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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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¹ Graduada em Ciências Matemática pela Universidade Paranaense UNIPAR. Pós-graduada em Psicopedagogia pela Instituição FAFIJAN e Educação Especial pela Instituição FACINTER.

² Professora Associada do Departamento de Matemática da UEM. Doutora em Matemática

Aplicada.

O JOGO COMO FACILITADOR PARA O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO ALGÉBRICO

Autora: Beatriz Aparecida Tarelho¹

Orientadora: Profª. Dra. Lilian Akemi Kato²

RESUMO O presente artigo tem como objetivo apresentar a importância de jogos matemáticos no ensino da álgebra para o desenvolvimento do pensamento algébrico. Para tanto, inicialmente realizou-se um estudo de cunho bibliográfico, o qual buscou argumentos sólidos em defesa da implementação de jogos matemáticos. Neste sentido é importante enfatizar que os jogos quando convenientemente bem elaborados, são um recurso pedagógico eficiente para a construção do conhecimento matemático, em que proporciona aos alunos momentos lúdicos, espírito de trabalho em equipe e motivação pelas aulas de matemática. Portanto, as reflexões desenvolvidas neste artigo, em relação ao ensino da álgebra por meio de jogos, contribuem para melhorar e qualificar a aprendizagem de forma que consolide a construção do conhecimento.

Palavras- chave: Álgebra; Pensamento Algébrico; Jogos. ABSTRACT This article aims to show the importance of mathematical games in teaching algebra to the development of algebraic thinking. For this purpose, initially performed a bibliographic study of nature, which looked solid arguments for the implementation of mathematical games. In this sense it is important to emphasize that the games well when properly designed, are an effective educational resource for the construction of mathematical knowledge, which provides students with playful moments, the spirit of teamwork and motivation for math classes. Therefore, the considerations developed in this paper, regarding the teaching of algebra through games help to improve learning and qualify in order to consolidate the construction of knowledge. KEYWORDS: Algebra; Algebraic Thinking; aGames.

Introdução

A matemática é de suma importância na construção da cidadania, no

desenvolvimento de conhecimentos científicos e tecnológicos, por isso seu ensino

deve ser meta prioritária do trabalho docente, que procurou desenvolver nos alunos

competências para compreender e transformar a realidade. A aprendizagem em

matemática está vinculada à compreensão, isto é, à apreensão do significado,

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resultante das conexões entre todas as disciplinas com o cotidiano nos seus

diferentes temas.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), já é possível encontrar

evidências desses resultados, referentes ao ensino de álgebra no país. “Nos

resultados do SAEB, por exemplo, os itens referentes à Álgebra raramente atingem

o índice de 40% de acerto em muitas regiões do país.” (BRASIL, 1998b, p.115), o

qual evidencia que os problemas relacionados a elaboração do pensamento

algébrico na escola básica ainda mostram-se presentes no dia-a-dia escolar.

Lins e Gimenez (1997) chamam a atenção para uma aprendizagem

significativa em álgebra, quando dizem que se não conectarmos os novos

conhecimentos aos conhecimentos prévios que os alunos já possuem, ou ainda, se

os objetos algébricos não se associarem a nenhum sentido e também se

aprendizagem de álgebra for centrada na manipulação de expressões simbólicas a

partir de regras que se referem a objetos abstratos, muito cedo os alunos

encontrarão dificuldades nos cálculos algébricos e passarão a ter uma atitude

negativa em relação à aprendizagem matemática, que para muitos, fica desprovida

de significação.

Os jogos, se bem elaborados servem como recursos pedagógicos eficazes

para a construção de conhecimentos matemáticos, que proporcionam o

desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da construção e da atenção. O uso

de jogo propicia condições para que os alunos gostem de aprender essa disciplina, a

qual muda a rotina da classe e desperta o interesse do aluno envolvido. A utilização

do jogo em sala de aula, aliado ao trabalho de construção de conhecimento,

desenvolve o hábito de explorar novas possibilidades.

Segundo Machado et.al (1990 apud ALVES 2001 p.27) os jogos:

[...] impulsionam naturalmente o gosto e o prazer pelo estudo, propiciam mais alegria aos alunos, conduzem à investigação de novas técnicas de soluções de problemas envolvidos nos jogos, dão a oportunidade de o aluno tornar-se um sujeito ativo e participante do processo de aprendizagem, ou simplesmente trazem prazer pelo lazer da recreação. Enfim, o jogo pode ser ‘’(...) um elemento fundamental para a ultrapassagem de uma concepção de matemática que condena o seu ensino a uma organização rigidamente linear, como se todo conteúdo tivesse que ser estruturado e apresentado de modo fragmentado, passo a passo’’(p.58).

