OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Orientação Vocacional poderá se tornar...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

JOVENS E O MERCADO DE TRABALHO:

o papel da Orientação Vocacional no Ensino Médio Zélia Maria Horta Garcia 1

Karine Marielly Rocha da Cunha2

Resumo: Este artigo tem por objetivo apresentar a importância de se incluir, nas aulas de Língua

Inglesa, algumas técnicas de Orientação Vocacional na preparação dos estudantes do ensino médio

para a escolha de uma carreira a ser seguida. O projeto foi implementado no 1º semestre de 2014, no

Colégio Estadual Narciso Mendes, com 65 alunos do 3º ano do ensino médio, com idades entre 16 e

18 anos. A metodologia partiu da reflexão da identidade dos alunos e de sua demanda com relação

ao mundo do trabalho levantados através de questionários e técnicas oriundas da Orientação

Vocacional, adaptadas para serem aplicadas por professores em sala de aula. Os principais

resultados apontam que é necessária uma orientação com relação à inserção imediata no mercado

de trabalho e também o auxílio de profissionais especializados no planejamento do seu projeto de

vida profissional.

Palavras-chave: orientação vocacional. escolha da carreira. áreas de interesse. mercado de

trabalho.

1. INTRODUÇÃO

“A adolescência constitui uma guerra interna e externa, cuja batalha central

é a formação da identidade”. Gunther, 1999

Este estudo partiu de uma proposta construída no decorrer do Programa de

Desenvolvimento Educacional - PDE, da Secretaria de Estado da Educação do

Paraná, durante os anos de 2013 e 2014. O tema e o resultado da implementação

foram discutidos no Grupo de Trabalho em Rede – GTR, com diversos professores

da rede estadual de ensino, durante o 1º semestre do ano letivo de 2014.

O mundo pós-moderno está marcado por muitas transformações e crises. As

relações e valores sólidos deram lugar ao consumismo e ao acúmulo de dívidas,

dentre outros. Num mundo onde as fronteiras foram dissolvidas pela globalização,

1 Professora da rede pública do Estado do Paraná – SEED/PR

2 Professora Doutora da UFPR, orientadora nas produções PDE

os sujeitos perderam sua identidade e temas como desemprego, empregabilidade,

reengenharia, qualidade total, alterações nos contratos de trabalho, nos sistemas de

previdência, nas relações de trabalho, baixos salários e outros fazem parte do

cotidiano das pessoas e estão presentes na mídia. Tais situações afetam

diretamente adolescentes e jovens em seus projetos de vida e inúmeras famílias

vivem a situação estressante de tomadas de decisões profissionais de seus filhos

em busca da sobrevivência e da realização pessoal.

O adolescente, em pleno processo de transformação, se vê em um mundo

complexo e, além de tudo, precisa definir seu futuro. Mas para isso ele precisa

comprometer-se, responsabilizar-se, cumprir certas tarefas, como conseguir

independência emocional dos pais e das figuras de autoridade, confiar em suas

habilidades e definir seus interesses a fim de preparar-se para a vida adulta num

mundo em constante metamorfose.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE – 2012),

anualmente cerca de um milhão de jovens completa 16 anos e tem como uma de

suas expectativas a entrada formal no mundo do trabalho. No entanto,

aproximadamente 40% desses jovens não encontram trabalho e, para os que

encontram, o salário médio gira em torno do mínimo nacional.

Diante desse cenário, o Ensino Médio, definido na atual Lei de Diretrizes e

Bases (LDB) 9.394/1996 como a etapa final da Educação Básica, ao contemplar

tanto a formação geral quanto a preparação para o mercado de trabalho, deveria

significar para os adolescentes a superação de suas dificuldades, decorrentes da

fase de transição para a vida adulta, mas isso geralmente não é constatado.

A fim de preparar os estudantes para o ingresso no mercado profissional, a

Orientação Vocacional poderá se tornar disciplina obrigatória do ensino médio no

país. A proposta consta do Projeto de Lei do Senado (PLS) 228/2012, pronto para

ser votado, em caráter terminativo, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte

(CE).

De autoria do senador Cyro Miranda (PSDB-GO) o projeto altera o artigo 36

da Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9.394/1996), incluindo dois novos incisos que

determinam a oferta de orientação vocacional, por meio de profissionais

especializados, para ajudar os alunos a definir sua formação profissional.

