OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · natureza humana. Aqui pode-se citar Hobbes em...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E VIOLÊNCIA: FORMAÇÃO HUMANA E EXPLORAÇÃO NA SOCIEDADE CAPITALISTA
Joceir José de Oliveria1
Fernando Pereira Cândido2
Os pressupostos de que partimos não são pressupostos arbitrários, dogmas, mas pressupostos reais, de que só se pode abstrair na imaginação. São os indivíduos reais, sua ação e suas condições materiais de vida, tanto aquelas por eles já encontradas como as produzidas por sua própria ação. Esses pressupostos são, portanto, constatáveis por via puramente empírica. (MARX; ENGELS, 2007).
Resumo
Este artigo busca um melhor entendimento para a violência que existe dentro do ambiente escolar. Entre outras problemáticas, buscamos saber se: a partir da constatação de práticas violentas nas situações esportivas, podemos conhecer as determinações destas agressões; sejam verbais ou físicas na vida social mais ampla? Como objetivo estabeleceu-se possibilitar aos estudantes do Ensino Médio, nas aulas de Educação Física, identificar as atitudes violentas presentes no esporte e em outras relações na escola e na sociedade, relacionando as mesmas com a lógica capitalista da exploração que atinge a todos os homens. Essas relações de violência percebidas a partir dos estudos das teorias que fundamentam a nossa área, são problemáticas a serem tratadas nas aulas de Educação Física no sentido de sua superação. A metodologia da investigação e intervenção pautou-se na abordagem que considera a forma como histórica e socialmente os homens se organizam para produzir a sua existência e das relações daí decorrentes como caminho para compreender o problema e como forma de colaborar para a superação dialética da violência no esporte. Concluímos ser possível, de forma teórica e prática questionar as relações atuais de violência, explicadas no contexto de exploração e alienação do trabalho, propondo práticas questionadoras da realidade social do mundo capitalista que forma o aluno, o esporte e determina a Escola de nossos dias. Palavras-chave: Educação Física; Esporte; Violência; Capitalismo.
INTRODUÇÃO
1 Professor especialista, lotado no Colégio Estadual Walfrido Silveira Correa, Arapongas, Pr. 2 Mestre, orientador, professor do Departamento de Estudos do Movimento Humano, Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina.
Este trabalho busca um melhor entendimento para os vários tipos de
violência que existem no ambiente escolar. Esta necessidade decorre da minha
experiência como professor de Educação Física, trabalhando com o
ensino/treino desde o início de 1980 e, na Educação Básica, desde o início de
1990. Este tema que agora se faz necessário entender melhor para contribuir
na solução do problema tem suas origens quando começo a praticar esportes,
ainda na infância. Vivendo situações da prática esportiva me deparei com
problemas como a violência e a dominação que são expressão das relações de
exploração estruturantes da sociedade capitalista. Ao praticar esportes passei
por situações de exclusão, outro momento característico dos esportes.
Porém, naquela época estas questões não se configuravam como um
problema de pesquisa, mas como algo natural daquele espaço e situações as
quais eu deveria me adequar pois, na minha forma de ver as coisas, eram
próprias do esporte que eu queria praticar.
Considerando estas experiências com o Esporte como atleta, treinador
e, principalmente como professor da Educação Básica que ensina este
conteúdo aos alunos, venho refletindo há um bom tempo sobre o tipo de
relações que os alunos travam durante o seu aprendizado. São relações de
violência, discriminação, exclusão e opressão que vamos percebendo a partir
do momento em que estudamos as teorias que fundamentam a área, se
constituindo em problemáticas a serem tratadas nas aulas de Educação Física
no sentido de sua superação. Não se trata de negar o conteúdo esporte, como
acontece algumas vezes, mas de superar por incorporação, como nos ensina o
método dialético, questionar e criticar os seus problemas sem deixar de
aproveitar os seus pontos positivos. Mas de onde vêm essas relações e valores
que aparecem nas aulas de Educação Física quando ensinamos e aprendemos
o esporte? A problemática deste projeto de intervenção nasce não somente da
minha prática pedagógica, mas da experiência de outros professores que
relatam problemas semelhantes. Também há situações em que mesmo antes
de chegar ao local da atividade o educando age sobre os colegas impondo o
medo e aterrorizando os mais fracos. Na fala dos próprios alunos: “se você não
me pagar um lanche (um doce e etc.), você não vai jogar ou brincar na minha
equipe; ou, eu te pego na aula de Educação Física e dou uns “tapas” (DIÁRIO
DE CAMPO); ou “eu te pego lá fora” (Idem, Ibidem); são algumas formas
corriqueira de verificar a violência. Em outras situações o educando faz
escárnio com funcionários, quando estes tentam orientar para que não
vandalizem o ambiente escolar e não agridam aos colegas. Finalmente, esta
onda de violência chega à quadra no momento em que trabalhamos com o
ensino do esporte, onde tais comportamentos têm continuidade. Assim,
refletimos:
-Os esportes são violentos, ou isso depende de quem pratica o esporte?
-O esporte pode tornar o indivíduo violento, ou ele já tem sua existência
constituída em um conjunto de relações sociais violentas?
Podemos pensar na perspectiva da pedagogia crítico-superadora nos
diferentes sentidos e significados que o jogo traz na escola para professores e
alunos, refletindo o todo social, pois, “os temas da cultura corporal, tratados na
escola, expressam um sentido/significado onde se interpenetram,
dialeticamente, a intencionalidade/objetivos do homem e as intenções/objetivos
da sociedade” (COLETIVO DE AUTORES, 2005, p.62). Ao enfrentar o
problema da violência na escola/sociedade lembramos que alguns jogos
trazem a ideia, o imaginário de uma situação de guerra, como bola queimada
ou caçador, o cabo de guerra ou o rouba bandeira, jogos de perseguição em
geral. “Por esse motivo é conveniente promover junto aos alunos discussões
sobre as situações de violência que o jogo cria e as consequentes regras para
o controle” (Idem, Ibidem, p.66).
Estamos em um momento em que é preciso buscar mudanças históricas
na sociedade de forma a alterar as práticas pedagógicas para combater a
cultura de violência que está instaurada nas instituições educacionais por todo
o Estado do Paraná e também fora dele. Assim, se configura uma série de
questões, constituintes de nossa problemática, que levam a uma intervenção
em determinado sentido, tais como:
• A partir da constatação de práticas violentas nas situações esportivas,
podemos conhecer as determinações de tais agressões, sejam verbais ou
físicas na vida social mais ampla?