Pela prática cotidiana observa-se que introduzir conceitos algébricos é um

fator de muita dificuldade no ambiente escolar, devido à abstração presente na

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álgebra e o distanciamento desta do mundo cotidiano. Sabemos que a álgebra é

ensinada por vários educadores de forma mecânica e automatizada, a qual da

ênfase à memorização e a manipulação de regra e isso deixa de fazer sentido para

os alunos.

As Diretrizes Curriculares da Matemática para a educação básica do estado

do Paraná (2008) conceitua álgebra como:

O conceito da álgebra é muito abrangente e possui uma linguagem permeada por convenções diversas de modo que o conhecimento algébrico não pode ser concebido pela simples manipulação dos conteúdos abordados isoladamente. Defende-se uma abordagem pedagógica que os articulem, na qual os conceitos se completam e tragam significados aos conteúdos abordados (2008, p.52).

De acordo com essas afirmações é preciso pensar em propostas para

sanarem as dificuldades de aprendizagem que o ensino da álgebra apresenta

atualmente. Nesse artigo, os jogos como facilitador para o desenvolvimento

algébrico, foram utilizados como uma estratégia de aprendizagem, de maneira que

proporcionam aos alunos uma melhor compreensão da álgebra.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo as Diretrizes, na Educação Básica é preciso estabelecer uma

relação intrínseca entre o pensamento e linguagem, ou seja, a linguagem algébrica

entendida como expressão do pensamento matemático. “Pensar algebricamente é

produzir significado para situações em termos de números e operações aritméticas

(e igualdades ou desigualdades) e, com base nisso, transformar as expressões

obtidas” (LINS & GIMENEZ, 1997, p. 151).

Gradualmente a aritmética passou por configurações abstratas e surgiu um

novo ramo da matemática denominado de “Álgebra”. Segundo Baumgart (1992), o

termo “álgebra” advém da palavra árabe “al-jabr” Wa’l Muqabalah do matemático

Mohammed ibn- Musa al-khwarizmi. Esta obra foi escrita em Bagdá por volta do ano

825 e tratava dos procedimentos de “restauração” e de “redução” de equações para

a obtenção de suas raízes. Por restauração entende-se a transposição de termos de

um lado para outro da equação e por redução a unificação dos termos semelhantes.

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Portanto, a palavra álgebra passou a designar o ramo da matemática relativa às

equações.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Matemática para a Educação

Básica do Estado do Paraná (2008):

A álgebra é um campo do conhecimento matemático que se formou sob contribuições de diversas culturas. Pode-se mencionar a álgebra egípcia, babilônica, grega, chinesa, hindu, arábica e da cultura européia renascentista. Cada uma evidenciou elementos característicos que expressam o pensamento algébrico de cada cultura. Com Diofanto, no século III d.c., fez-se o primeiro uso sistemático de símbolos algébricos. Tal sistematização foi significativa, pois estabeleceu uma notação algébrica bem desenvolvida para resolver problemas mais complexos, antes não abordados (p. 51).

É oportuno dizer que a álgebra apresenta um campo de estudo abrangente. O

seu desenvolvimento pode ser dividido em duas fases: a álgebra antiga, estudo das

equações e métodos de resolvê-las e a álgebra moderna, estudo das estruturas

matemáticas como grupos, anéis, corpos etc. A álgebra antiga (1700 a.C. a 1700

d.C), teve como característica principal a invenção gradual da linguagem simbólica e

o estudo de vários métodos que utilizavam de operações algébricas (adição,

subtração, multiplicação, divisão, potenciação inteira e radiciação) com coeficientes

numéricos das equações para obtenção de suas raízes. Nesse período, segundo

Baumgart (1992) o desenvolvimento da notação algébrica evoluiu ao longo de três

estágios: o retórico (ou verbal), o sincopado (no qual eram usadas abreviações de

palavras) e o simbólico que passou por várias transformações até se tornar estável

(p.3). O estilo retórico é caracterizado pela descrição de procedimentos, em que

instruções verbais fornecidas eram aplicadas a uma sequência de casos específicos.