Na justificativa do projeto, Cyro Miranda explica que o ensino médio não deve

servir somente como ponte para a educação superior, mas também preparar

efetivamente os adolescentes para o mercado de trabalho, cada vez mais complexo

e competitivo. O senador ressalta ainda que a maioria dos estudantes, além de não

contar com serviço de orientação vocacional e profissional, acaba se submetendo a

um currículo humanístico e científico que os desmotiva para o estudo e não os inclui

nos cursos de graduação.

Considerando o que foi exposto, os objetivos do presente estudo foram:

1. traçar o perfil dos alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Narciso

Mendes através do seu histórico profissional familiar e de suas aspirações com

relação ao mundo do trabalho;

2. trazer elementos de atuação em Orientação Vocacional capazes de ajudar os

alunos na busca de sua identidade profissional.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Para um esclarecimento sobre a temática desta pesquisa faz-se necessário

uma visão histórica da orientação vocacional no Brasil e sua importância para que

os adolescentes e jovens aprendam a se orientar no âmbito profissional, assim como

apontar os sonhos e desejos do público alvo deste projeto.

2.1 A Orientação Vocacional no Brasil

O conceito de carreira surgiu na Roma antiga (em latim via carraria) e

significava “estrada para carros”. O termo passou a definir trajetória profissional

associada à noção de profissão somente no século XIX. Super (1985) foi um dos

pioneiros a definir carreira como a “sequência de atividades ocupacionais e

profissionais que um indivíduo executa durante sua vida”.

O surgimento da Psicologia Vocacional foi impulsionada por fatos históricos

acontecidos na Europa do século XX. Um deles foi a Revolução Industrial na

Inglaterra, que introduziu novas formas de trabalho e a necessidade de orientar os

indivíduos para essa escolha, acompanhada pela primeira e segunda guerras

mundiais que levaram ao desenvolvimento de testes psicológicos e serviços de

seleção e orientação profissional.

Na primeira metade do século XX ela foi fortemente marcada pela Teoria de

Traços e Fatores e pela Psicometria, a fim de “colocar o homem certo no lugar

certo”. Trata-se da modalidade atuarial ou estatística cujo objetivo é o diagnóstico

vocacional através de testes psicológicos.

Na segunda metade desse mesmo século surgem duas novas modalidades

de orientação profissional, conforme Rosane Schotgues Levenfus:

a) modalidade clínica: desenvolvida em Buenos Aires por Bohoslavsky

(1977/1998) fundamentada na teoria da Psicanálise, com o objetivo de elaborar a

identidade ocupacional e desenvolver a capacidade de decisão autônoma,

utilizando, principalmente, a entrevista psicológica;

b) modalidade do desenvolvimento de Super (1953), Ginzberg, Ginsburg e

Axelrad (1951), que introduziram a ideia de que o desenvolvimento vocacional passa

por estágios que vão desde a infância até a velhice.

Essa última contraria a crença de que as decisões profissionais se limitam

apenas à adolescência, ao mesmo tempo em que amplia a atuação do orientador,

incluindo a possibilidade de intervir em outros momentos da vida, como estudos pós-

universitários, crises profissionais ao longo da vida, mudanças de emprego,

planejamento de carreira, etc. O orientador tem como objetivo facilitar o

desenvolvimento vocacional, através do desenvolvimento dos autoconceitos e da

maturidade vocacional.

No início deste século novas abordagens foram introduzidas na realidade

brasileira, tais como:

a) Abordagem Sócio Histórica : proposta por Bock (2002), tendo como base

a Teoria Sócio-histórica com o objetivo de facilitar a compreensão e aproximar os

determinantes das decisões (valores, mercado de trabalho, expectativas familiares,

autoconhecimento, etc.) e a construção do projeto profissional. Utiliza técnicas,

dinâmicas de grupo, atividades estruturadas e discussões;

b) Abordagem Psicopedagógica : desenvolvida por Hissa e Pinheiro (2002)

tem como base as teorias desenvolvimentistas, o construtivismo, princípios da

Gestalt e da modalidade clínica. As autoras propuseram a Metodologia da Ativação

da Aprendizagem cujo objetivo é exercitar conteúdos e informações que possibilitam

aprender a selecionar, escolher e decidir uma profissão. Para isso, fazem uso de

técnicas participativas, jogos, pesquisas, debates e dramatizações;

c) Abordagem Comportamental : introduzida por Moura (2001, 2004) baseia-

se no Modelo de Análise do Comportamento de Skinner. Seus principais objetivos

são criar condições para que o indivíduo identifique as variáveis às quais está

exposto (contexto familiar, social, cultural e econômico), proporcionar informações

relevantes sobre as profissões de interesse, relacionando-as com as características

do indivíduo e chegar à escolha e/ou tomada de decisão. São utilizados exercícios

específicos, técnicas, exposições, discussões e dramatizações.

