Manejo Ecologico de Insetos - Horticultura

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  • Manejo ecolgico de insetos-pragas - Parte I

    Quando o homem surgiu na face da terra, os insetos j habitavam a terra h

    cerca de milhes de anos. Em geral, os insetos causam prejuzos ao homem e

    animais, sejam atravs dos danos s plantaes, ou atravs da transmisso de

    doenas. Outros so benficos, como o bicho-da-seda, abelhas e demais

    polinizadores e insetos que se alimentam de outros insetos. O grande desafio

    da agricultura deste novo milnio manter a produtividade dos cultivos e ao

    mesmo tempo melhorar a qualidade nutricional e sanidade dos alimentos,

    conservando os recursos naturais de produo (solo, gua, ar e organismos)

    para geraes futuras.

    A agricultura moderna est baseada no uso intensivo de insumos. A adoo

    do sistema de monoculturas, o uso desequilibrado e altas doses de fertilizantes

    qumicos e os agrotxicos favoreceram a ocorrncia de pragas em plantas.

    Para reduzir as perdas provocadas pelas pragas, o controle qumico atravs da

    aplicao de agrotxicos foi a principal ferramenta utilizada durante muitos

    anos. No entanto, os agrotxicos so apontados como formulaes

    potencialmente perigosas, pois podem deixar resduos nos alimentos, alm de

    contaminar a gua, o solo e os agricultores. Os agrotxicos podem apresentar

    uma eficincia reduzida por ser afetados por inmeros fatores (condies

    climticas, especialmente no momento da aplicao e o local a ser protegido),

    alm de selecionar populaes resistentes de plantas espontneas, pragas e

    microrganismos. Um exemplo das srias consequncias sade humana do

    uso crescente e abusivo de agrotxicos na agricultura so os casos de

    intoxicao e mortes registrados no Centro de Informaes Toxicolgicas (CIT)

    situado no Hospital Universitrio da Universidade Federal de Santa Catarina,

    em Florianpolis, SC. No perodo de 1986 at 2007, o CIT detectou 9.933

    intoxicaes de agricultores e 210 mortes em Santa Catarina. Segundo os

    tcnicos,esses nmeros representam apenas uma parte da realidade. Estima-

    se que para cada notificao oficial ocorram pelo menos 10 casos que no so

    registrados. Isso se deve, em parte, pela dificuldade de diagnosticar

    corretamente os casos de intoxicao.

    O Manejo Ecolgico de Pragas (MEP), o sistema que utiliza, ao mesmo

    tempo, vrias formas de controle. O sistema no procura exterminar os insetos-

    pragas, mas simplesmente mant-los em determinados nveis de equilbrio e

    no colocando em risco a sade, plantao e o lucro do agricultor. As pragas

  • so consideradas como parte do sistema ecolgico no qual a cultura se

    encaixa e, portanto, combatida de modo a no alterar o balano ecolgico, o

    qual precisa ser mantido para que novas pragas no venham a ocorrer. O

    reconhecimento dos insetos-pragas e seus inimigos naturais, bem como as

    vistorias permanentes da lavoura, no podem ser dispensados no manejo

    ecolgico de insetos-pragas. No novo conceito, pragas so considerados

    quaisquer animais (aves, doenas, caros e principalmente insetos), que

    competem com o homem pelo alimento por ele produzido. O inseto pode ser

    considerado praga quando causa danos econmicos ao produtor. A simples

    presena de insetos na lavoura no significa perdas; necessrio que a

    populao destes seja elevada.

    Antes de iniciar um controle o produtor deve primeiro reconhecer qual a

    praga que costuma sempre causar danos a sua lavoura. Inspeo peridica,

    deve ser realizada pelo produtor procurando detectar e conhecer os hbitos

    das possveis pragas existentes, poca de maior ocorrncia, fase do

    desenvolvimento que causa maiores danos (larva, ninfa ou adulto), e plantas

    hospedeiras que se encontram prximas da lavoura. As prximas matrias a

    serem postadas neste blog (parte III e IV) vo tratar das principais pragas que

    atacam as hortalias, como reconhec-las e o manejo recomendado utilizando-

    se produtos alternativos.