• O que caracteriza a violência no contexto escolar, nas aulas de
Educação Física e fora dela, e quais seus significados para a comunidade
escolar?
• Como podemos entender as relações de dominação nos esportes e mais
especificamente nas aulas de Educação Física?
• Considerando situações de violência que existem entre diferentes
categorias no interior da escola, podemos realizar a crítica a tais relações
existentes em sentido mais amplo, como entre as classes sociais?
• Como a mídia influencia na violência na escola e no seu entorno?
Postos estes questionamentos, buscou-se entender as tensões que
existem entre alunos, professores, funcionários e a sociedade que rodeia a
instituição escola, discutindo com os educandos e estabelecendo um
conhecimento que os possibilite compreender o contexto social a partir do
materialismo histórico, apontando para o trabalhador tratado como mercadoria,
processo este que o estranha do gênero humano deixando-o alienado no seu
trabalho, demonstrando assim o antagonismo entre a classe burguesa e o
proletariado (MARX, 2004).
Como objetivo geral do trabalho se estabeleceu possibilitar aos
estudantes do primeiro ano do Ensino Médio, nas aulas de Educação Física,
identificar as atitudes violentas presentes no esporte e em outras relações na
escola e na sociedade, relacionando as mesmas com a lógica capitalista da
exploração que atinge a todos os homens.
Em seguida, foram delimitados enquanto objetivos específicos: discutir
com os alunos o que é violência; permitir aos alunos identificar quais são as
atitudes violentas praticadas ou sofridas nas situações esportivas; relacionar as
determinações de tais agressões, sejam verbais ou físicas ocorridas na escola
e nas aulas de Educação Física com a vida social mais ampla; tornar as aulas
de Educação Física mais críticas, partindo da cultura corporal como objeto de
estudo; propor a reconstrução de práticas esportivas guiadas por princípios
superadores da violência característica do esporte de alto rendimento.
A metodologia da intervenção pedagógica considerou, inicialmente, a
necessidade de identificar as formas de violência que ocorrem na escola e nas
aulas de Educação Física. Nesse sentido, utilizou-se como instrumento um
diário de campo/formulário de anotação de ocorrências para o registro das
aulas práticas de esportes. Os dados coletados durante a aplicação do projeto
do PDE e utilizados aqui como fonte primária de dados são citados como
“Diário de Campo”.
Ainda enquanto encaminhamento metodológico, houve a preocupação
com a avaliação, buscando conhecer as formas de violência que os alunos
identificam na sua vida em geral e na escola. O instrumento utilizado neste
caso foi um questionário com questões abertas.
Foi desenvolvido um estudo bibliográfico pelo professor PDE sobre o
que é, quais as origens ou causas e as consequências da violência. Na
sequência, foi elaborado, enquanto produção didática, um caderno temático
para a discussão e formação dos alunos durante as aulas de Educação Física,
organizadas em momentos teóricos e práticos utilizando textos didáticos,
vídeos com situações esportivas e não esportivas onde a problemática da
violência fosse evidenciada.
Outras estratégias previstas para a conscientização dos alunos sobre o
problema da violência foram a pesquisa de campo, feita na escola pelos
mesmos; o estudo do material didático, durantes as aulas de Educação Física;
a possibilidade do trabalho com a edição de vídeo e do recurso de músicas que
atendessem ao tema do projeto.
Por fim, a estratégia selecionada nesta abordagem metodológica para
dar novo sentido ao conteúdo foi a reconstrução do esporte, elaborando jogos
com os mesmos fundamentos, buscando colaborar para a superação das
situações de violência identificadas.
E no sentido de responder aos questionamentos acima levantados, bem
como, instrumentalizar os alunos para a superação dessa situação, que
desenvolvemos a intervenção na escola tratando da temática violência no
Esporte e formação humana no capitalismo. Apresentamos a seguir os
resultados do trabalho de pesquisa que guiou a intervenção e se expressou
nos seguintes pontos: a) sociedade capitalista - como se constitui
historicamente de forma extremamente violenta, tendo a violência enquanto
um traço marcante de sua estrutura e organização; b) violência e escola – a
apresentação do entendimento sobre a violência, as formas, manifestações e
alguns dados sobre a violência na escola; c) educação física escolar e violência – a crítica à violência no esporte, as situações de violência
observadas nas aulas de Educação Física e no ambiente escolar,
fundamentada pelos autores estudados buscando colaborar para os alunos
refletirem sobre e superarem este problema.
SOCIEDADE CAPITALISTA
A violência na sociedade contemporânea é explicada a partir de duas
linhas de pensamento, a primeira predominante afirma que ela faz parte da
natureza humana. Aqui pode-se citar Hobbes em sua concepção sobre o agir
dos homens no estado de natureza, o que daria origem à necessidade do
Estado para conter o comportamento racional próprio do homem nesse estado:
[Da] igualdade quanto à capacidade deriva a igualdade quanto à esperança de atingirmos nossos fins. Portanto, se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos. E no caminho para seu fim (que é principalmente sua própria conservação, e às vezes apenas seu deleite) esforçam-se por destruir ou subjugar um ao outro (HOBBES, p.74, 1988, apud RIBEIRO, 1995, p.55 ).
Para se proteger dos outros homens deve-se, conforme Hobbes, se usar
a capacidade de antecipação, “isto é, pela força ou pela astúcia, subjugar a
todos os homens que puder, durante o tempo necessário”. Isto leva o autor a
admitir que, essa dominação do outro, “sendo necessário para a conservação
de cada um, deve ser por todos admitido”. Ainda mais, os homens não sentem
“prazer algum na companhia uns dos outros”, mas, pelo contrário, um enorme
desprazer, a menos que exista “um poder capaz de manter a todos em
respeito”, poder este representado pelo Estado. Assim, até que os homens
tenham alcançado por meio do contrato social o Estado e as leis, eles “se
encontram naquela condição a que se chama guerra; e uma guerra que é de
todos os homens contra todos os homens” (Idem, Ibidem, p.56).
A segunda forma de explicar a violência ensina que ela não é um traço
da natureza humana eterna, diferentemente, é produzida socialmente como
resultado de condições históricas determinadas. A partir dos estudos de
autores que seguem a tradição marxista, compreendemos que a violência vem
da exploração do homem pelo homem, ao passo do desenvolvimento do modo
de produção capitalista. Analisando a história da sociedade capitalista nossa
pesquisa aponta para a violência instituída e praticada pela burguesia no
processo de sua constituição e afirmação.