Apresentavam estilo retórico a álgebra babilônica, egípcia e a álgebra grega

geométrica.

A fase sincopada começa com Diofante, a inserir símbolos para uma incógnita

e se estende por vários anos até François Viète que apesar de ainda usar o estilo

sincopado foi grande responsável pela introdução de novos símbolos na álgebra. E

finalmente a fase simbólica que começa com Viéte e se consolida com René

Descartes com sua publicação, em 1637, de La Géométre, nessa publicação

Descartes usa as últimas letras do alfabeto (x, y, z...) como incógnitas e

implicitamente como variáveis, as primeiras letras do alfabeto (a, b, c...) como

constantes. É importante elencar que Descartes deu a matemática um status de

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idioma universal, pois é possível escrever matemática da mesma forma em qualquer

lugar do mundo. Com isso, vários estudiosos puderam se comunicar usando uma

mesma simbologia.

A álgebra simbólica moderna começou a aparecer por volta de 1500 com a

introdução de poucos símbolos; passou por 200 anos de aperfeiçoamento com a

utilização de várias simbologias e um processo de padronização de notação que se

tornou estável em cerca de 1700. A evolução na notação simbólica disponibilizou um

aprofundamento no pensamento algébrico ao passar da “solução manipulativa de

equações” para o estudo de suas propriedades teóricas. Na busca da generalização

a construção da simbologia algébrica foi um fator que permitiu a vários ramos da

matemática poder evoluir.

A álgebra no Egito surgiu quase ao mesmo tempo que na Babilônia, mas a

álgebra egípcia não tinha os métodos sofisticados como a da álgebra babilônica.

Para as equações lineares os egípcios utilizavam um método de resolução que

consiste em uma estimativa inicial seguido de uma correção final, um método ao

qual os europeus deram um nome de difícil compreensão “regra da falsa posição.”

A álgebra geométrica grega foi transmitida por meio do livro II da obra’’ Os

elementos Euclides “(325- 265 a.C.). Foi formulada pelos pitagóricos e por Euclides

como álgebra geométrica. Com ocupação romana, a matemática grega parou de se

desenvolver e, somente no século III d.C. ganhou novo impulso com o matemático

Diofante de Alexandria que introduziu a álgebra o estilo sincopado, sendo

característica principal o uso de abreviações de palavras para a escrita de

equações. Foi o primeiro passo em direção à notação algébrica. Na obra

“Arithmetica”, Diofanto expôs uma abordagem no tratamento de equações

indeterminadas, conhecidas como equações diofantinas.

Na Europa a álgebra, segundo Baumgart (1992) entrou:

[...] havia regredido tanto em estilo como em conteúdo. O semi-simbolismo (sincopação) de Diofanto e Brahmagupta e suas realizações relativamente avançadas não estavam destinados a contribuir para uma eventual irrupção da álgebra. A renascença e o rápido florescimento da álgebra na Europa foram devidos aos seguintes fatores:

1. facilidade de manipular trabalhos numéricos através do sistema de numeração indo-arábico, muito superior aos sistemas (tais como o romano) que requeriam o uso do ábaco;

2. invenção da imprensa com tipos móveis, que acelerou a padronização do simbolismo mediante a melhoria das comunicações, baseada em ampla distribuição;

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3. ressurgimento da economia, sustentando a atividade intelectual; e a retomada do comércio e viagens, facilitando o intercâmbio de idéias tanto quanto bens.(p. 12)

Por tais razões, a álgebra foi aos poucos obtendo espaço e aplicações em

diversas atividades do ser humano, e o seu desenvolvimento se deu de forma

gradual.

JOGOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA

Não há homens mais inteligentes do que aqueles que são capazes de

inventar jogos. É aí que seu espírito se manifesta mais livremente. Leibniz (1715,

apud Grando 1995).

O uso de jogos na disciplina de Matemática parte da reflexão de buscar novas

alternativas que favoreçam a motivação para a aprendizagem, de forma que

desenvolva a concentração, o raciocínio lógico e o senso cooperativo entre os

alunos. É interessante dizer que a utilização de jogos em sala de aula, representa

uma mudança de postura do professor em relação ao que é ensinar matemática, ou

seja, o professor passa a ser um organizador, observador, consultor, mediador,

incentivador da aprendizagem e do processo de construção do saber pelo aluno.