    Razes do ataque das pragas

    As hortalias esto sujeitas a uma srie de insetos que causam danos s

    plantas e que quando encontram condies favorveis, tornam-se muito ativos

    e as plantas, em condies desvantajosas, ficam sujeitas a eles.O olericultor

    deve procurar proporcionar condies que favoream as plantas, buscando, ao

    mesmo tempo, desfavorecer as pragas. Uma das teorias mais aceitas para

    explicar, em parte, o ataque de pragas a Teoria da Trofobiose desenvolvida

    por Francis Chauboussou em 1987. A teoria baseia-se na quantidade dos tipos

    de substncias presentes nos rgos das plantas. Caso estejam presentes

    mais substncias simples (aminocidos), que so mais desejadas pelas

    pragas, ocorre maior ataque. Por outro lado, se existirem substncias mais

    complexas (protenas), as pragas causaro menos danos. Vrios so os

    fatores relacionados com o tipo de substncia predominante: adubaes com

    nutrientes altamente solveis, clima, estdio de desenvolvimento da planta,

    aplicaes de agrotxicos e estimuladores de crescimento. A deficincia ou

    excesso de um nutriente influencia significativamente a atividade dos outros

  • elementos e o metabolismo da planta. Adubaes desequilibradas deixam as

    plantas mais susceptveis a pragas. Excesso de N ou carncia de K e Ca

    diminuem a resistncia da parede celular, facilitando a penetrao dos

    microrganismos e o ataque de pragas.

    Principais mtodos para o manejo ecolgico de pragas

    O manejo eficiente das pragas baseado em dois princpios fundamentais:

    impossvel controlar totalmente as pragas; por isso, o que se recomenda

    manejar a cultura de forma a reduzir ao mnimo os danos causados;

    O manejo um conjunto de medidas que incluem determinadas prticas

    culturais e, em certos casos, o controle alternativo (somente aqueles produtos

    permitidos na agricultura orgnica), suficiente para evitar danos econmicos s

    culturas.

    No manejo integrado de pragas, a manipulao das condies ambientais,

    adubaes equilibradas, plantas resistentes e tratos culturais so alternativas

    ao controle qumico convencional. As principais prticas que devem e podem

    ser utilizadas visando proporcionar condies timas para a cultura e

    condies adversas para o desenvolvimento das pragas, impedindo o aumento

    da populao de insetos e evitando que atinjam a condio de praga so:

    Rotao de culturas

    Esta considerada a prtica mais antiga no manejo de doenas e de pragas

    e continua sendo uma das mais eficientes entre os mtodos culturais de

    controle. Os princpios de controle envolvido na rotao de culturas so a

    reduo ou destruio do meio que serve para multiplicao da doena e

    pragas e a melhoria das condies fsicas, qumicas e biolgicas do solo. No

    caso da horticultura orgnica, este mtodo normalmente usado e mantm,

    especialmente, as pragas do solo sob controle.

    As espcies pertencentes s famlias botnicas das solanceas (Figura 1),

    cucurbitceas (Figura 2) e brssicas (Figura 3) so, entre as hortalias, as

    mais atacadas por doenas e pragas. Por isso, recomenda-se dividir as reas

    de plantio de tal forma que as espcies da mesma famlia no sejam plantadas

    seguidamente na mesma rea. A explicao que estas famlias de plantas

    possuem as mesmas doenas e pragas. Por exemplo, o tomate, uma das

    hortalias que possuem o maior nmero de pragas e doenas vai disseminar

    estas para o cultivo seguinte de batata, pimento ou berinjela, espcies da

    mesma famlia botnica. importante ressaltar tambm que a cultura do fumo,

    bastante plantada no Sul do Brasil, tambm pertence famlia das solanceas,

  • portanto, onde se cultiva fumo, no deve-se plantar batata, tomate, pimento e

    berinjela ou vice-versa.

