhor

conhecimento dentro da disciplina estudada. Contudo, o professor não pode

esquecer-se de estabelecer critérios pedagógicos e de fazer a seleção dos

softwares condizentes com os objetivos de ensino, para não correr o risco dos

estudantes desviarem seu foco do objetivo inicial elaborado pelo professor.

Desde a década de 80 já eram destacados alguns aspectos sobre a utilização

se software educativos. Nesse contexto, Guimarães et al. (1987) mesmo citando os

computadores, é possível abstrair a concepção para as novas tecnologias

educacionais dos dias atuais, e dentre elas temos os software educacionais. Para

esses autores a incorporação de novas tecnologias no ambiente escolar deve

respeitar uma proposta pedagógica pertencente a um contexto sócio-político e

cultural. Apenas a presença das novas tecnologias não garante mudança efetiva no

processo ensino-aprendizagem, essa prática deve ser estimulante, provocativa e

desafiadora levando o educando a ter interesse pelo conteúdo.

Para a execução deste projeto, ressalta-se que os aplicativos foram buscados

na internet e priorizaram-se os seguintes aspectos:

Gratuidade para instalação nos dispositivos móveis;

Facilidade no manejo e que seja intuitivo;

Funcionamento sem necessidade de estar on-line, principalmente o

aplicativo necessário para fazer a leitura dos códigos.

3. Metodologia

O projeto em questão passou a ser implantado no primeiro semestre de 2014,

procurando respeitar as etapas estabelecidas na Produção Didática Pedagógica.

Aproveitando-se da semana pedagógica que ocorreu em fevereiro de 2014, quando

estão reunidos professores e funcionários, iniciaram-se os trabalhos necessários

para desenvolvimento do projeto com a exposição do mesmo aos demais

profissionais da instituição, sendo que o público alvo seriam os estudantes do 3º ano

do curso técnico.

Ressalta-se que todos estarão envolvidos, pois a ideia é facilitar aos

estudantes, professores e funcionários a disponibilização dos dados e informações

da horta, através da codificação (QR-code) das atividades nesse espaço e sua

leitura com os dispositivos móveis.

3.1 Estratégias para socializar o projeto na escola

Aproveitou-se o momento da semana pedagógica, ocorrida no início de

fevereiro de 2014 para apresentação do projeto para os professores e funcionários.

Este momento tem o objetivo de colocar em evidência o projeto e seu objetivo,

esclarecendo que os professores de outras disciplinas (interdisciplinaridade) e os

funcionários também devem participar de sua construção.

Com o início das aulas, a socialização foi feita para os estudantes, sendo a

exposição demonstrada em cada turma, no auditório da escola, correspondendo a

seis turmas, distribuídas da seguinte forma:

3 primeiros anos;

2 segundos anos;

2 terceiros anos.

3.2 Estratégias de instrumentalização do projeto

O passo seguinte foi instrumentalizar o projeto, ou seja, organizar os

equipamentos e ferramentas necessárias para dar início ao trabalho, descritos

abaixo:

Dispositivos móveis (smartphones, tabletes, notebooks, netbooks): foi

adquirido a princípio um tablete, porém, posteriormente descobriu-se que

o aplicativo proposto no trabalho para gerar os códigos não rodava em

aparelhos com Android, assim sendo, passamos a trabalhar com

notebooks, dificultando um pouco a portabilidade;

Impressora para imprimir os códigos;

Aplicativos recomendados no trabalho:

- Free Qr Creator: gerador dos códigos, em inglês, porém muito intuitivo;

- Scanlife: transforma a câmera dos smartphones em um scanner,

possibilitando a leitura dos códigos.

3.3 Estratégias para capacitar os responsáveis pela condução do projeto

De posse dos materiais para implantar o projeto, procedeu-se a se fazer

encontros de capacitação, com o objetivo de preparar estudantes-monitores e

funcionários que atuam na área da horta.