O que faz época na história da acumulação primitiva são todos os revolucionamentos que servem de alavanca à classe capitalista em formação: sobre tudo, porém, todos os momentos em que grandes massas humanas são arrancadas súbita e violentamente de seus meios de subsistência e lançados no mercado de trabalho como proletários livres (MARX, 1985, p.263).
Desde que a força de trabalho do homem foi transformada em
mercadoria, a forma mais característica de violência que aparece na nossa era,
os homens se tornam: [...] de um lado, possuidores de dinheiro, meios de subsistência, que se propõem a valorizar a soma-valor que possuem mediante compra de força de trabalho alheia; do outro, trabalhadores livres vendedores da própria força de trabalho e, portanto, vendedores de trabalho (MARX,1985,p.262).
Os conflitos de interesse e as mudanças muitas vezes violentas se
manifestaram através do capitalismo dominante. A violência característica a
sociedade contemporânea, com efeitos profundos dentro da escola e na
formação do aluno, pode ser ilustrada quando se pensa nesse processo de
acumulação inicial do capital e na condição a que o trabalhador foi lançado;
quando já tinham “expropriado tudo o que ele possuía, a única coisa que lhe
restou foi sua própria “pele” para vender”, (Idem), fundando assim a Burguesia
e o Proletariado.
Analisar os aspectos de teorias que fundamentaram as várias
interpretações sociais, políticas e jurídicas da burguesia, ajuda a entender as
várias manifestações de violência e exploração dos indivíduos envolvidos na
sociedade capitalista, portanto, também daquelas que se manifestam no
esporte e na Escola. A violência e a exploração não é fruto de algo intrínseco à
natureza do indivíduo ou de seu caráter, mas é algo construído historicamente
nas relações sociais entre possuidores e não possuidores dos meios
fundamentais de produção. O trabalhador se torna tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais a sua produção aumenta em poder e extensão. O trabalhador se torna uma mercadoria tão mais barata quanto mais mercadorias cria (MARX,2004,p.80).
Uma sociedade, com os homens que a constituem, não pode ser
pacífica mediante a carência, a pobreza e a necessidade. Essa natureza da
sociedade capitalista, bem como de outras sociedades onde existe a
propriedade privada e as classes sociais, que precisa da miséria para produzir
a riqueza não pode, portanto, pela força da vontade ou apenas por meio da
educação, superar a violência. A condição para isso é superar a exploração, a
dominação de classe.
Falar sobre a exploração nas sociedades de classe é, ao mesmo tempo,
falar da violência. Netto e Braz (2008,p.45) nos dizem que: Basicamente, a alienação é própria de sociedades de têm vigência a divisão social do trabalho e a propriedade privada dos meios de produção fundamentais, nas quais o trabalhador é expropriado - quer dizer, sociedades nas quais existem formas determinadas de exploração do homem pelo homem.
Diante disso todo o processo de humanização tem custado o sacrifício
da maioria da humanidade, assim sendo, uma das mazelas do capitalismo é a
violência, esta pode se manifestar em todos os campos da sociedade,
independentemente da classe em que o ser humano ocupa.
No modo de produção capitalista temos forças produtivas e relações
sociais de produção se desenvolvendo sob o domínio da propriedade privada e
o imperativo do lucro (NETO; BRAZ, 2008). Esses dois pontos entram em
contradição nos períodos em que deve haver alguma mudança, porém, o modo
de produzir a riqueza social inteiro é contraditório, o que significa prejuízo,
pobreza, exploração que se perpetua mediante forte poder militar utilizado para
a dominação. A totalidade destas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma superstrutura jurídica e política, e à qual correspondem determinadas formas da consciência social. O modo de produção da vida material é que condiciona o processo da vida social, política e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, inversamente, o seu ser social que determina a sua consciência. Numa certa etapa do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham até aí movido. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. Ocorre então uma época de revolução social. Com a transformação do fundamento econômico revoluciona-se, mais devagar ou mais depressa, toda a imensa superstrutura. Na consideração de tais revolucionamentos tem de se distinguir sempre entre o revolucionamento material nas condições econômicas da produção, o qual é constatável rigorosamente como nas ciências naturais, e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em suma, ideológicas, em que os homens ganham consciência deste conflito e o resolvem. Do mesmo modo que não se julga o que um indivíduo é pelo que ele imagina de si próprio, tão pouco se pode julgar uma tal época de revolucionamento a partir da sua consciência, mas se tem, isso sim, de explicar esta consciência a partir das
contradições da vida material, do conflito existente entre forças produtivas e relações de produção sociais (MARX, 2007b).
Frente a esta relação entre o modo de produção da vida e as relações
de violência, observamos que a Educação Física ao longo da história atende a
necessidade da sociedade de cada período. Temos aqui uma necessidade do
ser social que não é suprida, naturalmente, de forma violenta, pelo contrário,
esta necessidade pode ser suprida de forma cooperativa e pacífica (MELLO,
2009). Nesta forma de sociedade a educação física cumpre sua função por
meio de atividades que expressam a violência própria destas sociedades, como
é o caso do Esporte de alto rendimento.
VIOLÊNCIA E ESCOLA
Durante a intervenção na Escola durante as aulas de Educação Física,
foram elaborados questionamentos para a problematização do tema, tais como: Você sabe o que é violência ? Onde ela acontece? Nós sofremos violência somente na rua, por desconhecidos, ou isso pode acontecer na nossa casa, na Escola no pátio, na sala de aula, na quadra de aula? Em algum momento nas aulas de Educação Física acontecem mais situações de violência do que em outros? Quais?
A primeira e mais evidente forma da violência que podemos observar é a
violência física. Silva explica que:
Genericamente ela [a violência] pode ser explicada como uma ação que se produz e se reproduz através do uso da força (física ou não) que visa se contrapor e destruir a natureza de um determinado ser ou de um grupo de seres, fazendo com que seu ponto de vista reine sobre o ponto de vista do violentado. Trata-se, portanto, de uma ação que possuí uma intencionalidade – uma teleologia – que, para se ma-terializar, conta com justificadores e operacionalizadores; é, por isso, um conceito concreto, material e historicamente situado (SILVA, 2004, p. 60–61).