    Figura 1. Famlia das solanceas: estas hortalias e a cultura do fumo no podem serem

    plantadas na mesma rea de cultivo, pois possuem doenas e pragas comuns, disseminando-

    as rapidamente para estes cultivos

    Figura 2. Famlia das brssicas: estas espcies no podem serem plantadas na mesma rea

    de cultivo

    Figura 3. Famlia das cucurbitceas: estas espcies no podem serem plantadas na mesma

    rea de cultivo

    Destruio dos restos culturais

    Deve-se sempre, antes de iniciar o preparo do solo, retirar da lavoura os

    restos do cultivo anterior (ramos, folhas e frutos) e fazer compostagem (adubo

    orgnico) com eles para eliminar insetos que permanecem em diapausa

    (repouso) e doenas dentro dos restos culturais. Essa uma prtica vlida,

    especialmente para as espcies das famlias botnicas das solanceas

    (tomate, batata, pimento e fumo), cucurbitceas (pepino, abbora, abobrinha,

    moranga, melancia e melo) e brssicas (repolho, couve-flor, couve e brcolis),

    que apresentam maior incidncia de doenas e pragas. Especialmente no

    cultivo de tomate, muito comum encontrarmos lavouras velhas e

  • abandonadas ao lado de lavouras recm implantadas, facilitando sobremaneira

    a disseminao de doenas e pragas.

    Na prxima matria (parte II) a ser postada neste blog, trataremos das demais

    prticas culturais que juntas com a rotao de culturas e destruio dos restos

    culturais, contribuem para o manejo ecolgico de pragas.

    Manejo ecolgico de insetos-pragas - Parte II

    O Manejo Ecolgico de Pragas (MEP), o sistema que utiliza ao mesmo tempo, vrias formas de controle. Alm da rotao de culturas e destruio dos restos culturais, recomendaes bsicas para o manejo ecolgico de insetos-pragas, tratadas na matria postada anteriormente neste blog (Parte I), outras prticas culturais em certas situaes, so to ou mais importantes que as citadas. O objetivo principal do manejo ecolgico no exterminar os insetos-pragas, mas simplesmente mant-los em determinados nveis de equilbrio, de forma que no coloque em risco a sade, os cultivos e o lucro do agricultor. A seguir sero enumeradas as demais prticas que juntas com a rotao de culturas e destruio dos restos culturais, contribuem para o manejo ecolgico dos insetos-pragas que atacam as principais hortalias.

    Preparo do solo

    No cultivo orgnico deve-se evitar o revolvimento do solo, mas pode ocorrer

    situaes em que recomendvel. Em casos de ataques anteriores e

    frequentes de doenas e pragas nos cultivos anteriores, deve-se adotar o

    preparo adequado do solo para o plantio da cultura seguinte, como medida

    preventiva. Deve-se revolver muito bem o solo atravs de uma arao

    profunda, deixando-os exposto ao sol e s aves predadoras por uns dias.

    Repetir essa operao e s depois realizar a(s) gradagem. Um bom preparo do

    solo pode reduzir o ataque de pragas, como a lagarta rosca e paquinhas que

    atacam vrias hortalias. Isso se deve ao fato de que esses insetos fazem

    ninhos no solo e o seu revolvimento expe estas pragas aos inimigos naturais,

    alm de destruir os seus ovos. Um bom preparo do solo no cultivo da batata e

    um bom chegamento de terra (amontoa) evitam ataques de larvas-alfinete (fase

    larval da vaquinha) que perfuram e depreciam os tubrculos (Figura 1).

  • Figura 1. O preparo adequado do solo, associado um bom chegamento de terra (amontoa),

    sem torres, evita o ataque da larva-alfinete que perfura os tubrculos de batata, depreciando-

    os (C). Os furos nas batatas ocorre porque a vaquinha (A) - adulto, tambm chamada de

    patriota (colorao verde com pontinhos amarelo), ao pr os ovos na batateira, estes vo cair

    nas fendas do solo e, se estiver com torres, os ovos, que daro origem a larva-alfinete (B)

    fase larval da vaquinha, iro se alojar junto aos tubrculos em formao no fundo do camalho.

    Antecipao do plantio e da colheita

    Esta prtica para evitar coincidir a poca de maior suscetibilidade da cultura

    com a poca de maior populao da praga. A maior ou menor susceptibilidade

    das plantas em relao s pragas pode variar conforme a poca de plantio. Em

    funo disso, pode-se alterar a data de plantio de uma determinada cultura

    para fugir da poca mais favorvel ao desenvolvimento de pragas, assim como

    de seus vetores. O cultivo do tomateiro no outono, por exemplo, considerado

    problemtico nas regies litorneas de Santa Catarina em razo do ataque de

    vaquinhas, tripes, vrus do vira-cabea e doenas.J o cultivo de primavera

    mais favorvel para o tomateiro devido menor ocorrncia de doenas e

    pragas.