Com a implantação do SATEPSI (Sistema de Avaliação de Testes

Psicológicos) em 2003, os testes psicológicos, geralmente americanos, utilizados

por muito tempo no século passado tiveram que passar por uma validação e

normatização para a população brasileira, da mesma forma que surgiram novos

testes, jogos psicopedagógicos, além de técnicas específicas para orientação

profissional.

Partindo do pressuposto de que a Orientação Vocacional além de auxiliar na

escolha de uma profissão também tem por objeto atender às novas demandas do

mundo do trabalho e da cultura, as alternativas propostas têm por objetivo auxiliar os

professores a reformularem sua prática vinculando-a ao processo de reflexão crítica

junto aos alunos para que, ao concluírem o ensino médio, estejam mais preparados

para a realização de suas escolhas profissionais e, além disso, desenvolvam ações

que levem à reflexão da auto-identidade e ao resgate da dimensão do trabalho

humano enquanto direito inalienável.

2.2 O que querem os jovens brasileiros?

“A gente não quer só comida”, A gente quer comida, diversão e arte.

A gente não quer só comida, A gente quer saída para qualquer parte.

A gente não quer só comida, A gente quer comida, diversão, balé.

A gente não quer só comida, A gente quer a vida como a vida quer”.

Titãs, Comida (1987)

Numa definição puramente etária, jovem é o indivíduo que se encontra no

período que vai dos 15 aos 29 anos, cuja principal característica é a transitoriedade

por ser esta fase bastante difícil e conturbada, marcada por uma crise em todas as

instâncias da vida social.

Numa perspectiva histórica, ao abordar a juventude, Ribeiro (2004) situa o

século XVIII como o período em que ocorre a afirmação da juventude tal como ela é

compreendida atualmente. Segundo ele, até então os padrões da sociedade se

identificavam com os mais velhos, sendo exemplo disso as perucas brancas

utilizadas pelos nobres.

Com a afirmação do capitalismo, a ideia do novo (liberdade, democracia, vida)

difunde uma noção de felicidade vinculada à juventude, que passa a representar um

valor importante jamais reconhecido.

Desde a metade do século XX a juventude é disputada por forças

antagônicas: de um lado a noção de revolução e, do outro, a publicidade tentando

cristalizar um determinado ideal social.

Vista como breve transição da adolescência para a idade adulta, no início do

século passado essa fase era marcada pelo ingresso ao trabalho, casamento e

constituição de uma família. Atualmente, o jovem se preocupa em ter sucesso numa

carreira profissional, valoriza o apoio familiar e sua atuação política é mais evidente

em causas sociais e não partidárias.

Em 2004, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura (UNESCO) realizou uma pesquisa inédita, com dez mil brasileiros de 15 a 29

anos, tendo dentre seus objetivos a valorização das necessidades, demandas e

desejos dos jovens mais vulneráveis socialmente, e estabelecer novas práticas que

subsidiem a construção de políticas públicas para a juventude. Os dados levantados

resultaram no livro Juventudes: outros olhares sobre a diversidade, do Ministério da

Educação.

Com relação ao mesmo tema, outra fonte pesquisada foi o projeto Sonho

Brasileiro, da Box 1824, uma empresa de pesquisa que vem desenvolvendo projetos

que buscam entender a sociedade. O projeto envolveu 1.200 jovens, das classes A,

B e C, residentes em Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, com o

objetivo de identificar o que os jovens de 18 a 24 anos sonham para o país.

Quando questionados sobre qual é seu maior sonho , as respostas foram:

Quanto à expectativa em relação à formação profissional e emprego (55%

dos entrevistados), responderam:

E, concluindo, a profissão dos sonhos, segundo 24% dos entrevistados é:

Fonte: Pesquisa Quantitativa Datafolha.