Charlot (apud ABRAMOVAY; AVANCINI; OLIVEIRA, 200[?], p.30),
discute a violência escolar em três níveis: violência, incivilidade e violência
simbólica ou institucional. A violência abrange atos, conseqüências e planos
como os “golpes, ferimentos, roubos, crimes e vandalismo, e sexual”; as
incivilidades dizem respeito à “humilhações, palavras grosseiras e falta de
respeito”, enquanto a violência simbólica ou institucional nos remeterão à
insatisfações de alunos e professores no tocante à suas atividades próprias à
escola. Abramovay, Avancini e Oliveira (200[?]) indicam que, apesar de
diferentes concepções sobre o que seria a violência escolar, o que agrega os
pesquisadores do tema é a preocupação em avaliar todas as formas de
violência, não se limitando à violência física, uma vez que as outras formas de
violência podem ser muito traumáticas.
Para entender a violência temos que chegar à questão da exploração.
As duas estão muito próximas e caminham na mesma direção. Essa
associação permite conhecer as relações entre os homens nos seus diferentes
aspectos (contraditórios), pois em dado momento é uma boa pessoa e com
hábitos comuns e em outro se torna violenta. Esse ponto de partida é
entendido por nós como válido pois, conforme Abramovay e Castro (2005),
63% dos alunos de 14 capitais pesquisadas contribuem com o sustento das
suas famílias.
Começamos a entender que a violência resulta, em grande medida, da
relação de exploração e da condição de explorado. Se explorar causa
violência, e a violência é uma forma de ação irrefletida, basta os homens
entenderem isso para a violência acabar? Acabar com essa forma de agir
violenta é uma questão de alterar a consciência?
Pode-se referir a consciência, a religião e a tudo o que se quiser como distinção entre homens e os animais; porém, esta distinção só começa a existir quando os homens iniciam a produção dos seus meios de vida, passo em frente que é consequência da sua organização corporal. Ao produzirem os seus meios de existência, os homens produzem indiretamente a sua própria vida material (MARX; ENGELS, 2007).
Marx e Engels explicam que de determinada forma de produzir a sua
vida é que vem a consciência dos homens. Esta produção tem algo a ver com
a violência? Percebemos que em cada sociedade, a forma de produzir a vida
dos seus integrantes, a necessidade e em alguns momentos ou a escolha em
outros, de se explorar parte desses integrantes, leva a violência não porque os
homens pensam em ser violentos, mas porque produzem a sua vida de forma
violenta.
Veremos adiante que os princípios do esporte de rendimento não estão
voltados para o melhor desenvolvimento humano possível. Os eventos
esportivos com atos de violência que ameaçam ou acabam mesmo com a vida
humana, são ações do jogador ou do torcedor que estão de acordo, na mesma
lógica das questões econômicas que estão por trás dos resultados esportivos.
Nem sempre podemos antecipar algo que possa acontecer de violento
em qualquer situação, inclusive nas aulas de Educação Física. Sendo a
Educação Física um espaço de educação, assim como toda a Escola,
deveríamos nos esforçar para que nunca acontecesse algo que ameaçasse a
integridade, a vida e a dignidade humana. Infelizmente acontecem muitas
coisas desse teor. Vamos dar três exemplos:
Em dado episódio uma aluna disputava uma bola, no jogo da queimada, quando esbarrou em uma colega e esta começou a chamá-la de todos os nomes possíveis de baixo calão. Não estando satisfeita com o silêncio da colega, a aluna que proferiu os xingamento agrediu com um tapa na face a aluna que estava em silêncio e sem ter esboçado nenhum movimento(DIÁRIO DE CAMPO). Outra situação foi de um aluno que tropeçou no centro da quadra e foi motivo para os colegas rirem, este levantou-se e saiu correndo em direção ao grupo dizendo que todos iam se ver com ele e seu irmão quando saíssem do colégio (DIÁRIO DE CAMPO). Temos também a situação em que uma aluna que era tida pelas outras como diferente e excluída do grupo. Esta, só se tornou membro do grupo das meninas por ter ganho um Tablet, e aí, ela emprestava o aparelho para que as colegas pudessem mexer, tornando-a assim incluída no grupo (DIÁRIO DE CAMPO).
Tendo em vista o conhecimento pretérito de situações semelhantes a
estas, ou a observação de algumas delas no curso da implementação do
projeto, os alunos foram questionados: Você já passou, foi vítima ou
presenciou alguma situação desta natureza? Pediu-se que os mesmos
refletissem sobre isto e sistematizassem no caderno e discutissem com os
colegas. Pensamos que não devemos deixar os atos de violência se tornrem
banais e corriqueiros. Ou que esse tipo de relação humana em que uma
pessoa só se torna aceita ou importante para um grupo por algo que ela
possui.
Alguns estudos mostram, por outro lado, que a situação de violência é
mais comum do que se imagina. Acompanhemos os dados de Abramovay e
Rua (2002):
As ameaças relatadas nesta tabela dizem respeito aos casos de alunos
que sofreram ou ficaram sabendo de ameaças no interior da escola. Estas
ameaças podem ser de aluno para outro aluno, de professor para aluno, aluno
para professor, outros trabalhadores da escola ou até mesmo aos pais.
Quando o relato é feito por membros do corpo técnico, o percentual de
ameaças relatadas é ainda maior, conforme a tabela 5.1A (Idem, Ibidem):
Os dados apresentados por Abramovay e Rua (2002) comprovam as
preocupações e observações que levaram ao desenvolvimento da intervenção
nas aulas de Educação Física com a presente temática, ou seja, que as
situações de violência são identificadas em diferentes momentos e entre os
diferentes sujeitos que compõem a comunidade escolar.
As diferentes formas de violência atingem, em medida muito mais
alarmante, escolas, comunidades e alunos em situações de maior pobreza. Vê-
se, conforme: Eric Debarbieux, um dos fundadores do Observatório Europeu de Violência Escolar, na Universidade de Bordeaux, a escola está mais vulnerável a fatores e problemas externos, como o desemprego e a
precariedade da vida das famílias nos bairros pobres (ABRAMOVAY; AVANCINI; OLIVEIRA, 200[?], p.31).
Esta reflexão, considerando a violência em relação com a lógica dessa
sociedade, sendo a centralidade da produção de mercadorias um marco;
considerando, também, que o Estado está voltado, inclusive com seu poder de
violência (exército e polícia) para proteger a propriedade privada da classe
dominante, coloca ao explorado, ao trabalhador a necessidade histórica de
modificar essa lógica social opressora, que causa a exclusão e a dominação.