    Irrigao

    Em algumas situaes a irrigao pode ser benfica para a planta e ruim

    para o inseto, criando condies de menor estresse para a primeira e

    destruindo o segundo. Para o manejo de pulges, caros e tripes que atacam

    vrias hortalias, muitas vezes, uma chuva ou mesmo uma irrigao por

    asperso pode reduzir a infestao dessas pragas.

  • Cobertura morta e aplicao de matria orgnica no solo

    Alm dos efeitos favorveis em relao diminuio da eroso, manuteno

    da umidade do solo e reduo das plantas espontneas e outros, a cobertura

    do solo tambm pode influir na sobrevivncia e disseminao dos insetos-

    pragas.

    Material de propagao sadio e cultivares resistentes

    A escolha de um material de propagao sadio fundamental para o sucesso

    de uma cultura. Sendo assim, importante, sempre que possvel, utilizar

    cultivares resistentes ou materiais propagativos livres de pragas e doenas. A

    seguir, so citados alguns exemplos de cultivares resistentes s doenas. O

    tomate do tipo cereja (Figura 2) e do tipo italiano so considerados mais

    resistentes s pragas e doenas que os tomates de mesa tipo Santa Cruz e

    tipo Salada. Para prevenir viroses em alface, devem ser plantadas as cultivares

    Regina, Vernica e Vera. A cultivar de batata-doce Princesa resistente ao

    "mal-do-p", enquanto a Brazlndia Roxa tolerante aos insetos que causam

    perfuraes nas razes. A cultivar de vagem Preferido tolerante ferrugem e

    antracnose, a Favorito tolera a ferrugem e o odio e a Predileto tolera o vrus

    do mosaico comum. As cultivares de batata lanadas pela Epagri, Catucha e

    Cota, so resistentes s doenas da folhagem. Por fim, as cenouras do grupo

    Braslia so resistentes ao sapeco. A outra opo, no menos importante, o

    plantio de materiais sadios. Os micrbios so transmitidos por sementes e

    outros materiais de propagao. O plantio de ramas de batata-doce sadias

    uma opo para evitar a doena "mal do p", por exemplo.

  • Figura 2. Tomate cereja mais resistente s doenas e pragas

    Controle mecnico

    Especialmente em pequenas hortas, muito importante o controle mecnico

    que consiste na destruio de focos de pragas atravs da catao manual de

    larvas, lagartas, insetos adultos e ovos depositados nas folhas das plantas. As

    lagartas e at ovos depositados pelas borboletas nas folhas de couve (Figura

    3), repolho, couve-flor e brcolis, especialmente no incio do ataque, quando

    destrudos, pode reduzir bastante os prejuzos destas pragas nestes cultivos.

    Figura 3. Os ovos depositados pelas borboletas nas folhas de couve, repolho, couve-flor ou

    brcolis devem ser destrudos

  • Uso de armadilhas e plantas atraentes e repelentes

    Armadilhas coloridas ou superfcies adesivas com determinadas cores, por

    exemplo: amarelo ( atrai vaquinha) e o azul (atrai tripes). Substncias qumicas

    presentes nas plantas que atraem insetos e com isso podem ser capturados ou

    mortos. A colocao de sacos de aniagem umedecidos com leite entre os

    caminhos da horta, no final do dia, para atrair lesmas e caracis, fazendo-se o

    recolhimento pela manh e combatendo-os com cal virgem ou sal um bom

    controle ecolgico. A abobrinha caserta entre linhas de pepino e outras

    cucurbitceas atrai a broca das cucurbitceas e tambm as vaquinhas. O tajuj

    ou cabaa tambm atrai as vaquinhas, sendo que o sabugueiro atrai os

    pulges. As plantas medicinais tais como hortel, alecrim e slvia repelem a

    borboleta da couve, enquanto que a hortel, arruda e cravo-de-defunto repelem

    as moscas-brancas. O alho, cebola, capim cidreira, girassol, manjerona e

    cravo-de-defunto repelem os insetos em geral. Os cultivos de batata-doce,

    salsa e cenoura repelem as formigas.