Pergunta: Qual é o seu maior sonho? Resposta espontânea e única, em %.

Diante desses dados, devemos refletir sobre o papel da escola pública nas

discussões e contradições existentes na sociedade capitalista, seus determinantes e

suas influências na visão de mundo, homem e sociedade, na tentativa de diminuir as

desigualdades vivenciadas pelos jovens, para que esses deixem de ser

considerados como um problema social e passem a ser vistos e potencializados

para atuarem no desenvolvimento de nosso país.

3. METODOLOGIA

Para averiguar a utilização de técnicas de Orientação Vocacional pelos

professores e avaliar a importância dessa inclusão para os alunos foi elaborado um

projeto de intervenção pedagógica baseado numa “pesquisa-ação” que fundamentou

o trabalho proposto.

As pesquisas bibliográficas e a elaboração do projeto de intervenção

pedagógica ocorreram no 1º semestre de 2013, e o material didático foi elaborado

no segundo semestre do mesmo ano.

A implementação ocorreu no Colégio Estadual Narciso Mendes, localizado no

bairro Xaxim, em Curitiba, com 65 alunos de duas turmas do 3º ano do ensino

médio. O colégio atende a uma comunidade escolar, em sua maioria, de nível

socioeconômico baixo a médio, com predominância da classe trabalhadora, sendo

oriundos, em sua maioria, do mesmo bairro.

A intervenção ocorreu no 1° semestre de 2014, num total de 36 horas,

conforme o cronograma de atividades a seguir:

DURAÇÃO PERÍODO AÇÃO

2h Fevereiro/14 - Apresentação do Projeto e da Produção Didática aos

Profissionais da Educação do colégio – Semana Pedagógica.

2h Fevereiro/14 - Apresentação do Projeto para os alunos das turmas de 3º ano; - Técnica “Círculo da Vida”.

10h

Fevereiro, Março e Abril/14

- Unidade 1: Reflexão sobre as expectativas dos alunos em relação a seu futuro profissional; - Leitura e interpretação da charge: “Job careers”; - Play time: Who am I?; - Leitura e interpretação do texto “How to find a dream career”; - Atividade de identificação das características pessoais dos alunos; - Teste de Frases Incompletas.

10h

Abril, Maio Junho/14

- Unidade 2: Análise do cenário atual do mercado de trabalho; - Leitura e interpretação de dados referentes à falta de mão de obra no Brasil; - Pesquisa de ofertas de emprego e confecção de um painel de vagas; - Como tomar uma decisão (atividade com vídeo - listening); - Explorando as habilidades/competências relativas às áreas profissionais; - Interpretação de um anúncio publicitário.

10h

Junho, Julho/14

- Unidade 3: Análise de histórias de superação; - Debate sobre as histórias de superação e relato dos alunos; - A escolha de uma profissão e a elaboração de um projeto de vida profissional.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

No início da primeira unidade Who Am I? aplicada de fevereiro a março,

alguns alunos do 3º ano A se mostraram desinteressados e alheios às atividades. Ao

aplicar a técnica “Círculo da Vida”, fizeram a atividade sem o mínimo de interesse.

Porém, ao analisarem sua produção, a maioria dos alunos se surpreendeu com o

resultado e com as descobertas feitas e através de outros exemplos apresentados

puderam verificar o grau de importância que tem para o indivíduo a escolarização e

o trabalho, fundamentais à escolha profissional. Exemplos:

Figura 1 – arquivo da autora

Figura 2 – arquivo da autora

Figura 3 – arquivo da autora

Figura 4 – arquivo da autora

Através da charge Job Careers foi possível revisar alguns conteúdos, como:

jobs, family, ordinal numbers, degrees, etc.

Ao final da unidade foi aplicado o “Teste de Frases Incompletas” proposto por

Bohoslavsky no modelo clínico de orientação vocacional, cujo principal objetivo é o

desenvolvimento da identidade ocupacional do orientando por meio do

esclarecimento de sua identidade vocacional. O teste é composto por 25 fases para

serem completadas pelo orientando. Observe:

TESTE DE FRASES INCOMPLETAS

01) Sempre gostei de ....................................................................................................

02) Acho que, quando for maior, poderei ......................................................................

03) Não consigo me ver fazendo ...................................................................................

04) Meus pais gostam que eu .......................................................................................

05) Se estudasse ...........................................................................................................