As autoras alertam para uma naturalização e banalização da violência,
sendo possível levantar a hipótese que as brigas teriam respaldo da apologia
aos comportamentos agressivos, motivo de exaltação em uma cultura de
violência. Os relatos de agressões registrados por Abramovay e Rua (2002) na
tabela acima são condizentes com situações que encontramos durante as
observações realizadas em campo:
Uma professora substituta repreendeu uma aluna por esta não estar resolvendo as atividades proposta em sala de aula, no entanto, a aluna conversava incomodando todos os outros colegas que estavam desenvolvendo o trabalho proposto. A aluna discutiu com a professora dizendo que ia contar para a mãe a humilhação sofrida. No dia seguinte mãe e duas tias vieram conversar com a professora na sala da pedagoga; por mais que fosse argumentado a falta de trabalho pela aluna , isso não impedia que as mulheres se alterassem, chegando ao ponto de partirem para a agressão contra a professora, não fosse um professor estar passando pela sala das pedagogas e intervir na situação (DIÁRIO DE CAMPO).
Explicamos este relato, a partir da condição de produção da existência
extremamente alienada dos trabalhadores. Não a partir de características
subjetivas e individuais, mas das relações sociais mais amplas que determinam
também a escola e cada disciplina no seu interior.
Candau (1999) investigou, também na cidade de Rio de Janeiro, o tema da violência escolar no universo dos professores da rede pública. Reconhecendo o aumento da violência escolar como mais uma das expressões do aumento da violência social, a maioria dos entrevistados apontou a prática de agressões físicas e verbais entre os alunos como uma das modalidades mais freqüentes encontradas na sua experiência de trabalho. No entanto, alguns também relataram a presença desse tipo de conduta partindo do mundo adulto (funcionários e professores). As depredações e agressões ao patrimônio, como é o caso das pichações, também foram apontadas pelos professores, sendo menor a freqüência de situações de roubo e de intimidação de agentes externos à escola (chefes locais do crime) ( apud SPOSITO, 2001, p.96).
Quando estudamos a alienação do trabalho no capitalismo em
Marx (2004; 1985), entendemos o peso que tem a produção de mercadorias na
forma capitalista para relações desumanizadas entre as pessoas. Os homens
olham seus semelhantes como coisas, e as coisas como semelhantes. Para o
capitalista o mais importante é produzir mercadorias e ter lucro, pouco
importando as conseqüências disso para as pessoas. Ao ser desumanizado e
empobrecido, enquanto as coisas se humanizam e os capitalistas se
enriquecem, o cuidado com o seu semelhante é menos importante do que o
cuidado com as coisas, o que pode gerar muitas formas de agressão.
Pensamos que ao conhecer o processo de produção das mercadorias, sua
finalidade e suas consequências, entenderemos que produzir as coisas como
riquezas humanas, que todos podem ter, significará uma sociedade como
menos episódios violentos como os relatados acima envolvendo professores,
alunos e demais membros da comunidade escolar.
Entre as riquezas que a sociedade pode produzir está o
conhecimento, a cultura, as formas superiores de produção teórica, musical,
artística, etc.. Estes bens humanos, estas riquezas culturais, também são
negadas e mal distribuídas entre os alunos, filhos de trabalhadores ou eles
mesmos trabalhadores, como pode-se ver na tabela abaixo, onde o menor
percentual de pais e mães tiveram a oportunidade de concluir o ensino
superior, são portanto características socioeconômicas que continuam
reproduzindo assim a pirâmide de desigualdade.
Entre os meios para a participação ampla e irrestrita na sociedade
encontra-se, numa sociedade como a nossa, a formação escolar que, conforme
a lógica de toda a sociedade, segue sendo produzida como uma mercadoria
que é comprada, ou adquirida em proporções diferentes por quem tem mais
dinheiro e por quem tem menos. Essas situações são amostras de maior ou
menor exploração, dominação e violência que se expressam na escola e no
seu entorno a todo momento.
Temos uma situação em que uma adolescente aparentemente do nada chega na quadra dando tapas na, até então, sua amiga pelo fato de terem dito a ela que o namorado havia ficado com a amiga; -No meu homem ninguém põe a mão... sua talarica. (DIÁRIO DE CAMPO).
Observa-se que a violência não se limita pela questão de gênero, pois
entre o gênero feminino é tão marcante quanto a que acontece entre os
meninos, uma violência observada com o senso de dominação e posse próprio
dos homens nas suas relações com as mulheres.
Os dados demonstram que o entorno da escola ocorrem atos violentos,
e com incidência relativamente alta ao ponto de ônibus, e entre a residência e a
escola. Temos também a violência que ocorre no entorno dos estádios de
futebol, geralmente entre torcedores de torcidas organizadas, os confrontos
podem ser tão violentos que podem levar até a morte de integrantes dessas
torcidas.
No início do ano letivo tivemos a primeira briga, que ocorreu entre dois alunos que são de comunidades diferentes, o episódio aconteceu logo após a quinta aula em frente à escola. Um dos alunos simplesmente desafiou o outro, por serem de grupos que têm dominação em seus respectivos bairros. vários sopapos depois o desafiante já havia derrubado seu oponente na rua e em seguida foi puxado por um colega para que a briga tivesse seu fim ali, no entanto o menino que ficou caído pegou um skate e com a lateral do shape bateu na cabeça do desafiante que estava de costas, causando um ferimento, e este teve que ser conduzido ao posto de atendimento 24 horas, a polícia e conselho foram acionados para resolução do problema. Hoje estes dois jovens já não estão mais na escola, pois pediram transferência (DIÁRIO DE CAMPO).
Nossas observações condizem com a realidade escolar de todo o país estudada e discutida por Abromavay e Rua (2002, p.115):
Parte considerável dos enfrentamentos relatados nos grupos focais envolvem grupo de jovens que se incluem em alguma categoria em oposição a outra, como entre bairros distintos com os quais os jovens identificam-‐se por neles morarem ou porque a escola aí está localizada. Este entorno,
portanto, atinge a vida escolar de diversos modos, especialmente a circulação no bairro onde a escola se situa, posto que os estudantes são impedidos ou sentem-‐se inseguros de ir e vir da escola
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E VIOLÊNCIA
Neste ponto discutimos a violência na escola de forma mais específica
nas aulas de Educação Física. Reconhecemos a importância de todos os
conteúdos, as lutas, danças, jogos e ginástica, porém desenvolvemos uma
reflexão e intervenção a partir do Esporte por entender que este conteúdo é
dominante e privilegiado tanto na observação das situações de violência
quanto para sua problematização e discussão.