    Preservao de bosques para servir como abrigo e alimento aos inimigos

    naturais dos insetos-pragas

    A preservao de bosques, cercas vivas e at capoeiras, prximos da rea

    cultivada muito importante para servir como abrigo e alimento de inimigos

    naturais e, at como quebra-ventos. Incluir nas lavouras faixas de adubos

    verdes e at deixar refgios de plantas espontneas ao redor dos cultivos,

    tambm contribuem para favorecer os inimigos naturais das pragas que atacam

    as culturas. Os inimigos naturais so insetos, fungos, bactrias, vrus,

    nematides, rpteis, aves e mamferos pequenos. Todas as pragas das

    culturas tm seus inimigos naturais que as devoram ou destroem. Da a

    importncia de diversificar os cultivos atravs da rotao, sucesso e

    consorciao de culturas, bem como preservar refgios naturais para manter a

    diversidade natural da fauna.Todos fazem parte do grande conjunto natural e

    cada um contribui para manuteno do equilbrio na natureza.

    Entre as espcies de plantas que servem de refgio contra os inimigos

    naturais, destacam-se: o menstrato (Ageratum conyzoides), a beldroega

    (Portulaca oleracea), o caruru (Amaranthus viridis), o nabo forrageiro

    (Raphanus raphanistrum) e o sorgo granfero (Sorghum bicolor). No caso do

    sorgo, suas panculas em flor favorecem o abrigo e a reproduo de insetos

    como percevejo (Orius insidiosus), que predador de lagartas, caros e tripes

  • da cebola. H, no entanto, plantas que so desfavorveis preservao e ao

    aumento de inimigos naturais das pragas, como mamona,capim, grama-seda,

    capim-amargoso, guanxuma, tiririca, pico-branco e carrapicho-carneiro.Entre

    os insetos, os inimigos naturais mais conhecidos so as joaninhas (Figura 4) e

    as vespinhas que parasitam especialmente pulges, cochonilhas e lagartas.

    Outros exemplos de inimigos naturais e os principais depredados ou destrudos

    so:

    percevejos lagartas e seus ovos; moscas lagartas, seus ovos e outras

    pragas; colepteros lagartas e percevejos; louva-a-deus, joaninha e

    vespinhas pulges; peixes larvas de pernilongos; fungos larvas e

    nematides; garas moluscos e insetos; pica-pau insetos; tamandu

    formigas e cupins; outros animais que se alimentam de insetos galinha

    d'angola,morcegos, lagartas, sapos, rs, tatus e pssaros (andorinhas, anus,

    bem-te- vis, corruras, beija-flores e tesouras).

    Figura 4. Joaninha: o mais conhecido inimigo natural dos pulges

    Pulverizao com produtos alternativos

    Plantas saudveis produzidas em solos com vida e, em ambientes

    equilibrados, normalmente, no so atacadas por pragas. Substncias

    alternativas aos agrotxicos que so permitidos na agricultura orgnica (cinzas

    de madeira, calda bordalesa, calda sulfoclcica, biofertilizantes, extratos

    vegetais, agentes de controle biolgicos e outros produtos ver como prepar-

    los atravs de matrias j postadas neste blog), devem ser utilizados somente,

    quando necessrio e, de forma criteriosa, evitando-se o uso sistemtico na

    forma de calendrio. O inseticida biolgico base de Bacillus thurigiensis,

    conhecido comercialmente como Dipel e outros, pode ser usado para manejar,

    especialmente, lagartas e traas que atacam as brssicas, bem como traas e

    brocas do tomateiro e, ainda as brocas das cucurbitceas.

  • Manejo ecolgico de insetos-pragas: reconhecimento, danos e controle - Parte III

    Plantas saudveis produzidas em solos com vida e, em ambientes

    equilibrados, normalmente, no so atacadas por pragas. No entanto, caso

    ocorra desequilbrio do meio ambiente e surjam pragas causando danos aos

    cultivos, deve-se, em primeiro lugar, antes de iniciar um controle, reconhecer

    qual os insetos que costumam sempre provocar prejuzos sua lavoura.