06) Escolher sempre me fez ..........................................................................................

07) Quando era criança queria ......................................................................................

08) Os rapazes da minha idade preferem .....................................................................

09) O mais importante na vida é ...................................................................................

10) Comecei a pensar no futuro ....................................................................................

12) Os professores acham que eu ................................................................................

13) No Ensino Fundamental sempre .............................................................................

14) Quanto às profissões, a diferença entre moças e rapazes é ..................................

15) Minha capacidade ...................................................................................................

16) As moças da minha idade referem ..........................................................................

17) Quando fico em dúvida entre duas coisas ..............................................................

18) A maior mudança na minha vida foi ........................................................................

19) Quando penso na universidade ..............................................................................

20) Sempre quis ............................., mas nunca poderei fazê-lo ..................................

21) Se fosse ............................................. poderia .......................................................

22) Minha família ...........................................................................................................

23) Meus colegas pensam que eu ................................................................................

24) Estou certo de que ..................................................................................................

25) Eu ............................................................................................................................

Ao final da unidade foi possível verificar que 25 alunos ainda não tinham

certeza da profissão a ser seguida.

Na unidade seguinte Job Careers , os alunos foram levados a analisar o

cenário atual do mercado de trabalho e as explorar suas habilidades/competências

profissionais. As atividades desenvolvidas entre abril e maio envolveram reading e

listening e oportunizaram analisar algumas profissões, suas vantagens e

desvantagens, bem como algumas vagas disponíveis e as profissões mais escassas

no país segundo um levantamento feito pela Revista Exame.

Outra atividade bem significativa para os alunos foi a análise de uma

propaganda sobre a importância do conhecimento da língua inglesa para

determinadas vagas. Os alunos confirmaram que tal exigência existe e que este

diferencial pode significar um aumento salarial e a porta de entrada em alguma

empresa multinacional.

Como avaliação da unidade os alunos fizeram a apresentação da profissão

escolhida por eles, descrevendo detalhadamente as características/habilidades e

conhecimentos necessários em cada uma delas.

Na última unidade, How to make a dream como true? os alunos foram

expostos a histórias de superação, a fim de comparar o que foi lido com sua história

de vida e, assim, refletir sobre seu projeto e traçar as estratégias necessárias para

alcançá-lo e durante os meses de junho e julho os alunos elaboraram seu

Curriculum Vitae.

Neste ponto da implementação, apenas 6 alunos continuavam em dúvida e

sem decidir por uma carreira profissional.

4.1 GTR

Simultaneamente as ações implementadas na escola eram discutidas no GTR

(Grupo de Trabalho em Rede), divididos em 3 temáticas.

Os participantes colaboraram de forma crítica e colaborativa e foram

unânimes quanto à pertinência e implementação do projeto e do material didático

pedagógico nas escolas onde atuam. Quanto questionados sobre a implantação das

atividades propostas no material didático, algumas respostas confirmaram a

importância do tema abordado e a pertinência das atividades.

“Professora Zélia, é a primeira vez que tomo conhecimento de um professor interessado em auxiliar seus alunos quanto à escolha de uma profissão. Achei maravilhoso isso. Quando jovem, passei pelo mesmo problema e o mesmo foi contornado com um teste vocacional feito por psicólogo particular. Tenho para mim que a implementação desse serviço, em caráter definitivo por parte do Estado, seria de grande valor. Vejo hoje a educação numa encruzilhada. O Ensino Médio no fim não prepara a pessoa para nada a não ser para um curso superior. Fico triste quando vejo os meninos da nossa escola, que são de classes bastante heterogêneas, dizerem que querem terminar o ensino médio para poderem trabalhar no

mercado não mais como "empacotador", mas agora como "serviços gerais" ou "caixas", este depois de provarem que têm capacidade para tal função. A educação, no meu ponto de vista, é o único caminho para "aliviar" a enorme defasagem social que existe no Brasil. Somente através da educação podemos pleitear melhor justiça social. Adorei o seu projeto e espero, sinceramente, que ele se torne uma realidade em todas as escolas, pelo menos do Paraná”. (Irene Maria de Oliveira Zamprogna, 19 de março de 2014).