Houve um episódio em um jogo de futsal no qual houve uma discussão entre dois alunos sobre quem havia tocado na bola por último. Um dos alunos, com histórico de agressividade verbal e que se empenha ao máximo em todas as brincadeiras e jogos, com dificuldades para aceitar revezes em competições, foi agredido por um colega do próprio time. Esta briga, que durou um breve instante foi, contudo, muito violenta e ambos saíram machucados. Em seguida foi realizada uma conversa com ambos e aí a surpresa, os dois jovens são amigos e vizinhos desde criança e não tinham nenhum histórico de violência entre eles em toda a sua jornada, ao contrário se consideram irmãos (DIÁRIO DE CAMPO).
Ressaltamos que a análise no plano mais geral da violência na
sociedade é feita tendo a intenção de conhecer e superar as situações de
violência no âmbito do Esporte, da Educação Física e da Escola. E vice versa,
ao tratar da violência nestes locais e atividades contribuir para o seu
enfrentamento na sociedade. Já explicamos que, tendo envolvimento com o
esporte desde a infância, as situações de violência e dominação foram
constantes em nosso cotidiano. Entendemos aqui que estas atitudes são
expressão das relações de exploração estruturantes da sociedade capitalista.
Sendo uma produção histórico-cultural, o esporte subordina-se aos códigos e significados que lhe imprime a sociedade capitalista e, por isso, não pode ser afastado das condições a ela inerentes, especialmente no momento em que se lhe atribuem valores educativos para justificá-lo no currículo escolar. No entanto, as características com que se reveste – exigência de um máximo
rendimento atlético, norma de comparação do rendimento que idealiza o princípio de sobrepujar, regulamentação rígida (aceita no nível da competição máxima, as olimpíadas) e racionalização rígida dos meios e técnicas – revelam que o processo educativo por ele provocado reproduz, inevitavelmente, as desigualdades sociais. Por essa razão, pode ser considerado uma forma de controle social, pela adaptação do praticante aos valores e normas dominantes defendidos para a “funcionalidade” e desenvolvimento da sociedade (COLETIVO DE AUTORES, 2005, p.70-1).
Trabalhamos com o conteúdo esporte por entender a sua importância na
formação humana dos nossos alunos. Todavia, o que acontece na quadra
muitas vezes é diferente dos objetivos que estabelecemos e da concepção de
homem a ser formado que defendemos. Aqui podemos trazer as idéias de
Saviani sobre o papel da educação na humanização do homem:
Podemos, pois, dizer que a natureza humana não é dada ao homem, mas é por ele produzida sobre a base da natureza biofísica. Consequentemente, o trabalho educativo é o ato de produzir direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens (SAVIANI, 2000, p.17).
Frente à importância da educação e o papel da escola, como ela e a
Educação Física vem conseguindo desenvolver tal tarefa? Ao contrário dessa
importante função, no dia a dia da escola o mais comum que observamos são
aquelas situações onde um aluno com um pouco mais de habilidade que os
demais, acostumado a ganhar as disputas, quando começa a ter revés nas
práticas esportivas, seja jogo ou brincadeiras, por meio de violência verbal ou
física impõe sua vontade e interesse, oprimindo os demais colegas.
A partir das discussões de Netto e Braz (2008) sobre as relações
capitalistas no Brasil e no mundo, vemos que a partir de 1930 o sistema
educacional brasileiro foi movido pela industrialização, teve então um
crescimento da luta por melhores condições de vida (educação, saúde,
alimentação e moradia) por parte da classe trabalhadora. A burguesia permitiu
que o Sistema Educacional Brasileiro desse ao proletariado condição de se
apropriar de alguns conhecimentos básicos, para assim manter a força de
trabalho, para que houvesse manutenção da acumulação de riqueza.
Para os professores de educação física, esse contexto deu origem ao que se chamou de “crise de identidade”. Castellani Filho explica assim esse processo: Acontece que a Educação Física que, segundo o Decreto n. 69.450/71 em seu artigo 3º, §1 tem na aptidão física “a
referência fundamental para orientar o planejamento, controle e avaliação da Educação Física, Desportiva e Recreativa, no nível dos estabelecimentos de ensino”, tornou-se anacrônica no contexto do processo de democratização da sociedade brasileira, por dois motivos. O primeiro deles diz respeito ao modelo educacional que, no que tange à “formação de homens com consciência do tempo em que vivem”, deixava muito a desejar, precisando, portanto, ser modificado para sincronizar-se aos “novos tempos”. (...) O segundo motivo está relacionado com a questão da produtividade. Assistíamos, naqueles anos – dentro do mundo do trabalho alicerçado no modelo industrial brasileiro, fundado no modo de produção capitalista –, ao avançar de um processo de automação da mão-de-obra, até então toda ela apoiada na força de trabalho humana, que fez por secundarizar a importância da construção do modelo de corpo produtivo (1993, apud MELLO, 2009, p.121, grifo do autor).
No Brasil da década de 30 do século passado, no governo Vargas, o
ensino destinado ao trabalhador era bem específico conforme determinava a
Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 10 de novembro de 1937
(BRASIL, 1937). Preocupada em evitar a perturbação da ordem causada pelos
“dissídios partidários”, pela “propagando demagógica” que iria “desnaturar em
luta de classes, e da extremação de conflitos ideológicos” que seriam
resolvidos de forma violenta, conforme os proponentes desta constituição,
determinava no art.129, que deveria haver o adestramento físico do
trabalhador. O ensino voltado diretamente ao trabalho e destinado à classe
trabalhadora, o “ensino pré-vocacional profissional” foi considerado como “o
primeiro dever de Estado”. Essa constituição também estabeleceu a
necessidade de escolas de aprendizes, destinadas aos filhos dos operários.
Neste contexto, sendo a Educação Física e o Ensino Cívico tornados
obrigatórios pelo artigo 131, atuaria no mesmo projeto de educação para a
ordem e adestramento.
Pode-se observar que nesta constituição e forma de educação já estava
presente a regulamentação da exploração capitalista que, conforme pensamos,
é a base da violência que se reflete na escola e nos esportes nas aulas de
Educação Física.
A violência no esporte e sua relação com a exploração entre os homens
na sociedade em que vivemos, são problemáticas válidas para as aulas de
Educação Física na medida que a concepção pedagógica de referência para a
investigação e ação docente é a pedagogia crítico-superadora. Esta pedagogia,
tratada nos marcos do referencial teórico-metodológico materialista histórico,
nos leva a pensar a seleção e organização dos conteúdos nas dimensões
política e técnica.