Como critério para definir os monitores, levou-se em consideração o maior

domínio destes com relação ao manejo da horta, pois são alunos do terceiro ano e

estão finalizando o curso, fato este que facilita muito a condução do projeto e eles

dominam em grande parte as atividades envolvidas na horta.

Esta etapa houve treinamento para colocar em prática o funcionamento dos

equipamentos e aplicativos, sendo de suma importância para o sucesso do projeto.

Ocorreu em dois momentos e propôs os seguintes procedimentos:

Treinamento com os equipamentos;

Treinamento na manipulação dos aplicativos;

Geração e leitura dos códigos.

3.4 Estratégias para implantação do projeto no campo

Após os treinamentos, partiu-se para a implantação do projeto no campo,

mais precisamente na área da horta, local onde saberemos o real alcance das

propostas desse trabalho, sua efetividade e suas dificuldades.

Assim, nesse momento, deverá ser colocado em prática o que foi treinado, ou

seja, manipulação dos instrumentos e aplicativos, com o propósito de gerar, imprimir

e anexar os códigos nas atividades correspondentes que será feita pelos monitores.

É importante ressaltar que as informações a serem inseridas nos códigos devem

respeitar um padrão, de conhecimento prévio dos monitores.

Dessa forma, as informações estarão disponibilizadas aos demais estudantes

para que possam consultar sempre que necessário ou quando vem de encontro aos

conteúdos trabalhados na disciplina.

As figuras (2, 3, e 4) a seguir apresentam alguns exemplos de como ocorreu a

identificação das culturas utilizando o QR code.na área da horta.

Figura 2 – Exemplo de placa para identificação das atividades na cultura, utilizando o QR code.

Fonte: Arquivos do Projeto.

Figura 3 – Exemplo de QR code anexado em estaca

Fonte: arquivos do projeto

Figura 4 – Exemplo de QR code anexados nas bandejas para produção de mudas

Fonte: Arquivos do projeto

3.5 Estratégias para avaliação e monitoramento do projeto

Implantado o projeto na área da horta, procedeu-se a verificação, testando

sua funcionalidade, ou seja, se os códigos gerados e anexados atendem as

demandas necessárias propostas no trabalho em campo, que tem como fim básico

disponibilizar informações aos estudantes, quando estes focarem os códigos com

seus celulares.

Paralelo a isso, foi feito levantamentos nas salas de aulas, junto aos

estudantes, para saber sua opinião sobre o projeto implantado na área da horta. De

modo geral, as expectativas foram alcançadas tanto quanto ao funcionamento do

aplicativo quanto pela participação dos estudantes, bem como os aspectos didáticos

envolvidos.

Fica clara a importância do PDE na rede estadual de educação do Estado do

Paraná, pois permite aos professores desenvolver projetos que venham confrontar

problemas e gargalos dentro da escola onde atua. Seu objetivo principal é

proporcionar aos professores da rede pública estadual subsídios teóricos-

metodológico para o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, e que

resultem em redimensionamento de sua prática.

Para Moraes e Teruya:

O PDE do Paraná se configura como um programa de formação continuada atento às reais necessidades de enfrentamento de problemas ainda presentes na educação básica, superando o modelo de formação continuada concebido de forma homogênea e descontínua. Trata-se de um programa integrado com as instituições de ensino superior e ainda, com possibilidades de criação de condições efetivas, no interior da escola, para debate e promoção de espaços para a construção coletiva do saber. (MORAES e TERUYA, 2010 p. 4).

Figura 5 – Esquema das etapas propostas pelo projeto

Horta Dispositivos móveis Colégio Agrícola

Bandejas, placas e estacas Código QR

Facebook da horta do colégio

Fonte: próprio Autor

Cabem aqui algumas considerações com relação ao Facebook, pois esta

ferramenta, de acordo com proposta do projeto, seria o local para socializar as

informações/atividades da horta em tempo real. Contudo, devido à limitação do sinal

wifi na área da escola, isto não pode ser concretizado, ficando sua a implantação

para outro momento.