    Inspeo peridica na horta, deve ser realizada procurando-se detectar e

    conhecer os hbitos das possveis pragas existentes, poca de maior

    ocorrncia, fase do desenvolvimento que causa maiores danos (larva, ninfa ou

    adulto), e plantas hospedeiras que se encontram prximas da lavoura. A maior

    parte das pragas ataca geralmente na primavera, estao do ano de

    fertilidade e de grande atividade na natureza. Elas podem causar vrios

    danos nas plantas, alm de favorecerem o surgimento de doenas,

    principalmente as fngicas. As principais pragas que podem causar danos s

    hortalias so: grilos, paquinhas, lagarta rosca, vaquinhas, pulges, lesmas,

    curuquer-da-couve, broca das cucurbitceas e do tomateiro, traa das

    crucferas e do tomateiro, lagarta-do-cartucho, mosca-branca, mosca minadora,

    tripes, caros e formigas cortadeiras.

    Grilos: com aparelho bucal mastigador, o adulto apresenta colorao

    marrom e pode medir at 2,5 cm de comprimento, sendo as pernas posteriores

    saltatrias. As fmeas colocam at 970 ovos. O ciclo completo de ovo a adulto

    pode atingir a 90 dias. So polifagos (atacam vrias plantas). Danos: tanto o

    adulto como as formas jovens apresentam hbitos noturnos, atacando

    preferencialmente sementeiras e viveiros, destruindo as razes e plantinhas.

    Paquinhas: tambm com aparelho bucal mastigador, o adulto tem asas

    marrom-escuras e mede cerca de 3 cm de comprimento. As pernas anteriores

    so escavadoras e as posteriores saltatrias. Possuem hbitos diferentes dos

    grilos por construrem galerias subterrneas, entre 5 e 20 cm de profundidade.

    O ciclo biolgico pode alcanar em torno de 10 meses, sendo a poca de maior

    ocorrncia de setembro a abril. Apresenta tambm hbito polfagos (atacam

    vrias plantas. Danos: adultos e ninfas alimentam-se principalmente de razes.

    s vezes cortam pedaos da parte area da planta e carregam para seus

    tneis. Ocorrem geralmente em reboleiras.

    Manejo de grilos e paquinhas : com extrato de pimenta; coloca-se uma

    quantidade de pimenta malagueta num frasco, acrescenta-se lcool para cobr-

  • las, fecha-se e deixa-se curtir por pelo menos 3 dias. Aps, o extrato j pode

    ser utilizado ou armazenado assim mesmo em local escuro. Em geral se utiliza

    uma colher de sopa deste extrato por litro de gua para pulverizar as plantas.

    Mas tambm possvel utilizar dosagens mais fortes (at 1%) para aplicaes

    em hortas. Seu uso deve ser repetido aps chuvas ou irrigao. Usar luvas ao

    manipular a pimenta e vestimenta de proteo ao aplicar o extrato.

    Lagarta rosca: com aparelho bucal mastigador na fase de lagarta, os adultos

    so mariposas marrom-escuras com algumas manchas pretas. As lagartas

    atacam inmeras plantas e ficam abrigadas no solo durante o dia, sendo que

    ao escurecer iniciam sua alimentao atacando o colo da planta e tubrculos.

    Quando so tocadas, enrolam-se (Figura 1). As lagartas atingem at 3,5 cm e

    podem viver at 30 dias. Ocorre o ano inteiro, com pico populacional em

    dezembro. Danos: as lagartas atacam as plantas nos primeiros 30 dias,

    reduzindo a densidade de plantio, sendo que o nvel de dano varia para cada

    cultura. Manejo: o extrato de pimenta, alm de controlar grilos e paquinhas,

    tambm eficiente para o manejo de lagarta rosca; em reas onde j

    apresentou problemas, recomendvel o preparo do solo 3 a 4 semanas antes

    do plantio; isca atrativa com leo vegetal (50ml) + acar mascavo (40g) +

    farelo de trigo grosso (1kg) + suco ctrico (20ml) + brax (5g), bem misturado,

    deixadas em pores protegidas nas proximidades das reas mais

    frequentadas pelas lagartas tambm eficiente no manejo da lagarta rosca;

    especialmente em hortas pequenas e com baixa ocorrncia, o controle

    mecnico atravs de pequenas escavaes prximas as plantas atacadas e

    posteriormente destruindo as lagartas, pode ser eficiente.