Vê-se, pois, que não cabe falar aí de numa subordinação do compromisso político à competência técnica e nem mesmo de uma precedência desta em relação àquele. Para entender o sentido da tese é fundamental levar em conta a discussão que a precede sobre o conceito de mediação. A competência técnica é mediação, isto quer dizer que ela está entre, no meio, no interior do compromisso político. Ela é mediação, ou seja, é também (não somente) por seu intermédio, que se realiza o compromisso político. Ela é, pois, instrumento, isto quer dizer que ela não se justifica por si mesma, mas tem o seu sentido, a sua razão de ser no compromisso político. Portanto, ela não explica o compromisso político, mas se explica por ele, embora seja uma das formas por meio das quais (sempre o conceito de mediação) se explicita, se realiza o compromisso político. Em suma, a competência técnica é um momento do compromisso político (sob a condição de se entender a palavra momento como uma categoria dialética). [...] se a técnica, em termos simples, significa a maneira considerada correta de se executar uma tarefa, a competência técnica significa o conhecimento, o domínio das formas adequadas de agir; é, pois, o saber fazer. Nesse sentido, ao nos defrontarmos com as camadas trabalhadoras nas escolas não parece razoável supor que seria possível assumirmos o compromisso político que temos para com elas sem sermos competentes na nossa prática educativa (SAVIANI, 2000, p.41-3).
Essas considerações, na perspectiva do trato com o conhecimento
pedagógico são importantes para a Educação Física, considerando a nossa
história de proximidade com o tecnicismo durante a ditadura militar de 1964 a
1985. Também, considerando que o Esporte foi, e continua sendo, o conteúdo
hegemônico, ao trabalharmos com ele buscando tratar e superar o problema da
violência, não nos eximiremos do ensino dos fundamentos técnicos
desportivos. Essa preocupação é orientada e está em conformidade com o
entendimento que:
Pode-se dizer, grosso modo, que os interesses imediatos da classe trabalhadora, na qual se incluem as camadas populares, corresponde à sua necessidade de sobrevivência, à luta no cotidiano pelo direito ao emprego, salário, à alimentação, ao transporte, à habitação, à saúde, à educação, enfim, às condições dignas de existência (COLETIVO DE AUTORES, 2005, p.24).
Cabe salientar neste estudo, além da violência social da negação dos
direitos básicos de sobrevivência, não é possibilitado o acesso ao mais alto
nível de conhecimento e apropriação deste de modo elaborado em cada área,
entre eles o conteúdo Esporte. Também esta é uma forma de negar os direitos
dos alunos, de reproduzir o estranhamento do trabalho capitalista. Buscando
uma Educação Física que lute por estes direitos, e de acordo a pedagogia
crítico-superadora, temos nesse momento histórico uma situação política bem
diferente em relação àquela da década de 1930, pois vemos uma orientação
oficial para esta disciplina que se embasa no campo crítico.
Nos referimos especificamente às Diretrizes Curriculares do Paraná que,
nas suas DCEs/Educação Física (PARANÁ, 2008, p.57) orienta para uma
abordagem da cultura corporal e desportivização que critica a supervalorização
do esporte de competição de alto nível, como, por exemplo, a Copa do Mundo
em detrimento das questões sociais como a fome. Isso acontece em um
processo histórico de negação da forma de cultura corporal do povo, como os
jogos, por não atenderem aos interesses da burguesia que, instituiu para si a
forma dos esportes.
Neste documento (PARANÁ, 2008), o esporte é entendido de forma
ampla, como algo mais do que o treinamento de “habilidades físicas” e “táticas
de jogo e regras”, ou seja, para além da pedagogia tecnicista característica do
período da ditadura militar. Para abordar o esporte nesta perspectiva ele deve
ser considerado nos seus “determinantes histórico-sociais responsáveis pela
constituição do esporte ao longo dos anos, tendo em vista a possibilidade de
recriação dessa prática corporal” (p.63). Na perspectiva conservadora o
esporte exacerba a “competição”, a “técnica” o “desempenho máximo”,
tornando-o uma prática excludente onde somente os mais fortes se destacam e
tem o privilégio do aprendizado e vivência deste conteúdo.
Uma das questões que permeiam a luta pelo direito ao acesso ao
esporte, como a outros direitos é a discussão e crítica da situação atual em que
o mesmo se encontra, em nossa sociedade, pela mediação do capital, com a
compra e venda de mercadorias. Se percebêssemos que somos mercadoria
em favor da indústria capitalista seria muito mais fácil entender onde estamos
como seres humanos. Nas nossas aulas de Educação Física, entendemos que
é possível e buscamos realizar tal reflexão com os alunos ao estabelecer uma
abordagem pedagógica do esporte de luta contra a violência. Ora, devemos
então estabelecer que a Educação Física não é uma disciplina emergente, mas
um agente de Educação que têm também sua obrigação de instruir o aluno
com consciência intelectual e corporal (CASTELLANI FILHO, 2002).
Desde os primórdios da humanidade temos as ações que deram origem
à Educação Física como base de sobrevivência, no entanto devemos
subentender que a Educação Física tornou-se uma disciplina voltada à
conformação moral e corporal a partir do século XIX, quando se deu início a
revolução industrial. Considerando assim a estrutura e forma ideológicas da
sociedade contemporânea, entendemos que a violência é produzida pela
sociedade que se fundamenta na exploração, ou seja, pela contradição que
caracteriza a luta de classes. Conforme Marx (2006) “De todas as classes que
hoje enfrentam a burguesia, somente o proletariado é uma classe realmente
revolucionária”.
Esta forma econômica torna o trabalhador alienado, este não tem
clareza de onde ele vem nem porque está aqui, mas reproduz o que a
burguesia deseja; seu trabalho acontece guiado pela necessidade da obtenção
de lucro para o burguês, no entanto, quando ele ou seus filhos não alcançam o
mínimo de condições para um trabalhador, temos aí o início dos primeiros atos
de violência, um reflexo dentro das casas e que gera uma onda na
comunidade.
Esta violência então se transporta para o interior das escolas, campos,
quadras e etc., tornando-os agentes da dominação resultante da exploração no
mundo capitalista, sendo que os mesmos se tornam ainda mais bárbaras3
quando estão na escola. Este movimento comparável à uma onda, se espalhou
por todos os lados movimentando e abalando a sociedade a qual ela alcança
com o seu movimento de violência, seja direta ou indiretamente.