É preciso insistir que o objetivo maior ao trabalhar jogos nas aulas de

matemática é fazer com que os alunos se interessem, gostem de aprender

matemática e conseqüentemente álgebra. Segundo Borin (1996, p. 9):

“Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo em que estes alunos falam Matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes positivas frente a seus processos de aprendizagem.

Os jogos requerem um plano de ação que permita a aprendizagem de

conceitos matemáticos e culturais de uma maneira geral. Portanto, devem ser

elaborados de modo que o professor possa explorar todo potencial dos jogos,

processos de solução, registros e discussões sobre possíveis caminhos que

poderão surgir. Sendo assim, devem ser selecionados e preparados com cautela, o

qual permita ao estudante adquirir conceitos matemáticos de importância.

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Para Rego (2000, apud Guirado 2010, p.12) os jogos matemáticos servem

não apenas para o desenvolvimento de conteúdos específicos de Matemática, como

também para a aquisição de habilidades que enriquecerão a formação geral do

aluno, auxiliando-o a:

Ampliar sua linguagem e promover a comunicação de idéias matemáticas;

Adquirir estratégias de resolução de problemas e de planejamento de ações;

Desenvolver sua capacidade de fazer estimativas e cálculos mentais;

Iniciar-se nos métodos de investigação científica e na notação matemática;

Estimular sua concentração, perseverança, raciocínio criativo;

Promover trocas de ideias através de regras, a percepção espacial, a

discriminação visual e a formação e fixação de conceitos.

Além dos benefícios citados acima sobre os jogos, segundo Lara (2003) deve-

se também ressaltar os cuidados na aplicação dos mesmos para que o jogo seja um

material produtivo em sala de aula sendo:

o jogo não deve ser obrigatório;

escolher jogos em que o fator sorte não interfira nas jogadas, permitindo que

vença aquele que descobrir as melhores estratégias;

na utilização de atividades que envolvam dois ou mais alunos, para

oportunizar a interação social; estabelecer regras, que pode ou não ser

modificadas no decorrer de uma rodada;

trabalhar a frustação pela derrota na criança, no sentido de minimizá-la

estudar o jogo antes de aplicá-lo (o que só é possível, jogando). (p.27-28,

apud Groenwald & Trimm, 2002).

Vale lembrar que o ensino da álgebra não se reduz apenas a técnicas e

procedimentos, com simples mecanização de conteúdos. Para que o aluno tenha

uma formação de qualidade remete ao professor dar uma atenção especial no papel

da álgebra na escola e principalmente na formação do pensamento algébrico, pois

esse pensamento relaciona-se no processo de escolarização, com o pensamento

aritmético e geométrico. Dessa maneira, não se deve deixar uma defasagem no

aprendizado e na construção matemática do aluno, pois o ensino da álgebra não

pode ser apresentado de forma fragmentada.

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Portanto, as habilidades presentes no ato de jogar proporcionam no aluno o

desenvolvimento da linguagem algébrica, a criatividade, o raciocínio, e a partir daí, o

aluno estabelece hipóteses no caso de sua jogada ser fracassada. Durante o jogo

surgem algumas formas de resolução de problemas que podem ser observadas ao

se analisar o jogo utilizado. Segundo Borin, algumas técnicas ou formas de

resolução de problemas aparecem naturalmente durante os jogos. Dentre elas

podemos destacar: tentativa e erro; redução a um problema mais simples e

resolução de um problema de trás para frente.

Grando (idem, p.115, apud Alves 2001, p.25-26) ressalta sobre a utilização de

jogos, e alerta que o uso dessa estratégia deve ser aplicado como um “gerador de

situações-problema” que realmente desafiem o aluno a buscar soluções ou ainda

como um desencadeador de uma nova aprendizagem ou na fixação/aplicação de um

conceito já desenvolvido. Apresenta como tipos de jogos pedagógicos úteis ao

ensino da matemática os jogos de estratégias e/ou de construção de conceitos, e os

de fixação de conceitos já adquiridos.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O Projeto de Intervenção foi implementado na Escola Estadual Professor Léo

Kohler- Ensino Fundamental, no Município de Terra Boa, Estado do Paraná, com 30

alunos do 8ºano, durante o primeiro semestre de 2014. De início, foi realizada uma

sondagem com os alunos dos conteúdos já abordados sobre álgebra, a fim de

realizar um diagnóstico acerca de suas dificuldades na resolução de problemas que

envolvessem conhecimentos algébricos. Na sequência, foram trabalhados quatro

jogos, os quais os alunos formaram grupos e tiveram a oportunidade de interagirem,

de maneira que pudessem trocar e compartilhar experiências e conhecimentos

algébricos.