“O projeto é relevante, pois trata de um tema bem atual e pertinente: a escolha de uma profissão. Nós, no papel de educadores, podemos orientar o aluno, direcionando-o para que escolha o melhor caminho, pois muitos não têm apoio ou estrutura familiar adequados para que sejam auxiliados nessa decisão. Na Produção Didático-pedagógica há muitas sugestões para que possamos investigar junto aos estudantes qual seria a profissão mais condizente com as suas características. As atividades englobam uma metodologia bem variada, com textos, vídeos, imagens, enfim, explora vários meios para alcançar o aluno. Isso é importante, pois acaba abrangendo o maior número de habilidades em sala, tendo em vista que cada um aprende de um jeito diferente”. (Luciane Martins Monteiro, 16 de abril de 2014).

“Gostaria de, mais uma vez reafirmar o quanto admirei o seu trabalho e do quanto é prazeroso para mim aplicar a sua metodologia em minhas aulas, é sem sombra de dúvida uma produção totalmente relevante para a LEM. Trazer novas metodologias para a pedagogia da escola pública e melhorando sensivelmente a qualidade do ensino aprendizagem de nossos educandos é uma oportunidade única de reformularmos nossas aulas e por conseguinte nossos planos de aula, para uma abrangência mais evolutiva dentro da proposta de ensino para os alunos do médio”. (Samara de Fatima Fernandes, 17 de abril de 2014).

5. RESULTADOS ALCANÇADOS

Durante a implementação deste projeto de pesquisa, pode-se perceber um

aumento crescente do interesse e da motivação da maioria dos alunos.

O apoio da direção e da equipe pedagógica do colégio foi notável. Eles

fizeram contato com várias instituições, agendaram palestras, visitas, simulados e

muito mais. E as contribuições e postagens dos professores participantes do GTR foi

um grande incentivo e deu significado ao processo como um todo.

Inicialmente, foi aplicado um questionário para verificar quantos alunos já

haviam procurado um serviço de orientação vocacional. Dos 65 alunos, apenas 12

haviam tido contato com algum teste na modalidade online.

Nas primeiras atividades a maior parte dos alunos envolvidos, principalmente

do 3º ano A demonstrou alienação, falta de ideal e despreparo para o futuro.

Ao término da implementação, percebeu-se um amadurecimento de quase

todos os alunos, e preocupação com o futuro profissional. Constatou-se que

aproximadamente 90 % dos alunos já haviam identificado a área em que desejam

atuar, assim como já tinham escolhido sua profissão.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A respeito do tema Orientação Vocacional e sua importância para os

estudantes, pesquisas comprovam o alto índice de desistência dos alunos nos

cursos superiores, por isso é importante que o conhecimento e as informações

acerca do curso escolhido se dêem anteriormente ao ingresso na Universidade. E

essa é uma das etapas do processo da orientação profissional. Entrar em contato

com os profissionais, informar-se acerca da rotina de trabalho e conhecer o mercado

de trabalho, são pontos extremamente importantes durante o processo de escolha.

Dessa maneira, a escolha profissional pode sair do registro apenas da

fantasia e das imagens estereotipadas sobre as profissões, transformando as aulas

num momento de participação ativa do adolescente, de forma que ele possa buscar

informações, falar sobre seus desejos, identificações, habilidades e afinidades.

Sabe-se que essa escolha não é muito fácil para alguns jovens, uma vez que

estão em um momento de mudança na vida e a escolha profissional é, em muitos

casos, o primeiro contato do jovem com a responsabilidade e autonomia da entrada

no mundo adulto, o que muitas vezes pode provocar angústia, medo e insegurança.

Muitas vezes, a insegurança e indecisão na hora de escolher são tamanhas que

muitos optam por cursos que estão “na moda” ou por aqueles que lhe darão retorno

financeiro mais rápido. Assim, o jovem acaba desconsiderando toda sua história,

suas características e identificações o que pode levar a uma escolha completamente

desimplicada.

Portanto, essa experiência deve ser vista como uma possível proposta de

Orientação Vocacional capaz de tornar as aulas de Língua Inglesa um espaço

privilegiado para análise dos fatores envolvidos na escolha e ajudar os estudantes a

fazê-la de forma implicada e consciente.

Anexo 1: Círculo da Vida - Exemplos de Intervenção:

É importante salientar que a observação será um ponto de partida para o

questionamento e visa ajudar no processo de autoconhecimento do estudante.