Semeadura, transplante, plantio e

colheita. Registro das atividades

Anexar

Gerar

Considerações finais

Diante do objetivo do PDE, o projeto implantado na escola permitiu levantar

algumas considerações, e assim, rever vários aspectos propostos inicialmente no

trabalho, principalmente pontos que precisam ser melhorados e repensados, com

intuito de tornar a aplicação na escola o mais prático possível, possibilitando que a

portabilidade e a disponibilização das informações em tempo real sejam efetivadas.

Para simplificar, descrevo abaixo pontos positivos e negativos observados “in

loco” na área da horta.

Desta forma, foram Pontos Positivos:

Utilização efetiva dos dispositivos móveis pelos estudantes na área da

horta para levantamento de informações codificadas;

Disponibilização de todas as atividades da horta via código, de acesso

fácil para todos da comunidade escolar, basta ter um leitor instalado no

dispositivo móvel;

Os estudantes puderam vislumbrar a possibilidades de usarem os

celulares de forma pedagógica;

O envolvimento dos estudantes na implantação, condução e inclusive

sugestões no manejo do projeto.

Do mesmo modo, os Pontos Negativos foram:

Estava previsto no projeto inicial que todas as atividades feitas na horta,

principalmente semeadura, transplante, plantio e colheita seriam

disponibilizadas em tempo real para a comunidade escolar, através da

rede social denominada Facebook, porém, não foi possível efetivar esse

momento pela dificuldade do sinal do wifi alcançar a área da horta;

Outra dificuldade, já prevista, se relaciona com a durabilidade dos códigos

no ambiente da horta, ou seja, devem permanecer em bom estado por um

período prolongado, pois estes estarão sujeitos à intempérie. Neste caso,

a solução deve gerar menos ônus possível para a escola e ser prático na

execução, além, claro da durabilidade;

A impressão dos códigos deveria acontecer no momento das atividades,

em tempo real e assim serem anexados nos seus devidos locais na horta,

tanto no campo, como na estufa. Pensou-se inicialmente manter uma

impressora na área da horta, porém como o espaço é distante e no

período da noite quase não existe trânsito de pessoas, optou-se por esse

momento abortar essa possibilidade, inviabilizando a impressão dos

códigos de forma momentânea.

A portabilidade e mobilidade previstas para a execução do projeto, ligada

aos dispositivos móveis, uma das premissas deste projeto, foram

dificultadas, pois a ideia original era utilizar um tablet, porém, o aplicativo

gerador dos códigos não tinha opção para dispositivos com sistema

Android. Diante disso, passamos a utilizar um notebook.

Para finalizar, se faz necessária uma melhor estrutura na escola, aqui

relacionado com o sinal wifi, pois seu alcance é limitado, dificultando

algumas atividades propostas no projeto.

A grande relevância constatada foi à aceitação do projeto pelos estudantes,

sua efetiva participação, inclusive fazendo sugestões, mas principalmente perceber

que seu celular pode ter uma utilidade pedagógica.

Este projeto demonstrou de forma prática como a tecnologia pode ser

utilizada para atender objetivos pedagógicos, mesmo que com algumas limitações

tecnológicas. Contudo, foi possível ser executado e apresentado neste artigo, com a

possibilidade de que seja permeada para outras realidades educacionais.

Além da questão da tecnologia educacional utilizada com os estudantes,

também foi possível demonstrar a eles a utilização da tecnologia em seu futuro ramo

de atuação (Agropecuária), transpondo essa tecnologia para outras áreas afins, mas

principalmente com enfoque agrícola e didático.

Então, utilizar as tecnologias móveis disponíveis no espaço escolar, não será

o “salvador da pátria” na educação, porém, dentro desse contexto, deve ser utilizada

como alternativa para melhorar a aprendizagem dos estudantes, cabendo a nós

educadores buscar meios/formas de alcançar esse objetivo.

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