Os jogos foram confeccionados pela professora, a qual pesquisou em livros e

internet, a fim de que esses atendessem as dificuldades apresentadas em sala de

aula. Para a confecção dos jogos utilizou-se os seguintes materiais: EVA, dados,

peões, grãos, forma de pizza e papel sulfite.

As escolhas dos jogos seguiram uma sequência de acordo com PTD (Plano

de Trabalho Docente) e a evolução matemática dos alunos, que visou o

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aprimoramento do raciocínio lógico e o possível saneamento das dificuldades

detectadas ao longo do trabalho realizado. Vale ressaltar que a experiência da

professora em sala de aula colaborou nesse processo, pois ela pode por meio do

conhecimento prático desenvolver um trabalho teórico sedimentado na prática já

adquirida.

Primeiro Jogo: Memória Algébrica

O jogo é composto por um grupo de cartelas com expressões algébricas

escritas por extenso, e outro grupo de cartelas com as mesmas expressões escritas

na linguagem simbólica matemática. O objetivo do jogo é que o aluno seja capaz de

traduzir algebricamente informações apresentadas em uma situação-problema.

Durante a aplicação desse jogo, foi possível observar o entusiasmo, a

concentração e participação de todos os alunos da sala. Em seguida, os alunos

fizeram um relatório escrevendo os pontos positivos e negativos. As respostas foram

quase todas semelhantes, afirmando que dessa maneira eles entenderam melhor o

conteúdo e que agora estavam mais familiarizados com a linguagem algébrica.

Depoimento de uma equipe: “O jogo é muito legal, pois na mesma hora que

trabalha a memória, ensina ainda mais sobre a matéria. O jogo é uma maneira divertida de

aprender ainda mais.’’

Fonte:Autora, 2014

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Segundo Jogo: Brincando com a Álgebra (materiais manipuláveis)

O jogo consiste em lançar sementes de milho, feijão, pipoca e arroz, no centro

de uma forma de pizza com duas faixas vermelhas que representam os sinais

negativos e duas faixas azuis, os sinais positivos. Os objetivos do jogo são de

exercitar operações algébricas, adição e subtração de monômios e de aproveitar

também a revisão e aprendizagem com números inteiros.

Nesse jogo, observou-se que os alunos de início apresentaram bastantes

dificuldades em relação as regras de sinais, pois a professora foi solicitada

constantemente para esclarecer dúvidas. Porém, após várias rodadas, as

dificuldades foram sendo sanadas e percebeu-se que os alunos compreenderam

que só podemos somar ou subtrair os monômios semelhantes.

Depoimentos: ‘’ Eu achei o jogo legal, só que muito complicado para resolver.

Porque os sinais pra mim são muito complicados. ‘’

‘’ Eu achei o jogo muito bom, porque nós aprendemos a somar e subtrair monômios

de uma maneira bem divertida.’’

Fonte: Autora, 2014

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Terceiro Jogo: Corrida Algébrica

Esse jogo é composto por 1 tabuleiro, 4 peões, 1 dado, 24 cartões que

contém expressões algébricas, 6 cartões com diferentes instruções e cartas com

números inteiros positivos e negativos até 6, sendo 4 cartas de cada número. O

objetivo do jogo é de encontrar o valor numérico, bem como manipular expressões

algébricas e cálculo mental.

Durante a aplicação desse jogo, o aluno avançou com seu peão no tabuleiro

depois de descobrir qual o resultado da equação. O vencedor foi quem terminou de

percorrer o tabuleiro por três vezes.

Foi muito interessante a reação dos alunos, pois discutiram de que forma

iriam resolver as equações, de maneira que um ajudasse o outro a verificar se os

resultados estavam exatos para que pudessem avançar as casas.

Depoimento: “Foi bom porque desenvolve a habilidade de fazer contas algébricas de

forma legal e divertida. Ás vezes um aluno que não se interessa pela matéria, com o jogo ele

aprende com mais facilidade.”