1. Círculo bem pequeno na metade inferior do papel : pode representar

pessoa com dificuldade de posicionar-se, de expor-se. O círculo pequeno, em geral,

é indicativo de dificuldades no contato consigo mesmo e/ou com outros ou ainda

problemáticas emocionais.

2. Círculo grande, bem centrado, dividido em diversas áreas e bem

colorido : pode indicar pessoa que se coloca com facilidade frente ao meio e não

apresenta maiores inibições; consegue ocupar bem seu espaço e diversificar seus

interesses. Quanto maior for o tamanho do círculo, tanto mais é possível que se

esteja frente a um aluno com características impulsivas. Já um círculo muito grande,

que quase não cabe na folha, é, por vezes, indicativo de elação e até de mania.

(Figura 2)

3. Círculo dividido em poucas áreas : pode indicar pessoa inibida e com

interesses restritos. (Figura 4)

4. Círculo que apresenta poucas cores, com predominânc ia de tons

suaves : pode indicar baixo nível de energia e pouca ligação afetiva com as áreas

apresentadas. (Figura 4)

5. Utilização de cores vivas, colorido pastoso : pode indicar sujeito

agressivo, que busca se impor, ou mesmo assertivo e determinado, que investe para

alcançar seus objetivos. (Figura 1 e 2)

6. Uso de cores muito fortes : pode ser indício de aumento de ansiedade e

de repressão. Pessoa que está em verdadeira ebulição interna e com dificuldades

para lidar com seus afetos, tornando-se explosiva, intempestiva.

7. Pessoa que se recusa a colorir : geralmente indica sujeito que nega, teme

ou foge das relações de afeto. (Figura 3)

Significado das cores segundo o Teste de Pirâmides Coloridas de Pfister,

baseado em Amaral, 1978:

Verde – é a cor mais utilizada pelos brasileiros e que, do ponto de vista

diagnóstico se prende à esfera do contato com a vida, de relacionamentos afetivo-

sociais. É a cor da empatia, da intuição e da compreensão.

Azul – é a cor representativa do controle. De acordo com a intensidade e

incidência apresenta certas variações que vão de uma conotação positiva, de função

reguladora e de adaptabilidade, até negativa, conduzindo à constrição da

personalidade.

Vermelho – surge em terceiro lugar de preferência na escolha das cores.

Representa “acumulação de energia”, excitação, impulsividade, irritabilidade.

Amarelo – tem a conotação de cor estimulante, juntamente com o vermelho e

com o laranja. Indica, em princípio, extroversão. Em grande incidência pode indicar

excitabilidade afetiva e dificuldade de adaptação ou manifestação de afeto de

maneira exagerada, pouco convincente, superficial.

Laranja – cor intermediária (vermelho + amarelo), significa extroversão. O

laranja mais forte é mais representativo de impulsividade e descontrole. Também se

atribui ao laranja o valor de ambição, anseio de produção e de fazer-se valer por

meio da produtividade.

Marrom – sua influência é maior na infância e na adolescência, decaindo com

o aumento do grau de maturidade. Ligada em termos de expressividade à esfera

primitiva dos impulsos. Revela energia, ação, dinamismo, reação que poderia se

aplicar à destruição, mas que, canalizada com adequação, pode converter-se em

produtividade, realização ou criatividade.

Violeta – termo usado em substituição ao “roxo”, fruto da associação do

vermelho com o azul. Observa-se sensível afluência no período de transição, pré-

pubertário e pubertário, passando a decair a partir dos 18 ou 20 anos. Representa

tensão e ansiedade por excelência.

Preto – pertence ao grupo das “cores acromáticas”, juntamente com o branco

e o cinza. É a negação da cor e dos estímulos em termos de vivacidade cromática,

podendo ser considerado a repressão ou negação de estímulos. O preto é,

primordialmente, índice de repressão, inibição, constrição, tristeza.

Secundariamente, indica angústia e depressão.

Branco – seu valor liga-se à noção de vazio interior, vazio afetivo, de um

hiato afetivo-emocional. Seu aparecimento em proporções mais elevadas indica

vulnerabilidade, carência ou insuficiência dos dispositivos de controle e de

estabilização, podendo indicar fragilidade da personalidade.

Cinza – ao mesmo tempo em que pode indicar carência, busca e

necessidade de afeto é também vazio, desadaptação, rejeição e repressão afetiva.

REFERÊNCIAS

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