    Figura 1. Lagarta rosca

    Vaquinhas: os adultos so insetos polfagos (atacam vrias culturas),

    pequenos besouros de cores variadas - verde-amarelo (Diabrotica), preto com

    manchas amarelas (Cerotoma) Figura 2, verde metlica (Colaspis) e,

    tamanho aproximado de 10 mm. Ovos branco-amarelado so colocados

  • isoladamente em fendas no solo. A larva conhecida como larva-alfinete (Figura

    3) pode chegar at 10 mm de tamanho, alimentando-se de razes de plantas

    (Figura 4) e tubrculos de batata. Na fase de larva os prejuzos so

    irreversveis, pois tombam as plantinhas recm-emergidas (milho, feijo, feijo-

    vagem e outras) e furando razes e tubrculos. Danos: os furos causados pelos

    insetos adultos nas folhas, associados aos danos causados pelas larvas,

    acarretam perdas na produtividade e qualidade dos cultivos.

    Figura 2. Vaquinha na fase de adulto causa danos atravs do desfolhamento das plantas,

    especialmente no incio de desenvolvimento das culturas.

    Figura 3. Vaquinha na fase de larva causa danos nas razes das plantas recm-emergidas e

    tambm em razes de batata-doce e tubrculos de batata (larva- alfinete)

    Figura 4. Danos nas razes de milho, provocados pela larva-alfinete (vaquinha na fase de

    larva)

  • Pulges: os pulges (Figura 5) tem um ciclo de 5 a 6 dias , sendo que uma

    fmea produz cerca de 60 ovos (por individuo). Todos os indivduos so

    fmeas, no precisando de machos para se multiplicar, e so rapidamente

    disseminados pela lavoura, caso no se controle os focos iniciais de infestao.

    So pequenos insetos (2 a 4mm) marrons, cinzas, esverdeados ou pretos que

    vivem em colnias, especialmente em brotaes novas, nas folhas mais tenras

    e nos caules Danos: os pulges causam prejuzos pela suco da seiva nas

    folhas mais jovens e brotos tornando-os encarquilhados e expelem um lquido

    aucarado sobre as folhas. Este lquido propicia o desenvolvimento de um

    fungo negro, conhecido como fumagina (muito comum em pomares novos) que

    envolve toda a folha, provocando a perda na qualidade das folhas (hortalias)

    mesmo aps o controle. Podem transmitir viroses.Os perodos mais favorveis

    ao surgimento dos pulges so a primavera, o vero e o incio do outono.

    Figura 5. Ataque de pulges em folha de couve

    Manejo de pulges e vaquinhas: recomenda-se os preparados base de

    plantas tais como pimenta e cebola para o manejo de pulges e vaquinhas.

    Para o manejo de pulges, outros preparados tais como, de cavalinha-do-

    campo, losna, confrei , samambaia, cinamomo, coentro e cravo-de-defunto

    tambm so eficientes (ver como preparar atravs de matrias j postadas

    neste blog). No manejo de vaquinhas, na fase adulta, ainda existem as plantas

    que podem servir como iscas atrativas, tais como abobrinha caserta , tajuj ,

    porongo ou cabaa. O uso de variedades resistentes, como por exemplo, a

  • cultivar de batata-doce Brazlndia roxa, eficiente no manejo da larva-alfinete

    (fase larval da vaquinha) que ataca as razes deste cultivo. Tambm um bom

    preparo do solo, associado a uma boa amontoa (chegamento de terra) no

    cultivo de batata, reduz significativamente os danos causados pelas larvas-

    alfinete em tubrculos de batata. No manejo de pulges deve-se evitar o uso

    exagerado de adubao nitrogenada, utilizar a irrigao como forma de reduzir

    a infestao e tambm culturas atrativas aos diversos inimigos naturais

    (joaninhas, vespinhas e crisopdeo); o sorgo favorece o aumento da populao

    de crisopdeo. Dentre os inimigos naturais dos pulges, destaca-se a joaninha.

    Ainda, no manejo de pulges muito importante manter a vegetao nativa

    nas proximidades da lavoura, pois serve de abrigo e alimento aos inmeros

    inimigos naturais dos pulges.