Fonte:Autora, 2014

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Quarto Jogo: Dominó algébrico

O objetivo desse jogo é relacionar as expressões algébricas conhecidas das

áreas de figuras simples com as expressões algébricas correspondentes. É

composto por 24 peças, tipo dominó, com registro em cada peça, de um lado a

figura geométrica e do outro, a expressão algébrica cuja área representa.

Para que os alunos obtivessem êxito nas jogadas foi preciso ter conhecimento

de todas as operações com monômios e saber a fórmula para calcular a área de

cada figura.

Os alunos apresentaram bastantes dificuldades em calcular a área das figuras

e de relacioná-las com as expressões correspondentes. Portanto, foi necessário dar

uma pausa no jogo e revisar na lousa os conteúdos propostos. Após esse

procedimento, os alunos voltaram a jogar, e foi possível perceber que eles

discutiram as soluções obtidas para conseguirem montar o dominó.

Depoimentos: “Esse jogo foi muito legal, pois é um jogo nem fácil e nem muito

difícil. Com ele aprendi certas contas que não sabia e também que o trabalho em grupo é

divertido e rende mais.’’

“O jogo foi ótimo, resolvemos as contas e depois jogamos. Além de jogar adquirimos

conhecimento sobre álgebra.”

Fonte: Autora, 2014

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Após a aplicação de cada jogo, os alunos resolviam uma lista de exercícios

visando à fixação dos conceitos abordados, tendo como objetivo a aprendizagem

dos conteúdos.

Durante implementação também foi ofertado aos professores da rede

estadual o curso à distância GTR, o qual fui tutora, com a participação efetiva de 18

professores. Nesse curso tivemos a oportunidade de discutir sobre o tema do projeto

e os jogos em questão. É oportuno ressaltar que as colocações, sugestões e trocas

de idéias postadas por eles foram de grande valia para o enriquecimento desse

trabalho. Críticas e sugestões foram levantadas, as quais contribuíram para

momentos de reflexão e aprimoramento de alguns jogos.

No decorrer das aulas, a principal preocupação foi priorizar as dificuldades

dos alunos na aprendizagem da álgebra e no desenvolvimento do pensamento

algébrico, contribuindo de maneira efetiva no processo de ensino aprendizagem,

viabilizando jogos e situações propícias para uma aprendizagem potencializadora e

significativa.

Considerações Finais

O uso de jogos na disciplina de Matemática parte da reflexão de buscar novas

alternativas que favoreçam a motivação para a aprendizagem, e desenvolvam a

concentração, o raciocínio lógico e o senso cooperativo entre os alunos. É

interessante dizer que a utilização de jogos em sala de aula, representa uma

mudança de postura do professor em relação ao que é ensinar matemática, ou seja,

o professor passa a ser um organizador, observador, consultor, mediador,

incentivador da aprendizagem e do processo de construção do saber pelo aluno.

Durante a realização da implementação com os alunos do 8ºano, procurou-se

romper com uma estrutura rígida de aulas tradicionais, por aulas mais dinâmicas

com uso de jogos, de forma que criasse condições favoráveis para que os alunos

pudessem construir seu próprio conhecimento aos conteúdos algébricos propostos.

É importante ressaltar que este tipo de metodologia, sem dúvida é mais trabalhoso

para o professor, porque normalmente as salas de aula são numerosas e o tempo é

limitado. Entretanto, os resultados obtidos foram relevantes, pois observou-se um

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aproveitamento melhor que o habitual e que o relacionamento aluno-professor e

aluno-conteúdo melhorou consideravelmente durante e após a aplicação dos jogos.

Acredita-se que os objetivos do projeto de intervenção foram alcançados, o

que pode ser notado por meio de relatos, atividades desenvolvidas, e durante a

aplicação dos jogos em que os alunos obtiveram um melhor desenvolvimento quanto

aos conteúdos abordados.

REFERÊNCIAS

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BAUMGART, J. K. História da Álgebra; trad. Hygino H. Domingues- São Paulo: Atual, 1992.

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LACANALLO, L. F, MORI, N. N. R. Jogos em Matemática: uma possibilidade de desenvolvimento de funções psicológicas superiores. In: RIBEIRO, M J. L. R, DELLA-ROSA V. A. (Org.). Laboratório temático de Inclusão Digital e Diversidade teoria e experiência. Maringá: Eduem, 2010.

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