Nesse sentido, buscamos possibilitar aos educandos do primeiro ano do
Ensino Médio um melhor entendimento sobre o momento atual em que a
escola e sociedade passam em relação à violência, domínio e exploração a
que o capitalismo nos leva. Apesar de se discutir este problema na escola e na
Educação Física, será dentro delas que eles se resolverão? Conforme
Mészáros:
3 Pensamos que esse aspecto de barbárie que a dominação assume na escola é real na medida em que buscamos que a Escola seja um local de socialização do conhecimento, de produção de humanidade na medida em que é necessário o aprendizado para que o homem se humanize pois, como diz Saviani (2000), o homem não tem sua humanidade dada ao nascer, ela tem que ser construída no processo educativo, na apropriação da produção social e histórica.
A única alternativa histórica viável aos interesses irreparavelmente conservadores que emanam de forma direta do modo de controle sociometabólico do capital é a reestruturação revolucionária de toda a ordem social. As autodefinições políticas variáveis de “conservador” e “liberal” são totalmente irrelevantes a esse respeito (MÉSZÁROS, 2007, apud MELLO, 2009).
Como foi dito anteriormente, na perspectiva aqui adotada a Educação
Física é relacionada e significada a partir dos problemas sociais mais amplos.
Junto com o Coletivo de Autores (2005), podemos considerar que os temas da
cultura corporal, que são tratados na escola têm a intencionalidade e objetivos
da sociedade, como pode ser constatado na compreensão das relações de
interdependência que o jogo, o esporte, a ginástica, a dança e a luta,
constituintes da Educação Física, estabelecem com os papéis sexuais, a saúde
pública, os preconceitos sociais, raciais, a distribuição de renda, entre outros.
Refletir sobre tais problemas é necessário para que o aluno da escola pública
entenda a realidade a partir de seus interesses de classe social, significa que
estes conteúdos devem ser garantidos no interior da escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A medida em que este trabalho de pesquisa avança, que compreendi
mais o Esporte e sua função social, as relações históricas entre a Educação
Física e a sociedade capitalista, mais se tornou evidente para mim que:
Na escola, é preciso resgatar os valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, que defenda o compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensão de que jogo se faz “a dois”, e de que é diferente jogar “com” o companheiro e jogar “contra” o adversário (COLETIVO DE AUTORES, 2005, p.71).
Essa afirmação é muito mais clara ao compreendermos a lógica do
esporte, principalmente do esporte de rendimento e seu caráter de mercadoria
assumido recentemente. Essa instituição tem implicações profundas na
formação humana do homem como ser social, conforme Morini (2013)
demonstra a partir de uma abordagem materialista e histórica deste conteúdo:
O Esporte é uma realidade histórica da sociedade capitalista, uma vez que nasce e se desenvolve nesse contexto. Entendendo o Esporte como a institucionalização do lúdico, questionamos: as instituições para serem reconhecidas legalmente, para serem garantidas socialmente devem ter uma relação com o Estado. Existindo esta relação, haverá uma submissão de qualquer instituição ao plano jurídico, ao direito. Nesse sentido, podemos ver um amoldamento, uma conformação jurídico-política do lúdico, uma vez que o jogo foi institucionalizado na forma Esporte. Temos ainda que a forma que o homem assume na sociedade capitalista é o cidadão, entendido como expressão jurídica e política do indivíduo capitalista. Então, seria a essência do Esporte o lúdico conformado jurídica e politicamente? (MORINI, 2013, p.16)
Ao contrário do que eu imaginava a violência não é um fato novo dentro
da escola, a violência têm como base a industrialização e a migração das
pessoas do campo para a cidade, causando assim desemprego, aumento de
venda de drogas e outros fatores que vem contribuir com a violência. Esta violência contemporânea tem uma importante e profunda relação com o modo de produção capitalista na sociedade brasileira; onde se observa que o aumento da violência tem suas raízes no aumento de desemprego, na economia e na banalização da violência por meio das mídias, tendo assim, um crescimento da violência tanto do Estado quanto dos espaços sociais. “De fato, trata-se de uma categoria que, além de indispensável para a compreensão da atividade econômica, faz referência ao próprio modo de ser dos homens e da sociedade” (NETTO E BRAZ, 2008, p.29).
A violência tem uma relação profunda com o Estado, que utiliza a força
institucionalizada e legalizada para proteger a sociedade capitalista. Por estes
motivos, além de outros tratados nesta pesquisa, entendo que é importante
ensinar o Esporte ao aluno para desmascarar as relações de violência –
margeadas pela dominação, exclusão, discriminação e exploração –
reproduzidas e aprendidas para a manutenção social. Entender estas questões
é um caminho para superar a exploração e a violência na sociedade e nos
esportes.
Aqui é preciso fazer uma consideração importante. Tende-se a considerar a violência como defeito da sociedade que resultaria, em última análise, de uma natureza humana potencialmente violenta. Sem entrar no mérito dessa questão da natureza humana e sem querer, porque seria esquecer as inúmeras mediações, atribuir todo tipo de violência diretamente ao sistema capitalista, é preciso que se diga que esta é uma forma de sociabilidade que tem a violência na sua própria raiz. E que esta forma de violência, ao contrário de muitas outras, não só é socialmente legitimada, como nem é tida por algo violento. Pelo contrário, é considerada como o próprio fundamento natural e positivo dessa sociedade. Trata-se do ato fundante dessa sociedade: compra-e-venda de força de trabalho, gerador da propriedade privada de tipo capitalista. Esse é um ato que , por sua
própria natureza, implica a submissão violenta—embora “livremente” aceita— do trabalho ao capital. Somente na aparência este é um ato livre. Afinal, o trabalhador tem que submeter-se a ser explorado sob pena de perder a vida. Este ato violento gera, necessariamente, uma sociedade permeada pela violência, nas suas formas mais diversas. Dele derivam a oposição dos homens entre si, o individualismo, a competição e a guerra de todos contra todos. Todas as outras formas de violência, ainda que oriundas diretamente desse ato fundamental, se vêem marcadas, potencializadas e ampliadas por ele (TONET, 20[??]).
Desta forma, a necessidade de superar as relações de violência no
Esporte, na Escola e na Educação Física aponta para a luta contra a
exploração do homem pelo homem. Isso só pode ser feito enquanto
emancipação humana, diferente, mais profunda e mais essencial do que a
emancipação política promovida pela burguesia no seu processo
revolucionário. Esse processo de emancipação só poderá se dar, conforme
Marx (2004) com a classe trabalhadora libertando toda a humanidade ao por
fim ao trabalho estranhado, a propriedade privada, ao capital, ao Estado e às
classes sociais.
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