    Lesmas: so moluscos de cor escura (Figura 6) que atacam geralmente

    noite. So hermafroditas e expelem um muco, que ao secar, deixa um risco

    caracterstico. Durante o dia esconde-se embaixo de tocos, palhas e lugares

    midos. Podem ser vetores de parasitides intestinais em humanos. Danos:

    alm de prejudicar a sade humana, as lesmas atacam as folhas e as razes de

    plantas pequenas e tenras.

    Figura 6. Lesmas

    Manejo : proteo dos canteiros colocando cal virgem ou cinzas de madeira ao

    redor dos canteiros; o uso de armadilhas uso de sacos de aniagem midos

    ao redor dos canteiros, colocados tarde, servem como abrigo, podendo ser

    mortos no dia seguinte com gua quente, esmagamento ou com gua sanitria.

    Outra armadilha o uso de lata de azeite com uma tampa aberta, enterradas

    com abertura no nvel do solo, colocando um pouco de cerveja misturada com

    sal. Ainda pode ser utilizado o preparado com chuchu colocar dentro de latas

    rasas, como as de azeite, pedaos de chuchu cortados ao meio e adicionar sal.

  • Essa mistura bastante atrativa, possibilitando posteriormente a destruio

    atravs do esmagamento ou gua quente ou ainda gua sanitria.

    http://cultivehortaorganica.blogspot.com/

    Como fazer uma horta orgnica em casa

    Voc tem um cantinho no quintal ou na varanda do apartamento que pega sol pelo

    menos algumas horas do dia? Ento a boa notcia que voc pode cultivar seus

    alimentos de forma orgnica, na sua casa mesmo.Se voc tiver espao para fazer

    um canteiro no jardim ou no quintal, timo! Se no tiver, no se desespere: d para

    cultivar em vasos e jardineiras tambm!Ateno para as dicas:

    Para cultivar hortalias em vasos ou jardineiras:

    Passo 1: Encha um tero do vaso ou jardineira com pedriscos ou argila expandida

    para facilitar a drenagem. Lembre-se que os vasos devem ter furos para drenagem

    no fundo.

    Passo 2: Coloque no vaso a seguinte mistura: 2 partes de terra comum, 1 parte de

    composto orgnico e 1 parte de hmus, enchendo quase at a borda do vaso.

  • Passo 3: Espalhe um pouco de areia.Como plantar:Para mudas de temperos

    (salsa, cebolinha, manjerona), posicion-las de maneira intercalada, em forma de

    tringulo. Para hortalias possvel usar mudas tambm ou plantar a partir de

    sementes, neste caso, siga as instrues da embalagem. Quando usar mudas,

    lembre-se de fincar estacas para auxiliar o crescimento vertical, especialmente no

    caso dos tomates.O composto orgnico deve ser feito com esterco curtido de

    animais (para evitar cheiro e insetos) e restos de vegetais (cascas de legumes e

    frutas, pequenos galhos, folhas ou grama cortada). Se no tiver como fazer o

    composto em casa, possvel adquirir pronto, em lojas de produtos agropecurios.

    Para cultivar hortalias em canteiros:

    Passo 1: Revolver o solo com enxada ou p, deixando a terra bem solta e fofa.

    Passo 2: Misturar composto orgnico na terra j bem revolvida e fofa.

    Passo 3: Usar uma ferramenta chamada ancinho, para alisar os canteiros e dar

    forma arredondada.

    Passo 4: Deixar o canteiro 20 centmetros acima do nvel do terreno.

    Passo 5: A largura do canteiro deve ser de no mximo 1,20 m. Como plantar:

    Marcar os espaamentos (exemplo: os ps de alface devem ficar a dois palmos

    um do outro). Posicionar as mudas de maneira intercalada, em forma de tringulo,

    para evitar a eroso. No caso de sementes, mistur-las com areia e espalhar com

    a mo sobre os sulcos do canteiro da maneira mais uniforme possvel. Regar em

    seguida e pelo menos uma vez ao dia. Se for uma regio quente, deve-se regar

    duas vezes ao dia at as mudas emergirem.

    Ateno: Deve-se usar sempre composto orgnico e hmus na aducao da horta.

    No caso de ataque de pragas, usar apenas receitas naturais para combat-las.